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domingo, 1 de março de 2015

Trabalhos Avulsos - Capítulo 21 - Firebox: Uma Noite como "Sub" no Mundo do Metal - Por Luiz Domingues

 
O próximo trabalho avulso que eu tive, foi apenas um socorro prestado a uma banda formada por amigos meus, mas rendeu uma boa história. 
 
O "Firebox" foi uma banda peso-pesado da cena do Heavy-Metal paulista, ao final dos anos oitenta. Nessa banda tocava o meu amigo, Paulo Thomaz, baterista que tocara anteriormente no "Centúrias", no início daquela mesma década. A formação ainda continha dois guitarristas, Marcelo & Michel Perrier, e o baixista era o Luis Mariutti, então ainda desconhecido, antes de tocar no grupo Heravy-Metal, "Angra".
Foi em outubro de 1990, que eu recebi um telefonema do Paulão Thomaz, a convidar-me a prestar um auxílio emergencial para ele e seus companheiros.

A situação fora a seguinte: eles teriam um compromisso inadiável a cumprir, e o baixista, Luis, ficara doente, e por obedecer ordens médicas, teria que ficar em repouso absoluto por duas semanas, no mínimo. 
Foto promocional do "Firebox": da esquerda para a direita: Luis Mariutti, Paulão Thomaz, Marcelo e Michel Perrier. 

O Paulo sabia que aquele campo sonoro deles não era da minha predileção, de forma alguma, mas emergencialmente, arriscou ligar-me. Apesar de eu estar lotado por ensaios com outros projetos, conforme descrevi aqui anteriormente, fora as minhas aulas, eu aceitei pela amizade.
 
Então, encaixamos dois ensaios nesse ínterim, com o Michel Perrier a auxiliar-me bastante no sentido de esclarecer dúvidas sobre a harmonia das músicas. Confesso que apesar de toda a camaradagem, e boa vontade dos amigos, o som se mostrara por demais pesado para a minha orientação musical natural. Eles definiam-no como: "Thrash-Metal" e qualquer sonoridade minimamente mais pesada que o Hard-Rock setentista, já machucava os meus ouvidos, normalmente. 
Se tratava de um som "embolado", na minha ignorante visão desse universo. Talvez no ponto de vista de quem aprecia o gênero, soe melódico, mas para os meus ouvidos, denotava ser uma autêntica serra elétrica. 
 
O Michel era (é) um guitarrista excelente. Professor graduado em escolas famosas da França e dos Estados Unidos, era mesmo um virtuose. Lembro dele em sua banda anterior ("Jaguar"), bem mais amena, sonoramente a falar, e ali com aquele trabalho, eu podia mensurar bem o quanto ele era bom. 
 
A despeito dos rapazes serem extremamente gentis, eu achava incompreensível eles gostarem daquele trabalho, praticamente sem melodia, agressivo e embolado. 
 
Bem, fomos então cumprir o show na casa noturna: "Blue Note", na Av. São Gabriel, no bairro do Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo, um ambiente tradicionalmente acolhedor para bandas de Blues & Jazz, o que tornara aquele show peso-pesado ainda mais bizarro. 
 
O espetáculo foi bom para os padrões desse universo do Metal extremo, acredito. Eu errei um pouco, admito, mas todos foram extremamente gentis comigo, ao relevarem a minha falta de traquejo dentro daquele mundo.
Nilton "Cachorrão" Cesar, grande vocalista, amigo e um dos mais espirituosos humoristas natos, que eu já conheci
 
Um fato curioso aconteceu: o meu amigo Nilton Cesar, o popular "Cachorrão", vocalista do Centúrias, estava presente nesse show, e quem o conhece pessoalmente, sabe que ele é um humorista em potencial, com uma capacidade incrível para satirizar, usar o potencial do sarcasmo, humor negro, e todo o repertório de pilhérias possíveis. 
 
Ao ver-me com o semblante assustado, a mirar o público que debatia-se, literalmente, enquanto tocávamos, gritou: -"calma, não é briga, estão apenas a se divertirem"... então está bem...
Cerca de duzentas pessoas estiveram presentes no "Blue Note", com uma banda "Metallica" Cover a promover a "fechadura" do show, pois tocaram depois de nós (ainda bem !). 
 
Isso ocorreu no dia 31 de outubro de 1990, e sim, foi uma festa de Halloween. Houve muita gente ali fantasiada de uma forma macabra, e chamou a atenção, um sujeito vestido como "diabo", que estava alucinado.

Eu pensava anteriormente que no inferno havia somente enxofre, mas esse rapaz estava doido, mas foi pela ingestão de outras substâncias, seguramente...
 
E claro, foi um prato cheio para o Nilton "Cachorrão" Cesar, que teve elementos de sobra para elaborar as suas piadas, sempre muito hilariantes, e criadas sob total improviso.
Foi bom ter ajudado os amigos, mas senti-me realmente um "estranho no ninho", naquela noite!

O Firebox durou um pouco mais de tempo depois disso em sua carreira. Ainda na primeira metade dos anos 1990, o Paulão Thomaz estaria a fundar uma nova banda, denominada: "Cheap Tequilla", bem mais centrada no Rock'n' Roll tradicional, com flertes com o Southern-Rock. 
 
O Michel foi um dos mais requisitados professores de guitarra de São Paulo nos anos oitenta, e tempos depois, eu soube que ele voltara à França (ele é de fato, francês). 
O Luis ficou famoso no mundo do Heavy-Metal, como baixista do "Angra", e o outro guitarrista, Marcelo, que era bem jovem, e ex-aluno do Michel, acabou por enveredar também para o mundo didático da música, ao tornar-se professor de guitarra. Essa foi minha curtíssima história com o Firebox!
Depois dessa história pitoresca, o meu próximo trabalho avulso ocorreria somente no ano posterior, 1991, mas revelou-se na verdade, inócuo. Eu nunca gostei de tocar covers, mas esse trabalho em específico teria tudo para divertir-me, no entanto, redundou em fracasso. E neste caso, a teia da aranha de Marte não capturou nem um só inseto, infelizmente...

Continua...