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domingo, 13 de fevereiro de 2022

Trabalhos Avulsos - Capítulo 50 - 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados) - Por Luiz Domingues

Ao final de julho de 2021, o guitarrista Kim Kehl recebeu a sondagem da parte do cantor Edy Star, ao lhe indagar se haveria a possibilidade da nossa banda, Os Kurandeiros, ser a banda base para um espetáculo grandioso, com a sua presença na condução geral e mediante outros convidados, com o intuito de se tocar na íntegra o LP "Grã-Ordem da Sociedade Kavernista Apresenta Sessão das Dez" em uma "live" produzida no palco do Teatro Sérgio Cardoso de São Paulo.

Em primeiro lugar, a efeméride se mostrou óbvia no sentido da comemoração dos cinquenta anos do lançamento de tal álbum histórico (1971-2021). Para quem não sabe, alerto que se trata de um disco conceitual, em que quatro personalidades fantásticas do Rock e da MPB setentistas se uniram para se expressarem em meio à doze canções e algumas vinhetas louquíssimas, ao misturar o Rock com serestas, sambas, xotes, carnaval, Soul Music, circo e muita loucura em tom de experimentalismo e deboche, bem ao gosto do dito "desbunde setentista". 

Na linha de baixo: Edy Star, Miriam Batucada e Raul Seixas. Em cima, Sérgio Sampaio. Os Kavernistas em foto promocional do álbum em 1971

E ao citar os artistas que fizeram parte dessa obra, fica claro ao leitor que porventura não o conheça, qual o grau de qualidade artística que ele contém. Falo sobre: Edy Star, Raul Seixas, Sérgio Sampaio e Miriam Batucada. Desses quatro, apenas o Edy Star estava vivo em 2021 e assim, a ideia primordial foi convidar três artistas que interpretassem as canções que os demais que já não viviam entre nós e que o disco fosse executado exatamente na sua ordem primordial, inclusive com a presença das vinhetas experimentais entre as faixas.

A produção desse espetáculo correu por conta da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, com vários apoiadores de produção cultural, como "Cultura em Casa on Line", grupo "Amigos da Arte", grupo "Virada Cultural de SP" e diversas prefeituras de municípios do estado de São Paulo, a se promoverem diversas "viradas" culturais simultâneas e todas sob o sistema on line por conta da pandemia que ainda assolava o Brasil e o mundo em 2021.

O encarte do LP "Grã-Ordem da Sociedade Kavernista Apresenta Sessão das Dez"

Muito bem, convite aceito por todos os membros da nossa banda, Os Kurandeiros, eu já me animei com a produção em si, mas também por ser um álbum que sempre admirei, desde os anos setenta e no caso, ficou claro em minha concepção de que eu deveria registrar esta história em minha autobiografia como um trabalho avulso e não como mais um capítulo escrito pelos Kurandeiros, pois ao contrário da turnê que a nossa banda fez com o Edy Star em 2018-2019 ("Toca Raul"), desta feita por ter sido um espetáculo inteiramente temático e com a presença de convidados, naturalmente que tal característica o revestiu de uma maneira peculiar, bem diferente daquela turnê que foi feita em tom de parceria e que inclusive contava com música do nosso próprio repertório no bojo.

Dessa forma, nos imbuímos todos da preparação individual das canções e marcamos um ensaio interno da nossa banda, sem a participação do Edy e tampouco dos convidados, apenas para sanarmos dúvidas generalizadas sobre a harmonia e detalhes de arranjos das canções e vinhetas. Nos encontramos no estúdio "Mandioka", o famoso "basement" do Kim Kehl, no dia 1º de agosto de 2021 e ficamos bem confiantes ao tocarmos juntos e verificarmos que todos haviam se preparado bem e o trabalho soou muito bem para uma primeira abordagem e principalmente ao ter em conta que a nossa vocação primordial em torno do Rock e do Blues, deixara em dúvida se tocaríamos temas com motivações tão distantes das nossas raízes, tais como o xote, samba, temas carnavalescos, baião, seresta, MPB da velha guarda, música circense, enfim, um universo bem distante de nós por natureza intrínseca, no entanto, ficamos felizes por verificarmos que estávamos a soar de um uma forma fidedigna em torno de tais temas.

Em princípio a produção sinalizara que a filmagem seria realizada no dia 10, ou seja, a se comprovar como um tempo exíguo se pensássemos que os ensaios com o Edy e os cantores poderiam nos apresentar dificuldades como a inadequação com tonalidades, algo muito comum para cantores e que sempre gera um transtorno e tanto aos músicos. Mas logo veio a informação de que a filmagem fora remarcada para o dia 17 e assim, ficamos mais tranquilos sobre a possibilidade de dois ou três ensaios gerais serem marcados para nos garantir uma maior segurança, mesmo que mudanças bruscas fossem propostas para se mudar estrutura das canções.


Foi quando fomos surpreendidos pela produção, pois estávamos a considerar que mediante o adiamento da filmagem, por conseguinte, haveria um tempo elástico para a marcação de ensaios gerais, mas eis que foi sinalizada a data de 5 de agosto para um primeiro ensaio geral e ainda bem, da parte da banda estávamos com 90% do espetáculo (pelo menos), bem resolvido na parte instrumental.

Dessa forma, foi marcado no estúdio "Mad" da Rua Guaicurus, na Vila Romana (Lapa), na zona oeste de São Paulo, e assim nos reunimos então nesse dia marcado, quando a nossa banda esteve em peso com o quinteto para dar suporte ao Edy e seus convidados. Na verdade, tais escolhas em relação aos artistas convidados não fora uma atribuição direta do Edy, mas da produção do espetáculo e assim, foram sugeridas as personas de Felipe Cordeiro, Sebastião Reis e uma cantora chamada: Lu.

O guitarrista, cantor e compositor, Felipe Cordeiro. Fonte: Internet/divulgação

Felipe Cordeiro já era um artista bem conhecido da cena MPB vanguardista, famoso por unir a MPB com a música dita "Techno-brega", experimentalismo e sonoridades Folk das mais diversas matizes oriundas da região norte do país, notadamente o estado do Pará, sua terra natal. Filho do famoso guitarrista e maestro, Manoel Cordeiro, ele foi parceiro musical de seu pai desde a infância e em termos de carreira solo, já possuía três álbuns e participado de turnês pela Europa, portanto, a se revelar muito experiente e talentoso.

O compositor, cantor e multi-instrumentista, Sebastião Reis. Fonte: Internet/divulgação

Sobre Sebastião Reis, eu sabia que ele era filho do famoso compositor, cantor e multi-instrumentista, Nando Reis (este, ex-baixista e cantor dos Titãs), e que a despeito dos trabalhos que mantinha com o seu pai e irmão, possuía também a sua própria banda, no entanto, eu não conhecia tal sonoridade que ele produzia normalmente em sua carreira. 

E finalmente sobre a cantora que interpretaria as canções defendidas por Miriam Batucada no álbum (Lu), segundo a produtora do evento, Janaína, que a sugerira, esta seria uma artista com forte identificação com a arte circense, a trabalhar na função do "Clown" clássico e que em termos musicais era uma fã declarada da Miriam Batucada, portanto, bem talhada para interpretar tal saudosa Kavernista.

Uma boa matéria foi publicada nesse ínterim, na versão on line da revista Veja, a repercutir o espetáculo. Veja o Link abaixo

https://veja.abril.com.br/blog/radar/album-de-raul-seixas-ganha-show-em-homenagem-a-cinquentenario/

Muito bem, o ensaio aconteceu então no dia 5, mas o Sebastião já tinha outros compromissos agendados e não pode participar. Felipe Cordeiro, no entanto, esteve presente e muito simpático, logo se enturmou conosco ao demonstrar os seus dotes em torno da chamada "guitarrada" uma forma de se tocar bem específica em torno de diversos ritmos nortistas, de uma forma muito particular e assim, veio a calhar a sua performance para ornar com solo a canção: "Eu Vou Botar pra Ferver", cuja sonoridade nordestina em torno do frevo pernambucano, não é a mesma especialidade sua, mas tirante as diferenças regionais estilísticas, ornou muito bem e assim enriqueceu a nossa instrumentação.

A ótima cantora e Kurandeira honorária, Renata "Tata" Martinelli. Foto: Alexandre Padial

Já a cantora, Lu, se esforçou para comparecer ao estúdio, mas segundo ela mesmo afirmou, fora avisada em cima da hora sobre o convite e assim, preferiu declinar do convite em torno da sua participação. Rápido, Edy ligou imediatamente para a nossa amiga em comum, Renata "Tata" Martinelli e ela aceitou o convite, mesmo com o tempo exíguo para a preparação mais apurada e se prontificou a participar dos dois ensaios posteriores. 

E assim foi, em 13 de agosto, uma sexta-feira, em que nos encontramos novamente para um ensaio geral, desta feita com a Renata, Felipe Cordeiro e um novo tecladista, visto que nesse ínterim, o tecladista d'Os Kurandeiros, Nelson Ferraresso foi surpreendido com um revés familiar e teve que deixar a produção de uma forma abrupta. Portanto, nesse dia, já recebemos a persona do muito competente, Mateus Schanoski para suprir os teclados. Sebastião Reis não pode participar desse ensaio, mas ficou acertada a sua presença no posterior, marcado para o dia 15 em outro estúdio, ali mesmo no bairro da Vila Romana, este chamado: Villa das Artes.

"Per un amico", disco incrível lançado em 1972 pela Premiata Forneria Marconi (PFM), uma banda italiana de Rock Progressivo poderosa, que eu adoro desde a década de setenta

Em 15 de agosto, um domingo, ensaiamos enfim com o Sebastião Reis e nós estabelecemos amizade instantânea quando ele me revelou que amava sonoridades 1960 & 1970 dentro do Rock, Folk e MPB e rapidamente sacou o seu telefone celular do bolso e me mostrou o que viera a escutar no seu carro a caminho do ensaio: o LP "Per Un Amico", da maravilhosa (meraviglioso!), Premiata Forneria Marconi, uma das mais emblemáticas bandas do Rock Progressivo italiano dos anos setenta. O que dizer, depois dessa revelação a não ser: siamo noi?

Na
primeira foto, da esquerda para a direita: Felipe Cordeiro, Edy Star, Renata "Tata" Martinelli e Sebastião Reis. Na segunda foto, Carlinhos Machado, Kim Kehl, Renata "Tata" Martinelli, Sebastião Reis, eu (Luiz Domingues), Phill Rendeiro e Michel Machado. Sentados, na frente: Mateus Schanoski e Edy Star. Ensaio de 16 de agosto de 2021 no estúdio Villa das Artes na Vila Pompeia, em São Paulo. Acervo e cortesia: Edy Star. Click: Janaína

E no dia seguinte, 16 de agosto, realizamos mais um ensaio bom, desta feita (e finalmente) com todos os artistas participantes, a contar com o ótimo percussionista, Michel Machado, cuja convivência com Os Kurandeiros através de muitos shows que cumprimos juntos com Edy Star em ocasiões passadas, sempre fora muito prazerosa para nós.

E feito tal apronto, nos colocamos à disposição da produção do evento, para cumprirmos a filmagem marcada para o dia seguinte, 17 de agosto de 2021.

      O roteiro do espetáculo distribuído aos seus participantes

Por coincidência, eu havia participado de uma filmagem no mesmo teatro e dentro do mesmo esquema de produção promovido pela Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, dois meses antes, quando toquei com a minha ex-banda, Patrulha do Espaço, durante a festa de premiação da revista Dynamite para os melhores do ano e assim, conhecia todos os protocolos, incluso os sanitários em relação à testagem obrigatória para a Covid-19.

E assim, exatamente como eu experimentara em junho, veio à baila a máxima de que se alguém da banda ou dos convidados, testasse positivo para a doença, o que ocorreria, efetivamente? Cancelamento sumário da produção? Ora, essa possibilidade em meio a uma produção que envolvera sete músicos, quatro cantores, um ator e dois roadies foi concreta, não restou dúvida.

Fui o primeiro a chegar e testar. Autorizado a entrar no complexo do teatro mediante o resultado negativo em relação a estar infectado e nesta altura, já com duas doses de vacinas a agirem no meu organismo, foi óbvio que eu fiquei aliviado. E a cada companheiro que chegava ao camarim, a brincadeira se tornou inevitável: -"se você está aqui é por que testou negativo"... ainda bem, não é?

Matéria publicada no portal on line do jornal "O Estado de São Paulo", através do Blog "Sarau, Luau e o Escambau" do jornalista, Arnaldo Afonso, a repercutir o espetáculo

https://emais.estadao.com.br/blogs/sarau-luau-e-o-escambau/a-estreia-da-tv-dando-e-os-videos-da-tv-da-maria-os-10-anos-do-rock-and-blues-bar-e-o-dia-do-raul-as-charges-do-nando-motta-as-70-atracoes-da-famq-e-35-novos-links-de-cancoes/   

No camarim da banda em específico, a roda de conversas foi agradabilíssima por mais de duas horas, enquanto aguardávamos a nossa vez de realizar o soundcheck. Na primeira foto, Kim Kehl está de pé a olhar o seu telefone celular, Michel Machado sorri e Mateus Schanoski anotava apontamentos sobre a harmonia de algumas canções que tocaria. Na segunda, Carlinhos Machado comanda a "selfie" e da esquerda para a direita, Mateus Schanoski, Phill Rendeiro, eu (Luiz Domingues) e a produtora d'Os Kurandeiros, Lara Pap.
Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Clicks, acervo e cortesia: Carlinhos Machado 

Esperamos por um bom tempo (cerca de duas horas e meia), pois o cronograma estava bem atrasado e a produção ainda estava a concluir o soundcheck da filmagem anterior, neste caso a apresentar o astro da MPB, Zeca Baleiro e sua banda, portanto, daí a se filmar o seu show e realizar uma entrevista com tal artista, deu tempo para conversarmos muito no camarim. Quando subimos enfim ao palco, a montagem do nosso palco foi relativamente rápida e o soundcheck bem eficiente. 

A banda em ação com Felipe Cordeiro a cantar. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Click, acervo e cortesia: Lara Pap

A produção visual ficou multicolorida a apresentar uma profusão de painéis de "led" a disparar imagens montadas em torno da capa do LP "Grã-Ordem da Sociedade Kavernista Apresenta: Sessão das Dez", mas também a denotar um certo ar carnavalesco, talvez no afã de sugerir um sentido tropicalista ao disco que homenageamos. Nesse sentido, se essa foi realmente a intenção da produção, eu reconheço a sua boa vontade, mas certamente que tal evocação não se coadunou totalmente com o espírito da obra, embora eu reconheça que haja uma certa proximidade com tal estética surgida pouco tempo antes desse LP ter sido lançado em 1971, bem entendido, no âmbito da MPB sessentista que o precedeu.

Bem, a ideia foi filmar cada canção separadamente, entretanto, com a inserção das vinhetas existente no álbum, que foram disparadas em regime de "sampler" pelo tecladista, Mateus Schanoski, certos hiatos que deveriam ter sido inibidos na edição do vídeo, ficaram presentes quando vimos a exibição, mas tudo bem, foram lapsos aceitáveis da produção.

Apenas a primeira vinheta do disco, a famosa música circense, foi feita ao vivo pela banda e foi bem executada, com energia a fornecer um bom impacto inicial.

A banda em ação com Felipe Cordeiro. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Click, acervo e cortesia: Lara Pap 

E lá fomos nós em frente, com "Êta Vida", esta inclusive, uma música que Os Kurandeiros estavam acostumados a tocar com o Edy em shows anteriores em que o acompanhamos e desta feita, com o Felipe Cordeiro a contribuir com a sua guitarra e todos os convidados a cantarem com o Edy, portanto, a música ficou bem encorpada.

Aliás, a banda estava com o instrumental muito recheado, haja vista que além do Mateus Schanoski aos teclados e Michel Machado à percussão, o nosso segundo guitarrista, Phill Rendeiro tocou violão o tempo todo e essa base sedimentou muito bem todas as brasilidades observadas nessas canções e assim permitiu que o Kim Kehl pudesse atuar mais livre a pontuar com contrasolos e detalhes. 

No meu caso em específico, fazia anos que eu não tocava temas fora do universo do Rock, Blues e Soul, mas creio que me readaptei a tocar ritmos nordestinos, sambas, boleros e afins, ao me lembrar do meu tempo como componente do Língua de Trapo, em que cada música apresentava uma estética musical completamente distinta uma da outra. 

Edy Star em destaque, com Carlinhos Machado ao fundo. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Click, acervo e cortesia: Lara Pap

Seguimos com a seresta: "Sessão das Dez" outra canção que estávamos acostumados a tocar com o Edy, embora sob um arranjo alternativo, a evocar o bolero latino-americano/hispânico bem tradicional. 

Em "Eu Vou Botar pra Ferver", o convidado, Felipe Cordeiro, brilhou bastante em sua interpretação vocal e na condução da sua "guitarrada". Gostei muito de tocar essa música com esse molho nortista muito especial e ainda mais ao ter ficado ao lado do Michel Machado, cuja atuação à percussão é sempre muito boa e quando tocamos juntos, de certa forma eu me sentia a tocar com o Santana nos anos sessenta.

Com a luz púrpura a predominar. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de

 "Quero Ir" foi uma outra canção que Os Kurandeiros estavam acostumados a executar para o Edy Star cantar e neste caso, mediante uma roupagem em torno do reggae, e assim, a canção soou muito bem.

Com Sebastião Reis a brilhar solo. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Click, acervo e cortesia: Lara Pap

Veio a seguir: "Eu Acho Graça" e o Sebastião Reis a interpretou com desenvoltura. Também gostei muito do balanço que imprimimos, surpreendente ao sabermos que a nossa banda Os Kurandeiros, era/é Rocker em essência.

"Chorinho Inconsequente" é de fato um chorinho e esse estilo musical é muito específico em sua sonoridade, portanto, a adaptação para uma banda de Rock elétrica poder executá-la é muito difícil. Sem flauta, violão de sete cordas, bandolim e clarinete, instrumentos típicos dessa escola musical, ficamos preocupados sobre como ela soaria, entretanto, o nosso arranjo ficou convincente e a Renata "Tata" Martinelli a interpretou com tanta graça que foi realmente um primor.

Edy Star em destaque, com a minha presença (Luiz Domingues), ao fundo. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Click, acervo e cortesia: Fátima Costa

Renata "Tata" Martinelli em destaque e na parte abaixo do quadro, o tradutor de libras que foi inserido a posteriori na edição do vídeo. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Ed Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Click, acervo e cortesia: Fátima Costa

"Soul Tabarôa" é um xote acelerado e que o Michel Machado a conduziu na bateria, com o Carlinhos a contribuir na percussão. A interpretação da Renata foi magnífica e eu mais uma vez gostei muito de sentir o balanço da banda, que foi muito forte nessa performance.

Uma panorâmica da banda com os quatro cantores na frente. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Click, acervo e cortesia: Lara Pap

"Todo Mundo Está Feliz" é um tema Soul Music e que faz todo o sentido para aquele contexto de 1971, quando tal escola da Black Music norte-americana estava em alta voga no imaginário Pop radiofônico da ocasião no Brasil. Tema belíssimo, com letra super alto astral, contaminou à todos pelo balanço e embalo. Essa foi cantada pelo Edy com apoio dos demais convidados.   

A próxima canção foi "Aos Trancos e Barrancos", um samba bem tradicional e pasmem, soamos muito bem ao levar em conta que somos Rockers, incluso o Sebastião Reis que também me disse nunca ter tido familiaridade com o gênero, ainda no decorrer do ensaio. Eu o tranquilizei, pois nós também não éramos fluentes nessa linguagem. Para a nossa felicidade, ao final da execução deu tudo certo e nós ficamos todos muito satisfeitos.

"Eu Não Quero Dizer Nada" é mais um tema com proximidade com a Soul Music e o R'n'B, em tese. O Edy fez uma interpretação emocionante, com apoio da Renata, esta sob uma voz agudíssima e linda.

Eu, Luiz Domingues em destaque, com o percussionista Michel Machado ao fundo e o tradutor de libras em formato reduzido, artificialmente inserido no vídeo. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero

"Dr Paxeco" fecha o disco, e assim também encerrou o espetáculo e neste caso se trata do único Rock propriamente dito, com feição típica do Raul Seixas em sua concepção, presente neste LP. 

Um ator (Vince Vinnus), interpretou o personagem do "Dr. Paxeco" a perpetrar uma performance durante a vinheta e esta foi feita ao vivo, a se tratar de uma linha de baixo bem simples a dar vazão para uma locução teatralizada como sketch. Ao final, tal ator participou novamente de uma performance conclusiva, quando a capa do álbum foi rasgada, jogada em um vaso sanitário e a clássica vinheta da descarga foi disparada, para completar o escárnio performático que esse disco sugere em sua concepção. 

Mais uma panorâmica da banda e os cantores no palco. Show 50 Anos do LP Sessão das Dez (Edy Star + Os Kurandeiros + Convidados). Teatro Sérgio Cardoso, filmagem em 17 de agosto de 2021 (no ar em 21 de agosto de 2021). Click, acervo e cortesia: Lara Pap

Para apresentar a banda, uma versão a conter apenas o refrão de "Todo Mundo Está Feliz" foi acrescentada, e o Edy o usou para apresentar à todos, incluso os músicos da banda. 

Quando encerramos, a euforia gerada no teatro foi tamanha que o diretor geral do espetáculo, aos berros, sentado na plateia, disse ter se emocionado e assim, deu o tom positivo para que fôssemos embora do teatro com a sensação boa do dever cumprido.

Eis o vídeo do show completo, direto do canal do Edy Star.

O link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=OUfpTT-vLzI&t=56s

A produtora Janaína nos disse que muitas pessoas ligadas a algumas secretarias municipais de cultura já haviam manifestado interesse em contratar tal espetáculo para as suas respectivas cidades, já na perspectiva da flexibilização cultural pós-pandemia e assim, se abriu a possibilidade de uma, quiçá outras repetições desse show. E se pudesse acontecer com a mesma turma envolvida, eu adoraria certamente.

E a versão do mesmo show disponibilizada através do canal d'Os Kurandeiros

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=O1DG6_0Gi2w

E assim foi a minha participação, ao lado da minha banda, Os Kurandeiros a acompanhar Edy Star, acrescidos de Mateus Schanoski e Michel Machado e com os convidados especiais, Felipe Cordeiro, Renata "Tata" Martinelli & Sebastião Reis, ao executarmos na íntegra o LP "Grã-Ordem da Sociedade Kavernista Apresenta Sessão das Dez". 

Filmamos no palco do Teatro Sérgio Cardoso de São Paulo em 17 de agosto de 2021 e foi ao ar a representar a "Virada on line" do município de Itapevi-SP, no dia 21 de agosto de 2021.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Trabalhos Avulsos - Capítulo 49 - Ópera-Rock "O Renascer dos Tempos" (Single: "Moby John") - Por Luiz Domingues

Exatamente um ano depois de ter sido visitado em minha residência pelos músicos e produtores musicais, Claudio Cruz e Anísio Mello Junior, para que eu pudesse gravar a minha participação na faixa, "Moby John" (obra inserida dentro da Ópera- Rock "O Renascer dos Tempos"), eis que fui comunicado que tal faixa houvera sido disponibilizada como "single" através da plataforma YouTube.

Ótimo, mais um trabalho avulso para somar à minha discografia, aliás, com orgulho e prazer por eu ter tido o prazer de fazer parte desse ambicioso projeto artístico do meu velho amigo, Claudio Cruz. 

No entanto, a despeito dessa alegria por mais um trabalho realizado e a encorpar a minha discografia, eis que poucos dias depois desse anunciado lançamento, tivemos a terrível notícia da morte do guitarrista, Rubens Gióia, o meu velho amigo e colega d"A Chave do Sol. Qual a conexão com este trabalho? Bem, o fato de que tanto o Rubens, como o baterista, José Luiz Dinola, também meu amigo e companheiro d'A Chave do Sol, gravariam a mesma faixa. Na verdade, cabe a retificação de que no caso do Rubens, essa foi a planificação inicial da parte do Claudio Cruz, mas na prática, o Rubens não concretizou a sua participação.

Não gravamos juntos, foi tudo feito separadamente, mas ficara aquela sensação prazerosa de que o nosso Power-Trio poderia ter se reunido para tocar junto mais uma vez e assim, o impacto pela perda do Rubens Gióia, trouxe uma carga emocional amarga para esse lançamento, embora a obra em si e o contexto em que ela se inseriu no bojo de uma "Ópera-Rock", nada teve a ver com a fatalidade e certamente que muito menos o Claudio Cruz como o seu idealizador, tampouco teve culpa alguma nessa coincidência de ocorrências perfiladas na mesma época.

Segundo o Claudio alegou na ocasião, a ideia foi disponibilizar os singles do disco inteiro individualmente pelo YouTube e igualmente em outras plataformas, mas que haveria sim um lançamento da obra completa pela via tradicional do CD, a posteriori e assim aguardamos.

Sobre a canção em si, deu para notar que ficou híbrida em seu estilo. A estrutura que eu ouvira como guia para gravar, houvera sido baseada em uma espécie de mistura de um Hard-Rock denso, com sutis pitadas do Blues-Rock tradicional e depois que se colocaram as guitarras e os teclados, eu notei que a tendência foi buscar influências etéreas a sugerir a música experimental de uma maneira geral, talvez com um certo apelo pelo Krautrock setentista e outras sonoridades aleatórias dentro da dita "World Music" e claro, possivelmente a envolver tendências que eu simplesmente desconheça, por serem mais modernas na ocasião e cuja existência eu ignorasse.

Dessa forma, o tema tem uma linha mestra com um riff proposto pelo baixo que a inicia e também a encerra e neste caso, esse riff quem gravou foi o Anísio Mello, que além de ter sido o técnico de áudio e coprodutor do disco, é sabidamente um excelente músico, compositor, cantor e arranjador. Ótimo baixista, o conheço desde 1984 e nós interagimos muito nos anos 1980, quando as nossas respectivas bandas tocaram juntas em muitas ocasiões (eu com "A Chave do Sol" e ele com o "Excalibur"). 

Ainda a explanar sobre a música, eu entro a seguir com uma linha mais próxima do Blues-Rock, com um som de Fender Precision mais in natura, visto que o baixo do Mello ficou bem mais processado com efeitos. 

A guitarra de José Luiz Braguetta, que afinal de contas gravou a faixa, ficou mais na linha dos efeitos do que a atuar de forma tradicional sob o ponto de vista da base harmônica e solo e assim, o destaque ao meu ver ficou por conta do Zé Luiz Dinola, que criou uma linha de bateria solta, com bastante presença de frases e até a conter um pequeno, mas significativo solo. E a presença do teclado de Adenauer Vieira colaborou para tornar a faixa ainda mais etérea, com uma linha de arranjo que muito me fez lembrar dos discos do tecladista grego, Vangelis, nos anos oitenta. 

Bem, fiquei feliz pelo lançamento, certamente, a envolver o prazer de colaborar com os amigos, Claudio Cruz e Anísio Mello, além de certamente ter sido efetivamente a minha última gravação com Rubens Gióia e José Luiz Dinola, juntos, os três reunidos e por conseguinte, fiquei triste ao constatar que logo que essa canção foi lançada publicamente, eis que marcou de fato como a última possível reunião do Power-Trio d'A Chave do Sol em termos fonográficos, ainda que sem essa intenção, naturalmente, pois neste caso, havia o plano da banda se apresentar e talvez lançar algo inédito.

Música: "Moby John" (faixa 8)

Autor: Claudio da Silva Cruz

Baixo: Luiz Domingues (parte do meio)

Baixo: Anísio Mello Junior (partes inicial e final)

Bateria: José Luiz Dinola

Guitarra: João Luiz Braguetta

Teclados e arranjo geral: Adenauer Vieira

Composição, capa e vídeo: Claudio da Silva Cruz

Produção musical, operação de áudio: Anísio Mello Junior

Lançamento como single: Janeiro de 2021

Eis o link para escutar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=zA-5yzbw-6M

O Site oficial da Ópera-Rock:

https://opera-rock9.wixsite.com/meusite

Bem, como ficou aberta a possibilidade do álbum "O Renascer dos Tempos" ser lançado em formato físico, abriu-se um campo para o prosseguimento deste relato, portanto, continua...