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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Sala de Aulas - Movimento de Cartas - 1997 & 1998

Sala de Aulas

Movimento de Cartas 1997 & 1998

Um dos mais inspiradores momentos ocorridos em minha sala de aulas, também a fomentar ações culturais, o movimento de cartas organizado com apoio maciço dos alunos, logrou êxito ao se considerar a pequena magnitude que poderia atingir, mas em contrapartida, a enxurrada de cartas a bombardear as redações de órgãos de imprensa mainstream gerou mais que uma pequena polêmica, todavia levantou a curiosidade da parte de jornalistas a motivar matéria de página inteira, com direito a participação direta de um dos meus alunos, com foto e tudo, em um jornal de primeira dimensão nacional. 

Abaixo, eis um apanhado de algumas cartas publicadas (na realidade foram muito mais, mas eu só consegui reunir um pequeno apanhado mediante "clipagem" caseira), em sua maioria com nomes fictícios, mas algumas a fazerem uso de seus nomes reais, graças aos esforços dos alunos e agregados de minha sala de aulas, o meu "exército de neo-hippies". 

A maioria esmagadora das cartas preservadas em portfólio, são do Jornal "O Estado de São Paulo", mas muitas foram publicadas em outros veículos, notadamente a "Folha de São Paulo", "Jornal da Tarde" e revistas "Rock Brigade" e "Bizz".

A verdade nua e crua... alguém enfim com coragem para desmistificar o hype em torno de uma banda fraca ao extremo... Mais que isso, por extensão, desmascara toda a "intelligentsia" que por anos fomentou paradigmas em torno dos ideais da cultura Pós-Punk e quetais. Essa é a verdadeira erva daninha a ser extirpada. Garcia foi meu aluno entre 1987 e 1988
A crítica musical mainstream de meio e fim de década de noventa, insistia no conceito de que a música eletrônica dominaria o cenário doravante, a destruir a música convencional, tocada por humanos e instrumentos tradicionais. Marcelo "Pepe" Bueno (aluno entre 1992 e 1997), rasgou o verbo a contrapor o hype dos espertalhões da imprensa. Pois é... Beatles e Stones estão na história e quem foi mesmo o "DJ  bam bam bam de 1998, que marcou para sempre?"
Ao esquentar as colocações e desnortear os jornalistas, com o dedo direto na ferida a remoer a fonte da nossa revolta. Os jornalistas não enxergavam dessa forma, mas o manual de redação pró-niilismo de 1977, se alastrara pelos grandes órgãos de imprensa em seus departamentos culturais, não resta dúvida.
Absolutamente risível, como "entendia" de música a jornalista que ficou brava e respondeu a missiva provocadora! Black Crowes era "vergonhoso" ao vivo? Ora faça-me o favor... o que era bom então? Prodigy?
Eis o meu aluno, Alexandre "Leco" Peres Rodrigues, ao ser entrevistado pelo jornal: "O Estado de São Paulo", em uma matéria a focar em jovens que eram influenciados por signos culturais de décadas anteriores. De fato, a obsessão dos jornalistas desse momento de final de década de noventa, foi pelo "Techno", uma baboseira de ocasião, mas que segundo eles, dominaria a cultura doravante, a comprovar a tese de que perseguidores de hypes modernos geralmente erram feio em sua avaliação apressada e sem profundidade alguma. Lá estava o então adolescente Alexandre, com camiseta a exibir na estampa, uma capa de disco dos Mutantes e com um monte de discos bons nas mãos e à sua volta, oriundos de sua coleção particular. O "techno" domina o mundo...ridículo... tirante essa bravata lunática, essa matéria foi a típica encomenda de editor chefe, alertado sobre algum indício de movimentação cultural no ar, e nessa altura, cartas jorravam na redação desse e de outros jornais concorrentes, fruto dos esforços de meus neo-hippies, em minha sala de aula. Como cantavam os Beatles em 1968: "You say you want a revolution/Well, you know/We all want to change the world...You tell me that it's evolution/Well, you know We all want to change the world"... e acrescento com outra canção de 1969: "Come Togheter"...
Essa foi na veia, para quebrar a perna do jornalista em relação ao paradigma da vez, em torno da irrelevante "música eletrônica". E o mais engraçado foi que o jornalista em questão era um sujeito de boa índole, não era de jeito nenhum um xiita egresso da redação da revista Bizz, e pelo contrário, um profissional com mente aberta e muito boas influências musicais pessoais, embora ali através desse jornal, ele fizesse algumas colocações coadunadas com os conceitos errôneos de seus colegas mal-informados/mal-formados ou mesmo mal-intencionados. Sei (através de uma fonte fidedigna), que Ricardo Alexandre mantinha os "Beach Boys" como a sua banda de cabeceira, portanto, um rapaz assim, demonstrava ter coração e noção das coisas. Ele sabia o que é uma "Good Vibration", não acham?   
Jornalistas ao não entender o enfoque ou a se fazerem de desentendidos... de fato, não se tratava de saudosismo, mas sim, o exercício do conceito do religare, capice? Wellington foi um nome fictício (primeira carta), mas sabem quem é Marcello Rangel? Pois é, este garoto se tornou um artista multifacetado, ultra talentoso, não muito tempo depois de mandar esse e-mail para o "Estadão".
A grande pergunta que ninguém responde e da qual se dá um desconto: jornalistas mais novos só pegaram o bonde a andar, com paradigmas formados e nem questionavam como e onde começou essa infame caça ao passado perpetrada pelos seguidores de Malcolm Mclaren, lá em 1977. Mesmo assim, paradigma imbecil tem que ser destruído, mesmo que demore a acontecer. Ricardo Fisichella foi nome fictício e baseado em piloto de Fórmula Um... digamos que pertencia à scuderia: "Abaixo o famigerado, Do it Yourself"
Íris, a ponderada, ao melhor estilo "morder e assoprar!"
Fisichella sempre na pole position... e o outro italiano, Di Catri, para dar aula de civilidade ao jornalismo cultural conspurcado pelos ideais do Punk' 1977.
Observe o gancho a usar o "Júpiter Maçã", que se mostrava "darling" da mídia mainstream, apesar de ser ultra retrô, por abrir brechas para as bandas que se armavam para abocanhar uma fatia dessa tendência.
Adalberto "Lozie" desmascara uma parte da imprensa que batia em dinossauros, como se houvesse limite de idade para tocar e Wagner "Ingelheim" rasga o verbo contra a cena brasileira horrenda de final de década de noventa. Ambos os nomes inspirados em pilotos de Fórmula Um e isso foi criação livre dos meus alunos.
Reciclar, resgatar, não apenas saudosismo... Pepe Bueno já a colocar o dedo na Tomada... digamos assim...
O estigma maldito contra o Rock Progressivo era (é) um dos pilares dessa mentalidade equivocada e perpetrada há décadas. Garcia foi preciso e o jornalista nem se dignou a responder.
Pois é... morte ao paradigma maldito! Renato Novaes foi fundo na questão
Renata, existia de fato e era (é), irmã de um agregado das minhas aulas. Alfinetada na cena "indie" e tais artistas, principalmente fora do eixo Rio-SP, costumavam ser idolatrados na mídia desde a metade dos anos noventa, praticamente e claro, andavam de mãos dadas com as ideias dos niilistas de 1977 

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