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sexta-feira, 22 de julho de 2016

1975 - Minha Ligação Inicial com o Rock na Infância e Começo da Adolescência - 1975: Tubular Bells - Por Luiz Domingues

Cheguei à metade da década de setenta, com a percepção de um adulto, mas claro, ainda com muitas pendências infantojuvenis para cumprir, até poder me considerar de fato, maduro. 

Logo de início e por falar em pendências, eu precisei me submeter às provas da "2ª época", a pairar no ar a "humilhante" possibilidade da repetência, a me assombrar. 

Estudei, fiz o que pude dentro das minhas possibilidades na ocasião, mas infelizmente fui reprovado. Eu que já tinha começado o ensino fundamental tardiamente por conta do imbróglio burocrático que tive em 1967 (relatado em detalhes no capítulo correspondente desse ano), nesse instante teria que amargar mais um atraso.

 

Eu, Luiz Domingues, na sacada da minha residência localizada na rua dos Cristais, no bairro do Tatuapé, em algum momento do segundo semestre de 1975. Acervo familiar    

Eu fiquei chateado, é claro e o meu pai esboçou me repreender, mas pesou em sua consciência, eu acredito, o meu padrão de comportamento, pois ele deve ter ponderado que eu nunca fora um menino rebelde a perpetrar atitudes desrespeitosas e muito menos ostentava histórico com arrolamento de confusões ocorridas no ambiente escolar, tampouco em parte alguma e ainda bem, ele não associou o meu entusiasmo pelo Rock como algo que estivesse a desviar a minha atenção, ao ponto de perder o foco nas obrigações escolares etc. 

Consummatum est, eu absorvi com resignação a repetência e salvo algum aborrecimento momentâneo que eu tive, a vida seguiu.

                   O Queen ao vivo nos anos setenta. Fonte: Internet 

O ambiente de 1975 para o Rock pareceu estar inalterado, portanto,  vibrante ao manter o padrão dos últimos doze anos, pelo menos, mas a visão que eu tenho hoje em dia é um pouco diferente, amparado que sou pelo distanciamento histórico, que ampliou a minha visão para um patamar macro e isento. 

Vejo, ao olhar para trás, que ainda havia muita vida inteligente e ativa no panorama internacional, certamente, mas as ratazanas que sempre estão à espreita em prol do seu intuito destruidor, estavam a agir pelas beiradas, a arquitetar seus planos de sabotagem. 

Tais planos ficariam proeminentes somente em 1977, mas desde bem antes a conspiração estava por se armar e creio que em 1975, já dava os seus sinais pela Europa, notadamente na Inglaterra e seguramente nos Estados Unidos, igualmente. 

Mas aqui no Brasil, os ecos desse baixo astral anti-contracultural estavam longe de nos incomodar, ainda. Pelo contrário, por se levar em conta o fato de que o movimento Hippie chegara com enorme atraso por aqui, a estourar somente por volta de 1972, quando a grande explosão nos Estados Unidos e Inglaterra houvera sido em 1967, esse foi um fator decisivo para que a euforia aqui se esticasse até 1977, certamente, para apresentar sinais de empalideceria apenas em meados de 1978, pelo menos.

O LP "Win, Lose or Draw" do The Allman Brothers Band, foi o primeiro que eu adquiri dessa banda maravilhosa

Em resumo, por isso que a minha percepção em 1975, foi sob absoluta normalidade em prol da continuidade da movimentação normal em curso, sobretudo, da euforia toda perpetrada pelo Rock e contracultura em geral. Nessa toada, a vida seguiu então em torno da intensa progressão que a música me provocava como efeito devastador em meus propósitos.

O fato de eu ter sido repetente na vida escolar, em 1975, me trouxe alguns aspectos positivos, por incrível que pareça. Isso por que nessa fase da vida, um ano faz muita diferença na percepção de crianças e adolescentes e dessa forma, quando as aulas começaram, eu ali com quatorze anos, a caminhar para os quinze, me deparei com uma classe formada predominantemente por alunos mais novos, entre doze e treze anos de idade, na média. 

Diante dessa nova realidade e ao sair completamente da minha normalidade comportamental, me senti impelido a mudar um pouco o meu estilo natural de ser e agir, ao me tornar, digamos, um pouco mais saliente. De forma alguma me tornei mais agressivo, altivo e dado a me portar como um rebelde debochado e cínico, a tomar atitudes agressivas ou desrespeitosas com mestres, funcionários, diretoria e tampouco colegas. 

Jamais chegaria nesse ponto, sou um hippie pacifista e ultra respeitoso para com os demais, por natureza intrínseca. Todavia, em 1975, a situação em sentir-me mais "experiente" que os demais, fez-me deixar de ser tão tímido e recatado, ao assumir uma postura de maior proeminência, liderança etc.   

Entretanto, os meus amigos foram aprovados em 1974 e assim, em 1975, eles foram cursar a oitava série. Apenas mais três ou quatro colegas meus reprovaram e destes eu não tinha quase contato, a não ser aquele freak, chamado, Luiz, que eu conhecia desde 1973, quando voltara para a minha escola. 

Em 1974, ele me deu alguma atenção quando notou que eu acompanhava o Rock, e de fato, eu já conhecia muita coisa, conforme relatei em passagens relativas ao ano anterior. Mas agora, com ele a estar ainda mais velho (esse rapaz já beirava os dezoito anos de idade, acredito), e pelo visto, a cursar duas ou três vezes cada série (a arrastar a conclusão do curso fundamental, ad infinitum, problema dele, é claro), fomos os Rockers daquela nova classe, a "sétima C" de 1975. 

E foi através desse rapaz, que um fato extraordinário começaria a mudar a minha vida, e claro que só hoje eu percebo isso claramente, apesar de ter sido apenas uma sutileza, na época.

O fantástico Kaleidoscópio, produzido e apresentado pelo Jaques

Pois um dia, mais ou menos em maio de 1975, esse sujeito me abordou no horário do recreio e revelou algo que eu considerei impressionante. Segundo ele, um programa de rádio estava no ar todo dia, da meia noite às duas da manhã, a tocar Rock nacional e internacional da melhor qualidade e com um apresentador que parecia ser um hippie com altas conversas paralelas, a discorrer sobre literatura, teatro, cinema e mais uma série de fatos correlatos ao Rock, com o mesmo espírito contracultural. 

E o mais inusitado disso, a se tratar de um programa executado em uma emissora "careta" ao extremo, em pleno "dial" alojado na onda AM e tal estação pertencia a uma ordem monástica de origem católica. Ufa... absolutamente inacreditável! Em princípio fiquei atônito. Mas claro que fui conferir e aí... 

Assista acima, uma performance ao vivo para um especial de TV em 1973, com Mike Oldfield a executar a parte 1 de "Tubullar Bells", logicamente acompanhado por outros músicos, porque ao vivo não dava para ele tocar tudo sozinho, como o fizera noálbum de estúdio. O trecho final, que o Jaques usava como "BG" de sua locução mágica, todas as noites, começa por volta do minuto 18' desse vídeo. E o início da obra, é o trecho que foi usado como trilha sonora de abertura do filme: "O Exorcista". Tudo absolutamente..."altamente!"

Bem, o programa "Kaleidoscópio" me arrebatou inteiramente e durante dois anos (1975 e 1976), eu me tornei seu ouvinte assíduo a receber a carga imensa de sua influência contracultural, a sedimentar ainda mais o meu apreço pelos ideais e assim, possibilitar o início de um borbulhar na minha mente, sobre algo diferente em relação à música.

A capa do LP Tubullar Bells e abaixo, uma foto do Jaques do Kaleidoscópio, nos anos 2000

Nomeei este capítulo como: "Tubular Bells", para estabelecer uma referência direta à música & álbum homônimo de Mike Oldfield, e que tanto significado tem na minha formação artística e pessoal, por ter sido usado como tema de encerramento, toda noite, do programa, "Kaleidoscópio", como um fundo mágico para a locução de improviso, mas sempre inspirada e "pirada", do grande, Jaques Sobretudo Gersgorin, ao qual o chamávamos informalmente como: "Jaques Kaleidoscópio"

Sobre o impacto gerado pelo Kaleidoscópio, escrevi uma matéria sobre tal programa e sem dúvida que há uma carga emocional enorme nesse texto, pois representou muito para a minha formação contracultural, tal atração radiofônica. 

Eis abaixo o Link para ler tal matéria em meu Blog 1:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/06/kaleidoscopio-altamente-rock-por-luiz.html

A aproveitar o ensejo do que descrevo, outro fator que foi mais uma gota d'água para fomentar a vontade concreta para entrar no mundo da música, deu-se alguns meses depois, e foi tão fundamental quanto a descoberta do Kaleidoscópio. 

A capa da revista "Rock, a História e a Glória", edição 11, com o The Who como matéria principal  

Eis que um dia eu passei pela banca de jornais que havia na esquina das Avenidas Santo Amaro e Pavão, em Moema, na zona sul de São Paulo, quando tive a visão de uma miragem. Em meio a inúmeras publicações, me deparei com uma revista em preto e branco, mas com uma imagem que me enlouqueceu completamente. 

Foi uma foto ao vivo do "The Who", e o nome da revista era: "Rock, a História e a Glória". Claro que a comprei imediatamente e aí...

É lógico que me apaixonei de pronto pelo seu teor e muito mais que isso, pelo texto escrito por tantos jornalistas que ali militavam e dos quais, me tornei fã também pela qualidade da sua redação, influência que carrego também por esse aspecto. 

Aliado ao Kaleidoscópio e por tudo mais que vinha a acumular desde muitos anos antes, foi em 1975, tardiamente, é bem verdade, que tomei a decisão de me inserir concretamente na música. Como isso seria possível, eu não sabia, pois não entendia nada de música, técnica e teoricamente a falar, além de não ter nenhum contato direto com músicos ou aspirantes a. Estava a me credenciar a me tornar músico, apenas a me basear na força de vontade e nada mais. Nem mesmo sabia por onde começar, mas estive decidido na minha mente e também no coração.

Sobre o que foi a revista, "Rock, a História e a Glória", eis abaixo o Link que direciona à matéria em meu Blog 1:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/07/rock-historia-e-gloria-por-luiz.html

Ainda a mencionar o âmbito escolar, nesse ano, a professora de português que era jovem e me lembrava bastante a atriz, Sonia Braga, fisicamente, propôs uma quermesse cultural, a aliar as tradições de uma festa junina normal, mas para tentar incorporar elementos do folclore brasileiro, ao estimular trabalhos nesse sentido etc. 

Pondero que considerei bem salutar a iniciativa, mas com todo o respeito ao "Bumba Meu Boi" (do qual não vou questionar, tampouco desdenhar de forma alguma, por reconhecer e respeitar a sua importância como peça do folclore brasileiro), mas o fato é que a grande pergunta que eu fiz na época e ainda faço, é: se folclore é manifestação cultural de um povo e diz muito de suas tradições locais, como achar que nós, paulistanos a viver uma realidade sociocultural completamente dispare de uma tradição nordestina que diz respeito à cultura sertaneja, a exprimir uma realidade que não é nem de longe a nossa, poderíamos nos interessarmos e sobretudo nos entusiasmarmos com uma manifestação a descrever sobre boiadas, vaqueiros etc?

O grande Adoniram Barbosa, compositor dos mais criativos que já militou na história da MPB

Claro que a intenção foi a melhor possível e absorvemos o conteúdo, mas tal questionamento que fiz à época, vale para os dias atuais, pois por sermos paulistas e com a agravante de sermos paulistanos, portanto nascidos e criados na extrema urbanidade de uma megalópole, tudo bem saber teoricamente o que representa a festa do "Bumba Meu Boi", mas não deveríamos ter contato com algo que realmente nos dissesse respeito diretamente? 

Se folclore é isso, ou seja, manutenção de cultura popular genuína, não seria melhor nos ter passardo um outro conteúdo, mais a ver com a nossa realidade? História dos bairros da cidade, origem de seus nomes, e até a música de Adoniram Barbosa, Germano Mathias, Demônios da Garôa e outros genuinamente paulistanos, teria mais a ver conosco, na minha ótica.

A capa da coletânea "Odds & Sods" do The Who em que se encontra uma versão do single "Postacard" e na ilustração abaixo, a figura de Raul Seixas e enaltecer um verso da sua música: "Como Vovó Já Dizia"

E dessa festa do "Bumba Meu Boi", em um sábado a noite, o que mais me marcou mesmo, foi que depois da exibição do folclore já citado, o serviço de som instalado pela escola, executou sons mais a ver conosco e entre eles, um compacto duplo (daqueles que vinham encartados na Revista Pop), que tocou muitas vezes, para salvar a minha noite. De um lado continha a canção, "Postcard", do The Who e do outro, "Como Vovó Já Dizia", do Raul Seixas. "Jurubeba" do Gilberto Gil e "Ready to Love", com Cat Stevens completavam o disco.

O label do disco compacto que veio encartado em uma edição da revista Pop em 1975

"We're having a lovely time, wish you were here"

"Quem não tem colírio, usa óculos escuro"...

Outro fato inusitado e que teve pouca importância ali no calor dos acontecimentos, mas que me deu prazer e um certo estalo sobre aptidões, ocorreu ligado novamente às aulas de português. 

E foi com a mesma professora que idealizara a festa do folclore, e que diga-se de passagem, tinha ótimas intenções, mas era questionada por alguns pais por não ministrar muito conteúdo teórico, ao demonstrar claramente gostar mais de trabalhar aspectos culturais ligados à língua portuguesa, postura que na minha percepção atual, foi bem louvável. 

Desta feita, a professora Carmem propôs à classe que realizássemos uma discussão sobre a instituição do casamento, ao tentar extrair de mentes imaturas ainda, um lampejo de compreensão maior da vida adulta, que se aproximava para nós. 

De tal discussão de grupo, que se revelou praticamente um psicodrama, eu diria, surgiu a ideia de criarmos uma peça teatral a ser encenada no velho teatro da escola. Claro que a se pensar nas condições alio possíveis, o ato de escrever, produzir e encenar uma peça, mesmo ao ser amadora e despretensiosa ao extremo (em termos "artísticos", bem entendido, visto que haveria por ostentar o seu valor pedagógico), esteve além das nossas possibilidades e apesar da professora ter gostado da ideia, logo a descartamos. 

Contudo, surgiu a ideia para realizarmos sketches curtas a retratar situações do casamento e assim, talvez fossem mais viáveis, mediante um formato bem mais simples. Dessa forma, trabalhamos em tal prerrogativa por algumas semanas, mas nada foi "encenado" oficialmente, com tais ensaios a suprirem o que realmente interessava, ou seja, a discussão do tema.

Aonde eu entro nessa história, foi que sem aptidão alguma para interpretar, mesmo ao me sentir em 1975, um pouco menos tímido, eu logo dei um jeito para ser útil de outra forma. Tratei de escrever o texto e "dirigir" os "atores". Escrever era uma paixão desde a infância e sobre "dirigir", é claro que eu não tinha nenhuma noção real a respeito, completamente alheio ao mundo real do Teatro, TV e Cinema que o fui, mas eu detinha um trunfo em minha formação pessoal: a minha paixão pelo cinema, que cultivara desde a infância, me trouxe uma carga com influências naturais e muito rica. 

Claro que eu não tinha noção técnica alguma, mas ao me basear em minha memória afetiva das centenas de filmes que havia visto, descobri concretamente um prazer que conhecia vagamente nas minhas brincadeiras na infância, notadamente com o "Forte Apache", que fazia a minha criatividade voar e ali eu praticamente "dirigia filmes" imaginários. 

Sendo assim, assumi o papel de "diretor" nos exercícios propostos e apesar do amadorismo todo, recebi elogio da dona Carmem, que chegou a me dizer que havia me considerado um presunçoso ao me candidatar a ser o "diretor" nesse simulacro de encenação teatral, mas que estava surpreendida. 

Totalmente intuitivo e influenciado por enquadramentos de cinema, creio que dei a minha contribuição ali no âmbito escolar e amadorístico e claro. E tenho certeza de que adoraria ser diretor de cinema, se pudesse, pela pálida experimentação que ali degustei ...

Foi como no futebol, quando desenvolvi capacidade de preparar as jogadas e assim, o meu prazer maior era proporcionar passes certeiros, de preferência lançamentos longos para os atacantes concluírem em gol. 

Ser diretor representara em minha concepção juvenil, a mesma função, em tese. pois se armava toda a cena, embora a fama ficasse com os atores, aos olhos do grande público. Portanto, mais que aptidão, a questão de gostar de trabalhar para a coletividade, sempre foi um traço natural de minha personalidade e tal conceito eu levaria para a música. 

Nesse sentido, não tenho e nunca tive a menor preocupação de ser considerado um bom músico, para ser enaltecido individualmente. O meu prazer era (é) estar inserido sob uma realidade coletiva, e ser uma peça da engrenagem, a trabalhar para o todo.

Fora disso, ao falar sobre o meu desempenho escolar, o ano transcorreu bem. O meu ano de 1975, nesse aspecto, foi como time grande que cai para a segunda divisão e cumpre a "penitência" na divisão inferior, mas com facilidade, dada o nível mais baixo de competitividade na divisão inferior. 

No meu caso, a falar sobre escolaridade, eu pouco precisei estudar desta feita, para ser aprovado sem a necessidade sequer de exames finais, ao alcançar a média suficiente nas avaliações bimestrais.

Aspecto do saguão da estação Tatuapé do metrô em foto mais moderna, dos anos 2000

Em setembro de 1975, o meu pai iniciou negociação para comprar um sobrado no bairro do Cambuci, zona sudoeste de São Paulo. Mas com o antigo proprietário se mostrara ainda sem perspectivas para arrumar a sua vida, e deixar o imóvel, o negócio ficou com seu fechamento condicionado a esse fato e assim, mais uma vez tivemos que nos mudarmos de novo sob caráter provisório, a fim de encaixar situações. 

Por isso, saímos de Moema, na zona sul e voltamos à zona leste, onde ocupamos um sobrado na Rua Almirante Calheiros, esquina com a Rua dos Cristais, no bairro do Tatuapé. Foi portanto um encaixe, pois essa casa nova para onde fomos, também já estava vendida para a Companhia do Metrô e ali seria tudo demolido, já a partir de 1976, para a construção da Estação Tatuapé. 

Assim, na base do encaixe tríplice, tudo deu certo momentaneamente nesta logística, mas desta feita, com quinze anos de idade eu tomei as rédeas da minha vida, pelo menos na decisão escolar que me competia e mantive a minha matrícula na escola onde estava habituado a estudar. 

Não me importara ter que fazer uma longa viagem, diariamente para me manter a estudar naquela escola e assim concluí a sétima série enfim, ao final de 1975, e mantive a matrícula para ficar ali em 1976, a evitar uma nova troca de escola. A minha argumentação para convencer os meus pais foi em torno da ideia de que ao fechar a oitava série, eu teria que mudar de escola forçosamente por conta da entrada no segundo grau, e teria mesmo que procurar outra escola, e assim, meus pais não se opuseram à minha vontade, ainda bem, farto que eu estava de tantas mudanças de escola anteriormente ocorridas.

Foi em 1975 também que eu conheci um novo amigo que seria importante nessa fase em que vivia a minha fase mais aguda em torno de absorver o Rock, ao ponto de querer fazer parte desse mundo. Tal colega, se mostrara com os mesmos ideais em princípio e assim, no segundo semestre de 1975, eu (Luiz), Bernardo Lopes de Almeida (que tinha dois apelidos: "Bernardão" e "Janjão"), mais três colegas que eu conhecia há anos e que estavam na oitava série, onde eu deveria estar também (Jacques Leonardo de Barros, Wlademir Aparecido Chiari e Edson Coronato (apelidado Edson "Coverdale", mas curiosamente mais fã de Ian Gillan), formamos uma banda fictícia, mas que na minha intenção e talvez por parte do Bernardo e do Edson, poderia ter se tornado verdadeira. Essa fora a minha determinação, certamente.

A ideia seria que todos começassem a estudar os seus respectivos instrumentos, escolhidos a esmo, como se fosse uma loteria, mas sem dimensionar todas as dificuldades inerentes de um longo aprendizado para todos, isso sem falar em ter que comprar instrumentos e equipamento, ação que além da questão financeira complicada para tal, demandava ter mais conhecimentos mínimos dessa área, aspecto que nenhum dos cinco citados, possuía, nem mesmo eu, que levava a sério essa sandice e mesmo por estar a acumular bastante informação nos últimos anos, sobre equipamentos e instrumentos, pouco sabia na verdade, a não ser por reconhecer marcas e modelos, em fotos de revistas e capas/encartes de discos e vídeos na TV.

A figura fantástica de Dom Quixote, o lunático sonhador criado por Miguel de Cervantes

Claro que se tratou de uma infantilidade sem tamanho, revestida por toda a sua ingenuidade inerente à nossa idade cronológica de então, mas eu tenho muito orgulho dessa invenção quixotesca, por que em tese, foi o ato de coragem que eu tive para sair da condição de um simples apreciador de música, para mudar de estágio, ao alcançar o patamar de aspirante a músico.  

Não computo esse momento como o início concreto da minha carreira, no entanto, pois foi uma iniciativa meramente imaginária a grosso modo. Oficialmente, determinei que a minha carreira começou de fato em 1976, quando formei uma banda com um guitarrista que sabia tocar os rudimentos e tinha guitarra, portanto, além do fato de eu começar a aprender um instrumento, verdadeiramente.  

Mas essa epifania tresloucada que eu tive ali em meados de agosto de 1975, e que faria com que tal delírio durasse por meses a fio, foi um combustível que tive, a fortalecer o sentido da vontade dessa determinação, se concretizar enfim em 1976.

Escolhemos um título sugestivo para tal banda imaginária. Baseado no conceito fantasmagórico e inspirado no Black Sabbath, certamente, escolhemos o nome de: "Satanaz" para a nossa banda. 

Há de se registrar a constatação de que no meu caso, o Black Sabbath não era (é), nem de longe uma forte referência na minha formação que justificasse tal menção ao fator macabro. Gosto muito mais de inúmeros outros artistas da história do Rock, antes de me lembrar em citar o time de Iommi & Cia.

Bem, nessa banda, supostamente eu seria baterista. Confesso, na hora das escolhas de instrumentos, optei por isso, pela simpatia que já nutria pelo instrumento. E gosto ao ponto de afirmar que se pudesse voltar no tempo, teria certamente investido nessa escolha, pois nem pensava no "baixo" nessa época e quando formei minha primeira banda real em 1976, o baixo me sobrou, eu não o escolhi.
 
Com esse delírio da imaginação que foi o "Satanaz", pensei e esbocei desenhar capas para discos, releases (e eu nem sabia tecnicamente o que seria um "release" nessa época), histórico da banda e fichas individuais dos seus componentes, ou seja, senso de organização eu sempre tive e desde os primórdios exerci esse lado meu em bandas das quais fui componente, com exceção de situações onde sutil ou explicitamente fui preterido desse tipo de esforço extra-musical e nem vale especificar isso aqui, neste relato. 
 
E o ápice por se tratar de uma banda que não saiu do âmbito da imaginação: elaboramos um repertório com muitas músicas autorais, criadas de maneira surreal, na base de melodias feitas só a se entoar as ideias criadas, sem critério musical algum. 
 
E sobre as letras, algumas foram até bem razoáveis (para o padrão de adolescentes de quinze anos, que fique bem entendido), pelas quais uma delas chegou a ser aproveitada no tempo do "Boca do Céu", a minha primeira banda de fato, e executada ao vivo, caso de: "O Mundo de Hoje", que apresentamos no palco do Salão de Festas do Palmeiras, em 1977, quando disputamos o Festival Fico, do colégio Objetivo (sobre esse episódio, está tudo contado com detalhes no capítulo do Boca do Céu, nesta autobiografia. Procure no arquivo deste Blog, em postagens de fevereiro de 2015).  
Eis acima, uma peça de memorabilia que pela força das circunstâncias, ganhou ares de portfólio pessoal. Trata-se de uma manuscrito a arrolar o repertório das "músicas" que compusemos e já a fantasiar a existência de dois futuros "LP's" que gravaríamos no futuro. Absolutamente prosaico, ingênuo & infantil, mas adorável pela determinação quixotesca que eu tive!
 
Esse repertório bizarro que criamos, continha músicas com títulos que são verdadeiras pérolas tais como: "Me Chamo Vampiro", "O Encontro dos Amantes", "O Sono", "Cemitério dos Elefantes", "Mina de Escola", "Mensageiro do Além" e outras tantas desse patamar...

A Divina Comédia de Dante Alighiere. em representação de uma pintura medieval feita por Domenico Michelino em 1465

Na mesma época, sob um esforço pessoal e tresloucado eu diria, eu passei a trabalhar sozinho na elaboração de uma "Ópera-Rock", ao denotar a suprema falta de noção, mas ao mesmo tempo a estabelecer a dimensão com a qual eu estava alucinado pela ideia de adentrar nesse mundo, de uma forma concreta. 

Tal absurda obra, chamar-se-ia: "O Inferno de Dante", obviamente inspirada no texto de Dante Alighieri: "A Divina Comédia". Fiquei semanas a gravar precariamente mediante o cantarolar tosco, com um gravador National que eu possuía, esboços de melodias e letras em torno dessa ideia, no meu pequeno gravador portátil. 

É claro que nada do que eu que criei mediante tal esforço tão inocente, deteve qualidade mínima para ser apresentado eventualmente quando me tornei músico de fato, pois tal material era sofrível, mas a intenção foi a melhor possível em 1975 e a determinação de empreender, muito comovente para a minha percepção, ao olhar para trás e me enxergar como um garoto sonhador e com tanto ímpeto. 

Contudo, quando o ano letivo de 1975 se encerrou, a dispersão foi inevitável. Com a separação dos amigos, visto que três de seus componentes foram cursar o 1º ano do ensino médio em 1976, e para tanto, ter que mudar de escola, sob tal fato inexorável, o sonho desmanchou-se tal qual uma nuvem passageira.

Mas eu não me conformei e continuei firme com a determinação de seguir com seriedade nessa planificação e antes mesmo de formar uma banda verdadeira, ainda houve uma tentativa para reorganizar o "Satanaz", no início de 1976, quando mudamos o nome dessa banda imaginária para "Medusa", a buscar inspiração na mitologia grega. 

Nessa aventura sem noção, ficamos reduzidos a um trio e pasmem, houve troca total de instrumentos entre os componentes arregimentados, visto que isso fora na prática, meramente fictício. 

Neste caso, eu seria o guitarrista, doravante... ou seja, esse delírio não durou mais que dois meses, ao ficar restrito a algumas reuniões na residência do amigo, Edson Coronato, no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo. 

Nessa tentativa vã em se construir uma banda, novas músicas surgiram, como: "Fura Pneu" (Fura pneu, na beira da estrada... não tinha macaco, não tinha mais nada"...), "O Vômito" (O vômito... cebola e abobrinha começou a rolar"...). 

Enfim, foram letras bizarras e que se pensar bem, se fossem lançadas por bandas que se alcançaram o sucesso mainstream de forma massiva (nos anos 1990, para situar o leitor), poderiam "estourar", por incrível que pareça...

Ficha a conter o "repertório" do "Medusa", em 1976. Note-se que algumas "músicas" foram herdadas da antiga formação do "Satanaz", e outras novas já mostravam uma mudança no direcionamento das letras, ao se partir para algo mais urbano, ligado ao cotidiano e assim a fugir das fantasias e fantasmagorias.

Então foi isso, o "Satanaz" (e o "Medusa", por extensão), jamais existiu concretamente, mas acho que adquiriu uma importância sutil no processo todo do meu envolvimento com a música.

Carteirinha escolar do ano de 1976, quando fomos obrigados a concluir a oitava série na escola vizinha, com entrada pela Rua Casa do Ator, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, Imperdoável, o funcionário da escola datilografou o meu sobrenome de maneira errônea

Para encerrar o assunto "escola", a notícia que tivemos ao final de 1975, foi de que a partir de 1976, mudar-nos-íamos para o prédio vizinho, aquele que eu vi ser construído em 1970. 

Portanto, a conclusão da oitava série ocorreria na Escola Municipal de 1º Grau Maria Antonieta D'Alkimin Basto. A nossa velha escola seria usado doravante como um equipamento burocrático da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e assim o foi por muitos anos, como uma Delegacia de Ensino. 

Mais recentemente, houve uma nova mudança e nos dias atuais (2016), aquela instalação antiga mudaria de novo e agora sob administração da prefeitura, funciona ali uma escola de enfermagem. 

Foi portanto o meu adeus ao velho prédio, aonde estudei desde 1968 e criei vínculos, mesmo ao ter passado por um hiato entre 1971 e 1972, quando dali me ausentei por força de circunstâncias alheias à minha vontade. Mas não foi uma separação total ainda, pois o prédio novo ficava em tese no mesmo terreno e assim, a mudança seria apenas de uma instalação física porque a ambientação toda, foi a mesma. 

E seria nessa nova escola, em um dia de abril de 1976, que o meu colega de classe, Osvaldo Vicino, que eu conhecera nesse ano, convidar-me-ia para formar uma banda e desta feita, verdadeira, por ele ser já um guitarrista com experiência em torno de dois anos ao instrumento e possuidor de uma, de fato. 

E na quadra de esportes da nova escola, em um dia do segundo semestre de 1976, conheceríamos: Laert Sarrumor. Bem, tais relatos estão escritos com detalhes na autobiografia oficial, basta procurar os capítulos referentes ao Boca do Céu. 

Falo sobre outros aspectos vividos em 1975, agora...

"Baretta" e "Police Woman", seriados policiais com inovações interessantes no gênero

Em termos de TV, foi em 1975 que passei a gostar também de seriados policiais novos (de 1974, com atraso, portanto...), que chegaram, como: "Baretta" e "Police Woman".

"The Omega Man", um filme Sci-Fi com teor apocalíptico, muito interessante e a sugerir uma utopia hippie ao seu final

Um filme lançado em 1971, mas que eu só assisti pela primeira vez em 1975, me impressionou bastante. Chamado: "The Omega Man" e traduzido como, "A Última Esperança da Terra", traz a história de um homem que sobrevivera ao holocausto nuclear total. 

Em tese, esse personagem é o último humano vivo, a andar sozinho pelas ruas de Los Angeles. Mas não foi bem assim, pois o Dr. Neville não estava tão só... bem, um Sci-Fi apocalíptico bem instigante, com direito à seres mutantes e fanáticos a formarem uma seita degenerada e caçar Neville , interpretado por Charlton Heston e ele em si carrega uma esperança de regeneração aos seres humanos, através de uma vacina que criou e por conta dela, crianças salvas por uma dose de um soro milagroso de última hora e lideradas por um bando de hippies: argumento bem setentista, portanto...

Gosto tanto desse filme que escrevi uma resenha sobre ele no meu Blog 1. Confira as minhas impressões através do Link abaixo:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/07/the-omega-man-por-luiz-domingues.html

O espetacular LP "Fruto Proibído", uma grande marco do Rock Brasileiro em 1975, gravado por Rita Lee & Tutti-Frutti

Foi em 1975 também que a propaganda do lançamento do LP "Fruto Proibido", de Rita Lee & Tutti-Frutti foi proeminente na TV e até uma música contida desse disco, se tornou tema de novela e consequentemente, a ser impulsionada como sucesso mainstream. "Ovelha Negra'' foi a porta de entrada para eu conhecer e mergulhar no som do Tutti-Frutti, que foi uma banda de Rock espetacular, sob qualquer análise musical que pudermos imaginar. 

Ajudado também pelas audições no programa, Kaleidoscópio, me tornei muito fã dessa banda, desse disco e do anterior ("Atrás do Porto Tem uma Cidade"), que também acho sensacional.

Disco a conter as canções finalistas do Festival "Abertura" da Rede Globo, produzido no ano de 1975

Claro que eu me entusiasmei com o Festival "Abertura", que a Rede Globo realizou em 1975, ao tentar revitalizar os grandes festivais de MPB, sessentistas. O Festival não teve nem de longe o mesmo élan, mas obteve os seus bons momentos com muitos artistas que já militavam na MPB, a se apresentarem, como: Alceu Valença, Jards Macalé, Hermeto Pascoal e Walter Franco, por exemplo e as performances deles foram bem interessantes. Macalé ao devorar um botão de rosas e cuspir as pétalas, foi bastante performático e divertido.

Na "careta" TV Tupi, mais fechada em nichos tradicionais da sociedade e a dar pouco espaço para a juventude, normalmente, uma tentativa para se aproximar do público jovem, se deu em 1975. 

Chamado como: "Aleluia", foi um dito programa "jovem", a não evitou o ranço popularesco de uma emissora com tal vocação como foi a Tupi. Híbrido, esse programa tentara produzir uma atração cultural salutar, mas não deslanchou justamente por ter esse lado popularesco que incomodou quem estava a buscar outras esferas e talvez desagradasse também o seu público tradicional, que esperava o cancioneiro Pop das emissoras AM e temas de novelas da casa no cardápio da atração.  

Mark Davis, ou melhor, Fabio Junior, foi o apresentador do "Aleluia"

Fabio Junior e Silvio Brito, eram os apresentadores e pareciam serem Rockers em sua intimidade, mas as suas respectivas carreiras, construídas em meio ao mundo popular, não os ajudavam a angariar o respeito dos Rockers. Preconceito da nossa parte? Sim, talvez... todavia, ao mesmo tempo, eles davam margem à desconfiança pelos rumos artísticos que adotaram, para gerirem as suas carreiras, enfim, casa um com as suas escolhas.

Fabio, inclusive, era egresso daquela onda de cantores Pop de rádio AM, que fizeram sucesso ao se passarem por estrangeiros. Muitos cantores se lançaram no mercado a cantarem em inglês, entre 1972 e 1975 mais ou menos, ao seguir esse modismo e usarem assim, nomes falsos, como: Terry Winter, por exemplo. 

No caso do Fabio, ele lançou discos com o pseudônimo de: Mark Davis. Já o Silvio Brito, tentara pegar carona no vácuo de Raul Seixas e outros artistas malditos da MPB, com um pé no Rock, mas igualmente mantinha seu lado popular a lhe atrapalhar, infelizmente. 

Tal programa fez relativo sucesso e chegou a veicular um festival homônimo que seria realizado no autódromo de Interlagos nesse ano de 1975, e pelas atrações prometidas, seria um mini "Woodstock", a apresentar a nata do Rock brasileiro da época. 

Infelizmente, o festival foi cancelado e boatos deram conta que o truculento secretário de segurança pública do estado de São Paulo à época, um senhor adepto de uma ideologia radical, o proibiu peremptoriamente. Não tenho esse dado confirmado, mas por se tratar daquele senhor e de seu modus operandi à frente da Secretaria, não duvido nada que ele tenha sido o protagonista desse cancelamento.

Na segunda foto acima, Bill Haley ao centro da foto, cercado por dois membros da ótima banda curitibana, "A Chave" (Carlos Augusto Gaertner/baixo, à esquerda e Orlando Azevedo/bateria, ao lado direito). Acervo e cortesia de Carlos Augusto Gaertner, que nos dias atuais, é meu amigo  

Ainda a falar sobre a TV, pareceu que após as passagens de Alice Cooper e do Jackson Five, o Brasil do atraso estava a dar sinais de vida inteligente ao entrar na rota dos artistas internacionais. 

Bill Haley and His Comets fizeram shows por aqui e tais apresentações não se restringiram somente às cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, mas a turnê dos norte-americanos visitou outras cidades, caso de Curitiba, por exemplo, onde a ótima banda paranaense, "A Chave", se apresentou na abertura do seu show. 

E houve o especial na TV Tupi, que chamou a atenção de todos (veja como a Tupi tentou se aproximar da juventude nessa época). Bill já era um veterano dos anos cinquenta e reconhecido como um dos pioneiros do Rock'n' Roll, portanto, nessa passagem pelo Brasil, e apesar de estar bem fisicamente, já estava bem mais velho. 

Mas tudo bem, sem demérito por isso e muito pelo contrário, que bom saber que um veterano dos primórdios do Rock cinquentista esteve aqui para shows e entrevistas.

Reportagem publicada na revista Pop, a dar conta da realização do Festival de Iacanga em 1975

Nesse ano também, fiquei alucinado com a notícia de dois festivais que se realizaram. Um deles foi o "Hollywood Rock", que aconteceu no campo do Botafogo, no Rio de Janeiro e o outro, em uma fazenda no interior de São Paulo, onde também a nata do Rock brasileiro setentista se apresentou. 

E este último, "Águas Claras/Iacanga", com clima de Woodstock, em meio a uma fazenda, com direito a lago, barro e natureza, tal como o sonho hippie de 1969, transcorrera!

Eu não pude comparecer em ambos, é claro. Estava a começar a frequentar shows de Rock na cidade de São Paulo, mas daí a viajar para acompanhar festivais hippies e acampar, seria demais para a compreensão dos meus pais. Nem perdi meu tempo em lhes pedir autorização, pois a resposta seria óbvia.

O filme: "Ritmo Alucinante" é um documentário interessante sobre o Festival Hollywood Rock de 1975

Como consolo, o "Hollywood Rock" do Rio de Janeiro, foi filmado em seus "melhores momentos", digamos assim, e no ano seguinte, 1976, foi lançado nos cinemas um documentário com o título: "Ritmo Alucinante". Claro que o assistiria na tela grande, várias vezes nesse ano posterior. 

Outro fato ocorrido em 1975, que comemorei, foi quando soube ao ler na imprensa, que a peça teatral, "The Rocky Horror Show" seria encenada no Brasil e no mesmo ano, o filme oficial também seria lançado. Espetáculo muito interessante, a misturar Rock, com cinema de terror/Sci-Fi e com todas as canções a mencionarem referências dos dois gêneros, para falar de seus clássicos, claro que me interessei.  

Sobre The Rocky Horror Show, escrevi uma matéria a falar sobre a peça e o filme. Eis abaixo o Link para acessá-la:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/02/rocky-horror-show-por-luiz-domingues.html

Nessa altura, mesmo que ainda eu não frequentasse shows de Rock com regularidade (fator que só realizaria de 1976, em diante), eu já ficava a saber sobre eles, por conta da mídia. 

Se não através dos jornais tradicionais, foi pelas revistas especializadas como: "Rock, a História e a Glória" e "Pop", e certamente ao ouvir o programa radiofônico: Kaleidoscópio. 

E claro que ficava com muita vontade de ir assistir ao vivo. Nesses termos, eu fiquei a saber dos shows de lançamento do disco novo d'O "Terço", "Criaturas da Noite", do "Fruto Proibido" de "Rita Lee & Tutti-Frutti", "São Paulo 1554-Hoje", do "Joelho de Porco" e assim por diante.

Nessa altura, eu já era fã também dos grupos: "Veludo", "A Bolha", "Som Nosso de Cada Dia", "Joelho de Porco", "Bixo da Seda", "Made in Brazil" etc. O Rock brasileiro já estava na ordem do dia, em minha vida. Mas eu só fui assistir um outro show de Rock, depois de ter visto os Mutantes em 1974, ao final do ano de 1975, e bingo... foi o meu primeiro show internacional.  

Matéria a repercutir os shows do tecladista britânico, Rick Wakeman no Brasil

Quando o anúncio de que o ex-tecladista do "Yes", Rick Wakeman, faria shows no Brasil e foi confirmado, coloquei como uma determinação pessoal que não perderia essa oportunidade de forma alguma. Comprei o meu ingresso em uma loja de discos do antigo Shopping Matarazzo (hoje em dia funciona ali um shopping moderno, chamado: Bourbon), ao lado do Parque Antárctica, a sede do Palmeiras.  

Mais uma matéria, desta feita publicada na revista "Pop", a repercutir a passagem de Rick Wakeman pelo Brasil

E no dia do show, eu estive acompanhado por dois amigos da escola, o Bernardão que já citei e um outro sujeito chamado, Mário. Chegamos cedo às imediações do ginásio da Portuguesa de Desportos, o popular "Canindé", no bairro homônimo, da zona centro-leste de São Paulo. 

Ali, bem naquela atmosfera mágica que era a de um verdadeiro concerto de Rock, tal ambiente esteve perfeitamente criado, pleno, a conter os seus signos inerentes. 

Um amigo meu me disse, muitos anos depois, que nunca mais teríamos uma simbiose tão perfeita entre artista & público, como nos anos 1960 e 1970. Eu achei isso uma afirmação pessimista, pois otimista que sou por natureza, sempre acho que o dia seguinte vai ser melhor e nessa linha de pensamento, o baixo astral que destruiu o Rock em 1977, há de acabar um dia e nós poderemos enfim resgatar o fio da meada indevidamente rompido e ainda acredito nisso, em tese. 

Entretanto, o tempo se pôs a passar e se ainda eu me mantenho otimista nos dias atuais (2016), é por conta de um fator de determinação tenaz, pois o que esse amigo me afirmou um dia, teve a sua razão de ser. Ou seja, o comprometimento com os ideais era total naquela época e assim, não haviam incautos nas filas de teatros para se assistir shows de Rock. 

Todo mundo ali vibrava e falava a mesma língua. Aquele séquito formado por freaks em dezembro de 1975 (cerca de sete mil pessoas, segundo o borderô oficial do ginásio da Portuguesa), com todos a usarem aquele visual setentista maravilhoso e a se parecerem como  "hippies chic", além do perfume inebriante de patchouly a predominar e as conversas que ouvíamos ao nosso redor não deixavam dúvidas, fora o típico "Concerto de Rock" dos anos setenta.

Logotipo do grupo de Prog-Rock britânico setentista: "Yes"

Vi muitos freaks a usar camisetas com o logotipo de "Yes", em meio à multidão e quando uma moça saiu da fila e colocou-se sob uma posição de destaque ao lado, muito provavelmente para ser encontrada por seus amigos os quais aguardava, foi quando alguém gritou que ela era a "bruxa do Black Sabbath", e de fato, com aquele vestido longo que usava e cabelos negros e longos, havia uma certa semelhança com a fantasmagórica mulher que ilustra a capa do primeiro disco dessa banda.  

Capa do LP "The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table", o terceiro da carreira solo de Rick Wakeman

Sobre o Rick Wakeman, os seus três discos lançados provenientes da sua carreira solo até aquele instante, eram pomposos, no sentido do exagero, é bem verdade, mas são belos ao extremo. Ao investir em uma música sinfônica, com direito a participação de orquestras tradicionais a atuarem junto, ele estava a lançar o seu terceiro álbum, "The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the Round Table", e só pelo título enorme, e mote óbvio, dá para se ter ideia da grandiloquência de sua música a evocar temas históricos e plenos de pompa e circunstância.  

O primeiro álbum da carreira solo de Rick Wakeman, "The Six Wives of Henry VIII", o meu predileto da sua discografia

Na noite em que fui assistir (ele fez dois shows em São Paulo), além desse novo disco executado na íntegra, Wakeman tocou também várias músicas do LP "The Six Wives of Henry VIII", este aliás é o meu disco predileto da carreira solo dele, pelo menos ao se considerar os quatro primeiros, pois depois eu não acompanhei mais com tanto interesse.  

Banda afiada, Wakeman paramentado com a sua capa de lantejoulas super exagerada e a voar entre mais de dez teclados clássicos (e sonho de consumo para qualquer Rocker setentista), e a presença da Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a batuta do bom maestro, Isaac Karabtchsvsky. 

Aliás, este era uma personalidade reconhecida pelo público Rocker, por comandar o programa: "Concertos para a Juventude", que era exibido na Rede Globo, via "Projeto Aquarius", e ao contrário da postura costumeira de arrogância e desdém da parte de muitos músicos eruditos em relação ao Rock, este maestro se mostrava bem mais tolerante, com atitude respeitosa e até elogiosa em algumas ocasiões, sobre o Rock e os Rockers. 

E houve mais uma presença ilustre e que eu apreciei, através do ator, Paulo Autran a se apresentar sentado em uma cadeira de vime, para fazer a locução pontual, a narrar a história do Rei Arthur e sua Távola Redonda. Na qualidade de apreciador de história que eu sempre fui, claro que gostei muito dessa intervenção e mediante a interpretação de um ator de gabarito. 

No dia posterior, eu gostaria de ter ido também, para ver a execução do seu disco, "Journey to the Centre of the Earth", que aliás era o mais famoso da sua discografia e o mais citado na imprensa, além de conter alguns de seus temas muito usados em programas jornalísticos da TV etc.

Rick Wakeman em ação em meio à sua parafernália tipicamente setentista de teclados incríveis

Bem, após tal experiência tão intensa, eu saí absolutamente encantado do ginásio da Portuguesa, por ter visto o meu primeiro show de Rock internacional e assim, em dezembro de 1975, fui brindado com uma experiência forte a reforçar as ideias que estavam a borbulhar na minha imaginação!

Palmeiras, Tricampeão do Torneio Ramón de Carranza em 1975

Sobre o futebol, esse ano não foi tão bom para o meu time, em linhas gerais, por levantar apenas uma taça, o Torneio Ramón de Carranza, na Espanha. E não foi só um torneio qualquer, como já falei anteriormente quando do título de 1974, sobre esse mesmo torneio (o Palmeiras também venceu em 1969, portanto em 1975, foi o tricampeonato nesse torneio). 

O Palmeiras venceu o Real Madrid na final, por 3 x 1 e no time merengue, houve a presença de Paul Breitner, esta da seleção alemã de 1974 e Vicente Del Bosque, que anos mais tarde seria treinador da seleção da Espanha e campeão mundial em 2010. 

Joguei muito em 1975, também, e acredito que foi meu auge como "jogador" de futebol de salão e campinhos a esmo, e cuja boa forma estender-se-ia até 1976. E o "botão", continuou a ser uma distração e tanto. 

Cheguei a cogitar participar de "peneiras" em clubes profissionais e um contato que eu fiz, queria me levar para tentar a sorte na Portuguesa e no Juventus, mas a música já falava mais alto e no fundo, eu sabia que apesar da habilidade conquistada, esta era só para o âmbito escolar, sem condições de aspirar o futebol profissional, portanto, nem alimentei muito essa aspiração. 

Sobre os sons que embalaram o meu ano de 1975, a lista é gigantesca. Tirante os discos que comprei, e a rede de apoio de amigos e parentes demarcada por aquele intercâmbio maravilhoso com fitas K7 compartilhadas fraternalmente, o apoio do programa Kaleidoscópio, foi fundamental. 

O "Sábado Som" ainda existiu em boa parte do ano de 1975 e o "TV 2 Pop Show" também ajudou bastante o fomento da minha determinação pessoal. 

Some-se a isso as publicações e com destaque para a revista "Rock, a História e a Glória", cujos números anteriores que eu havia perdido, antes da edição nº 11 a conter a biografia do The Who (que fora a primeira que comprei), tratei de adquiri-los, todos. 

Deixo daqui em diante, o registro de alguns discos que gostei muito em 1975, independente da forma com a qual eu os escutei.

Eis uma edição do vinil a conter a ilustração da própria capa do LP "Tubullar Bells" do multi-instrumentista e compositor, Mike Oldfield, um artista genial

1) Tubular Bells - Encantava-me essa obra conceitual do artista progressivo, Mike Oldfield. Ainda mais quando li uma reportagem publicada na revista "Pop", que ele gravara o disco sozinho, a tocar todos os instrumentos (e são muitos os instrumentos usados para compor essa suíte musical), em um castelo medieval isolado, na Bélgica. 

Mas não foi só isso, pois o fato de um dos trechos ter sido o tema de abertura do filme de terror: "O Exorcista", também foi excitante. E o maior dos motivos, o trecho final do lado "A", que correspondia ao encerramento como vinheta, do programa Kaleidoscópio, toda noite, assumiu uma atmosfera mágica como lembrança emocionante desse período da minha vida, entre 1975 e 1976. E claro, não importa quanto tempo passe, sempre que ouço esse disco e esse trecho em específico, me emociono.  

Fotos do encarte do álbum duplo: Uriah Heep Live, lançado em 1973 

2) Uriah Heep Live - eu já ouvia esse disco desde 1974 graças às benditas fitas K7, mas foi em 1975 que eu consegui arrumar dinheiro e consegui comprar esse álbum duplo ao vivo, que considero sensacional. A versão brasileira não vinha com o livro de fotos, conforme eu já tinha visto na versão inglesa que um amigo meu possuía, mas mesmo mais simples, gostei muito, com encarte o brasileiro simples, em ter podido levar essa obra dupla, para a minha casa.  

O primeiro e excelente álbum do grupo anglo-germânico: "Lucifer's Friend". Hard-Rock de primeira categoria

3) Lucifer's Friend - O primeiro disco dessa banda germânica mas a contar com um vocalista inglês em suas fileiras, muito me encantou. Não fora nenhuma novidade, por ter sido um disco lançado em 1970, porém só em 1975, no meu caso, foi que uma fita K7 chegou às minhas mãos e acreditem, a gastei no cabeçote do gravador. Que Hard-Rock pesado, melodioso, bem tocado & cantado e sobretudo, inspirado! Mein Gott! 

"Italian Prog", de Augusto Croce, lançado em 2016, é um livro a traçar um bom panorama sobre o fenômeno do Rock Progressivo na Itália dos anos setenta. A cena italiana foi memorável por introduzir ao mundo, dúzias de bandas a atuarem e uma a se mostrar melhor que a outra, mediante um público fanático por tal gênero

4) Foi no programa "Kaleidoscópio" que eu passei a adorar o Rock Progressivo italiano. Já ouvia falar sobre os artistas oriundos desse país desde 1974, ao ler matérias em revistas, mas foi ali no programa do Jaques, que eu pude ouvir alguns de seu principais baluartes, para me tornar fã, principalmente de seu mais famoso quarteto fantástico: "Premiata Forneri Marconi", "Area", "Banco Del Mutuo Soccorso" e "Le Orme". 

Com o tempo, eu viria a conhecer muito mais bandas incríveis da terra da Pizza, mas foi em 1975, que começou esse amor inquebrantável. Dio come ti amo!  

Capa do fantástico LP duplo, Physical Graffti, uma obra monumental (mais uma, aliás), do Led Zeppelin

5) Fiquei louco, literalmente, quando ouvi o novo disco do Led Zeppelin na ocasião. Physical Graffiti é um disco permeado por canções muito fortes e contém climas épicos, grandiosos. Eu só compraria o disco em 1976, mas no programa: "Kaleidoscópio", o apresentador, Jaques tocava todas as faixas, em doses homeopáticas, para se saborear como uma prazerosa degustação.

                               Capa do LP "Stormbringer" do Deep Purple

6) Comprei o LP "Stormbringer" do Deep Purple, logo em janeiro de 1975, mas na verdade, como sempre acontecia no Brasil, os lançamentos defasavam. Nesse ano o Deep Purple estava a passar por mudanças radicais, mas que eu só viria a saber em 1976...

A capa espetacular do LP "Wish Were You Here" do Pink Floyd

7) Via Jaques/Kaleidoscópio, também escutei muito o novo álbum do Pink Floyd, que finalmente chegara ao Brasil. Ao ouvir aquelas faixas incríveis do disco, "Wish You Were Here", ficava encantado com a sonoridade e o caráter cerebral dessa obra. 

E aquela capa, hein? Se a obra de Roger Dean era maravilhosa com as suas pinturas intergaláticas, a equipe de criação da "Hypgnosis", um escritório britânico especializado em arte gráfica e que fez várias capas para o Pink Floyd, fora mais uma vez de uma criatividade ímpar, ao não ficar atrás, embora com proposta visual, completamente diferente. 

Fora a sempre presente marca de estranheza nonsense a evocar surrealismo nas imagens propostas através das capas de álbuns dessa banda.

O sensacional LP "The Power and the Glory" do Gentle Giant

8) Ouvi muito o LP "The Power and The Glory", do Gentle Giant, que me chegou em mãos também mediante uma fita K7. Simplesmente um álbum maravilhoso.

       Painel a conter fotos de diversas bandas dos anos sessenta

9) Aproximei-me ainda mais dos anos sessenta, através do Kaleidoscópio e das leituras que fiz. Não obstante tudo o que eu já gostava desde a época em questão, mesmo por ser criança naquela década, nessa altura da metade da década de setenta eu estava obviamente ainda mais preparado e assim, estimulado a mergulhar profundamente na absorção da obra dos artistas dos anos sessenta, e foi o que fiz em 1975, sob um processo crescente, que entre 1976 e 1978 teria um auge e novos picos de euforia nos anos noventa e início dos anos 2000, conforme inclusive conto em diversos capítulos da minha autobiografia.

O LP "The Cry of Love" do Jimi Hendrix, que eu ouvi muito em 1975

Ao ouvir o trabalho do Jimi Hendrix, Sly and the Family Stone e tantas e tantas outros artistas incríveis dos anos sessenta e cada vez mais, eu fortaleci o sentimento de que representa, verdadeiramente, a década que mais gosto no Rock.

O compositor e cantor, Walter Franco a usar um terno branco e a   caminhar por uma via de São Paulo a noite, na capa do seu ótimo LP, "Revolver", lançado em 1975

10) Apreciei muito o LP "Revolver" do compositor e cantor, Walter Franco nesse ano de 1975 e foi graças ao programa: "Kaleidoscópio", também. 

Aliás, eu ficara muito impressionado pela sonoridade do disco d' O Terço: "Criaturas da Noite" e igualmente em relação ao LP "Snegs" do "Som Nosso de Cada Dia". Ao ir além, se "Tubular Bells" me encantava no encerramento desse mesmo programa radiofônico, eu devo acrescentar que a música: "Massavilha", do disco "Snegs" era a sua abertura e eu a achava (acho), incrível.


Ouça acima a música: "Massavilha", do espetacular  LP "Snegs", do "Som Nosso de Cada Dia", e que abria o programa "Kaleidoscópio", todas as noites entre 1975 e 1976.

É muito mais que uma grande obra musical! O LP duplo a conter a Ópera-Rock "Quadrophenia" do The Who é um marco da história do Rock

11) "Quadrophenia", disco do "The Who" e que se trata de mais que uma obra épica dessa banda fenomenal, mas um emblema, foi um dos discos que eu mais ouvi nesse ano. Uma cópia ficara emprestada por uma boa temporada ao meu primo, Marco Turci, da parte de um colega de escola dele e nós o escutamos muito em sua casa. 

Eu já o conhecia desde 1974, mas nesse ano eu pude enfim escutá-lo muito mais e o disco me arrebatou. Não tenho dúvidas que se já amava o The Who em demasia, depois desse disco, se tornou uma banda icônica para a minha percepção, em todos os sentidos.

A capa de uma coletânea chamada: "Krautrock" a apresentar diversas bandas germânicas pertencentes a tal movimento e todas, espetaculares

Através do Marco Turci, também tomei contato com o som do "Jane", que ele adorava. Banda progressiva alemã, maravilhosa. Já conhecia o "Nektar" há tempos, quando li uma matéria na revista: "Rock, a História e a Glória" a tratar sobre o "Krautrock", a escola germânica de Rock Progressivo, com respingos no experimentalismo e na psicodelia, e daí foi mera questão de tempo para chegar no "Amon Düul II", "Can", "Guru-Guru", "Tangerine Dream" e mais uma dúzia de bandas alemãs, sensacionais.

A capa do LP "Ssssh." do Ten Years After, lançado em 1969. Essa foi uma banda incrível do campo do Blues-Rock, que adoro desde que a conheci

12) Eu que já gostava do grupo de Blues-Rock, "Ten Years After" há tempos, demorou, mas finalmente algumas de suas obras chegaram em minhas mãos... lembro-me bem que o LP "Ssssh.", de 1969, que tocou muito na festa de aniversário do meu primo, Marco Turci em 1975, e pudera, eu controlei a pick up!

A parte interna da capa do LP "Fruto Proibído" de Rita Lee & Tutti-Frutti  

13) O já citado, "Fruto Proibído" de "Rita Lee & Tutti Frutti" também entrou para a lista dos favoritos de 1975. Foi uma audição obrigatória no programa Kaleidoscópio.

Capa do LP "Relayer", um álbum simplesmente espatacular do "Yes", mas que curiosamente é um tanto quanto subestimado. Não é a minha opinião, certamente, pois eu o adoro

14) Outro disco que ouvi primeiro pelas saudosas fitas K7 e que me deixou completamente arrebatado, foi o LP "Relayer", do "Yes". Aliás, há uma história curiosa ao extremo, pois o famoso trecho final da suíte "The Gates of Delirium", que ganhou a alcunha de "Soon" e foi lançada como música separada do contexto da obra (e fez surpreendente sucesso Pop, dessa forma, como se fosse uma música separada), foi usada como tema de uma novela da antiga TV Tupi. 

Ao lhe dar ares melodramáticos, eis que na cena em que o protagonista/vilão da novela, "Ídolo de Pano" (interpretado pelo ator, Denis Carvalho), morre, ao rolar colina abaixo, em plena Praça do Por do Sol, em Pinheiros na zona oeste de São Paulo ao som de "Soon". Eu vi e não acreditei nessa bizarrice...

A capa do LP "Selling England By The Pound" do grupo Prog-Rock, "Genesis", um disco simplesmente maravilhoso

15) "Selling England By The Pound", do "Genesis"... enfim, eu comecei a ouvir esse disco alucinadamente ainda em dezembro de 1974, mas continuei firme nessa vibração em 1975. E logo a seguir, quando ouvi o disco posterior, "The Lamb Lies Down on Broadway",  também fiquei encantado por esse outro álbum.

Talvez este disco do "Black Sabbath" tenha sido o mais louco da sua carreira, exatamente por tratar sobre o tema da loucura como mote básico da obra. "Sabotage", um disco que eu ouvi bastante em 1975 

16) Em 1975, comprei o LP "Sabotage", do "Black Sabbath" e gosto bastante de sua sonoridade, apesar da sua loucura, no sentido da demência mesmo, estar impregnada em suas canções.

Adoro este álbum do "Queen". O LP "Sheer Heart Attack" eu considero uma obra primorosa, do mesmo nível dos dois discos anteriores dessa banda

17) E comprei o meu primeiro disco do "Queen", chamado: "Sheer Heart Attack", que na verdade foi o terceiro da discografia dessa banda. Adoro esse álbum, e sem nenhuma exceção, gosto de todas as faixas.

Uma obra muito bonita, a se tratar de um álbum conceitual, "Spartacus" trata da história do escravo que organizou uma rebelião contra o Império Romano. O Triunvirat, excelente Power-Trio alemão, em grande forma em 1975!  

18) Comprei também o LP "Spartacus" do "Triunvirat", banda germânica, formado por um trio e que detinha uma sonoridade muito parecida com a do "Emerson/Lake & Palmer". A despeito da acusação dos seus detratores de ser uma mera cópia do som do "ELP", eu não comprei essa má impressão e gosto muito da banda e desse disco em específico, que considero, primoroso.

O LP "Return to Fantasy" do Uriah Heep ainda mantém a sonoridade clássica da banda a gosso modo

19) Assim que foi lançado o LP "Return to Fantasy", do "Uriah Heep", eu corri para a loja e o trouxe para casa. Gostei muito do seu conteúdo e da entrada do John Wetton na banda, que é um tremendo baixista, embora eu fosse e ainda sou muito fã do saudoso, Gary Thain, que Wetton substituira na ocasião.

A capa desse disco não contém uma ilustração bonita, eu reconheço, mas o conteúdo é bem agradável. "Hair of the Dog" do grupo de Rock escocês: "Nazareth"

20) Levei para a casa também o LP "Hair of the Dog" do "Nazareth", cuja faixa título gosto muito, com palavrão no refrão e tudo.

"Shinin'On" foi a prova que o "Grand Funk" nos apresentou a dar conta que é possível soar Pop, mas sem perder a pegada do Rock e da Soulk Music, jamais!

21) Quase furei o vinil do LP "Shinin'On", do "Grand Funk", de tanto escutá-lo. E claro, o par de óculos em 3D para que o usuário pudesse ficar a olhar a capa e o encarte com esse recurso, estragou rapidamente...  

Eis a capa do LP "Captain Fantastic and the Brown Dirt Comboy", do Elton John, a se mostrar tão estrambótica quanto os figurinos que ele usava em cena, mas o conteúdo do disco, bem, esse foi mais um petardo que ele lançou nos anos setenta! Espetacular, sem dúvida  

22) Ouvi bastante o LP "Captain Fantastic and the Brown Dirt Comboy", do Elton John, via K7 e também pelo fato de várias canções desse disco terem se tornado sucessos radiofônicos Pop e vou além, gosto imensamente da produção desse artista, na década inteira de setenta. Adoro a banda com a qual ele trabalhou em quase todos esses álbuns, incluso o saudoso, Dee Murray, um baixista de extremo bom gosto.  

A Capa do LP "Tarkus", do super trio progressivo, Emerson/Lake & Palmer. uma grande obra!

23) Foi em 1975 também que eu comprei o meu primeiro disco do "ELP". Já conhecia o som de todos os seus discos até aquele instante, via K7, mas só nesse ano tive o primeiro vinil: o LP "Tarkus".

A capa do LP "Rocks" do grupo de Rock norte-americano, "Aerosmith"

24) Uma banda norte-americana que era considerada muito "nova" no panorama do Rock em 1975, me chamou a atenção de imediato. Chamada: "Aerosmith", tinha um vocalista com um fôlego incomum, com postura cênica, a se revelar acrobática e que nitidamente imitava Mick Jagger, pelo menos fora o que nos pareceu na ocasião. 

Mas eu gostei muito do som de seus primeiros discos que ali conheci através do programa Kaleidoscópio. "Seasons of Wither" com aquele arpejo de guitarra e efeito de ventania a permeá-lo, era (é) muito bonito.   

A capa do LP "Godbluff", uma obra genial da maravilhosa banda progressiva britânica, "Van Der Graaf Generator"

25) O LP "Godbluff", da banda de Rock Progressivo britânica, "Van Der Graaf Generator", que o meu primo, Marco Turci, comprou, é uma das melhores lembranças que eu tenho de 1975. Decorei aquele disco, certamente. Essa banda entrou desde então para a lista de minhas paixões eternas.

A capa do LP "Street Rats" do Grupo britânico, "Humble Pie'

26) Foi em uma tarde de 1975, ao mudar de canal na TV, que  eu me deparei com a capa do então novo disco recém-lançado do "Humble Pie", chamado: "Street Rats". 

Parei nessa emissora para ouvir o que diziam e foi então que eu mirei a apresentadora de programa feminino, chamada: Clarice Amaral, que fazia relativo sucesso na TV Gazeta de São Paulo, na época, e completamente alheia ao universo do Rock, a tecer um comentário dos mais desprezíveis e sem noção que eu já ouvira, movido a preconceito e ignorância. 

Se não conhecia o trabalho do artista, para que falar dele e execrá-lo, movido a idiossincrasia e ignorância? Nunca entendi a postura e só posso deduzir que ela tivera algum problema pessoal com o divulgador da gravadora que levara tal obra à produção de seu programa, pois faça-me o favor... que continuasse a falar de suas receitas de bolo, dicas de maquiagem e tendências da moda, que era o que ela entendia... 

Não foi o melhor disco do Humble Pie, reconheço, mas as bobagens que essa mulher falou, foram típicas de quem não tinha noção alguma sobre o assunto. A parafrasear o Rei da Espanha: -"Por que não te calas?" 

Capas de quatro discos emblemáticos de artistas da MPB, lançados em 1975: "Jóia" e "Qualquer Coisa" do Caetano Veloso; "Refazenda" do Gilberto Gil e "Minas", do Milton Nascimento

27) Eis alguns LP's da MPB que eu ouvi em 1975: "Joia" e "Qualquer Coisa", ambos do Caetano Veloso, "Refazenda" do Gilberto Gil e "Minas", do Milton Nascimento. Gostava da compositora "Tuca", uma artista que hoje em dia é pouquíssimo lembrada, e a dupla Folk-Hippie: "Luli & Lucina".

Tuca: uma cantora e compositora talentosíssima e que foi rapidamente esquecida, infelizmente

Sobre a Tuca, escrevi uma matéria em meu Blog 1. Eis abaixo o Link para você conhecer um pouco da sua história na música :

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/10/tuca-uma-artista-esquecida-por-luiz.html

A capa do LP "Young Americans" do David Bowie, um álbum dedicado à Soul Music e R'n'B, predominantemente

28) "David Bowie largou o Rock e agora quer virar Soul Man nos Estados Unidos"... cheguei a ler manchete de revista assim em 1975, ao dar conta de mais uma guinada camaleônica em sua carreira. De fato, entre 1975 e 1976, ele mergulhou no som de Black norte-americano e o fez bem, ao se cercar de grandes músicos e assim lançar um disco que eu gosto muito, embora alguns críticos sejam ácidos em relação ao trabalho ali contido. Alheio a tais opiniões contrárias, eu gosto de "Young Americans" e claro... Fame..fame...fame... 

A capa do LP "Silk Torpedo" do maravilhoso grupo de Rock britânico,"Pretty Things" que muito brilhou nos anos sessenta e continuou a brilhar nos anos setenta

29) Ao ler matérias nas revistas que acompanhava com muita avidez, fiquei ansioso para ouvir o novo disco do "Pretty Things", uma banda britânica sessentista e sensacional. Naquele meio de década de setenta, o Pretty Things mergulhara no Hard-Rock, com "Silk Torpedo", lançado pela gravadora do Led Zeppelin e com John Paul Jones no comando dessa produção. Mas só muito tempo depois tive acesso à esse disco, já na era do CD....

A capa do LP homônimo do grupo Hard-Rock, "Armageddon", um som poderoso com requinte de Jazz-Rock, inclusive, em sua sonoridade

30) "Ex-vocalista do grupo Blues-Rock sessentista, The Yardbirds, mergulha no Hard-Rock"... muitas notícias que eu li, só pude comprovar tempos depois, pelo inevitável atraso que existia no Brasil. Sendo assim, eu só pude ouvir o som do "Armageddon", uma banda muito afiada, a transitar entre o Hard-Rock e o Jazz Rock, bem depois de 1975.  

A foto acima é de um show da turnê dos Stones em 1975, a primeira com Ron Wood na banda, como o novo guitarrista e com dois músicos de apoio, o espetacular Billy Preston aos teclados e um percussionista com o curioso nome de Ossie Osbourne e que deixou muita gente atônita, por achar se tratar do vocalista do Black Sabbath, mas era só um sujeito com nome parecido... se esse show tivesse ocorrido de fato em São Paulo, teríamos morrido apunhalados, não no palco como diz a letra da canção: "It's Only Rock'n Roll", mas dizimados na plateia pela emoção. E com Billy Preston no time ainda por cima, que desbunde!
 
A rede de boatos sempre esteve a solta, mas em 1975, chegou a ser noticiado em jornais e revistas, que os Rolling Stones haviam confirmado shows no Brasil, a incluir o nosso país na turnê do seu novo disco: "Black and Blue". 

Atônitos, ficamos sem respirar ao imaginar tal evento e o peso que teria em uma época onde o nosso país era tão carente de atrações internacionais. Mais que isso, os Rolling Stones continham peso extra por ser muito mais que uma super banda internacional, mas a se colocar muitos degraus acima dessa qualificação, dada a sua magnitude. 

Teria sido, portanto, algo monstruoso ao nossos padrões, imaginar ter os Rolling Stones aqui em 1975, e nada contra os shows mega que fazem costumeiramente por aqui há anos (dos anos noventa para cá), mas ver os Rolling Stones em 1975, seria uma outra história, pelo fato inexorável de ser à época uma banda com energia artística a todo vapor, a criar e "causar" em relevância para o Rock. 

Nos dias atuais os seus espetáculos são ultra profissionais e admira-se a incrível vitalidade que os seus compoenentes possuem para fazer shows de Rock com três horas de duração sendo septuagenários neste instante, fora a tecnologia ultra moderna que tem à disposição como aparato visual impressionante, mas insisto, ver os Rolling Stones em 1975, seriam outros quinhentos...

           Rolling Stones em 1975... Black and Blue na veia...

Mais que um boato plantado, de fato os nomes das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro estavam impressos na lista oficial de cidades da tounê pelas Américas e todo mundo ficou muito excitado por aqui.
Outdoor de 1975, em Los Angeles, a anunciar datas da etapa americana da turnê de 1975, dos Rolling Stones e a incluir datas na América do Sul, com quatro shows previstos para o Brasil, dois em São Paulo e dois no Rio. Está no canto direito inferior da foto acima.
 
Todavia, uma desculpa esfarrapada qualquer foi usada para justificar o cancelamento dos shows no Brasil e a frustração foi grande. Não existe uma versão oficial e definitiva sobre tal cancelamento, a não ser que eu não saiba disso. Mas pelo que me lembro, o regime autoritário de então, vetou tais apresentações, ao temer convulsões geradas no seio da juventude. Fomos alijados de uma oportunidade ímpar.

O Traffic, uma banda britânica simplesmente espetacular

Outras bandas também foram especuladas sobre possíveis apresentações no Brasil em 1975. O "Traffic", por conta do baterista, Jim Capaldi, namorar uma mulher brasileira na época (Ana Capaldi, mais tarde, sua esposa). E de fato, ele veio morar no Brasil, ainda nos anos setenta, e o Traffic chegou a ser citado na imprensa com possível passagem por aqui, muito por conta dessa ligação de Jim capaldi com o Brasil.

A banda "Santana", então ainda a viver uma grande fase, capitaneada pelo seu líder, o extraordinário guitarrista: Carlos Santana

Mesmo caso de Santana, que já havia vindo duas vezes em 1971 e 1973, mas quase sem divulgação, para realizar shows em São Paulo e Rio. Falava-se que viria novamente em 1975, mas não aconteceu e só pudemos ter esse prazer nos anos noventa.

                          O Pink Floyd em altíssima voltagem em 1975

E mais um boato que agitou o meio Rocker, deu conta que o "Pink Floyd" viria em 1975. Tanto quanto os Rolling Stones, ver o Pink Floyd na turnê do disco "Wish Were You Here", teria sido um desbunde tão grande que não gosto nem de imaginar... e de fato, não aconteceu mesmo, infelizmente.  

O que aconteceu concretamente ao vivo no Brasil em 1975, foi a passagem de Rick Wakeman e a repercussão que gerou, foi grande, apesar de seu som calcado no Rock Progressivo não ser nada Pop em essência. Mas a novidade de um astro do Rock a se apresentar fora um chamariz e tanto, até para o grande público e não só para os Rockers antenados.

Em 1976, aí sim, a situação começou a melhorar com a vinda do "Genesis" e de Joe Cocker, e sob uma progressão, lentamente o Brasil passoua ser cogitado como uma opção pelos artistas e empresários como um país com potencial comercial e com um público Rocker local interessado nessa produção musical internacional. 

Sobre os shows do Genesis e Joe Cocker, falei sobre esses espetáculos com detalhes nos capítulos a respeito do "Boca do Céu", basta procurar o texto da minha autobiografia no arquivo deste Blog.

Para encerrar este capítulo, digo que fui aprovado no ano letivo escolar e finalmente cursaria a oitava série, em 1976. Tal repetição que eu amarguei em 1974, foi um arranjo interessante da natureza, no entanto. 

Atraso de vida aparente, ao lamentar não estar aprovado para cursar a oitava série em 1975, eu não sabia, mas devia ter comemorado, por que em 1976, com a vida a ter um outro formato, eu estaria em outra escola, para cursar o 1º ano do curso colegial, e assim, jamais teria conhecido o guitarrista, Osvaldo Vicino e certamente também, Fran Sérpico, Laert Sarrumor e Wilton Rentero. 

Dessa forma, talvez eu tivesse conhecido outras pessoas e me tornado músico da mesma forma, pois a minha determinação fora essa, muito forte, mas teria sido tudo muito diferente, provavelmente.  

E existiria também a possibilidade de não ter me facilitado a vida para que eu ingressasse no mundo da música se o rumo fosse outro, e assim, esta redação não existiria...  

Portanto, como não acredito no acaso, particularmente, e penso que existe uma lógica no desencadeamento dos fatores de uma equação, eu tive que repetir de ano em 1974, para ficar em outra turma em 1975, e assim conhecer o Osvaldo Vicino, em 1976.  

Família Domingues em 1975, com papai Milton à esquerda, eu, Luiz com a bebê, Ana Cristina, no colo e mamãe Maria Luiza a fazer o click da foto. Foto de outubro de 1975, mais ou menos. Acervo familiar
 
Outro fator que mudou a minha vida familiar bastante nesse ano, foi que em julho, nasceu Ana Cristina, minha irmã e assim, após quinze anos a viver na perspectiva de ser o filho único da família, me vi sob uma nova situação que nem cogitava mais ser possível de ser modificada no meu âmbito familiar. 

O seu nascimento coincidiu com a fase em que coloquei essa determinação de me tornar músico/artista, fortemente em mente, portanto, na ótica dela, ao me observar ao longo de seu crescimento, desde o berço, ela só me conheceu cabeludo, em meio à instrumentos e situações a envolver a música.  

Bem, esse foi o panorama geral sobre como o ano de 1975, me impactou. Foi ali, no segundo semestre de 1975, que o estalo para querer ser músico, de fato, aconteceu. E tal determinação me jogou nessa realidade a partir de 1976, ainda que o processo inicial de desenvolvimento como músico, fosse bem lento e somente em meados de 1978, eu me sentisse enfim um iniciante razoável e apenas em 1979, fosse de fato me aventurar profissionalmente, em trabalhos paralelos às bandas onde fui membro oficial e devidamente relatados em capítulos específicos da autobiografia ("Trabalhos Avulsos"). 

Para efeito de organização, este capítulo antecede diretamente o primeiro capítulo da história do Boca do Céu, a minha primeira banda real, criada em abril de 1976. 

Sobre os quatro primeiros meses de 1976, eu já dei um esboço antecipado aqui mesmo neste capítulo que cobriu o ano de 1975. 

Doravante, como já havia explicado anteriormente, publicarei material concernente a todas as bandas por onde passei, incluso a citar os trabalhos paralelos extra/bandas. Seguirá pela ordem cronológica idêntica a da autobiografia. 

Todavia, o assunto não se esgota por aí, pois ainda acontecerão os adendos à autobiografia, na forma de crônicas e atualizações da carreira no momento pós-abril de 2016, ponto onde eu encerrei o texto autobiográfico oficial.

Agradeço ao leitor que leu com atenção este complemento, a cobrir os quinze anos iniciais da minha vida, antes de eu começar oficialmente a carreira musical, e assim a explicar como a música me influenciou e me cativou ao ponto de eu querer fazer parte dela. 

Fatos pessoais como a vida escolar e familiar foram acrescidos, pois julguei serem importantes para uma melhor compreensão do contexto todo, mas com a devida parcimônia, certamente, pois o foco é outro do meu relato. 

Meu muito obrigado pela atenção, até aqui.

E siga a me acompanhar, por favor!