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domingo, 31 de janeiro de 2016

Pedra - Capítulo 15 - Trancos e Barrancos de um Fuzuê - Por Luiz Domingues

Depois do show realizado na casa de espetáculos, Bourbon Street, a atenção se voltou para gravarmos uma nova safra de canções, finalmente e assim finalizarmos o álbum cuja gravação fora iniciada em 2009 e interrompida em 2011. 
No entanto, antes disso, uma nova solicitação de entrevista para um Blog de Rock, surgiu. Tratou-se do Blog Rock Imortal, gerido pelo mesmo editor do Blog Planet Polêmica, pelo qual eu fui colaborador, desde 2011. Tal boa entrevista, ainda que bem curta, saiu publicada em maio de 2013, portanto, um pouco antes da banda entrar em estúdio, para finalizar a gravação do disco postergado.
Eis o Link para lê-la:
http://rockimortal.blogspot.com.br/2013/05/entrevista-com-banda-pedra_8.html
Pedra no Bourbon Street de São Paulo, em 2013. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Foi então no mês de junho de 2013, que o Xando se mobilizou para abrir uma brecha na agenda do seu estúdio, em relação aos clientes que o usavam normalmente e assim ele reservou algumas datas para que nós pudéssemos realizar esse esforço de gravação final do nosso inacabado álbum. 
Nessa altura, tínhamos muitas músicas novas para gravar e em um dado instante, chegamos a cogitar o lançamento de um álbum duplo, tamanha a quantidade de músicas compostas, e a maioria já arranjadas e prontas para serem gravadas. 
Da parte do Xando, ele planejara aproveitar algumas músicas que compusera durante o hiato que o Pedra teve em 2011. Uma dessas novas músicas, se chamou: "Furos nos Sapatos", a se tratar de um Hard-Rock bastante vigoroso e que segundo ele nos confidenciou, a letra continha um grande significado pessoal para ele. 
Sinceramente, eu nunca soube a razão por esse apreço especial em relação a essa letra em específico, mas o Ivan Scartezini me confirmou tal informação várias vezes, embora ambos, Xando e Ivan nunca tenham explicado a real motivação disso. Portanto, deixo o convite ao ouvinte, que use a sua imaginação para tentar buscar a razão dessa predileção ou aguardemos que o Xando Zupo venha a público um dia e esclareça essa questão. 
Outra música que ele, Xando, demonstrou ter muito apreço pessoal, chama-se: "Queimarás no Inferno". Gostei de ouvir a gravação que ele fizera com Ivan e Marcião Gonçalves a pilotar o baixo, em 2011. Mas claro que quando começamos a ensaiar, eu criei a minha própria linha. Acho até que a linha de baixo do Marcião é melhor que a minha, mas não teria cabimento subtrair as suas ideias, portanto, quando a gravei, eu coloquei a minha identidade, aliás, o mesmo caso em relação à canção, "Furos nos Sapatos", que o Marcião também houvera gravado antes, provavelmente como material da banda que eles fundaram em 2011, o “Mulad Trem”. 
Com reativação do Pedra, o Xando quis reaproveitar tais canções para o nosso trabalho e de fato, elas apresentavam potencial e muita qualidade para se encaixarem em nossa obra.
Acima, a versão solo de Xando Zupo para: "Queimarás no Inferno", lançada em 2016 
Eis o link para ouvir tal música no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=wSuBJZ-ffcw

Todavia, "Queimarás no Inferno" foi descartada na época e recentemente (2016), o Xando a lançou em caráter solo, com Ivan Scartezini na bateria e agora a acrescentar convidados especiais, caso do saxofonista superb, André Knobl, o histórico Rocker, Norton Lagôa (ex-Burmah), no baixo, e Fernando Janson, no vocal. 
Houve a presença de uma terceira música nessas mesmas condições, mas o Xando, após alguns ensaios, a suprimiu do repertório, ao alegar ter dúvida sobre ela conter o mesmo padrão artístico em relação às demais do novo repertório do Pedra.  
"Não há Nenhuma Paz", canção descartada para o repertório do Pedra, mas que o Xando Zupo lançou em caráter de carreira solo, em 2016.
Eis o link para escutar essa música no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=VqtgxO6xI9I
De fato, se trata de uma canção híbrida, ao se parecer com um Hard-Rock acelerado, quase no limiar do Heavy-Metal e que em sua parte "C", muda completamente de feição. Justamente essa parte diferenciada, foi a que eu mais gostei, por ser bastante influenciada pelo R'n'B sessentista, portanto, se abrira um campo excepcional para o baixo imprimir balanço, fortemente, com o meu lado "Motown" a me impelir para tal desfecho em minha criação pessoal. 
Uma pena, portanto, que ele tenha resolvido descartá-la, pelo aspecto de seu teor musical, pois pelo teor da letra, essa, e a anterior que citei, "Queimarás no Inferno", também, são absolutamente antagônicas aos meus ideais pessoais. 
Neste caso, as duas canções que ele lançou em 2016, sob regime de carreira solo, são ótimas, super bem tocadas e arranjadas, com excepcionais participações de músicos convidados e áudio exemplar. Posso até afirmar que as aprecio e é verdade, pelo aspecto meramente musical, mas pelo teor das letras, e sobretudo em relação à mentalidade expressa e até o título de ambas, em caráter explícito a afirmar com todas as letras a expectativa de vida sob o ângulo do desolador colapso humano, me desagradam frontalmente.
Haviam duas canções que foram oriundas da safra de 2010, mas que apesar de bastante ensaiadas, não foram gravadas na época, portanto ao permanecerem engavetadas. Uma chama-se: "Segunda-Feira" e a outra: "Luz da Nova Canção". 
Essa "Segunda-Feira" parecia um R'n'B mais "modernoso", uma peça com estética dos anos noventa para frente, e detém muito do estilo do “Jamiroquai”. Eu gostava de tocá-la, pelo sabor "funkeado" que possuía. 
E "Luz da Nova Canção", que eu reputo ser uma das mais belas canções que o Rodrigo Hid já compôs na sua carreira e se considere que digo isso ao comparar com o que ele fez para o Sidharta, Patrulha do Espaço e para o próprio, Pedra, realmente é inacreditável a qualidade de sua criação. 
No caso, esta é uma balada fortemente influenciada pelo R'n'B cinquenta-sessentista, e com o toque “Beatle” acentuado, a se tratar de uma canção que emociona facilmente e se fosse composta por Ray Charles, teria sido algo muito natural, certamente.
Rodrigo não apenas compôs uma pequena obra-prima, como a arranjou adequadamente às mais belas tradições vintage, portanto, teve tudo para ser uma das melhores faixas do disco e ao vivo, essa peça já estava incorporada ao set list dos shows, desde a volta da banda em 2012, a arrancar elogios rasgados das pessoas que já a haviam escutado. 
A letra é da autoria do parceiro e amigo, Cezar de Mercês, que nos brindou com uma poesia à altura da canção. Gosto muito das imagens propostas e muito inspiradas que tal letra possui e a frase de onde se extraiu o título da música, é ao meu ver, muito elucidativa: "Luz da Nova Canção". Chega a ser profético, para quem presta a atenção no campo do esoterismo.
            Eu, Luiz Domingues & Rodrigo Hid, nos idos de 1996

Uma outra canção que demorou para decidirmos gravar, foi "Abstrato Concreto". Essa música contém uma longa história, no entanto. Quando o projeto do Sidharta começou a avançar, ainda em 1997, tal canção foi a primeira que surgiu no esforço para dar início ao trabalho de criação dessa banda. Foi uma canção que eu compus rudimentarmente ao violão e que apresentei nas primeiras reuniões de criação desse novo grupo que formáramos. 
Começamos a ensaiá-la mediante a primeira abordagem pela qual eu a imaginara, com forte influência da Soul Music sessentista. Tanto foi assim, que antes de ganhar letra e deter um título oficial, ela foi apelidada entre nós como: "Jackson Five", para fazer alusão ao estilo dessa grande banda negra. 
Nós a ensaiamos assim por alguns meses, mas ao percebermos que não estava cem por cento da maneira pela qual a planejáramos, eis que radicalizamos, ao promover uma mudança drástica, em sua estrutura. 
Neste caso, o Rodrigo acrescentou uma cadência harmônica antes inexistente e assim sugeriu que usássemos uma letra escrita pelo seu pai, Tufi Hid, nos idos de 1974, chamada: "Abstrato Concreto". 
      Rodrigo & Tufi Hid: Talento que passa de pai para filho
Apreciamos as mudanças propostas para o mapa harmônico e também na sua letra, ao fazer um jogo de palavras muito interessante e de certa forma a evocar a loucura como percepção, ou seja, um tipo de concepção muito ao sabor da mentalidade dos anos setenta e que se encaixara como uma luva para o nosso projeto que buscava fortemente o signo retrô, para o trabalho dessa banda. 
Com tais mudanças, a música se mostrou muito mais próxima ao trabalho dos Beatles, doravante e dessa forma a ficar muito bonita, portanto. 
O Sidharta se fundiu à Patrulha do Espaço, mas no momento crucial, das vinte e duas músicas que conduzimos a serem aproveitadas pela Patrulha do Espaço, dez ficaram de fora dos planos iniciais dessa banda e "Abstrato Concreto" foi uma delas. 
Foi quando da volta do Pedra, em 2012, que o Rodrigo sugeriu a incorporação dessa canção, que se tornara nossa em parceria e a contar com a letra do seu pai. Eu aceitei a ideia na hora, naturalmente. 
O Rodrigo fez uma terceira modificação na sua concepção e ela ficou muito parecida com o trabalho d'O Terço, em termos progressivos, o que me agradou muito, particularmente. 
Entretanto, o tempo passou e o Xando Zupo se pôs a mudar de ideia. Aquela feição Prog-Rock que a canção ganhara, o incomodava, e quando ela já estava para ser descartada do repertório, o Rodrigo teve um novo lampejo de criatividade e durante a passagem de um ensaio, começou a improvisar um piano ao estilo R'n'B sessentista, a imprimir um balanço incrível, e daí surgiu o formato de “Abstrato Concreto” como foi gravada, enfim, e que sim, contém o estilo do Joe Cocker, e se ele, Cocker, a tivesse conhecido, fatalmente a incluiria nos seus melhores discos gravados do final dos anos sessenta & início dos setenta. 
Leon Russell & Joe Cocker (com o saxofonista, Bob Keys ao fundo), durante a turnê do LP "Mad Dogs and the Englsimen, em 1970
Por se parecer uma canção do LP ”Mad Dogs and the English Men", só falta mesmo a voz do Joe Cocker a conduzi-la, com aquela rouquidão e dramaticidade, à beira de um ataque epilético.
Outra canção que o Rodrigo nos mostrou, nos pareceu um Blues-Rock sob uma primeira instância. Nós a arranjamos nesses termos, mas com o decorrer dos ensaios, uma parte "C" foi incorporada e aquele “looping” criado ficou tão impressionantemente progressivo e esotérico, que se tornou um trabalho influenciado pelo som do "Yes”. De fato, ficou belíssima, e recebeu o nome de: "Siga o Sol".
Mudo de assunto, por enquanto, e digo que quisera eu ter arrumado para o Pedra uma entrevista no "Programa do Jô" (Soares), ou no "Altas Horas" do Serginho Groisman, em plena profusão na grade da Rede Globo, nessa época. 
Digo isso, pois essa tentativa foi empreendida de fato, quando eu consegui o apoio de Cida Ayres, a minha velha amiga dos tempos do Língua de Trapo, em ação empreendida em 2010, mas que não redundou em sucesso, infelizmente, e nem assim eu fiquei com mágoa da Cida, que eu sei que se esforçou para ajudar e se não logramos êxito, não seria o caso de se apontar "culpados". 
Portanto, se nos últimos tempos eu só arrumara uma entrevista na rádio CBN e também algumas entrevistas para Blogs com pouca expressão midiática, esse foi o meu máximo ali, não por negligência, mas pelo fato de esbarrar em barreiras intransponíveis naquela altura dos acontecimentos. 
A contrapartida mais realista e que nunca entrara na pauta do dia, teria sido o caso do Pedra se adaptar à uma nova situação e enfrentar o mundo obscuro do subterrâneo, mas a banda abriria mão de a cada show usar um backline exagerado, como se fosse se apresentar no festival Rock in Rio? Abriria mão de contratar roadies a enfrentar a simplicidade dos seus próprios músicos carregarem e montarem os seus equipamentos? Aceitaria tocar em bares com palcos minúsculos e sem estrutura de som e iluminação adequadas? Poderia realizar shows nos quais estivesse sem técnicos de alto padrão como: Carneiro, Sprada & Molina? Abriria mão de contratar equipes de filmagem para todo show? 
Em suma, houveram inúmeros aspectos que amarravam o Pedra e assim, mudanças profundas deveriam ter sido cogitadas ao meu ver, mas nada disso veio à baila e sobrou apenas a insatisfação pelos resultados pífios que essa banda gerava, diametralmente opostos à sua qualidade artística. 
E essa avaliação não fora justa na minha visão. Diante desse quadro pesado de insatisfação, sem perspectivas para shows em vista, a gerar uma gravação emperrada e ao se manter a sua atribuição técnica a avançar exclusivamente sobre os ombros de um componente apenas (Xando Zupo), o clima ao final de 2013 se mostrou muito semelhante ao do período de 2010, em que culminara com o fim das atividades da banda em 2011, e assim se confirmou a minha suspeita de que a perspectiva de uma volta sob expectativa mais amena, fora uma mera retórica de ocasião, pois ao se chegar no gargalo estrutural dessa banda, a velha tensão voltou. 
A diferença, foi que nesse panorama eu não enxergava mais como a banda poderia sobreviver artisticamente, visto que essa tensão estava a sobrepujar a criação, ao contrário de 2010, época em que eu considerei que a obra superaria as insatisfações pessoais. E no meu caso em particular, ao perder a minha tenacidade, que sem dúvida alguma foi o combustível vital da minha carreira, desde 1976 e da qual me orgulhava muito, eis que um sinal amarelo se acendeu em minha percepção pessoal, lastimavelmente. 
Assim se encerrou o ano de 2013, com tensão no ar, e isso só não estava a me esmorecer mais intensamente, pois a minha vida estava dividida naquele instante e nos outros trabalhos que eu mantinha em paralelo, o clima era amistoso e com alegrias para se comemorar, portanto, a tensão no Pedra não exerceu carga total sobre a minha vida naquele instante. 
Infelizmente, se não me afetava decisivamente, aquilo estava a massacrar psicologicamente o Xando, que só tinha o Pedra na sua perspectiva naquele instante, e eu lamento muito isso pelo aspecto humano, e também por considerar que a despeito de ninguém merecer isso, acrescento que muito menos o Xando, pelo grande esforço que ele empreendera para se prontificar a gravar a banda. 
Nesse aspecto, eu me solidarizava com ele, embora não concordasse com a sua visão forjada sobre tal diagnóstico mal avaliado da situação da banda, naquele instante. Já o Rodrigo Hid tentava ajudar com sugestões para shows em casas noturnas, mas invariavelmente se esbarrava na ideia de que tais casas seriam inadequadas e só geraria frustração generalizada.
De volta a falar sobre o repertório, o Rodrigo Hid detinha outro tema progressivo para nos apresentar, muito bom, aliás, e que neste caso se desdobrava em uma canção Pop, o que foi inusitado ao se imaginar uma música híbrida. Tal ideia se tratou de uma canção que ele desejou ter gravado em um disco solo, que planejara lançar em 2004, assim que deixou a Patrulha do Espaço, mas como ingressara no Pedra, logo a seguir, tal projeto se engavetou por alguns anos. 
Nesse caso, tal tema foi objeto de muitas discussões, pois tal música oferecia enorme resistência de certos membros, para gravá-la, ao se alegar que apesar de que teoricamente não fossem contra temas progressivos, por outro lado, o achavam inviável, comercialmente a se analisar. 
Sendo assim, em sua ótica, em pleno 2013, conceber tal peça cheia de partes e enorme introdução sob virtuosismos instrumentais, seria algo contraproducente
Ao raciocinar como um produtor de gravadora major, houve uma certa razão nessa argumentação, mas como o que fazíamos ali era arte e não produto de alto consumo para ser colocado na vitrine de uma loja, eu e Rodrigo, principalmente, insistimos em incluí-la no álbum, a relevar o aspecto anti-comercial da peça. 
Contudo, apesar das resistências inerentes, ela culminou por ser gravada, embora descartada sumariamente a seguir, assim que o álbum virtual foi lançado, infelizmente. 
Chico Teixeira, um bom artista folk, que é compositor, cantor e instrumentista
Outra canção que o Rodrigo teve em mãos e na verdade estava gravada desde 2010, se chamava: "A Cara da Gente". Tratava-se de uma canção com forte apelo Folk e marca "Beatle", acentuada. 
Eu gostava da canção, do arranjo geral e da linha de baixo que criei. Mas houve uma forte rejeição por ela, desde que fora gravada em 2010. Rodrigo a apreciava muito e a letra fora escrita por seu amigo, Chico Teixeira, filho do compositor, Renato Teixeira. 
Havia também uma ala da banda que não gostava da letra e não apreciava a canção. No quesito das letras, eu e Rodrigo gostávamos das criações mais poéticas a abraçar a ideia da espiritualidade, mas os demais, não. No cômputo geral a banda (não por minha vontade), adotava uma postura como mola mestra a observar a mão de ferro nesse aspecto e se em tais avaliações que se estabelecia, não passasse em cem por cento por tal crivo pré-estabelecido, e que seja entendido isso não como um critério literário, mas muito mais por uma questão de linguagem, baseada em signos oitentistas, em que as referências mais recorrentes do imaginário eram influenciadas por artistas como Lobão e Cazuza, dificilmente se aceitavam letras com outro tipo de orientação, em que não se identificasse tais similaridades com o espectro de entendimento, emoção e meio de expressão dentro desses parâmetros. 
E no caso dessa letra escrita pelo Chico Teixeira, com tal teor de proposta, a intenção foi por não incluí-la de forma alguma, e somente pela insistência do Rodrigo, que a bancava e com o meu apoio, ela sobrevivera, até que na guilhotina final, fosse descartada para não fazer parte do disco. 
 
Mesmo caso de uma canção também gravada em 2010, e que ficara ótima, ao se revelar como um tema ao estilo do Hard-Rock "zeppelineano", cheio de climas interessantes em termos de dinâmica, com o som do órgão Hammond bem incisivo, a se parecer de fato, com uma peça do álbum: "Led Zeppelin III", pronta para explodir. 
Foi uma canção proposta pelo Xando Zupo, cujo arranjo ficara ótimo e a gravação, idem. No entanto, ele, Xando, tentara escrever uma letra para fechá-la, e não conseguira lograr êxito em seu intento. 
E pelo menos cinco outras tentativas redundaram em fracasso, com ele mesmo a descartá-las. Eu, Luiz, sou escritor, mas não sou poeta, embora já houvesse elaborado letras para trabalhos anteriores, inclusive gravados oficialmente, caso de discos d'A Chave do Sol e da Patrulha do Espaço. 
A minha predileção sempre foi por escrever crônicas, resenhas & matérias sob cunho jornalístico, eminentemente, mas ao observar que tal música corria forte risco de ser descartada pela falta de uma letra, eu pedi uma gravação da canção e mediante a melodia entoada pelo Rodrigo, nela contida, escrevi uma letra. 
Tal canção passou a se chamar, então: "Ultrapasso" e tinha um forte apelo libertário, a questionar as convenções da sociedade, mas sem ficar piegas e/ou panfletária, na minha ótica. Lembrava-me de certa forma, o "Homem Carbono", da Patrulha do Espaço, pelo caráter de libelo, mas creio ter ficado imune à pieguice, assim como o próprio, "Homem Carbono". 
Infelizmente, essa também foi descartada ao se alegar não ter ficado convincente o suficiente a interpretação do Rodrigo, quando este gravou a voz oficial. Espero que se reconsidere tal decisão e que ela seja lançada no futuro, pois se trata de uma bela canção e não merece morrer engavetada. Mesmo que se descarte a voz do Rodrigo e também a minha letra, e assim seja lançada com uma outra versão.  
Haviam também muitas vinhetas, que sinalizavam ideias a serem desenvolvidas como músicas, igualmente. Com o tempo a passar, chegamos à conclusão de que tais vinhetas poderiam ser gravadas nesse formato, mesmo. 
A competente cantora, compositora e multi-instrumentista norte-americana: Sheryl Crow
Uma delas, parecia um tema centrado no estilo Country-Rock/Folk, bem ao estilo sulista (me refiro aos Estados Unidos da América, que fique claro), da parte da Sheryl Crow, com forte apelo Pop, também. 
Apreciamos muito gravá-la e teria apenas uma linha vocal que repetiria a palavra sem sentido formal em português (mas a se revelar como um verbete popular a denotar uma interjeição que denota espanto): "Xi", a fazer uma brincadeira com as duas línguas, português e inglês, ao simular o pronome feminino: "She". 
Ficou muito boa essa gravação e eu lamento que ela tenha sido descartada no momento crucial da elaboração do disco. Espero que seja lançada um dia. Tal peça tem uma duração ínfima, por ser tratada como uma vinheta, mesmo. O seu balanço é sensacional e o arranjo, a destacar um slide bem na concepção do som caipira norte-americano, é ótimo.
Uma outra vinheta, se baseara em uma ideia que o Rodrigo havia trazido para a banda desenvolver, em princípio como uma música, ao estilo do Funk-Rock setentista. 
Tal esboço inicial ele desenvolvera para compor uma música com o saudoso cantor, ator, poeta, letrista e compositor, Paulo de Tharso, ex-companheiro do Xando Zupo, na banda "Big Balls". Mas como não logrou êxito a parceria entre ambos, Rodrigo trouxe a ideia para nós, contudo, após poucas tentativas, os demais companheiros não se empolgaram com o tema
Mas eu não me conformei com esse descarte assim tão despropositado e em uma ocasião posterior, sugeri que tal tema se formatasse como uma vinheta, a introduzir uma locução ao estilo dos seriados policiais norte-americanos de TV, dos anos setenta e nesse sentido, o tema criado pelo Rodrigo aos teclados, foi perfeito, pois pareceu mesmo uma trilha de abertura para seriados setentistas, tais como: “Kojak”, “Baretta”, “Starsky & Hutch” e tantos outros dessa década, a usar e abusar do Funk-Rock, cheio de balanço, a garantir o clima de urbanidade total.  
Eu mesmo gravei a locução, ao aproveitar o fato de que possuo uma voz muito grave, no patamar dos locutores de rádio com aquela impostação formal, ao estilo do Cid Moreira etc.
Mais uma vinheta que esteve cotada para entrar no disco, foi uma brincadeira remota que havíamos gravado em um ensaio, em 2009 ou 2010, não me lembro ao certo. Tal ideia surgiu quando em meio a uma conversa informal, nós comentávamos sobre a extrema precariedade musical das bandas oriundas da cena "indie", quando em clima de absoluta pilhéria, sob improviso total, o Xando criou um riff horroroso a evocar o Punk-Rock e todos os demais o seguiram, a tocar grotescamente cada um, no afã de se satirizar a incapacidade musical atroz desses seguidores da anti-música e para intensificar o sentimento, o Xando improvisou uma letra absurda, em inglês. 
Isso motivou o ultrajante título: "Dad's Cum", que eu prefiro não traduzir, mas quem entende inglês, pode deduzir pelo seu título aviltante, a indecente rudeza em que isso se transformou. 
Por muito tempo, a ideia dessa gravação de ensaio, tosca e sem tratamento sonoro algum, com todos a tocarem mal de forma proposital, seria em princípio, uma simples brincadeira interna da banda. Mas em um dado instante, alguém aventou a hipótese de que fosse lançada como single na internet, assim, sem nenhum tratamento no áudio, para causar um rebuliço em público. 
Teria sido algo muito inusitado, pois os fãs da banda não entenderiam o propósito disso, mas nas entrelinhas, teria sido uma forma para ironizar a formação de opinião dos marqueteiros, há décadas a incensarem bandas horríveis que fazem esse tipo de som, como se isso contivesse relevância artística. Seria uma forma divertida para desmascarar a desfaçatez desses malditos inescrupulosos, pois o que eles mesmos diriam diante de algo que geralmente afirmavam ser algo bom? Se nos execrassem ou exaltassem, seria a queda da máscara desses crápulas, pelas duas hipóteses. 
Claro que ríamos muito ao ouvir essa peça horrorosa e a ideia de se lançar tal vinheta nos pareceu um ato artístico corajoso, até, mas no calor dos acontecimentos, ponderamos também que sem apoio como retaguarda, mesmo ao precipitar com tal rebeldia deliberada que algumas máscaras pudessem cair, o poder oculto a comandar o mundo mainstream da difusão cultural, trataria por abafar o caso e o nosso "manifesto" teria o efeito de um mísero "traque", diante da bomba atômica que gostaríamos que fosse detonada, na realidade. 
Contudo, quando o disco começou a ser finalizado em junho de 2013, com a banda a entrar em estúdio para gravar a nova safra de canções, a ideia de se lançar: "Dad's Cum", com aquela gravação tosca de ensaio em meio a canções sérias e bem gravadas, ganhou força novamente. 
Quando o disco foi lançado finalmente, em 2015, tal abominação não constou do repertório inserido nele. De fato, com a banda desmantelada e a lançar o disco sem alarde, não faria sentido ter essa peça para causar provocação, e se tivesse entrado, não seria entendida por ninguém, provavelmente a passar a pecha de uma ação extremamente tola, incompreensível até para ter sido lançada a esmo. Portanto, fez bem o Xando em não incluí-la, sob tal nova circunstância.
Outras quatro ou cinco músicas foram descartadas e não chegaram ao ponto para serem arranjadas, definitivamente. Eu gostava de um Blues-Rock que o Rodrigo havia proposto, que lembrava muito o estilo do "Humble Pie", e uma outra canção, com forte apelo nordestino, esta ainda da safra de 2010, que era totalmente no estilo do Pepeu Gomes/"A Cor do Som". E foi uma pena que ambas não seguiram adiante, igualmente.
Sobre o início das gravações da bateria, eu me recordo que tais sessões ocorreram bem no início das manifestações de rua de 2013. Todos os meus colegas estavam eufóricos com as imagens que vinham da TV e nos intervalos da gravação, víamos as notícias que não paravam de mostrar cenas absurdas vindas de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, principalmente. A Internet também estava a abundar com notícias e o Brasil parecia estar a virar de cabeça para baixo. 
Tudo bem, aparentemente teria sido uma manifestação em São Paulo para protestar pelos vinte centavos do aumento da passagem dos ônibus e metrô, mas "misteriosamente" se espalhara, a denotar insatisfação generalizada. Todos estavam eufóricos, menos eu, que vi com tristeza tais cenas, por que aos meus olhos esteve patente que houvera uma manipulação tremenda por trás e assim claramente a insuflar a massa com intenções escusas.
E o que foi aventado pela mídia mainstream como a "legítima demonstração de insatisfação do povo brasileiro", na verdade ao ver aquela cambada de insufladores, ficou óbvio que a informação estava corrompida e o comando vinha diretamente das mesas dos marqueteiros e assim o povo, mais uma vez esteve a fazer papel de palhaço, ao ser usado sem parcimônia, na chamada, idiotia útil. 
Sendo assim, eu preferi me calar, é claro, para não me fazer mal compreendido pelos colegas. 
Nesse calor dos acontecimentos, ao parecer que o Brasil entraria em estado de caos governamental, naquela noite inicial das "manifestações" apresentadas como "espontâneas", mas claramente a se mostrarem arquitetadas por forças ocultas e que detinham forte poder econômico, surgiu a ideia de que o nosso disco teria semelhança com essa suposta "revolução sincera do povo", pelo fato do nosso álbum estar a ser preparado desde 2009, com direito a interrupção e portanto, por se revelar muito caótico em sua concepção. 
Daí a palavra: "Fuzuê", surgiu, e o Xando a adorou. Eu havia sugerido um jogo de palavras a evocar o famoso poema de Carlos Drummond de Andrade a afirmar "haver uma pedra no caminho", como: "Pedra no Caminho", mas a minha ideia foi descartada de pronto. 
Não tenho nada contra o conceito e o nome, "Fuzuê', mas o que todos avaliaram a respeito daquela situação no país, deflagrada justamente naquele dia em que começamos a gravar, eu pensava ao contrário, ou seja, tive a óbvia constatação que setores radicais e poderosos haviam manipulado a opinião pública na tentativa de perpetrar uma revolução branca a dispensar uma intervenção militar como em 1964, portanto, a precipitar que o país entrasse em convulsão social. 
Portanto, como os meus amigos enxergaram a tal manifestação de 2013, na minha ótica contrária, esta não redundaria em outra coisa a não ser uma mera precipitação a visar a troca de poder na marra, de forma anti-democrática, exatamente como eu senti na hora, mas a guardar a minha opinião internamente, para não ser estigmatizado como um "chato" ou até mesmo um "incauto", visto que até tentativa de incendiar o Palácio do Planalto ocorreu naquela noite, com transmissão ao vivo pela mídia (curioso, a mídia mainstream sempre está pronta para fazer a cobertura imediata quando lhe interessa, não é? Equipes de filmagem da TV ficam sempre a postos pelas esquinas, prontas a filmarem "manifestações espontâneas", ora me faça o favor!) a denotar que o povo "não suportava mais", mas eu preferi me calar e assim eu guardei a minha opinião.
Portanto, ao me indagarem se eu não percebia que algo "muito grande estava a acontecer", talvez a quererem que eu denotasse estupefação diante de algo tão "gritante" e ao me verem com o semblante triste, ao invés de demonstrar estar sob euforia como eles, isso de certa forma mostrara como a minha sintonia com essa banda, não existia mais, tamanha falta de sintonia e ao ser bem realista, talvez nunca tenha existido, em essência. 
O tempo passou, vieram mais manifestações, mais barulho, mais truculência e a ameaça de que o Brasil iria explodir a cada novo raiar do sol... mas o tal "fuzuê" no país não se concretizou como esperavam, em torno de uma tola expectativa de cruzada pela "ética", porque tudo apenas culminou em um presumível golpe do colarinho branco, mediante muita manipulação midiática e de outros setores mancomunados com a barbárie e assim, digo com tristeza que infelizmente, nem o nosso Fuzuê aconteceu, tampouco...
Fora dessa mentirosa revolução pelos tais vinte centavos, uma ótima nova surgiu quando o produtor musical, Antonio Celso Barbieri, recolocou no YouTube, os dois vídeos que havia produzido para o Pedra, em 2008, e que por conta de uma mal-entendido de ambas as partes, foram retirados do ar, de forma abrupta a gerar o rompimento de relação entre ele e a banda. 
Foi muito positiva a atitude dele em acabar com essa rusga e ao recolocar no ar os dois ótimos vídeos que nos proporcionara, dessa forma, a banda, seus fãs, e o Rock brasileiro, agradeceram pelo seu gesto.
Eis o link de seu site, onde Barbieri anunciou o relançamento dos vídeos que ficaram novamente disponíveis no YouTube, desde então.
Eis o link para assistir o clip de: "Longe do Chão", produzido por Antonio Celso Barbieri, sob imagens do artista gráfico, Paul Whittington. Realizado em 2008, e repostado no YouTube, em 2013.
E também o clip da música: “Projeções”, produção de Antonio Celso Barbieri sob imagens do artista plástico, Diogo Oliveira, de 2008, e relançado no YouTube, em 2013.
Com as sessões de overdubs da gravação do disco a ocorrerem, tivemos finalmente uma perspectiva para um show em vista. Graças a um contato do Rodrigo Hid, que costumava se apresentar nessa casa de espetáculos, mediante trabalhos de bandas cover em que participava paralelamente ao Pedra. 
Uma rara data aberta para uma banda autoral aconteceu no Café Teatro Piu Piu, no coração do bairro do Bexiga, na Rua 13 de maio. Apesar do nome ridículo (que só perde em fator de constrangimento para o salão de Rock, "Fofinho"), tal casa noturna foi uma das, senão a única da Rua 13 de maio, que ainda mantinha uma tradição de uma agenda movimentada e público assíduo, nessa decadente rua, que há anos não fora mais nem sombra do que se constituíra nos anos setenta e oitenta. 
Bem estruturada, com palco, som e iluminação dignos para uma artista se apresentar bem, claro que aceitamos o desafio para tocar em um domingo, um dia aparentemente ruim para movimentar a presença do público. 
Mas de fato, a nossa divulgação funcionou bem e nós fizemos um bom show para uma plateia inteiramente interessada no trabalho do Pedra, sem recorrer aos habitues da casa e pelo contrário, a própria direção do Café Piu Piu, se surpreendeu com a presença do público que viera para assistir o Pedra, sob significativo número e em pleno domingo, aliás, uma noite de inverno e bem fria em São Paulo. 
Por um pedido da direção da casa, acostumada com bandas cover em sua maioria esmagadora dentro de sua agenda habitual, eles nos pediram para dividir o show em duas partes, ao estabelecer uma pausa estratégica com cerca de vinte minutos.  
Prática recorrente em casas noturnas não acostumadas a abrirem espaço para bandas autorais, os seus dirigentes não percebiam que ao se quebrar o show no meio seria algo contraproducente para um artista autoral, a aniquilar a “magia” do espetáculo. Algo imperdoável, portanto. 
Todavia, tudo bem, apesar de ser inconveniente para nós, aceitamos seguir a orientação deles e de certa forma foi até bom, pois houveram tantas pessoas amigas da banda presentes na casa, que esse tempo foi importante para que todos os componentes do Pedra pudessem visitar as mesas, ao lembrar até a ação de noivos em festa de casamento, a cumprimentarem os seus convidados. 
Aceitamos portanto, como uma pequena vantagem, já que o show fora fragmentado e assim, resolvemos empreender as duas "entradas" mais robustas, portanto, a tocarmos mais músicas do que o tempo normal de um show padrão. 
Pedra em ação no Café Teatro Piu-Piu, de São Paulo, em setembro de 2013. Clicks, acervo e cortesia: Deco Ferracini
Todo mundo gostou, banda & público e a minha lembrança foi de um show bastante agradável e com a banda bem ensaiada, a emitir um recado forte no palco. O público aplaudiu bastante e ali tocamos até músicas inéditas que entrariam no álbum "Fuzuê", em fase de conclusão de gravação, as quais nunca havíamos tocado anteriormente ao vivo, caso de: "Abstrato Concreto”, por exemplo. Noite fria de 8 de setembro de 2013, com cerca de cem pessoas no Café Piu Piu, aproximadamente.
"Pra Não Voltar" no Café Piu Piu em 8 de setembro de 2013. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=bwRl4p9AZLI
"Jefferson Messias" no Café Piu Piu em 8 de setembro de 2013. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=EQCBQzqZDYM

"Reflexo Inverso" no Café Piu Piu em 8 de setembro de 2013. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=F3anZkDu1oI

Doravante, a meta foi focar na conclusão do disco e um próximo compromisso ao vivo só ocorreria em novembro. Mas antes disso, em setembro, o produtor musical, Antonio Celso Barbieri, nos procurou internamente e propôs um possível show em Londres, a ser feito na casa de shows: “The Barbican”, no qual ele mantinha contatos e de fato, tal casa de espetáculos era bem aberta a receber artistas de toda parte do planeta, com um público específico que apreciava com muito interesse, buscar conhecer trabalhos não cantados em inglês, ligados ao Rock, mas também com a possibilidade de se mostrarem facetas regionais em sua música, que aos ouvidos britânicos, soavam "exóticas".  
Bem, diante dessa possibilidade e ao verificar que o Barbieri estava de bem conosco novamente, ainda bem, emitimos o sinal verde para ele negociar e buscar a viabilidade com possíveis patrocínios etc. 
Em princípio, ele falou que desejava fazer uma noitada dupla de Rock brasileiro, a apresentar uma banda nova, no caso, o Pedra (nem tão nova assim, convenhamos) e uma clássica, no caso, a Patrulha do Espaço. Negociações se iniciaram, mas Barbieri teve que mudar o seu projeto, na medida em que os ingleses reagiam com contrapropostas e dessa forma, a ideia evoluiu para um possível festival de Rock brasileiro, com mais bandas, provavelmente cinco em um momento inicial, mas que evoluiu para um número muito maior, posteriormente. 
Talvez para o The Barbican, fosse conveniente tal predisposição, mas ao se planejar um número enorme de bandas, foi óbvio que se inviabilizou completamente a captação de recursos para bancar o transporte, estadia e toda a logística operacional para tal, a envolver tanta gente envolvida. Foi uma pena, pois eu conhecia o Barbieri desde os anos oitenta e confiava (confio) nas produções em que ele se propõe a fazer. 
Como tentativa para angariar simpatias e apoio, ele abriu uma petição pública para alavancar a produção, mas o projeto culminou por ser engavetado, uma grande pena.

Eis abaixo, o link da petição que ele abriu: 
https://secure.avaaz.org/en/petition/ROCK_SAO_PAULO_THE_BARBICAN/?pv=0

Outra boa nova em setembro, foi que um programa de Internet, recém-lançado e comandado por dois jornalistas de primeiro escalão no jornalismo cultural e especificamente como críticos de Rock, chamado: "Heavy Lero", citou o Pedra, em uma determinada edição, ao mostrar os nossos discos no ar e a recomendar a nossa banda. Tal atração era comandada por Gastão Moreira e Bento Araújo, dois especialistas no assunto e dos quais me orgulho por ser amigo pessoal de ambos. 
Apesar do nome do programa ser infeliz ao meu ver, a denotar conter relação como o Heavy-Metal (mas na percepção deles a palavra "Heavy" teria a intenção de denotar uma "conversa da pesada" ao se unir com a gíria: "lero"), o programa era ótimo, pela óbvia qualidade de seus apresentadores, a ostentarem ambos, um volume de cultura avassaladora no assunto e foi uma honra ser citado por ambos, certamente. 
Infelizmente esse episódio que nos citou, foi retirado do ar no portal do YouTube. Fico a dever o link, mas se o leitor quiser arriscar procurá-lo, quem sabe o encontra postado novamente nesse portal da internet, por outra via. 
Sobre a nossa próxima parada, esta foi o Teatro Olido, onde já havíamos nos apresentado anteriormente, em 2009.
Enquanto as sessões dos overdubs da gravação do novo álbum transcorriam, o clima interno na banda estava por azedar novamente, pois a agenda estava fraca e não haviam perspectivas para curto prazo, que sanassem essa carência histórica que essa banda ostentara. 
Foi quando uma pequena luz surgiu ao final do ano de 2013, no entanto, quando o produtor & lojista, Luiz Carlos Calanca nos ofereceu uma nova data no teatro da Galeria Olido, espaço em que já havíamos tocado uma vez, em 2009. 
As condições seriam as mesmas de sempre, na base do "show sem cachê, como investimento de carreira". Sei que não fora culpa do Calanca, um produtor honesto e que eu muito admiro e considero como um bom amigo, mas eu, naquela altura, com cinquenta e três anos de idade nas costas, a enfrentar pela “bilionésima” vez esse tipo de situação, foi no mínimo risível, já que de tão acostumado a lidar com tal tipo de predisposição na carreira, eu já nem me indignava mais. 
Cachês milionários eram pagas a rodo em inúmeras ações culturais perpetradas pelas secretarias de cultura, nos âmbitos municipal e estadual, para uma privilegiada roda de artistas que batiam ponto em eventos múltiplos por elas patrocinados, mas outros que não mantinham contatos fortes em seus meandros, realmente deveriam se contentar com a "grande chance" em se apresentarem de graça, "a investir" na sua carreira. Pois é, quem sabe um mecenas poderia passar na calçada naquele momento e resolvesse entrar, a se impressionar com a apresentação da nossa banda, e nos contratasses para fazer uma turnê mundial para abrir os Rolling Stones? 
Desta feita, porém, o Luiz Calanca nos garantiu que não repetiria o erro de 2009 (leia sobre essa história no seu capítulo correspondente da cronologia desta autobiografia) e dessa forma, ele nos afirmou que apenas produziria o show com duas bandas. E para melhorar ainda mais a situação, ele nos deu carta branca para escolhermos a banda que participaria conosco, e nós indicamos o The Suman Brothers Band.  
Alguns dias antes do evento, eu e Xando fomos ao centro da cidade para vistoriarmos o teatro e ali constatamos o equipamento havia de fato melhorado, ao nos dar a impressão de que poderíamos fazer um espetáculo ainda melhor que o de 2009, pelo aspecto técnico, pois o fato de ter havido a possibilidade de mais tempo hábil desta vez, já foi uma garantia de melhora na produção. 
Fizemos a nossa propaganda maciça ao padrão de internet, assim como o Calanca e o pessoal do The Suman Brothers Band, mas na véspera do show, nós tivemos uma notícia constrangedora: a Secretaria Municipal de Cultura esboçara a determinação de cancelar o espetáculo e nem houve uma explicação plausível para tal. 
O Calanca ficou enfurecido, pois era o curador do evento e logicamente que se sentiu desprestigiado, totalmente. Com muita briga, o Calanca manteve o evento confirmado, mas a Secretaria resolveu antecipar o início do show em uma hora. Essa demonstração unilateral da parte deles, fora mais do que arbitrária, por agir à nossa revelia, mas se revelara como um empecilho impressionante para nós que estávamos há quinze dias a nos esforçarmos para promover a divulgação do show. 
Além de contrariar o serviço disponibilizado nos cartazes virtuais espalhados em mais de trinta redes sociais de Internet, sites e blogs, por conta de tal arbitrariedade, tornara a correção impossível quando fora anunciada na véspera. 
Isso gerou uma confusão tremenda e muita gente fatalmente perderia o show do The Suman Brothers Band e grande parte do nosso espetáculo. Isso tudo, além de nos subtrair sessenta preciosos minutos dentro da logística operacional do dia, o que certamente atrapalharia ainda mais o soundcheck, quase sempre caótico em teatros do poder público, engessados pela sua burocracia interna, massacrante. 
Calanca esteve muito chateado, mas com o espírito de que o horário antecipado seria uma grande confusão amadorística que nos fora imposta goela abaixo, entretanto, foi um mal menor diante da possibilidade real de que o show houvesse sido cancelado sumariamente, como desejaram os seus artífices. Tudo bem, o Calanca teve razão, pois foi melhor absorver esse prejuízo a engolir um cancelamento, no que teria sido muito pior.  
No dia do show, nos mobilizamos para chegarmos cedo ao local, já a prever a morosidade para os funcionários abrirem o teatro e os técnicos chegarem e se colocarem à nossa disposição. 
Desta vez, teríamos Molina & Sprada para operar iluminação e som, respectivamente, e isso nos forneceu um alento e tanto. Contudo, o técnico de iluminação fixo do teatro ficou bem incomodado com a presença do Molina e chegou a procurar o diretor do espaço para "reclamar" da situação, o que foi uma das situações mais bizarras que eu já presenciei, pois de que planeta esse sujeito veio, onde um profissional que trabalha exclusivamente para um artista não possa atuar e assim abrir caminho para uma reclamação absurda dessas, com o elemento a se arvorar de ser "intocável" ali? 
Já o rapaz do som agiu bem mais profissionalmente e atendeu bem o Renato Sprada, ao lhe dar todo o tipo de apoio para poder operar o equipamento.
Nas duas fotos acima, eis a minha presença, Luiz Domingues, acompanhado do meu amigo, Will Dissidente, o hiper animado empreendedor cultural, durante o soundcheck do Pedra, no Teatro Olido, em 2013. Acervo e cortesia de Will Dissidente. Click: Grace Lagôa 
Recebi uma agradável visita no camarim, e já sabia que essa pessoa ali apareceria na hora do soundcheck, pois esta me avisara pela Rede Social Facebook. Tratou-se de Will "Dissidente", o rapaz que administra o Blog: "A Chave do Sol", que é um verdadeiro museu virtual dessa minha ex-banda dos anos oitenta. Ele tinha compromissos a cumprir, e não assistiu o show do Pedra, mas foi bem agradável receber a sua visita ali. 
Com Sprada a operar o PA, tivemos a certeza de que o show teria pressão de show de Rock e com Molina a providenciar a iluminação, claro que o visual esteve garantido. Se bem que ele nos avisou que graças ao clima péssimo que encontrara com o iluminador do teatro, nada disposto a colaborar com ele, não haveriam meios para fazer o melhor que ele sempre desejava fazer por nós. 
Mesmo limitado por fatores alheios à sua vontade, Molina era sempre excelente, por ser um profissional muito acima da média de um iluminador comum. 
A convivência com o The Suman Brothers Band nos camarins, foi ótima. Amigos e antenados nos mesmos ideais que os meus e agora a contar com Diogo Oliveira, nosso amigo e parceiro, em sua banda como componente, foi melhor ainda.
O The Suman Brothers Band em ação, no show compartilhado com o Pedra, no Teatro Olido de São Paulo, em 2013. Click: Grace Lagôa
O nosso soundcheck foi eficaz e quando entregamos o palco para os irmãos Suman empreenderem o seu apronto, o Victor Suman usou o meu baixo Fender Precision, e este lhe caiu tão bem pela sonoridade típica da sua banda, que ele o usou no seu show, também. De fato, acho o estilo de Victor Suman, muito parecido com o do saudoso, Rick Danko, e não por acaso, a The Band foi mesmo uma referência forte no trabalho deles, e coincidentemente, eles iriam tocar durante o seu show, uma releitura de uma música dessa banda e que eu adoro, chamada: "Up on Cripple Creek”. 
Quando estava por se encerrar o soundcheck, já esteve na verdade  quase na hora de se abrir a porta para o público entrar e isso comprovou a nossa tese de que a antecipação inventada pela Secretaria de Cultura, fora um grande erro, pois não havia muita gente na fila, exatamente por que a maioria esmagadora das pessoas, contava com o horário de uma hora mais tarde, conforme anunciado na divulgação que fizéramos.
Não quero parecer um sujeito implicante, sempre a reclamar dos erros perpetrados em publicações, mas convenhamos, de onde a jornalista que redigiu essa nota, tirou a ideia de que eu, Luiz Domingues, fosse um "ex-componente do Tomada?" No "press release" que lhe fornecemos, é evidente que essa informação estapafúrdia, não seria ventilada. Então, o que justificou tal afirmação tão equivocada? Pesquisa no Google? É claro que em lugar algum isso seria afirmado. Enfim, foi uma falha lastimável... 
Mais uma vez o Xando Zupo mobilizou uma tropa de amigos para capturar imagens ao visar produzir um vídeo do show completo com muitas possibilidades para uma eventual edição. Medida correta, ao meu ver, embora tal expediente gerasse gastos para uma banda que detinha dificuldade para gerar receita. 
O show do The Suman Brothers se iniciou e todos nós assistimos pela coxia. Estava muito bom o áudio de onde ouvíamos e a banda estava sob uma performance excepcional. Sinceramente, eu me senti no auditório “Fillmore”, a assistir a “The Band” tocar para em seguida o “The Allman Brothers Band” entrar em cena e eu a tocar com Greg Allman, Dickey Betts & Cia, sonho meu, certamente! 
Cheguei a falar isso para o Luiz Calanca, que estava ao meu lado e ele concordou e apreciou o meu devaneio Rocker, do qual ele compartilhava das mesmas ideias, obviamente. O The Suman Brothers Band terminou o seu ótimo show e sim, a versão de "Up on Cripple Creek" da The Band, que os meus amigos executaram, foi adorável! 
Eu só não estava a gostar do público, por se mostrar em pequeno número e claro, a amaldiçoar os energúmenos que mudaram o horário do show na véspera, para sabotá-lo completamente.
"Cuide-se Bem" no Teatro Olido em 14 de novembro de 2013. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=1lecg4Myh98
"Longe do Chão" no Teatro Olido em 14 de novembro de 2013. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=wr9N63hRyYE

Subimos ao palco e o público havia melhorado, mas não lotara o teatro e pelo contrário, me apresentara a visão de muitas cadeiras vazias em vários pontos do teatro. Não deixei que essa visão desalentadora prejudicasse a minha performance pessoal, mas claro que pensei que além da confusão de horário, o baixo comparecimento fora quase uma afronta às duas bandas. 
 
Tratou-se de um show realizado em um sábado, no período da tarde, o ingresso foi gratuito, o teatro todo arrumado, som e iluminação de bom nível, duas bandas com muita qualidade artística, localização no centro velho de São Paulo, cercado por duas estações de metrô bem próximas, além de dezenas de linhas de ônibus, disponíveis na porta, e finalmente, foi um dia quente de primavera, sem possibilidade de ocorrer chuva e pelo contrário, a se revelar como um dia super ensolarado na cidade de São Paulo, portanto, por que aquele teatro não estava totalmente lotado, e com gente do lado de fora a tentar entrar? 
Pedra em ação no Teatro Olido de São Paulo, em 2013. Fotos 1 a 4: clicks de Grace Lagôa. Fotos 5 e 6: Internet

Bem, conjecturas a parte, o show foi permeado por uma energia incrível. Segundo o meu amigo, Rubens Gióia, que esteve ali presente, foi um autêntico: "Concerto de Rock", como nos velhos tempos. José Luiz Dinola também foi nos visitar, mas não assistiu nem uma música sequer, por que fora traído pela antecipação do horário, e assim chegou no fim, quando já estávamos no camarim a receber os amigos e fãs. Mais uma vez isento o Luiz Calanca totalmente pelos desmandos da Secretaria Municipal de Cultura e de fato, ele também fora uma vítima, por ter ficado muito aborrecido com os acontecimentos desagradáveis que precipitaram uma autêntica sabotagem do show, mas justiça seja feita e não estou a contemporizar a estupidez na qual se caracterizou essa antecipação a gerar o anti-clímax, mas serviu para corroborar o fato de que o público nos desapontou, com antecipação ou não. 
 
Claro, no domingo posterior, através do Facebook, dentro da página da banda e nos perfis pessoais de todos nós, os componentes, estes ficaram lotados por manifestações de pessoas a afirmarem que haviam perdido um grande show das duas bandas e que queriam saber aonde seria o próximo, e que dessa vez, não os perderiam.
 
Ou seja, a se tratar de um fenômeno típico de internet, tal teor de manifestação fora caracterizada como um misto de preguiça com escárnio, e que se tornara uma espécie de comportamento padrão para muitos, infelizmente. 
 
Aconteceu em 9 de novembro de 2013, no Teatro da Galeria Olido, em São Paulo. E cerca de duzentas pessoas se sentaram nas suas poltronas vermelhas, para assistirem e ouvirem a nossa performance.

Show completo do Pedra no Teatro Olido, em 9 de novembro de 2013. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=DEVtfzCfjh0

Daí em diante, nós tivemos mais um longo hiato, em que a velha tensão nos consumiu novamente. Sempre que ficávamos sem perspectivas, tal tensão crescia e o clima azedava no âmbito interno da banda, lastimavelmente. 
De minha parte, eu sou péssimo com relações públicas. Portanto, a minha ajuda nesse campo poderia se resumir a passar contatos que estava a conhecer por estar a atuar em outras bandas, estas com muito maior poder de giro para tocar ao vivo, no entanto, se tratavam de contatos que em sua maioria, se direcionavam para um circuito no qual o Pedra não se encaixava confortavelmente e sempre que eu sugeria alguma possibilidade nesse sentido, era de pronto rechaçado pelos meus colegas, sob a argumentação de que tais estabelecimentos sugeridos não apresentavam estrutura adequada para a nossa banda. Os meus correligionários tiveram razão em observar isso, mas infelizmente foi o que eu tive a oferecer naquele momento. 
A minha ajuda mais significativa estava a ocorrer no campo amplo da internet, universo em que já me encontrava mais familiarizado e a atuar naquela ocasião em mais de trinta redes sociais, simultaneamente, de fato eu empreendera muita divulgação da nossa banda, a angariar simpatias, e assim agregar mais admiradores & fãs, além de eventualmente arregimentar oportunidades midiáticas, caso da entrevista que viabilizei na Rádio CBN, graças a esse tipo de contato, mais entrevistas em Blogs etc. 
Mas eu entendia perfeitamente a insatisfação generalizada embora não concordasse com a visão que se forjara de forma unilateral, ao considerar o desinteresse explícito de se ofertar suporte à banda e o quanto a irritabilidade tratava por gerar se pensado dessa forma. 
Eu entendia também a sensação ruim sobre o que significava trabalhar sozinho por longos períodos (no caso do Xando Zupo), no sentido de que por nenhum dos demais deter conhecimento mínimo de operação do equipamento para prover a gravação e mixagem, isso o deixava isolado nesse trabalho, que é por natureza, monstruosamente maçante, a lhe subtrair horas e horas de sua vida. 
Nessa lógica, enquanto ele se desgastava tremendamente dentro do estúdio, a perder semanas (meses até), portanto, a prejudicar significativamente a sua qualidade de vida, ficara a impressão de que não havia contrapartida alguma dos demais, e isso se potencializara pelo fato de todos estarem envolvidos com trabalhos paralelos, a agravar, portanto, a percepção de que houvera desleixo e descaso da parte dos demais componentes. Não entrarei no mérito dos outros colegas, pois aqui eu retrato a minha autobiografia, e o ponto de vista é meu, portanto, eu me expresso sobre o meu caso, apenas. 
Entretanto, ficara claro na minha percepção, que na ocasião em que os colegas resolveram encerrar as atividades da banda em 2011, como eu ficaria pessoalmente, doravante, não foi levado em consideração naquela ocasião, pelos colegas que tomaram tal decisão, com firmeza absoluta, ao caracterizar uma medida irredutível. Esse é um ponto que precisa ser salientado e devo dizer que tenho certeza que não houve maldade da parte de nenhum deles, mas apenas afirmo que ninguém levou isso em consideração. E eu tive que acatar a decisão e tocar a vida para frente. 
Neste novo instante, a banda voltara, mas eu acumulara, sim, outros trabalhos e não abriria mão deles, predisposição que deixei clara desde o início da conversação sobre uma possível "volta" das atividades em 2012, portanto, eu não pude aceitar tal pensamento a insinuar desleixo, como um ato deliberado de minha parte para prejudicar o Pedra, mas a falta de ações mais concretas para colaborar de uma maneira mais incisiva com a banda, se revelou como uma contingência da vida, dadas as novas circunstâncias configuradas. 
Para resumir, não seria aceitável que ninguém imputasse culpa, uns aos outros pelas dificuldades gerenciais que a banda atravessava, mas eu entendia, valorizava e era solidário ao Xando, na questão que já enfatizei, ou seja, pelo fato de que ele estava mesmo a trabalhar sozinho e alucinadamente nessa produção, no tocante ao esforço empreendido no estúdio. Eu nunca deixei de reconhecer isso e pelo contrário, achava que essa sobrecarga fora injusta, opressiva e no caso dele que detinha uma personalidade ansiosa por natureza, estava a lhe fazer um mal terrível. 
Por outro lado, sendo eu e os demais, Hid & Scartezini, completamente leigos nessa seara da gravação profissional e digital de áudio, nada poderíamos fazer para auxiliá-lo. 
Com a falta de apoio que tivemos da parte do Renato Carneiro, que tão bem trabalhou nos discos anteriores e que se mostrou nesse instante impedido de nos auxiliar por conta de estar o tempo todo na estrada a operar ao vivo o áudio de uma dupla sertaneja mainstream (Bruno & Marrone), tal contingência precipitou essa carga inteiramente sobre os ombros de Zupo. 
         Xando Zupo, em foto de 2007. Click de Grace Lagôa
Uma lástima, portanto, para a banda e para ele, pessoalmente. Uma solução humana para lhe amenizar tal sufoco, teria sido contratar um técnico, mas com um caixa sempre baixo, devido à dificuldade em se agendar shows com regularidade sustentável, essa hipótese foi quase inviável e houve um componente a mais. 
Exigente, e isso foi compreensível, não seria qualquer profissional que ele aceitaria, portanto, não foi uma medida tão fácil para ser adotada, mesmo se houvessem recursos e não houveram. 
Uma tentativa para se resolver tal situação desconfortável, se deu quando eu e Rodrigo sugerimos a participação de Kôlla Galdez, um técnico amigo nosso, e que operara a gravação do CD ".Compacto", da Patrulha do Espaço, em 2001. 
De fato, o Kôlla foi contatado e ajudou o Xando um pouco, ao fazer trabalhos de automação de mixagem, mas isso não aliviou muito a carga pesada sobre a qual o Xando esteve a ser submetido. 
Portanto, eu deixo claro mais uma vez que entendo que na ótica dele houvesse uma sensação ruim, que o impelira a nutrir muita insatisfação em relação à situação, mas a equação dessa lógica que formulara, foi baseada em elementos errôneos, e pior, não ajudou a solucionar os problemas estruturais da banda. 
Enfim, o clima pesou e a gravação e finalização desse processo se pôs a se arrastar, pois o Xando estava sobrecarregado, muito cansado e mediante a sua ansiedade natural, ele esteve a prejudicar o seu bem-estar psicológico, para que viesse a nutrir assim, uma insatisfação generalizada, mas que por outro lado, não levou em consideração os problemas estruturais da nossa banda e a sua histórica inadequação para atuar em um circuito extra-mainstream, para pleitear adentrar no patamar mediano ao estilo do circuito representado pelo Sesc, ou arregimentar um empresário minimamente preparado para nos ofertar perspectivas melhores, além de alguns fatores gritantes que amarravam essa banda, de uma forma tradicional e infelizmente, eu acrescento. 
Além disso, não se levara em consideração que os nossos pequenos esforços de colaboração, principalmente de parte do Rodrigo e da minha parte, se constituíram no melhor que poderíamos oferecer, naquele instante. 
Eu, Luiz Domingues, no camarim do Avenida Bar, de São Paulo, em agosto de 2007. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Passados muitos meses em absoluto hiato de oportunidades, sem ao menos contarmos com as ações midiáticas que nos dessem alentos, é claro que a tensão se intensificara, lamentavelmente. Foi quando surgiu enfim uma perspectiva, e seria uma nova aparição na casa de shows, Bourbon Street, ao sermos inseridos na festa mensal da revista Blues’n Jazz, mais uma vez. 
Ficamos curiosos, pois a apresentação que fizéramos em 2013, fora permeada por problemas, a começar pelas ameaças que tivemos em termos as portas cerradas para nós, doravante ali naquela casa, por conta de seu gerente artístico ter considerado que tocáramos sob um volume muito alto, além do padrão dos artistas que ali se apresentavam normalmente, mas pior que isso, por ele haver considerado que adotáramos uma postura em tom de rebeldia infantojuvenil, por não acatarmos as solicitações que nos fizera para abaixarmos o volume, e não foi nada disso, conforme eu já expliquei anteriormente, quando comentei sobre esse show. 
E para piorar a situação, havíamos sido hostilizados por seguranças e funcionários desse estabelecimento ao final do show, portanto, achávamos que ali não tocaríamos nunca mais. Mas o dono da revista Blues’n' Jazz, Helton, novamente nos convidou a participarmos de sua festa mensal e supostamente baseada na promoção de sua revista. 
Aceitamos, pois desta vez ele sinalizou nos pagar um cachê melhor e diante do quadro difícil que enfrentávamos, a nossa postura não poderia ser outra a não ser aceitar. 
Naquela semana em que o show foi marcado, eu tinha um compromisso fixo que assumira para todas as quartas, graças ao surgimento de uma nova banda na minha vida, denominada: "Magnólia Blues Band", portanto, a rigor, foi a primeira vez em que a minha situação periclitante gerada ao acumular quatro trabalhos simultaneamente, culminou em um conflito de agenda, mas que foi contornado, mediante aviso prévio e com a providência que os colegas daquela banda adotaram ao anunciarem um baixista como atração da noite em questão, para atuar como convidado especial e no caso, se tratou de um veterano famoso na história do Rock Brasileiro setentista, na figura de: Rodolfo Braga, ex-"Joelho de Porco". 
E para agravar, naquela semana em específico, a minha agenda pessoal estava lotada, pois haveriam shows de todas as outras bandas pelas quais eu atuava naquela ocasião, em dias diferentes e haveria também uma participação especial com uma ex-banda, na qual eu atuara no passado. 
Portanto, eis que eu toquei como convidado especial em duas músicas no show da Patrulha do Espaço, no domingo, no Centro Cultural São Paulo, ensaiei com o Pedra na segunda-feira, ensaiei com o “Nudes” de Ciro Pessoa na terça, toquei com o Pedra no Bourbon Street na quarta, fiz um show com o Nudes, na quinta, no Teatro Parlapatões e dois shows com Os Kurandeiros em casas noturnas diferentes, na sexta e sábado. 
Tal situação particular a apontar para inúmeros trabalhos simultâneos, deu a dimensão do quanto o Pedra estava reduzido na minha vida nessa época, e falo isso sem nenhuma intenção de estabelecer qualquer margem que seja, para o leitor interpretar como soberba de minha parte, tampouco manifestação de desdém pelo Pedra, em hipótese alguma, que isso fique bem claro! 
Apenas estou a reportar ao leitor, que o curso da vida me levara a diminuir a importância dessa banda na minha vida e isso a expressar tecnicamente apenas, pois em nada teve a ver com o respeito, orgulho e carinho que eu sempre mantive pelo trabalho e consideração & gratidão por tudo o que essa banda representou e representa na minha carreira. 
Porém, acho que esse episódio a relatar tal sobreposição de trabalhos, somado ao cansaço por me deparar com o fato de que a minha visão cultural não se coadunava perfeitamente com a norma dessa banda, além da discordância sobre a condução do rumo do nosso grupo e o clima sempre tenso que a falta de perspectiva nos rendia, normalmente, foram elementos somatizados que explicam com clareza o meu distanciamento gradual dessa banda, infelizmente.
Bem, ao falar sobre esse show em si, antes mesmo dele acontecer efetivamente, eu ponderei com os demais que seria uma estratégia mais prudente se nós minimizássemos gastos e esforço desmesurado, além do que, houve o clamor da parte do contratante para que tocássemos com menor volume em relação à apresentação que fizéramos no ano anterior. 
Nesse sentido, eu fiz a minha parte e sabedor que a casa mantinha à disposição um amplificador de baixo importado e com boa qualidade, mediante gabinete duplo com caixas da mesma marca, de fato comuniquei aos demais que usaria o equipamento da casa. 
Claro que usar o meu amplificador e as minhas caixas era sempre uma perspectiva maravilhosa por se tratar exatamente do som que eu estava acostumado, com um timbre sensacional que realçava o potencial particular de todos os meus baixos, mas não haveria nenhum prejuízo sonoro à banda ao usar o bom aparelho disponibilizado pela casa, e assim, o transtorno seria mínimo. 
Ninguém me falou nada, diretamente, mas deu para sentir no ar um clima de descontentamento quando eu cheguei ao estúdio Overdrive, somente com um baixo em mãos. Chegamos ao Bourbon e sem a presença dos nossos técnicos, aceitamos trabalhar com os profissionais da casa. Estes foram solícitos para conosco, mas claro que trabalhar com Sprada & Molina, se tratava de uma outra situação bem melhor para os nossos anseios. 
Dessa maneira, ficara assegurada para a casa, a condução comedida da pressão sonora no PA no padrão que os seus dirigentes julgavam adequada. Haveria uma banda de abertura, que eu não conhecia e ao vê-los a realizar o seu soundcheck, gostei muito. 
Banda cover, não faziam nada autoral, mas a se mostrar muito boa tecnicamente, e sob um padrão de bom gosto para interpretar clássicos do Rock, Blues e Soul Music. Tal banda se chamava: “Black Coffee” e os seus componentes eram ótimos músicos e bastante gentis, a se mostrarem como batalhadores na música, a trabalharem pelo circuito underground, como nós e tantos outros músicos bons que ficam no limbo da história, enquanto energúmenos são alçados ao estrelato indevido, mas tal lamento cabe para um outro tipo de discussão e eu não vou desviar o foco neste instante. 
E haveria uma atração internacional naquela noite, mas que encaixar-se-ia sob uma atuação rápida, como convidado especial da banda, Black Coffee. Tratou-se de uma guitarrista norte-americano, chamado: Bryan Lee. Figura razoavelmente conhecida no circuito de blues de New Orleans, Bryan era um guitarrista cego, com boa técnica e já havia vindo ao Brasil muitas vezes para tocar no circuito de blues, principalmente em festivais temáticos, promovidos pelas unidades do Sesc e diversas vezes no próprio Bourbon Street. 
Passado o som, eu encontrei a figura simpática do casal amigo, Pietro e Claudyana Buccaran, ele gerente da casa. Jantamos juntos ali e depois, foi só esperar a noite se iniciar. O Black Coffee foi chamado para atuar e nós assistimos pela coxia a sua ótima performance. Que bom terem tocado sons do “Sly and the Family Stone”, uma banda que me emociona desde sempre.
Então, uma imensa confusão se iniciou no camarim. Eis que uma precipitação frenética irrompeu a mostrar funcionários apressados a abrirem alas para a entrada do guitarrista norte-americano, Bryan Lee, que acabara de chegar ao estabelecimento, mediante o uso de um táxi. Ora, tudo bem que se tratara de uma pessoa com sérias limitações de saúde, pois não obstante o fato de ser cego, estava idoso e muito debilitado, a usar um equipamento para respiração artificial, inclusive e ao ser amparado por uma enfermeira e uma senhora de sua idêntica nacionalidade, que o acompanhava
No entanto, mesmo ao se levar em conta as suas necessidades especiais ali, em estado de debilidade, fiquei pasmo com a subserviência de todos, a denotar que idade avançada e doenças a parte daquele artista, aquilo tudo fora muito mais motivado apenas pelo fato do sujeito ser norte-americano. 
Para piorar tal predisposição, o referido senhor estava agoniado para trocar as cordas da sua guitarra, e sem um roadie pessoal para prover tal necessidade de sua parte, o Xando Zupo se ofereceu para ajudá-lo na tarefa e já com o Black Coffee a tocar a todo vapor, pois a qualquer momento solicitariam a sua presença no palco. 
Alojados em um camarim minúsculo, realmente foi um sufoco atender o senhor e este não parou de pedir guaraná aos funcionários da casa, visto que ele adorava o nosso refrigerante típico, motivado por tantas vezes que viera ao Brasil, anteriormente. 
Finalmente o chamaram ao palco e um clima sob comoção se instaurou, com muita confusão para levá-lo à ribalta, por conta daquele estado debilitado em que se encontrava, isto é, foi um sufoco. 
Ele tocou, tocou... e na coxia eu fiquei a pensar que sim, se tratava de um bom guitarrista, mas eu conhecia pelo menos cerca de trinta guitarristas brasileiros com os quais eu toquei na minha carreira toda, muito melhores do que ele, e portanto, aquela subserviência idiota das pessoas em endeusá-lo, só por que ele era norte-americano, denunciava a tal "síndrome do cachorro vira-lata", preconizada por Nelson Rodrigues. Enfim, vida longa e com saúde para Bryan Lee...
Fotos do show no Bourbon Street em junho de 2014 e uma posada na porta do estabelecimento. Clicks, acervo e cortesia de Grace Lagôa

Um medley do show, gravado e postado por Isidoro Hofacker Jr. no YouTube. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=OOuBvgP8-w0

Chegou a nossa vez enfim e o nosso show foi bastante firme, seguro e com foco, a manter uma boa dinâmica. Arrancamos aplausos e novamente havíamos atraído um bom contingente de fãs da nossa banda e que fizeram coro ao final, a pedir bis. 
Desta vez, não houve um só pedido para abaixarmos o volume no palco e ao final, fomos cumprimentados pelo Pietro, meu amigo e gerente geral da casa, pelo volume praticado e ele nos disse que o diretor artístico havia gostado e que as portas abrir-se-iam para outras oportunidades. Ótimo, que bom. Aconteceu na noite de 4 de junho de 2014, com cerca de duzentas pessoas na plateia.
A próxima oportunidade, só veio em agosto, com uma nova apresentação no Centro Cultural São Paulo, sob um convite do Tomada para compartilhar o palco. 
E além do mais, fora o convite para atuarmos novamente no Centro Cultural São Paulo teríamos enfim, mais uma apresentação em outro espaço e assim, com duas perspectivas agendadas para o mesmo mês, foi uma raridade para o Pedra, infelizmente.
A primeira oportunidade foi um show compartilhado com os amigos do Tomada, no Centro Cultural São Paulo. Finalmente estávamos a voltar a esse espaço, e de fato, não tocávamos ali desde 2009, quando anteriormente se tratara de uma autêntica rotina, realizar ao menos uma apresentação anual, naquele palco
Mas a Secretaria Municipal de Cultura que o controlava, havia mudado as regras e mesmo a manter o mesmo programador, que eu conhecia desde os tempos do Pitbulls on Crack nos anos noventa, e que agendara todos os shows da Patrulha do Espaço que ali fizemos em nossa formação "Chronophágica". 
Todavia, os tempos haviam mudado e agora até para conversar com o programador, que era um hippie da velha guarda, chamado: Nilson, e que anteriormente nos recebia no seu gabinete de uma forma muito coloquial, ficara difícil doravante. 
Lembro-me até de uma visita em que eu e Xando fizemos ali para tentar agendar um show e que ele nos tratou de forma estranha, como se estivesse receoso com as pessoas à sua volta, que supostamente o vigiavam e assim se portou a nos exortar a falarmos baixo, aos cochichos. Além disso, ele não se mostrou focado na conversa, ao olhar para todos os lados com ar de preocupação acentuada, e assim nos provocar uma sensação de estranheza. 
Em um dado instante, ele tratou de piorar ainda mais a estranha situação ali instaurada, pois o rapaz nos convidou a irmos com ele para um outro ambiente para concluímos a conversa, mas sem que nenhuma providência concreta fosse tomada para se marcar enfim um show. 
Em épocas passadas, nos acostumáramos a vê-lo abrir a agenda e nos perguntar sem rodeios: -"que dias vocês querem tocar?" Portanto, foi uma diferença e tanto na forma de negociação, nesse instante e por ter mudado para muito pior, naturalmente.  
Contudo, o baixista do Tomada, Marcelo "Pepe" Bueno, havia conseguido a data e na obrigatoriedade de se estabelecer uma apresentação compartilhada com outra banda, como condição sine qua non para fechá-la, ele nos indicou, gentilmente. Enfim, não sob as condições normais pelas quais nos habituáramos antigamente, mas foi pelo menos um show marcado que tivemos e assim, estivemos de volta ao palco do Centro Cultural São Paulo, enfim. 
No dia da apresentação, eu fui o primeiro a chegar ao teatro e a seguir, o Marcelo Bueno, apareceu. Ficamos a conversar por um longo período, a esperar o teatro ser liberado, por que à nossa revelia, e só descobrimos no dia, uma apresentação de música folclórica fora programada para o meio dia, portanto, até esta atração terminar e o palco ser liberado para nós, tal operação consumiu seguramente duas horas do tempo que achávamos que teríamos para empreender os nossos esforços de preparação.
Tais medidas arbitrárias sempre contrastavam com o rigor burocrático do Centro Cultural São Paulo, a estabelecer uma via dupla e desigual, sem dúvida. 
Quando a pequena orquestra folclórica encerrou a sua apresentação e o público formado por crianças e seus respectivos pais, deixaram o teatro lentamente, já batia na casa das quatorze horas e se não fôssemos ágeis, o soundcheck arrastar-se-ia e inevitavelmente passaríamos pelo martírio de estarmos ainda a terminá-lo e com muitas pendências sonoras ainda não resolvidas, mas inevitavelmente com um funcionário do CCSP a nos pressionar para deixarmos o palco imediatamente por que os demais funcionários abririam as portas para o público. 
Em ritmo de cooperação total, o backline foi todo compartilhado entre as duas bandas e na base do mutirão, conseguimos agilizar o processo a tempo de um soundcheck razoável. 
Não teríamos o Renato Sprada nessa tarde, mas o técnico do CCSP, que ali fora um assistente em anos anteriores, havia crescido na sua carreira e se tornara o técnico oficial do teatro, portanto dava conta do recado, com qualidade. Sobre o Wagner Molina, foi uma certeza que trabalharia conosco e mais uma vez a iluminação se provou ótima sob o seu comando.  
Camarim do Centro Cultural São Paulo, em agosto de 2014. Da esquerda para a direita: Laert Sarrumor e sua filha, Lígia "Sarrumor" Falci, eu (Luiz Domingues) e Xando Zupo. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa            

Antes do show começar, eu recebi a visita de Laert Sarrumor e da sua filha, Lígia Falci. Laert não poderia assistir o show por conta de um compromisso assumido naquela noite, mas a sua filha, que também era grande fã de nossa banda, nos prestigiou. 
O Tomada insistiu para tocar primeiro e eu me lembro que assisti o início de seu show, atrás do palco. A banda estava ótima e essa formação fora de fato muito boa com Vagner Nascimento, na guitarra, e Matheus Schanoski aos teclados. 
Aliás, este último providenciara uma tecladeira incrível, ao estilo anos setenta, mas com todo o seu aparato baseado em teclados brasileiros construídos por um luthier especializado em produzir teclados com design e sonoridade vintage. O Rodrigo usou todos os seus teclados e eu gostei de fazer o show a ouvir aqueles timbres incríveis, tipicamente de bandas setentistas. Até um Theremin esteve à disposição, para fornecer ares psicodélicos aos dois shows.
"Furos nos Sapatos" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=-pWL6EDEfAw

"Pra Não Voltar" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=AqGxw7CAQKA

Intro com menção à Jesus Christ Superstar + Madalena do Rock'n Roll no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=8VqnYjV2tD8

"Queimada das Larvas dos Campos Sem Fim", no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=AtRofjLcsvc

"Cuide-se Bem" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=jRNre3-Be3A

"Filme de Terror" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=MHGaaB2hxE0

"To Indo a Mil" no CCSP em 10 de agosto de 2014. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=qka1zgHaWPw

Um medley do show do CCSP em 10 de agosto de 2014, em filmagem de Bolívia & Cátia. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=JLRSWdsFqOc


Marcelo "Pepe" Buenoestava a estrear um novo baixo recém-adquirido, um Gibson Les Paul, dourado, muito bonito e me ofereceu para eu usá-lo. Pensei até em fazer isso em duas músicas ao menos, mas culminei em realizar o show inteiro com o meu Fender Precision, mesmo. 
Pedra no Centro Cultural São Paulo de São Paulo, em agosto de 2014. Fotos 1 a 3: Grace Lagôa. Foto 4: Bolívia & Cátia e foto 5: Leandro Almeida                  
 

O nosso show foi bom, embora o recado tenha sido curto naquela noite, pelo fato do show compartilhado ter reduzido set list de cada banda em apenas quarenta e cinco minutos para cada uma. Mas eu tenho a ótima lembrança desse show, por ter sentido uma vibração muito boa vinda do público, embora mais uma vez eu achasse que em pleno domingo com tempo bom, estação do metrô acoplada ao local, som e iluminação com qualidade, duas bandas autorais com carreiras longas e a tocarem juntas, sob um valor irrisório no ingresso cobrado, enfim, nada justificou um público tão pequeno diante dessas tantas condições favoráveis que eu enumerei. 
 
Na minha carreira, em outros tempos, cheguei a tocar ali com mais de mil e trezentas pessoas presentes no teatro, nos anos oitenta, e nesse instante de década dez do século vinte e um, foi sinal dos tempos, a registrar apenas duzentas pessoas presentes no auditório e pasmem, fora considerado um bom público pelos colegas.
Uma novidade boa veio na forma de um convite fonográfico, quando o produtor cultural, José André, ventilou o lançamento de um CD coletânea chamado: "Independente ou Morte" a representar o seu ótimo Site: "Nave dos Deuses", um dos maiores baluartes em prol do Rock Brasileiro na ocasião, em parceria com o selo "Lado B". 
 
Para fazer parte desse disco coletânea, nós enviamos o fonograma da música: "P'ra Não Voltar", single gravado e lançado em 2010, para nos representar nessa produção.
O nosso próximo compromisso aconteceu na cidade de Santo André-SP, na região do ABC paulista. Como eu já disse anteriormente, eu sou péssimo como um agente das relações públicas. Não é por negligência ou por maldade, mas não esperem de minha parte ações de empreendedorismo nesse campo das relações sociais e negócios. 
 
Dessa forma, fora da contribuição musical & artística, no campo extra arte, a minha contribuição para o Pedra poderia ter se configurado na parte de redação, campo em que eu tenho facilidade para atuar e no esforço de divulgação, apesar de não se enxergar isso devidamente, desde que eu comecei a lidar com a internet, mas de fato, eu havia feito muita coisa para ajudar a popularizar a banda.  
 
Mesmo ao ser inapto para tal vocação em termos de se fechar shows, eu agendei um show para a banda, entretanto, dentro daquelas condições simples, portanto fora dos padrões que a banda preconizava ser a sua logística operacional ideal para uma apresentação. Os colegas relutaram bastante para aceitar, mas finalmente os meus companheiros fecharam com a ideia de nos apresentarmos por bilheteria em um pequenino, mas bastante ajeitado espaço na cidade de Santo André-SP, no ABC paulista, chamado: "Gambalaia". 
 
Eu o conhecera através de um show que ali fizera com Os Kurandeiros em 2011 e avaliei que seria um dos poucos lugares no qual os Kurandeiros tocavam regularmente, que o Pedra poderia tocar também, exatamente pelo velho paradigma autogerado na psiquê desta banda sobre inadequações x modus operandi de artista de grande porte, mas sem dinheiro para bancar a sua equipe técnica & equipamento exagerado para se apresentar, ou seja uma discórdia a se mostrar indissolúvel ao meu ver. 
 
Mesmo assim, como eu já disse, os colegas relutaram e até me sinalizarem com a sua concordância para eu fechar a data com o responsável pelo espaço, o simpático, Alex Humberto, houve um trâmite cansativo para convencê-los.  
 
Eus os avisei bem sobre a simplicidade do local, o seu pequeno PA a carecer de reforços, ausência de um sistema de iluminação mais avantajado, a necessidade de se tocar sob um volume baixo e a completa impossibilidade para se pensar em fazer uso de um backline gigantesco, pois além de tudo, a escada que dava acesso ao auditório, era íngreme e ao se carregar equipamentos pesados ali, seria um martírio, além de perigoso. 
 
Fizemos a melhor divulgação possível e no dia do show nós fomos em comboio ainda no período da tarde, para fugirmos do trânsito entre São Paulo e as cidades do ABC. 
 
Ao chegarmos ao local, a casa já estava aberta e o solícito, Alex Humberto, nos recebeu bem. Para o meu contentamento, ao contrário do que imaginaram previamente, o pessoal do Pedra gostou muito do espaço e de fato, ele era muito aconchegante e todas as vezes em que ali toquei com Os Kurandeiros, eu apreciei muito. 
 
Com boa vontade, arrumamos o palco, reforçados pelo Rodrigo que trouxera consigo um reforço para alimentar o pequeno PA ali existente e o Xando Zupo providenciara microfones para garantir pelo menos as vozes dos quatro componentes, e quiçá dois microfones para a bateria. 
 
Passamos o som em regime de autosoundcheck, pois a casa não possuía a presença de um técnico de som e o Alex não sabia nos atender, nesse aspecto. A iluminação se mostrava bem simples e usada de modo contínuo, sem um operador profissional, tornava qualquer show ali, intimista. 
 
Com tempo hábil, deu para relaxar por ali mesmo e quando o público começou a chegar, estivemos com tudo pronto. 
Pedra em ação no Espaço Cultural Gambalaia, em Santo André-SP, no dia 29 de agosto de 2014. Clicks; acervo e cortesia: Grace Lagôa 

Foi um show muito bom e acredito que foi melhor ainda que o do Centro Cultural São Paulo, que fizéramos dias antes. O público reagiu de uma forma extraordinária, a demonstrar gostar muito e até com direito a uma manifestação eloquente da parte de um rapaz que até então eu só conhecia virtualmente, proveniente da amizade virtual firmada em uma Rede Social. 
 
Pois aconteceu que em uma pausa entre as músicas, ele fez um inflamado discurso espontâneo e emocionante para nós, a nos elogiar de forma efusiva e também a lastimar a nossa falta de apoio no mundo mainstream. Quisera eu ter mais pessoas com tal visão realista da situação, para que se mudasse o paradigma cultural deste país.
 

"Meu Mundo é Seu" no Gambalaia em 29 de agosto de 2014, em filmagem da minha amiga, Jani Santana Morales. 

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=iYvdFzX-2VQ

Lembro-me que tal manifestação mexeu com o Xando, em particular, que estava taciturno há meses por conta de suas insatisfações pessoais nutridas em relação aos fatos que envolviam a banda, mas nesse dia ele amoleceu o coração que estava endurecido e se emocionou. Bem, o que o rapaz falou foi uma grande verdade... o nosso trabalho era muito bom (perdão pela falta de modéstia, por favor), e merecíamos obter muito mais reconhecimento, eu concordei com ele. 

Apesar de ter havido um público bem pequeno ali presente, abaixo até da média observada em face da minúscula capacidade daquele simpático espaço cultural, creio que esse show foi ótimo, artisticamente a falar, entretanto, sob o ponto de vista monetário, foi um desastre, pois a féria da noite mal cobriu as nossas despesas operacionais básicas.

Mais fotos do Pedra, no Gambalaia, de Santo André-SP. Agosto de 2014. Clicks, acervo e cortesia: Grace Lagôa 
 
Dia 29 de agosto de 2014, no Gambalaia de Santo André-SP, com vinte e cinco pessoas entusiasmadas pela arte do Pedra. O que não imagináramos ali, mas foi de certa forma presumível, este foi o nosso último show com o Pedra. 

É bem verdade que haveria uma apresentação ao vivo em novembro, no estúdio da emissora Brasil 2000 FM, em São Paulo, com um contingente de público a assistir e poderia até ser considerado um show oficial, mas no Gambalaia, foi de fato, o nosso derradeiro em termos normais. 

Sinto muito, eu não era (sou) nada hábil em negociações, péssimo em relações públicas, e esse show foi o melhor que eu pude prover como "agente" da banda. 

E na medida em que o Pedra detinha essa tremenda dificuldade para se livrar de sua mentalidade interna de não se abrir mais para a simplicidade, no início de 2015, eu ofereci aos companheiros, uma nova data no Gambalaia. 

Após falar com o Alex Humberto, seu proprietário, eu reservei uma data para a nossa banda, mas a relutância foi tamanha que eu tive de cobrar uma definição em cima da hora limite para confirmar ou não, e todos vetaram uma volta àquele espaço. 

Bem, fiz o que eu pude, mas a decisão dos colegas praticamente foi o ato final da história dessa banda

Luiz Domingues a atuar com o Pedra. Centro Cultural São Paulo, agosto de 2014. Click acervo e cortesia: Leandro Almeida

Continua...

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