Iniciou-se nesse ponto, a fase que eu considero como a mais estimulante, pelo menos do ponto de vista dos resultados externos e visíveis, que o Pedra arregimentou em sua história, até então. Foi uma fase marcada pela extrema confiança e união entre os quatro componentes, ao se criar de fato, uma predisposição regida pela força.
Muitos fatores conspiraram ao nosso favor nesse momento e dessa forma, procurarei especificá-los com detalhes, para passar o mais fidedignamente possível, o relato sobre o que vivenciamos.
O primeiro ponto, obviamente fora a própria
entrada do Ivan Scartezini para a formação da nossa banda e a maneira com a qual, ele se adaptou instantaneamente. Sem
dúvida que esse fator foi preponderante para nos deixar muito mais
confiantes. Mas houveram outros elementos interessantes em vista. Por
exemplo, o disco a sair do forno, logicamente.
Com a solução encontrada para se finalizar o lay-out da capa e do encarte, a preocupação doravante foi produzir um show de lançamento à altura, estabelecer promoções, divulgação e envio do material para a avaliação da imprensa especializada etc.
No quesito shows, não houve nenhuma perspectiva glamorosa em vista, pois o show internacional no qual atuaríamos, fora adiado para setembro. Contudo, nós conseguimos uma data para o Centro Cultural São Paulo e que seria somente para julho, mas foi, enfim, uma perspectiva boa.
Nesse ínterim, outras oportunidades apareceram, para abrir a chance de nos apresentarmos antes de julho.
Uma delas possibilidades foi através de um show de choque para ser realizado na Feira da Vila Pompeia e o outro, a se tratar de uma apresentação
em uma casa noturna tradicional, denominada: "Café Aurora".
Simultaneamente, surgiu a
perspectiva para filmarmos um segundo vídeoclip. Tal perspectiva cairia como uma
luva para os nossos esforços de divulgação.
Tratou-se de um Kit, que acompanhou o CD, a conter em seu conteúdo: uma camiseta estilo "Tie Dye" (psicodélica), com o logo da banda, um adesivo com o logotipo da banda, o release do disco e uma pedra, literalmente, que nós providenciamos mediante um lote adquirido, em uma loja de pedras semi-preciosas.
Sobre a pedra em si, esta era polida, sob leve cor amarronzada e cujo nome científico vou ficar a dever, por que realmente me esqueci dele. E para embalar o Kit, usamos um saco rústico de tecido, provavelmente oriundo de sacas de grãos, porém estilizado e fechado com uma fita colorida para embrulhar presentes.
Ficou realmente um acabamento de bom gosto e a julgar pelas
reações das pessoas da imprensa que o receberam, foi amplamente aprovado.
Como o disco foi lançado pelo selo Amellis Records, de propriedade do extraordinário guitarrista, Tony Babalu, nós tivemos um apoio extra, mesmo ao se tratar de um selo modesto, sob estrutura pequena. Houve uma jornalista subordinada à tal selo, que prestou apoio na parte de assessoria de imprensa, chamada, Marina Abramowicz e através da Amellis Records, também fechamos um acordo com a distribuidora, Tratore, especializada no universo da música independente em geral.
Xando Zupo e Eduardo Xocante, em foto de 2005, por ocasião da produção do primeiro vídeoclip do Pedra. Click: Grace Lagôa
Concomitantemente, a ideia do novo
vídeoclip amadureceu. Mediante reuniões realizadas com o diretor, Eduardo
Xocante, se estabeleceu a ideia de que realizaríamos o clip da canção: "Sou Mais
Feliz" e desta feita, a conter inserções com dramaturgia, proporcionadas por um
casal de atores profissionais.
Já no campo dos shows, nós demos enfim o passo inicial
para o "debut" da banda nos palcos, com a marcação de três datas. O
primeiro show foi ao ar livre, ao participarmos da Feira de Artes da Vila
Pompeia, o segundo, no Café Aurora, e o terceiro, finalmente sob um palco
com grande extensão e projeção, no Centro Cultural São Paulo.
Na primeira foto, cartaz promocional criado para a divulgação de shows. Na segunda, eu (Luiz Domingues) a ler um documento no estúdio Overdrive. Clicks (inclusive os do cartaz), de Grace Lagôa
A definição sobre o segundo vídeoclip andou paralelamente,
também.
Ficou
acertado então com o diretor, Eduardo Xocante, que
filmaríamos um novo clip, desta feita a utilizarmos a música, "Sou Mais
Feliz", a intercalar cenas com dramaturgia, mescladas à banda em ação. Em
princípio, as cenas da banda a tocar foram cogitadas para serem
filmadas na cobertura de um prédio, com a "selva de pedra" paulistana
a servir como cenário.
Contatos foram realizados pela produção, para visar liberar o teto do edifício do Conjunto Nacional, localizado na esquina da Av. Paulista com a Rua Augusta. Sobre tal edificação, se trata de um espetacular conjunto arquitetônico erguido nos anos 1950, e a visão de seu topo, é simplesmente para tirar o fôlego de qualquer pessoa.
Mas infelizmente isso não foi viabilizado e assim, o Eduardo Xocante quis de imediato saber informações sobre a nossa agenda, ao cogitar filmar a banda durante a realização de um show verdadeiro.
Particularmente, achei boa a ideia, pois a respeito do primeiro clip (da canção, "O Dito Popular", produzido em 2005), a banda foi filmada a dublar em um set de cinematográfico bem estruturado e assim, ante a possibilidade que desta feita, fôssemos retratados ao vivo, mediante a presença de público e na extrema realidade de uma banda verdadeira e atuante, seria algo muito mais interessante.
Por sorte, tivemos agendado um show para o Centro Cultural São Paulo, marcado para o mês de julho, e assim, essa questão logística ficou garantida.
Faltou
roteirizar a parte da dramaturgia, agendar locação para suprir tal etapa e definir o casal de
atores, mas tudo isso andou depressa e praticamente ficou tudo acertado com boa margem de antecedência
ao ser definida como base a filmagem do show, o palco do CCSP.
Na primeira foto: show do Pedra no CCSP em julho de 2006 e na segunda, eu (Luiz Domingues) e Xando Zupo nos bastidores do palco Rock, na Feira da Vila Pompeia, em maio de 2006. Clicks: Grace Lagôa
Finalmente tivemos as primeiras datas oficiais de shows, marcadas.
A nossa estreia dar-se-ia em meio a um show de choque, durante o transcorrer da Feira de Artes da Vila Pompeia, o tradicional bairro
Rocker, da zona oeste de São Paulo.
Três atrações que dividiram o palco conosco, entre outras nesse dia: O lendário Tutti-Frutti, a guitarrista virtuose, Marise Marra e a banda midiática, "Nove Mil Anjos".
No dia em que tocaríamos, a atração
principal foi o Tutti-Frutti do Luiz Carlini, mas me recordo que o
Tomada tocou no mesmo dia, além da guitarrista oriunda de Campinas-SP, Marise Marra
e uma banda formada por garotos novos mas com forte apelo midiático em torno de "hype", em que o baterista Júnior Lima, ex-astro infantil da dupla, Sandy & Junior, formou ("Nove Mil Anjos").
Ocorreu
então no dia 21 de maio de 2006, por volta de 17:30 horas,
aproximadamente.
1ª Foto:
Xando Zupo no camarim de rua, improvisado na Feira da Vila Pompeia e a exibir sua
Fender Stratocaster. 2ª Foto: Da esquerda
para a direita: José Eduardo Niglio, Marcelo "Pepe" Bueno (Tomada),
Xando Zupo e Fabrizio Micheloni (Carro Bomba). 3ª Foto: Os dois
Renatos, técnicos de som, Renato Sprada e Renato Carneiro. Clicks, acervo e cortesia de Grace Lagôa
Tivemos um luxo que poucos (no mundo underground, bem entendido), poderiam se gabar de possuir, pois contamos com o apoio de dois técnicos de som de alto quilate, ambos amigos da banda e ultra competentes, os dois Renatos:
Carneiro e Sprada.
Apesar da extrema correria para se montar e preparar a
banda, com direito à truculência de um manager da Feira, extremamente
mal-educado e prepotente, eis que nós montamos o mais rápido possível e tocamos
apenas três músicas, pois a pressão exercida para encerrarmos a nossa apresentação, foi
insuportável.
Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa
Isso
por que o mesmo fenômeno ocorria todo ano: eles escalavam
muitas bandas para tocarem e quando se aproxima o entardecer e as
atrações principais iriam se apresentar, o tempo disponível já estava totalmente comprometido pelo atraso generalizado e incontrolável, provocado pela morosidade das primeiras bandas que haviam se apresentado anteriormente. Todo ano isso acontecia que a desorganização gerasse a pressa desmesurada da parte de funcionários truculentos, que por conseguinte descontavam o
nervosismo pelo descontrole da situação, nos artistas envolvidos com as atrações principais do final da tarde, ao castigá-las indevidamente com o
corte indecente de tempo, além de haver a questão do tratamento muito rude e portanto, deprimente.
Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa
Tocamos então as canções: "Misturo tudo e Aplico"; "Vai Escutando" e
"Sou Mais Feliz", na base da pressa, pois estávamos sendo muito maltratados por essa besta prepotente.
Os dois Renatos: Carneiro (com um cigarro na boca) e Sprada. Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa
Mesmo assim, tocamos com extrema segurança e
beneficiados pela pilotagem de nossos técnicos, apesar da loucura toda e
da inexistência de um soundcheck, o nosso som encorpou muito, em relação aos
outros artistas que houveram se apresentado antes de nós.
Xando Zupo em ação. Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa
Eu
mesmo (Luiz), ouvi depoimentos da parte de várias pessoas, a contar com músicos, amigos e até
estranhos que me relataram esse diferencial. O grande termômetro não foram
nem os músicos que entendem os meandros desse processo, mas sobretudo pelo depoimento de pessoas
leigas nessa matéria, que mediante o uso de suas próprias palavras, nos descreveram a sensação
de que na hora da apresentação do Pedra, o som mudou, ao ficar mais potente e agradável à sua percepção.
Eu, Luiz Domingues em ação. Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa
A
reação foi excelente em termos de espontaneidade. Vislumbrei um mar de mãos
a nos aplaudir e um esboço de coro a pedir por "bis" chegou a ecoar,
mas esse funcionário imbecil da Feira, não parava de gritar conosco, de uma forma muito grosseira,
ao nos dizer que mandaria cortar o som e nos expulsar do palco.
Em minha avaliação, sob uma contagem bem superficial, eu tive a estimativa da presença de cinco mil pessoas, aproximadamente ali presentes, quando tocamos. De fato, o público estava bem comprimido nesse quarteirão que mencionei e foi além, por se estender acima do cruzamento com a Rua Padre Chico, em direção à próxima transversal, a Rua Ministro Ferreira Alves.
Ivan Scatezini em ação. Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa
Um fato inusitado também ocorreu nesse primeiro show. Como deve se recordar o leitor, alguns dias antes, o Estado de São Paulo sofrera uma onda de atentados perpetrados por bandidos organizados contra as instituições policiais/governo estadual, ao ameaçar toda a sociedade, através de uma onda de terror, sem precedentes na história.
O
clima estava muito tenso no evento "Virada Cultural", que acontecera
anteriormente, mas tal mega evento aconteceu assim mesmo. Sendo assim, a
Feira da Pompeia também foi confirmada e houve um reforço da Polícia
Militar para garantir a segurança, afinal de contas, essa Feira costumava
reunir cerca de cento e cinquenta mil pessoas no seu total.
Nada aconteceu de anormal,
mas o clima se mostrara bem tenso entre os policiais.
Ivan Scartezini em destaque! Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa
Então, enquanto
montávamos o equipamento, o Ivan que é um fumante inveterado, acendeu um cigarro e assim
que começamos a tocar, alguns policiais que estavam próximos ao palco,
ficaram muito incomodados, por acharem se tratar de um baseado de maconha. Quando o
show terminou, houve uma abordagem tensa da parte de alguns policiais, com um desses elementos a se mostrar bem exaltado, ao nos dizer que em um momento daqueles pelo qual passávamos, fora inadmissível que provocássemos
uma situação dessas etc. e tal.
Até entendo a lógica do sujeito, mas esclarecida a questão, tudo
se amenizou, enfim.
Xando Zupo em ação! Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa
Não filmamos, tampouco gravamos esse show relâmpago,
mas existem fotos.
Não são muitas (as disponíveis estão publicadas ao longo do relato desse show em específico e no arquivo do Blog, através de seu específico tópico), pois a confusão foi muito grande na organização do palco Rock, e a fotógrafa,
Grace Lagôa, não teve a vida facilitada para poder trabalhar de uma forma
profissional, como estava acostumada.
Uma pena!
E
assim foi o debut do Pedra nos palcos, oficialmente.
Chegamos enfim, ao segundo show oficial do Pedra, desta feita sob um ambiente fechado e com a possibilidade para tocarmos nosso enfim o nosso repertório completo, sem pressões da parte de produtores estressados e mal-educados, como ocorrera na Feira da Vila Pompeia, alguns dias antes.
Contudo, foi uma noite dividida com duas outras bandas e assim, não se tratou de um show exclusivamente nosso.
As outras bandas escaladas, foram:
"Carro Bomba" e "Golpe de Estado".
O fato de ter sido um convívio com bandas amigas, certamente proporcionou um clima descontraído e prazeroso nos bastidores, ao eliminar as tensões típicas de quando se lida com artistas estranhos em shows compartilhados.
O show foi realizado no
Café Aurora e a data foi: 26 de maio de 2006, uma sexta-feira.
Esse foi
o primeiro de uma série de shows que fizemos com o Carro Bomba, sob uma
parceria marcada por esforços mútuos mediante a divisão de despesas e lucros.
Pela amizade com o Marcello Schevano, Ricardo Bonx e o Fabrizio Micheloni, foi um prazer, sem dúvida. Entretanto, com a linha artística que eles adotavam, a se revelar um som muito pesado, eu não achava nada conveniente tocarmos juntos, pois tanto para um grupo, quanto para o outro, eu não via possibilidade de um público em conjunto ser formado e muito pelo contrário, as disparidades entre as duas estéticas, diametralmente opostas entre si, dificilmente haveria por agregar novos adeptos, para um ao outro grupo.
Pelo contrário, a possibilidade de um aficionado de uma banda se aborrecer com o som da outra, foi grande.
O argumento de que nos anos
1960 & 1970, não ter havido a ocorrência de um público fechado em guetos e tribos (e assim, o mesmo sujeito
que gostava de Acid Rock, poderia gostar também de Folk acústico, por exemplo), foi cabível
para aquela realidade perdida.
Mas os tempos mudaram e dificilmente um fã do Carro Bomba, teria paciência para ouvir uma canção Pop do Pedra, e vice-versa, quem gostava do som ameno do Pedra certamente assustar-se-ia com a volúpia quase metálica do trabalho proposto pelo Carro Bomba.
A despeito das diferenças estéticas, o clima na montagem, e no soundcheck foi muito agradável, naturalmente. As brincadeiras e a camaradagem para compartilharmos equipamento, foi ótima, evidentemente. O nosso técnico de som, Renato Carneiro, não pôde comparecer ao show, mas demos sorte, pois o técnico da casa se mostrou muito solícito e competente, a nos possibilitar uma boa equalização de PA e monitor, dentro da realidade das dimensões do espaço e equipamento disponível.
O Carro Bomba tocou primeiro, ficamos marcados para atuarmos em segundo lugar e o Golpe de Estado, por ser um grupo muito mais tradicional entre as três atrações daquela noite, ficou ajustado como show principal de encerramento.
Lembro-me que assisti o show do Carro Bomba, da metade
para o final, assim que voltei ao Café Aurora, depois de ter passado em
casa para me recompor. O som deles não era da minha predileção pessoal,
certamente, mas fiquei a admirar a técnica dos três músicos, excelente sem nenhuma dúvida e a
firmeza que mantinham no palco, pois já ostentavam naquela altura, quase dois anos de
existência.
O ótimo baixista do Carro Bomba nessa ocasião, Fabrizio Micheloni
Sou um
admirador confesso do baixista, Fabrizio Micheloni, sobre o qual considero como um
virtuose. Se eles fizessem um som menos pesado, certamente o estilo dele sobressair-se-ia ainda mais, para torná-lo uma espécie de Jack Bruce ou Tim
Bogert, brasileiro, mas a opção pelo quase Heavy-Metal que praticavam
naquela fase (e depois disso, a banda se pôs a ficar ainda mais pesada a
cada disco lançado), se explicitou nos trabalhos posteriores,
a impedir que essa técnica apurada viesse à tona de forma mais adequada.
Uma ocorrência curiosa ocorreu, durante o show deles e que eu testemunhei de perto.
Claro que não me ofendi, pois não haveria cabimento para me aborrecer com tal manifestação, nem que fôssemos famosos no patamar mainstream.
Dessa forma, eu apenas analisei em silêncio a manifestação alheia naquele instante, e concluí o quanto era (é) duro começar um trabalho da estaca zero, por ter que tocar em lugares pequenos e angariar público paulatinamente sob um trabalho muito preliminar.
Quanto ao comentário do sujeito, me pareceu um desdém descabido, claro, mas também a se provar como uma tendência normal na relação público x artista desconhecido, em que o grau de interesse do primeiro pelo segundo é zero, e daí, é mesmo difícil para qualquer artista, sair desse ponto inicial de inércia.
Ainda mais em um ambiente avesso para amantes da música e da
arte, como era aquela casa noturna, mais apropriada aos buscadores dos
prazeres hedonistas, em meio às suas dionisíacas "baladas".
O "banner" do Carro Bomba ficou exposto no palco, portanto, muitas fotos e a filmagem do show, ostentaram essa falha estrutural de nossa parte. O próprio Marcello Schevano, notou isso, mas fora tarde demais e já estávamos a tocar quando ele percebeu o deslize. Independente do cenário estar inadequado para nós, o show foi muito bom.
Flagrantes do show do Pedra no Café Aurora em maio de 2006. Clicks de Grace Lagôa
Estávamos muito bem ensaiados e a fluir com
uma segurança tão grande no palco, que essa credibilidade passou ao público. Tanto
que ao enfrentar uma plateia híbrida, metade a esperar pelo Golpe de
Estado e a outra metade formada por habitues da casa, acostumados a
ouvir bandas cover, nós arrancamos muitos aplausos e ao final, houve um sincero
pedido de bis, quando a tendência seria o silêncio educado ou até
algumas manifestações de hostilidades por parte de alguns fãs mais impacientes pela espera do Golpe de Estado assumir o palco.
Saímos
satisfeitos com esse segundo show, no qual, apesar de ter sido uma noite dividida
com outras duas bandas, nós executamos o nosso repertório inteiro, com a execução das
onze músicas do primeiro CD.
Ao final do show do Golpe de Estado, músicos das três bandas se misturaram-se para um jam-session livre, a encerrar a noitada.
Jam-session com os músicos das três bandas misturados no palco. Show do Pedra no Café Aurora em maio de 2006. Clicks de Grace Lagôa
A despeito
de termos estreado na Feira da Pompeia, cinco dias antes, claro que o
sabor de uma real estreia ficou para essa segunda apresentação no Café
Aurora, em 26 de maio de 2006, uma sexta-feira e com cerca de quatrocentas e cinquenta pessoas, no interior da casa.
Satisfeitos
com esses dois shows iniciais que cumprimos, paralelamente já tivemos a notícia de
que alguns jornalistas haviam tido uma boa impressão
sobre o nosso primeiro CD, e também pela forma criativa que encontramos
para embalá-lo.
Nesse quesito, acho que a necessidade foi realmente a mãe da invenção, como dizia Frank Zappa, pois tudo em relação ao encarte foi precipitado pela urgência de se definir um caminho prático e sobretudo pelo improviso, no qual o Rodrigo Hid teve o mérito de se esforçar nesse sentido.
Cabe aqui uma menção honrosa. Uma figura importante na conclusão desse lay-out final, foi a do webdesigner e baixista, Fábio Mulan. Graças a ele, toda a formatação do texto, em termos de tipologia e diagramação, foi agilizada.
E o próximo show esteve definido e aconteceria em uma casa noturna chamada: "Blackmore Rock Bar", localizada no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo.
Para quem não conhece a cidade de São Paulo, o "Blackmore Rock Bar" foi mesmo uma referência direta ao guitarrista do Deep Purple, Ritchie Blackmore e a casa mantinha a sua tradição de apresentar shows com bandas sedimentadas nas searas do Hard-Rock e Heavy-Metal, predominantemente, e até já promovera shows internacionais (ao recorrer apenas à minha memória, me lembro de que ali ocorreram shows com Joe Lynn Turner, ex-vocalista do Rainbow e com passagem rápida pelo Deep Purple, Nicky Simper, primeiro baixista do Deep Purple e John Lawton, ex-vocalista do Lucifer's Friend e Uriah Heep, entre tais atrações internacionais).
Flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa
Novamente nós dividiríamos a
noite com o grupo pesado, Carro Bomba e nesse sentido, fizemos um esforço interessante para divulgar o evento,
inclusive com inserções de chamadas radiofônicas e um bonito cartaz que produzimos, bem colorido e à moda psicodélica dos anos sessenta, embora essa prerrogativa não fosse uma bandeira deflagrada pela banda e pelo contrário, houvesse discórdia interna sobre tal referência.
Mais flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa
A casa oferecia uma
estrutura boa de palco, com equipamento de som e iluminação de qualidade, e dessa forma, mesmo sem a presença de
nosso técnico, Renato Carneiro, estivemos seguros de que entender-nos-íamos com o técnico do estabelecimento, e faríamos um bom show, como houvera sido no
Café Aurora.
Outros flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa
Tal espetáculo aconteceu em um dia útil, mas como estávamos a viver a época de mais uma Copa do Mundo, o clima fora marcado por dias úteis relaxados, com aulas suspensas, comércio a trabalhar em ritmo brando etc.
Nessa ocasião, eu estava incomodado por um problema familiar, na verdade já há alguns meses, com o caso de uma prima minha que estava muito doente. O vai e vem ao hospital houvera se intensificado desde março daquele ano de 2006, mas o que eu não imaginaria, seria ter que passar por uma situação limítrofe, bem no dia desse show a ser realizado no Blackmore Rock Bar.
Infelizmente, o pior aconteceu e na madrugada que antecedeu aquele dia do show, a minha prima faleceu e com os meus outros primos, irmãos dela, a morarem fora de São Paulo, eu tive que tomar a dianteira das providências funerárias, para auxiliar os meus tios, idosos e abalados, naturalmente.
Naturalmente que eu também estive em frangalhos nesse dia, pois apesar do estado de saúde dela nos últimos tempos ter se degenerado ao ponto de nós, os familiares, não nutrirmos esperança pela sua recuperação, o choque da perda me atordoou e machucou bastante, além do fato dela ter sido uma prima com quem eu mantive uma estreita relação fraternal desde a infância, portanto, foi um soco no estômago.
Em suma, pois não quero e não vou entrar em detalhes aqui, obviamente, mas o fato é que o funcionário do hospital me ligou por volta de 1:30 horas da manhã para me comunicar o ocorrido e dali em diante, eu passei a madrugada a cuidar dos trâmites e a culminar no doloroso ato de despedida, no velório.
Não pude acompanhar a cerimônia no crematório, pois foi marcada para o final da tarde, quando eu teria de estar no Blackmore Rock Bar, a realizar o soundcheck. Pedi desculpas aos meus tios e primos, minha mãe, irmã e demais parentes e amigos da família, presentes, e parti então, com a compreensão de todos.
Claro, o cansaço foi imenso, mas eu acreditei que o suplantaria após uma boa
noite de sono. Contudo, sobre a parte emocional, eu fiquei bem chateado com essa perda e
tive que fazer um esforço extra para não prejudicar a minha performance
pessoal, tampouco a da banda, em meio a esse drama pessoal que
enfrentei. Foi difícil, mas dei o meu melhor naquela noite.
Eu, Luiz Domingues em destaque, com Rodrigo Hid mais afastado e por detalhe. Show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa
O Carro
Bomba tocou depois de nós nessa ocasião, a inverter a ordem que
cumpríramos no Café Aurora, em maio. O nosso show foi bom, temos muitas fotos e
uma filmagem em Mini-VHS, dessa noite.
Destaco a presença de meu amigo, Marinho Rocker (que foi, aliás, o primeiro incentivador para que eu começasse a escrever esta autobiografia, ao facilitar com que eu começasse a redigir a minha narrativa, por abrir ele mesmo, um tópico, para que eu pudesse usá-la como rascunho, na extinta Rede Social, Orkut, em 2011), que veio de Minas Gerais, de sua querida cidade de Lavras, especialmente para assistir o show do Pedra, e também do Carro Bomba, do qual era (é) fã, igualmente.
Mais flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa
Esse show ocorreu no dia 14 de junho de 2006, com sessenta pessoas presentes na plateia, aproximadamente. Como último fato curioso, eu destaco que em um dado instante do show do Carro Bomba, o extraordinário baixista, Gerson Tatini (ex-Moto Perpétuo), que era coproprietário da casa, assumiu o controle da mesa de PA, para tentar equalizar o som do Carro Bomba, mas como essa banda tocava muito mais alto do que nós e o seu som era praticamente versado pela estética do Heavy-Metal, realmente foi difícil para se conseguir equalizar as vozes sob um patamar audível.
Foi assim o
terceiro show do Pedra, então. Um show bom, mas marcado por uma noite com muita tristeza
pessoal para a minha pessoa, infelizmente.
Mais flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa
Após esse show que fizemos no Blackmore Rock Bar, as atenções se voltaram para o show que faríamos no Centro Cultural São Paulo, no início de julho. Além de ser disparadamente o show sob melhores condições que teríamos nesse início de caminhada para a nossa banda, ele conteria uma importante missão embutida.
Isso por que de comum acordo com o diretor cinematográfico, Eduardo Xocante, nós aproveitaríamos o ensejo para capturar imagens da banda a tocar ao vivo, que certamente seriam aproveitadas para compor a edição final do novo vídeoclip que produziríamos.
Já definida a escolha da música:
"Sou Mais Feliz", como peça alvo, o diretor, Eduardo Xocante, se prontificou a escolher um casal de atores
profissionais para se rodar as cenas da dramaturgia desse vídeoclip.
Sobre a escolha do ator masculino, se tratou de um jovem profissional, amigo do Eduardo Xocante, chamado, Daniel Alvim, e este artista era munido de um currículo forte, em meio a peças teatrais e novelas de TV. Com passagens pelas redes de TV: SBT, Globo e Record, naquele instante estava contratado pelo SBT. A sua namorada na época, era Mel Lisboa, também uma atriz famosa pelas atuações no teatro, cinema e novelas nas emissoras Record e Globo.
Mel Lisboa, namorada de Daniel Alvim à época, e também atriz, estava cogitada para atuar, mas só não foi escalada para o elenco que atuou em nosso clip, por estar compromissada com outro trabalho para a mesma data da filmagem
Claudia Cavalheiro, a atriz que assumiu o papel feminino na dramaturgia do nosso segundo vídeoclip
Em princípio, ambos os atores convidados estariam disponíveis, mas logo soubemos que a Mel Lisboa teria um outro compromisso que inviabilizaria a sua participação, e assim, se deu a oportunidade para a confirmação de Claudia Cavalheiro a assumir a vaga. Diante desses fatos, a nossa missão foi caprichar na produção da parte da nossa apresentação ao vivo, pois tal espetáculo de fato foi o show de lançamento do CD e filmagem do novo clip, simultaneamente.
Antes, porém, nós tivemos uma entrevista cavada pelo Xando Zupo, no Jornal "Pedaço da Vila", um dos muitos jornais de bairro da Vila Mariana, onde ele morava e em que também estava situado o seu estúdio, "Overdrive".
No afã de lhe conferir um mote publicitário mais atrativo, ele convenceu a editora do jornal, de que o seu estúdio aglutinava uma cena artística que se fortalecera na ocasião e esta, a ser formada por bandas oriundas da Vila Mariana.
Foi uma mentira amena, contudo, pois somente o Pedra seria uma banda da Vila Mariana, mas apenas parcialmente, pois morador mesmo da Vila Mariana fora somente ele, sendo que eu morava no bairro vizinho, Aclimação (um ano depois, eu mudar-me-ia de fato para a Vila Mariana e na atualidade eu moro a dois quarteirões da redação desse jornal e costumo encontrar a editora desse simpático veículo de bairro, quase todo dia na padaria da esquina da minha rua) e o Rodrigo morava na Chácara Klabin, um outro bairro vizinho. Já o Ivan morava em um bairro da zona leste, Itaquera, absolutamente nada a ver com a Vila Mariana.
Pior ainda, foram as outras bandas arroladas para a entrevista (Carro Bomba, Tomada, Golpe de Estado e Baranga), cujos membros moravam em bairros diferentes e portanto, a ideia de uma "cena artística" oriunda do bairro da Vila Mariana, foi uma farsa.
Enfim, mesmo ao ter sido uma entrevista constrangedora sob esse aspecto, a editora acatou a história e publicou uma matéria com página inteira, ao conter subtítulo: "Clube do Rock". Tal matéria lembrou-me de certa forma, a onda criada pelo empresário, Mário Ronco, em 1985, quando este empreendedor agrupara diversas bandas da cena pesada de São Paulo, na época, e assim conseguira algumas matérias publicadas através da mídia mainstream, com sucesso, inclusive, para reverberar a dita: "Cooperativa Paulista de Rock".
Dessa turma de 2006, do falso "Clube do Rock", houveram três membros da Cooperativa Paulista de Rock de 1985, ali presentes: eu (Luiz Domingues), o hoje saudoso, Hélcio Aguirra e Paulo Thomaz.
E claro, nos recordamos desse fato e a semelhança com a situação de 2006, criada pelo Jornal Pedaço da Vila.
Nesse ponto,
a missão maior foi prepararmos o show no Centro Cultural São Paulo, com direito a
filmagens especiais para visarmos a produção do novo vídeoclip da banda.
A banda reunida no estúdio da emissora Brasil 2000 FM para participar do seu famoso programa ao vivo. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa
Na semana
do show do Centro Cultural São Paulo, nós tivemos um compromisso
importante de divulgação, não só para enaltecermos o show a ser realizado no Centro Cultural São Paulo, mas sobretudo pelo lançamento
do primeiro disco em voga.
Na primeira foto, Ivan Scartezini a preparar a sua caixa, Na segunda, Rodrigo Hid a preparar o som de sua guitarra. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Clicks: Grace Lagôa
Foi a
nossa segunda participação no programa ao vivo da emissora Brasil 2000
FM, que era há tempos, um dos mais tradicionais de São Paulo e do Brasil, em termos
radiofônicos e centrados no Rock.
Eu, Luiz Domingues, a posar no corredor de estúdios da emissora radiofônica citada. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa
Já
havíamos participado em 2005, ainda com Alex Soares na formação, mas
agora, a nossa missão fora ainda mais importante, devido ao lançamento do
disco, acrescido da iminência de lançamento de mais um vídeoclip e um show em um espaço
muito tradicional de São Paulo.
Particularmente, eu estava habituado a participar desse programa, pois ali me apresentara ao vivo e fui entrevistado com o Pitbulls on Crack, duas vezes (1993 e 1997), Patrulha do Espaço (2000), fora duas entrevistas com A Chave/The Key, em 1988.
Rodrigo Hid a preparar o som dos seus teclados na primeira foto e na segunda, Xando Zupo troca uma corda da sua guitarra. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa
Produzido e
apresentado pelo dinâmico, Osmar Santos Junior, popular, "Osmi" (e nada a
ver com o famoso locutor esportivo), o programa existe até os dias
atuais (2016), mesmo ao ter mudado de nome muitas vezes ("Clip
Independente", "Brasileiros & Brasileiras" etc), mas sempre a manter o
seguinte formato: banda a se apresentar ao vivo, mesclado com entrevista comandada pelo
Osmar e perguntas da parte de ouvintes.
Ivan Scartezini ainda a mexer na sua caixa e na segunda foto, eu, Luiz Domingues a aguardar o soundcheck. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa
Efetuamos um
som muito bom no estúdio, houve bastante interação com os ouvintes e
foi importante para a divulgação do disco que estávamos a lançar, além de divulgarmos bastante o
show que faríamos e que naturalmente precisava ser alardeado.
Mais flagrantes da nossa apresentação e entrevista na emissora radiofônica Brasil 2000 FM. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa
A verdade foi
que a banda estava sob uma forma técnica, espetacular, muito bem ensaiada e motivada e assim, a
performance ao vivo no estúdio da emissora Brasil 2000 FM, manteve o
padrão de qualidade que havíamos adquirido, através do polimento do trabalho, no qual tivemos a devida paciência de elaborarmos através de meses de labuta.
Fizemos todo o possível para caprichar na produção desse show no Centro Cultural São Paulo. Entre tantas ideias que tivemos, a de contarmos com um telão a se exibirem projeções, foi a mais viável como cenário.
O Xando produziu esse material ilustrativo que se mostrou simples em sua apresentação, mas foi muito funcional, a mesclar algumas montagens com fotos da banda, além de fractais psicodélicos e efeitos similares. No tocante à divulgação, fizemos um cartaz bem psicodélico, também, nos moldes dos cartazes que estávamos a desenvolver desde o início das nossas atividades.
A diferença, nesse caso, foi que se tratou de fato do nosso primeiro show isolado, sem compartilhar com outras bandas. Para a produção do clip, o Eduardo Xocante se programou para concretizar diversas tomadas, e para tal missão, recrutou os mesmos cinegrafistas que estariam na equipe técnica a filmar a parte da dramaturgia, a posteriori.
No camarim do CCSP: Xando Zupo com os atores: Claudia Cavalheiro (primeira à esquerda), Daniel Alvim (blusa azul) e Mel Lisboa (blusa branca). Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
O show foi filmado sob vários ângulos, inclusive ao aproveitar a
entrada fortuita do casal de atores, misturado à plateia. Tais cenas integrar-se-iam na edição final, a sugerir a ideia dramatúrgica de que o casal
fictício fora assistir o show do Pedra.
E na parte musical, convidamos
três percussionistas que tocaram conosco na música: "Me Chama na Hora",
para reproduzir a batucada de escola de samba, contida na gravação do
CD.
Ensaiamos previamente com Caio Ignácio, que foi o músico responsável por toda a batucada no CD, mais o amigo Roby Pontes (hoje em dia, 2016, ele é baterista do Golpe de Estado) e outro excelente percussionista, chamado: Thiago San (que participaria em 2008, da gravação do CD Pedra II e anos depois, tornar-se-ia muito famoso no âmbito mainstream, como vocalista/percussionista da banda, orientada pelo Samba Pop: "Sambô").
A batucada dos convidados em curso, a abrilhantar o som do Pedra. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Com esse trio, a
batucada ficou excelente e ainda a contar com o nosso baterista, Ivan
Scartezini, melhor ainda. Ficamos bem afiados e o dia do show chegou enfim!
Animados, fomos para o Centro Cultural com essa determinação em realizarmos um bom show.
No telão, além de imagens aleatórias, o show foi retransmitido como em estádios de futebol a fazer uso de uma câmera fixa, que nos filmou por inteiro, com qualidade muito boa para os padrões da época.
Algumas músicas desse show foram disponibilizadas separadamente no YouTube, ainda em 2006, como: "Madalena do Rock'n Roll", "Vai Escutando", "Reflexo Inverso" etc. Existe a ideia de lançar o show completo no YouTube, em algum momento.
O diretor Eduardo Xocante, chegou ao espaço ainda durante a realização do soundcheck, acompanhado por vários assistentes. Sob o seu comando, todos empreenderam várias tomadas com câmeras da marca, "Bolex", uma câmera portátil e muito funcional e que aliás, segundo o próprio, Eduardo Xocante, esta câmera foi muito usada por repórteres em coberturas jornalísticas para conflitos de guerra.
E uma câmera fixa também capturou imagens que foram levadas à edição final. Ao seu comando, o casal de atores (Daniel Alvim e Claudia Cavalheiro), fez uma tomada a entrar no teatro com a banda já em ação e posteriormente algumas tomadas do casal sentado na plateia, a assistir o show.
O engraçado, foi que a verdadeira namorada de Daniel
Alvim na ocasião, a atriz, Mel Lisboa, estava junto e se sentou do outro
lado dele, mas sem prejuízo algum à dramaturgia do clip, é claro.
Na parte musical, o Eduardo Xocante gravou duas ou três tomadas da banda a executar a canção: "Sou Mais Feliz", e além da execução normal durante o show, ele nos pediu que a tocássemos novamente em um eventual bis, e assim o fizemos, para garantir mais imagens.
Na parte musical, o show foi muito bom. Estávamos muito bem ensaiados e motivados. A performance ocorreu de uma forma bastante inspirada, com direito até a pequenos improvisos.
Na música: "Me Chama na Hora", conforme eu já disse anteriormente, contamos com as presenças de três percussionistas (Caio Ignácio, Thiago San e Roby Pontes).
Flagrantes do show do Pedra no CCSP em julho de 2006. Clicks: Grace Lagôa
Na parte da batucada, fizemos um adendo organizado no
ensaio e bem balançado, com o apoio daquela batucada, bem executada, e assim lembrou o som da "Banda Black
Rio". Isso foi muito valorizado pelo público, a descartar qualquer
possibilidade a respeito de fãs/Rockers radicais rejeitarem tal manifestação
musical híbrida.
Flagrantes do show do Pedra no CCSP em julho de 2006. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Comemoramos isso não só pelo fato em si, mas também por
sentirmos que o Pedra começava a angariar um público diferente do que
estávamos mais habituados em relação aos trabalhos anteriores de cada um,
principalmente ao citarmos a Patrulha do Espaço, banda pela qual eu (Luiz) e Rodrigo tivemos
longa passagem, e o Xando, uma mais curta.
Mais bons momentos do show do Pedra no CCSP em julho de 2006. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Duzentas pessoas passaram pela
bilheteria do Centro Cultural São Paulo naquela noite de 8 de julho de 2006, ao nos deixar
contentes, pois foi um número expressivo para uma banda iniciante,
apesar de formada por músicos com carreiras pregressas com currículo expressivo no âmbito da música underground, ao menos.
O excelente percussionista, Caio Inacio e Rodrigo Hid
No camarim do pós-show, o clima foi marcado por muita alegria, no qual
além dos familiares, parentes e amigos queridos, recebemos presenças
ilustres como o vocalista do Língua de Trapo, Laert Sarrumor, o
radialista mítico, Jaques Sobretudo Gersgorin, do Kaleidoscópio (programa de rádio histórico
no jornalismo cultural dos anos setenta), Zé Brasil & Silvia Helena,
a dupla de vocalistas do Apokalypsis, os atores: Daniel Alvim, Claudia Cavalheiro e Mel
Lisboa, Carlinhos Machado, baterista de muitas bandas e naquela ocasião, com o Acapulco Golden e Blue Trip, Diógenes Burani, ex-baterista do Moto Perpétuo e Gal Costa, e o grande Cezar de Mercês, ex-baixista d'O Terço, que dispensa
maiores apresentações.
Foi o nosso melhor momento ao vivo, nesse início de
carreira, mas o embalo positivo continuaria, conforme eu revelarei a
seguir.
Mais bons momentos do show do Pedra no CCSP em julho de 2006. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Ficamos
obviamente muito eufóricos com a nossa performance, que foi muito segura,
tecnicamente perfeita, com grande interação com o público e sinergia.
Mas a alegria ali expressa fora por outras motivações, também.
Pedra ao vivo com convidados no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
A filmagem do show para compor imagens de apoio ao vídeoclip novo que lançaríamos, nos deixou bastante animados.
Rodrigo Hid em destaque, com a minha presença (Luiz Domingues), mais ao fundo. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Tirante tais fatos, apreciamos o apoio de mídia que tivéramos e simultaneamente, se deu início ao surgimento de publicações com resenhas do nosso CD, através da imprensa escrita, primeiramente em órgãos de mídia on line, mas logo também foram publicadas na mídia tradicional, impressa.
Foi um
"momentum" muito bom para o Pedra e essa euforia por vermos tantas portas a se abrirem,
ainda continuaria por um período de mais três meses, pelo menos, com
fatos que ainda vou relatar para fechar esse mosaico.
Rodrigo Hid e Xando Zupo na linha de frente, com Ivan Scartezini ao fundo na bateria. Pedra ao vivo no CCSP em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa.
Assista abaixo, a música: Madalena
do Rock'n' Roll", acrescida da introdução de "Jesus Christ Superstar", a iniciar o show do Centro Cultural São Paulo, de 8 de julho de 2006.
http://www.youtube.com/watch?v=CXS
Rodrigo Hid em destaque, com a minha presença (Luiz) ao fundo. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Como nós havíamos concedido uma entrevista recente a esse simpático jornal, a sua editora, Denise, se afeiçoou à nós e nos convidou para tocarmos em uma data ao final de julho, no Teatro João Caetano, esta, a se revelar como um ótimo e muito tradicional teatro da prefeitura de São Paulo, situado no bairro.
Seria um show gratuito, com a intenção de se arrecadar agasalhos para instituições de caridade, com produção da subprefeitura da Vila Mariana e apoiado pelo jornal, "Pedaço da Vila".
Contatamos o nosso técnico, Renato Carneiro, para operar o som, mas ele estaria na estrada a trabalhar com a dupla sertaneja, Zezé Di Camargo & Luciano e por ser assim, recorremos ao outro Renato, o Renato Sprada. A nossa meta sempre foi entrarmos em turnês a contarmos com os dois, porém, isso nunca viria a acontecer, infelizmente.
A banda a posar na porta do estúdio Overdrive, com o carro do Xando lotado de equipamentos. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Com o nosso backline prontamente preparado, o palco estava lindo.
Pareceu o Rainbow Theatre de Londres nos anos setenta, a esperar por uma grande banda (há uma filmagem a mostrar tudo isso e inclusive sobre os momentos tensos que vivemos com os energúmenos responsáveis pelo equipamento do PA terceirizado a nos atormentar, mas não foi postado no YouTube, até hoje, 2016).
Quando o equipamento das duas bandas já estava inteiramente dentro dos veículos, prontos para que nos retirássemos do teatro, o técnico terceirizado (e bêbado), apareceu a correr até a rua e nos disse que o PA estava a funcionar em função "stereo" naquele momento e que, portanto, nada daquilo fora necessário e que nós havíamos errado em cancelar o show.
Tal cancelamento foi frustrante ao extremo, mas como consolo, tivemos o fato de que já se aproximava a hora do espetáculo e se constatou uma quase nula presença de público, a não ser por alguns amigos das bandas que estavam a chegar ao teatro.
Depois desse episódio frustrante, tivemos o nosso foco voltado para a filmagem da parte dramatúrgica do novo vídeoclip. Com a possibilidade descartada de se usar o topo de um edifício para filmar a banda a dublar, fechamos na ideia de filmar durante um show real, e foi o que aconteceu no Centro Cultural, como já descrevi.
A atriz, Claudia Cavalheiro em plana ação. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Eduardo Xocante e equipe técnica durante a filmagem de uma das cenas protagonizadas pela atriz, Claudia Cavalheiro. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
O ator, Daniel Alvim a contracenar com Xando Zupo, em cenas do clip. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Clicks, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Eduardo Xocante, o seu produtor e membros da banda (Daniel Kid o nosso roadie, incluso), assistem o copião de cenas filmadas até então. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Nessa cena, a simular um jantar que o casal fictício realizou para receber amigos, eu (Luiz) e Ivan participamos como figurantes, além do Emmanuel Barreto, Daniel "Kid", e Lu Vitaliano, como eu já mencionei. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Foi uma cena muito divertida para se fazer, pois a ideia seria mostrar uma constrangedora briga do casal, na frente dos seus convidados.
Emmanuel Barreto e eu (Luiz Domingues), nos bastidores dessa filmagem. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
A seguir a orientação do diretor, nós tivemos que comer de uma forma convincente, mas quando eu olhei para a macarronada preparada com aquele molho recheado com carne, tive problemas e fiquei a enrolar, só a mexer no garfo para lá e para cá.
O diretor, Eduardo Xocante a abstrair e um membro da equipe técnica perto dele, de costas. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Da esquerda para a direita: os atores Daniel Alvim e Claudia Cavalheiro, além do diretor, Eduardo Xocante. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Acompanhamos também a filmagem de cenas de uma outra briga do casal, filmada na sala de estar da residência e um desdobramento, com a personagem feminina a se evadir da casa e a bater o portão da rua, como sinal de desagrado. Além de outra cena, somente a contar com o ator, ao ter um momento solo a expressar angústia, no quarto do casal.
Pedra, atores, diretor e o produtor executivo do clip, que é o rapaz perto da janela, cujo nome me esqueci e não achei em anotações de apoio. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Já estávamos por volta das 16:00 horas, quando o Xocante disse estar satisfeito com as tomadas internas e mediante um comboio formado por alguns carros particulares, nós seguimos a van da equipe técnica até a Av. Paulista, onde iniciar-se-iam as cenas noturnas dos personagens a caminharem separadamente, com sutis interações de certos membros da banda a acompanharem, também.
O ator, Daniel Alvim a interpretar um namorado transtornado em plena Avenida Paulista. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Membros da banda, Lu Vitti, Emmanuel Barreto e membros da equipe técnica da filmagem em um momento de descontração na Avenida Paulista. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Xando Zupo em um momento de descontração na Avenida Paulista. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Na primeira foto, eu (Luiz Domingues) em destaque, com Lu Vitti e Ivan Scartezini ao fundo, em um momento de descontração na Avenida Paulista. Na segunda, o ator, Daniel Alvim a atuar, com Lu Vitti, Rodrigo Hid e Emmanuel Barreto, atrás, na figuração e populares ao redor. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Como filmamos em diversos pontos da avenida, muitas ocorrências foram registradas entre a hora que ali chegamos, quase seis da tarde, até a hora que a filmagem se encerrou, com a equipe técnica a ir embora. Lembro-me por exemplo de uma tomada, em que o ator, Daniel Alvim precisava andar rápido no meio da multidão, por aparentar estar transtornado, pois tal orientação do diretor sugeriria que o personagem houvesse brigado com a namorada.
O ator, Daniel Alvim a interpretar o personagem do namorado transtornado. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Momento de descontração entre a equipe técnica, membros da banda e agregados. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
A famosa foto extraída nos bastidores da filmagem do clip e que nos serviu como peça promocional da banda por muito tempo. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Xando Zupo em um momento de descontração. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
E quando o fez, a porta automática de ferro maciço se abriu e nós entramos ao acharmos ser uma casa normal e com alguém a surgir para nos recepcionar e apanhar enfim, os objetos, mas a porta se fechou atrás de nós e assim, nós ficamos dentro de uma câmara fechada e escura, até que uma outra porta se abriu, e depois o mesmo processo moroso se repetiu, até finalmente irmos parar em um lugar menos assustador, aonde uma voz que adveio de um alto-falante, nos instruiu a deixarmos os Walk-Talkies, em uma espécie de móvel.
Pedra, equipe de filmagem e agregados na foto em ritmo de confraternização ao final do trabalho, no quintal da residência de Claudia Cavalheiro, antes de partirmos para a Avenida Paulista, ao visar filmar as externas. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Nos sentimos nesse instante como a estarmos a participar do seriado sessentista de TV: "Get Smart" ("O Agente 86"), com aquelas portas que não levam a lugar algum, a se abrirem e fecharem... e assim terminou o cansativo dia/noite de filmagens, já ao passar da meia-noite.
O diretor, Eduardo Xocante (a usar blusa de moleton preta), a comandar a sua equipe de filmagem. Bastidores da filmagem do vídeoclip da música: "Sou Mais Feliz" do Pedra. Agosto de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa
Nenhum comentário:
Postar um comentário