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domingo, 19 de junho de 2016

1969 - Minha Ligação Inicial com o Rock, na Infância e Começo da Adolescência - 1969: Ao Partir para o Mundo da Lua - Por Luiz Domingues

A década de sessenta foi notabilizada por apresentar estímulos culturais muito fortes, ao exibir fatos grandiosos e a acontecerem o tempo todo, estampados nas manchetes dos jornais. E assim despertou debates acalorados no âmago da sociedade que a vivenciava sob o olhar perplexo, ao parecer não estar a contabilizar todas as novidades com a mesma rapidez com a qual elas se apresentavam, portanto, claro que o quinhão da corrida espacial teve o seu papel e este foi muito forte.  

Por forte propaganda, é claro, e com óbvias intenções políticas, a opinião pública foi massacrada pela cobertura da corrida espacial. A intenção foi usar isso como um trunfo ideológico e a cada milímetro que norte-americanos e soviéticos avançavam nessa corrida, tais feitos foram espetacularizados através da mídia de tal forma a fazer com que a população, mesmo as pessoas mais humildes e alheias aos avanços da ciência, se interessarem e acompanhassem as missões Gemini e Apollo da parte dos norte-americanos e Sputnik, Vostok e Soyuz, pelos soviéticos. 

Então, dá para imaginar o efeito devastador que essa cobertura nos meios de comunicação causou para um garoto com nove anos de idade e entusiasta dos filmes Sci-Fi, "Lost in Space", "The Invaders", e "Star Trek", além dos gibis de Super-Heróis, sempre a falar sobre alienígenas?  

Lembro-me bem, o domingo, 20 de julho de 1969, foi um dos dias que mais esperei chegar. E já vinha a acompanhar dias antes, passo a passo, com a transmissão da partida da nave em Cabo Canaveral, Florida e boletins diários (-"eles já estão na órbita da Terra", "já estão a "X" mil kilometros da Terra", entraram na órbita da Lua").

Portanto, quando o domingo foi anunciado como o dia oficial da chegada da nave à Lua e com transmissão ao vivo pela TV, eu mal pude acreditar que seria uma testemunha da história. E aos nove anos de idade, com a minha formação inspirada por literatura Sci-Fi, eu esperava, inocentemente, ser possível que os astronautas pudessem achar vestígios de alguma civilização alienígena e nem precisava ser algo grandioso. Pequenos objetos estranhos já fazer-me-iam pular pela sala de estar de minha casa, tamanha a minha euforia infantil.  

Mas não ocorreu nada extraordinário, é claro. Já era sabido pelos cientistas que o satélite em questão, era inóspito, sem gravidade, sem ar, sem nenhum resquício de vida sequer. Se tratava apenas de uma formação rochosa gigante e que não tinha nada além de pedra e areia... portanto, gostei muito da expectativa toda, a se tratar do primeiro passo humano com aquela bota enorme a deixar uma pegada na Lua ("um pequeno passo para um homem, um salto gigante para a humanidade"), que tirou a minha respiração, mas o desfecho foi deveras decepcionante. 

Por favor, me tragam o Dr. Smith, o Robot, Will Robinson, Spock & Kirk, David Vincent e o Surfista Prateado! Estes sim, eram artífices muito mais interessantes para lidar com a exploração espacial e a lidarem com alienígenas exóticos, na minha avaliação em 1969 

Alguns dias depois, eis que a chegada do módulo com os astronautas a cair no oceano, também foi transmitida ao vivo. A professora substituta, que estava a ministrar aulas na ocasião, por um afastamento momentâneo da minha professora titular, Dona Maria Tereza, propôs que a nossa classe fosse inteira até à sua residência, bem no meio da tarde, em pleno horário de aulas, para assistirmos na sua sala de estar familiar, tal evento. 

A sua ideia foi justificada para as crianças, como uma oportunidade importante para obtermos uma atividade extracurricular com teor científico & histórico e que de fato, o foi mesmo, é claro. Mas ao me recordar dessa passagem, anos depois, não consigo também não pensar que a estratégia dessa mocinha teve dupla intenção e assim, ele obviamente arrumou um meio para descansar das maçantes horas a aturar pirralhos, em contraste com a vontade pessoal dela para assistir o evento, é lógico. E nesse caso, o seu poder de persuasão em convencer a diretora a permitir que essa pequena loucura fosse realizada fora da escola, foi genial.

E lá fomos nós, cerca de trinta e oito crianças a caminharmos do portão secundário da escola, que ficava na Rua Casa do Ator, para a residência dela, na mesma rua e situada no outro lado da calçada. 

Acomodamo-nos em sua sala de estar, que era bem pequena. Amontoados, em meio àquela porção de crianças sentadas pelo chão, onde foi possível ficarmos e com os olhos fixos na velha TV em preto & branco, vimos a transmissão bem maçante, mas com o locutor, Hilton Gomes, a lhe conferir um ar emocionante, ao nos fazer crer que se tratara de algo épico. 

Foi mesmo, devo admitir, mas longe de ser algo estimulante para crianças entre oito e nove anos de idade, ao vermos um bólido cair no meio do oceano, para ser resgatado pelos marinheiros norte-americanos e mais nada de emocionante para mostrar...  

Outra típica foto de escola, lá estou eu de novo, Luiz Domingues, no cenário montado improvisadamente no pátio da minha escola, durante o período de recreio, em uma tarde qualquer de 1969. Acervo familiar
 
Ainda a falar de escola, em 1969, eu já havia me descontraído bem mais e havia enfim, estabelecido algumas amizades, mas sem no entanto mudar minha característica pessoal em me portar com calma e discrição. 

Eu gostava muito da professora, Dona Maria Tereza e ela, ao perceber o meu apreço pela escrita, me estimulava a escrever redações, mesmo quando isso não havia sido proposto como um exercício exigido, coletivamente. 

Em momentos aonde houvera o exercício da criação livre a estimular a imaginação das crianças e nos quais a maioria preferia desenhar, Dona Maria Tereza me propôs a criação de textos, e sobre tais textos, ela os levava para a sua casa e os trazia corrigidos sob o ponto de vista gramatical e ortográfico e sempre fazia uma observação sobre o meu desempenho, para me incentivar a prosseguir a escrever.

Tirante a chegada do Homem à Lua, três fatos marcantes ocorreram em sala de aula, que são lembranças queridas. A primeira ocorrência foi que a professora incentivou as crianças a convidarem os os seus respectivos pais para serem entrevistados, com o objetivo de cada progenitor falar sobre a sua profissão. É interessante observar que a mentalidade machista da época demarcara sem questionamentos de ninguém, e haja vista da própria professora, que os pais trabalhavam para sustentarem as suas famílias, mas as mães, eram apenas donas-de-casa.  

Nem todo pai compareceu, é claro, pelo horário inadequado, mas muitos se prontificaram a colaborar e foi bastante estimulante ter o "seu Milton", meu pai, ali a falar sobre seu trabalho, quando explicou o funcionamento da Câmara Municipal, o que faziam os vereadores e como funcionava a máquina legislativa municipal. 

Um dos mais ovacionados, foi o pai de um amigo meu, chamado, Wlademir, que por ser um marceneiro muito habilidoso, levou consigo alguns artefatos que produzia com madeira, além da sua caixa de ferramentas para as crianças examinarem

Na entrada da nossa residência, na Rua Quatá, eu, Luiz Domingues, ao lado de mais um Volkswagen que o meu pai teve na década de sessenta. Este em específico, detinha uma cor exótica, fora das cores tradicionais da montadora, por ser um tom de dourado bem forte e que logo ganhou o apelido de "douradinho", a chamar a atenção nas ruas. O meu pai está ao volante para posar na fotografia. No canto superior esquerdo, há um pedaço da fábrica de televisores, com os seus dois galpões industriais, bem grandes. Foto de 1969, em uma tarde após o almoço familiar, ao me preparar para ir para a escola e meu pai, voltar ao trabalho. Acervo familiar.  

Outra atividade escolar muito estimulante, ocorreu quando certo dia, a classe formulou perguntas para alguns artistas idosos que moravam em um retiro chamado: "Casa do Ator", na rua que ostentava o mesmo nome justamente por isso e tal instituição era vizinha da nossa escola, pela face do enorme pátio que tínhamos. 

Tratava-se de uma instituição que dava abrigo aos artistas veteranos e sem recursos no final de suas vidas, ou seja, foi um asilo corporativo. A maioria dos idosos que ali moravam haviam sido artistas circenses, mas a justificar o seu nome que evocava a dramaturgia, haviam alguns veteranos atores, também. 

E o pai do meu amigo, Wlademir (sr. Orlando Chiari), criou um simulacro de microfone, todo estilizado de madeira, para as entrevistas serem conduzidas pelos alunos, com o qual nos presenteou. Sentimo-nos "importantes", como verdadeiros jornalistas a usarmos tal artefato durante outras entrevistas que ali foram conduzidas.

E finalmente, a terceira atividade escolar que me marcou em 1969, foi quando a professora instituiu um dia para  a apresentação de atividades artísticas entre os alunos, como um show de "talentos". 

Fomos artistas e plateia, uns para para os outros. Nessa época eu nem pensava em pensar na música como uma possibilidade de envolvimento concreto para a minha vida, embora estivesse a apreciá-la cada vez mais. E além do mais, eu não tinha contato algum com instrumentos musicais. 

Por isso eu escolhi um show de mágica, por que o meu pai havia me presenteado com um jogo de ilusionismo, chamado, sugestivamente como: "Houdini", que continha um kit com alguns truques básicos a envolver cartas de baralho, lenços que se se enrolavam e desatavam o nó de forma surpreendente, pequenas transformações a envolver a química, como água a se tornar "vinho", mediante algum reagente "secreto", moedas "mágicas" que desapareciam e surgiam em lugares inusitados etc. 

A minha mãe confeccionou uma capa e uma cartola bem improvidas para eu usar. Treinei durante a semana inteira para não falhar e me envergonhar e lá fui eu para a apresentação. Todavia, a gritaria dos coleguinhas mais preocupados em me desmascarar, frustrou a minha expectativa de haver uma boa condução da minha performance. Bem, admito que não fui nada convincente como "mágico", essa foi a verdade. 

Fora disso, em 1969, o segundo ano primário foi muito tranquilo, com a segurança adquirida por estar ambientado e com uma professora muito compreensiva, que eu gostava muito. 

Só fiquei triste (e toda a criançada da classe), quando no último dia de aula, ela nos comunicou que no 3º ano, que cumpriríamos em 1970, ela não estaria mais conosco e que uma nova professora ministraria as aulas doravante. Mas assim é a vida, aprendi que as pessoas entram e saem o tempo todo de nosso convívio social. 

Expresso mais uma vez aqui o meu agradecimento à Dona Maria Tereza Rebouças da Silva, por toda a ajuda que me prestou em 1968 e 1969, não só pelas aulas, muito importantes por si só, mas também pela sua docilidade e principalmente pelo incentivo que me deu para que eu desenvolvesse a verve da escrita, ao perceber o meu apreço pela atividade. 

Dedico os capítulos sobre 1968 e 1969 deste relato, à essa bondosa professora, da qual nunca mais tive notícias e que ao elaborar tais relatos, pesquisei na Internet para saber alguma notícia sua e nada encontrei, infelizmente. Espero que esteja viva e bem e deduzo que tenha a idade octogenária, ou quase isso, nos dias atuais, 2016, em que escrevi estes capítulos.

Como o último ato do meu ano letivo de 1969, mediante o boletim nas mãos dos meus pais e a notificação que estive aprovado para cursar o 3º ano do curso primário no ano subsequente, 1970, nesse mesmo dia da reunião escolar de fim de ano letivo, os meus pais planejaram comemorar a minha façanha escolar e nós seguimos então para o bairro do Brooklin, onde jantaríamos em um restaurante famoso ali estabelecido, perto da marcante estátua do 'Borba Gato", um ícone do bairro. 

Chovia, nesse que foi um dia do início de dezembro e no cruzamento da Avenida Santo Amaro com a Avenida Morumbi, vimos uma senhora parada na ilha de separação entre as pistas a tentar atravessar imprudentemente com um tempo curto ante um carro que se aproximava. Foi imprudência dela, certamente, pois ali continha semáforo, bastava esperar, mas ela achou que dava para atravessar e não contava que a pista molhada a traísse com um escorregão ocasional. 

Daí em diante, veio a freada e a visão terrível da cabeça dessa senhora a se chocar com o farol esquerdo de um Karmann-Ghia branco e como consequência, o sangue e a água da chuva a se misturarem na pista. 

Meu pai abandonou o nosso carro de imediato e foi socorrer a senhora acidentada. Uma ambulância chegou relativamente rápido ao local do acidente e a levou para o hospital mais próximo e nunca mais soubemos de seu estado de saúde e nem mesmo o seu nome. 

Só sei que meu pai usava um terno branco nesse dia, que ficou inutilizado depois do banho de sangue que levou, ao se misturar à água da chuva e assim, o nosso jantar foi cancelado. E pior que isso, a cena horrível ficou perpetuada na minha memória.

No campo da cultura...

Ainda a aproveitar o gancho escolar com o qual tratei acima, o fato de estar bem melhor alfabetizado, com o segundo ano completado, fez com que minha vida como leitor voraz, se intensificasse. Além dos gibis e dos jornais e revistas que vinha a devorar desde 1968, quando juntei as sílabas primordiais e comecei a entender a linguagem escrita, os livros entraram com força na minha vida. 

Em uma primeira instância, passei a ler a biblioteca caseira, a priorizar coleções que eu já tinha desde a tenra infância, como os contos dos Irmãos Grimm e os tomos da enciclopédia "Trópico", que eu adorava desde 1963, mas que só havia absorvido parcialmente por conta de ouvir a minha mãe ler em voz alta, a suprir o meu analfabetismo daquele instante. Nesta nova situação de 1969, com uma melhor desenvoltura, ao me sentir independente nesse quesito, eu os li, finalmente por minha conta e no caso dos tomos do "Trópico", foram muitas releituras.

Para acrescentar novas perspectivas nesse campo, seis coleções com muitos tomos cada, entraram com tudo na minha vida entre 1968 e 1970, graças à onda de livros lançados através de capítulos avulsos em forma de fascículos, nas bancas de jornais, com o objetivo de serem encadernados a posteriori, com a capa dura a ser vendida ao final dos capítulos entregues na própria banca de jornais e assim a forçar a fidelização do cliente com a editora, banca e para a oficina de encadernação. 

Foram típicas produções da Editora Abril Cultural, que eu ganhei da minha madrinha, que teve a paciência de comprar os fascículos por meses a fio, encaderná-los e entregar-me prontos, como presente. Duas coleções foram de história, uma de geografia, outra de psicologia/comportamento/sociedade, um dicionário da língua portuguesa, bem robusto, em três tomos, e a última, a conter histórias bíblicas, também em três volumes e com um livro pequeno como complemento, a apresentar biografias de santos da Igreja Católica.  

As coleções de história se chamavam: "Grandes Personagens da Nossa História" e "Grandes Personagens da História Universal". Muito apreciador da matéria e desde muito pequeno, claro que fiquei enlouquecido com as duas coleções, que guardo com muito carinho, até hoje.  
A coleção sobre geografia, se chama: "Geografia Ilustrada", que eu gostava muito, também, mas que obviamente ficou defasada, muito rapidamente, com as mudanças óbvias da Geopolítica e dos índices sociais, naturalmente.  

E a mais intrigante e que coincidiu com o fim da infância e começo da chamada "pré-adolescência" (esse termo, aliás, nem era usado na época e a mentalidade usual era a de que a infância se prolongasse até os treze/quatorze anos e a adolescência começasse lá pelos quinze, sem fase intermediária entre as duas), foi: "O Livro da Vida". 

Praticamente um livro a enfocar aspectos da psicologia, sociologia e ciências sociais em geral, este me chamou a atenção para os temas adultos, de uma forma singular.

Aprendi muitas coisas sobre o comportamento humano, do ponto de vista psíquico e socioantropologico, ao ler as matérias dessa coleção, assim como foi uma boa introdução ao estudo do funcionamento geral da sociedade. Claro, com a devida ressalva da obra conter teor superficial e coloquial e eu, parca contribuição dos assuntos retratados.

Devo dizer no entanto, que anos depois, ao rever tais matérias, me tornei crítico de muitos pontos de vista ali expressos. Não obstante tais ideias terem sido publicadas entre 1969 e 1970, a visão dos psicólogos e sociólogos que forneceram o suporte aos redatores que os escreveram, é muito conservadora e em muitos aspectos, ali se atacou com veemência a contracultura, sem fazer a leitura isenta, mas pelo contrário, ao expressarem opiniões sem nenhum embasamento plausível a não ser pelos preconceitos enraizados e na base da idiossincrasia pura. 

Ainda bem que eu desenvolvi um senso crítico para separar as opiniões e não aceitar assim as afirmativas ali expressas, sob vários aspectos, como uma verdade inexorável segundo essas pessoas enxergavam o seu mundo conservador.

Mas o importante em 1969, foi que os livros estiveram presentes na estante de casa, e então alfabetizado, eu pude desfrutar deles!

A falar sobre TV...  
Bem, se "The Mod Squad" foi o meu seriado policial predileto desde o ano anterior, nesse ano de 1969 (e assim permaneceria nos anos vindouros e eternamente, eu diria), passei a gostar também bastante de "Mannix", cujo tema musical de abertura eu reputo ser um dos mais belos da história da TV, e claro, assinado por um mestre, o compositor & maestro, Lalo Schifrin.  
"Joe 90", a conter a mesma estética de "Thunderbirds" (filmagem com marionetes de plástico), foi muito interessante, ao apresentar a saga de um cientista jovem e fora de série.  
"Tarzan", com o ator, Ron Ely, apesar de destoar do Tarzan dos filmes trintistas que eu adorava (com o anti-ator tosco, Johnny Weissmüller), era bom, e eu me afeiçoei ao seriado. Tudo bem, foi um Tarzan modernizado que dirigia jipe, falava bem e parecia um sujeito civilizado normal, mas eu gostava do seriado, mesmo assim ao quebrar a tradição do personagem selvagem, sem contato com humanos.
"Lancelot Link", foi um seriado feito com macacos estilizados como agentes secretos, e era hilário. Aliás, a seguir a tendência da época, haviam aparições de bandas de Rock com chimpanzés cabeludos, como seus componentes!
"The Flying Nun" ("A Noviça Voadora"), foi sem dúvida um dos mais adocicados e tolos seriados já produzidos e naturalmente que não continha um mote que me agradasse integralmente, mas apesar de seu excesso de candura piegas, eu gostava da atrapalhada, irmã Bertrile (Sally Field). "Daktari" e "Jim das Selvas" também entraram no meu cardápio de seriados de aventuras. 
E "Night Gallery" ("Galeria do Terror"), entrou para o meu rol de favoritos. Se já adorava "The Twilight Zone", foi mais do que natural que seguisse com entusiasmo outra série produzida pelo grande, Rod Serling, e mesmo ao ser menos Sci-Fi e mais centrado no terror, eu gostava imensamente daqueles contos com atmosfera lúgubre, muito semelhantes aos filmes da produtora britânica, Hammer, embora esta fosse uma produção norte-americana.  

Muitas séries mais antigas e que estavam na grade da TV em reprise, eu passei a gostar, também. Apesar de ser um dramalhão quase em tom folhetinesco de novela, gostava de "Peyton Place" ("A Caldeira do Diabo"), que quando descobri, achei ser algo relacionado ao terror, por conta de seu nome traduzido para o português, mas logo notei que se tratava de mais um título ridículo que um "gênio" do marketing inventou, a destoar completamente do título original em inglês, mas a querer denotar a presença de uma rede de intrigas como mote. 

Na verdade, foi uma alusão infeliz ao fato da série ser ambientada em uma minúscula cidade interiorana norte-americana, e haver uma rede de fofocas e intrigas entre os seus habitantes. Em suma, a se tratar de quase uma novela mexicana, mas tudo bem, Mia Farrow bem nova, fez tudo valer a pena!

E ao falar em espionagem e aventura, gostei do seriado: "O Santo", uma produção que eu já acompanhava em 1965, mas que voltei a assistir em 1969. E claro, "The Avengers", uma série britânica sensacional, baseada em espionagem.

"Garrison's Gorillas", foi sensacional igualmente, por ser ambientada na Segunda Guerra Mundial e inspirada no filme: "The Dirty Dozen", em que soldados degenerados recebem o perdão de seus crimes ao aceitarem formar um esquadrão para missões de alta periculosidade. Bem, seriado ambientado na Segunda Guerra Mundial, nem precisava ser bom para eu gostar...

Quando a TV Record anunciou que "Lost in Space" ("Perdidos no Espaço"), sairia do ar e uma nova série de Irwin Allen a substituiria, eu fiquei muito contrariado. Como assim não vai passar mais (?), pensei eu ingenuamente ao não levar em consideração que o seriado encerrara a sua atividade, simplesmente. 

E nessa época, nem sonhávamos com videocassete, que mal havia sido lançado na América do Norte e no Brasil entraria no mercado só em 1982... portanto, e agora? Nunca mais vou ver o Dr. Smith em ação? 

Então, quando os primeiros episódios de "Land of the Giants" ("Terra de Gigantes"), começaram a serem exibidos, confesso que os assisti com uma certa prevenção, ao não admitir que gostava...  

O ator, Kurt Kasznar, a interpretar o personagem "Fitshugh", um vilão velado a la Dr. Smith em "Terra de Gigantes", porém, com muito menos carisma

Cheguei a adquirir um sentimento de raiva recôndita em relação ao personagem: "Fitshugh"(interpretado por Kurt Kasznar), pois não admiti de imediato, que um vilão "inferior" substituísse o meu querido "amigo" inescrupuloso, o Dr. Smith (Jonathan Harris).

Claro, com o tempo eu me pus a deixar de lado a má e tola impressão e assim, passei a apreciar declaradamente a saga dos passageiros da nave, "Spindrift", que desejavam apenas viajar de Los Angeles à Londres naquela nave supersônica, do "futuro de 1983" e ao entrarem em um portal dimensional inexplicável, foram movidos para um planeta igual à Terra, mas com um detalhe diferente, apenas: todos os seus habitantes eram gigantes e os terráqueos, "Little People", ou "pequeninos" como a dublagem em português traduziu e imortalizou entre nós! 

Não é a minha série predileta do Irwin Allen, continuo a considerar as demais que já citei amplamente em capítulos anteriores, melhores, mas aprendi a gostar bastante de "Terra de Gigantes" e inevitável, quando coloco para funcionar os  DVD's dos dois Box Set que possuo com a série completa, assisto os capítulos com muita nostalgia a relembrar dos muitos domingos de 1969 e 1970, em que vivi a assisti-la.
Em 1969, acompanhei e apreciei muito uma série ambientada no velho oeste (mais uma), chamada: "High Chaparral". Sei que já elogiei muitas trilhas de seriados, mas devo ressaltar que o tema de abertura de "High Chaparral", é de uma beleza ímpar, com aspecto típico típico do estilo Country & Western e muito vibrante, tanto quanto o tema de abertura da série, "Bonanza".  

Em termos de desenhos animados, eu estive a conhecer e apreciar obras como: A Corrida Maluca, Breezly & Sneezly, A Família Buscapé, a safra da Deppatie-Freleng (A Formiga e o Tamanduá, Tijuana Toads, Rolland and Rattfink etc), que foram animações que acompanhei com bastante interesse. 

Sobre filmes na TV, nessa altura de fim de década, a produção sessentista mais recente também já era exibida na grade da TV, embora as sessões com filmes clássicos das décadas de vinte em diante, continuassem a serem exibidas, fartamente. Filmes feitos quase em tom de seriado, com curta duração, como os que enfocaram Sherlock Holmes (com Basil Rathbone a interpretar o Sherlock, que foi um ator que eu reconhecia igualmente dos filmes em que ele participara, do dito gênero, "capa e espada", dos anos trinta, e quarenta), e Charlie Chan, ou seja, dois personagens sensacionais da literatura policial em filmes das décadas de trinta e quarenta, com ambos os personagens, ótimos.  

E foi por volta de 1969 que eu também comecei a ter contato com filmes de arte europeus, mas através da TV, ainda. Assisti alguns filmes de Fellini e Truffaut na TV, nesse ano e um mundo novo se abriu à minha frente.  

Um filme que fora produzido na verdade nos anos cinquenta (falo do remake de 1959, pois tal história já havia sido realizada como filme, nos anos trinta), e que quando foi exibido pela TV Excelsior em 1969, gerou comoção além do normal, foi "Imitation of Life" ("Imitação da Vida"), um drama de bom nível, é verdade, a narrar a saga de uma mulher e de sua filha a tentar sobreviverem com a ajuda da empregada doméstica e também mãe de uma menina da mesma idade da filha da patroa, que culminam em serem criadas, juntas. 

Então elas ficam ricas, pois a empregada criara uma panqueca de receita inimitável e que industrializada, faz enorme sucesso. Até aí nada demais, uma história sobre superação, mas o conflito racial por conta da filha da empregada que por ser mulata queria ser tratada como "branca", dá a tensão ao filme, pois ao maltratar a própria mãe por conta de sua rejeição à própria raça, causa a comoção. 

O enterro da mãe negra, ao estilo dos cortejos fúnebres de New Orleans, gerou choradeira e de fato, a audiência naquela noite foi tão expressiva que foi motivo de notas nos jornais, no dia seguinte. "São Paulo chorou", como disse o apresentador popular, "Bolinha", ao ver a arrependida personagem, Sarah Jane, a correr aos prantos atrás do carro fúnebre que conduzia o caixão de sua mãe. 

Sinceramente, gosto mais da versão dos anos trinta (1934, para ser preciso), com a atriz, Claudette Colbert, mas essa versão mais melodramática é boa, também, apesar dos excessos. 

Lembro-me com saudade das sessões com filmes épicos por ocasião da Semana Santa de 1969. Ter visto canastrões como Victor Mature e Charlton Heston em ação a interpretarem heróis bíblicos, se constitui de uma lembrança boa que eu guardo sobre esse ano em específico.  
Eu adorava assistir os filmes "Western de um ator chamado, Audie Murphy, e me tornei ainda mais seu fã quando descobri que ele fora um herói de guerra "de verdade", na II Guerra Mundial, condecorado e tudo que se tornara ator por acaso.  
Também foi por volta de 1969 que eu assisti os meus primeiros filmes do diretor britânico, Alfred Hitchcock. Fiquei louco por "Saboteur" ("Sabotador") e ""Dial M for Murder" ("Disque M para Matar").  

Sobre "Saboteur", eu escrevi uma resenha em meu Meu Blog 1. Eis o Link abaixo para checar minhas impressões sobre tal obra: 

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/06/saboteur-hitchcock-teoria-da.html 
Tornei-me muito fã do ator, Sidney Poitier, ao ver alguns de seus filmes que já passavam na TV, provenientes de sua filmografia do final dos anos cinquenta e início dos anos sessenta, mesmo caso dos filmes do Jerry Lewis e da "Turma da Praia", com Frankie Avalon & Cia, produções do começo da década e claro, a filmografia do Elvis até então, incluso, "King Creole", que é o meu filme predileto do Rei do Rock.

Um programa muito soturno e que beirava o mau gosto pelo seu caráter tenso ao estilo de um verdadeiro "Tribunal da Inquisição", foi uma atração da TV Record que se chamou: "Quem Tem Medo da Verdade?". 

Com um tom de condução perverso, um promotor atacava um réu, que era sempre uma personalidade do mundo artístico, social ou esportivo e mesmo que o seu "advogado" (geralmente uma celebridade, igualmente), argumentasse bem, o tribunal do júri quase sempre condenava a personalidade, sob um tom sombrio, carcomido por preconceitos arraigados.

Escrevi uma matéria a falar dessa atração de mau gosto na TV, a conter mais detalhes, no meu Blog 1. Eis abaixo o Link para saber mais sobre tal atração televisiva:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2015/05/quem-tem-medo-da-verdade-por-luiz.html

                        O controverso jornalista, Clécio Ribeiro

Outro programa polêmico que surgiu nesse ano de 1969, foi comandado por um jornalista chamado: Clécio Ribeiro. Sujeito temperamental e conhecido pelas grosserias (era um dos "jurados" mais agressivos de "Quem Tem Medo da Verdade", que citei acima). 

Nessa outra atração que esse jornalista apresentava na TV Bandeirantes, o seu foco foi "provar" com todas as evidências que fomentaram a lenda urbana em voga, que o baixista dos Beatles, Paul McCartney, havia morrido em 1966, e que a banda estava desde então com um sósia em seu lugar. 

A lenda urbana existia de fato e a quantidade de supostas evidências, se mostrava enorme, contidas em diversos "sinais" espalhados pelas capas dos discos, nas músicas em si e nos promos da banda para o cinema e TV. Clécio se exaltava com as capas dos discos e fotos nas mãos, colocava trechos de músicas que teriam "mensagens codificadas" e mediante o seu estilo agressivo, segurava a audiência, semanalmente nessa ladainha, cujo mote ele aproveitava das matérias saídas na imprensa sensacionalista britânica em torno dos tabloides, especialistas em fomentar teoria da conspiração e mentiras em profusão.

Sobre essa lenda urbana, também produzi uma matéria, que aliás ficou enorme e assim me obrigou a desmembrá-la em três capítulos. Eis abaixo o Link dos três capítulos, para saber dessa história, com detalhes. Depois me conte se acredita que o Paul McCartney morreu em 1966, e esse sujeito que está vivo e a realizar shows até hoje, ao lotar estádios de futebol, é na verdade um sósia chamado, Billy Sheers...

McCartney Vivo ou Morto - Capítulo 1:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/05/mccartney-vivo-ou-morto-parte-1-por.html 

McCartney Vivo ou Morto - Capítulo 2:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/05/mccartney-vivo-ou-morto-parte-2-por.html 

McCartney Vivo ou Morto - Capítulo 3: 

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/05/mccartney-vivo-ou-morto-parte-3-por.html

Um programa exibido na TV Cultura, também me despertou a atenção. Mesmo por ser criança ainda, já admirava e queria entender o mundo dos adolescentes. E nesse programa, chamado: "Jovem Urgente", apesar das conversas ali fomentadas terem sido meio pesadas para o meu caso, ao ter apenas nove anos de idade na ocasião, eu gostava de ver as questões levantadas pelo psiquiatra, Paulo Gaudêncio, como mediador, ao questionar uma plateia formada por jovens sobre assuntos tabu, tais como: sexo, relação com os pais, rebeldia, drogas etc. 

Ousado demais para 1969 e com a ditadura militar a entrar no seu pior momento, foi inacreditável que tenha ido ao ar e durado um certo tempo, até. 

Mas conversa intelectualizada a parte, o que eu gostava mesmo era de ver as atrações musicais. Ali tocaram os Novos Baianos, Os Mutantes e outros artistas ditos "jovens" e isso foi sensacional...

Já que falei sobre música... 

Em 1969, a minha aproximação com o Rock já se mostrava bem mais forte. Através das ondas da Rádio Excelsior, novas descobertas eu pude fazer, além de tudo o que já sabia, acumulado através dos anos anteriores em que vinha a acompanhar. 

Nessa altura, eu já tinha conhecimento do som e das figuras de Jimi Hendrix e Janis Joplin e achava incríveis os seus sons que ouvia na rádio e também o visual ultra hippie que via nas fotos. 

Descobri também o som de "Sly and the Family Stone" e claro, foi uma das descobertas que fez com que eu criasse um vínculo eterno de admiração com essa banda, que eu adoro.

"Shocking Blue" com a incrível vocalista, Mariska Veres, a banda grega, "Aphrodite's Child" e o "Steppenwolf",  cujo compacto a conter "Born to Be Wild", o meu primo mais velho possuía e um dia ao perceber o meu interesse que era maior que o dele, resolveu ele me doar e está comigo até hoje, são exemplos de descobertas que fiz em 1969.

Os Mutantes já eram realidade no meu rol de predileções. Nessa altura, "Ando Meio Desligado" já tocava bastante, assim como outras músicas e claro que eu adorava os comerciais que eles fizeram para a companhia petrolífera, Shell, na época. Aliás, eu relacionava as imagens dos comerciais, cheia de energia Rocker e jovem, aos seriados de "The Mod Squad", que eu adorava, pois fora a mesma formação afinal de contas: três freaks em ação: uma moça linda e dois rapazes cabeludos.

No bojo, muita música Pop descartável também vinha para a minha audição, mas ouso dizer, até o Pop comercial da época continha os seus encantos. E aos poucos, me pus a tomar conhecimento dos grandes nomes do Rock em voga.

Quatro notícias a envolver o mundo do Rock e da contracultura em geral, foram amplamente divulgadas na imprensa e eu as recebi com muita atenção.
1) O novo disco dos Beatles saiu, a mostrar uma capa inusitada e que pareceu uma ideia banal na época, mas que ninguém, muito menos eu, poderia imaginar que aquela fotografia seria uma das capas mais icônicas não só da história do Rock, mas da música em geral e da indústria fonográfica. O Fab Four a atravessar a rua em direção ao estúdio Abbey Road, onde eles gravaram todos os seus discos, em Londres. "Só isso"...

2) Para reforçar todo o tipo de ataque ao movimento Hippie, contracultura, cultura Pop & afins, a morte bárbara da atriz, Sharon Tate e de alguns amigos seus, durante a invasão de sua residência, por um grupo de fanáticos dispostos a trucidar pessoas inocentes em prol de... de... o que mesmo pregavam esses sádicos imbecis? 

Pois é, fora uma seita maluca denominada: "Família", liderada por um psicopata chamado, Charles Manson e que dizia ouvir vozes a lhe dar instruções para afrontar o sistema e que as mensagens que captava seriam sinais subliminares que descobria nas letras de canções dos Beatles, notadamente as músicas do LP "White Album", de 1968. 

Ao usar o sangue de suas vítimas, esses assassinos degenerados escreveram trechos de letras desse disco citados dos Beatles pelas paredes da mansão de Sharon Tate, que na época era casada com o cineasta polonês, Roman Polanski. 

Pronto... foi tudo o que a imprensa conservadora precisou para atacar com veemência os hippies, pois Manson e seu bando de abduzidos detinham visual igual ao dos hippies, além de toda essa loucura sobre as letras das canções dos Beatles e certamente seriam usuários de drogas alucinados e incontroláveis, movidos a LSD e outras substâncias bem identificadas e estigmatizadas com a imagem dos cabeludos em geral etc. Foi um duro golpe para o movimento, ser confundido em seus propósitos por conta de um crime horrendo, cometido por uma cambada de sádicos psicopatas e nada hippies, mas a deixa foi dada para a formação de opinião usar e abusar dessa arma.

3) Sim, em agosto, a imprensa noticiou o Festival de Woodstock. Foi muito incomum dar esse tipo de notícia, primeiro pelos motivos óbvios, e em segundo lugar, por que ao contrário dos "Festivais de Rock" da atualidade, que são ultra comerciais e mais se parecem com o ambiente artificial de uma lanchonete dessas americanizadas que existem em toda esquina, neste caso houve uma pureza de propósitos absoluta e portanto, não havia essa ideia mercantilista em cima do Rock. 

Ali fora um Festival com ideais culturais pura e simplesmente e o fato de ter atraído mais de quinhentas mil pessoas de uma forma incrivelmente surpreendente e espontânea, com uma plateia formada por hippies em predominância absoluta, chamou muito a atenção. 

Claro, comentários em tom de desaprovação foram a maioria e aos nove anos, eu já havia adquirido a uma boa percepção de que os comentários não procediam e eram em 99% , fruto de ignorância, preconceito ou por professarem interesses contrários. 

4) Quando à peça teatral, "Hair", esta foi encenada no Brasil em 1969 e gerou uma polêmica incrível na imprensa. Falar sobre o movimento hippie, cabeludos, Rock, drogas, desobediência civil, protestos anti-guerra do Vietnã e a questão do "amor livre", chocou a conservadora sociedade brasileira e com a agravante de estarmos em plena fase de endurecimento total da ditadura militar. 

Revolucionária ao extremo, a peça driblou todas as adversidades e foi um sucesso tão grande no Teatro Aquarius de São Paulo, que sobrepujou toda a onda de críticas.

Claro que me chamou a atenção essa movimentação toda e apesar de que eu demoraria um bom tempo para conhecer a peça em seu teor e decorar as músicas (que adoro), nessa época, além de tudo isso, as regravações das músicas do espetáculo da parte de artistas do universo Pop, só reforçou a minha simpatia por "Hair". 

Um exemplo dos mais significativos seria a versão de "Aquarius" e "Let's Sunshine in", duas canções fortíssimas da peça, que o quarteto vocal de Soul Music, "Fifth Dimension" lançou, e que eu adorava ouvir no rádio e que também logo pude assistir como promo de TV.

Ouça/veja abaixo a versão do Fifth Dimension para as duas músicas que citei acima: 

Sobre "Hair", peça teatral de 1968, com 1ª montagem brasileira de 1969, e filme de 1979, eu escrevi uma matéria em 2011 para o Blog do Juma. Eis a republicação em meu Blog próprio, em 2012, com o Link abaixo:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/01/hair-deixe-luz-do-sol-brilhar-por-luiz.html
O grande Wilson Simonal, que eu já gostava desde 1966, ao vê-lo constantemente na TV, estava a explodir em 1969. E agora eu gostava ainda mais, por que ele estava ainda mais perto dos signos que estavam a me influenciar diretamente. Mais perto da Soul Music do que do Samba-Jazz que o notabilizara anteriormente, o seu trabalho ficara ainda mais atrativo ao meu gosto, fora o visual que também estava mais jovem, com bandana na cabeça, a parecer um hippie. Gil e Caetano estavam em Londres, mas Tom Zé estava aí e foi o doido da vez na MPB contracultural de 1969.
Comecei a prestar atenção em uma cantora baiana com uma voz incrível e com uma postura super hippie, chamada: Gal Costa. Adorava ver as suas performances na TV, acompanhada por músicos freaks, sob uma loucura só.

As minhas primeiras alegrias advindas no futebol vieram em 1969, enfim. A acompanhar conscientemente o futebol, definitivamente, foi nesse ano, tardiamente eu sei, que comecei a interagir com a bola, nas brincadeiras com amigos.

E estava bem atrasado em relação aos demais meninos, pois a maioria dos garotos da minha idade já tinham uma técnica de domínio dos fundamentos e eu não. Demorei para melhorar no trato à bola, portanto. 

Em 1969 e 1970, eu fui considerado "grosso" pelos colegas e eles tiveram razão em sua avaliação, eu era mesmo. Só fui esboçar melhorias em 1971, por conta de ter me esforçado para melhorar a minha técnica, e somente lá por 1973, me senti apto para competir em igualdade de condições, tecnicamente a falar.

E em 1969, tive minha primeira alegria verde, conscientemente: Palmeiras, Campeão Brasileiro de 1969... e vamos disputar a Taça Libertadores da América de 1970... 

A notícia da morte de Cacilda Becker, uma atriz muito celebrada no meio teatral brasileiro, teve grande projeção na imprensa. O fato dela ter passado mal durante uma performance no palco, só engrandeceu o imaginário geral, ao dar conta de que morrera a exercer a sua arte com a máxima dignidade possível. 

O meu conhecimento sobre tal artista se restringia aos teleteatros que a vira encenar na TV Bandeirantes no ano anterior, 1968, e através de reprises de um filme que ela protagonizou nos anos cinquenta (1954): "Floradas na Serra", que aliás, gosto muito.

"Perdidos no Espaço" havia saído da grade da TV, por ter encerrado sua terceira e derradeira temporada. Mas em 1969, ainda era tão forte a sua fama entre crianças e adolescentes brasileiras, que um álbum de figurinhas causou furor nas bancas de jornais e revistas.

O meu pai comprava pacotes e mais pacotes para o meu deleite e claro que a excitação pela expectativa para abrir cada pacotinho e achar uma figurinha rara, foi um dos prazeres infantis mais incríveis que guardo na memória. 

Colar uma a uma no álbum, em pleno uso da clássica "goma arábica", e assim cometer aquela sujeira incrível e deixar as mãos inteiramente meladas (fora o forte odor da cola que se impregnava) na roupa, para o completo desespero da minha mãe, enfim, são lembranças muito queridas.  

Bem, acho que consegui estabelecer um panorama geral do que o ano de 1969, representou na minha vida. Daí em diante, seria seguir em frente, ao me tornar um pré-adolescente com múltiplos interesses, em franca expansão cultural e a encarar a chegada de 1970... pra frente, Brasil... mas... aonde está o motor da "Variant", hein, Rogério Cardoso?

Continua...

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