Neste meu Blog 3, dedico todo o espaço para cuidar da minha carreira musical. Além do texto na íntegra, do meu livro autobiográfico : "Quatro Décadas de Rock", apresento também material em geral de todas as bandas por onde atuei e atuo, sob permanente construção.
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sábado, 19 de dezembro de 2015
Patrulha do Espaço - Capítulo 17 - Pós-Patrulha do Espaço & Álbum Póstumo/Vivo - Por Luiz Domingues
Os primeiros momentos pós-Patrulha do Espaço, foram tensos em meu caso, também respingou sobre o Rodrigo Hid, a seguir, e cabe uma explicação.
Não foi da parte do Rolando Castello Junior, logicamente, mas veio tal tipo de manifestação perpetradas por pessoas que
gravitavam na órbita da Patrulha do Espaço, porém de uma bastante forma superficial e a maioria
delas nem a ter contato direto com a banda, por morarem em outras
cidades (e até em estados diferentes da federação), souberam da dissolução
da nossa formação e a seguir surgiu a notícia sobre a minha entrada
em uma banda nova que estava por ser articulada pelo guitarrista, Xando Zupo.
Cerca de dois meses depois, houve a entrada nessa mesma banda, do Rodrigo
Hid, e tais boatos se intensificaram. O grande problema é que houve um
tremendo erro de avaliação da parte de algumas pessoas ao ligar os fatos
apressadamente e daí a imaginarem que eu, e logo a seguir o Rodrigo,
havíamos saído da Patrulha do Espaço, para entrarmos em uma nova banda. através de um ato deliberado, mas não foi isso o que ocorreu.
Esses tais fãs inveterados da Patrulha do Espaço, se sentiram "ofendidos" com o que interpretaram ter sido uma
espécie de "traição" de minha parte e do Rodrigo, e assim foram se manifestar através da internet, que já estava bem popular na época,
inclusive com o início da grande febre em torno do "Orkut", como primeiro grande
fenômeno de Rede Social, por aqui no Brasil e nos agrediram com palavras fortes,
ao nos acusar sem nenhuma base verídica, apenas movidas pela
maledicência.
Eu pensei em narrar tal episódio no
capítulo do "Pedra", a banda em questão e objeto de continuação nesta
narrativa da minha autobiografia, mas ponderei e achei melhor narrar o episódio aqui na história da
Patrulha do Espaço, para deixar claro ao leitor, a verdadeira versão dos fatos.
Quando resolvi deixar a Patrulha do
Espaço, conforme já narrei, eu me sentira exaurido em minhas forças e a pensar
seriamente em me afastar definitivamente da música, enquanto carreira
artística e me dedicar de novo à pedagogia musical, ao ministrar aulas
para sobreviver, mas sem fazer parte mais de nenhuma banda autoral,
formalmente.
Comuniquei a minha saída oficialmente ao
Junior, no dia 6 de setembro de 2004. Só fui receber o telefonema do
guitarrista, Xando Zupo, ao me convidar para conhecer o projeto de sua banda
autoral que estava a formar, quase ao final de setembro e
ainda no decorrer do telefonema, cheguei a lhe dizer-lhe que estava cansado e a pensar
na aposentadoria da carreira artística.
Eu só decidi comparecer em sua residência
para ouvir a proposta (e o material que ele já tinha em mãos,
ao ter ensaiado com um time montado e só a faltar um baixista, nessa época),
dias depois, portanto, que fique claro, eu não deixei a Patrulha do Espaço para entrar em outra
banda. Ocorreu apenas que o destino agiu rápido e fez com que eu viesse a me interessar pela proposta artística que o
Xando Zupo estava a articular com outros músicos de alto calibre, tais como: Marcelo "Mancha", Tadeu Dias e Alex
Soares e isso ocorreu, cerca de vinte e poucos dias depois.
Nesse ínterim, o Rolando Castello Junior comunicou que
haveria um último show em São Carlos-SP, em outubro, e nesse ínterim, eu já havia aceitado
a proposta do Xando Zupo e devo ter feito dois ensaios iniciais com
essa banda que tornar-se-ia o "Pedra".
Portanto, para os desavisados de
plantão, ficou a impressão de que eu "traíra" a Patrulha do Espaço e a deixara
deliberadamente para integrar uma outra banda, mas não foi o que ocorreu, de forma alguma. O convite para entrar no "Pedra" ocorreu
muitos dias depois de eu ter me desligado oficialmente da Patrulha do Espaço, com
lisura e ética.
A súbita oportunidade surgida na forma de um convite
inesperado, veio depois. E o fato do Rodrigo Hid ter entrado no
"Pedra", também, reforçou a rede de boatos da parte dos maldosos
desocupados, mas igualmente sem cabimento algum, e no caso dele, Rodrigo, o convite
para entrar na banda veio ao final de dezembro de 2004, mais tarde, portanto.
Tal onda gerada por ataques gratuitos e alguns
até com baixo nível que observamos através da Internet, durou até o primeiro trimestre
de 2005 e vagarosamente, se esmoreceu, ainda bem. Tal ato se assemelhou ao
comportamento de membros de torcidas uniformizadas de clubes de futebol,
tamanha a ignorância e truculência e além de ser completamente fora
de propósito conforme aqui eu deixei bem explicado, vou além e digo que a
Patrulha do Espaço não precisa de fãs que tem esse tipo de atitude imbecil. Esses sujeitos ouviram o álbum, Chronophagia, mas não entenderam nada, certamente.
A seguir, mais algumas matérias, resenhas e entrevistas que foram publicadas ainda em 2004, portanto, a avançar nessa cronologia, após o meu desligamento da banda.
1) Rock Brigade nº 219 - outubro 2004
Neste caso, através de uma
entrevista realizada somente com o Rolando Castello Junior, foi feita uma atualização geral sobre o momento da Patrulha do Espaço com o
CD "Missão na Área 13" ainda a repercutir, mas nenhuma palavra sobre a
dissolução da nossa formação foi proferida. Foi uma estratégia boa para a
banda, que já articulava reformulação e não carecia tornar isso público
nesse instante, portanto, foi bem compreensível. Assinada por Antonio Carlos Monteiro, um grande jornalista, ainda foi mencionada amplamente a possibilidade do novo disco, ao vivo, ser lançado, visto que havíamos gravado vários shows em julho de 2004, exatamente com tal intuito.
2) Revista "Guitar Player" nº 101 - 2004
Entrevistados
por Gustavo Martins, Rodrigo e Marcello aludiram a particularidades
técnicas sobre a gravação das guitarras, do álbum "Missão na Área 13".
Muito boa a atitude de tal revista dessa categoria a procurá-los para entrevistas, reiteradas
vezes a repercutir todos os discos de estúdio que gravamos.
3) Jornal "Diário da Manhã" - Goiânia-GO - novembro 2004
Um misto
de matéria geral, e resenha do novo disco, o jornalista Adauto Alves foi
bastante feliz em sua análise. Ao enaltecer a história e a luta da banda
através dos anos e para abordar o novo disco com muita reverência, o profissional foi bastante elogioso em suas
ponderações ao colocar apenas uma menção negativa em relação à capa do disco, por não ter podido identificar claramente as feições faciais de cada componente, por conta da foto ilustrativa nos mostrar por cima, a partir da visão de nossas respectivas nucas portal ângulo. A sua frase final diz tudo, ao ter se referido ao CD "Missão na
Área 13":
-"um disco para ser saudado com tiros de canhão"...
4) Revista "Rock Brigade" nº 218 - setembro 2004
Neste caso se tratou de uma
simpática resenha sobre os shows que fizemos no CCSP, em julho de 2004, e
apesar de não ter identificado a assinatura do resenhista, deduzo ser
mulher (assinou com as iniciais: "PM"), porque a observação feita ao meu figurino só pode ter sido uma observação
feminina, pois que me perdoe se foi um rapaz, todavia se mostrou como algo não
usual em uma resenha de um show de Rock, caso tal observação tenha sido escrita por um homem.
5) Revista "Super Interessante"
Neste caso, foi exótico
ser mencionado em uma revista completamente desvinculada do universo musical,
artístico, do Rock e até cultural sob um esquadro bem amplo. Mas uma menção generalizada sobre a
Patrulha do Espaço saiu em nossa época e tudo bem, foi válido. Tratou-se de um contexto
a abordar genericamente sobre o o gênero musical que é o Rock a ser explicado para um público completamente leigo no assunto.
6) Anúncio de venda no "Site Submarino"
7 ) Site "Legalize"
Neste caso, se tratou de uma boa matéria assinada pelo Luiz "Barata", que é um conhecedor da matéria, ao estabelecer um resumo da carreira da banda.
8) Site "Wiplash"
"Missão na Área 13" é o último lançamento da banda, de 2003. Mesmo após tantos metros de estrada rodada, a Patrulha mostra que tem cada vez mais gás para queimar.
Do início ao fim, uma verdadeira aula de Rock and Roll, mas com muito peso. Um peso que deveria servir de exemplo aos que consideram muito metal que tem por aí, pesado.
A primeira faixa, "Rock com Roll" mostra que esse trabalho cai de cabeça num som forte desde o início, com um riff inicial daqueles bem pegajosos. Grande destaque para as linhas de baixo da mesma música, do senhor Luiz Antonio Domingues, muito inspirado num certo Chris Squire.
Para os fãs de bons bateristas, destaque para a fixa "For Loonies Only", um solo fantástico do Rolando.
Excelentes compositores provam o que são com grandes composições, tal como "Trampolim" (para não citar o disco inteiro)
Enfim, uma peça de colecionador...para quem realmente sabe o que é o Rock and Roll de qualidade"
José Francisco
Não conheço esse rapaz (José Francisco), mas gostei de sua resenha. Um conhecedor da matéria, sem dúvida, pelo teor de suas observações, e além disso, houve o fato de que ele me designou não pelo meu nome artístico e sim a citar o meu nome completo e ainda mais esfuziante foi quando me deixou deveras lisonjeado pela comparação a um grande mestre, que muito admiro. Estou milhares de milhas abaixo, mas certamente influenciado por Chris Squire, certamente. Perfeito!
9) Fanzine "Expresso Rock and Roll Nacional" nº 0
Escrito pelo meu amigo, Marinho "Rocker", ele fez uma ótima análise através da sua resenha, sem dúvida alguma, e que dispensa maiores comentários, pois sei que o Marinho entende da matéria, e muito. Eis mais um exemplo de um fanzine humilde, mas que na sua redação, teve um conhecedor da matéria para assina-la.
10) Fanzine "Mega Rock" nº 40 - dezembro 2004
Neste caso, foi apenas uma menção à minha pessoa, no sentido de um testemunhal que prestei para enaltecer a boa função jornalística do próprio veículo em questão.
Passado o
momento inicial quando a minha nova banda, o "Pedra" fora atacada na
Internet por fãs radicais e mal-informados da Patrulha do Espaço (alvo de um falso boato, conforme já narrei
em parágrafo anterior), eu soube que o Rolando Castello Junior anunciara shows em 2005, com
uma nova formação e fiquei feliz por isso. Seriam
shows a serem realizados pelo estado do Paraná, se não me engano e fiquei contente por
saber que a banda continuaria a sua saga, com novos componentes e
desafios a serem enfrentados.
Pus-me a
acompanhar de longe e pela internet que ainda não acessava, mas via nos computadores da
casa de amigos, ou pelo relato do próprio, Samuel Wagner, que continuou
normalmente a exercer as suas funções como roadie da banda e com quem
mantive contato nos anos vindouros, igualmente pelo fato dele também ter tornado-se um roadie do Pedra, nesses anos.
Por volta
do final de 2005, eu fui informado, assim como os demais ex-membros da
nossa formação, que o Rolando Castello Junior fizera esforços para mixar o material
gravado durante os shows que realizáramos em 2004, nos estertores da nossa
carreira com a Patrulha do Espaço.
Não
demorou muito e recebi o seu telefonema a me solicitar dados pessoais para
providenciar a documentação, ao visar a burocracia oficial para lançar um
novo disco da Patrulha do Espaço, o tão sonhado registro ao vivo que a banda e os
fãs, sempre sonharam ter.
Ora, a minha
realidade foi outra naquele instante de 2006, pois eu estava a lançar
um disco com uma outra banda, mas claro que fiquei contente com a notícia e
mesmo antes de ouvi-lo e independente de tomar conhecimento do seu resultado sonoro e produção
de capa, fiquei "arrepiado" por ter um registro oficial ao vivo da
nossa formação e possivelmente a conter músicas de todos os discos que
gravamos, além de nossa interpretação peculiar do material pregresso e
clássico da banda. Apesar de póstumo, fora algo vivo, e ao vivo, com o perdão do trocadilho infame.
Comento agora sobre o disco ao vivo que gravamos em 2004, nos últimos momentos de nossa formação, mas só lançado em meados de 2007. Como não
acompanhei o processo posterior à gravação, em nada contribuí em sua pós-produção, e quando recebi um lote com cópias do disco para o meu acervo
de memorabilia, tudo foi inteiramente surpresa para a meu vislumbre. Sobre a capa e encarte:
Com fotos
da nossa querida amiga, Ana Fuccia, a capa e todas as lâminas do encarte nos mostram em panorâmica ou individualmente, diretamente no palco do Centro
Cultural São Paulo. Algumas foram clicadas no show da sexta-feira, dia 23 de julho de 2004, e outras, no domingo, dia 25 de julho de 2004. São belos clicks, todos, e dignificam a grandeza da banda, não resta dúvida alguma.
É muito
criativa a ilustração do silk para ilustrar o label do CD. Deduzo ser a figura do astronauta,
Yuri Gagarin, um pioneiro, e na ilustração original, ao constar no seu capacete espacial, onde estava escrito: "CCCP", a
sigla da União Soviética, em alfabeto cirílico, se colocou: "CCSP",
para significar: Centro Cultural São Paulo.
Ou seja, foi super criativo e emblemático ao fazer
menção ao espaço sideral, para honrar as tradições da banda, por aludir a tal mote usado pelo grupo, desde
os seus primórdios.
Sobre o
texto do encarte, como de costume, o Junior teceu ponderações sobre o
contexto que envolveu esse trabalho e mais uma vez, fez um belo trabalho.
É um fato cabal que ele escreve muito bem e assim se caracteriza por possuir um talento extra, além da música,
ao se apresentar muito bem como um bom redator e assim, munido por sua vasta cultura, não somente do
universo Rocker, logicamente que tal forte bagagem, o credencia sempre para ser bem articulado, como o é.
Mais que
isso, o texto tem uma poesia implícita e lembra-me de certa forma a
linha literária que se encontrava fartamente nas páginas da revista: "Rock, a História e
a Glória", nos anos setenta e que por tal sofisticação literária, elevara o Rock a um patamar acima, como Art-Rock e certamente que eu aprecio muito isso.
Ao ir além e sem medo de
cometer nenhum excesso, mas para ser bem realista, creio que Rock é exatamente isso em sua essência e o
que o Rolando Castelo Junior trata neste assertivamente quando descreve a história da Patrulha do Espaço em seus
textos contidos através de vários encartes de álbuns, e não o que pensam os usurpadores, esses verdadeiros
ogros trogloditas que o tratam pela baixa estratificação subcultural, ou pior ainda, pelos agentes em prol da anticultura.
Definitivamente a bermuda e o "malocchio" não me representam, e não,
não "é ducaraio, véio"...
Segundo
eu soube e depois confirmei ao ler o encarte, o álbum foi mixado em Goiânia, em um
estúdio chamado: Crystal Met. Neste caso, ocorreu que, Gustavo Vasquez, que foi um dos
técnicos que gravou e mixou o álbum, "Missão na Área 13", estava agora de
volta ao seu estado de origem, Goiás (ele é de Anápolis, cidade no interior desse estado), e ele foi o responsável pela mixagem desse disco ao vivo.
O Rolando Castello Junior
explicou bem o critério usado para a escolha do repertório. Nesse sentido, músicas clássicas da
época do Arnaldo Baptista não puderam serem incluídas por que teria sido necessário se pedir a autorização na editora que detinha/detém seus direitos (Warner Chappell) e
claro, a conter uma taxa para se pagar sobre cada uma.
Foi o mesmo caso de: "Meus 26 Anos", um
clássico da Patrulha do Espaço, desde 1982, mas que na verdade, se trata de uma releitura do grupo de Rock setentista,
"Joelho de Porco", e precisaria passar pelo mesmo processo burocrático e
oneroso.
O mesmo
raciocínio se observou para a nossa versão que era adorada nos shows de: "Ando Meio
Desligado", dos "Mutantes" e com direito a inserção da menção de "In-A-Gadda-da Vidda", do "Iron Butterfly", que aliás, costumava arrancar urros da parte de Rockers
mais antenados.
Ele também
ponderou que privilegiou mais músicas da nossa formação
"chronophágica", como um registro da nossa fase e particularmente, eu me senti orgulhoso por essa escolha. Creio que
existem outras tantas músicas boas para ser lançadas no futuro, oriundas dessas gravações ao vivo que fizéramos em 2004 e o Rolando já lançou uma delas, como bônus track no disco: "Dormindo em Cama de
Pregos" de 2012 ("Rock com Roll"), ao sinalizar assim que existe a
possibilidade de mais peças desse material gravado ao vivo em 2004, possam vir a tona.
Por último, devo registrar que o Rolando Castello Junior foi muito gentil em colocar uma observação elogiosa à minha pessoa, em específico, na descrição da banda. Ao escrever: "Luiz Domingues - Baixos Soberbos e Vocais", acho que me prestou uma homenagem e tanto, e claro que uma deferência dessas foi (é) para se guardar para o resto da vida.
Sobre as músicas, eis as minhas impressões pessoais:
Bem, nesta reflexão eu vou
analisar a performance ao vivo e não as composições em si, mesmo por que,
por se tratarem das músicas compostas, arranjadas e gravadas pela nossa
formação, já as analisei amplamente em capítulos anteriores e
concernentes à gravação oficial de cada uma, em seus respectivos álbuns. E
sobre o material mais antigo da Patrulha do Espaço, registrado pelas formações
anteriores, não cabe aqui comentário nesse sentido. Posto isso, vou à análise das canções que compõe o álbum, "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004":
Antes de
falar de cada faixa, eu já deixo duas ressalvas, para não ter que repetir
isso a cada comentário: como todo bom disco ao vivo que se preze, as
músicas estão todas com andamentos mais acelerados. É mais do que normal
que ao vivo a adrenalina do show faça com que os músicos se empolguem
com a performance, além da sinergia com o público e dentro dessa prerrogativa, o senso de
pulsação normal de cada música, se altere.
Portanto, nesse disco, isso aconteceu e
reitero, ainda bem, pois somos humanos e somos Rockers, acima de tudo!
E o
segundo ponto, é que eu penso que os solos de guitarras ficaram muito altos,
nessa mixagem. Talvez na audição da mixagem (ainda no processo do estúdio), estivessem sob um patamar um pouco
acima do adequado e quando o pente fino da masterização passou, eles se realçaram pelo acréscimo de agudo muito brilhante, portanto ficaram
altos e estridentes. Mas mesmo assim, esse fator não desabona o resultado geral do
álbum.
1) "Não Tenho Medo"
Eis o áudio da canção "Não Tenho Medo" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Creio ter sido muito
positivo que o Rolando Castello Junior tenha escolhido "Não Tenha Medo" para ser a primeira faixa do disco,
pois ela foi, desde 1999, a primeira música de nossos shows, noite após
noite. Salvo raras ocasiões em que trocamos o início do show para
variar, tal canção fora a nossa tradicional entrada em cena e nunca esquecer-me-ei da reação que causava na primeira virada de bateria do Rolando Castello Junior
e que nos demonstrava claramente, se haveria sinergia com o público,
pois se ouvíamos urros advindos da plateia, já sabíamos que seria um
grande show.
Nessa
gravação, os timbres estão sensacionais da parte de todos os instrumentos. O meu baixo dignifica a
nobre linhagem do Fender Precision, pois está com um peso mastodôntico,
além do timbre metálico na ordem do médio agudo, a se revelar espetacular.
Gosto
muito de uma intervenção sob dissonância que uma das guitarras faz. Já
nem me lembro quem a fazia, se Rodrigo ou Marcello, mas nessa versão ao
vivo, é de arrepiar.
2) "Festa do Rock"
Eis o áudio da canção "Festa do Rock" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Outra
canção clássica do repertório antigo da Patrulha do Espaço, da autoria do guitarrista argentino, Eduardo Depose (Burmah). Eu gostava muito de
tocá-la e era tradicionalmente a segunda canção dos shows, emendada em
"Não Tenho Medo". Os timbres de todos os instrumentos, se mostram ótimos e com a mesma performance energética com a qual a tocávamos nesses anos todos.
3) "Ser"
Eis o áudio da canção "Ser" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Para seguir a mesma linha das anteriores, essa peça do álbum "Chronophagia" era tocada geralmente na terceira posição do set list. Essa
versão tem a mesma energia de todas as suas execuções ao vivo, desde
1999.
E claro, eu cometi os meus "glissandos" com toda a saúde e como fico contente em
ouvi-los com esse peso e carga de homenagem a um mestre que me inspirou
especificamente nessa faixa, o senhor Mel Schacher (Grand Funk Railroad). O meu Fender Precision
roncou igual ao desse velho mestre, que me colocou nos trilhos da grande
locomotiva do Rock.
4) "Vou Rolar"
Eis o áudio da canção "Vou Rolar" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Acho que a
escolha do Junior em colocar mais um som orientado pelo Hard-Rock bem robusto, privilegiou a
ideia de se aplicar um "nockout" ao ouvinte do disco. Isso é impressionante e de
tirar o fôlego e apesar de ser uma música nova no repertório da banda na
ocasião, foi tocada com uma energia incrível.
Como na
versão de estúdio, a música surpreende pelo peso, contém um solo de slide de arrepiar,
bateria alucinante e o potencial de um refrão com forte sentido Pop, bem cantado pela
comissão de frente da banda.
O Fender Precision rosnou ferozmente de
novo e ao final da música, há um improviso que eu fiz, que mostra o timbre
espetacular que eu extraía ao vivo e nunca deixo de salientar aos
baixistas em geral que me elogiam por tal quesito, ou seja, não há segredo algum nessa receita.
Anotem: baixo vintage (baixo e não simulacros com mais de quatro cordas que
pensam que é baixo), amplificação Ampeg, palheta e corda nova. É só isso, simples assim...
5) "São Paulo City"
Eis o áudio da canção "São Paulo City" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Essa
peça também era muito querida do público e nós a tocávamos ao vivo, desde o
fim de 2000, mesmo antes dela ter sido gravada, oficialmente. Mais um
petardo sonoro, esse Blues-Rock ultra setentista veio com o peso e o
brilhantismo dos solos dos nossos dois guitarristas, mais a
impressionante performance do Rolando Castello Junior a bateria, ao honrar as mais belas
tradições de grandes mestres dos tambores, tais como: Corky Laing, Carmine Appice e congêneres.
O baixo impressiona, com
o seu timbre arrasador, mais uma vez. Como eu gostaria de ter contado com tal padrão de timbres para a produção do
álbum, Chronophagia, mas tudo bem, nunca mais acato a ideia incauta de
técnico a me pedir equalização "flat" de amplificador na captura inicial de uma gravação... simples assim...
Os vocais
melodramáticos soam bonito e como eu gostava de cantar junto com Rodrigo e
Marcello, para soltar a voz, que na verdade não tenho, pela minha parca
emissão, mas nessa canção, eu conseguia (obrigado, Jack Bruce!)...
6) "Quando a Paixão te Alcançar"
Eis o áudio da canção "Quando a Paixão te Encontrar" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Música
nova no repertório da época, a se constituir de mais uma peça do álbum, "Missão na Área 13", nós mal
havíamos nos habituado com ela, essa foi a verdade. Mas creio que ela
soou muito bem e justificou sua presença no disco.
Trata-se de um Funk-Rock cheio de
balanço e sensualidade eu diria, e creio que cumpriu sua função no show e
no disco, ao quebrar o impacto inicial com tantos sons orientados pelo Hard-Rock e
Blues-Rock que iniciou o álbum.
Ao final, o
Marcello substituiu sem problemas o solo que havia gravado na versão de
estúdio, ao usar o saxofone, pela guitarra. E claro que ficou excelente.
Como nas
canções anteriores, eu usei novamente o Fender Precision e com um timbre
dos sonhos... acho que tenho que dar toda a razão ao Rolando Castello Junior quando este disse
que os baixos foram soberbos, mas com outra conotação, no entanto,
para me referir aos seus timbres arrasadores.
7) "Arrepiado"
Eis o áudio da canção "Arrepiado" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Um outro
clássico antigo da Patrulha do Espaço, O trabalho de guitarras dos nossos
guitarristas, ficou excelente. Grande interpretação vocal do Rodrigo Hid e
mais uma vez, o meu timbre de baixo ficou maravilhoso. Creio termos
dignificado esse grande sucesso do início da carreira da Patrulha do Espaço e do qual, gostávamos muito de tocar.
8) "Nave Ave"
Eis o áudio da canção "Nave Ave" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Neste ponto, começou a sessão com temas progressivos da banda. Eu adorava tocar essa canção
por vários motivos, e pelos quais creio já ter comentado amplamente em
capítulos anteriores. Nesta
versão, gosto muito da performance da banda, em geral.
Logo no começo,
fica a impressão que a performance vocal cruzou com a condução do piano
acústico, mas se foi erro, passou como se fosse um arranjo ousado e eu achei bonito o
resultado em torno de um leve "flan", que soa como algo intencional.
O arranjo
original da música previa um solo curto de órgão Hammond e é uma pena,
pois tanto no estúdio, quanto nas versões ao vivo pelas quais a executamos, merecia mais espaço, e nesta versão em específico, o timbre do
órgão é espetacular.
Nessa
faixa e assim como em todos os outros temas progressivos desse disco ao
vivo, usei o Rickenbacker e assim como nas faixas em que usei o Fender
Precision, o timbre é devastador, igualmente. Tanto em frases curtas, quanto nas
mais rápidas, é impressionante o resultado sonoro desse baixo.
9) "Homem Carbono"
Eis o áudio da canção "Homem Carbono" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Falei
anteriormente que a partir de "Nave Ave" começara a sessão progressiva do
disco, mas não, ainda teríamos um Hard-Rock, e no caso: "Homem Carbono",
uma outra faixa muito querida nos shows da banda, desde 2001.
Fiz uso do Fender Precision, novamente e com aquele timbre notável. A minha voz aparece com bastante evidência no backing vocal.
10) "Anjo do Sol"
Eis o áudio da canção "Anjo do Sol" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Que pena
que tocamos pouco essa música ao vivo, pois apesar de ser um tema
progressivo e portanto com difícil assimilação para o público,
normalmente, ela emocionava muito, principalmente na sua parte final.
O timbre
do Rickenbacker, honra as mais belas tradições "Squireanas" de quem ama o
Rock Progressivo setentista e o verdadeiro estrago, no bom sentido, que
Chris Squire fez com a percepção para quem se enfeitiçou por essa
sonoridade.
Eu errei uma marcação de tempo, mas não vou falar onde! Deixo para o leitor a missão para ouvir e descobrir onde eu falhei. Aliás, é
bom salientar, todos cometemos pequenos erros em várias faixas, mas foram mínimos
e esse disco não teve nenhum overdub. É um autêntico disco ao vivo, sem
nenhuma maquiagem de estúdio, mesmo por que, quando ele foi mixado pelo
Gustavo Vasquez, sob a supervisão do Rolando Castello Junior, a nossa formação não existia mais, há cerca de dois anos. Porém,
mesmo que estivéssemos unidos, não teríamos feito correções a
posteriori. Até nisso fomos "vintage", por princípio!
11) "Véu do Amanhã"
Eis o áudio da canção "Véu do Amanhã" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Outra peça
progressiva de uma complexidade tremenda, se mostra impressionante a performance
da banda a executar uma suíte desse tamanho, em andamento rápido e com
emocionante força interpretativa.
Os sons de
teclados são muito bons e nesse sentido eu gosto de tudo ali apresentado: piano, órgão Hammond e intervenções com
sintetizadores, todas sensacionais.
Impressionante, na parte mais climática da música, é a observação do
silêncio proeminente e absoluto nessa gravação, que se fez presente graças ao fato de que não houveram gritos a esmo vindos da plateia,
ao parecer que estiveram hipnotizados pela nossa performance. Particularmente, eu imaginei que seriam inevitáveis as manifestações ruidosas vindas da plateia bem nesse trecho da canção, mas isso simplesmente não aconteceu.
O
Rickenbacker "gritou" intensamente na música toda. Nas partes agressivas,
em momentos mais amenos, e ao final, me dei ao luxo até de improvisar,
ao exagerar um pouco além do arranjo da versão de estúdio e assim, tais frases
tercinadas ficaram com um peso e timbre incríveis. Chris Squire nas alturas... salve, salve!
12) "Sendo o Tudo e o Nada"
Eis o áudio da canção "Sendo o Tudo e o Nada" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
A nossa
maior peça progressiva do álbum, "Chronophagia", nessa versão saiu com
muita emoção e energia, como nos velhos tempos em que a tocávamos com
aquele orgulho por estarmos a promover um resgate total das raízes do
Rock, e da própria Patrulha do Espaço.
Tudo soa
encorpado nesta versão: órgão Hammond; guitarra toda pontilhada com maestria, vocais eloquentes, bateria
impressionante, e um baixo Rickenbacker, absolutamente matador. O solo ao sintetizador é
incrível.
Acho que
foi muito importante a inclusão dessa música no disco ao vivo, pois ela
marca muito bem os nossos primeiros tempos dessa formação, em 1999, pleno
por convicções e princípios, por termos empreendido um sonho a se tornar realidade.
Eu adorava empreender aquele vocal em contraponto, por usar a técnica do falsete, ao final
da canção. Nesse instante mágico, me teletransportava aos anos setenta e me sentia de novo
em meio àquelas maratonas de shows de Rock que tanto apreciara assistir na época, mas desta
vez, no lugar onde eu queria estar, no palco, e não na arquibancada de
ginásios e arenas... Aum... namastê!
13) "Tudo Vai Mudar"
Eis o áudio da canção "Tudo Vai Mudar" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Voltamos ao Hard-Rock nesse ponto e nessa canção também dignificamos os primeiros tempos da nossa formação, sem dúvida alguma. Lembro-me
que essa música nasceu de uma ideia original minha e justamente a se tratar
do refrão.
O riff instrumental e a vocalização com os "uh uh uhs" e os
"yeah yeah yeahs" foi que deu o início à composição, com o Marcello e o
Rodrigo a trazerem os outros elementos, posteriormente. Portanto, que bom que ela entrou no disco, pois simboliza muito para nós todos, emocionalmente a falar.
E ao analisar a performance em si dessa versão, creio que ela foi tocada com muita energia, a apresentar vocais
coesos e os belos timbres, já salientados e semelhantes de outras faixas. E o
Fender Precision, roncou bonito mais uma vez!
14) "One Nighter"
Eis o áudio da canção "One Nighter" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
É bem interessante
essa versão desse Funk-Rock, cheio de balanço. Se revelam como impressionantes os timbres das
guitarras, com um peso até incomum para a proposta da Patrulha do Espaço, em nossa
formação, e de certa forma a sinalizar o rumo que o Marcello Schevano daria à sua
carreira, doravante.
Apesar desse peso extra de guitarra, a destoar do meu
gosto pessoal, normalmente, creio que nesse caso ficou bem interessante, não
vou negar que aprecio. O Rolando Castello Junior
fez aquela intervenção vocal ao final, que está registrada na versão de
estúdio, mas não exatamente igual, contudo desta vez, não despertou
risadas generalizadas ao final.
15) "Universo Conspirante"
Eis o áudio da canção "Universo Conspirante" extraído do álbum "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004".
Trata-se de uma versão
muito precisa dessa música, com um peso em torno do Hard-Rock, mas a trazer também muitos
elementos do Jazz-Rock, inseridos e dessa forma, a suscitar a devida atenção na hora da execução,
ainda mais por se considerar ser uma performance ao vivo.
São belos solos e vocais em trio, com uma linha de atuação semelhante à que fazíamos em "São Paulo City". E o Fender Precision, honra as tradições do mestre, John Entwistle (The Who).
16) "Olho Animal"
Bem, essa
era uma música que os fãs da Patrulha do Espaço, que apreciavam a fase mais pesada da banda, pós-Dudu Chermont e a flertar com o Heavy-Metal, adoravam.
Já falei o quanto ela destoava do espírito Chronophágico, em capítulos
anteriores, mas é compreensível que tenha entrado no álbum, ao se pensar
sob tal realidade inerente à nossa proposta primordial da formação.
Além do
mais, Percy Weiss, vocalista e ex-membro da banda, havia aparecido no
show do domingo, dia 25 de julho e ao participar dessa canção, além de
"Columbia", se justificou a sua inclusão no álbum, também por isso.
Claro que
ele foi um grande vocalista (Percy Weiss faleceu em um acidente automobilístico,
ocorrido em abril de 2015), e assim abrilhantou o disco com a sua voz (que de
fato, era extraordinária).
Performance
boa, com o Percy Weiss a cantá-la muito bem e mesmo sem ensaios, ao dividir bem
com Rodrigo e Marcello e até a minha voz aparece no backing vocals, apesar dos
demais terem muito mais emissão do que eu, principalmente o saudoso, Weiss.
Abaixo, ouça a versão de "Olho Animal" desse álbum:
Eis o Link parta escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=233OeiNicC4
17) "Columbia"
Com a
clássica introdução que fazíamos para valorizar a intervenção da flauta
executada pelo Marcello Schevano, não tivemos meios para ensaiar tal detalhe com o Percy Weiss,
que cantou conosco como convidado, mas não houve nenhum
comprometimento e pelo contrário, a sua voz dotada de uma potência e timbre
impressionantes, brilhou e ninguém se atrapalhou com o fato dele
desconhecer o arranjo inicial que era exclusivo da nossa formação e não o
clássico observado na versão do "disco branco" da Patrulha do Espaço, de 1982 e que ele estava
habituado a cantar.
A versão de "Columbia" desse disco:
Eis o Link para escutar no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=gRaRBgaW24g
Disco fechado
com chave de ouro, honramos a tradição da banda e sobretudo de nossa
formação com essa versão que tanto executamos, desde o nosso primeiro show, em
1999.
Ao final, minha voz está registrada ao dizer: -"boa noite, obrigado por terem vindo"...
Acho que
foi sintomático pois eu não pensei nisso na hora, é claro, e apenas fiz uma
intervenção simples, ao visar agradecer ao público, no momento final daquele show, de 25 de
julho de 2004, mas ao ouvir no disco, é nítido que isso ganhou um outro
contorno e emblematicamente fechou um ciclo de vida.
Marcou na
verdade o fim de um trabalho em torno de quase seis anos permeado por sonhos,
mas que remontara na essência, a tempos ainda mais longínquos, e como se
um filme passasse diante dos olhos, não foram apenas os anos da formação
Chronophágica da Patrulha do Espaço, que estavam a se encerrar em minha perspectiva pessoal, mas também a demarcar sob uma visão retroativa, a
labuta do Sidharta, iniciada em 1997, a lata psicodélica do Pitbulls on
Crack, em 1996, o meu estalo de vontade para voltar às raízes em 1988,
ao viver tempos antagônicos com o The Key, ou A Chave "sem" Sol e em meio aos tenebrosos
anos oitenta. Continuou a viagem ao passado ao tocar a canção: "Amor à Vista", com o Língua de Trapo, no Teatro
Lira Paulistana, hiper lotado e por me apegar naquela epifania em torno de ícones sessentistas tais como: Joe
Cocker & Janis Joplin, na interpretação "Woodstockeana" da parte do Laert
Sarrumor, eu a manter minha imensa cabeleira hippie e proibitiva em 1983, na
"Fábrica do Som" ou nos primórdios d'A Chave do Sol, em 1982, a tocar com um
chapéu de bruxo e a imaginar a me apresentar no "Rainbow Theatre" de Londres, nas
noitadas perpetradas pelo Terra no Asfalto em 1980 e 1981, ainda sob
fortes signos setentistas e por voltar ao princípio, ali no calor dos
anos setenta, no Boca do Céu, em que as condições reais foram insípidas,
mas a energia do sonho primordial, gigantesca!
Para o
leitor que está a ler apenas este trecho, o parágrafo acima pode parecer
deslocado do contexto. Entretanto, se estiver a acompanhar desde o início de minha autobiografia, creio que entender-me-á bem, no que eu quis explanar.
É bem
verdade que quando esse disco ao vivo da Patrulha do Espaço, foi lançado, eu estava a atuar em
uma outra banda e motivado com esse trabalho, mediante um ótimo álbum a ser lançado, também, portanto, a minha carreira prosseguira
etc.
Contudo, a
minha frase proferida ao final deste disco ao vivo da Patrulha do Espaço, por ter sido gravada em
julho de 2004, obtivera uma outra conotação e naquele clima sob ânimo baixo em
que eu estava, emocionalmente, poderia ter entrado para a minha história
pessoal, como o meu epitáfio.
Todavia, quis o
destino que o disco fosse lançado três anos depois e quando saiu, a minha
carreira prosseguira e eu havia superado aquele momento sob desilusão
com a carreira artística e com a música em geral, a arte, a cultura e até para com o
Rock, que foi (é) a amálgama de tudo em a minha vivência artística.
Sábio foi o
destino... estou aqui em 2016, vivo e feliz, por estar ainda a lutar e
dar a minha contribuição sincera para tudo o que elenquei acima e também
nas entrelinhas do que tudo isso representa para um plano maior.
No próprio
encarte do disco, o Rolando Castello Junior menciona que vinte e cinco músicas desses três shows,
foram mixadas em 2006. Dezessete dessas, estão registradas oficialmente nesse disco.
Uma delas foi lançada como bônus track no álbum posterior da banda, com outra
formação. Portanto, o Rolando Castello Junior deve ter engavetado sete canções dessa
gravação e que possivelmente vá lançar um dia em alguma coletânea ou como bônus em discos oficiais futuros e sob uma terceira hipótese, como bônus em futuras relançamentos de álbuns oficiais. Torço para que sim!
Então foi assim que um "vivo póstumo" entrou para a minha galeria de álbuns gravados em toda a minha carreira. "Capturados Ao Vivo no CCSP em 2004"
Não acompanhei como eu gostaria a repercussão do nosso álbum ao vivo pela imprensa, mas pelo pouco que observei e consegui arregimentar para compor o meu portfólio, ele foi bem saudado pelos fãs e críticos. Eis abaixo os poucos registros que eu possuo, mas certamente que deve havido a presença de outros, dos quais eu não tive acesso, ao menos até agora neste ponto em que escrevo este trecho da autobiografia (2015).
1) Revista "Dynamite"/versão On Line - 2007
"Este
CD foi gravado em um dos locais prediletos pelos rockeiros de Sampa: O
Centro Cultural São Paulo, o famoso Centro Cultural Vergueiro. Nesta
época, além de fundador da banda, Rolando Castello Junior (que também
tocou no Inox), fazia parte da Patrulha, (que além da Patrulha, toca
hoje no Carro Bomba), guitarra e Voz, Rodrigo Hid (hoje também no
Pedra), e Luiz "ex-Tigueis" Domingues (hoje também no Pedra), no baixo.
Como podem ver um time de primeira.
A
bolacha começa com "Não Tenha Medo", com guitarras a la AC/DC e no
restante do CD vão desfiando preciosidades como Ser, com excelentes
solos. Vou Rolar, a ótima São Paulo City, fechando com a perfeita
Columbia. Tudo no maior Hard Rock, que esses quatro feras conseguem
fazer de olhos fechados. O Patrulha mostra que é uma das bandas
fundamentais do Rock nacional. As músicas foram gravadas sem overdubs.
Ouvir este CD faz muito bem à saúde".
Marcello Teixeira
Boa análise sobre o disco "Capturados ao Vivo no CCSP em 2004", que foi
lançado além da existência da nossa formação e cuja análise da minha
parte eu estabeleço ainda neste capítulo. No caso desta resenha em
específico, eu conheço o jornalista, Marcelo Teixeira, pessoalmente e
sei que ele é do ramo, com uma percepção muito boa da nossa proposta.
2) Revista "Rock Underground" - 2007
"Ah,
o Patrulha, Quantos show (sic) memoráveis em décadas passadas, quanta
história...A Banda é uma instituição do Rock paulista junto com
Mutantes, Made in Brazil entre outros. "Capturados ao Vivo no CCSP em
2004", a banda chegou a emocionar os antigos fãs e conquista os mais
novos mesmo. Agora, em 2007, a banda comemora 30 anos de existência e
parece que não tem continuidade, mesmo. O que eles podiam fazer, já
fizeram.
Agora que outras bandas continuem essa linda história do
verdadeiro Rock'n' Roll. Ok, a banda foi renovada, restando ao líder
Rolando Castello Junior se incumbir de reformular a formação do grupo,
com uma galera jovem, que nasceu quando a banda já existia.
Mas uma
"garotada" fã da banda e que merece estar nela e nesse registro também.
Ponto para o Rolando por não ouvir esses tontos. Aliás, vocês perceberam
uma coisa? Uma observação feliz que o "JCB" fez outro dia falando
comigo por MSN, aquelas pessoas que criticam uma banda ou um disco por
coisas bestas (como é o caso aqui), são pessoas que não vão comprar o
disco, mesmo jeito que eles acham certo. É isso aí.
Neste caso aqui,
vale, mas cada caso é um caso, morou? Além de Rolando Castello Junior
segurando as pontas na defesa (bateria), para que a garotada na linha de
frente (guitarra, baixo e vocal) poder soltar o seu futebol moleque, o
CD tem convidados (sic) mais que especiais se fazem presentes (sic) como
Percy Weiss, que já foi vocalista da banda e um dos mais lendários
frontman's da história de nosso Rock, ao lado de Serguei, Catalau,
Oswaldo Vecchione. Percy Weiss canta em "Olho Animal" e "Columbia".
Enfim, banda lendária e um disco que vai virar marco na história do
nosso Rock'n' Roll.
Nota 9,5
RS
Esta também surgiu a repercutir o disco ao vivo e lançado a posteriori. Acho que o
rapaz que escreveu esta resenha, teve uma boa impressão do trabalho e ao seu
modo, foi bastante peculiar, eu diria, pois se expressou no limiar da dubiedade
para quem ainda interpretava textos dentro dos parâmetros ordinários da
semiótica.
Certamente
que também ele perdeu tempo em citar questões pueris sobre a opinião de
pessoas da sua geração, completamente equivocadas e sei que a intenção
foi boa de sua parte, no entanto, se mostrou bastante confuso em sua
explanação e pior, deixou de analisar o disco em si com uma melhor
complexidade
Tomo
como elogio a menção superficial sobre "três garotos",
ou "molecada" como ele disse, que se unira ao Rolando Castello Junior, no sentido de nos
imputar a aura de sermos jovens em demasia, no entanto, lhe faltou discernimento,
haja vista que nessa altura, ignorar a carreira já consolidada de
Rodrigo e Marcello foi algo demasiado e nem citarei a minha própria
persona, ali na gravação desse disco, com "apenas" trinta e oito anos de
carreira naquele instante.
Ele
deveria
ter pesquisado um pouco mais, no entanto, e teria verificado que esse
disco que ele resenhou, foi o quinto da nossa formação, portanto, não
fomos garotos a esmo que se uniram ao fundador da banda de forma superficial, mas já havíamos
construído uma sólida história ao lado do Rolando, para somar triunfos à
vitoriosa trajetória da banda.
Dou
o
desconto ao pensar que o rapaz certamente deve ter sido um fã de
Heavy-Metal e isso se caracterizou ao final quando ele mais citou a
pequena participação do Percy Weiss no álbum, ao ignorar 90% da obra,
portanto. Dessa forma, suscitou uma grande dúvida: será que ele ouviu o
disco inteiro, ou só se interessou pelas faixas que citou ao ler no
encarte sobre a presença do cantor destacado?
3) Revista "Metal Vox" - 2007
"Cá estou com um
álbum ao vivo (sem overdubs, como é muito bem frisado no encarte), desta
antológica banda do Rock N Roll (sic) paulista. Muitas águas rolaram e
muito Rock N Roll (sic) até chegarmos aqui com 'Capturados ao Vivo no
CCSP em 2004', muitaaaassssss (sic). Uma banda indubitavelmente que tem
sua história marcada pelas suas apresentações nos palcos
(privilegiados), paulistas e que tem um legado que completa trinta anos
no corrente de 2007 e que infelizmente é o ano marcado para a sua parada
em definitivo - será que o baterista Rolando Castello Junior não fará
mais "diligências" para perpetuar o excelente Rock N Roll (sic) do
Patrulhas (sic) do Espaço? Muita gente (acéfala?), critica Rolando por
ter a ousadia de incorporar no line up do Patrulha do Espaço, jovens que
na visão míope dessas pessoas não teriam a competência para estar nesta
fudida (sic) banda brasileira. Engraçado é que ouvindo todo o track list
deste live álbum não tive em nenhum momento a impressão que estes jovens
músicos não pudessem estar na banda, se bem que nas últimas músicas
tivéssemos a participação especial do antigo vocalista, Percy Weiss - me
refiro às músicas: "Olho Animal" e "Columbia". Sinceramente eu espero
que o Patrulha do Espaço continue 'patrulhando' pelo bem do Rock N Roll"
(sic).
Esta
foi uma outra
crítica que chegou a ser engraçada, pois o rapaz falou bem do trabalho,
mas igual ao outro sujeito de um outro site de internet cuja resenha eu
comentei acima, este enfatizou que na opinião dos garotos da sua idade
de então, três "garotos" seriam questionados por seu
público "metaleiro", se teriam o direito para tocar em uma banda como a
Patrulha do Espaço. Nesse aspecto, foi (é) risível, para não dizer outra
coisa.
Primeiro,
não éramos uma banda de "Heavy-Metal". Segundo, por que não ouviu os
discos
antes de elucubrar colocações tão equivocadas desse porte? Terceiro, no
meu caso em específico,
quando eu comecei a tocar, provavelmente os seus pais nem namoravam e
digo isso com muito respeito, apenas a enfatizar o quanto eu já
havia rodado na estrada para ser considerado um "novato" por esse resenhista mal informado.
Portanto, empreender um pouco de pesquisa básica para não escrever
uma opinião mal formulada, teria
sido louvável. Reconheço, no entanto, que a intenção dele foi positiva, e
neste caso, apenas foi infeliz em concatenar a sua linha de raciocínio.
Fico a dever o seu nome que não constou na publicação.
E depois me perguntam por que eu não gosto de Heavy Metal... ora, o "malocchio"
não me representa, simples assim... e a deixar claro a questão: eu sou um Rocker, ora bolas!
Ainda a repercutir o álbum segundo a minha ótica pessoal, creio que
a sua missão foi cumprida com galhardia, pois detém um áudio bastante
convincente, apesar de algumas restrições, das quais eu já observei, quando o analisei com detalhes todas as suas faixas em parágrafos anteriores.
Ao se considerarem
as dificuldades que uma banda no underground sofre, normalmente, esse disco é
excepcional. Melhor, só se houvesse um caminhão de dinheiro oferecido
por uma gravadora major, em meio aos velhos tempos de bonança que existira no meio da indústria
fonográfica, ou ofertados por um fortuito e utópico mecenas, desses que
nem nos contos dos Irmãos Grimm se encontra, e quanto mais na vida real.
Mais um
hiato de tempo adveio e eu soube que finalmente o Junior havia fechado uma formação mais
fixa e não a estabelecer formações efêmeras para cumprir agenda, tão
somente. Que bom para a Patrulha do Espaço, pois é o que a banda merece, ou seja, vir a forjar mais
uma formação estável para entrar para a história, como a nossa entrou.
E sendo
assim, em 2012, eu fui informado pelo Rolando Castello Junior que a banda estava a gravar um
álbum novo, com material inédito, mas precisava novamente de meus dados e
assinaturas em papeis burocráticos, visto que ele planejara incluir uma faixa ao vivo da nossa formação chronophágica. A sua ideia foi inclui-la nesse novo disco, como
uma faixa bônus, a se tratar de um "out-take"
do nosso álbum ao vivo de 2004, e neste caso, a se tratar da música: "Rock com Roll".
Portanto,
eu (Luiz), Rodrigo e Marcello estamos presentes nesse disco também com essa faixa ao
vivo, e no caso, o Marcello toca e compôs outras faixas inéditas, igualmente, nesse disco da
Patrulha do Espaço, de 2012. A última lembrança de minha parte com a Patrulha do Espaço, foi em junho de 2014.
Três quartos da formação chronophágica da Patrulha do Espaço, nas fotos acima em participação especial que eu, Luiz Domingues e Marcello Schevano cumprimos ao lado de Rolando Castello Junior com a então atual formação da Patrulha do Espaço em show ocorrido em 1º de junho de 2014 no Centro Cultural São Paulo. Clicks, acervo e cortesia: Edgar "Bolívia" Franz e Cátia "Bolívia"
Em fins de
maio de 2014, o Rolando Castello Junior me abordou no "inbox", da Rede Social Facebook e
formulou assim o convite para que eu tocasse duas músicas, como uma participação especial em um show que a
Patrulha do Espaço faria no Centro Cultural São Paulo, no início de junho.
Ele me deu
a incumbência para escolher as duas canções e diante de tantas
possibilidades, ao pensar nos discos que gravamos, escolhi: "Ser" e ele
sugeriu: "Rock com Roll" como a outra opção. Sem previsão para ensaio, apenas me recordei das canções
em casa e fui diretamente para o show.
Mais fotos do mesmo evento em que participei como convidado da minha ex-banda. Patrulha
do Espaço em show ocorrido em 1º de junho de 2014 no Centro Cultural São
Paulo. Clicks, acervo e cortesia: Edgar "Bolívia" Franz e Cátia
"Bolívia"
Marcello Schevano também foi convidado, assim como Rodrigo Hid. Outros convidados também tocariam. Rodrigo
não pode comparecer por que teve um compromisso anteriormente firmado para esse dia, mas o Marcello foi e
tocou "Sunshine" ao piano com a atual formação da Patrulha do Espaço (gosto muito
do guitarrista, Danilo Zanite, um tremendo músico e um sujeito ultra
gentil, e também a contar com a super simpática vocalista, Marta Benévolo e o ótimo baixista,
Daniel Delello).
E por tocar guitarra, também, Marcello atuou comigo em "Ser" e "Rock com Roll", com Danilo Zanite, juntamente e foi uma farra no palco.
Mais flagrantes desse show em que participei como um convidado da minha ex-banda. Patrulha
do Espaço em show ocorrido em 1º de junho de 2014 no Centro Cultural São
Paulo. Clicks, acervo e cortesia: Edgar "Bolívia" Franz e Cátia
"Bolívia"
Fazia anos
que eu não tocava com tamanha volúpia sonora, estava até desacostumado com
tal ímpeto Rocker e certamente que foi bom ter esse momento de
reencontro com a banda.
O público se emocionou ao ver três quartos da formação Chronophágica no palco e
com a presença do ótimo Danilo e de Marta, a falta do Rodrigo foi suprida. Mas
claro, teria sido genial tê-lo no palco igualmente para reviver a nossa formação, na íntegra.
Patrulha
do Espaço em show ocorrido em 1º de junho de 2014 no Centro Cultural São
Paulo. Clicks, acervo e cortesia: Edgar "Bolívia" Franz e Cátia
"Bolívia"
Bem, foi a
última interação direta que eu tive com a Patrulha do Espaço na minha
história recente, mas a vida prossegue e a qualquer momento, mesmo ao não ser membro oficial dessa banda, há anos, novos encontros poderão acontecer e também lançamentos futuros que são praticamente certos.
Eu, Luiz Domingues e Rolando Castello Junior, a velha cozinha da Patrulha do Espaço, em sua "Era
Chronophágica", retratada pelo casal de fotógrafos e film-makers, Bolívia & Cátia, a fazer parte de uma
exposição, durante uma Feira de Artes, em 2015
Indiretamente,
em 2015, em uma exposição de fotos do casal de fotógrafos e film-makers,
Bolívia & Cátia, figuras muito conhecidas no métier Rocker de São Paulo, uma
das fotos que tiraram de minha participação ao lado de Marcello Schevano, a
tocar com a Patrulha do Espaço, em 2014, foi exposta e logicamente que eu fiquei honrado com isso. Tal foto foi postada nas redes sociais "Facebook" e "Google+" na ocasião e gerou muitos comentários
carinhosos sobre a nossa formação.
Reta final do relato sobre a essa etapa importantíssima de minha carreira, construída sob uma longa participação como componente da Patrulha do Espaço. No próximo capítulo, eu traço um balanço final e comento sobre todos os componentes, equipe técnica e pessoas que nos auxiliaram em várias circunstâncias
Fotos
da minha participação (e de Marcello Schevano), com a Patrulha do Espaço em 1º de junho de 2014, na condição de convidado (s) como ex-membro(s), no
Centro Cultural São Paulo. Clicks; acervo e cortesia de Bolívia & Cátia
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