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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 4 - Doença, Visão da Morte & Recuperação - Por Luiz Domingues

O ano de 2015, se abriu com um compromisso que pareceu ser alvissareiro para os Kurandeiros: um show marcado para o interior de São Paulo, a participarmos de um Festival de verão, com mote no Blues & Jazz, ao ar livre. Tratou-se do famoso festival anual promovido pela Secretaria Municipal de Cultura do município de Cunha-SP, uma bela e bucólica cidade do interior paulista, localizada na região do Vale do Paraíba, no meio do caminho entre Guaratinguetá-SP e Paraty-RJ.

                             Big Chico, o bluesman em foto promocional

Tal convite para participarmos, fora formulado por parte do cantor/gaitista e guitarrista, Big Chico, que conhecêramos por ocasião de sua participação no Projeto "Quarta Blues", da Magnólia Blues Band e também pelo fato d'Os Kurandeiros ter sido a sua banda de apoio em seu show realizado no Festival "Hoje tem Blues", do qual participamos em outubro de 2014, em uma unidade do CEU (Centro Escolar Unificado), no caso, o Ceu Jaguaré. 

Big Chico já havia participado de edições anteriores do Festival de Cunha, e desta feita assumira a curadoria, ao indicar artistas para participarem e daí, veio o seu gentil oferecimento em nosso favor. 

A logística não fora lá muito confortável, pois a verba oferecida para custear o nosso transporte, mal cobrira o gasto com o consumo de combustível e os pedágios, para dois carros, visto que não daria para alugarmos uma van e mesmo que não fosse preciso levarmos uma bateria própria e backline, a carga mínima com volumes para nos apresentarmos, não comportaria o uso de um automóvel, apenas. 

Dessa maneira, mesmo com uma verba bem apertada, decidimos partirmos com dois carros, e no caso, o meu que era mais espaçoso do que o do Carlinhos. E também contamos com o bólido do Kim.

Foto promocional d'Os Kurandeiros de 2014. Click: Lara Pap 

Combinamos de sairmos bem no início da tarde, mesmo ao saber que o show seria às 21 horas. Não queríamos correr riscos desnecessários e mesmo por ser um período difícil para viajar, pois enfrentar uma estrada durante o verão é um sacrifício escaldante em via de regra, pensamos que compensaria chegarmos bem cedo à Cunha, por volta das 17 horas, em nossos cálculos, para aproveitarmos um pouco a cidade, que fica encravada em uma região serrana e contém muita natureza, a atrair turistas, normalmente. 

Preparei o meu carro, certamente, um dia antes, a promover troca de óleo, calibragem de pneus e abastecimento de combustível e água, os itens básicos e estava tudo certo para adentrar a estrada. 

Encontramo-nos na residência do Kim e de lá partimos em comboio rumo à via Dutra, estrada que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, com o objetivo de seguir em frente até a cidade de Guaratinguetá-SP, onde fica o acesso à rodovia Cunha-Paraty, sinuosa e serrana por característica própria, porém muito bonita mediante o seu visual a observar a presença da natureza, mas ao mesmo tempo, perigosa, certamente.

A visão de um pequeno trecho da Via Dutra, estrada que liga São Paulo ao Rio de Janeiro e que na prática, se parece com uma avenida, tamanho o fluxo congestionado. Fonte: Internet

Para quem não conhece São Paulo, capital e estado, digo que qualquer estrada que sai da cidade de São Paulo, para qualquer direção, seja rumo ao interior ou ao litoral do estado, enfrenta tráfego pesado, quando não, trânsito engarrafado sob um raio de pelo menos cem Km. E a Via Dutra, por ligar as duas maiores capitais do Brasil, tem um trânsito que a faz se parecer com uma avenida, e não uma estrada, propriamente dita. 

Portanto, seguimos mais ou menos juntos, meu carro e do Kim, entretanto, perto do pedágio da cidade de Jacareí-SP, nos perdemos de vista. Contudo, não havia nada de errado em perdermos o contato visual em um dado instante, pois se algo ocorresse, bastaria em tese, que o Carlinhos ligasse para a Lara Pap, nossa produtora e esposa do Kim, que seguia viagem no outro carro.

                                        Um mapa da região que visitamos

Pouco antes de nos aproximarmos de São José dos Campos-SP, vi que o ponteiro da marcação de temperatura do radiador do meu carro, estava a subir além da conta e eu atribui tal disfunção ao calor que fazia na tórrida tarde de verão que enfrentávamos, mas até aí, me mantive despreocupado por deduzir que a ventoinha seria acionada a qualquer instante, a resfriá-lo. 

Não me dei conta que isso não estava a ocorrer, pois também com o carro em movimento e a conversa agradável a tratar de reminiscências do Carlinhos e minhas sobre os anos setenta (e se revela incrível a quantidade de shows de Rock e outros eventos "freaks" em que estivemos juntos naquela década, mas sem nos conhecermos ainda, portanto, era (é) o tipo de conversa que sempre rendia muito assunto para nós dois). 

Mas quando o trânsito perto de São José dos Campos-SP nos obrigou a parar, foi que eu me dei conta que a situação se tornara preocupante, visto que sinais de fumaça vinham do capô do meu carro, e o ponteiro que marca o aquecimento do radiador subira, vertiginosamente no painel de controle.

Em suma... o radiador estava a ferver e eu precisava parar para verificar o ocorrido, e tomar uma providência. Por azar absoluto, não havia nenhum posto de gasolina a vista e na iminência do radiador ferver e travar tudo, parei no acostamento e fomos olhar, eu e Carlinhos. De fato, o reservatório de água estava a ferver e aquilo se mostrar incompreensível, visto que no dia anterior, eu havia renovado o aditivo, portanto estava tudo correto com o radiador e o tanque de reservatório d'água, teoricamente.

Na mangueira d'água, não havia nenhum indício de vazamento. Portanto, a solução foi esperar esfriar, e naquele calor da tarde, foi uma missão vagarosa para que a seguir nós achássemos um posto de gasolina para reabastecer o reservatório e estabelecer assim uma verificação mais apurada. 

Por muito azar de nossa parte, não houve posto avistável e assim, na primeira entrada disponível, fomos para dentro de um bairro de periferia de São José dos Campos, onde finalmente achamos um posto. Mais um tempo ficamos a esperar esfriar e novo abastecimento de água... e lá foi a água ferver de novo, mesmo com o carro parado sob uma boa sombra...

Os frentistas do posto tentaram de tudo para nos ajudar, mas ninguém conseguia entender o que acontecia. Já batia na casa das 17 horas, e nesse instante, os nossos amigos já deviam estar em Cunha-SP e muito preocupados conosco. 

Por celular, simplesmente não conseguíamos falar com eles e até contato via telefone fixo do posto, tentamos, mas nem sinal de área conseguíamos estabelecer. Nessa altura, fomos informados que os mecânicos das redondezas já estavam todos fechados e por ser uma sexta-feira, infelizmente, a perspectiva seria a de somente abrir tais estabelecimentos na próxima segunda-feira pela manhã...

Uma outra solução seria pegar um táxi e ir ao centro de São José dos Campos para procurar por uma oficina, mas sem conhecer a cidade e ela é enorme, já quase a ostentar um milhão de habitantes, seria uma busca inglória. Foi quando começou o festival de improvisos e pelo lado positivo, aquela solidariedade que pensamos que não existisse mais neste planeta, mas nessas horas, verificamos que sim, ela existia...

Um dos frentistas ofereceu a caixa de reservatório de seu próprio carro, que ele não usaria naquele final de semana. Relutamos, mas na hora do sufoco e com os ponteiros do relógio a voar, literalmente, já estávamos a contar em chegar em cima da hora ao local do festival, a eliminar completamente a possibilidade de um soundcheck decente no palco desse evento. 

Portanto, aceitamos a gentil oferta vinda do frentista. O carro do rapaz era similar ao meu e a peça haveria de ser dentro do padrão, assim pensamos, mas não era! E nessa altura, já havíamos descoberto que o problema se revelava em um fator tão estúpido que chegara a provocar raiva!

Pois a borracha interna da tampa do reservatório de água do radiador, havia perdido a sua elasticidade e devido a tal fator tão simples, a tampa não fechava com a devida pressão e assim, não foi possível se acionar a ventoinha, a prover a refrigeração natural do radiador. Em síntese, tudo se resumiu a uma simples borracha circular que não devia custar mais do que "um real" na época, mas a se valer como específica para aquela medida, não tinha substituição com outro material. E nós tentamos fita de vedação de encanamentos, silicone e outras borrachas, mas nada adiantara.

Carlinhos Machado e eu (Luiz Domingues), em foto de 2014. Click de Lara Pap

Eu e Carlinhos estávamos muito angustiados, pela iminente perda do show e também por imaginarmos que os nossos amigos estavam em estado emocional abalado, motivado por uma grande preocupação para conosco. Pensei em ligar para a minha casa, e assim deixar os meus familiares a par da situação, talvez como uma estratégia para o caso da Lara Pap ter usado do mesmo expediente, mas não, ela também evitara tal medida, justamente para não alarmar ninguém em minha casa. 

Quando já estávamos a viver as 19 horas e desolados por conseguinte, um motoqueiro que parara para abastecer, nos ouviu a conversarmos com os frentistas. Esse estranho se aproximou, ouviu diretamente a conversa e interveio.

Ao parecer com aquelas intervenções inexplicáveis que os Rockers gostam de atribuir a sinais mágicos e típicos para quem professa o Rock verdadeiro, o rapaz nos disse que se prontificava a buscar uma tampa nova para nós, em um posto onde sabia existir uma loja de autopeças a funcionar por 24 horas, mas que se localizava na estrada, a caminho de Caçapava-SP, a cidade vizinha. 

A oferta se mostrou irrecusável e o rapaz não quis aceitar nem ajuda para a gasolina que gastou ao realizar tal operação. Em menos de uma hora, já estávamos de novo na estrada, com o radiador a funcionar absolutamente dentro de sua normalidade e tudo fora por causa de uma reles borracha, sob um valor ínfimo!

Muito atrasados, mas felizes, viajamos a contar os minutos e a comemorar a cada placa que víamos, a perspectiva da aproximação da cidade de Cunha. Para a nossa sorte, a estrada Cunha-Paraty, apesar de muito perigosa, estava absolutamente vazia naquele momento e assim, mesmo ao evitar os excessos, imprimimos uma velocidade máxima ali permitida e sob constância, sem mais nenhum empecilho a nos atrasar.
Quando enfim avistamos a cidade, respiramos aliviados e apesar de sermos dois senhores cinquentões na época, a nossa alegria foi juvenil, como se estivéssemos na adolescência, a vencer uma gincana escolar. Foi um ponto de honra chegar em Cunha, em tempo para pelo menos tocarmos metade do show previsto, portanto, tratamos como uma vitória, a nossa entrada na cidade.

                              A visão de uma parte da cidade de Cunha-SP

Estacionamos na praça central desse município e de longe ouvíamos o Kim a tocar e cantar, acompanhado de Edu Dias que estava a tocar gaita e cantar, também. Fiquei arrepiado por ouvi-los ali, a enfrentarem a praça lotada, sem o nosso suporte, desfalcados, portanto, do peso de uma banda completa. 

Não dava para tocar a imensa maioria das músicas programadas no set list, mas apenas baladas amenas e um ou outro Blues de raiz. Não caracterizava o som que esperavam de nós, mas fiquei muito orgulhoso de verificar a coragem e hombridade artística na qual o Kim teve ao subir e assumir sozinho, e sei que enfrentaria o desafio mesmo que não tivesse o apoio do Edu Dias, que foi o nosso convidado naquela noite.

O Boulevard aonde nos apresentamos, fica atrás da Igreja da Matriz

Quando nos viu a correr com o meu baixo e peças de bateria, praça adentro, a nossa produtora, Lara Pap, veio prontamente nos auxiliar e na base do: -"depois lhe contamos tudo", ela entendeu perfeitamente a nossa pressa.

Com o Kim em plena atuação, fomos a montar as peças ali na frente do público, uma prática que eu abomino empreender, fortemente, mas diante das circunstâncias dramáticas com as quais essa chegada a Cunha se revestira, não houve um outro meio mais discreto para nos prepararmos.

Kim Kehl & Os Kurandeiros, ao vivo em Cunha-SP. Janeiro de 2015. Click, acervo e cortesia: Jani Santana Morales

Assim que eu fiquei pronto e claro que no meu caso a montagem é sempre mais simples para se cumprir, eu me já pus a encorpar o show, com o meu baixo a apoiar. Carlinhos ainda ficou a ajustar as suas peças à carcaça de bateria que havia ali disponibilizada, e somente duas músicas depois, entrou no show, junto conosco.
Kim Kehl & Os Kurandeiros ao vivo no Festival Jazz & Blues de Cunha-SP. Click, acervo e cortesia: Ryu Uehara Dias

Quando o som se encorpou de vez e a banda soou como devia, o Kim passou a fazer as suas escolhas de repertório, no sentido em dar mais vazão para que a euforia do público se pronunciasse e o público que parecia apático, até então, se levantou. Não quero dizer com isso que éramos imprescindíveis ao ponto de suplantar o brilho pessoal do Kim e do próprio, Edu Dias, mas com a banda a tocar junto, com tal peso e energia, além do repertório mais fervoroso, o público se inflamou.

Kim Kehl & Os Kurandeiros ao vivo no Festival Jazz & Blues de Cunha-SP. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Outro fator, o Kim nos confessou que subira ao palco para cumprir a sua parte e por conta dessa iniciativa, não deixar o público frustrado, sob um ato que extrapolou o profissionalismo, mas se revelou heroico, até. Não é qualquer artista que se dispõe a fazer isso e dada a circunstância excepcional dessa monta, a tendência seria mandar cancelar o evento. 

Além do mais, ele nos confessou-nos que estava sob um estado de nervos alterado, e que a situação o induzira a pensar no pior e que assim, fora um martírio angustiante para ele subir ao palco e entreter o público, ao imaginar que talvez eu e Carlinhos estivéssemos mortos, vítimas de um acidente na estrada. 

A sua fala me cortou o coração, pois eu pude imaginar a sua angústia, ao elucubramos as bobagens que sempre pensamos quando ficamos sem notícias de familiares e/ou amigos, em circunstâncias semelhantes. 

O show deveria ter acabado por volta das dez e meia da noite, mas com nossa chegada quase quarenta minutos depois do seu início e pelo fato do público estar a se divertir muito, o representante do secretário de cultura da cidade, nos autorizou a tocarmos o quanto quiséssemos. Pois foi quase por volta da meia-noite, quando encerramos a apresentação e uma reversão completa do astral havia sido conquistada. 

Da melancolia advinda de um quase não comparecimento, nós conseguimos realizar o show e esticá-lo de uma forma absurda, com o público completamente ao nosso favor, a vibrar muito. E por se tratar de um público híbrido, víamos todo o tipo de gente ali presente: de Rockers locais a idosos, a passar por muitas famílias, crianças e adolescentes etc.

Fim do show em Cunha-SP, com o Kim a exibir a escultura feita em homenagem aos Kurandeiros, ofertada pelo artista plástico da cidade de Cunha: Denis Akino. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
Kim Kehl a exibir a escultura que ganhamos do artista plástico, Denis Akino, em Cunha-SP! Janeiro de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=_HcI4y2bUSQ

Um escultor local, chamado, Denis Akino, nos ofertou uma peça de madeira feita por ele, em nossa homenagem e que o Kim guardou com carinho na sua coleção de memorabilia. Um gesto muito bonito e de certa forma, tipicamente interiorano, no sentido da hospitalidade sempre presente em grande profusão.

"Can't Be Satisfied" no Festival de Jazz & Blues de Cunha-SP, em 9 de janeiro de 2015. Filmagem de Lara Pap
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=RA7UeC4LsTM 
 
"Meu Mundo Caiu" no Festival de Jazz & Blues de Cunha-SP, em 9 de janeiro de 2015. Filmagem de Lara Pap
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=8sHEJVvQ8_8 

Quando o show acabou, fomos bastante assediados pelas pessoas e ficamos muito felizes, duplamente: pelo sucesso do show, mas também pela nossa tenacidade de fazer de tudo para não deixar de cumprirmos o compromisso.  

"Honky Tonk Woman" no Festival de Blues de Cunha-SP, em 9 de janeiro de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=KWs-NKa2am4

"Black Cat Moan" no Festival de Jazz & Blues em Cunha-SP, em 9 de janeiro de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=yQO23KL6wJA 

Senti-me muito feliz por ter conseguido chegar e tocar, para completar a nossa banda, no compromisso firmado. E mais que isso, pelo fato da apresentação ter sido um enorme sucesso perante o público. 

Eu fiquei tão eufórico com esse desfecho feliz, que nem me preocupei com o fato de que precisava abastecer o carro, pois no longo trecho entre Guaratinguetá e Cunha, não tinha visto nenhum posto de gasolina, disponível.

Falamos com um rapaz da produção do show e ele franziu a testa quando lhe indagamos sobre um posto de gasolina aberto na cidade naquela hora. Não havia pensado que em uma cidade muito pequena, esse tipo de problema ocorre, de tão acostumado a viver em São Paulo, onde tal preocupação não existe. 

Solícito, ele nos conduziu até a um posto, que já estava fechado, mas ao seu pedido, o frentista que jogava cartas com amigos ali no local, abriu a bomba e nos abasteceu. Foi mais um toque mágico, que só Rockers sabem como funciona!

Voltamos para São Paulo extenuados, mas absolutamente tranquilos e felizes pelo sentimento de missão cumprida. Fora um sufoco, a gerar muita angústia da parte de todos, mas o resultado final se tornou tão reconfortante e compensador, que toda a agonia vivida, se esvaíra.

               Uma das belezas naturais de Cunha-SP. Fonte: Internet

Aconteceu no dia 9 de janeiro de 2015, em Cunha-SP, uma belíssima cidade interiorana, que pelo pouco que vimos, contém muitos atrativos naturais, fora a hospitalidade interiorana, típica e sempre prazerosa.

Nos meus cálculos livres, acho que houve a presença de cerca de trezentas pessoas na praça a nos assistir, mas por se tratar de um pequeno, porém charmoso boulevard, estava bem cheio. Ainda em janeiro, voltaríamos à nossa rotina de apresentações em casas noturnas, mas não necessariamente em São Paulo.

Após a aventura permeada por angústia e alívio, vivida em Cunha, no interior do Estado, voltamos à cidade de Osasco-SP, na Grande São Paulo, para mais uma apresentação na simpática, Casa Amarela. Cheguei mais cedo que os demais companheiros e ali sentado em uma mesa a aguardar os amigos, não me sentia muito bem-disposto. 

Kim Kehl & os Kurandeiros na Casa Amarela de Osasco-SP. 17 de janeiro de 2015. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Desde o final de 2014, eu já vinha a sentir efeitos desagradáveis no meu organismo, mas sem ter ideia da dimensão da doença que já estava instaurada no meu organismo. E só fui tomar conhecimento da gravidade bem depois, no mês de março, mas já chego lá, nessa cronologia.  

Naquele momento de final de janeiro de 2015, me sentia fraco e atribuía o mal-estar à queda de pressão arterial, devido ao forte calor de verão, tão somente. E assim me sentia, sentado em uma mesa da Casa Amarela, enquanto esperava os amigos chegarem.

Com a participação do cantor e guitarrista, Cris Stuani a cantar conosco, na Casa Amarela de Osasco-SP, em janeiro de 2015. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O show foi bom, tivemos a presença do guitarrista & cantor, Cris Stuani a realizar uma participação especial, sempre boa. Aconteceu no dia 17 de janeiro de 2015.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 24 de janeiro de 2015. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Uma semana depois e estávamos de novo na zona norte de São Paulo, para tocarmos no reduto hippie do bairro do Tucuruvi. Foi uma boa apresentação no Santa Sede Rock Bar, no dia 24 de janeiro de 2015.  

No início de fevereiro, fomos novamente à cidade de Santo André-SP, no ABC paulista, para uma apresentação no Centro Cultural Gambalaia.  

Para essa ocasião, nós escalamos a banda local: "O Livro Ata", para fazer a abertura do show e ficamos muito contentes por ver que tal banda evoluíra muito em relação à primeira que vez em que abriram o nosso show, em uma ocasião anterior. 

Os Kurandeiros na porta do Centro Cultural Gambalaia de Santo André-SP. 1º de fevereiro de 2015. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Foi uma noite muito boa, embora o meu estado de saúde desse mostras que estava preocupante e já não dava para atribuir o mal estar apenas ao efeito do calor escaldante do verão, a interferir na oscilação da pressão arterial. Aconteceu no dia 1º de fevereiro de 2015, com vinte e cinco pessoas na plateia.

Quando o próximo compromisso d'Os Kurandeiros chegou, eu já estava mais preocupado com isso, e no dia em específico em que ocorreu o apontamento, tive uma aventura hospitalar, emergencial e desagradável.

Nesses termos, o apontamento foi de ordem midiática e muito familiar no meu caso. Estivemos escalados para nos apresentarmos no clássico programa da emissora Brasil 2000 FM, ao tocarmos ao vivo e a sermos entrevistados pelo famoso locutor e produtor radiofônico: Osmar "Osmi" Santos Junior. 

Familiar, portanto, pois tal programa existia desde os anos oitenta e nele, eu me apresentei com diversas outras bandas por onde atuei anteriormente, e por ter sido assim, foi um prazer saber que no estúdio de tal emissora eu fui de novo, a manter uma tradição, até pessoal para a minha carreira.

Para essa apresentação, o tecladista superb, Nelson Ferraresso, esteve conosco e a sua contribuição fina, eu diria, sempre enriquecia o som d'Os Kurandeiros e de certa forma aparava arestas, pois ele nos trazia o seu estilo comedido, a nos impelir a conter a volúpia Rocker, para nos extrair o ímpeto de soarmos como por exemplo se fôssemos o "Blue Cheer" ao vivo, e dessa forma, ao nos colocar sob uma posição mais amena, a encarar o Blues-Rock mais para o trabalho do grupo "The Animals", digamos assim.

Os Kurandeiros no estúdio da Rádio Brasil 2000 FM, com o produtor radiofônico, Osmar "Osmi" ao meu lado, a usar camiseta com estampa a conter o logotipo do grupo de Rock australiano, AC/DC. 17 de março de 2021. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

A despeito de eu estar motivado com a apresentação no programa, o meu estado de saúde estava a piorar. Nesse dia, a minha pele estava a ganhar fortes marcas características da icterícia, e o mal-estar que me acometia desde o final de 2014, se intensificara nos primeiros dois meses de 2015, de forma substancial. 

Eu já havia consultado um médico particular e este profissional  solicitara exames e me advertira que havia a hipótese de eu estar com hepatite, mas houvera também uma chance grande de ser confirmada uma colelitíase, ou seja, pedra na vesícula. 

Aguardava então o resultado da batelada de exames de sangue que ele havia pedido e também o exame de ultrasom, mas com a advertência de que eu não deveria de forma alguma carregar peso, pois independente sobre qual fosse o meu diagnóstico final, eu estava com o fígado comprometido e qualquer abalo poderia gerar uma obstrução do duto biliar e aí, eu correria risco de perder a vida, de uma forma iminente. 

Portanto, a sua advertência fora clara para que em caso de mal-estar mais forte de minha parte, eu não esperasse a conclusão dos exames, e retorno com ele para o diagnóstico final, mas que deveria ir imediatamente para um hospital e assim buscar a internação. 

Pois nesse dia da apresentação na emissora Brasil 2000 FM, eu passei mal logo após o almoço e ao medir a pressão arterial com um aparelho doméstico, verifiquei que tal índice estava altíssimo. O mal-estar estava muito grande, com uma tontura horrível e não tive outra alternativa a não ser ir para o Pronto-Socorro de um hospital. 

No entanto, não vou contar mais nada aqui, pois logo deixarei o link de um texto que criei em 2015, a versar sobre o que me ocorreu em seguida, e se o leitor tiver interesse, vai saber com maiores detalhes o que passei daí em diante, com duas cirurgias e uma internação cheia de acontecimentos dramáticos, eu diria. 

Por enquanto, digo que no hospital que procurei nesse dia, apesar de estar a ficar assustadoramente com a pele amarela (icterícia), ao relatar o que me acometia na triagem, fui encaminhado à uma cardiologista, que se limitou a medir minha pressão, auscultar o meu batimento cardíaco e pelo fato do mal-estar ter passado e a pressão voltado a um patamar seguro, me aconselhou a marcar consulta com um gastroenterologista e a beber água... bem, como a pressão abaixou e eu me sentia melhor (e também por considerar que já estava em consulta com um médico gastro e a aguardar exames), resolvi ir para a casa, pegar meu carro e cumprir o compromisso com a banda, normalmente. Cheguei ao estúdio da emissora a me sentir fraco, mas deu para interagir na entrevista e tocar, mesmo assim.

Acima, eis o programa que fizemos na Brasil 2000 FM, na íntegra.
 

Eis o Link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=qji_lW1P2w0

Sobre a apresentação, com o meu mal-estar a parte, foi muito boa, com Os Kurandeiros a tocarem de forma solta, com muita descontração. Eu recordei ao produtor & locutor, Osmar "Osmi", que ali tocara três vezes com o Pitbulls on Crack, nos anos noventa, uma com a Patrulha do Espaço em 2000, quatro vezes com o Pedra e agora com Os Kurandeiros. 

Isso sem deixar de mencionar o grupo The Key (ou A Chave "sem Sol", como foi conhecida pejorativamente), que não tocou, mas participou com duas entrevistas ali, ao final dos anos oitenta. Foram muitas participações mesmo, a estabelecer um vínculo emocional muito forte, certamente. Aconteceu no dia 17 de março de 2015, ao vivo.  

Ainda fiz dois shows com a Magnólia Blues Band, que era formada pelos próprios Kurandeiros, mas com outro nome e roupagem, e o meu estado de saúde piorou, sobremaneira. Fiz o show do dia 25 de março com a Magnólia Blues Band, sob um mal-estar muito grande e minha cor da pele estava assustadora. 

No dia 27, haveria mais uma apresentação para Os Kurandeiros no Melts, e eu só piorara. Os meus exames já haviam ficado prontos e nessa altura eu já sabia oficialmente que estava com colelitíase e nem deveria esperar o retorno ao médico na terça-feira posterior, mas ter ido ao hospital, no entanto, ainda fiz o show no Melts, na sexta, esperei a terça chegar, e só aí quando o médico me afirmou que eu deveria sair do gabinete dele e ir a voar para o hospital, foi que tomei tal providência. 

Para saber tudo o que me aconteceu daí em diante, portanto, deixo o link do relato que escrevi e publiquei no meu Blog 1, como forma de agradecimento aos médicos, enfermeiras e demais profissionais do Hospital São Paulo, onde a minha vida foi salva.

Eis o Link da matéria a descrever o que passei no Hospital:


http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2015/10/nao-e-por-ma-vontade-dos-profissionais.html

A tocar sentado, com a sorte da iluminação disfarçar a minha cor de pele que estava impressionante nesse dia. Foi o meu último show antes da internação e cirurgias. Os Kurandeiros no Melts de São Paulo, em 27 de março de 2015. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

De volta a falar sobre Os Kurandeiros, a apresentação no Melts foi correta, apesar do meu estado pessoal, lamentável. Toquei sentado, a sentir um mal-estar imenso e a minha pele estava tão amarela, que eu estive envergonhado em me apresentar com tal aparência. 

A sorte foi que sob a iluminação difusa da casa, poucos perceberam que a minha coloração de pele estava assustadora. Bem, daí em diante, foi uma internação longa mediante duas cirurgias e uma recuperação lenta, que de certa forma persistiu até 2016, quando encerrei este trecho da redação da autobiografia, mas que não me impediu de voltar a trabalhar ainda no primeiro semestre de 2015, com todas as bandas pelas quais eu atuava e também nas atividades literárias e virtuais, apesar da debilidade passar a ser vencida, muito paulatinamente. 

O próximo compromisso com Os Kurandeiros aconteceria ao final de maio, com muito incomodo pós-cirúrgico de minha parte...

Voltei para a minha residência, no dia 18 de abril de 2015, após uma longa internação hospitalar e duas cirurgias bastante delicadas. Ao final de maio, ainda me sentia muito debilitado e mal saía para uma caminhada até o jardim do meu condomínio, ainda, quando recebi o telefonema do Kim Kehl, a me perguntar se eu aceitaria fazer um show na Faculdade ESPM, localizada muito próxima da minha residência.

Visão aéra do complexo da Faculdade Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPN), localizada no bairro da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. Fonte: Internet  

Tal apresentação ocorreu sob a estrutura de show de choque, em uma apresentação ser realizada sob um horário insalubre, mas com a certeza de haver uma estrutura boa, com o palco montado na quadra de esportes de tal instituição e sob responsabilidade do centro acadêmico dos alunos. 

A nossa garantia de que seria tudo bem providenciado, veio da parte do Fulvio Siciliano, nosso amigo guitarrista e que era professor naquela faculdade, portanto, não haveria possibilidade de não ser boa a estrutura, sob o seu aval.

Foto da quadra esportiva dentro do complexo da Faculdade Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPN), em que nos apresentamos. Fonte: Internet 

Fulvio tocaria conosco e haveria de ser uma grande festa, ainda que em meio a um horário absurdo para os nossos padrões Rockers e por eu estar na condição de um convalescente (a segunda consulta ambulatorial pós-internação, só ocorreria no dia seguinte, 26, quando comecei a retirar os pontos das cirurgias). 

Bem, apesar de estar sob um estado lastimável, com muita debilidade física ainda, ao menos havia recuperado a coloração normal da minha pele, sem as pedras que destruíram a minha vesícula e quase arrebentou o meu pâncreas e também o duodeno. 

Sobre o show em si, meus amigos combinaram de me buscarem e trazerem de volta para casa, além de carregar o meu backline e instrumento e eu só teria que tocar. Seria um show de choque, portanto bem curto.

Chegamos na Faculdade ESPM, muito cedo, antes das sete horas da manhã. Fomos rapidamente para o palco que já tinha um PA montado e uma equipe técnica terceirizada para nos atender. 

Aprontamo-nos e eu percebi que dava para tocar em pé, por ser um show de choque, e sem fazer mise-en-scène alguma, embora a força do hábito talvez me impelisse para isso, mesmo que eu fosse imediatamente interrompido pelas dores e incômodos inevitáveis. 

Estava tudo indo bem, com uma passagem de som razoável e só teríamos que aguardar o sinal de intervalo na instituição de ensino, quando os estudantes lotariam o pátio para nos verem a tocar. Mas aí o imponderável ocorreu...

Ao mexer em alguma coisa atrás do seu amplificador, o Kim esbarrou no suporte de sua guitarra, Gibson Les Paul e ela se precipitou ao chão. Quando chegou ao solo, quebrou bem na junção entre o final do braço e o "headstock". 

Quem for músico e estiver a ler este trecho, sabe que uma guitarra Gibson Les Paul quando cai no chão desse jeito, é uma tragédia. Outras guitarras não sofrem tanto, mas a Les Paul é bem sensível nessa particularidade.

O Kim ficou inconsolável, pois além do prejuízo que seria enorme a grosso modo, naquela altura, pairou a dúvida sobre ser possível o reparo do instrumento. Ele sempre levava consigo duas guitarras aos shows, no mínimo, mas desta vez, por estar previsto que seria um show de choque, com apenas vinte minutos de duração, havia levado uma, apenas. Para voltar à sua residência e buscar outra guitarra, não haveria tempo hábil e a hora da apresentação, se aproximava.

               O ótimo guitarrista, Fulvio Siciliano, nosso amigo
 

Chegamos a cogitar cancelar a apresentação, mas aí o Fulvio que faria participação especial conosco se prontificou a suprir toda a parte da guitarra e como tínhamos a presença do tecladista, Nelson Ferraresso, conosco, não haveria de ser problema para a banda se o Fulvio sentisse alguma dificuldade no quesito da harmonia das músicas. 

O Kim atuou então somente a cantar e agitou muito ao fazer as suas brincadeiras costumeiras, portanto, nem parecia que estava profundamente chateado com a situação da sua guitarra, e assim nos apresentamos. 

"A Galera quer Rock" na faculdade ESPM, em 25 de maio de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=6InkQT8XdIM

Foi realmente um show atípico em todos os sentidos, pois esses shows realizados em ambientes de faculdades, costumavam ser exóticos por natureza e não foi a primeira vez que eu passei pela situação. 

No entanto, este em específico apresentou agravantes: o Kim não tocar guitarra em um show d'Os Kurandeiros e eu naquele estado de convalescença, isto é, realmente foi tudo muito atípico. Contudo, teve o lado bom, pois alheios às nossas dificuldades, boa parte dos estudantes apreciou o show. 

Foi assim então, no dia 25 de maio de 2015, a tocar na quadra de esportes da faculdade ESPM, na Vila Mariana, zona sul de São Paulo.

"Maria Maluca", na Faculdade ESPM, de São Paulo, em 25 de maio de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Ep8u4C4Pqhk 

Foi o meu primeiro show depois da internação e apesar do incômodo que ainda sentia e dos problemas que tivemos ali, com a guitarra do Kim a se quebrar por acidente, eu estava feliz por estar a retomar as minhas atividades musicais. Em poucos dias, ainda debilitado mas com uma vontade imensa para normalizar a vida, eu estaria com a Magnólia Blues Band e Os Kurandeiros, novamente em ação.

Voltei a tocar com Os Kurandeiros, e estava feliz por estar a retomar a vida normal, por se considerar a doença que tive e suas consequências que quase me levaram ao óbito. 

Após o show de choque na Faculdade ESPM, tivemos um compromisso em uma casa noturna localizada no bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo, em um estabelecimento chamado: "Viking Bar".

Kim Kehl & Os Kurandeiros, no Viking Bar do bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo, em 2015. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
Casa pequena, mas bem montada e com ambientação Rocker na decoração, assim que eu a adentrei, tive a certeza de que prometera ser uma noitada boa. 

Eu conhecia o entorno daquele quadrante do bairro, pois morei ali por um curto período de minha vida em 1971, e apesar de ser uma remota memória de algo ocorrido há quarenta e cinco anos atrás (1971-2016), o traçado das ruas permanecera o mesmo e salvo algumas poucas modificações mais radicais nas edificações, estava quase tudo igual ao período em que ali vivi, e época em que gostava de escutar o som dos Mutantes, Toni Tornado e também a assistir o programa: "Som Livre Exportação" na TV, além de sonhar em comprar o LP triplo, do George Harrison ("All Things Must Pass"), então recém-lançado e cuja capa exposta na vitrine de uma loja ali próxima, indicava a "exorbitante" quantia de trinta e três cruzeiros, para a sua aquisição, portanto, algo inatingível para um iniciante Rocker com onze anos de idade, apenas.

Bem recebidos pelos simpáticos proprietários e pelos funcionários da casa, na hora eu já percebi que a gentileza seria uma marca registrada ali, ao me provocar lembrar do "Melts", uma casa que eu já citei várias vezes anteriormente.

         Cartaz promocional d'Os Kurandeiros, lançado em 2015

Foi uma apresentação bem tranquila, apesar de haver sido realizado sob um palco pequeno e infelizmente não haver um bom público presente. Aconteceu na noite de 6 de junho de 2015, e tirante uma quarta-feira anterior quando eu fui tocar com a Magnólia Blues Band, foi a primeira vez que fiz um show com Os Kurandeiros, a me locomover ao local da apresentação, a dirigir o meu carro. 

Ainda me sentia fraco, portanto, fui ajudado a carregar os meus pertences do carro para o estabelecimento, naturalmente, mas ao contrário do show de choque na Faculdade ESPM, desta feita não foi uma apresentação sob tais características, e assim, tive que me apresentar a tocar em pé, o tempo todo e senti o incômodo natural.

"Going Down" no Viking Bar em 6 de junho de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=3Ml5jTVJiy0   

"Dead Flowers" no Viking Bar em 6 de junho de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=QMbUgxl4Frs

Suportei realizar a apresentação, mas fiquei bastante cansado, devo confessar, e naquela altura, eu estava ainda bem longe de me sentir apto a voltar a ter uma vida normal. 

Após duas anestesias gerais em três dias de diferença, apenas, eu houvera produzido um estrago no meu sistema nervoso, fora outras questões análogas, como a perda de massa muscular e peso, respiração ofegante, um pouco de taquicardia etc. 

Pelo menos, eu estava com minha cor de pele restabelecida e a grosso modo, ao se analisar apenas pela minha aparência, ninguém que não soubesse do que me ocorrera, poderia suspeitar sobre a agrura que enfrentei. Os donos do estabelecimento gostaram tanto que nos convidaram a tocar na semana seguinte e assim se procedeu.

Voltamos ao Viking bar em 12 de junho de 2015 e nessa noite houve uma promoção da casa para o dia dos namorados, a oferecer drinks grátis para casais etc. Apesar da extrema simpatia dos proprietários e funcionários, a casa não atraiu um bom público também na segunda vez em que ali nos apresentamos e a desculpa foi o feriado prolongado de Corpus Christi a atrapalhar tal movimentação. 
"Cocaine" no Vikink Bar, em 12 de junho de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=KaQMnvvTq70  
"Superstar" no Viking Bar em 12 de junho de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=bV0vzQa8ga4

Bem, foi muito bom tocar duas vezes no Viking Bar, e mesmo que o resultado prático não tenha sido dos melhores, apreciamos os shows e a hospitalidade, nas duas ocasiões. 

"The Long and Winding Road" no Viking Bar em 12 de junho de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=1LPD492wJ6w  
"Bell Bottom Blues" no Viking bar em 12 de junho de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=anLtx-22URI

E aquele quarteirão do bairro da Mooca, entrou para o rol dos lugares em que eu já havia frequentado na infância e adolescência, aonde muitos anos depois, por coincidência, eu fora tocar em alguma casa noturna ou teatro (já havia tocado no Sesc Belenzinho, também, ali bem perto), em uma espécie de junção lúdica entre o passado e o então presente. Noite de 12 de junho de 2015, no Viking Bar, na Mooca, na zona leste de São Paulo.
Voltamos à Casa Amarela de Osasco-SP, em 11 de julho de 2015.
Eu estive contente por voltar ali em outra situação de saúde, visto que a minha última lembrança viera do mês de janeiro do mesmo ano e ainda que nem suspeitasse que estava seriamente doente, porém já estava a me sentir nada bem naquela ocasião.

Kim Kehl & Os Kurandeiros na Casa Amarela de Osasco-SP em 11 de julho de 2015. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Desta feita, eu estava bem melhor e mais forte nos momentos do pós-operatório, e a um passo da alta definitiva, que só ocorreria ao final de julho, na última consulta ambulatorial. Foi uma apresentação animada, com bastante energia e com a minha participação quase a voltar ao normal.

O apresentador Jesse Navarro em seu programa "Estúdio Blen Blen Entrevista". Fonte: Internet

Ainda em julho, recebemos o convite para participarmos de um programa de Internet, a ser filmado em um estúdio de gravação e ensaio localizado no bairro do Jaguaré, na divisa de São Paulo com Osasco. Chamava-se: "Estúdio Blen Blen Entrevista". 

Fomos filmá-lo na manhã de um sábado chuvoso e sob frio e ainda bem que os seus produtores foram simpáticos e solícitos (Gabriel Totti, na engenharia de som, e Jesse Navarro, na apresentação), por que estar às 9:30 horas da manhã no bairro do Jaguaré, me obrigou a virar a noite acordado e portanto, devo ter chegado ao estúdio em questão, com o aspecto de um zumbi e tanto.

Still do vídeo da nossa entrevista para o programa "Estúdio Blen Blen Entrevista", em 2015

Tocamos e respondemos perguntas sob um esquema de programa pré-montado, a evitar muitos cortes e praticamente a inibir a complicação de uma edição. 

Nesse vídeo abaixo, eis a apresentação na íntegra, com a banda a tocar: "Pro Raul", "Sou Duro", "A Galera Quer Rock" e "Os Brutos Também Amam", além da entrevista, com foco mais no Kim Kehl, naturalmente.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no programa, Estúdio Blen Blen, que foi ao ar no final de julho de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=UdraKIojJK4

Ainda em julho, a produtora musical, Christine Funke, nos agendou uma data para uma casa onde jamais havíamos nos apresentado anteriormente. Tratou-se do: "Pimenta Verde", uma casa ampla, que na verdade funcionava como um restaurante no período diurno, mas cuja cúpula desejava, pelo que entendemos, assumir uma dupla identidade, para vir a se tornar uma casa de shows, no período noturno. 

Localizada na Vila Olímpia, bairro da zona sul de São Paulo, curiosamente outro bairro em que eu vivi ao final dos anos sessenta e pelo qual eu mantinha bastante identidade, visto ter estudado no colégio estadual desse bairro, desde 1968.

Kim Kehl & Os Kurandeiros, na casa "Pimenta Verde", localizada na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, em julho de 2015. Acervo e cortesia: Click: Lara Pap

A casa em questão era ampla e bem aprumada, mas não ostentava uma organização mínima para abrigar shows musicais, portanto, apesar de que o espaço destinado para servir como palco fosse até razoavelmente confortável (se tratara de um canto  do salão, ornamentado como uma mini biblioteca, a conter um piano de parede ali colocado e devia ser um espécie de "lounge" para os seus clientes aguardarem uma mesa vaga, na hora do almoço), não havia nenhuma estrutura disponível. 

Portanto, o Kim teve que providenciar o seu PA e pensar em estabilizador de voltagem e extensões para prover as parcas opções de energia disponíveis etc.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no "Pimenta Verde" do bairro da Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo-SP. 18 de julho de 2015. Click, acervo e cortesia: Walter Possibom

Ainda assim, o show foi bom, pois mesmo sendo semi acústico, com o Kim a tocar apenas violão, eis que atraiu um público muito além do que os proprietários esperavam. 

No calor da euforia pelo bom resultado obtido, com mesas cheias e principalmente pelo fato das pessoas estarem a consumir bastante no seu estabelecimento, os seus dirigentes nos disseram que contratar-nos-iam para sermos atração fixa da casa às sextas, mas diante da oferta financeira mencionada e da canseira que seria levar absolutamente tudo, pois a casa não detinha infraestrutura alguma para abrigar shows musicais, desistimos e ficou só por essa apresentação, mesmo.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no "Pimenta Verde" do bairro da Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo-SP. 18 de julho de 2015. Click, acervo e cortesia: Vanessa Anchieta

No dia seguinte, foi a data natalícia do Kim Kehl e por conta disso, tratamos o show também com esse mote e daí, após o espetáculo, houve a presença de um bolo para coroar tal confraternização. Noite de 18 de julho de 2015, no Pimenta Verde, em plena Rua Alvorada, na Vila Olímpia, zona sul, outro bairro de São Paulo aonde eu mantinha raízes pessoais.

Para fechar o mês de julho, fizemos mais uma apresentação na Casa Amarela de Osasco-SP, desta feita a contar com o tecladista, Nelson Ferraresso, como reforço e a novidade foi que nessa apresentação, o repertório que tocamos privilegiou o Soft-Rock em essência. 

Por se tratar de um domingo, em um horário mais ameno do que o habitual ali praticado, é possível afirmar que se tratou de uma matinê. Dia 26 de julho de 2015, com uma apresentação tranquila, com a banda a flutuar no palco e assim entreter o público osasquense.

Em agosto, voltamos ao Bierboxx da Vila Madalena. Havíamos tocado ali ao final de junho, contudo, fora com a nossa "terceira identidade", como o "Nudes", de Ciro Pessoa, em um evento sob cunho fortemente político e articulado pelo próprio Ciro, que estava muito empenhado pela militância, nessa época (narro essa passagem com detalhes, no capítulo "Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada).

Entretanto nesse novo momento, de novo com Os Kurandeiros, e finalmente a se revelar como uma solução para que o gerente da casa não se preocupasse pela nossa volúpia sonora, eis que nós fizemos uma apresentação amena, na base acústica e com o Kim Kehl a atuar apenas ao violão.

Os irmãos Nardo, sentados no chão, nessa foto do encarte do LP "Fruto Proibido", do Tutti-Frutti, em 1975

Uma surpresa muito agradável se deu quando o vocalista, Rubens Nardo, apareceu e claro que o convidamos para uma participação. Para a nova geração não muita atenta na história, Rubens Nardo e seu irmão gêmeo, Beto Nardo, foram backin' vocalistas fixos, membros do Tutti Frutti, nos anos de ouro da carreira dessa banda, com Rita Lee na formação. Eles fizeram parte das gravações dos álbuns seminais: "Fruto Proibido" e "Entradas e Bandeiras". 

Portanto, foi uma honra ter a presença de alguém que ajudou a construir a história do Rock brasileiro e muito agradável constatar que ele era (é), extremamente gentil e humilde. Isso por sinal eu já sabia desde antes dessa participação dele conosco, por que o Carlinhos Machado o conhecia de longa data, e já havia me contado sobre tal detalhe. 

Noite de 8 de agosto de 2015, com empolgação do público e com o gerente tranquilizado em relação ao volume ameno que ali praticamos!

Em setembro, nós fomos novamente ao reduto hippie da zona norte de São Paulo, o Santa Sede Rock Bar. Teríamos um convidado de honra nesse dia, o excepcional guitarrista, Milton Medusa, um artista sensacional e que considero mais que um amigo, mas um dos maiores incentivadores da iniciativa que eu tive de finalmente ter começado a escrever a minha autobiografia, em 2011.
 
Kim Kehl & Os Kurandeiros a receber Milton Medusa no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 4 de setembro de 2015. Primeira foto Acervo e cortesia: Kim Kel. Click: Lara Pap. Última foto, do acervo de Tarcísio Edson César
"Scuttlebuttin" com Os Kurandeiros + Milton Medusa, no Santa Sede Rock Bar em 4 de setembro de 2015. Filmagem de Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=7kGkdbbgYrg

Guitarrista da linha do virtuosismo (professor de uma das escolas mais prestigiadas de São Paulo e com um longo currículo montado principalmente no universo da música instrumental/virtuose, na pedagogia, via escola "IG&T", onde lecionava e nas suas atuações em revistas especializadas sobre guitarras & guitarristas), Medusa era (é) antes de tudo um sujeito dos mais humildes, pessoa gentil e solidária.
 
Com o grande Milton Medusa a nos acompanhar, no Santa Sede. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 4 de setembro de 2015. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
"Crossroads" com Os Kurandeiros + Milton Medusa no Santa Sede Rock Bar, em 4 de setembro de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=RfgMJ4Eg1ts

Milton Medusa foi um dos primeiros a saber do meu real estado de saúde em 2015, e muito preocupado, me procurou várias vezes no "inbox" da Rede Social Facebook, para saber de notícias, além dos muitos telefonemas efetuados e uma visita em minha residência.

Os Kurandeiros + Milton Medusa a tocarem juntos e em foto de confraternização pós-show. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 4 de setembro de 2015. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Tocamos na noite de 4 de setembro de 2015 e foi muito boa essa apresentação. Quando o Milton Medusa foi chamado para fazer a sua participação, o público estava aquecido, portanto, a euforia foi total e isso nos alegrou a todos. 

No mesmo mês de setembro, nós fomos convidados a participar de mais um programa ao estilo Talk-Show, de Internet. Em uma noite de terça-feira, fomos ao estúdio da Flix TV para nos apresentarmos no programa: "Comunidade em Ação", do comunicador, Guto Senatore.

                            O comunicador, Guto Senatore

Figura conhecida entre os comunicadores de internet, Guto já era um veterano nessa área, visto ter sido um dos primeiros a explorar tal filão, ainda nos anos 1990, quando a internet começava a se popularizar no Brasil.

Guto Senatore com a cenário do seu programa, "Comunidade em Ação"

O programa foi curto, mediante uma entrevista básica e uma singela apresentação na base do sistema semi-acústico e com o Carlinhos Machado a executar uma percussão bem simples e assim a dispensar o uso da bateria.

Kim Kehl & Os Kurandeiros a se confraternizarem com Guto Senatore e a sua produtora, após a gravação do programa: "Comunidade em Ação", da Flix TV. Setembro de 2015. Acervo e cortesia: Guto Senatore. Click: rapaz da produção

Simpático conosco, Guto já havia entrevistado o Kim Kehl várias vezes anteriormente. Eu o conhecia pela internet apenas, era seu amigo virtual desde o tempo da extinta Rede Social Orkut, mas foi nessa ocasião, enfim, que o conheci pessoalmente. 

De fato, eu nunca houvera visitado o seu programa com outras bandas pelas quais eu atuara antes. Tocamos nessa noite: "Anjo" e "Banda do Clube dos Canalhas".

Programa "Comunidade em Ação", com o comunicador, Guto Senatore na Flix TV, e que foi ao ar em setembro de 2015

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=2ZgPYEfDjDU
Ainda em setembro, tocamos em uma casa da Rua Augusta, naquela verdadeira ebulição "zumbi", digna de filme de Cesar Romero...
Kim Kehl & Os Kurandeiros no Spades Café de São Paulo, em meio ao seu palco que parecia um container de navio... 18 de setembro de 2018. Click, acervo e cortesia: Jani Santana Morales

A casa em questão foi o Spades Café e a sua ambientação era toda baseada na estética dos anos cinquenta, com as atendentes caracterizadas como "pin ups dos anos cinquenta", e o palco era um retângulo exótico, a parecer-se com um fundo infinito, de estúdio fotográfico.
Dimas Zanelli e Paula Mota, ambos ex-componentes do Made in Brazil e que fizeram participação especial nessa noite no Spades Café. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Spades Café de São Paulo. 18 de setembro de 2018. Click, acervo e cortesia: Jani Santana Morales 
Agradecemos a participação da cantora, Paula Mota, ao final. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Spades Café de São Paulo. 18 de setembro de 2018. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Não resistimos a oportunidade e assim aproveitar a presença de uma geladeira dos anos cinquenta como decoração daquele estabelecimento, para a usarmos como cenário para uma foto... Kim Kehl & Os Kurandeiros no Spades Café de São Paulo. 18 de setembro de 2018. Click, acervo e cortesia: Jani Santana Morales

Fizemos uma apresentação sob muita energia ali, e foi uma pena que o público na casa foi pequeno, com pouco mais de vinte pessoas presentes, embora o "filme de zumbis" estivesse a pleno vapor na Rua Augusta, como de costume em uma madrugada de sexta para sábado... aconteceu na noite de 18 de setembro de 2015.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Spades Café de São Paulo. 18 de setembro de 2018. Click, acervo e cortesia: Jani Santana Morales                          

Kim Kehl e Nelson Ferraresso a tocarem. Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

No mês de outubro, Os Kurandeiros se ocuparam de suas "outras identidades" e nos capítulos sobre os trabalhos com Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada e Magnólia Blues Band, eu relato tudo. Mas também tivemos um compromisso midiático nesse mês.

Sala de estar externa do Rocks Studio, no bairro da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, a aguardar o início da gravação do programa: "Live on the Rocks" da webradio Stay Rock Brazil. Da esquerda para a direita: Luiz Domingues, Carlinhos Machado, Nelson Ferraresso e Kim Kehl. Outubro de 2015. Foto: Lara Pap

Na verdade, foi um compromisso que estava marcado para maio, mas quando os dirigentes da emissora souberam que eu ficara doente, e não reunia condições para estar junto com a banda, ele fora adiado.

Nelson Ferraresso na primeira foto e eu, Luiz Domingues, na segunda. Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Agora, estávamos convocados novamente e com muito prazer participamos do programa: "Live on The Rocks", da emissora Stay Rock Brazil, uma das maiores webradios do país.

Kim Kehl na primeira foto e Carlinhos Machado, na segunda. Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Tal programa era normalmente gravado em um estúdio localizada na Vila Mariana, zona sul de São Paulo, o meu bairro, portanto, perto de minha residência.

 

Kim Kehl e Carlinhos Machado no momento da entrevista. Na segunda foto, eu, Luiz Domingues em ação. Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O estúdio se chamava: Rocks Studio e pertencia ao guitarrista, Fabio Hoffmann, famoso no meio do Rock pesado paulistano, principalmente pela sua ex-banda, o "Pompeia 1853" que construiu uma história na cena entre os anos 1990 e 2000.

"Maria Maluca" no programa radiofônico: "Live on the Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil - Rocks Studio - Outubro 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=540gp0bWB3E  
"Má Noite" no Live on the Rocks da Stay Rock Brazil - Rocks Studio - Outubro 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=BrHX8FcYXT8 
"Pro Raul" no Live on the Rocks da Stay Rock Brazil - Rocks Studio - Outubro 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=naGrYjXiqvw 
"Eu Vi um Anjo" no Live on the Rocks da Stay Rock Brazil - Rocks Studio - Outubro 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=uGE2CX428lk

Programa conduzido pelos amigos: Renato Menez, Rogério Utrila e Adilson Oliveira, a conversa foi super descontraída, como exatamente esperávamos, por se tratarem os nossos interlocutores de amigos e pessoas bem articuladas e especialistas no assunto.

Carlinhos Machado em destaque! Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

A ideia ali foi gravar a performance musical da banda, antes, e os blocos com conversa, foram gravados posteriormente. Acho que o Fabio Hoffmann nos auxiliou bastante e a sua produção na gravação e mixagem desse material ao vivo foi muito boa, com um áudio bem interessante como resultado final.

Nelson Ferraresso em ação! Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Além da conversa a girar em torno da carreira d'Os Kurandeiros e um pouco de espaço para todos falarmos sobre bandas anteriores em que cada um de nós atuara no passado, também pediram-nos para que elaborássemos um mini playlist com músicas nacionais e internacionais de outros artistas e eu lembro-me que escolhi "Axis Bold as Love", do Jimi Hendrix; e "Desanuviar" dos Mutantes.

Da esquerda para a direita: Adilson Oliveira e Renato Menez, os nossos gentis entrevistadoes. Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 
Da esquerda para a direita: Rogério Utrila e Adilson Oliveira, nossos interlocutores simpáticos. Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

E ainda eu cometi um ato falho, pois me pediram para anunciar a atração nacional escolhida pelo Kim, pois ele não estava a enxergar a anotação que fizera, mas eu também estava sem óculos e aí... falei sobre o "T.Rex", com a música: "Get it On" e não fora isso o que ele escolhera. Com todos os presentes a me repreenderem com bom humor, naturalmente...

Kim Kehl e Nelson Ferraresso em ação. Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

Enfim, foi bem prazeroso participar do programa, todos adoramos a conversa e o resultado do áudio que o Fabio Hoffmann nos proporcionou, com a sua operação sob bom nível.

Confraternização final após o término da gravação do programa. Da esquerda para a direita: Fabio Hoffmann, Nelson Ferraresso, Carlinhos Machado, Kim Kehl, Renato Menez, eu (Luiz Domingues) e Adilson Oliveira. Na frente dos demais: Rogério Utrila. Gravação do programa "Live on The Rocks" da Webradio Stay Rock Brazil, diretamente do Rocks Studio de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
No mês de novembro, nos apresentamos novamente no Santa Sede Rock Bar, desta feita com a presença do tecladista superb, Nelson Ferraresso a atuar conosco. 

Kim Kehl na primeira foto e Carlinhos Machado, na segunda. Kim Kehl & Os Kurandeiros, no Santa Sede Rock Bar, em 13 de novembro de 2015. Cliks, acervo e cortesia: Bolívia & Cátia

Um ótimo público compareceu nessa casa da zona norte de São Paulo e tivemos momentos de muita euforia pela onda certeira que imprimimos no repertório escolhido e nesse caso, o mérito foi todo do Kim, o responsável pelas escolhas na base do improviso total. 

Quando eu entrei para a formação d'Os Kurandeiros em 2011, achei que dificilmente acostumar-me-ia a tocar em uma banda que nunca ensaiava ou formulava um set list prévio. A vida toda eu subira ao palco a saber o que iria tocar, nota por nota, ainda que sempre me desse ao luxo de manter uma margem para improvisação, é claro.

Nelson Ferraresso em destaque na primeira foto e Nelson e Kim Kehl na segunda. Kim Kehl & Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar. 13 de novembro de 2015. Clicks, acervo e cortesia: Bolívia & Cátia

Mais que isso, eu considerava inconcebível não ter disponível no palco, uma cópia do set list, perto de cada membro da banda e assim, me acostumei a olhar na lista, para saber sobre qual seria a próxima música a ser tocada, mesmo ainda a tocar a anterior. 

Contudo, eis que eu me habituei com tal dinâmica e nesse dia no Santa Sede Rock Bar, não deu tempo para respirar, tamanha a sequência feliz que o Kurandeiro-Mor fez ali na base do improviso, como de costume.

Eu, Luiz Domingues em destaque. Kim Kehl & Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar. 13 de novembro de 2015. Click, acervo e cortesia: Bolívia & Cátia            

Foi um show bastante animado, e me recordo que toquei a usar a camiseta a ostentar o logotipo da Stay Rock Brasil como estampa, pois sabia que muitas pessoas ligadas à equipe dessa emissora, apareceriam e eu (e os demais, também, é claro), estava contente com o programa, "Live on the Rocks" que recentemente havia ido ao ar a nos enfocar, com sucesso e sendo assim, eu quis lhes retribuir a gentileza.
Uma panorâmica da banda. Kim Kehl & Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar. 13 de novembro de 2015. Click, acervo e cortesia: Rogério Utrila            

Exótico, na medida em que raramente, para não dizer nunca, uso camiseta, foi, portanto, digno de nota.
Com o amigo, João Pirovic, músico e radialista na Webradio Rock Nation. Kim Kehl & Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar. 13 de novembro de 2015. Click, acervo e cortesia: Bolívia & Cátia

Pessoas ligadas à cúpula de uma emissora webradio rival, a "Rock Nation" também compareceram, mas sem nenhuma chance de se gerar um mal-estar, e até tirei foto com amigos a usarem camisetas das duas webradios e diferentemente da política e do futebol, ali não existiam conflitos, muito pelo contrário, a amizade e a paixão pelo Rock, moviam todos na mesma direção.
Kim Kehl em destaque! Kim Kehl & Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar. 13 de novembro de 2015. Click, acervo e cortesia: Regininha Oliver

Noite de 13 de novembro de 2015, bem animada para Os Kurandeiros de Kim Kehl. No dia seguinte, o clima foi tão bom quanto, porém bem mais ameno, pelo menos no início da noite. 
Apresentamo-nos em uma casa mais fechada ao universo do Blues, chamada: "The Boss", na Vila Madalena, bairro super boêmio da zona oeste de São Paulo. Mais uma vez acompanhados por Nelson Ferraresso, fizemos um milagre acrobático para acomodarmos a banda em formato de quarteto naquele minúsculo palco.
"Hootchie Cootchie Man" em versão cortada, no The Boss, em 14 de novembro de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=4CdF6i461WY

Casa com bom público e completamente diferente da noite anterior, desta vez, formado por gente mais velha e muito discreta, nos obrigou a tocarmos Blues tradicionais até o término da segunda entrada. Entretanto, já passava da meia noite quando a casa renovou completamente a sua audiência. 

"A Galera quer Rock" no The Boss, no dia 14 de novembro de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=vCI7HwvyUsc 

Com muito mais jovens no recinto, arriscamos soltar a volúpia, ao executamos um repertório mais Rocker e apesar do avançar da madrugada, o gerente do estabelecimento se animou com tal ímpeto e se pôs a nos pedir para que tocássemos mais e mais...

"Sou Duro" no The Boss, no dia 14 de novembro de 2015. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=lgzTY7s4Ib0

Bem, não vou negar que gostamos, mas foi extenuante, por que já estávamos na quarta entrada quando por volta das duas horas da manhã encerramos, enfim. Estávamos a tocar desde as 21:30 horas, aproximadamente e os intervalos não passavam de quinze minutos em média. Dia 14 de novembro de 2015, uma noite em que se não fôssemos todos músicos experientes, teríamos adquirido muitos calos nas mãos!

Eu, Luiz Domingues e Edgard Puccinelli Filho, a aguardarmos o soundcheck de um show d'A Chave do Sol, na cidade de Aguaí-SP, em 19 de dezembro de 1985. Click: Rodolpho Tedeschi

Por volta dessa mesma época, eu recebi um recado "inbox" na Rede Social Facebook, de um velho personagem que pertencia aos bastidores de uma banda na qual eu atuara no decorrer dos anos oitenta: A Chave do Sol. 

Fora da parte de Edgard Puccinelli Filho, o popular "Pulgão", mas que também era conhecido nos shows d'A Chave do Sol, como: "Edgard, o ET que viera da Planeta Glapaux"...

Não o via ou falava com ele há anos e agora a se inserir pelo mundo virtual, ele estava a procurar as amizades do passado. Contudo, não fora apenas para promover reencontros nostálgicos, com amigos do passado que ele estava a procurar por todos os componentes d'A Chave do Sol, mas na verdade, teve em mente um projeto.   

Fachada da casa de espetáculos "Madame Satã em foto dos anos 2000. Fonte: Internet

Por trabalhar na casa noturna, Madame Satã, ele me convidou a aparecer por lá, para que eu fizesse uma avaliação, a visar marcar algum apontamento para as bandas em que eu tocava naquela atualidade. 

Mais que isso, ele me falou que a casa não era mais o reduto Punk e Pós-Punk que o fora fortemente nos anos oitenta e que desejava se revitalizar com novos shows etc. Além disso, Edgard me disse que havia uma outra casa, ali no bairro do Bexiga, mesmo, chamada: Templo Club, que pertencia ao mesmo dono do Madame Satã, então atual, e que havia o plano de revitalizá-la também, talvez a voltar a promover shows de Rock, de uma forma regular. 

Bem, diante disso, aceitei conversar a respeito e marcamos uma reunião, e para tal, eu chamei o Kim Kehl e a Lara Pap para participarem dessa conversa e a realizarmos uma inspeção nas duas casas. 

Pois então, foi em um dia ao final de novembro, que nos encontramos na porta do Madame Satã e conversamos com Edgard, e o seu sócio que eu não reconheci na hora, mas se tratava de um empreendedor a atuar em casas noturnas e que eu conhecera vagamente nos anos noventa, chamado: Johnny Dalai e que havia de fato, promovido um show do Pitbulls on Crack, em um estabelecimento em 1992, chamado: "Cadeira Elétrica". 

Enfim, visitamos o interior do Madame Satã e a casa demonstrara estar com a estrutura intacta, igual a que detinha nos anos oitenta. A se parecer com um verdadeiro calabouço de castelo medieval, era (é) um ambiente e tanto para servir como set de filmagem para filmes de terror, mas também a agradar em cheio ao público gay, com aquele ar de sadomasoquismo e luxúria, impregnado no ar. 

De fato, Edgard e Johnny nos disseram que diferentemente dos anos oitenta, não havia mais punkers e post-punkers como habitues a circular ali, mas a casa se tornara um reduto gay na cidade. Nada contra tocar ali nessas circunstâncias, mas podemos ir ver o Templo Club, por favor? Hilário!

    Detalhe do caminho interno para se adentrar o Templo Club 

Fomos a pé para o Templo Club que ficava situado a poucos quarteirões dali, na Rua Treze de maio, em frente à Praça Dom Orione. Tratava-se de um ex-igreja, que já havia sido teatro (nos anos setenta fora o "Templo do Rock" e muitas bandas ali se apresentaram), boite, clube, voltou a ser igreja, boite de novo e nos últimos tempos, estava apenas a ser alugada para festas particulares. 

Johnny e Edgard estavam a insistir com o dono do Madame Satã, para o Templo Club realizar um projeto de shows de Rock, com periodicidade dominical. 

A casa estava suja, carcomida pelo tempo, mas apresentava ótima estrutura arquitetônica para o público, um PA potente e se funcionasse a contento, seria ótimo para um show de Rock.

O palco era enorme, quase no padrão de um teatro e havia iluminação disponível, ainda que fosse um equipamento pensado para servir uma boite e não para iluminar espetáculos. 

Sob uma conversa franca e muito simples, praticamente acertamos ali uma parceria para fazermos um experimento a partir do início de 2016: nos moldes parecidos com o qual, a nossa outra identidade realizou no ano de 2014, no Magnólia Villa Bar, onde identificados como "Magnólia Blues Band" nos apresentamos toda quarta-feira a trazer um convidado especial a cada semana. 

A ideia seria agora que Os Kurandeiros tocassem todo domingo no Templo Club, e anunciar um convidado especial a cada semana. Bem, tudo muito teórico ainda, isso só começou a ser concretizado mesmo a partir de 2016, mas foi ali no final de 2015, que a conversa inicial foi realizada.

No dia 4 de dezembro de 2015, voltamos ao Melts, a simpática lanchonete do bairro da Liberdade, perto do centro da cidade de São Paulo. Fazia tempo que não tocávamos ali. Tanto que a última vez houvera sido em março, poucos dias antes de eu ser internado e meu estado pessoal foi lastimável nessa apresentação, aliás e para ir além, hoje até me arrependo por ter ido naquela ocasião, pois corri sério risco de vida, e não deveria ter me arriscado. 

É bem verdade que Os Kurandeiros tocaram em maio, sem a minha presença, com o baixista, Sergio Luongo, a me substituir. Mas nessa ocasião em que eu ali retornei, foi em tese muito marcante, por ter sido a minha grande volta, após uma estada pregressa ali, não muito boa para me recordar. 

Desta feita, após muitos meses, percebemos que o quadro de funcionários havia mudado radicalmente. Haviam apenas dois ou três que conhecíamos e aquela ultra simpatia generalizada que tanto nos cativara, anteriormente, simplesmente já não se mostrou a mesma. 

Todavia, longe de ser ruim, a nova turma nos tratou bem, mesmo que mais discretamente. Desta vez, foi uma apresentação bem mais feliz, no meu caso, mesmo que nesse dia, não tenha havido interação com a plateia, como era costumeiro ali. 

Haviam muitas mesas longas, com turmas de estudantes das faculdades do entorno e também grupos formados por funcionários de empresas a realizar festa de confraternização de final de ano, ainda que fosse o início de dezembro apenas e isso seja tradicionalmente um tipo de celebração mais comum na segunda quinzena desse mês. 

O barulho que tais turmas ali produziram foi enorme em sua algazarra, motivada pela mútua troca de presentes e chegou a nos atrapalhar, por incrível que pareça. E tal predisposição foi uma experiência bizarra, para dizer a verdade. 

Bem, missão cumprida ali no Melts, ainda teríamos dois compromissos em 2015.

Ainda em dezembro de 2015, voltamos ao Santa Sede Rock Bar para dois shows sob características atípicas para os padrões Rockers do estabelecimento, mas que não foi uma novidade para nós.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, de São Paulo, em 6 de dezembro de 2015. Click, acervo e cortesia: Rogério Utrila
 

Fizemos dois shows sob o formato acústico, mesmo que tal conceito fosse meramente vago, pois na prática, só o Kim deixava a sua guitarra em casa e fazia uso de um violão. Tratou-se de uma experiência que a casa desejou fazer, ao promover shows sob sonoridade mais comedida aos domingos e sob um horário típico de matinê, para visar atrair um público diferente que poderia se divertir, mas sem a consciência pesada de chegar tarde em casa e ter que acordar cedo na segunda-feira. 

E assim ocorreu no dia 6 de dezembro de 2015, com um público razoável e o nosso som bem comedido na base do "acústico", que já havíamos nos habituado a empreender em tantas outras casas, com repertório a transitar entre o Blues ameno e muitas baladas Pop ao sabor 1960 & 1970.

Obtivemos uma receptividade ótima e assim fomos convidados a repetir a dose no domingo posterior, dia 13 de dezembro de 2015, com repertório um pouco mais pesado, apesar do violão e ausência de "drive".

Em 13 de dezembro de 2015, novamente em show com formato acústico, no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. Click, acervo e cortesia: Rogério Utrila

Foram as últimas apresentações de 2015, para Os Kurandeiros, embora ainda tivéssemos compromisso com a Magnólia Blues Band ao usarmos a nossa identidade paralela. 

O ano fora bom para Os Kurandeiros, embora no âmbito do meu caso em particular, não tenha sido fácil. Enfrentei doença; internação e cirurgias, além de uma uma lenta recuperação e ao final de 2015, infelizmente tive a constatação de que um efeito colateral das cirurgias que enfrentara, surgira e segundo o médico que consultei, uma terceira cirurgia, seria inevitável. Mais branda, por tratar-se de uma disfunção muscular, e com recuperação mais rápida, mas teria que passar pela mesa cirúrgica, inevitavelmente, e pela terceira vez.

Eu, Luiz Domingues em destaque em um show d'Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. Click, acervo e cortesia: Leandro Almeida

Enfim, tirante esse aspecto a envolver a minha saúde pessoal, eu não pude me queixar, pois estava vivo e na realidade, correra um risco grande de ter perdido a vida. Dessa forma, eu pude retomar os meus trabalhos musicais, literários e prosseguir a escrever a minha autobiografia, que neste instante de fevereiro de 2016, quando escrevi este trecho, estava na reta final de sua conclusão. 

E acredite, amigo leitor, a perspectiva de deixar este relato inacabado, muito me angustiou nos dias em que flertei com a morte sobre um leito hospitalar, nos primeiros meses de 2015.

Foto promocional d'Os Kurandeiros de fevereiro de 2015. Click: Lara Pap

Portanto, ao estar a escrever este balanço de 2015, só posso agradecer aos Kurandeiros pelo apoio inestimável que os seus componentes me ofertaram, ao entender e cooperar comigo ao máximo, sabedores do meu estado de saúde debilitado nestes tempos e que ainda demoraria um pouco para passar, até que eu pudesse me sentir 100% apto fisicamente, sem receio. 

Quando 2016 chegou, já tínhamos definido que o projeto no Templo Club iniciar-se-ia ao final de janeiro e que este fora batizado como: "Sunday Blues". Eu sugeri que fosse "Sunday Rock & Blues" para conferir uma amplitude maior no mote, mas fui voto vencido e ficou definido pela sugestão inicial.

Antes, porém, de mergulharmos nessa nova perspectiva, ainda fizemos mais um ótimo show no Santa Sede Rock Bar. Tirante já termos iniciado o ano com a nossa identidade paralela, como "Magnólia Blues Band", esse foi em tese, o primeiro show do ano de 2016, para Kim Kehl & Os Kurandeiros.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, em janeiro de 2016. Clicks, acervo e cortesia: Jani Santana Morales

Noite de 15 de janeiro de 2016, com um ótimo público e sob a eletricidade total que me agrada muito mais, tal apresentação causou euforia e foi muito prazerosa para nós.
Com a participação de Ciro Pessoa conosco, a misturar as nossas bandas. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, em janeiro de 2016. Click, acervo e cortesia: Jani Santana Morales

Ciro Pessoa apareceu e deu o seu recado na mesma noite, conosco.
Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, em janeiro de 2016. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Ciro Pessoa apareceu e fez uma participação efusiva, que arrancou muitos aplausos da plateia. Os Kurandeiros usaram a sua terceira identidade por quinze minutos, e ali o "Nudes" atuou com desenvoltura. Mais três shows ocorreriam ainda em janeiro de 2016.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, em janeiro de 2016. Clicks, acervo e cortesia: Jani Santana Morales

Uma incógnita sob o ponto de vista da produção e sobretudo do resultado prático final, fomos fazer o primeiro show do Projeto Sunday Blues, no Templo Club, no dia 24 de janeiro de 2016.

Dia quente de verão escaldante em São Paulo, a primeira constatação que eu fiz ao chegar nas imediações, foi algo absolutamente esperado por eu mesmo e por todos, ou seja, estacionar na porta, até para descarregar o automóvel rapidamente, haveria por ser algo extremamente penoso, pelo fato do estabelecimento ficar situado em plena Rua 13 de maio, e em frente à Praça Dom Orione, onde aos domingos ocorria uma tradicional feira de antiguidades, bugigangas & afins. 

Aspectos da Rua Treze de maio e na segunda foto, a famosa escadaria que dá acesso à Rua dos Ingleses, no bairro do Bexiga, em São Paulo

Contudo, dei sorte no primeiro dia e parei relativamente perto da escadaria que dá acesso à Rua dos Ingleses, aonde ficava o Teatro Ruth Escobar. Em meio a uma infinidade de ambulantes a exporem quinquilharias na calçada, cheguei ao "Templo" e logo avistei a presença de Edgard Puccinelli Filho, que prontamente se dispôs a me ajudar. 

Assim que saímos à rua, vi o Carlinhos Machado a se aproximar e assim, esperamos que ele descarregasse a sua bateria e fomos buscar o meu equipamento que estava ainda guardado no porta-malas do meu carro. Funcionários trabalhavam a todo vapor na limpeza e pareceu que tudo funcionaria a contento.

Os Kurandeiros na porta do "Templo Club", em janeiro de 2016. Click: Lara Pap

O técnico de som, um rapaz chamado, Rizzo, chegou ao local enfim, mas a despeito de nossa parte estar pronta, com o backline da banda e a bateria montados, o processo de cabeamento foi lento e quando começamos a fazer o soundcheck, o público já estava a tomar as dependências da casa.
Com Fulvio Siciliano, o primeiro à direita. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Projeto "Sunday Blues" do Templo Club do bairro do Bexiga em São Paulo. 24 de janeiro de 2016. Click, acervo e cortesia: Roberto Sá

O nosso convidado daquele primeiro domingo, foi Fulvio Siciliano, um grande guitarrista e amigo, portanto, estivemos absolutamente confortáveis com a sua presença, além do fato de estarmos mais do que acostumados a fazermos shows longos, sem set list e baseados no improviso total.

Os Kurandeiros nos preparativos para o souncheck, no Templo Club. Janeiro de 2016. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Projeto "Sunday Blues" do Templo Club do bairro do Bexiga em São Paulo. 24 de janeiro de 2016. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Apesar do equipamento da casa não ser adequado para dar suporte à shows musicais e no caso, estar mais preparado para alimentar o som mecânico de pista, ao estilo boite, houve uma pressão sonora enorme pela quantidade de caixas no PA e suas respectivas potências ali disponíveis, portanto, mesmo com dificuldades na monitoração, o som que chegou ao público foi no padrão de um show de Rock realizado em teatro, pelo volume, mas sob uma mixagem inadequada, visto que os instrumentos não estavam todos mixados no PA e a bateria contava apenas com um microfone no bumbo e um "overall" que mal amplificava a ação dos pratos.

Kim Kehl & Os Kurandeiros, com Fulvio Siciliano como o nosso convidado especial, no primeiro show do projeto: "Sunday Blues", no Templo Club do bairro do Bexiga em São Paulo. 24 de janeiro de 2016. Clicks; acervo e cortesia: Roberto Sá

Sobre a iluminação, esta não se mostrara adequada para espetáculos musicais, apesar de existir na torre central, até duas "movielights", modernas. Alguns efeitos, mais adequados para boites, até que ficaram interessantes ao serem usados, como por exemplo um fecho de luzes a formar uma pirâmide, mas no caso se mostraram como focos minúsculos e apesar do efeito ser bonito, não atendia ao show em si. 

Ciro Pessoa apareceu e fez uma participação especial com a sua loucura cênica habitual e foi bastante aplaudido. 

Edgard Puccinelli Filho a interpretar o seu personagem, "El Diablo", ao lado de Kim Kehl. Kim Kehl & Os Kurandeiros com Fulvio Siciliano como nosso convidado especial, no primeiro show do projeto: "Sunday Blues", no Templo Club do bairro do Bexiga em São Paulo. 24 de janeiro de 2016. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click Lara Pap 

Edgard fez uma performance como "El Diablo", ao usar uma literal fantasia de "Diabo", com a qual estava acostumado a animar as noites no Madame Satã e também em uma outra casa noturna pertencente ao mesmo proprietário dos três estabelecimentos. Foi engraçado, é claro e apesar de não termos nos visto por muitos anos, eu o conhecia e sabia muito bem desse seu lado performático.
Kim Kehl & Os Kurandeiros com Fulvio Siciliano como nosso convidado especial, no primeiro show do projeto: "Sunday Blues", no Templo Club do bairro do Bexiga em São Paulo. 24 de janeiro de 2016. Click, acervo e cortesia: Rose Rodrigues

Um bom público compareceu, ainda que para os padrões da casa, acostumada a realizar festas para setecentas pessoas em média, fosse um quórum ínfimo na sua avaliação. 
Kim Kehl & Os Kurandeiros com Fulvio Siciliano como nosso convidado especial, no primeiro show do projeto: "Sunday Blues", no Templo Club do bairro do Bexiga em São Paulo. 24 de janeiro de 2016. Click, acervo e cortesia: Lara Pap

Mas foi o tal negócio: se tratou do primeiro dia de um projeto novo e para nós e para a dupla Johnny Dalai & Edgard Puccinelli Filho, que estavam a apostar também na atração, ficou a sensação de que a expectativa da estreia fora superada pelo público que conseguimos atrair e pelo som que fizemos. Mas também ficou a certeza de que muitos ajustes teriam que ser feitos para o domingo posterior e os demais.

Resumo da 1ª edição do Projeto Sunday Blues - 24 de janeiro de 2016 - Templo Club. Filmagem: Lara Pap

Os Kurandeiros + Fulvio Siciliano + Ciro Pessoa

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=qCFSKQqE2B0

Foi assim então a estreia do "Projeto Sunday Blues", no Templo Club, em 24 de janeiro de 2016, a apresentar o grande, Fulvio Siciliano, como o nosso convidado especial.
Ainda em janeiro de 2016, voltamos à Casa Amarela, de Osasco-SP. Ali nunca havíamos feito o show alternativo "acústico" e o nosso set mais ameno agradou em cheio a um público menos ruidoso de uma quinta-feira, em essência formado por casais de namorados.
Os Kurandeiros na Casa Amarela de Osasco-SP e na última foto, a nossa banda posar com o estandarte dessa cidade. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Ao fecharmos o mês de janeiro, eis que promovemos a segunda edição do "Sunday Blues" no Tempo Club
Foi em outro domingo, 31 de janeiro de 2016, e desta vez tivemos o guitarrista, Claudio "Moco", como convidado. Já o conhecíamos por vê-lo a tocar com a banda: "Four Ol' Bones", que acompanhou o cantor, Adriano Segal, em uma das inúmeras versões do "Quarta Blues", no Magnólia Villa Bar, e ele fora ao primeiro Sunday Blues, a fim de nos prestigiar e gostou do projeto.

Com Ciro Pessoa junto na performance, Kim e Claudio "Moco", em ação. Kim Kehl & Os Kurandeiros com Claudio "Moco" como nosso convidado especial, no segundo show do projeto: "Sunday Blues", no Templo Club do bairro do Bexiga em São Paulo. 31 de janeiro de 2016. Clicks, acervo e cortesia: Jani Santana Morales 

Claudio "Moco" é um guitarrista sensacional, a carregar consigo um repertório de Blues, Rock'n' Roll e Black Music na ponta da língua e o seu estilo pessoal cheio de balanço, faz dele um guitarrista completo e também um showman, visto que detinha uma mise-èn-scene bastante instigante e também por cantar bem, ainda por cima. 

Foi uma apresentação sensacional, embora tenha sido prejudicada por uma falha lastimável da produção que esqueceu de desligar a máquina de fumaça no palco, a famigerada, "Smoke Mary" e também abusou do uso de luz estroboscópica no palco e tal efeito é para qualquer músico, um verdadeiro pesadelo, pois tende a gerar tontura, ao produzir um mal-estar generalizado. 

Mesmo que algum músico não chegue nesse ponto de passar mal, no mínimo, atrapalha a comunicação visual com os companheiros a atrapalha o senso de equilíbrio de qualquer um, embora eu saiba de casos de alguns artistas que já tiveram convulsões, a passarem muito mal e assim a encerrarem shows.

Edgard "El Diablo" e Rubens Gióia, os anjos rebeldes d'A Chave do Sol, a se reencontrarem tantos anos depois! Kim Kehl & Os Kurandeiros com Claudio "Moco" como nosso convidado especial, no segundo show do projeto: "Sunday Blues", no Templo Club do bairro do Bexiga em São Paulo. 31 de janeiro de 2016. Clicks; acervo e cortesia: Jani Santana Morales 
 
No nosso caso, ninguém passou mal, mas por se tratar de um show baseado no improviso entre nós e sobretudo com o convidado, que fatalmente não conhecia o repertório com fluidez, a falta de comunicação visual entre todos se revelou como um fator extremamente prejudicial ao desenvolvimento do espetáculo.

Resumo da 2ª edição do Projeto Sunday Blues - 31 de janeiro de 2016 - Templo Club. Os Kurandeiros + Claudio "Moco" + Ciro Pessoa. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=aL-C2-yU9ko
 
Portanto, no curto vídeo resumo que foi postado no YouTube, dias depois, dá para ver que a performance musical foi sensacional, mas o visual do show foi totalmente prejudicado. 

Bem, o projeto era bom na teoria, mas precisava de ajustes, muitos por sinal. Aconteceu no dia 31 de janeiro de 2016. 

Tanto foi assim, que a apresentação marcada para o domingo subsequente, foi cancelada, com a alegação da casa vir a se preparar melhor para o projeto. 

Seguiu-se a isso, uma nova apresentação da nossa banda no Santa Sede Rock Bar, em 13 de fevereiro de 2016. Dimas Zanelli, ex-baterista do Made in Brazil, e a cantora Tatiana "Taty" Pacheco, apareceram para uma participação especial. Cerca de quarenta pessoas estiveram presentes naquela noite e foi bem animado. 

"Rock me Baby" com Os Kurandeiros + Edu Dias, no Projeto Sunday Blues. Tempo Club, 14 de fevereiro de 2016 

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=QXFtU8FrCW4 

Voltamos ao Templo Club para dar prosseguimento ao projeto, desta feita ao termos como convidado, o nosso velho conhecido, Edu Dias. 

Pois foi então que ele deu um show de simpatia e interação com o público. Edu se divertiu como sempre, mas sobretudo entreteu o público com o seu bom humor e carisma, inquestionáveis.  

Os Kurandeiros + Edu Dias no Templo Club durante a terceira e derradeira edição do Projeto, "Sunday Blues", em 14 de fevereiro de 2016. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
Apresentação ótima d'Os Kurandeiros com este amigo como convidado especial, mas com os problemas da casa, não solucionados. 

Pelo contrário, foi bastante desanimador verificar que nada havia mudado concretamente e pelo contrário, havia piorado no sentido de que o técnico de som da casa, que montara o equipamento com uma lentidão digna de uma tartaruga sob soníferos poderosos na primeira apresentação, na verdade faltara, ao segundo dia, e neste terceiro, também não aparecera, a caracterizar abandono do emprego. 

Nada a ver conosco, tal situação trabalhista ali delineada, mas o fato é que tal desorganização nos causara um desgaste tremendo e as duas apresentações em que ele não compareceu, a montagem fora feita pelo dono da casa e que o fizera nos estertores da situação partir para o cancelamento, já com público dentro da casa a esperar e sem saber o que ocorria nos bastidores. 

Em suma, se delineou como uma situação insustentável. Portanto, infelizmente ante a má vontade generalizada ali instaurada pela produção da casa, o projeto foi cancelado, uma grande pena. 

A tocar ainda sentado, por sentir incômodo e de fato, daí a doze dias, eu me submeti à terceira cirurgia. Kurandeiros no The Boss, da Vila Madalena, em São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

Voltamos ao The Boss, da Vila Madalena, para mais uma apresentação no início de março de 2016. Desta feita, não houve nenhuma euforia desmesurada como ocorrera na ocasião anterior. Cerca de trinta pessoas nos assistiram e se não houve euforia, ao menos o padrão com muitas entradas aconteceu de novo, mediante uma labuta forte. 

Tenho uma lembrança pueril e que nada teve a ver com a nossa apresentação, e nem mesmo com a casa em si. Por ser uma região sob enorme profusão de bares, restaurantes e casas de shows, a Vila Madalena propiciava cenas assim, como esta que eu vou contar: 

Assim que cheguei ao local, coloquei o meu equipamento dentro da casa e sem nada a fazer a não ser esperar os companheiros, me sentei na porta do estabelecimento, em um estratégico e lúdico banco ao estilo de praça pública que a casa mantinha na sua porta. 

Pus-me a conversar com os funcionários da mesma, notadamente os manobristas. Quase em frente ao The Boss, havia uma outra casa noturna e que abrira bem cedo, a organizar uma festa. Enxergava dali o entra e sai de pessoas e parecia estar a acontecer uma festa particular nesse outro estabelecimento, pois via pessoas a chegarem com pacotes embalados em forma de presente, no lugar e a se dirigirem a uma parte alta, na verdade, uma laje ao ar livre, aonde uma banda tocava. 

A executar Pop-Rock e MPB, e a mesclar com o Reggae, ocasionalmente, tal combo soava bem, a mostrar que era formado por bons músicos. O que me chamou a atenção, não foi exatamente uma surpresa ao constatar que diversas pessoas que eu vira a chegar nessa outra casa, no período da tarde, muitas horas depois, estavam a se mostrarem completamente embriagadas pela calçada, ao se denotar o longo período em que ali ficaram a se embebedarem. 

Sob uma maioria esmagadora de meninas bem novas e bem vestidas, a significar ostentar um nível social mais elevado, o estado delas ao início da madrugada, ficara lastimável e nessa hora, de uma forma muito egoísta, eu sei, pensei no quanto fui poupado de sofrer ao não ter filhos e passar por esse tipo de preocupação na vida, com tal tipo de pensamento a gerar a angústia paternal. 

No dia 17 de março de 2016, eu estive na mesa cirúrgica de um hospital, novamente, mas desta vez, a operação transcorreu de uma forma muito mais tranquila e a recuperação se mostrou infinitamente mais amena. Livre da hérnia gástrica que ganhara como presente após as duas cirurgias de 2015, mas ainda a sentir certos incômodos, infelizmente eu fui avisado pelos médicos a me darem ciência de que seria assim mesmo que funcionaria e o organismo demoraria para fazer tudo voltar ao normal. Corpo humano, é frágil demais, enfim, e a melhor medida é cuidar bem da máquina.

Uma nova intervenção via internet, nos ocorreu, quando fomos convidados a participarmos de uma longa entrevista para um programa de rádio virtual, chamado: "Brazucas do Rock", em 7 de abril de 2016. 

Entrevista ao Programa: "Brazucas do Rock". Os Kurandeiros + Rudi Barbieri (parcialmente fora do quadro, primeiro à esquerda). Abril de 2016. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Quando o Kim me comunicou o endereço onde operava tal estúdio, eu dei risada, pois se tratara de uma distância de menos de cem metros da minha residência e sem haver a mínima necessidade para atravessar a rua, sequer, pois bastava virar para a direita na esquina da padaria e andar minimamente. Bem recebidos pelo comunicador, Rudi Barbieri, a conversa foi bem descontraída, com direito a execução de inúmeras músicas de nossa banda. 

Eis o link para ouvir tal programa:   
https://www.mixcloud.com/rudibarbieri/programa-brazucas-do-rock-227-entrevista-com-kim-kehl-e-os-kurandeiros-07042016/

Ao final do show no Santa Sede Rock Bar, da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues), Carlinhos Machado, um dos proprietários da casa, Cleber Lessa e Kim Kehl. Abril de 2016. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
Uma nova passagem pelo "templo" (aí, sim!), hippie da zona norte, em 9 de abril de 2016, com cinquenta pessoas a nos assistirem no Santa Sede Rock Bar, ocorreu e com a presença de Edu Dias a passar para uma participação rápida e sempre prazerosa para nós. 

E assim se fechou o mês de abril de 2016, para Os Kurandeiros de Kim Kehl!

Kim Kehl & Os Kurandeiros em foto promocional de 2015. Click: Lara Pap

Agora, amigo leitor, eu devo lhe comunicar que este relato se encerra por aqui, momentaneamente. Tudo o que ocorreu com Os Kurandeiros depois de abril de 2016, será devidamente descrito na sua continuidade lógica, mediante atualizações nos meus Blogs 2 e 3, da Internet, e através de um novo livro específico e no tradicional formato impresso, a conter os complementos sobre a minha carreira no momento pós-abril de 2016. Tal livro chamar-se-á: "Mais Rock Depois dos Quarenta"

Aqui, o objetivo foi interromper a narrativa e estabelecer um final parcial, só para demarcar a efeméride da narrativa, a fechar assim esta etapa da minha história, em abril de 2016, exatamente para se completar dessa forma, um ciclo a conter os quarenta anos iniciais da minha trajetória, desde que eu recebi o convite do guitarrista, Osvaldo Vicino, em abril de 1976, para fazer parte de uma banda de Rock. 

Ao falar especificamente sobre Kim Kehl & Os Kurandeiros, diferente das histórias relatadas de outras bandas por onde passei, desta vez me deparo com uma história viva, em plena construção, portanto, dou por encerrado o relato de forma parcial, mas a estabelecer a ressalva de que novos capítulos surgirão em breve através dos veículos já mencionados. 

Para me referir aos complementos pós-2016, não vou escrever com imediatismo, para não perder a visão mais ampla que o distanciamento histórico sempre outorga ao redator de uma biografia, no caso, autobiografia, questão mais delicada ainda. Portanto, esperarei um bom tempo para que os fatos se acumulem e ganhem um outro contorno além do simples relato de um diário e nesse caso, a dar margem para que acontecimentos importantes não sejam percebidos nas entrelinhas e na contramão, fatos mais banais do cotidiano, assumam condição de protagonismo indevido. 

Nesses termos, está encerrado parcialmente o relato sobre minha história com a banda: Kim Kehl & Os Kurandeiros.  

Daqui em diante, amigo leitor, siga a ler os capítulos a conter a minha história com uma banda pela qual eu atuei e cujo início de atividade, se deu logo após eu ter ingressado n'Os Kurandeiros, daí a obedecer a cronologia demarcada pela minha autobiografia. No caso, falo sobre o meu mergulho na psicodelia e surrealismo proposto no trabalho do Ciro Pessoa e sua banda, "Nu Descendo a Escada".

Grato por ler esta história até este ponto e aguarde novos capítulos sobre a minha trajetória com Kim Kehl & Os Kurandeiros. E como bem diz o Kurandeiro-Mor: Seja Feliz!

Eu, Luiz Domingues, em ação com Os Kurandeiros, em 24 de janeiro de 2016. Click, acervo e cortesia: Roberto Sá

Até logo...