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quinta-feira, 16 de abril de 2020

Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 13 - Em Meio aos Festivais e as Multidões - Por Luiz Domingues

Em junho de 2019, voltamos ao Santa Sede Rock Bar e anunciamos mais uma vez um show a conter a presença de convidados especiais. Desta feita, contamos com dois amigos guitarristas, Geraldo "Gegê" Guimarães e Nição Altino. 

Ora, que prazer tocar com ambos, a representar duas gerações distintas. Gegê em nossa faixa etária e Nição, a representar a juventude total e o mais interessante nessa junção, com todos a comungar dos mesmos ideais na música.

Flagrantes da atuação d'Os Kurandeiros como um quarteto, no Santa Sede Rock Bar, de São Paulo, em 20 de junho de 2019. Foto 1: Kim Kehl & Phill Rendeiro na linha de frente, com Carlinhos Machado e eu (Luiz Domingues), na retaguarda. Foto 2: Kim Kehl em destaque. Foto 3: Phill Rendeiro em destaque. Foto 4: eu (Luiz Domingues) em destaque. Foto 5: Carlinhos Machado em destaque. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 20 de junho de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Tili Roxy Andreotti

Além dos convidados, tivemos a presença de Phill Rendeiro a contribuir conosco, e assim a tornar Os Kurandeiros como um quarteto, mais uma vez. 

Dessa forma, tocamos uma entrada completa a mesclar o trabalho autoral da nossa banda com alguns clássicos internacionais do Rock e do Blues. 

E na segunda entrada da noite, tivemos a presença dos nossos convidados especiais. Primeiramente contamos com o amigo, Geraldo "Gegê" Guimarães, que quis tocar conosco um clássico de Rita Lee & Tutti-Frutti: "Corista de Rock". Ele também executou conosco, a nossa canção, "O Filho do Vodu"

Da esquerda para a direita: Geraldo Gegê" Guimarães (a usar camiseta azul e tocar com uma guitarra Fender Stratocaster); Kim Kehl e Phill Rendeiro. Na retaguarda, Carlinhos Machado na bateria e Luiz Domingues. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 20 de junho de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Com uma massa de guitarras, visto que Phill Rendeiro continuar a tocar conosco, foi uma versão animada, e que emendou com o som de Alice Cooper, quando executamos, "School's Out", com bastante vigor. A seguir, foi chamado ao palco, o jovem, Nição Altino.
Na primeira foto, Nição Altino no destaque, com Kim Kehl, atrás e na segunda foto: Kim Kehl, Nição Altino e Phill Rendeiro na linha de frente, com Carlinhos Machado e eu (Luiz Domingues), na retaguarda. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 20 de junho de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Pat Freire 

Com Nição, tocamos uma versão livre para "Red House", do Jimi Hendrix, além de "Minha Vida é o Rock'n' Roll" do Made in Brazil e mais duas canções d'Os Kurandeiros. 

E a presença de tais convidados foi um enorme prazer para nós, a revelar um clima de camaradagem muito grande e que de certa forma fez com que lembrássemos com saudade do tempo em que Os Kurandeiros usaram a vestimenta diferente, como "Magnólia Blues Band" e a cada quarta-feira dos idos de 2014 a 2016, recebíamos um convidado diferente. 

Pois foi parecido desta feita e com a intensidade em tratar-se de dois amigos com os quais tínhamos um convívio fraternal, há tempos.  

"O Filho do Vodu" (Kim Kehl), com Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, no dia 20 de junho de 2019. Convidado especial : Geraldo Gegê Guimarães. Filmagem: Ana Cristina Domingues

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=6Dd3xnKe9ps 
 
"Beber até Cair" (Kim Kehl), com Kim Kehl & Os Kurandeiros, no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 20 de junho de 2019. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=zRlnTEqlqms
"Rabo de Saia" (Kim Kehl) (parte 1), com Kim Kehl & Os Kurandeiros, no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 20 de junho de 2019.  Filmagem: Ana Cristina Domingues

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=CEJif5ngswg

"Rabo de Saia" (Kim Kehl) (parte 2), com Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 20 de junho de 2019. Filmagem: Ana Cristina Domingues

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=v4vPzmeWDWM
Na primeira foto, Kim Kehl & Os Kurandeiros com o convidado especial, Nição Altino e na segunda, a banda com o outro convidado da noite, Geraldo "Gegê" Guimarães. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 20 de junho de 2019. Foto1: acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap. Foto 2: Click, acervo e cortesia: Pat Freire

Bem, foi uma noitada notável pela euforia gerada e pelo prazer que tivemos em receber e tocar juntamente com dois amigos fraternais de longa data.
Confraternização pós-show. Da esquerda para a direita na foto 1: Kim Kehl, Carlinhos Machado, o convidado especial, Nição Altino, eu (Luiz Domingues) e Phill Rendeiro. Na foto 2: na mesma configuração, a não ser pela presença de Tili Roxy Andreotti no lugar de seu namorado, Nição Altino. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 20 de junho de 2019. Acervo e cortesia: Tili Roxy Andreotti. Clicks: Tili Roxy Andreotti (foto 1) e Nição Altino (foto 2)  

Em julho, teríamos mais uma execução radiofônica e dois convites bons para shows a ser cumpridos em agosto e setembro de 2019.

Ao final de julho, nós recebemos a notificação que haveria um show sob grande proporção ao ar livre, a ser realizado na Praça da República, no centro de São Paulo e que Edy Star, o grande astro com o qual realizáramos uma boa turnê, no ano de 2018, solicitara a nossa inclusão para a realização de tal espetáculo. 

Ora, que boa oportunidade para revivermos aquele repertório com o qual lidamos com muito prazer em 2018, e a conter como espinha dorsal, as canções de Raul Seixas, além de algumas outras provenientes dos álbuns do próprio, Edy e certamente, dos Kavernistas, grupo onde Edy foi membro, assim como Raul, igualmente. 

Esse evento foi concebido para fazer parte de uma celebração em torno da memória de Raul Seixas, justamente ao completar-se trinta anos de seu falecimento e nesses termos, vários grupos tocariam canções do Raul e o show teria como encerramento o espetáculo de Edy Star & Os Kurandeiros.

Edy sugeriu que incluíssemos as canções: "A Maçã" e "Ainda Queima uma Esperança", ambas do Raul, para que a nossa convidada especial, a cantora, Renata "Tata" Martinelli, pudesse atuar conosco, ainda que através de duas canções, apenas, visto que ela já havia firmado outro compromisso na mesma data e tornara-se impossível atuar em nosso show durante o tempo inteiro, ou seja, uma grande pena para todos. 

E há por destacar-se que no caso da canção, "Ainda Queima uma Esperança", apesar de ser uma composição do Raul, na verdade esta foi uma peça escrita por ele, sob encomenda para ser usada no disco de uma cantora popular, chamada: Diana, em 1971. Portanto, mesmo com a embalagem popularesca em que tal peça revestiu-se em sua gravação original, evidentemente que mediante a nossa interpretação, haveria por tornar-se mais robusta, com um tratamento mais Rock a extrair-lhe o ranço popularesco.

Um ensaio foi marcado para o dia 8 de agosto de 2019, no estúdio Curumim, pertencente ao nosso amigo, Fernando Ceah e ali, com a presença do nosso querido amigo, Michel Machado à percussão, fizemos um ótimo apronto, ao colocarmo-nos em ordem para o show do dia 10.


O Link abaixo direciona para uma filmagem feita pelo amigo, Fernando Ceah, enquanto ensaiávamos em seu estúdio, Curumim. Contém um trecho da canção: "Sessão Das Dez", do Raul Seixas.

https://www.facebook.com/estudiocurumim/videos/364803130866767/

Chegamos juntos à Praça da República, na tarde de 10 de agosto de 2019, a bordo do automóvel do Carlinhos Machado, eu, Luiz Domingues e Kim Kehl. Apesar de haver já no meio da tarde um público gigantesco ali presente para assistir os shows, tivemos um apoio muito bom da equipe de segurança terceirizada pelo evento, para rapidamente sermos conduzidos ao camarim. 

Uma banda tocava a todo o vapor o repertório do Raul Seixas, com desenvoltura e o público estava a cantar juntamente, visivelmente emocionado. Tal clima, sinceramente eu já esperava, pois qualquer manifestação que seja realizada a evocar a memória de Raul Seixas, provoca a comoção, visto que o seu público permanece enorme e muito fiel, praticamente ao constituir-se em mais que um séquito de admiradores do artista em questão e da sua obra, mas a portar-se no limiar de uma torcida uniformizada de um clube de futebol, senão como uma seita, no bom sentido do termo, ao levar-se em consideração a devoção pela qual idolatram o Raul, ao ponto em perpetuá-lo. 

Esse é um caso sério, visto que é público e notório que artistas que foram até mais populares do que ele em termos midiáticos, após perecer, caíram no esquecimento à medida em que os seus fãs envelheceram e estes artistas também partiram desta vida, e em muitos casos, bem antes desse fenômeno ocorrer. No entanto em relação ao Raul Seixas, muito pelo contrário, a sua imagem mostra-se absolutamente viva e preservada por uma multidão que não o abandona nunca.

Chegamos ao camarim e os simpáticos seguranças, a caracterizar  um casal, foram rápidos em advertir-nos a não deixarmos objetos pessoais perto da ponta da lona que sustentava a tenda improvisada como acomodação, visto que pessoas em situação de vida a viver sem teto, estavam a tentar furtar o que podiam nesse camarim e nos demais ao lado, montados para os outros artistas. 

Neste caso em específico, revelou-se como uma situação triste a constatar-se sobre o estado do centro da cidade, ao estar a cada dia mais degradado, fator que faz com que há anos, inclusive, eu evitasse caminhar por ali e somente dirigir-me a tais logradouros, se fosse absolutamente necessário. 

Na contrapartida, tirante esse problema com furtos a ocorrer pela ação de braços inconvenientes que poderiam surgir abaixo da lona, o tratamento foi ótimo por conta dos seguranças e dos demais funcionários da produção, que foram muito solícitos para conosco.

Antes do show, no camarim. Da esquerda para a direita, na foto 1: o histórico guitarrista d'Os Panteras", Carlos Eládio, Renata "Tata" Martinelli e Edy Sar. Na foto 2: Renata "Tata" Martinelli e o ótimo fotógrafo, Weber Japoneis. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Acervo e cortesia: Weber Japoneis. Click (foto 1): Weber Japoneis. Click (foto 2): autor desconhecido

A banda que precedeu-nos, entrou no palco e tocou igualmente com bastante fluidez e até trouxe em sua formação um mini naipe de metais, a enriquecer a sua sonoridade. E também chamou-me a atenção quando eu ainda estava no camarim, quando eu pude ouvir que o seu vocalista chamou ao palco uma atração especial, a cantora/atriz, Mariana de Moraes, a participar em duas ou três canções e entre elas, a música, "Gita". 

Imediatamente eu estabeleci uma reminiscência pessoal, ao recordar-me de uma passagem ocorrida em 1987, quando eu tocava com A Chave do Sol e encontramo-nos com Mariana Moraes nos estúdios da TV Cultura de São Paulo, onde participamos do programa: "Panorama", então apresentado pelo jornalista, Maurício Kubrusly. 

Nem conversamos nessa ocasião, mas eu recordo-me bem dela a assistir a nossa entrevista e participação ao vivo e nós também termos assistido a sua performance. Bem, terminada a apresentação dessa boa banda que precedeu-nos, fomos chamados ao palco.

Flagrantes do show! Foto 1: Kim Kehl e Edy Star. Foto 2: Renata "Tata" Martinelli a ser filmada por um fotógrafo. Foto 3: Edy Star em destaque. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Carol Mendonça                 

Enquanto preparávamo-nos, vimos que um dos organizadores do evento, faria uma apresentação acústica e singela ao cantar uma canção do Raul. Não estava previsto inicialmente, mas eu compreendi inteiramente o caráter emocional de sua parte de querer também expressar o seu tributo ao Raul e assim, de uma maneira rápida, ele cantou com delicadeza uma canção. 

Na contrapartida dessa manifestação tão emocional, uma nota zero precisa ser dada para certos elementos da plateia que o hostilizaram bastante, talvez por estarem em adiantado estado de embriagues e frustrados pela queda da adrenalina, visto que quatro bandas de Rock já haviam apresentado-se com grande energia, e assim, uma pausa para uma apresentação acústica na base da voz & violão causou-lhes um desconforto. 

Bem, nem mesmo uma plateia formada por fãs do Raul Seixas e por extensão, supostamente ligados em outro tipo de conexão com o Rock vintage, gerou necessariamente um público a demonstrar uma postura mais aberta a apreciar sonoridades mais leves, um fator que fora notório e adorável nos anos setenta. 

Observei com pesar a hostilidade de alguns mais exaltados a manifestarem-se com essa impaciência e para agravar ainda mais, tratou-se de uma canção do Raul, enfim. Ainda bem, não foi algo generalizado, e dessa forma, circunscrito a cinco ou seis pessoas em meio a mais de três mil ali presentes, mas certamente que chateou-me tal atitude da parte desses incautos.

Tudo pronto, iniciamos com o tema instrumental criado pelo Kim a insinuar diversas canções do Raul em um mini pout-pourri, com muita energia. Seguimos com a canção d'Os Kurandeiros, "Pro Raul", que no set list, o Edy descreveu como: "Raul foi para o Beleléu", por conta do que canta-se no seu refrão. E a seguir, entramos com muito balanço em "Toca Raul" e "Como Vovó Já Dizia". 

Edy entrou em seu estilo grandioso, versado pela sua experiência e influência em torno das tradições do teatro de Revista de outrora. 

Apesar de termos realizado um único ensaio, o entrosamento no palco demonstrou que ao contrário, não houvera um hiato tão grande entre essa apresentação e a última que fizéramos juntos em 2018. 

O som no palco estava robusto, apesar do inexistente soundcheck ter sido substituído por uma parca passagem prévia e em festivais ao ar livre, é sempre difícil que não seja realizado de uma outra forma.

Foto 1: eu (Luiz Domingues). Foto 2: Michel Machado. Foto 3: Edy Star. Foto 4: Carlinhos Machado. Foto 5: Kim Kehl. Foto 6: Renata "Tata" Marinelli. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019.  Clicks, acervo e cortesia: Sol Rodrigues           

Seguimos em frente com muita energia nos Rocks sessentistas, "Rua Augusta" e "O Bom" e avançamos pelas músicas do LP "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista". 

Evidentemente que este álbum haveria de ser um objeto de culto daquela massa formada por fanáticos adeptos de Raul Seixas. Não deu outra, houve um frenesi quando executamos: "Sessão das Dez", "Êta Vida" e "Quero Ir". 

Foto 1: eu (Luiz Domingues). Foto 2: Kim Kehl. Foto 3: Michel Machado. Foto 4: Renata "Tata" Martinelli. Foto 5: Edy Star. Foto 6: Carlinhos Machado. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Weber Japoneis           

Quando iniciamos a execução de "Maluco Beleza", eis que notamos que o Edy havia saído do palco. Como essa ausência não fora combinada, ficamos apreensivos em princípio, talvez a considerar a hipótese que Edy estivesse com algum desconforto de ordem física e buscara ajuda nos bastidores, mas ao mesmo tempo, sem deixar transparecer a nossa estupefação ao público, e pelo contrário, a minha lembrança remete ao fato de que criamos um improviso dos mais agradáveis para esticar a introdução, até que a situação ficasse esclarecida entre nós. Pois eis que ouvimos a voz de Edy no monitor a iniciar a cantoria e tudo ficou sanado e entendido. 

Pois ele fora rapidamente ao camarim, trocara de roupa e munido de um microfone sem fio, surgiu pela lateral do palco, acompanhado de um segurança e caminhou em direção ao público. Ótimo, mesmo tendo sido algo feito sob improviso total, a ideia foi muito boa e assim, quando a música atingiu o seu clímax, mediante a intenção gerada pelo seu refrão, ele estava no meio da plateia a cantar junto ao povo. 

Bem, foi bonito como efeito dramático do show, mas ao mesmo tempo preocupante, visto que em determinado instante, a euforia sempre impensada em meio a uma multidão, deu trabalho ao segurança para que não esmagassem o Edy com o excesso de ímpeto gerado nessa massa, mas experiente, assim que percebeu que a situação poderia sair de controle, Edy bateu em retirada e após passar pela grade de segurança, apressou-se em voltar ao palco e encerrar a interpretação da canção, conosco.

Foto 1 : Edy Star e Kim Kehl. Foto 2 :Renata "Tata" Martinelli e Kim Kehl. Foto 3 : uma bela panorâmica da banda em ação no palco. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Weber Japoneis  

Tocamos, "O Crivo", do  repertório solo de Edy, um tema versado pelo puro Blues-Rock, e que sempre propiciara-nos o conforto em transitarmos por uma especialidade d'Os Kurandeiros, além de igualmente ser uma canção a conter uma letra maliciosa, escrita pelo Raul Seixas e cuja brincadeira que o Edy sempre estabelecia ao vivo, caiu como uma luva para aquele tipo de público. 
 
"Rockixe" e na sequência, "Al Capone", gerou a esperada euforia dos fãs do Raul e em seguida, Renata "Tata" Martinelli entrou em cena para cantar divinamente, a bela balada, "A Maçã", ao provocar a imediata interação da plateia, que veio junto com a banda, sem
titubear.

Renata "Tata" Martinelli em ação, com a minha presença (Luiz Domingues), ao fundo. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis         

A seguir, Renata permaneceu conosco e assim tocamos: "Ainda Queima a Esperança". Confesso que subestimei a reação, por antecipação, ainda no ensaio, visto que achei que tal escolha houvesse sido algo exagerado, no sentido em ser uma canção obscura gravada por uma cantora popularesca de um passado remoto e somente pelo fato do Raul a ter composto, tal referência soou-me superficial. 

No entanto, o desinformado ali fui eu, visto que notei enquanto tocávamos, que muitas pessoas da plateia a cantarolavam, a denotar que aquele público realmente era aficionado ao ponto de conhecer não apenas a obra do Raul, em todos os seus meandros, mas também ao deter o profundo conhecimento das inúmeras canções que ele escreveu para alimentar artistas obscuros e populares, visto que ele foi por muitos anos, antes de estourar como um artista solo, um executivo de gravadora. 

Muito bem, houve uma razão de ser e assim tocamos a canção da cantora, Diana, com muito respeito e certamente com uma vestimenta mais Rock'n' Roll.

Edy Star em destaque, com Luiz Domingues, atrás e de costas e Carlinhos Machado ao fundo, na bateria. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis

Tocamos a seguir, o ótimo som, "Rock'n' Roll é Fodaço", do último álbum de Edy, com direito a mini solos de cada membro da banda e a conter as habituais brincadeiras do Edy na hora de apresentar-nos, individualmente. Emendamos com "Rock das Aranhas", com a voz do Kim no comando, como acontece normalmente nos shows dos Kurandeiros e em seguida, mais um improviso ocorreu. 

Edy Star e Carlos Eládio em destaque. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Click, acervo e cortesia: Weber Japoneis       

Eis que Carlos Eládio, ex-integrante da banda de Raul Seixas nos anos sessenta, "Raulzito & Os Panteras", foi convocado a participar e ali no calor da indefinição sobre o que tocaríamos com ele, o Kim sugeriu, "Metamorfose Ambulante", que nós não tocaríamos naquele show, por uma solicitação do Edy, visto que essa canção fora executada por quase todas as bandas que apresentaram-se anteriormente e ele não quis repeti-la. 

Nessa circunstância especial, nós tocamos e foi bastante prazeroso ter Eládio, um músico histórico, a cantar conosco. 

Eis que iniciamos uma saborosa versão Country-Rock para: "Let Me Sing" e encerramos com bastante contundência, com "Sociedade Alternativa", a gerar um coro que ecoou forte na Praça da República, certamente a produzir emoção entre as pessoas ali presentes que comungam com as ideias libertárias, oriundas da concepção do saudoso, Raul.

Foto 1: uma visão do palco pela retaguarda. Foto 2: Kim Kehl e Edy Star com a perspectiva do público. Foto 3: o Power-Trio Kurandeiros a confraternizar-se após o término do espetáculo. Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, ao vivo no Festival: "O Início; o Fim e o Meio", realizado na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Acervos e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap          

Missão cumprida e com muita satisfação, foi um ótimo show, com emoção, boa performance no palco e encontros muito prazerosos nos bastidores. Aliás, encontrei-me com muitos amigos queridos nos bastidores e pude enfim conversar com a cantora, Mariana Moraes, que muito simpática, falou-me sobre os seus projetos artísticos, mais focados na música do que o cinema, naquela atualidade. 

E assim foi, noite de 10 de agosto de 2019, com cerca de três mil pessoas na plateia, que cumprimos mais um bom show dos Kurandeiros, com Edy Star e reforçados por Renata "Tata" Martinelli e o ótimo percussionista, Michel Machado.

"Toca Raul" (Zeca Baleiro)/"Como Vovó Já Dizia" (Raul Seixas), Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star no Festival "O Início; o Fim e o Meio", na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Filmagem: Fátima Costa

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=udJbwN0_yzw

Mini especial com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Edy Star, no Festival: "O Início; o Fim e o Meio" na Praça da República, centro de São Paulo, em 10 de agosto de 2019. Filmagem: Celso Giannazi

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=_zPy5oySLng

Na semana subsequente, novamente fomos agraciados com duas músicas a ser executadas no programa "Só Brasuca", da Webradio Crazy Rock. E assim, entre 17 e 23 de agosto de 2019, as canções: A Noite Inteira" e "Anjo do Asfalto", estiveram presentes nessa seleta programação.

Após um show ao ar livre consagrador, na companhia do grande, Edy Star, o próximo compromisso d'Os Kurandeiros foi um festival que prometeu ser alvissareiro e na prática, não somente confirmou-se em tal previsão otimista, como eu creio ter superado em muito tal projeção. 

Ocorre que havíamos firmado uma boa amizade com o pessoal de uma Webradio, no caso, a Crazy Rock, operada a partir de uma cidade do interior de São Paulo, chamada, Lins, bem distante da capital, mais de quatrocentos kilômetros, no entanto, a bem da verdade, em termos de Internet, é óbvio que a distância geográfica é inexistente e assim, tal emissora cativou-nos por executar diversas canções nossas. 

Além disso, por muitas vezes, o nosso guitarrista, Kim Kehl, e também o nosso baterista, Carlinhos Machado, foram convidados a elaborar listas com artistas e suas respectivas canções para compor a grade de um programa em específico dessa emissora, chamado: "Só Brasuca", produzido e apresentado pelo radialista, Julio Cesar Sousa. 

Como sugeria o seu título, tal programa era voltado exclusivamente para os artistas do Rock brasileiro, uma bela iniciativa, por sinal. Então, os laços reforçaram-se ainda mais, quando o Julio convidou-me também a elaborar uma lista para o seu programa e em seguida, tal iniciativa de sua parte incrementou-se ainda mais, pois surgiu o convite complementar para que eu elaborasse mensalmente uma lista, a caracterizar uma participação permanente como colaborador. 

Portanto, com esse clima fraternal bem alinhavado, eis que a nossa banda foi convidada a participar de um micro festival, que seria comemorativo ao aniversário da emissora e a ser realizado em uma casa noturna na zona sul de São Paulo.

Da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues), Carlinhos Machado, Kim Kehl e Phill Rendeiro. Ensaio de Kim Kehl & Os Kurandeiros, no dia 12 de setembro de 2019. Estúdio Nosso Som, em Pinheiros, São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

Convite aceito com muito bom grado, teríamos a companhia de bandas de alto quilate técnico e também consagradas no meio, ainda que mais pesado, em termos de Hard-Rock/Heavy Metal, no entanto, de nossa parte não haveria nenhum problema em participar, visto que das três outras bandas anunciadas, nós conhecíamos e mantínhamos uma boa amizade com os componentes de duas, e de longa data, aliás. 

No caso do King Bird, eu já havia tocado com eles em outras ocasiões, quando eu fui componente do "Pedra", nos anos 2000. E quanto ao Javali, os próprios Kurandeiros já haviam feito show em dobradinha com tal banda, no ano de 2016, fato esse, amplamente documentado nesta autobiografia. 

Isso sem contar o fator da amizade com todos os componentes, pessoas de nossa alta estima. Só não conhecíamos o pessoal do grupo, "Living Louder", mas certamente que o som deles haveria por ser bem tocado, visto que confiamos na indicação do radialista, Julio. 

Não é a mesma foto publicada acima, mas bem parecida. Ensaio de Kim Kehl & Os Kurandeiros, no dia 12 de setembro de 2019. Estúdio ProduSom, em Pinheiros, São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap        

Em princípio, nós apenas estranhamos o fato do show ter sido marcado em uma casa noturna que costumava promover shows de samba; pagode & derivados, localizada no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, no entanto, a boa justificativa que recebemos, foi no sentido de que a casa estava a lançar um balão de ensaio para testar a realização de shows de Rock, para diversificar a sua atuação e nesse sentido, consideramos a sua iniciativa plenamente válida, naturalmente.  

Na semana do espetáculo, que estava marcado para o dia 14 de setembro de 2019, nós realizamos um ensaio prévio, em um estúdio localizado no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, com a presença do guitarrista, Phill Rendeiro, que participaria conosco, mais uma vez.

Eis que chegou então o grande dia em que participaríamos com muito prazer do festival: “Crazy Rock Fest”, a prestigiar uma emissora que tanto auxiliou-nos nos últimos tempos. 

Assim que cheguei às dependências do Boteco Dona Jurema, verifiquei que a casa ostentava uma boa estrutura para shows ao vivo, com um palco alto e amplo, portanto muito superior ao padrão da maioria das casas noturnas. 
 
Localizada no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, tal estabelecimento não continha no entanto, nenhuma tradição com o Rock, pois a sua linha de atuação era em torno do samba tradicional, pagode e derivados, portanto, seria uma experiência nova, porém, se eu pensar na carreira inteira, não foi exatamente algo inédito, visto que por muitas vezes, eu passara por tal tipo de situação híbrida, ao apresentar-me com uma banda de Rock em locais nada afeitos ao gênero, para gerar estupefação generalizada. 
 
Bem, se a direção da emissora fechou com tal local tão diferenciado, isso por si só, tornou-se um fator de segurança, pois certamente que sabiam o que estavam a fazer. E de fato, segundo apuramos ainda alguns dias antes do festival, havia uma expectativa boa da parte dos mandatários da casa, por que estes haviam manifestado o desejo em expandir o raio de ação do estabelecimento e nesses termos, um festival a conter quatro bandas de Rock haveria por ser um balão de ensaio perfeito para um estudo que desejavam empreender. Ora, se havia essa predisposição da parte da direção da casa e a organização do festival mostrou-se segura com tal prerrogativa, ficamos muito seguros de que haveria por lograr êxito tal festival.

Assim que estacionei o meu carro nas imediações e cheguei próximo da casa, notei que outros estabelecimentos comerciais do entorno, estavam a operar com a limitação pela falta de energia elétrica. E quando adentrei o simpático “Boteco Dona Jurema”, local onde o festival transcorreria, fui informado que de fato, a energia elétrica fora interrompida. 
 
Logo na entrada, confraternizei-me com membros do excelente grupo, “Javali”. Músicos muito técnicos e batalhadores ao extremo, tinham desde sempre a minha admiração por tais características, mas um outro elemento fazia (faz) deles, pessoas especiais, visto que o padrão de educação; simpatia e companheirismo que eles possuem é algo a ser ressaltado. É sempre um prazer estar com esse trio, pela certeza de que a conversa vai ser ótima e não deu outra, foi o que ocorreu. 

E também pude enfim conhecer pessoalmente a figura extraordinária do radialista, Julio Cesar Sousa, pessoa que eu só conhecia virtualmente até então. Simpático, solícito e muito empolgado em estar ali a organizar o festival, estava duplamente feliz, pois comemorava igualmente o seu natalício. 
 
Muitos outros amigos estavam presentes ou chegaram a seguir e o ambiente tornou-se muito prazeroso pelo convívio, apesar da apreensão pela demora pelo restabelecimento da energia elétrica. 
 
Fui informado que a companhia de energia elétrica, “Enel”, a ex-Eletropaulo, já havia sido acionada e comunicara que em duas horas o problema seria resolvido. Nessa altura, já sabíamos que sofreríamos atraso na programação, visto que a previsão seria para o Javali já estar a tocar. 
 
O "King Bird" viria a seguir e depois o "Living Louder". Estávamos programados para tocar por último e nessa altura, pelo fato das três bandas anteriores praticar um som muito mais pesado que o nosso, a transitar entre o Hard-Rock e o Heavy-Metal, pensamos que o melhor teria sido tocarmos em primeiro lugar, mas no calor dos acontecimentos, deu tudo certo, enfim.
O caminhão da companhia elétrica, com o funcionário devidamente suspenso pela grua a executar o serviço de restabelecimento da corrente elétrica. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest, no Boteco Dona Jurema no bairro de Moema, São Paulo, no dia 14 de setembro de 2019. Click, acervo e cortesia: Du Firmo

Bem, confesso que eu nunca houvera presenciado algo semelhante, contudo, quando o caminhão da companhia elétrica chegou na porta do bar, houve uma reação de regozijo, semelhante a um gol comemorado em estádio de futebol. 
 
Foi engraçado sem dúvida alguma, mas ainda mais divertida foi a reação de estupefação da parte dos funcionários, ao ver aquele contingente de cabeludos a comemorar. 
 
Creio que eles estavam acostumados a ser bem recebidos pela população em circunstância semelhante, quando normalmente chegam às localidades para restabelecer a energia elétrica e assim gerar o alívio às pessoas, mas por um grupo de Rockers ansiosos em ter energia para tocar no palco, deduzo que tenha sido algo não muito comum na vida desses profissionais. 
 
Muito bem, energia retomada, foi o momento do festival iniciar-se, enfim e a boa nova, foi que a casa estava lotada, com um grau de animação bem grande da parte de todos.
E a energia elétrica enfim foi restabelecida ! Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest, no Boteco Dona Jurema em Moema, São Paulo, no dia 14 de setembro de 2019. Click, acervo e cortesia: Du Firmo
Com a casa bem cheia, o show do Javali foi de uma energia muito forte e isso não surpreendeu-me, na medida em que não espero outra predisposição da parte desse trio. Não obstante o fato dos três instrumentistas serem virtuoses, cada um ao seu instrumento, eis que há também o aspecto do carisma com o qual apresentam o seu trabalho e isso pesa muito nas apresentações do Javali. 
O Javali em ação, no palco e com a figura do radialista, Julio Cesar Sousa a erguer o seu copo em regozijo. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest. Boteco da Jurema, no bairro de Moema em São Paulo, no dia 14 de setembro de 2019. Click, acervo e cortesia: Du Firmo   

O som estava bom, e só lamentamos o fato da casa não possuir um sistema de iluminação adequado, pois a luz de serviço acesa de forma intermitente, certamente que prejudicou um melhor andamento do trabalho. 
 
Após uma pausa não muito longa, eis que o também, ótimo, “King Bird”, entrou em cena e igualmente, assim como o Javali, trata-se de um grupo formado por músicos altamente técnicos e que tocam com desenvoltura e energia muito fortes. 
 
Ótimas pessoas, também, tenho o prazer de desfrutar da amizade desses talentosos artistas, há muitos anos. Fiquei impressionado com a qualidade dos vocais em harmonia que fizeram, com sincronia e afinação perfeita, o que certamente abrilhantou ainda mais o seu ótimo show. 
Na primeira foto, o ótimo grupo, "King Bird" em ação e na segunda, o igualmente ótimo, "Living Louder, em energética performance. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest. Boteco da Jurema, no bairro de Moema, em São Paulo, no dia 14 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Du Firmo   

Veio a seguir o “Living Louder” e na prática, tratava-se da única banda cujo trabalho eu não conhecia anteriormente e tampouco os seus componentes. 
 
Gostei de assistir e ouvir o trabalho desses rapazes, que a despeito de conter signos modernos, baseados em remotas raízes do Hard-Rock dos anos oitenta, em tese, apresentaram também uma nítida influência do Southern-Rock e Blues-Rock setentista, ou seja, algo bem mais agradável ao meu gosto pessoal. 
 
Banda formada por bons músicos, fiquei impressionado positivamente pela performance dos três componentes que formam esse Power-Trio.
Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest. Boteco da Jurema, no bairro de Moema, em São Paulo, no dia 14 de setembro de 2019. Fotos 1 e 2: Clicks; acervo e cortesia: Du Firmo. Foto 3: Click, acervo e cortesia: Rogério Utrila      

Chegou a nossa hora, e após três bandas bem mais pesadas, o nosso som talvez tenha tido um resultado mais tênue, no sentido do impacto sonoro, mas a resposta do público foi excelente. A proposta do nosso som mais tradicional em torno do Rock’n’ Roll tradicional e Blues-Rock em predomínio, foi bem aceita e eu fiquei muito feliz por tal recepção.
Fotos individuais dos membros d'Os Kurandeiros em ação. Pela ordem: 1) Phill Rendeiro, 2) Carlinhos Machado 3) Kim Kehl e 4) eu (Luiz Domingues). Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest. Boteco da Jurema, no bairro de Moema, em São Paulo, no dia 14 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Du Firmo   

Tocamos como quarteto novamente e apesar do som estar bem embolado na monitoração, fizemos uma apresentação boa, eu quero crer. Na confraternização final, eu fiquei muito feliz em conhecer outros membros da emissora Crazy Rock, cuja sede ficava em Lins, no interior de São Paulo. 
 
A conversa pós show foi agradabilíssima, deu tudo certo e sim, o espaço em questão, caso a sua direção quisesse promover shows de Rock doravante, oferecia boas condições, desde que melhorasse a sua iluminação e fizesse mais ajustes no seu som. Ficamos na torcida para que isso ocorresse.  

"Cocada Preta" (Kim Kehl) - Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest de São Paulo em 14 de setembro de 2019. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=M_J5a_7Cr6A

"Maria Fumaça" (Kim Kehl) - Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival Crazy Rock Fest de São Paulo, em 14 de setembro de 2019. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=75BM34828YI

"Andando na Praia" (Luiz Domingues/Kim Kehl) - Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest de São Paulo, em 14 de setembro de 2019. Filmagem: Lara Pap

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=7PO_awnWkMA      

Saí dali com o sentimento bom por ter participado da festa promovida pela emissora e sobretudo, a homenagear a persona de Julio Cesar Sousa, um radialista abnegado, e a revelar-se como mais um batalhador incansável em prol do Rock brasileiro, em meio a tantos que eu conheci nesses quarenta e três anos em que milito no meio artístico.
A banda em ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest. Boteco da Jurema, no bairro de Moema em São Paulo, no dia 14 de setembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap    

Ainda em setembro, e por falar em Webradio Crazy Rock, eis que novamente fomos relacionados para tocar uma canção nossa em meio à lista do programa, "Só Brasuca". Tratou-se da canção: "Miséria e Solidão", uma balada recorrente em nossas apresentações, desde 2017. 
Entre tantos amigos ali presentes na festa da Webradio Crazy Rock, eis o grande guitarrista, Milton Medusa entre eu (Luiz Domingues) e Carlinhos Machado. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Crazy Rock Fest. Boteco da Jurema, no bairro de Moema, em São Paulo, no dia 14 de setembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Em outubro, teríamos mais um show ao ar livre para cumprir.
Eis que chegamos em outubro de 2019, e um convite foi formulado-nos para que apresentássemo-nos novamente em um show ao ar livre. Tratou-se da 10ª Feira de Artes e Cultura da Lapa, um tradicional bairro da zona oeste de São Paulo. 
 
Melhor ainda tornou-se, em minha percepção pessoal, quando eu soube o exato local onde seria realizada tal apresentação, a tratar-se da Praça Cornélia, um logradouro público onde eu tive uma forte conexão afetiva em minha infância, e mais do que isso, creio que tal singelo ambiente silvestre, foi o local onde eu tive um dos mais significativos impulsos iniciais para passar a apreciar a música mais detidamente, lá pelos idos de 1966 e 1967. 
 
Portanto, fiquei muito contente por saber que tocaria ao vivo em tal local, que tão importante papel cumprira em minha remota infância. 
 
Bem, em dezembro de 2017, a nossa banda já havia tocado em uma edição desse festival do bairro da Lapa (a oitava edição, portanto), e desta feita, com o palco proporcionado por um caminhão ao estilo de trio elétrico e que ficou estacionado entre as Ruas Faustolo e Tibério. 
 
No trecho do texto autobiográfico concernente a esse acontecimento, eu já havia narrado tal reminiscência e nessa ocasião, o palco ficara localizado a distância de um quarteirão exatamente, onde eu residira nesses anos citados. 
Paróquia São João Maria Vianney, na Praça Cornélia, em São Paulo

Pois agora, em 2019, eis que eu estaria dois quarteirões adiante, entretanto, em tal praça onde eu mantinha também, reminiscências muito fortes e como já comentei anteriormente com detalhes. Por aqui apenas reforço que aos domingos daquela época entre 1966 e 1967, o padre da paróquia ali existente, “São João Maria Vianney”, costumava agregar a comunidade do bairro, ao colocar um sistema de som na Praça Cornélia. 
 
Por conta dessa predisposição e principalmente pela sorte de que quem comandava a discotecagem que devia ser jovem e muito bem antenado, o melhor do Rock e da MPB em voga, ali no calor dos anos sessenta, era executado por horas a fio, até as seis da tarde quando encerrava-se o expediente para a missa ao final da tarde, poder ocorrer em paz. 
Dentro dessa realidade, por exemplo, foi nessa praça que eu escutei o LP "Rubber Soul" dos Beatles, então recém-lançado em 1966 e na íntegra, pela primeira vez na vida, portanto, um fato aparentemente prosaico que, no entanto, marcou-me de uma forma indelével. Dessa maneira, tocar exatamente ali, em 2019, seria um prazer recôndito, a revelar-se na prática, um elemento a mais para motivar-me. 

Tarde fria, surpreendentemente para um dia de outubro em plena vigência da primavera, eis que eu cheguei acompanhado do meu amigo, Kim Kehl, à Praça Cornélia. 
 
Lá estava a velha Paróquia, com a sua arquitetura inalterada, mas o velho chafariz não existia mais (aliás, há muitos anos), e o astral observado, é óbvio que não era mais o de 1966, com o som dos Beatles (e outras tantas bandas sessentistas sensacionais), a ecoar entre as árvores, como outrora, mas eu estava ali, feliz da vida por tocar em uma praça onde jamais imaginei tocar verdadeiramente, quando ali transitei, nos remotos anos sessenta. 
 
Bem, na realidade de 2019, a alegria por estar ali também foi boa por reencontrar amigos da música, muitos aliás, e até novas amizades foram firmadas, quando por exemplo, eu conheci o baterista do grupo, “The Spark's”, Edison Della Monica, a tratar-se de uma banda veterana, que foi fundada em 1964, por ele mesmo. 
 
Simpático, contou-nos várias histórias da sua trajetória na música e agraciou-me com uma cópia do último álbum do grupo, lançado recentemente. Ora, que positivo constatar uma banda versada pelo estilo do Rock instrumental sob a inspiração de grupos orientados pela dita “Surf Music”, tais como o The Ventures e o The Shadows, ainda em atividade e cheia de energia. O The Spark's foi contemporâneo d’Os Incríveis, Jet Blacks e outras tantas bandas significativas da história do Rock brasileiro.

Na primeira foto, um álbum do The Spark's, no início dos anos sessenta e na segunda foto, o disco que eu recebi gentilmente, a tratar-se do último lançamento do grupo, denominado: "Beyond the Stars" 

Parece que a tarde foi marcada pelas reminiscências mais profundas, pois eis que um amigo que eu conhecia apenas virtualmente, abordou-me e ali travamos uma longa conversa sobre a sua atividade pregressa como gerente de loja de discos nos anos setenta e a conversa foi longe sobre a indústria fonográfica, a distribuição antiga feita pelas gravadoras e sobretudo pelo Rock Progressivo e a música erudita, estilos de seu apreço mais detalhado. 

Tratou-se de Vinício Meira, que trabalhou muitos anos na loja Hi-Fi e também foi distribuidor de discos, a serviço de pequenos selos europeus, quando trabalhou com a produção da música erudita.

Não pude ouvir todos os grupos ali programados para tocar, mas os que eu pude assistir, gostei muito, como por exemplo, "Encruzilhados", um Power-Trio afiado, que fez um set muito bom, baseado em Blues-Rock texano da melhor qualidade, incluso com muitas músicas do grande, Johnny Winter, em seu repertório. 
 
Ora, que sensacional, se eu mantinha a lembrança dessa praça por ter ouvido The Beatles, The Rolling Stones e The Kinks, nos idos de 1966 e 1967, agora, em 2019, ouvir o som do Johnny Winter foi uma espécie de elo bom a ser restabelecido com o passado. 
 
Veio a competente banda, “Pompeia 72”, e mais uma série de covers internacionais do Rock setentista foram destilados com ótima fidedignidade ali naquela praça.
Uma sequência com fotos individuais dos componentes dos Kurandeiros durante o show realizado na Feira da Lapa. Foto 1: Nelson Ferraresso e eu (Luiz Domingues). Foto 2 : Carlinhos Machado. Foto 3: Kim Kehl. Foto 4: Kim Kehl e Phill Rendeiro. Kim Kehl & Os Kurandeiros na 10ª Feira de Artes e Cultura da Lapa, em São Paulo. 20 de outubro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Marcos Kishi           

Então, chegou a vez d'Os Kurandeiros entrar em ação e apesar do frio, o público não dispersou com o fim da tarde e início da noite e assim, com um som bem razoável em termos de equipamento, fizemos um ótimo show, bem animado mesmo e até digo que a superar as nossas expectativas. 
 
Desta feita como um quinteto, a contar com o talento do ótimo, Nelson Ferraresso aos teclados, o som ficou encorpado e animado, pois houve uma margem de improvisação para que o Kim, Nelson e o guitarrista, Phill, revezassem-se em solos.

Kim Kehl em destaque, com a minha presença (Luiz Domingues) e Carlinhos Machado na retaguarda. Kim Kehl & Os Kurandeiros na 10ª Feira de Artes e Cultura da Lapa, em São Paulo. 20 de outubro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Carlos Dutra              

Noite avançada, frio e garoa, e assim, de certa forma só reforçou a minha lembrança sobre o bairro e o bom período em que ali morei, na tenra infância (e sem suspeitar nessa época, que morava a poucos quarteirões da residência dos irmãos Dias Baptista, das famílias Carlini; Paolillo e Vecchione, ou seja, entre Os Mutantes; Tutti-Frutti e Made in Brazil, todos esses grupos em fase embrionária nessa época). 
 
Aliás, cabe a explicação que ali naquele ponto, é um quadrante do bairro da Lapa, que é na verdade um subdistrito chamado: Vila Romana, com várias ruas do entorno a evocar em seus nomes, Imperadores e outras figuras proeminentes da cultura do Império Romano. 
 
E pela proximidade total com a divisa de bairros com a Vila Pompeia, os três bairros na verdade, misturam-se no imaginário dos moradores locais. Tocamos no Festival da Lapa, mas ali é tecnicamente a Vila Romana e para muitos, uma extensão da Vila Pompeia, capisce?      

"A Noite Inteira" (Kim Kehl) - Kim Kehl & Os Kurandeiros na 10ª Feira de Artes e Cultura da Lapa, em São Paulo. 20 de outubro de 2019. Filmagem: Carlinha Manha

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=63w7LzyuXRg

"P'ro Raul (Kim Kehl/Osvaldo Vecchione) - Kim Kehl & Os Kurandeiros na 10ª Feira de Artes e Cultura da Lapa, em São Paulo. 20 de outubro de 2019. Filmagem: Carlinha Manha

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=0CkwIS8Y7JY

"A Galera Quer Rock" (Kim Kehl) - Kim Kehl & Os Kurandeiros na 10ª Feira de Artes e Cultura da Lapa, em São Paulo. 20 de outubro de 2019. Filmagem: Carlinha Manha

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=8pFnYaHyHoY          

Em síntese, foi uma tarde/noite plena em lembranças, com Rock sessenta/setentista para embalar os sonhos de um velho Rocker e sim, com uma boa apresentação dos Kurandeiros, para contabilizar na história e ser relembrada no futuro, com carinho. 
Ali na silvestre Praça Cornélia, em 2019, eu toquei com o sentimento bom ao estilo: "Veni; Vidi & Vici", para evocar as tradições romanas, digamos assim.
Eis que mais uma vez um bom convite surgiu para apresentássemo-nos em uma feira popular de rua, ao ar livre, desta feita em um Festival chamado: "Lapa Rock and Roll". Marcado para ocorrer muito próximo de um shopping center popular, no coração do simpático bairro da Lapa, na zona oeste de São Paulo, foi óbvio que ficamos honrados com o convite e naturalmente que o aceitamos de pronto.

Para quem não conhece esse bairro super populoso de São Paulo, deixo a informação que ele é tão grande sob o ponto de vista territorial, que é dividido em três grandes quadrantes, chamados como: Lapa, Lapa de Baixo e Alto da Lapa. 

A Lapa de Baixo é uma parte onde existe uma enorme quantidade de galpões industriais, a Lapa, é o coração do bairro com o seu comércio popular e diversos quadrantes residenciais, e o Alto da Lapa é uma parte mais requintada, com um panorama residencial de alto padrão. Isso sem contar a grande quantidade de subdistritos, ou seja, micro-bairros que estão inseridos no contexto da Lapa, como a Vila Ipojuca, Vila Romana, Vila Anglo-Brasileira etc. 

Em suma, trata-se de um bairro muito tradicional, dividido em quadrantes bem diferentes uns dos outros, e assim foi uma honra estarmos inseridos com outros artistas em um festival bem no centro do bairro, em uma parte bem popular, próximo à estação de trem que serve os seus moradores e a conter o centro comercial mais popular.

A banda perfilada atrás do palco, em meio a um dos muitos grafites que ornam as paredes da viela onde o evento transcorreu. Da esquerda para a direita: Phill Rendeiro, Carlinhos Machado, Kim Kehl, eu (Luiz Domingues) e Nelson Ferraresso. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Lapa Rock and Roll", no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, em 9 de novembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap       

Bem, assim que eu cheguei ao local, uma viela para pedestres (viela Ema Angelo Murari), que geralmente passam por ali apressados para chegar à estação de trem ou ao terminal de ônibus do bairro, notei que seria muito interessante tocar em um beco estreito e todo grafitado, como um ambiente muito rústico, porém a conter o seu charme urbano.

O beco onde o evento ocorreu, em foto clicada na parte da manhã, quando da montagem do palco e das barracas. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Lapa Rock and Roll", no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, em 9 de novembro de 2019. Click, acervo e cortesia: Geraldo "GG" Guimarães

Nesse instante, já havia bandas a apresentar-se e algumas já haviam encerrado a sua participação, mas os seus componentes circulavam atrás do palco. 

Caso do pessoal da banda, "Matilha", que eu não conhecia, mas a julgar pela extrema juventude de seus componentes e também da sua entourage que os acompanhava, e sobretudo pelo estilo da sua indumentária, logo deduzi que tais rapazes praticavam o Hard-Rock ao estilo oitentista, como estética adotada para tal banda. 

Nesse ínterim, muitos amigos e companheiros que tocam em outras bandas estiveram presentes e claro que foi um prazer estar com eles mais uma vez, nos momentos em que ali estivemos a aguardar o momento da nossa apresentação. 

Deu para assistirmos o show do grupo, "Marquês", que é na verdade a representação do seu próprio vocalista, que também foi o mestre de cerimônia do evento. Gostei da sonoridade Pop Rock, bem tocada, com músicos competentes em sua formação. Após a apresentação do bom grupo, "Pompeia 72", eis que chegou a nossa vez. 

A banda em ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Lapa Rock and Roll", no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, em 9 de novembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap 

Com a presença do nosso grande tecladista, Nelson Ferraresso, em seu posto, fizemos um show muito animado e com resposta excelente do público ali presente. Tocamos um set list autoral, e apesar do som estar muito prejudicado pela má qualidade do equipamento, levamos adiante a apresentação, com resignação. 

É bem verdade que os instrumentistas das cordas, eu, Luiz Domingues, Kim Kehl e Phill Rendeiro, fomos os que mais sofremos nessa tarde, por conta de amplificadores muito ruins ali disponibilizados. O aparelho usado pelo Kim, estava um horror, ao ponto de falhar muitas vezes e no meu caso, foi pior ainda, pois simplesmente, quando eu fui plugar o meu instrumento, o técnico responsável avisou-me que o aparelho ali presente, havia sido inutilizado por falha técnica. 

Conclusão, eu tive que tocar na "linha" e quem é músico, sabe muito bem o quanto esse dispositivo é desagradável. Além de todo o incômodo que esse tipo de disposição causa em termos de timbragem do instrumento, ainda tive que lutar contra o fato de que o monitor estava péssimo, portanto, a acrescentar o fato do timbre ter ficado horroroso, eu nem conseguia ouvir-me a contento. 

Enfim, o lado bom em envelhecer é poder criar um grau de resiliência bem significativo, pois talvez em uma outra época passada, esse fator tão adverso teria perturbado a minha concentração e ânimo para apresentar-me, no entanto, nesta altura da carreira e da vida, à beira da idade sexagenária, apenas toquei e sorri, sem irritar-me e assim, a preocupar-me tão somente em não frustrar a plateia, que em via de regra, nem suspeitara da dificuldade que enfrentamos pela estrutura não estar boa. Paciência, o show tem que continuar, com o perdão pelo clichê.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Lapa Rock and Roll", no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, em 9 de novembro de 2019. Fotos 1 e 2 - Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap. Foto 3: Click, acervo e cortesia: Carlinha Manho 

E assim levamos adiante e nesses termos, em meu/nosso entendimento, foi um ótimo show, a reverberar a reação efusiva da plateia e novamente usarei um clichê ao afirmar: é o que realmente importa no cômputo geral, não é mesmo?

Na primeira foto, Nelson Ferraresso no primeiro plano, com Luiz Domingues e Carlinhos Machado, na retaguarda. Na foto 2, Kim Kehl em destaque, com Phill Rendeiro ao seu lado. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Lapa Rock and Roll", no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, em 9 de novembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap      

Já estava escuro quando encerramos a nossa participação e mais um dado precisa ser mencionado. Por ter sido realizado em uma viela que é tradicional ponto de passagem de pedestres, há décadas, é claro que pessoas alheias ao festival por ali trafegaram durante o tempo todo, a cumprir a sua rotina em ir e vir para a estação de trem e terminal de ônibus. 

Pois digo que foi engraçado testemunhar muitas reações da parte de pessoas completamente estranhas ao mundo do Rock, ao entrar na viela e deparar-se com um palco a conter bandas de Rock a tocar e além disso, pela enorme quantidade de cabeludos, desde veteranos como nós, até uma garotada mais jovem, caso da banda que citei no início, e estes com figurino bem específico e igualmente pela observação do uso de maquiagem bem forte e característica, ou seja, para as pessoas comuns, deve ter sido um choque tal visão e vou além, pois vimos várias a demonstrar até um certo temor em fazer uso do seu caminho tradicional, com tanta gente "esquisita" aos seus padrões, ali concentrada. 

Daí, foi possível imaginar que tipo de raciocínio elucubraram, inclusive ao alimentar o temor pela sua própria integridade física. Um amigo brincou conosco e despertou muitas gargalhadas, ao refletir que para um sujeito desavisado que apenas dobrou a esquina e pensava em atravessar a viela como todo dia em sua rotina e foi surpreendido pela situação ali completamente inusitada ao seu padrão, este só pode ter imaginado em ter entrado em um filme de terror. 

É claro, imediatamente outras piadas foram agregadas como a sugerir uma outra dimensão de um mundo bizarro, ao estilo das histórias do Superman da DC Comics, um episódio do seriado de TV "The Twilight Zone", um planeta visitado pela nave Enterprise do seriado Star Trek, portais para mundos espirituais e por aí foi a pilhéria.

A banda em tomada panorâmica, com a perspectiva do público. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Lapa Rock and Roll", no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, em 9 de novembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap     

Tarde muito agradável entre amigos, com equipamento ruim, mas com forte poder de reação da nossa banda ante a adversidade, como resultado final, saímos contentes dali. Dia 9 de novembro de 2019, no famoso beco da Lapa, a cumprir mais uma jornada heroica com Os Kurandeiros. A próxima atividade da banda estava marcada para o final desse mesmo mês, com uma volta ao Santa Sede Rock Bar, casa tradicional em nossa trajetória, mas que fazia tempo em que não a visitávamos.
Um compacto com três músicas da apresentação de Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Lapa Rock and Roll", no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, em 9 de novembro de 2019. Filmagem: Ana Amb

Eis o Link para assistir no YouTube :
https://www.youtube.com/watch?v=_PD93iCjRJQ

"Anjo" (Kim Kehl), ao vivo no Festival "Lapa Rock and Roll", no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, em 9 de novembro de 2019. Filmagem: Ana Amb

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=iKqVBpd3ZT0

Eis que a nossa próxima apresentação estava marcada para o dia 29 de novembro de 2019, na casa de espetáculos, Santa Sede Rock Bar e alguns dias antes do nosso show, fomos surpreendidos positivamente com a publicação de uma página cultural da Rede Social, Facebook, chamada: "Nas Vertentes". 

Em tal publicação, foi traçado um interessante paralelo entre a nossa banda em relação ao estabelecimento, Santa Sede Rock Bar e grandes bandas dos anos sessenta e setenta, em relação aos auditórios Fillmore (East e West), localizados nos Estados Unidos. 

Ora, quando eu li a reportagem, fiquei muito enaltecido, pois a colocação soou-me como uma lisonja, tanto para a nossa banda, quanto para a casa. 

Honrados por tal colocação muito perspicaz da parte de quem redigiu tal texto e estabeleceu essa analogia feliz ao extremo, eis que voltamos ao Santa Sede, acima citado, após um longo e raro hiato.

Em uma sexta-feira com trânsito caótico em São Paulo, graças ao advento da "Black Friday", eis que tocamos mais uma vez na simpática casa mais Hippie/Freak/Rocker da zona norte de São Paulo. Com muito ímpeto, tocamos um repertório autoral em forte predominância.
A banda em ação, nas três fotos acima. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 29 de novembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

E assim, felizes por estarmos mais uma vez em uma casa onde mantínhamos uma tradição boa em apresentarmo-nos com regularidade, fizemos uma animada performance.
Mais uma panorâmica da banda no palco. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 29 de novembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Rogério Utrila
No dia seguinte, 30 de novembro, a nossa banda mais uma vez teve uma música escalada para participar de sete execuções do programa: "Só Brasuca", da Webradio Crazy Rock, a tratar-se de "Rabo de Saia". E no domingo posterior, participaríamos mais uma vez de uma Feira de Artes ao ar livre, desta feita no bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo.

Em um domingo com previsão para o tempo bom, dia 1º de dezembro de 2019, a nossa banda mais uma vez esteve escalada para atuar em uma apresentação ao ar livre, decorrente de uma feira de artes. 

Desta feita, tal apresentação fora marcada para fazer parte da 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo. Eu nunca tive uma grande proximidade com tal bairro, mas houve época em minha vida em que eu ali passei com uma certa constância, pelo fato em ter morado na Vila Pompeia, por dois anos (1966-1967), e por este ser um bairro da zona oeste, naturalmente que muitas pessoas deste e de outros bairros vizinhos, costumavam frequentar com regularidade o então chamado, "Ceasa" (anos depois mais conhecido como "Ceagesp"), que vem a ser a maior central de abastecimento de produtos agrícolas de São Paulo, localizado em tal bairro, portanto, a oferta por frutas, legumes, hortaliças e laticínios, vindos diretamente dos produtores rurais interioranos com qualidade e preços baixos, sempre foi um chamariz natural, visto que tal central não vendia apenas pelo atacado, mas também sob o regime de varejo. 

Portanto, eu fui algumas vezes com o meu pai nesse entreposto gigantesco, isso sem contar que uma tradição ali forjara-se nesse ambiente rústico, em torno da sua famosa "sopa de cebola", que de tão famosa, tornou-se uma atração improvável, mas que solidificara-se, principalmente no período noturno e assim, tornou-se um programa exótico ir ao Ceasa, para degustar tal prato, principalmente no período da madrugada, enquanto caminhões carregavam e descarregavam a carga de produtos, de uma maneira frenética em suas dependências.

Tal fama perpetuou-se e eu lembro-me bem, nos anos oitenta, já adulto e a atuar com A Chave do Sol, eu fui com os companheiros da banda e amigos, muitas vezes ao Ceasa para degustar a famosa sopa da madrugada, após a realização de shows. 

Porém, nessa fase oitentista, apesar do ambiente insalubre do complexo, a parte do restaurante havia sofisticado-se, justamente por ter tornado-se uma atração turística/gastronômica na cidade e por conta disso, apesar da sua famosa "sopa de cebola" ainda ser um chamariz, a diversificação de pratos já mostra-se enorme, inclusive com o incremento de festivais da sopa, principalmente no período do inverno, com uma infinidade de outros sabores disponíveis, inclusive. 

Já no avançar dos anos noventa e também nos anos dois mil, eu cheguei a ler matérias em jornais de grande circulação, a dar conta que o bairro da Vila Leopoldina havia passado por transformações urbanísticas radicais e que vários galpões que ficavam nas cercanias do Ceagesp (ex-Ceasa), haviam sido demolidos e que prédios residenciais de alto padrão estavam a erguer-se em profusão. 

E também que outros tantos, foram transformados em modernas agências de publicidade e tecnologia, além de estúdios de cinema/produção audiovisual em geral.

Eis que eu cheguei ao bairro na tarde de 1º de dezembro de 2019, e de fato constatei que aquele bairro longínquo; repleto por galpões e caminhões carregados por frutas e legumes que lotavam as ruas em dias de outrora, estava muito mudado. 

Fiquei bastante impressionado com a transformação radical ali efetuada e além dos prédios residenciais sob alto padrão, o comércio sofisticado e a presença de restaurantes e cafés charmosos, não deixou-me dúvida de que estava tudo muito modificado ali. 

Portanto, a ideia de uma Feira de Artes ao ar livre, caiu como uma luva para a Vila Leopoldina, nessa fase em que estávamos às vésperas dos anos vinte do novo século, com todo esse progresso ali observado.

A banda em ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros na 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina, em São Paulo, no dia 1º de dezembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Léo Cabrera

Havia dois palcos, um mais sofisticado e o outro mais simples, onde atuamos, e apesar da sua simplicidade e tamanho diminuto (vide as fotos onde estamos retratados a tocar), o importante foi que o som estava bem conduzido pelo responsável pelo áudio e a resposta do público foi excelente. 

Feira animada, nem mesmo o repentino surgimento de nuvens carregadas e que precipitou alguns pingos de chuva ameaçadores, tratou por estragar a festa e muito pelo contrário, simplesmente a chuva não prosperou e assim, o povo permaneceu in loco.

O palco foi diminuto, mas a apresentação foi bastante animada ! Kim Kehl & Os Kurandeiros na 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina, em São Paulo, no dia 1º de dezembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Léo Cabrera      

Dessa forma, ficamos muito contentes com a apresentação, e eu ainda tive uma boa surpresa quando reencontrei um velho amigo, com o qual não encontrava-me desde os anos oitenta, na figura de Claudio T. de Carvalho, mais conhecido como "Capetóide", e que fora um amigo; colaborador e testemunha ocular da carreira d'A Chave do Sol, a minha banda nos anos oitenta. 

Fiel amigo dessa banda, assíduo em nossos shows desde o primeiro, realizado no longínquo ano de 1982. Agora baixista de uma banda ("Alô Ayala"), onde atuava com o bom baterista, Léo Cabrera, foi um prazer conversar com ele nos bastidores e poder assistir boa parte da sua apresentação. 

Missão cumprida na Vila Leopoldina e não por caso, Claudio "Capetóide" foi conosco ao Ceasa em algumas madrugadas dos anos oitenta, em momentos pós-show que A Chave do Sol cumprira, portanto, que coincidência agradável. 

"A Noite Inteira", ao vivo (apenas um trecho), durante a apresentação de Kim Kehl & Os Kurandeiros na 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina em São Paulo, no dia 1º de dezembro de 2019. Filmagem: Akemi Akishi. Apoio: Marcos Kishi

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=IIN9gjxGs60

"Eu Sou Duro", ao vivo, durante a apresentação de Kim Kehl & Os Kurandeiros na 2ª Feira de Artes da Vila Leopoldina em São Paulo, no dia 1º de dezembro de 2019. Filmagem: Akemi Akishi. Apoio: Marcos Kishi

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=2CoyF-da_CE     


Outro fato digno de nota, foi que esse show d'Os Kurandeiros realizado na Feira de Artes da Vila Leopoldina, marcou um significado extra para a minha carreira musical, pois representou o meu milésimo show! 

No cômputo geral, desde que eu fizera a minha primeira apresentação oficial, em 12 de fevereiro de 1977, eis que por muitas bandas atuei e cheguei enfim a uma marca emblemática na carreira. 

Fiquei feliz, e mesmo ao ter plena consciência que artistas populares detém uma agenda infinitamente mais cheia do que eu jamais tive e portanto, justifica-se o fato de que demorei quarenta e três anos para chegar em um número que tais artistas alcançam em tempo muito menor, sei bem que na inversa proporção, a minha trajetória foi construída sob outros termos diametralmente diferentes e assim, na devida realidade em que sempre atuei e ainda atuo, esse número é grandioso, sem falsa modéstia de minha parte. 

Fiquei satisfeito também pela prorrogação que obtive, após sobreviver aos graves problemas de saúde que sofri em 2015, e que ameaçou fortemente a possibilidade de que eu avançasse a trabalhar, portanto, eu comemorei internamente o meu feito pessoal sem no entanto comentar com os colegas, para que isso não fosse alardeado ao microfone durante o show, e eu sei que eles teriam feito isso com muita alegria, certamente, mas eu optei por manter o sigilo da informação e apenas deixar para registrar a marca, aqui, neste texto autobiográfico. 

E aproveito para agradecer à todos, literalmente, que auxiliaram-me ao longo desses anos todos, para que eu pudesse atingir tal marca!

De volta a focar n'Os Kurandeiros, a nossa próxima missão seria em mais uma feira ao ar livre, e dessa forma a provar que 2019, foi um ano pródigo em shows dessas características para Kim Kehl & Os Kurandeiros.

O próximo compromisso para Kim Kehl & Os Kurandeiros, foi novamente através de uma participação em um festival ao ar livre, em meio às belas ruas da Vila Pompeia, na zona oeste de São Paulo. Como já mencionei em outras oportunidades, tais ruas desse bairro sempre provocam-me nostalgia pelas boas lembranças pessoais que ali mantenho com carinho. 

Tratou-se de um evento que recebeu o pomposo nome: 1º Festival de Rock da Vila Pompeia. Ora, ao tratar-se de um bairro cuja tradição em conter uma histórica relação com o Rock brasileiro, foi algo até surpreendente que somente ao final do ano de 2019, com o século XXI a adentrar a casa da sua terceira década, que um festival nesse molde fosse realizado em suas ruas, visto que naquelas tantas vias tão íngremes, o Rock pulsara desde a década de cinquenta do século passado, com uma explosão mais acentuada durante o curso das décadas de sessenta e setenta. 

Entretanto, foi o que ocorreu, e dessa forma, assim fechamos o evento como "headliners" do palco "Caraíbas", instalado bem no cruzamento das Ruas Caraíbas e Ministro Ferreira Alves, ao final da tarde do dia 22 de dezembro de 2019.

Na primeira foto, Kim Kehl em destaque, com Carlinhos Machado ao fundo, na bateria. Na segunda foto, Phill Rendeiro, Carlinhos Machado, Kim Kehl e eu (Luiz Domingues). Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Cheguei ao local do show, acompanhado do meu amigo, Kim Kehl, e ambos verificamos que a feira estava a transcorrer em pleno vapor, com uma multidão a usufruir dos shows, distribuídos em dois palcos e certamente a aproveitar as inúmeras barracas e Food Trucks à disposição dos moradores do bairro. 

Apesar do dia estar nublado, a possibilidade da chuva não esmoreceu o ímpeto das pessoas presentes e assim, famílias inteiras passeavam entre as barracas e aglomeravam-se ante os dois palcos, para apreciar as apresentações. 

O som estava bom em uma primeira análise como ouvinte (mas eu sei bem que tudo muda, quando sobe-se ao palco para tocar, ou seja a percepção é bem diferente), a multidão mostrava-se enorme e deveras animada com os shows, portanto, a primeira impressão foi ótima. 

Bem, problema recorrente em feiras ao ar livre, a produção não pensou mais uma vez em facilitar a vida dos expositores, artistas e técnicos que ali compareceram para trabalhar, portanto, a inexistência de um estacionamento conveniado e próximo, a pensar que todos que vão trabalhar, naturalmente carregam utensílios os mais diversos, foi como sempre em tais circunstâncias, um martírio. 

Em meu caso, a carregar apenas um instrumento, nem foi assim tão preocupante, no entanto, há quem carregue uma bateria em meio às suas inúmeras peças, teclados e/ou amplificadores, portanto, essa necessidade para descarregar o material de trabalho e a obrigar-se em procurar uma vaga posteriormente para o seu automóvel, foi algo bastante desagradável. 

Paciência, eu estacionei na Rua Tucuna, quase na esquina com a Rua Venâncio Aires, ou seja, relativamente perto e a caminhada não foi tão severa, mas se houvesse um estacionamento gratuito e próximo, é óbvio que teria sido o ideal.

Na foto 1, eu (Luiz Domingues) em destaque, com Carlinhos Machado ao fundo na bateria. Foto 2: Carlinhos Machado em destaque. Foto 3: Kim Kehl em ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Marcos Kishi       

Eis que chegou a nossa hora para subirmos ao palco e enquanto preparávamos o nosso "set up", o nosso tecladista, Nelson Ferraresso, foi traído pela pressa e sem notar, "plugou" o seu instrumento em uma rede elétrica com voltagem em 220 volts. 

Ao perceber que queimara instantaneamente o seu teclado, chateou-se, naturalmente e ficou sem meios para atuar conosco. Uma ocorrência desagradável, e certamente que tal situação tratou por abalar a confiança de todos, mas fazer o que? 

O show precisava continuar, com o perdão pelo clichê e de fato, várias pessoas em meio ao público, gritavam, bem em torno daquela expectativa típica de início de show. 

Claro, em shows assim, produzidos em feiras ao ar livre, por melhor que seja a equipe técnica que forneça o suporte aos artistas, a troca de "set up" entre uma banda e outra, é sempre muito complicada. Então, aliado ao fato de que o público nem percebeu o nosso drama em relação ao ocorrido com o Nelson, ficou claro que aquela adrenalina pré-show estava instaurada, e mesmo por que, por sermos a última banda do festival, a euforia já estava sedimentada, com o público absolutamente "aquecido", como fala-se no jargão da música.

Mais flagrantes da banda em ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Dessa forma, lá fomos nós e mesmo com algumas dificuldades técnicas, sentidas desde a primeira música executada, superamos todas as adversidades, pois o público estava muito receptivo e o show foi, música após música, a verificar um ímpeto em crescer, de uma forma impressionante em termos de euforia. 

Nesses termos, é claro que a sincronicidade observada tende a suplantar qualquer intempérie, e por essa troca efetuada entre público e artista, há o efeito retroalimentador, ou seja, foi esse o nosso combustível para provocarmos dois pedidos de "bis" e sairmos do palco absolutamente extenuados, porém felizes pelo prazer que tivemos em termos cumprido uma apresentação tão boa e sobretudo, prazerosa. 

Tivemos dois convidados, a apresentarem-se, o guitarrista da banda, "Power Blues", Daniel Gerber e também o vocalista, Marquês, que estiveram conosco na jornada, para tocar e cantar em músicas diferentes, ambos.

Nas duas primeiras fotos, o convidado especial, Daniel Gerber a tocar próximo de Kim Kehl e com Carlinhos Machado ao fundo, na bateria. Nas fotos 3 e 4, o convidado especial, Marquês, a interagir com a banda. Ele é o penúltimo na linha de frente, da esquerda para a direita. Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap       

Como de praxe, a quantidade de amigos encontrados nos bastidores, foi enorme, o que potencializou em muito a tarde/noite muito boa que tivemos, mesmo com o problema muito desagradável que o nosso tecladista sofrera. 

Algumas horas depois, em conversação travada através do grupo particular da banda em uma rede social, notamos que o Nelson estava mais conformado com o ocorrido, pois todos relataram passagens semelhantes, com acidentes iguais em outras ocasiões e outros fatos correlatos a relatar casos sobre danos ocorridos com instrumentos e equipamentos, e claro que isso estraga o dia de um músico, mas o sentimento ruim passa logo, ainda bem e mesmo com o inevitável vilipêndio ao bolso, que tais acidentes geram.

"Cocada Preta" ao Vivo - Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 22 de dezembro de 2019. Filmagem: Ju Rendeiro

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=2VFUSjyarog 

"Maria Maluca" (Kim Kehl) - Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 22 de dezembro de 2019. Filmagem: Fatima Stoppelli

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=vFUUjBk1DRw

"O Filho do Vodu" (Kim Kehl) (apenas a introdução) - Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 22 de dezembro de 2019. Filmagem: Fatima Stoppelli

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=AFpV5v7_eMg


Notícia boa, no dia seguinte ao show, 23 de dezembro, eu soube que o site "Rockbrasileiro.net", em parceria com o canal de YouTube, "Vitrola Verde", elegeu-me pelo segundo ano consecutivo, o melhor baixista do ano. Opinião cravada em editorial assinado pelo empreendedor cultural e editor dos dois veículos, Cesar Gavin, é evidente que provocou-me o sentimento bom da lisonja e honraria.

Eis o link para acessar a matéria:
http://www.rockbrasileiro.net/?fbclid=IwAR3lbnaizK58xFHF2oQ_xjwBT14M844HHb39ca3oaSV1nKbGBiOqABahWNk

Mais uma panorâmica da banda! Kim Kehl & Os Kurandeiros no 1º Festival de Rock da Vila Pompeia, em São Paulo. 22 de dezembro de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Em 2019, não tocamos tanto quanto em 2017 e 2018, mas foram shows intensos em meio a muitos em festivais ao ar livre, perante multidões. 

Creio que lembrarei-me do ano de 2019, por tal característica, principalmente em seu segundo semestre. Fechamos as atividades da banda para as festas de final de ano, mas a prenunciar um ano de 2020 alvissareiro, estávamos com a perspectiva em participarmos de um ensaio gravado ao vivo, em um estúdio, para o mês inicial do novo ano.

Continua...