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terça-feira, 1 de setembro de 2015

A Chave/The Key - Capítulo 4 - Reconhecimento, Consideração & Respeito - Por Luiz Domingues

Eu já estava em outra sintonia há meses, por envolver-me em vários projetos musicais novos e simultâneos, principalmente a partir do segundo semestre de 1990 (tudo contado com detalhes nos capítulos dos "Trabalhos Avulsos"), quando no início de outubro de 1990, recebi um telefonema do Beto Cruz. Ele queria comunicar-me que finalmente o Chicão, da loja/selo Devils Discos, sinalizara que o disco, "A New Revolution", do "The Key", havia chegado da fábrica, e que ele começaria a trabalhar em sua divulgação, distribuição e que a banda poderia empreender os seus esforços de divulgação e produzir shows de lançamento.

 -"Ótimo, que bom, muito grato por avisar-me, parabéns e guarde minhas cópias de recordação, que eu pego assim que possível"... respondi-lhe. 

No entanto ele teve algo a pedir-me além desse comunicado. Segundo contou-me, quando soube que o disco ficaria pronto para a venda ao consumidor, tratou de marcar dois shows em uma casa noturna chamada: "Woodstock"(localizada na Rua da Consolação, perto da Avenida Paulista), para serem então os shows oficiais de lançamento e que a nova banda que havia montado, estava preparada mediante ensaios prévios, mas em cima da hora, o baixista que entrara em meu lugar, um rapaz chamado: Hermes (este houvera sido baixista de uma banda de Heavy-Metal oitentista chamada, "Sabotagem", e que havia aberto shows d'A Chave do Sol no Teatro Lira Paulistana, no ano de 1985), havia abandonado a banda, seduzido por um convite de última hora que sinalizara um cachê melhor para receber em um outro compromisso no mesmo dia. 

Ora, com tudo marcado, mesmo ao saber que eu já estava em outra sintonia há meses e que não gostava daquela sonoridade, o fato foi que o Beto não teve como pensar em recorrer a um outro baixista com o pouquíssimo tempo de antecedência que tinha para cumprir tais datas. 

Ele nem precisou pedir duas vezes, pela questão da amizade e total consideração ao fato de que ele fora o responsável por ter mantido a chama acesa, desde a dissolução abrupta e sofrida da nossa, A Chave do Sol. Portanto, claro que comprometi-me a colaborar. Apesar de ter me esquecido daquele material, bastou uma audição para eu retomar tudo e não seria por falta de um baixista que a sua nova e renovada banda deixaria de apresentar-se dignamente, a realizar o lançamento do disco. 

Então, foi uma das situações mais bizarras da minha carreira, pois eu fui tocar como convidado de uma banda da qual eu não pertencia, mas que houvera sido membro de sua, digamos, "encarnação anterior" e que reformulara-se inteiramente e até um novo nome possuía e que por sua vez, em sua origem mais remota, fora uma banda montada emergencialmente para suprir as necessidades inadiáveis de uma banda recém dissolvida, chamada, A Chave do Sol... em suma: foi algo para dar um nó na cabeça de qualquer um.

Bem, a nova formação dessa "The Key", na verdade rebatizada pela terceira vez, como: "A Chhave" (assim mesmo, com dois "H"s), consistia de Beto Cruz, como único remanescente original d'A Chave/The Key de 1988. Pedro Loureiro (que pouco tempo mais tarde ficaria conhecido no mundo do Heavy-Metal, como "Kiko" Loureiro, guitarrista do "Angra" e hoje em dia, membro da banda norte-americana, "Megadeth"), Gustavo Winkelmann, baterista (ex-aluno e roadie de Ivan Busic) e Marcelo Castilha, aos teclados.

Eu já tinha compromisso no Rio de Janeiro para tais datas, mas o Beto ofereceu-me um arranjo no qual não perdi o meu apontamento, ao viajar pela ponte-aérea após o segundo show, quando normalmente faria o trajeto a usar ônibus.

Rara foto desse show, de outubro de 1990, de autoria desconhecida, mas que uma amiga minha da época, Índia Dias, que era amiga da namorada do Edu Ardanuy, disponibilizou-me, via Facebook

Bem, eu toquei com a banda nos dias 5 e 6 de outubro de 1990 (com público respectivo de setenta e cento e cinquenta pessoas, presentes), para ajudar o meu amigo Beto e seus novos colegas e certamente a confundir a cabeça de muitos fãs ali presentes com minha inesperada presença naquele palco. Foi bastante estranho estar ali a atuar naquelas circunstâncias, por tudo o que já expus, naturalmente.

O jovem e então desconhecido, guitarrista, Pedro "Kiko" Loureiro", outro menino prodígio que o Beto descobriu e projetou para o Rock brasileiro, mais detidamente pertencente ao mundo do Heavy-Metal 

Mas também foi prazeroso poder ajudar o Beto e seus novos companheiros, sem dúvida alguma. Sobre essa turma, eu não tenho grandes lembranças por ter sido um convívio tão curto. Eu só conhecia muito superficialmente o baterista, Gustavo, por vê-lo em algumas ocasiões a acompanhar o Ivan Busic, com quem estudara e trabalhara, mas nunca havíamos conversado. Pareceu-me na hora que ele detinha uma boa técnica e poderia crescer como músico. 

Sobre o tecladista, Marcelo Castilha, no pouco tempo em que conversamos, ele disse-me que aquele som não era de sua predileção, e que a sua formação era mais jazzistica, em princípio.

E a respeito do Pedro "Kiko" Loureiro, este pareceu-me muito determinado do que aspirava na vida e por ser ainda mais jovem que o Eduardo Ardanuy, quando este entrou naquela "A Chave/The Key", de 1988, demonstrava também uma técnica impressionante e totalmente calcada em guitarristas virtuoses da seara de Yngwie Malmsteen, Steve Vai e congêneres. 

Na sua performance, ele demonstrou uma postura de palco frenética, a assemelhar-se ao Eddie Van Halen, por correr e pular o tempo todo, ao demonstrar condição atlética, diferente do Edu que era bem comedido nesse aspecto, por tocar parado, focado no instrumento. 

Bem, para os propósitos da banda e no intuito de dar continuidade àquele trabalho, que foi o projeto do Beto, creio que mais uma vez ele descobrira um garoto prodígio para suprir tal necessidade, sob um alto grau de excelência técnica. 

Outro fato, o Beto havia mudado o seu nome artístico pessoal, aliás já saíra grafado assim no LP "A New Revolution", cuja capa eu só fui conhecer ali nos bastidores da casa de shows, "Woodstock". 

Naquele instante, ele assinava como Roberto Malltauro, ao suprimir o Cruz, sobrenome do pai. Malltauro, segundo contou-me, era sobrenome da avó materna e a troca de nome atendera a orientação de uma numeróloga, que ele consultara. 

Aliás, a banda também não se denominava mais como "The Key", mas "A Chhave", assim com dois "H"s, também por obra da orientação dessa estudiosa. 

Um poster dessa nova fase da banda, com tais membros e seu nome renovado, chegou a ser publicado na revista "Rock Brigade", em 1990, mas logo de início, o baixista já havia saído, sem ao menos ter feito um show sequer.

O poster citado acima, a mostrar a derradeira tentativa do Beto em manter a banda na ativa, com a sua formação inteiramente renovada e até com mudança ortográfica no seu nome, publicado na Revista "Rock Brigade", em 1990. Da esquerda para a direita em pé: Hermes, Pedro "Kiko" Loureiro, Marcelo Castilha e Gustavo Winkelmann. Sentado: Beto Malltauro (Cruz) 

Tais agruras não diziam-me mais respeito, é claro, mas eu torcia para o Beto obter sucesso, pois sabia de sua luta que eu achava extraordinária e certamente que ele merecia ter chegado em algum lugar melhor. 

Não sei dizer o que aconteceu-lhes, detalhadamente, após esses dois shows em que cumpri sob o título de ajuda fraternal. Sei apenas que logo após esses shows de lançamento do LP "A New Revolution", ainda ao final de 1990, o Beto recrutou um novo baixista para ser membro definitivo, um rapaz chamado: Carlos Zara Filho, que era conhecido como "Zarinha", e era filho do famoso e já falecido ator, Carlos Zara. Mas logo a seguir, essa banda dissolveu-se definitivamente e ele, Beto, mudou-se para os Estados Unidos, em 1991, onde passou a viver desde então.

No meu caso, o fim havia sido ainda em 1989, com a minha saída após a gravação do LP "A New Revolution" e essa participação em 1990, fora meramente ocasional, sem vínculos profissionais e apenas por um sinal de amizade. 
 
Portanto, dou por encerrada a história dessa banda surgida nos primeiros dias de 1988, e que em sua curta trajetória, obteve poucos momentos bons, mas que apesar das diferenças e incômodos inerentes, fica na minha memória como um exercício de luta pela sobrevivência e respeito pelas pessoas que dispuseram-se a tentar manter uma chama acesa. Eis o link para ouvir tal álbum, "A New Revolution", em sua versão integral, no YouTube:
 

https://www.youtube.com/watch?v=ZWpSUkxbthY

A seguir, faço as últimas considerações...
 

Como foi amplamente explicado, desde o início deste específico capítulo, "A Chave"/"The Key"/"A Chhave", uma banda com três mudanças de nome em sua curta trajetória, nunca foi a continuação natural d'A Chave do Sol como muitos acreditam.

Ela nasceu sim, das cinzas d'A Chave do Sol, mas por uma pura necessidade proveniente da situação dramática, onde por um lado, a súbita e triste dissolução da velha, A Chave do Sol, mostrou-se implacavelmente incontrolável para os seus membros remanescentes (eu, Luiz Domingues, Rubens Gióia e Beto Cruz) e por outro lado, houve o lançamento do disco, "The Key" para ser trabalhado enquanto divulgação, mas bem pior que isso, por conta das dívidas pesadas para administrarem-se, contraídas pela produção do disco e com a qual não tivemos apoio externo, algum para saná-las.

Portanto, ante tal cenário dramático, não haveria outra solução a não ser montar uma banda sob caráter de emergência para suprir compromissos inadiáveis que A Chave do Sol já mantinha firmados, e a duras penas, fazer a divulgação do disco que fora lançado poucos dias antes da discussão que fulminou essa banda, de uma forma triste. 

O ideal, reitero, teria sido nós, os membros, conversarmos dias depois dessa fatídica reunião tensa e com os ânimos menos acirrados, termos colocado as diferenças pessoais de lado e dado prosseguimento à carreira d'A Chave do Sol, normalmente. 

Muito provavelmente teríamos inclusive a volta do nosso baterista original, José Luiz Dinola, que havia anunciado a sua saída da banda, ao início do segundo semestre de 1987, mas que no fim desse mesmo ano, ele já havia desistido da ideia de estudar odontologia e abandonar a música. Essa teria sido a melhor das soluções para a crise que nossa banda atravessou no final de 1987, mas infelizmente não foi o que ocorreu.

Rompidos com o nosso cofundador, Rubens Gióia, sem nenhuma possibilidade de cogitar não cumprir os compromissos firmados e na extrema obrigação no sentido de sermos obrigados a divulgar e vender desesperadamente o LP The Key dessa banda extinta abruptamente, eu e Beto não tivemos alternativa. 

Quando eu comecei a escrever a minha autobiografia, em junho de 2011, ainda a usar a plataforma da saudosa, Rede Social Orkut (sob uma comunidade chamada, "Luiz Domingues", aberta pelo meu amigo, Luiz Albano), a minha proposta foi escrever tal relato focado em capítulos exclusivos, dedicados a cada trabalho que eu fiz na minha carreira. 

E no caso específico d'A Chave do Sol, eu soube desde o início, que essa etapa final, em que eu teria que descrever sobre o seu final súbito e triste (e consequente a abordar também o início de atividades forçadas de uma outra banda com outro nome, mas a gravitar em sua órbita, então denominada: "A Chave"), eu teria que ser muito claro na narrativa e tomar muitos cuidados para não magoar ninguém. 

Isso por que é óbvio que o Rubens Gióia, eu (Luiz Domingues) e Beto Cruz, saímos muito magoados dessa história e mesmo ao termos resgatado a nossa amizade anos depois, ele, Rubens, ainda considera que a formação dessa nova banda foi um ato de traição de minha parte, e do Beto. 

E da parte do Beto (e a estender aos três componentes que fizeram parte dessa nova banda formada em 1988), poderia ficar a impressão de que eu desprezo essa banda chamada: "A Chave". 

Portanto, eu tomei todos os cuidados para deixar claro os motivos pelos quais essa banda tenha sido formada, para que os fãs do trabalho da antiga, A Chave do Sol e principalmente, o Rubens Gióia, saibam que eu jamais quis que ele fosse substituído por outro guitarrista e ao ir além, jamais desejei que A Chave do Sol terminasse um dia, aliás, pior ainda, do jeito que aconteceu. 

E para o Beto, Ardanuy, Ribeiro e Rapolli, que a minha contrariedade com o trabalho dessa nova banda formada em 1988, fora meramente estética e que jamais conteve algo de ordem pessoal, com qualquer um deles.

No caso do Beto, muito pelo contrário, sou-lhe eternamente grato pela sua luta, determinação e forte poder de iniciativa, quando a deparar-se com um cenário de hecatombe nuclear, saíra a buscar a salvação, ao termos em vista que a reação normal da maioria das pessoas nessa situação, seria a de apenas resmungar pelos cantos, lamuriar e chorar pelas perdas inerentes. 

Portanto, eu realço a força de vontade e energia do Beto Cruz, que reputo ser o grande artífice da criação desse trabalho, ao fazê-lo conter vida, visibilidade, notoriedade e também credito-lhe o descobrimento de três talentos jovens, que após essa passagem pela banda, cresceram uma enormidade nas suas carreiras, individualmente a destacarem-se: Eduardo Ardanuy, Fábio Ribeiro e Pedro "Kiko" Loureiro, sendo que este último citado, sob uma etapa em que eu nem estava mais presente na formação da banda. 

De fato, o Beto tinha (tem) talento como "garimpeiro de talentos", e poderia até ter colocado-se no mercado musical como um executivo de gravadora, ou mesmo um "manager", para ganhar dinheiro nessa específica função, que requer um talento quase extra-sensorial para ser exercida, eu diria. 

Sobre a banda, acho que ela cumpriu a sua função inicial que seria suprir necessidades prementes.

Posteriormente, quando assumiu-se como um novo trabalho e buscou a sua identidade, pecou por vários motivos e escolhas ao meu ver.

Faço a minha mea culpa, é claro, pois eu nada fiz para exercer a minha influência para coibir aspectos que desagradavam-me, mas ao não querer justificar, mas apenas a constatar, não fora o momento para eu forçar mudanças que aproximassem-me do que eu realmente gostaria de fazer, como estética artística. 

Não havia clima algum para propor uma guinada a apontar para sonoridades sessenta-setentistas, em 1988 e apesar de eu estar a começar a ter vontade forte de voltar às minhas raízes, naquela época em específico, isso ainda não foi forte o suficiente dentro da minha realidade possível e principalmente pelo ambiente externo que mostrara-se totalmente avesso, é claro. Tirante isso tudo, os meus novos colegas jamais aceitariam tais ideias, pois a sua mentalidade esteve em outra esfera, pura e simplesmente. 

E por fim, a "situação financeira da época, versus dívidas", não permitir-nos-iam devaneios estéticos. O negócio foi tocar o máximo possível, promover o novo trabalho e vender o disco The Key, que nem pertencia diretamente à essa banda, mas foi a única forma para livrar-nos de dívidas contraídas para que ele, o próprio LP, pudesse ter sido lançado. Portanto, foi uma condição estranha e muito incômoda. 

Pelo aspecto da exposição pública, esse novo trabalho gerou inúmeras confusões, é claro. Para muitos fãs e jornalistas, tal banda se constituiu da continuação simples d'A Chave do Sol, mas isso não foi correto. Tal confusão também só serviu para acirrar melindres e isso entristece-me até hoje, é claro.

Portanto, quando eu comecei a escrever a autobiografia, tomei a decisão de separar os respectivos capítulos, para firmar na história a clara divisão que existe entre uma banda, A Chave do Sol e a outra, A Chave/The Key. 

Para efeito biográfico, lamento ter poucas fotos desse trabalho, por isso a escassez de opções para ilustrar os capítulos, no âmbito dos blogs, bem entendido. Foram poucos shows entre 1988 e 1989 e também não muitas peças de portfólio. 

Conforme eu descrevi através dos capítulos, também foram poucos os momentos felizes que obtive com esse trabalho ou ocorrências amenas e divertidas para guardar na memória, pois além de eu não ter afeiçoado-me à sua resolução estética e sonora, o clima nesses meses foi mais marcado pela apreensão em face às dívidas contraídas, portanto, a minha visão desse trabalho é mais taciturna, aliás, foi o trabalho mais sombrio sob esse aspecto, da minha carreira. 

Isento, certamente, os companheiros dessa jornada de qualquer culpa nesse processo!

É bastante controverso o resultado sonoro do LP "A New Revolution", não só pela estética adotada, mas pelo áudio que foi bastante prejudicado pela mixagem, que achatou os instrumentos, para privilegiar deliberadamente os solos de guitarra. 

De minha parte, eu não posso queixar-me, pois tão aborrecido que estive por não gravar da forma que desejava, ao fazer as minhas linhas de baixo livremente, não acompanhei as sessões e assim, moralmente a falar, não adquiri o direito para reclamar a posteriori, contudo, o resultado é decepcionante, ao meu ver. Todavia, ao ver pelo lado heroico com o qual o Beto Cruz tanto lutou para isso ser alcançado, é uma conquista, é claro. 

Não tenho absolutamente nada pessoal contra os companheiros dessa jornada e pelo contrário, agradeço-lhes muito por terem aceitado a proposta insalubre que o Beto fez-lhes para segurar um explosivo nas mãos, naquele início de 1988. Agradeço-lhe também pelo esforço em dar dignidade para essa banda, nascida sob condições tão inóspitas e inadequadas pelas circunstâncias. 

Apesar de tudo, acho que o esforço de todos valeu a pena e assim, fico contente por verificar que eles demonstrem carinho por esse momento de suas carreiras, em entrevistas que concedem através da mídia e que de certa forma, foi o estopim de suas carreiras, caso dos mais jovens na ocasião, Edu e Fábio e mesmo em uma situação posterior até à minha participação, de Kiko Loureiro, igualmente. E ao Beto, principalmente, por ter sido a força motriz dessa banda.

É a hora para falar de seus membros e de agregados que gravitaram na sua órbita.

Ao falar sobre quem apoiou essa banda:

Claro que por ter nascido das cinzas d'A Chave do Sol, infelizmente e diga-se de passagem, muitas pessoas que eram apoiadoras da antiga banda extinta, deram seu apoio à essa nova banda criada. Sou grato portanto ao Carlos Muniz Ventura, que entendeu perfeitamente as circunstâncias com as quais ela foi criada e ao continuar normalmente a sua amizade com Rubens Gióia, soube entender e separar as divergências que separaram-nos e assim, acompanhou a trajetória curta desta nova banda e participou, ao clicar fotos promocionais e até catálogo para patrocinador, caso do poster para a Revista "Rock Brigade", com propaganda da luthieria "Tajima" (cujo set fotográfico foi a sua própria residência, no bairro da Vila Pompeia, na zona oeste de São Paulo).

Eduardo Russomano, que muito ajudou-nos nos momentos iniciais e dramáticos, e que por ter sido roadie e colaborador d'A Chave do Sol, compreendeu bem a situação que precipitou a criação dessa nova banda. 

Ricardo C. Aszmann, o nosso colaborador e amigo no Rio de Janeiro, que comprou essa luta, igualmente e muito apoiou-nos. Grato por tudo, incluso as tentativas feitas em 1989, quando eu mesmo já estava praticamente de saída, mas ele foi muito gentil ao acompanhar-me pessoalmente a fazer contatos no Rio e Niterói, ao visarmos shows e entrevistas (até no escritório da "Artplan", a agência de publicidade que arquitetara o Festival Rock in Rio de 1985, ele levou-me).

Chicão, o dono da loja/selo Devil Discos, que acreditou nesse trabalho e foi muito prestativo na produção do LP "A New Revolution". Ele era inexperiente na ocasião como produtor, mas foi de um entusiasmo e força de vontade exemplar, por não medir esforços para colocar nas prateleiras, o melhor produto possível e dele, eu não tenho queixa alguma, e pelo contrário, só tenho elogios; Aliás, eu guardo um pequeno constrangimento pessoal, pois acho que ele conheceu-me em um momento ruim de minha trajetória pessoal e deve ter ficado com a impressão de que eu desprezei tal produção e na verdade, a minha contrariedade com esse trabalho foi outra e as suas razões estão bem explicadas nos capítulos anteriores. Portanto, deixo claro que minha impressão sobre o seu papel na história dessa banda é o melhor possível.

César Cardoso, meu aluno, que foi roadie e muito entusiasmado por essa banda, guarde o meu muito obrigado por tudo! 

Marcinha, cantora, e aluna do Beto, pela força ao fazer backing vocals em um show realizado na casa de espetáculos, Dama Xoc, em novembro de 1988. 

Paulo Toledo e Fernando Costa, ex-membros do "Inox", que foram os donos do Bar Black Jack e tal espaço abriu as suas portas para muitos shows nossos.

João Cucci Neto, que tentou ajudar, ao intermediar-nos alguns contatos internacionais.

Antonio Carlos Monteiro, Sérgio Martorelli, André "Pomba" Cagni e Fabian Chacur (mais que isso, Fabian deu-me muitas dicas nessa fase, sobre a mídia), que assinaram várias resenhas e matérias em suas respectivas publicações através da imprensa escrita.

Os irmãos do Beto Cruz, principalmente, Claudio e Marcos Cruz, por inúmeras manifestações de ajuda em shows e nos bastidores. E não posso esquecer-me de Mario Sodré, sócio do Claudio na ocasião, que também foi solícito conosco. 

Irmãos Fazano: José e Carlos Alberto, pelo apoio à banda.

Letícia, Yara e demais meninas, pelos muitos almoços preparados gentilmente e com direito a sobremesas caprichadas nos dias de ensaios de 1988. 

Tibério Correa, que também ajudou-nos em várias indicações para shows. E também pela filmagem de um trecho de nosso show na estação Brás do metrô, em abril de 1988. 

Toda a equipe do estúdio Big Bang pela gentileza, hospitalidade e profissionalismo.

Os irmãos do José Luiz Rapolli: Fernando, que também é um ótimo baterista e Sueli Rapolli.

Os pais do Fábio Ribeiro, pessoas amabilíssimas e cuja bondade e solidariedade, até mereceu uma menção específica, na história desta banda.

Os irmãos e primos do Eduardo Ardanuy, que também ajudaram bastante. 

Em meio aos meus familiares, destaco: tio Sérgio Barretto, titia Edy e meus primos, pelo apoio em Ribeirão Preto-SP. Tio Paulo Barretto, titia Yone e meus primos, pela força em Franca-SP, além de Emmanuel Barreto. 

E as namoradas de todos na época, que foram presentes, também.  No meu caso em específico, sou muito grato à minha namorada nesse período, Sandra Regina Soares Arôca, que acompanhou toda a transição entre o fim da velha, A Chave do Sol e toda a saga da formação da banda dissidente, A Chave/The Key, ao apoiar-me muito nos momentos difíceis e ajudar, inclusive ao fazer de seu apartamento no bairro de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, uma hospedaria para a banda, por ocasião de um show realizado naquela cidade, em 1988. Lembro-me de que a namorada do Rapolli ficou grávida em 1988, portanto, a sua filha Rebeca Rapolli, hoje uma mulher madura, foi concebida durante a existência dessa banda. Agradecimento estendido aos meus ex-sogros, Sérgio e Regina Arôca.

Hora de falar sobre os componentes...


Theo Godinho

Theo Godinho foi guitarrista da banda Hard-Rock oitentista, "Jaguar", ao lado do baterista, José Luiz Rapolli. Ótimo guitarrista, ele detinha uma orientação pesada, mas certamente que viera da escola setentista do Hard-Rock. 

A sua participação na banda foi curtíssima, apenas pelo fato de que em comum acordo, verificamos que um sexteto seria inviável, pela massa sonora envolvida. Ele poderia ter permanecido tranquilamente se não houvesse também a presença do Edu Ardanuy. 

Pessoa de ótima índole, apesar de sua super curta participação, a impressão que deixou-me foi a melhor possível. Depois dessa breve participação em nosso conjunto, Theo foi membro de muitas bandas nos anos posteriores e também envolveu-se com produção de audiovisuais. 

Infelizmente ele deixou-nos em 2012, muito precocemente por sinal, e a deixar uma lacuna. Atualmente, a sua filha, Thais Godinho, que é jornalista, está a realizar pesquisa de campo, para reunir elementos, com o intuito de produzir uma biografia de seu pai e quem sabe, até produzir um documentário para resgatar a sua história e legado artístico. Acho tal atitude dela, belíssima como filha e jornalista e certamente merecida por parte do Theo.

José Luiz Rapolli 

Eu o conhecia superficialmente desde 1985, mais ou menos, por conta de ter visto a sua banda, "Jaguar" a atuar, mas só cumprimentávamo-nos nessa época, sem estabelecer amizade.

Quando o Beto anunciou que ele seria o baterista da nova banda, eu fiquei contente com a escolha e por sua aceitação e não desapontei-me, posteriormente. 

Rapolli não tinha a mesma técnica de José Luiz Dinola, com o qual trabalhei por cinco anos n'A Chave do Sol, mas era (é) um ótimo baterista. Por outro lado, ao contrário do Dinola que era muito fechado no conceito do Jazz-Rock, Rapolli era muito mais próximo de minha formação, no quesito das preferências musicais, ao demonstrar grande apreço pelo som das décadas de sessenta e setenta, itens proibitivos em tempos xiitas de pregação niilista, naquela década de oitenta. 

Dessa forma, nos tornamos rapidamente amigos e sem dúvida, as conversas que tivemos, principalmente através das morosas viagens de ônibus onde ocupamos os assentos próximos, representaram os poucos momentos agradáveis que eu guardo na memória sobre o período dessa banda. 

Tal impressão favorável, motivou-me a procurá-lo, cerca de nove anos depois, em 1997, para integrar o projeto de uma nova banda que eu estava a criar, chamada: Sidharta (história inteiramente contada em capítulo específico, nesta minha autobiografia), mas não deu certo, pois eu interpretara mal essa situação de 1988 e anos depois, não fez sentido algum, conforme está explicado na história daquela outra banda. 

Independente disso, Rapolli é um rapaz calmo, gentil e solícito, com o qual gostei de ter contado nesse período difícil que foi esse de 1988/1989, na trajetória curta d'A Chave/The Key. 

Anos depois, eu soube que ele estava a tocar em bandas cover pela noite paulistana, e que firmara-se com um "Pink Floyd Cover", que tornou-se uma dessas bandas tributo que primava pela perfeição em executar o repertório da banda homenageada etc. e tal. E também foi membro do "Big Balls", banda do guitarrista, Xando Zupo, e este com o qual eu tocaria no "Pedra", a partir de 2004.

Fábio Ribeiro

Desde meados de 1986, eu ouvia menções elogiosas sobre um jovem tecladista que despontava no cenário do Rock underground, chamado: Fábio Ribeiro. 

Tais comentários, inicialmente vinham da parte do meu amigo e roadie d'A Chave do Sol, Eduardo Russomano, hoje saudoso e que o conhecia e admirava. Ao final de 1987, Fábio foi convidado pelo Beto Cruz e fez uma participação especial com A Chave do Sol, no Teatro Mambembe e caprichosamente, se configurou como o último show dessa banda, que dissolver-se-ia poucos dias depois graças a um desentendimento entre os seus membros remanescentes: eu (Luiz Domingues), Rubens Gióia e Beto Cruz. 

Quando uma nova banda foi criada emergencialmente para suprir a agenda d'A Chave do Sol, recém implodida, Beto não teve dúvidas e convidou Fábio Ribeiro para fazer parte. 

Tecladista com sólida formação teórica, gostava, e isso era raro naquela época, do Rock Progressivo setentista, apesar de estar bem antenado nas sonoridades modernas e oitentistas, também. Muito técnico, era (é) um solista virtuose e piloto de vários sintetizadores, à moda antiga dos tecladistas setentistas clássicos. 

Como pessoa, ele é um rapaz muito educado, simples e isso foi naturalmente o fruto de ter sido criado por pais extremamente bondosos, que inclusive eu já citei bastante na história desta banda. 

Muito jovem, a se provar precoce como músico, versátil, muito técnico, com vasta bagagem teórica e virtuose como solista, foi inevitável que chamasse muito a atenção e como consequência, recebesse muitos convites. Portanto, ainda ao fazer parte de nossa banda, estava também envolvido com muitas outras bandas de orientação Hard-Rock e Heavy-Metal, em gravou discos, tocou ao vivo com tais artistas, na qualidade de um super solicitado side-man e manteve sempre uma banda autoral e sob orientação progressiva e setentista, chamada: "Desequilíbrios", além de um projeto solo e experimental, "Blezki Zatsaz". 

Nos anos 1990 e 2000, ele foi membro de bandas como "Angra" e "Shaman" do mundo do Heavy Metal e do "Violeta de Outono", além de abrir o seu estúdio particular. 

Ele toca com muita gente hoje em dia, é representante de várias marcas de teclados internacionais no Brasil, além de ser um experiente professor de música e programação de teclados/tecnologia. 

Em 2003, eu acompanhei as gravações de bateria do Rolando Castello Junior, como membro da Patrulha do Espaço, ao fazer a respectiva guia para ele gravar em duas faixas, nas quais a nossa banda participou do disco solo do guitarrista, Xando Zupo, "Z-Sides", no estúdio do Fábio Ribeiro. 

Falamo-nos pelas redes sociais da internet e devo-lhe uma visita, eu confesso, para um café no qual ele convida-me, há anos.

Eduardo Ardanuy

Descoberto pelo Beto Cruz, Edu Ardanuy, chegou para essa nova banda, com fama de virtuose e de fato ele o era. 

Tocava com uma técnica absurda e era obcecado por tocar muito mais ainda, ao estudar com muito afinco. Circunspecto e muito reservado, passou-me a impressão inicial de que era muito resoluto pela busca da técnica e se essa não fora a minha visão da música e nunca será, ao menos eu o respeitava em sua determinação e o admirava por ser focado no seu objetivo, fator raro para um menino de vinte anos de idade, que geralmente detém dificuldade para focar em uma meta. 

Foi por sua mentalidade que a banda pautou-se, doravante, e assim construiu a sua curta carreira e isso não foi o que eu desejaria, certamente. 

Mas claro que eu lhe sou grato pela sua participação e se não foi a minha predileção aquela sonoridade, isso não fora nem de longe por sua culpa, mas apenas a se denotar um arranjo do acaso que uniu-nos ali naquela situação. 

Não comunicávamo-nos muito nesse período em que trabalhamos juntos. O seu diálogo mais direto era com o Beto e o Fábio, musical e socialmente a falar. Mas sempre houve respeito mútuo e eu lhe agradeço por ter socorrido-nos naquele momento inicial muito difícil e pela persistência, também. 

Dentro do mundo do Rock pesado e em específico das vertentes do Hard e Heavy oitentistas-noventistas e sob a orientação virtuose, Edu é referência e certamente é considerado um dos maiores guitarristas do mundo e isso é extraordinário, é claro. 

Ele é reverenciado em publicações especializadas internacionais, citado por guitarristas do nível de Steve Vai e tudo isso é muito merecido, logicamente. Tocou por muitos anos no super-trio: "Dr. Sin", uma das mais significativas bandas brasileiras do mundo pesado e ultra técnico, além de muitos trabalhos solo. 

Tornou-se um dos maiores professores do Brasil e recentemente abriu com os seus irmãos, uma escola de música que é referência nesse mundo dos apreciadores do Rock pesado e do virtuosismo, chamada: "Clã Ardanuy". 

Apesar de na época não termos ficado muito próximos, sei que ele tem boa índole e em muitas ocasiões em que encontramo-nos em bastidores de shows, nos anos 1990 e 2000 em diante, Ardanuy sempre foi muito cordial e simpático comigo.

Beto Cruz

Considero o Beto Cruz como a força motriz dessa banda chamada: A Chave/The Key. A sua determinação para achar uma solução quase mágica que pareceu impossível de ser encontrada, a salvar-nos, foi extraordinária no início desse processo. 

Por agir como um verdadeiro produtor executivo, ele não mediu esforços para criar uma banda instantânea e fazer com que ela se tornasse apta a competir no difícil mercado da música, em tempo recorde. 

Sou-lhe muito grato por todo o esforço empreendido, pela solidariedade, pela garra, pela luta, pelos sacrifícios pessoais que teve, pela mão na massa e tudo mais que eu puder elencar em termos de trabalho árduo e obstinado. 

Peço-lhe desculpas se de minha parte, não correspondi na mesma intensidade, mas creio que está bem explicado neste relato, o motivo das minhas contrariedades e acentuada perda de energia no decorrer do processo, que esvaíra-me as forças. 

O seu prêmio por esse esforço hercúleo é o disco que registrou tal momento e a descoberta de valores artísticos que muito brilharam, brilham e brilharão ainda, graças ao seu olhar arguto. 

Sobre a sua personalidade, o que fez depois dessa banda e faz atualmente em termos artísticos, eu já descrevi ao final do capítulo sobre, A Chave do Sol, portanto, é só consultar ali. 

Está encerrada essa etapa da minha trajetória na música.

Agradeço aos companheiros dessa jornada e mais uma vez peço-lhes desculpas por ter sido excessivamente franco em relação às minhas impressões sobre o trabalho em si, na minha ótica e gosto pessoal e reitero, nenhuma contrariedade de minha parte tem caráter pessoal contra quem quer que seja, e pelo contrário, sou grato a todos pelo companheirismo, em uma etapa que foi muito difícil particularmente na minha carreira. 

De todos os capítulos que eu escrevi para compor a minha autobiografia na música, este foi sem dúvida o mais difícil, pela complexidade de escrever e não deixar margem de dúvida a alimentar melindres para ninguém envolvido, seja o Beto Cruz, os membros dessa banda nova que se formou e tampouco em relação ao Rubens Gióia, no tocante à dissolução d'A Chave do Sol. 

Espero sinceramente que todos entendam as colocações com a máxima clareza. E agradeço também aos fãs do trabalho, que não são muitos, devido às circunstâncias que essa banda enfrentou e pela maneira pela qual expressou-se, artisticamente. 

Para efeito de cronologia desta minha autobiografia, daqui em diante, vem a história do Pitbulls on Crack, iniciada em janeiro de 1992, contudo, do período em que saí desta banda, 1989, até o início da minha história com o Pitbulls on Crack, há muitas histórias a respeito de projetos e tentativas de formação de bandas autorais, além de trabalhos alternativos em que eu participei e que estão relatados nos capítulos dos "Trabalhos Avulsos". Basta consultar ou reler, por ali. 

Deixo, um agradecimento ao saudoso, Theo Godinho, pela força inicial nos dois primeiros shows emergenciais de 1988! 

Muito obrigado aos amigos Fábio Ribeiro, Eduardo Ardanuy e José Luiz Rapolli

Muito obrigado, Beto Cruz, por absolutamente tudo o que envolveu essa banda! 

Grato, A Chave/The Key, pelo esforço de tentar manter uma chama viva! 

Muito obrigado, amigo leitor, por ter acompanhado esta etapa da minha autobiografia na música!

A Chave/The Key - Capítulo 3 - Escassez, Disco & Esgotamento - Por Luiz Domingues

O ano de 1989 avançou, mas o ânimo esteve ainda muito mais baixo e não apenas comigo, mas de uma forma generalizada. Tudo bem que o início de 1988, houvera sido ainda pior sobre outros aspectos, com aquela hecatombe ocorrida ao final de 1987, ainda a precipitar-se fortemente sobre nós (falo sobre o Beto e eu, Luiz, remanescentes da extinta A Chave do Sol, bem entendido), mas não poder-se-ia dizer que o início de 1989, fosse renovado com esperanças por dias melhores, aliás, no quesito "esperança", o panorama não mostrara-se muito pródigo. 

Bem, a despeito da cena não muito favorável, a luta continuaria, ao menos em tese para essa banda, embora eu, particularmente, estivesse cada vez mais deslocado, emocionalmente, dessa ação coletiva. 

Mas eis que um fato novo ocorreu logo no início desse ano novo, quando o Beto anunciou que havia feito um contato nos Estados Unidos, por ocasião de sua última viagem àquele país. Sinceramente não lembro-me de muitos detalhes, mas o fato é que ele houvera conhecido um produtor de shows em Miami, no estado da Florida e este interessara-se pela nossa banda, mediante o exame de nosso material, incluso a demo-tape gravada recentemente e apesar de sua simplicidade total. 

Nesses termos, uma reunião foi marcada para aprofundar os detalhes e assim, o Beto quis levar consigo mais um integrante da banda em uma nova viagem para a tal cidade, para reforçar a nossa representatividade e o escolhido foi o Fábio Ribeiro.

Portanto, ambos viajaram para Miami e conversaram com o empresário que gostara de nossa banda e esboçara o desejo de inserir-nos em uma turnê, inicialmente sob condições modestas, mas cabe explicar: modestas para os padrões norte-americanos, pois para nós, pobres Rockers brasileiros e acostumados a conviver com as piores situações possíveis, haveria de ser uma turnê espetacular, com show seguidos em várias cidades, em lugares pequenos, é bem verdade, mas com uma infraestrutura que somente poucos teriam acesso no padrão sofrido do Brasil. 

Poderia ter sido a grande salvação para a banda naquele momento, não resta dúvida e mesmo profundamente contrariado com a estética adotada, no meu caso, eu teria aceitado a oportunidade, logicamente, e a consequência dessa ação, caso lograsse êxito, é imprevisível se analisada aos olhos de hoje em dia. 

Poderia ter mudado a vida de nós, os cinco componentes envolvidos, sob vários aspectos. A banda poderia ter crescido lá fora e ter feito uma carreira sólida, portanto prosperado e alcançando uma determinada fama internacional, com muito maior respeito dentro do Brasil, como é praxe para qualquer artista que consegue tal reconhecimento fora, para só depois então ser respeitado na sua própria pátria, vide o caso do "Sepultura", só para ficar em um exemplo mais perto do nosso espectro (mas não exatamente isso, como eu já analisei anteriormente), mas também a citar, Carmem Miranda, como exemplo clássico desse tipo de tendência. 

Todavia, eu também poderia elucubrar sobre as possíveis alternativas individuais que haveriam para cada membro. Por exemplo, Edu e Fábio por serem ambos, virtuoses, e impressionar naturalmente, fatalmente receberiam propostas para atuarem em bandas norte-americanas. Bem, é só uma mera especulação, porque nada disso ocorreu na prática. 

O fato foi que o tal empresário norte-americano ofereceu-nos a perspectiva, sim, de uma turnê sob pequeno porte para começarmos, mas a contrapartida seria largarmos tudo e viajarmos para os Estados Unidos, imediatamente. 

E as condições financeiras momentâneas não nos favoreceram de forma alguma para tomar tal atitude, portanto, a proposta do empresário ficou marcada apenas pelo sonho por dias melhores para essa banda, com uma possível etapa internacional de sua carreira.

Sem verba para largarmos tudo sem receios e aventurarmo-nos nas mãos de um empresário desconhecido, em um país estrangeiro e acima de tudo por sabermos como age o governo norte-americanos com a questão da imigração legal/permissão de trabalho/emissão de "green card", não fizemos a loucura, simplesmente. 

Restava-nos continuar a labutar por aqui mesmo, na Terra Brasilis, absolutamente inóspita como, de costume.

Lista dos melhores do ano de 1988, segundo a opinião dos leitores da Revista Rock Brigade, publicada logo na primeira edição de 1989, com três componentes de nossa banda, bem cotados nesse ranking 

O primeiro show de 1989, foi uma oportunidade boa, não resta dúvida. Fomos escalados para dividirmos uma noite com o Golpe de Estado, na casa de shows, Dama Xoc, que detinha uma representatividade forte na cidade de São Paulo naquela altura.
Como eu já observei em capítulos anteriores, tratava-se de uma casa que era simpática aos artistas com pequeno e médio porte, mas isso não significava ser uma tarefa fácil agendar uma data ali. Portanto, quando surgia uma oportunidade dessas, claro que a agarrávamos.
Nesse dia em específico, a situação foi bem clara: nós éramos uma banda derivada de uma outra banda que tivera tradição nos anos oitenta, mas na verdade, éramos uma banda nova em termos de status naquele instante. O Golpe de Estado surgira bem depois d'A Chave do Sol no cenário do Rock Paulista e brasileiro, mas agora, "A Chave" era uma outra banda, e não poderia usufruir do status alcançado pela banda extinta. Então, moralmente a falar, seria óbvio que o Golpe de Estado havia adquirido um patamar de direito maior em relação a essa nova banda que tínhamos e daí a primazia para tocar como "headliner" da noite.
"Heavy-Metal" com A Chave e Golpe de Estado? Esses jornalistas...

Isso foi inquestionável, mas daí a reivindicar uma porcentagem maior de bilheteria, após o show estar acertado com valores iguais entre as bandas e que foi uma hipótese que foi ventilada subitamente no camarim, foi uma questão que gerou um clima tenso e desnecessário, visto que éramos amigos de longa data, há muitos anos. Fiquei chateado com essa conversa súbita, mas logo isso foi sanado e o combinado prevaleceu, com as duas bandas a dividirem fraternalmente a féria dessa bilheteria e que foi boa, com cerca de mil pagantes presentes no Dama Xoc.
A registrar-se, foi o último show com grande público que essa banda faria, pois daí em diante, até a minha saída, alguns meses depois, só faríamos poucos espetáculos e mediante a presença de um público bem menor.
Assista acima, "Sweet Surrender", uma música inédita, que não entrou no repertório do disco que gravaríamos ainda em 1989, ao vivo, nesse show do Dama Xoc, que estou a mencionar. Acervo de Nelson Junior. Eis o Link para ver no YouTube : 
https://www.youtube.com/watch?v=pn33sfyekX4

Veja acima, "The Winds Blows Chill and Cold", também inédita e que não entrou no disco, "A New Revolution", em versão ao vivo no Dama Xoc, no mesmo dia. Acervo de Nelson Junior. 

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=igx2NjZOaRU

Na prática, foi o mesmo show de sempre e neste caso, com o meu ânimo cada vez menor para continuar a participar daquele trabalho e de sua sonoridade, que eu não apreciava. 

O público, alheio às minhas insatisfações pessoais, estava bem animado e claro que eu dei o meu melhor, mesmo contrariado, em respeito a eles e aos companheiros, mas aumentara em progressão geométrica a minha vontade para deixar tal trabalho e buscar dessa forma, um novo rumo na minha carreira e de fato, foi uma questão de poucos meses para que isso se concretizasse.

O show no Dama Xoc, dividido com o Golpe de Estado, aconteceu em 19 de fevereiro de 1989, com cerca de mil pessoas nas dependências dessa casa de shows.

Resenha desse show com o Golpe de Estado, no Dama Xoc, em fevereiro de 1989, publicada na Revista Rock Brigade

O contato com o produtor que sinalizara haver interessado-se em produzir um LP dessa banda, havia esfriado, desde o final de 1988.
Na verdade, o seu interesse prosseguia, mas ocorreram-lhe certas dificuldades financeiras alheias à sua vontade e que estiveram a protelar o fechamento do acordo e consequente início dessa produção, concretamente a falar. 

Mais ou menos em março de 1989, ele voltou a dar-nos perspectiva de que estava a sanar as suas dificuldades financeiras e que em breve, liberaria a verba para darmos início nessa produção.

Bem, hora de revelar quem ele foi: tratou-se do dono de uma loja instalada na "Galeria do Rock", chamada, "Devils Discos", que apesar desse nome, não era necessariamente uma loja focada no mundo do Heavy-Metal. 

Esse rapaz conhecido como "Chicão" (Francisco Domingos Souza), na verdade mantinha uma postura anacrônica aos anos oitenta, pois mais se parecia com um hippie sessenta-setentista, fã que era de música Folk latino-americana e acústica, nos moldes de bandas como o "Tarancón", por exemplo, especializada por tais tradições Folk de diversos países sul-americanos, principalmente. 

Portanto, chegou a ser exótico um rapaz com esse gosto musical interessar-se pelo Hard-Rock cheio de virtuosismos que a nossa banda praticava nessa época. Muito gentil, calmo e educado, ele detinha uma postura Hippie, muito mais próxima das minhas raízes contraculturais, mas em relação àquela banda e aos seus outros membros, mostrara-se quase antagônica.

Enfim, o seu interesse nem foi exatamente pela música em si, mas por haver vislumbrado uma oportunidade de investimento, já que a gostar ou não daquela estética, como homem de negócios, ele deduziu que aquela escola estilística oitentista fora uma moda que muita gente seguiu na ocasião e que, portanto, poderia dar impulso aos seus planos de proporcionar que o seu selo pudesse crescer. 

Claro que foi salutar termos alguém interessado em investir e de fato, mesmo ao demorar mais alguns meses para isso ser formalizado e materializado-se, um aspecto precisa ser salientado: a sua postura como produtor foi perfeita, do começo ao final do processo. 

De minha parte, eu só lastimo que ele tenha conhecido-me em um momento desfavorável pessoal de minha parte, e por conta dessa impressão que teve, deve ter ficado com a impressão de eu ser um músico/artista sem grande entusiasmo por aquele trabalho. 

Tal prerrogativa, infelizmente, esteve acima das minhas forças naquele instante. Todavia, eu sabia na época e ainda mais hoje em dia, que o seu esforço para fazer acontecer aquele LP, foi notável.

Um acordo alinhavado em 1987, em favor da velha, A Chave do Sol, tomou contornos de ajuste, tardiamente, e por vias tortas, nessa mesma época.

Conforme eu já contei nos capítulos sobre, A Chave do Sol, o Beto Cruz havia fechado um patrocínio com uma luthieria que estava a entrar no mercado, chamada, "Vintage", em prol do LP The Key, que lançamos em 1987. Porém, muitos acontecimentos fizeram com que todo esse acordo mudasse de figura, pois o combinado inicialmente não confirmou-se. Em síntese: os instrumentos prometidos não saíram da forma combinada, mas apenas o baixo apresentou tal perspectiva de ser entregue e pelo fato de que eu pessoalmente pressionei (educadamente, é claro), o luthier, nesse sentido. 

E outro fato, após quase dois anos de espera, o rapaz em questão entregou o meu instrumento para outro luthier finalizá-lo, portanto, quando eu o recebi enfim, por volta de julho de 1989, ele estava com outra marca no seu headstock (a chamada "cabeça" do instrumento, onde ficam as tarraxas), e assim, o patrocínio inviabilizou-se, tecnicamente a falar, mas não por minha/nossa culpa.

Contudo, nesse novo momento, e na iminência de poder contar enfim com esse baixo, o Beto agilizou um acordo com a revista "Rock Brigade", e a luthieria "Tajima" que de fato o finalizou, e assim, uma propaganda saiu nessa referida revista, a dar conta que éramos patrocinados por tal marca.

Foto de Carlos Muniz Ventura, meu amigo fotógrafo, e coincidentemente, amigo igualmente do Luthier, Seizi Tajima.

Foi uma propaganda ilusória, pois não tratara-se de um patrocínio oficial e por tudo o que eu esclareci acima e também nos capítulos sobre a minha trajetória com A Chave do Sol, o que valeu mesmo, além do meu baixo ter sido finalizado e entregue, enfim, foi o fato da propaganda em si ter dado uma ajuda substancial para a nossa divulgação. 

Essa foi a primeira e única vez em toda a minha carreira, que eu tive uma menção de patrocínio, ou "endorsement" como se diz no jargão a usar de anglicismo, pois eu nunca mais fui sondado por nenhum fabricante de nada que relaciona-se a equipamentos e acessórios, para tal disposição e nunca procurei ninguém, também. 

Conheço muitos colegas que tem muitos patrocinadores, mas eu nunca preocupei-me com isso e sei que já fui criticado por tal postura versada por um suposto "desprendimento", mas não é o caso. Se procurado, eu poderia até analisar a proposta, mas particularmente, eu nunca preocupei-me com isso, pois não gosto da ideia de ter que ficar a vender a minha imagem para obter um punhado de palhetas ou um joguinho de cordas gratuito a cada "X" tempo. 

Quando preciso, vou na loja, compro, e não tenho comprometimento extra com ninguém. E também jamais usaria a postura de alguns colegas que ocultam marcas de instrumentos e equipamentos com fita isolante, para não fazer propaganda em fotos e/ou filmagens, para fabricantes que não "lhes dão nada de graça".

Ora, uso instrumentos da Fender & Rickenbacker, amplificador Ampeg, cordas Rotosound... e não espero que tais indústrias "paguem-me" por eu usar os seus produtos. 

Abomino a ideia da mesquinharia absoluta, que transforma a mentalidade de alguns colegas em um padrão a ser seguido com a ganância sem limites, mais a portarem-se como pilotos de F1, mediante dúzias de patrocínios estampados por suas respectivas logomarcas, em seus macacões. Foi essa, portanto, a história d'A Chave a fazer propaganda da Luthieria, "Tajima" nas páginas da revista Rock Brigade.

Os shows estiveram muito raros nesse ano de 1989 e no primeiro semestre, após aquele show no Dama Xoc, já mencionado, só tocamos no Black Jack Bar, em poucas ocasiões. Isso ocorreu primeiramente em 31 de março e 1º de abril, com públicos respectivos de cento e vinte e duzentas e oitenta pessoas.
 
Repetiríamos a dose em 16 de maio de 1989, com duzentas pessoas presentes na casa. Uma explicação para tão poucos shows em muitos meses, além do desânimo interno na banda e a escassez de melhores oportunidades, também teve um outro componente. 
 
O fato foi que Edu e Fábio estavam a envolverem-se com outros trabalhos e diante das circunstâncias, não houve meios para exigir deles a atenção total à nossa banda.
O Fábio estava a receber muitos convites e passou uma boa fase a viajar para Belo Horizonte, onde em princípio gravou com a banda mineira, "Overdose", mas ele recebera outros convites, também.  

E no caso do Edu, ele formalmente entrara como componente oficial de uma outra banda, pela qual vislumbrou uma oportunidade de carreira melhor do que as incertezas que A Chave/The Key continha naquele momento para lhe ofertar. Tratara-se de uma banda chamada: "Anjos da Noite", cujo vocalista era filho do cantor sertanejo, Sérgio Reis e segundo consta, o seu pai não estava a medir esforços para usar todo o seu prestígio no meio artístico, para fazer tal banda atingir o mainstream. 

Foi uma proposta musical muito mais Pop do que A Chave/The Key possuía e claro que o Edu seduziu-se por tal oportunidade, mesmo por que, um de seus irmãos e que mostrava-se igualmente um guitarrista virtuose, chamado, Átila Ardanuy, já era componente da banda. 

Enfim, daí em diante, além de todas as dificuldades que estávamos a enfrentar e o meu desânimo pessoal cada dia maior, nós passamos a lidar também com o choque de agendas e muitos impedimentos no tocante à disponibilidade de horários para ensaios. Pior ainda, o Edu sinalizou que usaria algumas músicas de sua autoria no disco a ser gravado pela outra banda e não as disponibilizaria para o nosso LP.

Isso irritou bastante o Beto, que ainda acreditava e lutava bravamente por essa banda, principalmente, mas eu estava cada dia mais alheio, e na verdade, sentia-me emocionalmente fora da banda, embora estivesse a protelar a minha saída oficial, apenas para não deixá-la com mais um problema a resolver, ao ter que procurar um novo baixista. 

Nesse ínterim, o produtor Chicão, anunciou que estava quase pronto a dar-nos o sinal verde para iniciarmos a produção do LP a ser gravado. Com esse clima todo que eu descrevi acima, foi difícil reunir forças para animar-me. 

Mas haveria de existir um respeito, um pelo outro, e sobretudo ao Chicão, que não sabia de nada disso que ocorria-nos internamente e pelo contrário, estava bem animado a produzir-nos. Portanto, isso teve de ser levado em conta para que tirássemos não sei de onde, forças para não desapontá-lo.

Entrou o segundo semestre e dois novos shows no Black Jack Bar, foram realizados. Estávamos muito limitados a uma agenda a demarcar shows esporádicos e sempre na mesma casa, mais baseado pelo fato de seus donos serem nossos amigos, do que a viver um momento bom na carreira. Aliás, o momento não foi nada bom. 

Tocamos então novamente no Black Jack Bar, nos dias 14 e 15 de julho de 1989, com marcas de público respectivas de duzentas e trezentas pessoas presentes ao ambiente do bar. Para os padrões daquela casa com dimensões pequenas, foi muito bom, apesar de tudo. 

Uma última oportunidade para tocarmos em uma casa com médio porte, ocorreria em agosto. No mesmo dia desse show, o Beto foi sozinho à emissora Brasil 2000 FM, para promover tal show, durante a sua programação normal.

Novamente convocados a tocar no Dama Xoc, desta feita foi um show agendado de última hora, portanto sem muita chance para fazer-se uma divulgação decente. 

Dividimos a noite com uma jovem banda que praticava um Hard-Rock com bastante similaridade com o Hard setentista, chamada: "Controlle", que estava para gravar um álbum, inclusive. Foi aí que conheci um bom amigo, o baixista, Renê Seabra, que infelizmente já deixou-nos, recentemente (2013), de forma muito precoce e vencido por um câncer muito agressivo. 

Nessa noite de 9 de agosto de 1989, o público presente no Dama Xoc foi diminuto, com apenas setenta pessoas presentes no recinto. 

Veja acima, uma versão de "Paralell Paradise", proveniente desse show do Dama Xoc de agosto de 1989. Lançado por Will Dissidente no Blog "A Chave do Sol" em 2015. A captura de época foi de Cláudio Cruz, e a remasterização providenciada por Edgard "Bolívia Rock". 

O link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Rd7zz7bJq9k

No camarim, pessoas ligadas à produção, disseram-me que os membros da banda estrangeira, "Destruction", estiveram presentes a assistir-nos, mas ao contrário do que esperavam de minha pessoa, é óbvio que eu não me comovi nem um pouco. Foram bem-vindos ao nosso show como qualquer pessoa que estava ali a pagar ingresso, mas eu não era nem de longe alguém simpático ao mundo do Heavy-Metal, portanto, sabia de sua existência, mas não interessava-me nem um pouco pelo seu trabalho.
Acima, versão da música, "Narrathan", também executada ao vivo no Dama Xoc, em 9 de agosto de 1989. Lançada por Will Dissidente em seu Blog : A Chave do Sol. Captura na época: Cláudio Cruz, com masterização de Edgard "Bolívia Rock".

O Link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=E_lFkFyE1G4
Ouça, "The Call", em versão ao vivo deste show do Dama Xoc, em 9 de agosto de 1989. Lançado por Will Dissidente em seu Blog A Chave do Sol, em 2015. Captura na época, providenciada por Cláudio Cruz. Masterização a cargo de Edgard "Bolívia Rock".

O Link para ouvir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=dA3Z_332RZg

Resenha sobre o Show no Dama Xoc, em agosto de 1989, publicada na Revista "Rock Brigade", em outubro do mesmo ano e assinada por André "Pomba" Cagni. Interessante a referência ao nome do álbum que ainda nem havíamos gravado, ser supostamente intitulado como: "Runaway", determinação que aliás não confirmou-se a seguir e também a mencionar, o fato de que na foto do show em si, eu estar a usar enfim, o meu baixo Tajima, que havia sido entregue há poucos dias nessa ocasião e no detalhe, vê-se que um "knob" (botão), do instrumento estar a faltar, pois havia caído no palco logo no primeiro show, ao frustrar-me, naturalmente...

Alguns dias depois, faríamos o derradeiro show dessa banda e cabe uma análise. Esse episódio, na verdade, já foi contado sob outro viés, no capítulo, "Sala de Aulas", pois envolveu diretamente um aluno meu. 

Foi o seguinte: o meu aluno Marcelo Dias, popular "Marcelo Carioca", era componente de uma banda chamada, "Êxito", de São Bernardo do Campo-SP, na região do ABC paulista.

Um dia, ele chegou em minha aula, a dizer-me que a sua banda havia conseguido uma data em um dos três teatros mantidos pela prefeitura de São Bernardo do Campo, no caso, o Teatro Elis Regina e que pelo fato de sua banda ser desconhecida, não faria sentido usar a data sozinha, sob o risco de não reunir condições de arrebatar um grande público. 

Portanto, ele fez-me o convite para que A Chave/The Key fosse escalada nessa data, e a sua banda fizesse a abertura do show. Foi uma boa perspectiva, e melhor ainda foi a atitude dele em formular-me tal gentil oferecimento, mas o que ele não soube, foi que o clima mostrara-se desolador para essa banda em que estava a atuar, que mantinha o compromisso para gravar um disco, mas na prática, estava quase dissolvida, com apenas o Beto ainda a lutar bravamente para mantê-la em pé, e talvez com apoio do Zé Luiz Rapolli, em tese. Eu estava exaurido, e Fábio & Eduardo, entretidos com outros trabalhos. 

Então, passei tal informação aos demais componentes e mesmo sob tal clima desfavorável da banda em processo de desmantelamento, todos aceitaram fazer o show. Daí em diante, todo o mérito por tal produção ter sido um sucesso, deve ser creditado ao meu ex-aluno, Marcelo e pelos seus companheiros, que trabalharam com muito afinco para tal. Foi muito compreensível, pois eram jovens e davam os seus primeiros passos como músicos profissionais. 

Essa história foi contada igualmente no capítulo: "Sala de Aulas", mas agora eu avanço um pouco mais aqui com adendos.

Sob o ponto de vista do show em si, foi uma apresentação com bastante energia, pois o público respondeu com muito entusiasmo.
A banda estava dilacerada, internamente, mas a sinergia no palco, com a devolutiva de um público muito quente, contagiou-nos, ao tornar a performance, ótima, como se a banda estivesse em grande forma, e não foi o caso, na verdade. 

Foi o último show dessa banda e com essa formação, pois a seguir só dedicamo-nos à gravação do álbum, e após o processo de gravação, um longo período seguiu-se até que o Beto novamente a reformulasse inteiramente e tentasse prosseguir no ano de 1990 e parte de 1991. 

Se A Chave/The Key nada teve a ver com a velha, A Chave do Sol, embora para muitos fosse a sua continuidade forçada, após mais uma reformulação e nova troca de nome (o LP que gravamos já seria creditado à uma banda chamada: "The Key"), não houve nenhum cabimento em que algum fã ou jornalista ainda acreditasse que fosse uma continuidade.

Enfim, o show no Teatro Elis Regina, em São Bernardo do Campo-SP, ocorreu no dia 13 de agosto de 1989, com a abertura e preciosa produção dos componentes do "Êxito" e com cerca de trezentas pessoas alojadas na plateia. 

Tal banda de meu aluno, mudaria de nome, formação e orientação artística, alguns meses depois e em 1990, os seus componentes convidar-me-iam para produzir uma Demo-Tape do seu trabalho. Tal história, está contada com detalhes nos capítulos dos "Trabalhos Avulsos" de minha autobiografia. O nome da banda tornar-se-ia doravante: "Aura".

Algum tempo depois e eles mudariam de novo, ao adotar o nome como: "Via Lumini", banda essa a gravar dois discos e alcançar relativo sucesso entre os apreciadores do Rock Progressivo setentista, tão vilipendiado e desprezado na década de oitenta. No meu caso, isso foi adorável, é claro... sobre A Chave/The Key, só restou-nos gravar o álbum...

Entramos em processo de gravação do álbum, em julho de 1989.
O Chicão, produtor, fechou acordo com um estúdio de bom nível, mas que não era badalado no meio. E exatamente por estar a iniciar-se no mercado, praticava um padrão de precificação mais acessível.

Contudo, continha um maquinário de primeira qualidade para os padrões da época e as suas instalações cheiravam a tinta, com tudo novo em folha e instalado em um belo e amplo sobrado no bairro do Alto de Pinheiros, que é um quadrante extremamente residencial do bairro de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo, com a maioria das casas a apresentar um alto padrão, ou mesmo a se constituírem por mansões. 

Tal estúdio chamava-se: "Big Bang". Um dos sócios foi o músico, Marcelo Galbetti, um componente do "Premeditando o Breque", banda contemporânea do Língua de Trapo, egressa dessa forma daquela cena da "Vanguarda Paulista", surgida entre 1979 e 1982, mais ou menos. O outro sócio e que era proprietário do imóvel, chamava-se: Marco Mattioli. 

Não ensaiamos muito para tal produção, mas aquelas músicas eram bem conhecidas por nós, sendo que as tocávamos desde 1988, nos shows, portanto, não houve o que temer em termos de perda de tempo nas tomadas básicas de gravação. 

A metodologia foi na base do "um-por-um", portanto fizemos a captura da bateria mediante guia no primeiro e segundo dia, com o Rapolli a gravar a sua parte com bastante eficiência. 

De última hora, resolvemos gravar a canção, "No Quarter", do Led Zeppelin e claro que haveria de ser inviável inseri-la no disco por conta da fortuna que custaria mediante as taxas à editora que controla tal canção, mas gostamos de ter uma versão nossa dessa canção épica, talvez pelo simples prazer de se ouvir em casa, secretamente. Contudo, na hora da mixagem, claro que tal devaneio foi descartado e muito provavelmente essa versão foi apagada ali mesmo em 1989, assim que deixamos o estúdio e outro cliente foi usar as fitas, prática comum em estúdios comerciais na dinâmica antiga das gravações analógicas. 

A música: "Before the Bridge Falls Down", tratara-se de uma versão com outra letra de "Sun City", do repertório d'A Chave do Sol e eu considero hoje em dia algo muito constrangedor que tal canção forjada nesses termos, tenha sido inserida no LP, embora muitas modificações na melodia principal fossem efetuadas. 

Nós deveríamos na verdade, ter gravado uma música inédita e de fato, haviam várias que foram preteridas, a ficarem de fora da seleção final, caso de "Paralell Paradise", que é um tema instrumental de autoria do Fábio Ribeiro, muito inspirado no Prog-Rock setentista e bem bonito, na minha opinião. 

Algum tempo depois, já em agosto de 1989, eu passei cerca de três horas da minha vida a gravar a minha parte, sozinho, sem a presença de outros componentes da banda e apenas com a companhia do técnico, Michael Angel, em uma noite de sexta-feira, quando lembro-me bem que ficamos a trabalharmos e a conversarmos em paralelo, animadamente sobre os anos setenta. E nessa altura, foi tudo o que eu desejei como uma meta, ou seja, voltar para as minhas raízes e livrar-me da década de oitenta.  

Ouça a música: "When We Was Fab", do então mais recente disco do George Harrison (LP Cloud Nine), que havia acabado de ser lançado e cujo mergulho na nostalgia da psicodelia sessentista começou a fazer-me crer que, sim, seria possível resgatar a minha verdade e ela contrastava com o mundo oitentista hostil. "Muito tempo atrás quando éramos fabulosos"... pois é, isso deu-me o "click" que eu precisava para dar um chute no pesadelo oitentista, e voltar a sonhar com minhas raízes 1960 & 1970. Apesar de que na letra da canção, Harrison não fala em nostalgia pelos anos sessenta propriamente dita (pelo contrário, contém um certo escárnio embutido, mas tudo bem, ele era britânico e esse tipo de humor sarcástico, faz parte da cultura desse povo), causou-me tal efeito emocional, e daí, a minha vida começou a mudar, de volta às minhas raízes. Não que eu as tivesse abandonado, isso jamais. Mas por um longo período (a década de oitenta inteira), eu convivi com a ideia de que tudo o que eu amava houvera sido destruído, portanto, uma semente de esperança começou a germinar nesse exato momento 

Eis o link para escutar a música citada do George Harrison no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=1VJln6Ya7Lg
 

Tal música em específico e aliás, o disco inteiro do George Harrison ("Cloud Nine"), mais o LP solo do Keith Richards também recém lançado em 1989 ("Talk is Cheap"), representaram um fio de esperança em minha combalida expectativa "vintage" e o descarte do ranço oitentista em que inseri-me por absoluta falta de escolha, estava prestes a ocorrer. 

Um dissabor ocorrido ainda na gravação da guia ´para prover a gravação da bateria, reforçou tudo o que enfatizo. Ao escutar as convenções que eu e Rapolli havíamos criado para enriquecer algumas canções, o Edu pediu para que não as gravássemos, e pelo contrário, para realizássemos uma base simples, pois ele julgara que aquelas frases atrapalhavam-no em seus solos.

Bem, reduzido a um baixo reto, quase sem frases, a gravação do disco tornou-se ainda mais penosa para a minha discografia. Portanto, esse trabalho é certamente o mais simples que eu cumpri em minha carreira inteira, com uma participação pífia, a tocar um baixo contínuo em uma nota só, na maior parte do tempo, de uma forma medíocre.

Aborreci-me tanto com essa abordagem e somado à toda a insatisfação acumulada desde 1988, que tal acontecimento tratou por provocar que eu desligasse-me completamente dessa produção, fato raro e que entristece-me, pois eu sempre gostei de acompanhar todo o processo de gravação e mixagem de meus álbuns. 

Mesmo alheio e chateado, ainda acompanhei sazonalmente a gravação dos companheiros, para dar apoio moral, mas nessa altura, o Beto já sabia que eu estava desligado da banda. Aliás, esse comunicado já havia sido feito antes mesmo de entrarmos no estúdio, quando ele pediu-me para eu gravar o disco. É claro que não o deixaria sem apoio, tampouco os companheiros e o produtor, Chicão, que estava super entusiasmado e a gastar muito dinheiro.

Lembro-me de ter visto o esforço que o Fábio fez para gravar várias camadas com teclados, inclusive ao alugar um órgão Hammond e a sua respectiva caixa Leslie, do Fernando Costa, o "The Crow" e que deu um trabalho incrível para ser levado à sala de gravação, que só era acessada mediante uma ínfima e perigosa escada espiral.

Portanto, eu o entendo perfeitamente quando concede entrevistas a tocar nesse assunto e sente-se contrariado pela mixagem ter arruinado quase que inteiramente seus esforços, ao transformar a participação dos teclados nesse disco, em uma mera base harmônica chinfrim, que não condiz com a técnica e criatividade de um músico de seu nível. 

De minha parte, nem tive como queixar-me da mixagem, pois não participei de suas sessões, já por considerar-me fora da banda. De fato, o baixo está lá para trás, nessa gravação, mas não importava-me muito, visto que as linhas são burocráticas, simples e sem maiores atrativos. 

Todo o trabalho de produção da capa e encarte foi feito pelo Beto e pelo Chicão. A escolha da ordem das músicas, o texto da ficha técnica e escolha das fotos e até mesmo o título do álbum: "A New Revolution" que foi o nome escolhido para esse disco.

A capa foi obra de um rapaz chamado, Marcos Aurélio, com o logotipo a cargo de Sandra Regina Gonçalves Jacinto
Fotos da capa, de Eric de Haas, extraídas de dois shows no Dama Xoc, em São Paulo, em 1988 e 1989

Por problemas que eu nem sei dizer quais foram, pois eu já não era mais membro da banda, esse disco só foi lançado no mercado, muitos meses depois, ao final de 1990, ao tornar a sua divulgação, extremamente confusa. Não tenho um recorte sequer de jornal ou revista com uma nota ou resenha sobre o seu lançamento. Nem sei se saiu algo de fato, mas claro que deve ter saído, suponho.

Não sei dizer por quanto tempo mais os demais membros ainda ficaram nessa banda, pois a partir dessa obrigação moral de gravar o disco, eu me despedi. Creio que ninguém ficou, pois eu soube que o Beto iniciou uma imediata reformulação da banda. 

Contudo, por motivos dos quais também desconheço, que eu saiba, tal nova formação não chegou a fazer shows ao final de 1989, tampouco no decorrer de 1990. Todavia, por incrível que pareça, em outubro de 1990, quando finalmente o disco ficou pronto, o Beto ligou-me para formular-me um pedido que foi inacreditável pelas circunstâncias, mas que eu não poderia recusar, em consideração por todo o esforço e sofrimento que esse amigo teve para manter a chama acesa (explico sobre isso, depois).

Ouça acima o disco, enquanto lê a análise de cada faixa, abaixo. Eis o link para ouvir tal álbum, "A New Revolution", em sua versão integral, no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=ZWpSUkxbthY


Sobre o disco em si, apesar das contrariedades todas, já expostas ao longo da narrativa, claro que ele tem os seus méritos musicais para quem aprecia tal estética e pelo bom nível dos músicos que o gravaram, isso é indiscutível. Eis abaixo uma breve análise, no meu ponto de vista.

Welcome" (Intro)       
Eis abaixo o Link para escutar "Welcome" (a música seguinte, "We Hear The Call" está acoplada, sem divisão de faixas, entre ambas).
https://www.youtube.com/watch?v=LfbtSMgRm6c

Era a introdução que fazíamos nos shows, a partir de abril de 1988, quando a banda enfim adotou uma postura própria, ao desvencilhar-se da ideia de ser uma banda montada para suprir datas da extinta, A Chave do Sol. Bem épica, lembra o som do "Rainbow" de certa forma. O "sinth" em forma de Chorus é bem típico desse tipo de arranjo melodramático.

“We Hear the Call” (está representada no vídeo acima, também)

Esta faixa soa bem "modernosa" para o padrão daquela ocasião, com o estilo Hard-Rock oitentista. Há lampejos de convenções de baixo e bateria que não foram suprimidos e isso foi bom. A melodia é boa, e não dá para negar e para quem gosta de virtuosismo, claro que a guitarra é excelente, inegavelmente. Os teclados ficaram muito prejudicados, pois contém intervenções de piano que são bem bonitas, mas não destacam-se, exatamente por tais equívocos da mixagem. O riff primordial é bom e a frase padrão feita em "looping", idem. 

“Before the Bridge Falls Downs”
Eis o link para escutar essa canção no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=UDvr-ld11xI&t=188s

Que ideia estapafúrdia de se regravar a música: “Sun City” com modificações até radicais na linha melódica, letra e arranjos! Por que não gravamos uma música inédita? Que confusão para a percepção dos fãs da velha, A Chave do Sol isso gerou, e ao ir além, foi algo absolutamente desnecessário. O resultado musical em si, não é ruim, pois o arranjo diferente tem os seus méritos e acho que a melodia modificada é até interessante. Ouso dizer que ficou mais americanizado, no sentido Pop e benéfico do termo, mas como estratégia da banda, acho um desastre.

“Storm Clouds”
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=RbTfTN-pNxs&t=66s

Essa é ultra oitentista em sua concepção. Parece uma canção do “Toto”, “Journey’; “Foreigner” e similares. Até acho o refrão bom, mas a roupagem toda é muito pasteurizada para o meu gosto. O solo em parte desdobrada é bonito, não nego...

“Pretty Old Lover”
Eis o Link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=vUFsa8hbjyE

Essa talvez seja a minha predileta, pois ainda que de forma recôndita, evoca algo que remonta vagamente ao Glitter-Rock norte-americano do “Edgar Winter’s White Trash” e “Shock Treatment”. Com partes bem marcadas por convenções fracionadas, deu-me tal associação com o som do albino texano e seus asseclas (sim, eu gosto muito do baixo executado pelo saudoso, Dan Hartman!).
 
Apesar do desastre sonoro em que esse disco, “A New Revolution” tenha revestido-se, o timbre do Fender Jazz Bass soa bem em alguns trechos dessa canção. A melodia é Pop e ao final, o Beto soltou o Robert Plant que o habitava interiormente... mas apesar de até exagerar na imitação, não é que é agradável? Baby, baby, baby... 

“Empty Bed”
Eis o Link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=ATtoWiCEAQ4

Nessa faixa, há uma surpreendente intenção blues como introdução, mas claro, pelo viés modernoso oitentista, certamente pensado para soar como se fosse a visão do guitarrista, Steve Vai e logo a cair sob um Hard-Rock acelerado ao estilo "Van Halen", que poderia constar em qualquer álbum daquela banda. Parece a canção “Panamá”, inclusive... só faltou o Beto sair a dar saltos pelo palco, a la David Lee Roth... e por que aquela pasta de reverber na bateria? Todo produtor de discos nos anos oitenta era obcecado por essa mania, por que será?

“Waiting for Tomorrow”
Eis o Link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=fcjMv0KzyHA

Parece a pegada do Deep Purple dos anos oitenta, com certos signos setentistas, mas mediante roupagem uma “modernosa”. Acho boa a melodia e o refrão, assim como o riff primordial. Aqui o meu Fender Jazz Bass soou como se deve, e dá para sentir seu ronco característico.

“This is my Way”
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=sdvEH63MaHc

Essa música é tão Pop oitentista que parece estarmos a ouvir um disco do “Poison”, “Bon Jovi”, enfim, mas eu reconheço que o refrão é bom, inclusive na modulação de backing vocals, todo desenhado com dinâmicas acentuadas. Contém uma pegada mais Rock’n' Roll no solo, apesar do virtuosismo inevitável da guitarra.

“A New Revolution”
 
Eis o Link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=V32TFH6OKJk

Outro Hard-rock oitentista e Pop, é absolutamente calcado no Van Halen daquela época, via Sammy Hagar, com o objetivo nítido de soar no padrão de rádio FM norte-americana. Bom riff e melodia, não resta dúvida. Tem algumas passagens onde eu cometi o indefectível “slap” no baixo... portanto, aonde a minha cabeça estava? Peço perdão aos Deuses do Rock, por esse deslize! Os arpejos da guitarra com aquele timbre e chorus em excesso são bem a face daquele período de fim de anos oitenta e lembram o som do Trevor Rabin, naquela formação do “Yes” de plástico dos anos oitenta, naturalmente.
 
Para encerrar, músicas como: “Paralell Paradise”, “Wind Blows Chill and Cold”, “Narrathan”, “Sweet Surrender”, “Open Your Heart and Your Soul”, ficaram de fora desse álbum e na minha opinião, eram mais significativas na história dessa banda, mas na hora da escolha do repertório, optou-se por canções mais “Pop”. Bem, não recrimino a intenção dessa estratégia que foi válida pelo aspecto mercadológico, mas artisticamente, foi uma pena, ao pensar em arte, exclusivamente.

Ouça abaixo o álbum "A New Revolution", na íntegra:
https://www.youtube.com/watch?v=ZWpSUkxbthY 
Agradeço aos canais de YouTube, "Hard'n Heavy Brasil" e "A Chave do Sol" (este último, capitaneado por Will Dissidente), pela postagem das músicas individualmente, além do álbum, na íntegra.
Continua...