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domingo, 2 de fevereiro de 2020

Patrulha do Espaço - Capítulo 23 - Finale, Ma Con la Vita Postuma Assicurata - Por Luiz Domingues

Conforme o combinado previamente, reagrupamo-nos para realizarmos enfim o último show da carreira da Patrulha do Espaço, em 2019. Mantivemos apenas o contato protocolar ao final de fevereiro de 2019, para combinar a logística que adotaríamos para esse esforço final e dessa maneira, ficou acertado que encontrar-nos-íamos na cidade de Curitiba, no dia 28 de fevereiro de 2019. 

Rolando Castello Junior e Marta Benévolo já estavam hospedados na capital paranaense, há alguns dias. Eu (Luiz Domingues) e Rodrigo Hid voamos para Curitiba, na manhã desse dia citado, uma quinta-feira e chegamos com tranquilidade ao hotel em que hospedar-nos-íamos, no bairro do Batel, por volta de onze horas da manhã. 

Estava marcado um ensaio para nós, no estúdio Old Black, localizado no mesmo bairro, e como nos meses de dezembro e janeiro, e ao longo de fevereiro inteiro, nenhuma sugestão de música diferente fora feita para prepararmos, fomos ao ensaio com a certeza de que o repertório base desse show, constituir-se-ia do básico que tínhamos feito nos shows anteriores dessa turnê final.

Eu (Luiz Domingues), em meio ao ensaio da Patrulha do Espaço no estúdio Old Black de Curitiba, em 28 de fevereiro de 2019. Click, acervo e cortesia: Marta Benévolo

Chegamos tranquilamente ao estúdio Old Black, e fomos bem recepcionados pelo seu gestor, o simpático músico, Renato Ximú. Ensaiamos o repertório base, deixamos algum material disponível para um possível pedido de "bis" para a plateia e recebemos a visita de amigos. 

O proprietário do estúdio, que também é curador de grandes espaços para shows na cidade; alguns músicos e entre eles, o jovem, Beppe Fumagalli, que de uma forma entusiasmada falou-nos sobre a sua banda, chamada, "Newholly", influenciada pelo Rock "Bubblegum" sessentista em 100%, segundo ele. Trocamos contato e ele prontificou-se a enviar-me o seu material para que eu ouvisse com calma em São Paulo, assim que voltasse.

Mais flagrantes da Patrulha do Espaço a ensaiar no estúdio Old Black, de Curitiba, em 28 de fevereiro de 2019. Clicks (1 e 2), acervo e cortesia: Marta Benévolo. Click 3: Renato Ximú

Já anoitecia, quando o ensaio encerrara-se e apesar da conversa agradável ali estabelecida, com pessoas importantes da cena paranaense, estávamos cansados, portanto, voltar para o hotel tornou-se uma necessidade premente. E assim o fizemos, quando pudemos então recuperar as forças e estarmos prontos para uma pequena viagem, mediante percurso rodoviário, para a cidade de São Bento do Sul, em Santa Catarina, onde ficaríamos hospedados, a visar o show no Festival Psicodália, a realizar-se na cidade vizinha de Rio Negrinho-SC.

Dessa forma, na manhã do dia 1º de março de 2019, a van contratada para levar-nos, estacionou na porta do nosso hotel em Curitiba. Alguns minutos depois, eis que o casal amigo, ultra solícito e simpático, formado por Cristiano e Lorena Costa, chegou. 

Eles viajariam conosco e certamente que Cristiano seria um misto de roadie e road manager nessa empreitada. Além do mais, haveria por suprir a banda com farto material fotográfico e com imagens, o que seria muito enriquecedor para nós, sem contar com a simpatia do casal, sempre encantadora.

Flagrante da banda a viajar de Curitiba, para São Bento do Sul-SC e Rio Negrinho-SC. 1º de março de 2019. Primeiro banco: Cristiano e Lorena Costa, segundo banco: Rolando Castello Junior e Marta Benévolo e no terceiro banco: eu (Luiz Domingues) e Rodrigo Hid. Click (selfie), acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso Costa 

Viagem muito tranquila, chegamos bem em São Bento do Sul-SC e assim que fizemos o check-in no hotel, tivemos tempo de sobra para explorarmos o entorno, com direito a uma visita feita em uma padaria próxima e compras em um supermercado. A nossa partida para o local do show, distante cerca de quinze Km dali, estava marcada para as 23 horas. 

O nosso soundcheck estava marcado para a meia noite e o show, para duas e meia da manhã, logo após o término do show da Elza Soares, que realizar-se-ia em outro palco. Enfim, foi o tempo suficiente para descansar, se arrumar e ainda esperar por um bom tempo para partir, enfim.

Assim, saímos na hora combinada e mediante uma viagem rápida, chegamos ao local do festival, uma imensa área semi rural, quando impressionei-me pelo seu tamanho e boa organização, aparentemente. 

Salvo um pequeno vacilo da produtora encarregada em cuidar de nossa comitiva, que deveria ter embarcado conosco em nossa Van, assim que chegamos à portaria e conduzido-nos com maior segurança ao bastidor do nosso palco, mas que por não fazê-lo, deixou-nos momentaneamente à deriva, no entanto, mediante o apoio de outros funcionários do festival, chegamos com relativa rapidez. 

Instalados no camarim, fomos muito bem recebidos pelos produtores designados para atender-nos e logo, o acesso ao palco foi liberado para fazermos a preparação e um soundcheck muito tranquilo, com a cortina fechada e com toda a atenção do grande público voltada para o palco adicional, onde o show da veterana estrela da MPB, Elza Soares, já estava para iniciar-se. Assim que Elza começou o seu show, fomos autorizados a iniciar a nossa preparação. Bem assistidos pelos técnicos do PA / monitor / luz, ali disponíveis para atender-nos, foi tudo a contento.

O amigo, Jardel, que fora roadie em nosso show na cidade de Ponta Grossa-PR, cerca de um ano antes, estava presente e junto a Cristiano, auxiliou-nos na montagem. 

Um fato desagradável ocorreu, mas não fora culpa deles, técnicos, exatamente. Ocorreu que havia um único praticável disponível para usarmos na bateria e como o Rolando usa costumeiramente, dois bumbos, seria preciso dois suportes desses, para o seu Kit ficar instalado. 

O motivo de haver só um para nós usarmos, foi bizarro. O que aconteceu, foi que a produção da Elza Soares havia solicitado uma enorme quantidade de praticáveis e assim, estavam a usar no outro palco, uma quantidade absurda, em torno de vinte e sete desses artefatos e por isso, havia-se reservado apenas um para o nosso show, o que descumpriu o nosso rider técnico enviado previamente, pois é lógico que estavam avisados sobre o nosso kit de bateria ser grande. 

Enfim, a produção da Elza Soares deve ter pressionado e assim, não tivemos outra solução a não ser montar a bateria no nível do piso. De certa forma, também seria charmoso, pois atuaríamos como bandas de Rock sessentistas que não costumavam suspender a bateria no palco, então, tudo bem.

Flagrantes da apresentação do show, que ficou dividida entre o personagem, Cris Rock, que fora o nosso convidado, e uma Drag Queen, hostess do festival. Patrulha do Espaço no Festival psicodália, em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019. Click, acervo e cortesia: Herman Silvani (foto 1) e Liza Bueno (foto 2)

Apesar da hospitalidade, eu observei os detalhes e a tão propagada aura "hippie" desse festival, não estava assim bem delineada, em minha percepção. Talvez por eu não ter andado pelo campo como um todo, e ter ficado restrito somente naquele bastidor e no palco onde tocamos, e por ser no período noturno, eu não senti uma atmosfera contracultural, vintage ou retrô, ali e pelo contrário, a impressão que observei foi outra, como se nas entrelinhas, fosse mais um festival alternativo, quiçá sob orientação "indie", no qual alguns sinais contraculturais fossem misturados com ícones modernos e em certos aspectos, a estabelecer equívocos de avaliação da parte de seus seguidores. 

Por exemplo, fomos interpelados por uma "Drag Queen", que pediu-nos a permissão para ser o mestre (ou maestrina, como queira), de cerimônias a apresentar-nos. Aceitamos, sem preconceito, mas ao mesmo tempo, o que tinha a ver com um show de Rock, exatamente? 

Então, eis que a personagem, Cris Rock, que faria a nossa apresentação, por nossa vontade, teve que dividir as atenções iniciais com este senhor (ou esta senhorita, como queira). Tudo bem, a apresentação do Cris Rock foi o que esperávamos a motivar o público, mas a Drag Queen, apesar de não desapontar (mesmo porque devia estar acostumada com performances para atender grandes plateias em eventos), realmente pareceu-me deslocada do contexto, primeiro por não fazer a menor ideia de quem fôssemos e segundo, por confundir o clima de uma plateia de show de Rock com uma festa gay, com a qual ela devia estar habituada a animar. 

Por exemplo, ao insistir em chamar as pessoas da plateia como: "senhoras", não considerou a hipótese que tal expectativa em enxergar o mundo apenas pelo prisma feminino, fora exclusivamente sua e que, sem nenhum preconceito de nossa parte, mas apenas a constatar, isso destoou do espírito Rocker que ali deveria ser observado, sem subterfúgios. 

Ainda bem que o Cris Rock aliviou essa estranheza e o público entendeu melhor a sua manifestação, muito mais condizente para conosco. As cortinas fecharam-se novamente após esse prelúdio discursivo e cerca de poucos segundos depois, ao som de nossos primeiros acordes, com a canção, "Meus 26 Anos", abriram-se e mediante a explosão de luz, um show de Rock iniciou-se, enfim...

Show iniciado com muita energia, eu vi um ótimo público e de uma maneira geral, bastante interativo, ainda que alguns grupos dispersos existiam aos flancos e ao fundo, em pequeno número, ainda bem e a caracterizar algo natural, na medida em que nem "dinossauros" com status de Mega Stars em âmbito mundial, conseguem monopolizar toda a atenção em shows realizados em arenas e/ou estádios de futebol, visto que, sinal dos tempos, nem mesmo os que se consideram "Rockers" na atualidade, são 100 % focados no espírito de um show de Rock, propriamente dito. 

Contudo, não posso reclamar, tal parcela dispersa e mais interessada em andar e procurar por bebidas pelos quiosques, foi mínima. Logo no início, ainda a tocarmos a primeira música do show, "Meus 26 Anos", vi uma bandeira a ser agitada no meio da multidão, com a estampa do símbolo Hippie e eis que vislumbrei enfim alguma conexão com uma tradição Rocker anacrônica, mas, uma pena, fora uma manifestação isolada e não a simbolizar uma comunhão de ideais, como teria sido normal em qualquer festival realizado entre 1967 e 1972, pelo menos. 

Entretanto, tudo bem, a resignação por estarmos em outro tempo, na verdade já estava assimilada há muito tempo, portanto, não frustrei-me de forma alguma e o meu ânimo prosseguiu em alta, sem dúvida. 

Alguns momentos do show. Patrulha do Espaço no Festival Psicodália, em Rio Negrinho / SC, no dia 1º de março de 2019. Clicks; acervo e cortesia : Cristiano Rocha Affonso da Costa

O som estava agradável no monitor e no "side fill", com a banda a apresentar energia e estávamos respaldados por um público que respondia bem, ou seja, dessa forma o show foi bom no computo geral. 

Talvez pudesse ter sido melhor se o repertório fosse um pouco mais ameno e não tão calcado em trabalhos mais pesados da banda, em anos não chronophágicos em que eu não fui componente, digamos assim, porém, respeitamos a escolha do membro fundador e decano, em torno dessa opção e assim se procedeu.

Mais flagrantes do show. Patrulha do Espaço no Festival Psicodália, em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Herman Silvani

Um tema do dito álbum preto, de 1980, "Simples Toque", deu margem a uma boa jam em torno do Blues-Rock clássico e creio que fomos felizes no improviso, visto que arrancamos gritos da plateia, em sinal de regozijo e foi o elemento Rocker para coroar uma noitada muito boa. 

Mais uma vez, temas clássicos do repertório e centrados no campo das baladas, brilharam. "Berro" e "Arrepiado", gerou comoção. E no caso de "Berro", houve uma fala muito bonita da parte do Rolando Castello Junior a evocar a memória do grande, Ivo Rodrigues, o seu compositor, e como é bem sabido, a fama de Ivo pelos estados do sul do Brasil é enorme, dada a sua carreira construída em duas bandas seminais do Paraná: "A Chave" e "Blindagem". 

De fato, muitos aplausos e assovios foram ouvidos, assim que Rolando exaltou a memória do saudoso, Ivo, e isso certamente contribuiu para gerar uma comoção a culminar em uma ovação, assim que executamos a canção de sua autoria, "Berro".

Mais algumas fotos para elucidar esta narrativa. Patrulha do Espaço no Festival Psicodália em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Liza Bueno 

Outros temas clássicos do repertório da banda, soaram muito bem. Lembro-me que uma canção densa como "Cão Vadio", por exemplo, soou coesa, como se estivéssemos ultra ensaiados e não fora o caso, pois fizéramos um único ensaio apronto e sem muito requinte, no dia anterior. Creio que prevaleceu o entrosamento adquirido na estrada, apesar de ter havido poucos shows nessa turnê, ou seja, creio que a experiência individual de cada componente, tratou por fornecer uma amálgama extra para que a banda soasse bem, mesmo com pouca continuidade ao vivo e tampouco, ensaios.

Mais momentos da banda em seu último Concerto de Rock. Patrulha do Espaço no Festival Psicodália em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Lorena Costa 

"Columbia" fechou o espetáculo e deu para notar o coro da plateia a cantar junto conosco, o que foi bonito, certamente. Saímos do palco sob uma reação muito efusiva da plateia e houve um pedido veemente para a realização de um "bis". 

Voltamos para executarmos a música: "Deus Devorador" e novamente recebemos o carinho do público em termos de agradecimento enfático. Ótimo, missão cumprida no Festival e para a carreira da banda, chegara o momento para recolher-se ao hangar, desta feita, definitivamente. 

E sobre tal epílogo, não houve o menor esboço de comoção entre nós, componentes da última jornada, pois mesmo sem conversarmos abertamente sobre tal fato, creio que o sentimento implícito falou por si só, ou seja, houve um sentimento generalizado em valorizar-se a sensação do dever cumprido, ao não permitir nenhuma margem para algum tipo de tristeza.

Na primeira foto, durante o soundcheck, o bom amigo, Cristiano Rocha Affonso da Costa e eu, Luiz Domingues. Foto 2: a banda reunida no camarim, momentos antes do espetáculo. Foto 3: no pós-show, da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues), o amigo Herman Silvani (Epopeia), Rolando Castello Junior, a amiga, Liza Bueno (Epopeia), Marta Benévolo e Rodrigo Hid. Patrulha do Espaço no Festival Psicodália em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019. Clicks (1 {Selfie} e 2, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso da Costa. Foto 3: Acervo e cortesia: Liza Bueno. Click: desconhecido 

No camarim, nos momentos antes e pós show, o ambiente foi agradabilíssimo. Além de várias pessoas ligadas à produção, que vieram saudar-nos com reverência, recebemos ao final, o casal amigo, formado por Herman Silvani e Liza Bueno, ambos componentes da boa banda de Chapecó-SC, "Epopeia". 

Não os via desde 2004, quando da passagem da Patrulha do Espaço pela cidade deles e nos últimos estertores da nossa formação chronophágica, e por isso, foi um grande prazer contar com a simpatia e apoio de ambos, além da boa conversa, naturalmente. Já passava das cinco da manhã quando evadimo-nos do ambiente rural do festival e alcançamos a estrada que encaminhou-nos para a cidade vizinha, de São Bento do Sul-SC. 

Pelo avançado da hora, cogitei seriamente a hipótese de aguardar alguns minutos e descer ao saguão do hotel para tomar o café da manhã. Em outra época, tal prática de minha parte, exercida continuamente durante as turnês da Patrulha do Espaço, em que participei, fora corriqueira, porém neste momento de 2019, à beira da vida sexagenária, percebi que o cansaço não permitiria tal arroubo de minha parte, e assim, sucumbi ao sono, sem lamentos e pelo contrário, a obter alívio.

No dia seguinte ao show, 2 de março de 2019, na porta do hotel em São Bento do Sul-SC. Foto 1: Rodrigo Hid e o grande Tom Zé, no corredor do hotel. Foto 2: eu (Luiz Domingues) a bordo de um espetacular, Opala, modelo "SS", ano 1973! Foto 3: eu (Luiz Domingues) e Cristiano Rocha Affonso da Costa, com o opulento Opala como cenário. Foto 4: Cristiano Rocha Affonso da Costa e eu (Luiz Domingues). Patrulha do Espaço no Festival Psicodália em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019. Foto 1/Acervo e cortesia: Rodrigo Hid. Click: desconhecido. Fotos 2, 3 & 4/Acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso da Costa. Clicks: Lorena Bindo da Costa 

O nosso amigo, Cristiano Rocha Affonso da Costa, é um sujeito multifacetado em termos culturais. Já sabíamos disso, há tempos, mas eis que ele revelou-nos mais uma faceta sua, ao contar-nos que era também um colecionador de carros antigos. Mostrou-nos, então, fotos de seus bólidos, sensacionais e contou-nos sobre ter participado de vários encontros promovidos por colecionadores. 

Imediatamente a conversa evoluiu, quando ele lembrou-se, ainda no sábado, dia 1º, que um amigo seu, que era igualmente frequentador de tais encontros, morava na cidade de São Bento do Sul-SC, e assim, ele mandou uma mensagem ao seu amigo, para que este fosse ao hotel onde estávamos hospedados, e mostrasse-nos o seu carro vintage. Esse senhor, chamado, Rubens Koffke, não pode ir de pronto, mas assim que acordamos no dia posterior, eis que ele veio ao nosso encontro para mostrar-nos o seu impecável, Opala (modelo "SS", ano 1973). 

Acompanhado de sua esposa, igualmente muito simpática, o senhor Rubens, deu-nos uma aula sobre a restauração do seu carro, ao explicar com detalhes sobre muitas peças & acessórios e claro, foi generoso ao permitir que fotografássemos o seu tesouro, amplamente. Antes desse encontro agradável ocorrer na entrada do hotel, outro momento prazeroso ocorrera em seus corredores. Eu passava pelo corredor no andar onde estava hospedado, quando subitamente um hóspede abriu a porta de seu quarto e encarou-me. 

Ainda a usar pijamas e com aquele semblante típico de quem acabou de levantar-se da cama, eis que encontro a figura de Tom Zé, um artista sensacional e seminal da história da MPB. A minha reação foi espontânea em cumprimentá-lo com muita deferência e a sua resposta foi nobre, em fazer questão de não apenas responder verbalmente com gentileza, quanto sair ao corredor e abraçar-me como a um amigo. 

Pois é, em um meio onde a soberba grassa, os realmente grandes são humildes por natureza. Cumprimentei alguns membros da sua banda que circulavam pelos corredores, igualmente, todos muito simpáticos. Rodrigo teve a ideia que eu não tive naquele instante, pois minutos depois, também encontrou-se com o grande, Tom Zé, e tratou por registrar o encontro com uma foto.

Bem, saímos de São Bento do Sul-SC e por ser uma viagem com trajeto curto, por volta de quatorze horas, já estávamos em Curitiba. Despedimo-nos do casal simpatia, Cristiano e Lorena da Costa e tivemos que aguardar um bom tempo para nos deslocarmos ao aeroporto Afonso Pena e uma vez ali, mais tempo ainda para embarcarmos para São Paulo. 

A comitiva de Pepeu Gomes passou por nós. O monstruoso baixista, Didi Gomes, cumprimentou-me, e duvido que ele saiba exatamente quem eu sou, mas eu gostei de sua atitude simpática em tom de coleguismo, muito provavelmente apenas por deduzir que éramos companheiros de profissão, ao ver-me a carregar um "bag" com um baixo nas costas e obviamente pela minha aparência "Freak", a moda antiga. 

Mais alguns minutos, e o guitarrista superb, Pepeu Gomes, passou acompanhado de uma bela moça, que deduzi que fosse a sua namorada na ocasião, mas ele não fitou-me, pois eu já estava sentado, a aguardar a chamada para o embarque na aeronave e o Rodrigo Hid estava longe, pois fora comer alguma coisa em uma lanchonete do saguão onde estávamos. 

Foi uma viagem um tanto quanto temerosa, pois assim que o voo começou, percebemos que estávamos sob a ação da chuva e houve alguns minutos com intensa turbulência, deveras incisiva, por sinal e assim que a cidade de São Paulo tornou-se visível pelas janelas da aeronave, os raios & trovões mostraram-se assustadores, mas aterrissamos em segurança, ainda bem. 

No avião, muitas pessoas viajaram semi fantasiadas a denotar que estavam prontas para ingressar nos blocos paulistanos e assim que entramos no carro do Uber, o motorista contou-nos várias histórias tristes que presenciara por conta dos tais blocos e então, lembramo-nos que estávamos em pleno carnaval, pois nem pensáramos nisso até então. 

A banda despede-se do público e da sua carreira. Da esquerda para a direita: Rodrigo Hid, Rolando Castello Junior, Marta Benévolo e Luiz Domingues. Patrulha do Espaço no Festival Psicodália em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso da Costa 

Bem, missão cumprida, foi último show da Patrulha do Espaço em sua carreira vitoriosa, marcada pelo êxito e a conter uma certeza: essa minha história com a banda teria um prolongamento, visto que eu já sabia, através dos irmãos Schevano e do próprio, Rolando Castello Junior, que muito material já havia sido decupado, fruto das tantas gravações decorrentes dessa série de shows que fizéramos desde 2018, e assim, no mínimo, um álbum ao vivo (mas muito provavelmente mais que isso), seria lançado em um futuro próximo, talvez em 2020, ainda. 

Isso sem contar com a possibilidade de futuras coletâneas e/ou antologias a serem lançadas. Dessa maneira, mais capítulos serão escritos, certamente, para repercutir um momento póstumo, que promete boas novidades.

Portanto, possivelmente continua...

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Trabalhos Avulsos - Capítulo 45 - Uncle & Friends - Shows Quentes em Tardes Congelantes e Uivantes - Por Luiz Domingues

Em janeiro de 2019, nos bastidores de um show d'Os Kurandeiros, o guitarrista, Lincoln "The Uncle" Baraccat, esteve presente e comentou comigo que já estaria confirmada com a produção da famosa Feira de Artes da Vila Pompeia, a apresentação de seu combo, o simpático, "Uncle & Friends", para uma participação na edição de número 32, a ser realizada em 19 de maio. Ele perguntou-me se eu aceitaria participar e desta feita, a constituir-se da minha terceira participação com tal trabalho. Bem, respondi-lhe que sim, na medida em que se não surgisse nenhum compromisso com a minha banda. 

Luiz Domingues & Lincoln "The Uncle" Baraccat, nos bastidores de um show dos Kurandeiros, no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 31 de janeiro de 2019, ocasião essa em que ele comunicou-me que já detinha uma nova data em vista para o seu grupo, "Uncle & Friends" e convidou-me a participar, desta feia a caracterizar-se como a minha terceira participação nesse trabalho entre amigos. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Foi então que o "friend" disse-me que dificilmente haveria um conflito, pois de antemão ele sabia que Os Kurandeiros provavelmente seriam escalados para tocar igualmente no mesmo festival, ou no horário anterior ou posterior, no mesmo palco, graças a uma informação da qual já dispunha na ocasião, por conta de ser bem relacionado com a cúpula da organização de tal Feira anual. 

Dito isso, eu confirmei a minha participação e nessa altura, nós já sabíamos e lamentamos muito a notícia de que o excepcional baterista, Franklin Paolillo, houvera recentemente enfrentado um problema de saúde, e diga-se de passagem, com bastante gravidade. Personalidade fantástica, além de ser um super músico, Franklin costumava participar com frequência dos shows dos Friends. Comentamos, naturalmente, que seria ótimo que ele se recuperasse o quanto antes, para poder estar conosco em mais esta oportunidade. 

No entanto, à medida que o tempo pôs-se a passar, as notícias que recebemos sobre o restabelecimento do grande Franklin, não foram otimistas. A sua recuperação mostrava-se lenta, em decorrência da grave lesão que acometera-o e assim, tivemos que resignarmo-nos em compreender que não poderíamos contar com ele em tal apresentação marcada para o mês de maio.

Show d'Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, onde Lincoln "The Uncle" Baraccat foi o nosso convidado de honra e assim, inserido em nosso show, revivemos o "Uncle & Friends" mediante uma energia impressionante! 8 de março de 2019. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Em 8 de março 2019, Lincoln "The Uncle" Baraccat, foi o nosso convidado de honra, em mais uma apresentação dOs Kurandeiros e ali fizemos um bom revival do som de "Uncle & Friends", com Os Kurandeiros a dar o sustentáculo, e apesar de ter sido um show de choque tão somente, inserido em meio ao show regular d'Os Kurandeiros, foi uma apresentação espetacular, a conter uma energia absurda e assim caracterizar que uma feliz química Rock'n' Roll ali estabelecida, foi responsável por uma combustão natural. 

Nesta altura, o Lincoln já mostrava-se resignado com a ausência forçada do grande, Franklin e por conta dessa situação, ele convidou o baterista d'Os Kurandeiros, Carlinhos Machado para participar e de antemão, comunicou-nos que também convidara um outro baterista com ótimo nível para apresentar-se conjuntamente, a caracterizar duas baterias em ação, no caso a tratar-se do ótimo, Rick Vecchione. 

Excelente ideia, portanto, com duas baterias, haveria de ser uma homenagem ao Franklin e uma boa maneira para enviarmos-lhe as melhores vibrações para que a sua recuperação, fosse acelerada. Ao final de abril, eu recebi o material via e-mail e basicamente haveriam poucas mudanças no repertório. 

Também estava confirmada a presença dos excelentes guitarristas, Caio Durazzo e Roy Carlini, além da voz privilegiada de Amanda Semerjion, portanto, praticamente a confirmar-se a mesma boa turma dos dois shows anteriores, dos quais eu participara em 2018, em agosto e dezembro, curiosamente em outras feiras organizadas no mesmo bairro da Vila Pompeia, em São Paulo.

Eis que o domingo, dia 19 de maio de 2019, chegou e desta feita a minha participação com a banda de Lincoln "The Uncle" Baraccat, conteve um elemento diferente, no sentido de que no mesmo evento, a Feira de Artes da Vila Pompeia, marcou também por uma apresentação da minha banda, Kim Kehl & Os Kurandeiros. Portanto, foi intenso realizar um show com Os Kurandeiros em um palco e horário diferente e pouco tempo depois, estar em outro quadrante do bairro para apresentar-me com outra banda. 

Foi corrido, certamente, mas prazeroso, pois mesmo extenuado pela apresentação cumprida com Os Kurandeiros, eu estava feliz por também atuar com o Lincoln Baraccat e o seu grupo, "Uncle & Friends".

Momentos do show. Uncle & Friends na Feira da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 19 de maio de 2019. Click, acervo e cortesia: Hermann Molina (1), Gigi Jardim (2) e Rogério Utrila (3)

Já ali nos bastidores, a temperatura ambiente caíra bastante no avançar da tarde e início da noite, mas o calor no palco e arredores, esteve sensacional. 

Assim que eu cheguei, vi que a banda do famoso, Zé Brasil, estava a apresentar-se e o público respondia entusiasmado. Logo a seguir, subiu ao palco a boa banda, "Fórmula Rock", que também emitiu um belo recado, mediante uma seleção de clássicos internacionais e nacionais setentistas, escolhidos a dedo e muito bem executados.

Alguns flagrantes do espetáculo. Uncle & Friends na Feira da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 19 de maio de 2019. Click, acervo e cortesia: Dih Baraccat

Um impasse inicial foi gerado, quando por força das circunstâncias, o palco, sob proporções diminutas, deixou que a dúvida pairasse a questionar se a ideia original de se tocar com duas baterias, prosperaria. De fato, não apenas pela sua extensão e profundidade limitada, mas sobretudo pela falta de estrutura do equipamento terceirizado, a dar conta de providenciar uma adequada microfonação para prover duas baterias. 

Portanto, foi gasto um certo tempo em torno de tal elucubração. Chegou-se em um ponto, onde o baterista, Carlinhos Machado já estava resolvido a abrir mão de tocar, mas não para deixar de participar inteiramente, visto que prontificara-se a tocar percussão e a cooperar nos backing vocals, pois estava acostumado a cantar e bem, em nossas apresentações com Os Kurandeiros. 

Todavia, eis que sob um rompante, decidiu-se que sim, as duas baterias seriam montadas conforme o planejamento inicial. Isso deu-se graças à boa vontade que os técnicos terceirizados tiveram para conosco, para resolver tal pendência súbita. Algo raro, pois técnicos geralmente não são simpáticos e ainda mais em festivais, onde nessa altura do dia, a trabalhar desde as primeiras horas da manhã para montar tudo e sobretudo após operar o som de inúmeros artistas, desde o meio dia, praticamente, naturalmente que estariam devidamente esgotados. 

Não anotei o nome desses rapazes, e arrependo-me por não ter lembrado desse pormenor, pois caberia um enaltecimento à sua boa vontade de colaborar, algo muito raro no meio artístico e quando acontece, é algo que precisa ser elogiado.

Eis acima, alguns instantes do show. Uncle & Friends na Feira da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 19 de maio de 2019. Click, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Nessa altura, todos os participantes desse simpático grupo de amigos reunidos para dar suporte à arte do amigo, Lincoln Baraccat, já estavam a postos nos bastidores. O público, apesar do frio que chegou junto com o rápido entardecer, aumentou significativamente, mesmo com a Feira já a apresentar os sinais de estar em seu momento de encerramento, com alguns expositores a guardarem os seus respectivos materiais, o que foi em contraste, bastante animador para nós que subiríamos ao palco, a seguir. 

Apesar da boa vontade dos rapazes do som, o início da apresentação foi um tanto quanto sofrida, no sentido em que os monitores teimaram em falhar. E na contrapartida, ao tocarmos com três guitarras, duas baterias e um baixo, evidentemente que a massa sonora por nós produzida, ficara bem acentuada. Para amenizar, todos estabeleceram esforços para observarem a máxima dinâmica e assim, o espetáculo conduziu-se em seu início, com essa dificuldade sonora.

Eis acima, alguns momentos do show. Uncle & Friends na Feira da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 19 de maio de 2019. Click, acervo e cortesia: João Pirovic  

Eis que o som melhorou um pouco, quando em uma pausa, o técnico finalmente pode detectar e anular uma microfonia que atazanava-nos. Seguimos em frente com uma melhoria sonora amena. No entanto, apesar da insalubridade técnica, a performance esteve sensacional. O público estava a apreciar de uma forma muito entusiasmada, e por conseguinte a reverberar bem a ótima energia que produzíamos ali em cima. 

Caio Durazzo e Roy Carlini estiveram infernais em seus solos, a colorir, sob estratégico revezamento, as boas canções do Lincoln. E mais um dado, eu achei incrível a sincronicidade em que tocaram, Carlinhos Machado e Rick Vecchione. Em alguns momentos, pareceu que ambos houveram ensaiado juntos, tamanha a massa em perfeita sintonia que estabeleceram. Ambos não furtaram-se a fazer viradas e mesmo assim, não houve falhas rítmicas e tampouco frases emboladas. 

Pelo contrário, houve momentos sob intensa criatividade. Não sei se os demais companheiros notaram tais sutilezas em meio à massa sonora e adrenalina generalizada, porém, como eu sou baixista e trabalho em sincronia com os bateristas, eu apreciei muito as levadas que eles estabeleceram, inclusive com a chance para que eu pudesse reforçar diversas nuances rítmicas em sintonia com ambos, e isso sempre enriquece o som de qualquer banda, sem dúvida alguma. No caso do Uncle & Friends, que simplesmente não ensaia, foi um luxo e tanto, em minha opinião.

Momentos mágicos do show. Uncle & Friends na Feira da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 19 de maio de 2019. Click, acervo e cortesia: Dih Baraccat (1 & 2) e Hermann Molina (3)

Eis que a cantora superb, Amanda Semerjion, foi chamada ao palco e ela deu um show à parte. A sua interpretação foi estabelecida mediante um crescente impressionante. O início ameno e doce, mudou paulatinamente a cada giro da modulação da harmonia e sob intensa entrega emocional, ela soltou a voz de uma forma muito marcante, reforçada por uma performance gestual forte, ou seja, Etta James, Aretha Franklin e Janis Joplin devem ter incorporado ao mesmo tempo em Amanda, para deixar o público extasiado. Luiz Carlini viu a performance esfuziante de sua nora, bem perto do palco e Lincoln não perdeu tempo para convidá-lo a participar. Que prazer tocar com esse mestre mais uma vez, sem dúvida alguma.


Eis que seguimos a tocar com a perspectiva boa ao notarmos uma excepcional acolhida do público presente. Nessa altura, a multidão à nossa frente, estava impressionante a denotar que a vibração estava a melhor possível. 

Chegamos ao último número então, o sucesso de Lincoln Baraccat, "Bolinha de Gude". O comunicador, Rogério Utrila, que tradicionalmente gosta de cantar essa canção junto ao Lincoln e a tocar um cowbell, subiu ao palco e cumpriu a tradição. 

Final apoteótico, após uma longa jam-session mediante revezamento de solos entre Caio e Roy, quando encerramos, o público mostrou-se em estado de grande euforia. Apesar do avançado do horário e a noite já em curso, eis que um forte pedido para um eventual "bis" irrompeu naquele quadrante do bairro da Vila Pompeia e sob uma rápida sugestão feita pelo guitarrista, Roy Carlini, executamos a canção: "Rock'n' Roll" do Led Zeppelin, com uma volúpia tremenda. 

Ao final, houveram mais pedidos para que prosseguíssemos, no entanto, decidimos encerrar, ao adotarmos uma atitude mais prudente, certamente, e assim preservou-se o bom astral com o qual esse show foi realizado. Recebemos muitos amigos nos bastidores e gostamos muito dessa apresentação, não apenas pela reação muito eloquente da parte do público, mas sobretudo, pelo fato de que apesar das dificuldades técnicas, a energia ali produzida, fora imensa.

Mais flagrantes do show. Uncle & Friends na Feira da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 19 de maio de 2019. Click, acervo e cortesia: Marcos Vinicius Troyan Streithorst

Tive o prazer de conversar com o técnico responsável pelo som do PA & monitor, a quem eu agradeci pelo esforço hercúleo que ele tivera para amenizar ao máximo as dificuldades e ele lamentou muito não ter podido trabalhar mediante a observação de um soundcheck melhor e afirmou que especificamente para esse tipo de som que ali produzimos, ele gostaria mais de ter caprichado em sua mixagem ao vivo. Quem sabe em uma próxima oportunidade, ele consiga trabalhar mais confortavelmente com essa banda ou com outra em que eu estiver a tocar? Tomara que sim, gostei da sua boa vontade e educação para lidar com os músicos, devo ressaltar, fato raro entre técnicos de áudio em geral. 

E assim foi a minha terceira participação com a banda, "Uncle & Friends", um trabalho avulso feito sem ensaios, mas cercado por músicos da melhor categoria. Gostei muito de haver acompanhado o grande "uncle", Lincoln Baraccat, mais uma vez, além dos excepcionais guitarristas, Caio Durazzo e Roy Carlini, e desta vez ao homenagearmos o grande, Franklin Paolillo, baterista recorrente nesse trabalho, mas que na ocasião, estava a convalescer, acometido por uma enfermidade grave que enfrentara subitamente ao final de 2018, e para tanto, com dois bateristas muito amigos dele, Carlinhos Machado e Rick Vecchione. Além da voz privilegiada de Amanda Semerjion, e a presença surpresa do monstro, Luiz Carlini. Em suma, um prazer estar em meio aos "friends".

Uncle & Friends a agradecer o público. Da esquerda para a direita : Roy Carlini, Rick Vecchione, Carlinhos Machado, Caio Durazzo, Luiz Domingues, Lincoln "The Uncle" Baraccat e Amanda Semerjion. Uncle & Friends na Feira da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 19 de maio de 2019. Click, acervo e cortesia: Marcos Vinicius Troyan Streithorst 

Por volta de julho de 2019, eu observei uma postagem do amigo, Lincoln Baraccat, em uma determinada Rede Social da Internet, a mencionar que a sua banda, "Uncle & Friends", possivelmente participaria novamente do evento: "A Gosto Musical", uma boa feira realizada ao ar livre pelas ruas da Vila Pompeia, o simpático bairro da zona oeste da cidade de São Paulo. 

De fato, tal combo participara na edição desse festival, em agosto de 2018, e com a minha presença na formação. No entanto, como o Lincoln não abordara-me em conversação reservada para confirmar tal informação, eu logo deduzi que ainda não havia uma confirmação oficial da parte da cúpula dos organizadores de tal festival e reservadamente, apenas mantive-me em compasso de espera. Tal confirmação oficial de fato demorou para ocorrer e somente na semana anterior à realização do evento, foi que o Lincoln recebeu tal informação oriunda da direção e foi quando abordou os músicos com os quais quis formar o seu simpático grupo. 

Em meu caso, mesmo com a proximidade muito grande do evento em si, como eu não tinha compromisso firmado com a minha banda, Os Kurandeiros, pude aceitar sem reservas o convite para mais uma participação com Lincoln e outros companheiros. 

Desta feita, Lincoln avisou-me que o time seria mais reduzido, a conter um trio básico a acompanhá-lo, constituído por Caio Durazzo à guitarra e voz, eu mesmo (Luiz Domingues) no baixo, além do meu colega d'Os Kurandeiros, Carlinhos Machado, à bateria e voz. 

Sem as presenças de Roy Carlini, Rick Vecchione e Amanda Semerjion, que estiveram conosco na edição da Feira da Pompeia, em maio último, seria uma formação mais enxuta, porém plenamente capaz de defender com galhardia o trabalho de Lincoln Baraccat. 

Sobre o repertório, combinou-se a opção de executarmos músicas com as quais já estávamos habituados a tocar, visto pela urgência em que essa apresentação foi confirmada, tornou providencial não haver canções novas, em face ao pouco tempo disponível que todos teríamos para prepararmos um possível material diferente do que já conhecíamos. Feitas tais comunicações, ficou estabelecido que tocaríamos então no palco montado no cruzamento das ruas Padre Chico e Caraíbas, visto que essa feira, "A Gosto Musical", detém tradicionalmente uma dimensão bem menor em relação à grandiosa feira anual realizada no mesmo bairro, mas que apresenta muito mais ruas interditadas para a sua realização.

O que eu não soube, foi que desta feita haveriam dois palcos, e dessa forma, o outro palco seria montado no sentido oposto, entre as Ruas Padre Chico e Xerentes. 

Dessa forma, já com a feira em andamento, uma mudança de palco foi proposta, visto que o palco da Rua Xerentes foi montado com muito mais espaço e assim um comunicado foi publicado às pressas pelas Redes Sociais a comunicar a mudança de endereço. 

Na prática, por ser uma feira pequena, realizada em uma única rua do bairro, tal mudança repentina não haveria por prejudicar em demasia a nossa participação, e nem mesmo sobre os outros artistas relacionados a apresentarem-se, visto que as pessoas ali presentes, perceberiam a existência de dois palcos montados em esquinas opostas, com facilidade. E assim, apesar do improviso, não atrapalhou-nos em nada.

O que ninguém contou, no entanto, foi que no dia do show, a temperatura caiu tremendamente na cidade de São Paulo. Bem diferente de épocas passadas, onde as estações climáticas eram absolutamente bem delineadas, eis que o inverno paulistano de 2019, foi marcado por altos e baixos em termos de ondas de frio a oscilar entre o padrão moderado e até a observar-se o calor, ao caracterizar-se a incidência de "veranicos". Portanto, dentro dessas variações extremadas, o dia do show tratou por apresentar um ambiente marcado pela presença de um frio intenso. Eu fui bem agasalhado ao evento, e com a consciência de que na hora em que apresentar-nos-íamos, a temperatura haveria por cair ainda mais.

Como de praxe, ao aproximar-me do palco em questão, revelou-se extremamente prazerosa a constatação do clima ali reinante, em face ao fato de haver ali, uma quantidade grande de amigos. Músicos, produtores musicais, jornalistas; radialistas, agitadores culturais, enfim, uma turma muito boa para conversar e com muito prazer, durante os momentos que antecederam a nossa apresentação.

Flagrantes do ótimo clima instaurado antes da apresentação. Na primeira foto, da esquerda para a direita: o grande baterista, comunicador & pesquisador, Charles Gavin, a ostentar em mãos, um exemplar do livro: "O Sol da Liberdade", escrito pelo saudoso filosofo, Luiz Carlos Maciel, Cesar Gavin: baixista, comunicador e agitador cultural incansável, Carlinhos Machado, o homem das mil bandas, eu, Luiz Domingues e Marquês, cantor & comunicador e também o apresentador do show. Foto dois: O grande Caio Durazzo, o nosso anfitrião, músicos & fotógrafo, Lincoln "The Uncle" Baraccat e Luiz Domingues. Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Foto 1: acervo e cortesia de Charles Gavin, Click: Lincoln "The Uncle" Baraccat. Foto 2: click; acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Perto do palco e dos "Food Trucks" que serviram os transeuntes da Feira, a concentração de amigos queridos, foi ótima ao estabelecer que o longo tempo de espera para a apresentação em si, passou rápido, por conta desse prazeroso convívio com tantas pessoas inteligentes ali presentes. 

Uma boa banda tocou imediatamente anteriormente à nossa e eu apreciei bastante a sua boa performance, mesmo que amparada por covers, e sem a presença de música autoral. Essa banda tocou clássicos do Rock brasileiro setentista e muito bem tocado e cantado, a demonstrar destreza e bom gosto, portanto, espero que futuramente mostrem também canções próprias, visto que tal banda contém plena condição para realizar um grande trabalho. O nome dessa boa banda? Pois é, minha máxima culpa... eu não anotei e dessa forma, não recordo-me mais.

Flagrantes do show. Foto 1, da esquerda para a direita: Caio Durazzo, Lincoln "The Uncle" Baraccat e Luiz Domingues. Foto 2: Lincoln "The Uncle Baraccat, Caio Durazzo, com Carlinhos Machado ao fundo, na bateria e Luiz Domingues. Foto 3, Luiz Domingues em destaque. Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro 

Chegou enfim o momento da nossa apresentação e assim que eu subi ao palco, soube que a temperatura naquele instante marcava-se na faixa de 5º na tela do termômetro público ali mais próximo, mas devido ao vento e forte garoa presente, eis que a sensação térmica foi em torno de 2º, fiquei a saber pela mesma fonte meteorológica. 

Pelas fotos, é nítido o que descrevo, pois todos tocaram bem agasalhados, sem cogitar deixar de fazer uso de roupas nada confortáveis para usar-se como figurino de palco, mas sem as quais, nem com o calor natural gerado pela adrenalina da apresentação, seria possível apaziguar o frio intenso ali expresso. 

Foto 1: Carlinhos Machado em destaque! Foto 2: Lincoln "The Uncle" Baraccat em ação! Foto 3: Caio Durazzo em destaque! Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Bem, tirante o frio e alguns problemas no amplificador do Lincoln Baraccat, a apresentação foi animadíssima. A Feira, apesar da baixíssima temperatura ocorrida naquela tarde, esteve com uma frequência muito forte. 

Eu até surpreendi-me ao ver famílias a conter a presença de muitas crianças pequenas e também em termos de idosos, inclusive com dificuldades de locomoção, a participarem com entusiasmo, como se fosse um dia ensolarado e mediante o calor ambiente. Ora, ainda na metade da apresentação da banda anterior, o frio intensificara-se e para piorar a situação, eis que a garoa ficou mais forte a caracterizar-se como chuva, praticamente. 

Nesse instante, foi natural uma dispersão, com as pessoas a deixarem a rua e a buscar abrigo. No entanto, quando fomos tocar, verifiquei que o público voltou a aumentar, mesmo com as condições climáticas ainda piores, com frio e garoa forte a castigá-las. Em suma, achei muito animadora essa obstinação da parte das pessoas em seguir ali com frio e forte garoa, para apreciar a nossa apresentação.

Nas duas fotos, da esquerda para a direita: Daniel Gerber, convidado especial, Lincoln "The Uncle" Baraccat, Caio Durazzo e Luiz Domingues. Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Daniel Gerber, o excelente guitarrista da banda, Power Blues, participou com um convidado especial e certamente abrilhantou a apresentação. Exatamente igual à primeira apresentação pela qual eu participei com essa banda, em agosto de 2018, eis que quando Gerber subiu ao palco, observou-se uma coincidência no tocante aos três guitarristas em ação: o trio tocou munido com guitarras Fender Telecaster. A trinca Telecaster repetiu-se, para fechar um ciclo vitorioso em meio a um trabalho avulso que teve a proeza em repetir-se por quatro ocasiões e sempre de uma forma bastante prazerosa, sem dúvida alguma.

Clima de confraternização ao final do espetáculo. Da esquerda para a direita: Marquês, o apresentador do evento, Lincoln "The Uncle" Baraccat, Caio Durazzo, Carlinhos Machado e Luiz Domingues.  Uncle & Friends no Festival "A Gosto Musical" na Vila Pompeia em São Paulo, no dia 4 de agosto de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Fim de show super animado, inclusive com a proposta de se estender a nossa apresentação, portanto, eis que executamos a canção: "Comprimido", mais uma vez e assim encerramos com a noite avançada, e mais frio ainda. 


Eis abaixo, a filmagem com a banda a executar a canção: "O sol e Você":
https://www.facebook.com/lincoln.baraccat.50/videos/902255743492542/?notif_id=1565286529135251&notif_t=feedback_reaction_generic_tagged

Algum tempo depois, eis que mais uma vez eu recebi o convite vindo através do simpático, "The Uncle" (Lincoln Baraccat) para participar de mais uma ação com a sua banda, "Uncle & Friends". 

Desta feita, a proposta foi diferente das ocasiões anteriores, no sentido de que não tratar-se-ia de uma apresentação em alguma feira popular de rua, como houvera anteriormente ocorrido, contudo, a configurar-se como uma apresentação em estúdio. A proposta seria tocarmos três músicas ao vivo, a gravá-las como um ensaio ao vivo e uma das canções, ganharia uma filmagem, também a ser usada posteriormente como um promo instantâneo para o YouTube ou qualquer outro portal de vídeos, semelhante. Enfim, uma perspectiva alvissareira. Fui informado que as canções escolhidas seriam: "Hey, You", "O Sol e Você" e "Muito Estranho". 

Então, eu fui comunicado previamente também, que seria um evento a contar com outras duas bandas, e neste caso, absolutamente dentro do nosso convívio, visto que no caso dos grupos: "Caio Durazzo Trio" e "Mesa do Rock", formado por membros que também costumavam tocar com Lincoln "The Uncle" Baraccat, obviamente que transformou o evento em uma ação entre amigos, na acepção do termo. Ótimo, a tarde agradável mostrou-se garantida. 

Alguns dos muito amigos presentes neste evento. Na porta do estabelecimento V8 Studio, pela ordem: a produtora, Vanessa Anchieta. O guitarrista, cantor e compositor, Fernando Ceah e o fotógrafo, Marcus Vinicicius Troyan. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 em São Paulo-SP. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Lincoln "The Uncle" Baraccat

O local em questão, revelou-se muito interessante, a tratar-se de um estúdio de gravação e ensaio, acoplado em um estúdio de tatuagem e a portar-se como um mini centro cultural, na prática, a tornar um evento em algo muito agradável. 

Mais pontos positivos, tal estabelecimento, chamado como: "Estúdio V8" em outro aspecto agradável a envolvê-lo, deu-se com a sua localização. Em uma esquina agradabilíssima, presente em um quadrante do bairro do Ipiranga, na zona sudoeste de São Paulo, tal estabelecimento realmente impressionou-me por tais sinais, no entanto, houve mais um adendo nessa equação: a extrema simpatia com a qual eu fui tratado pelos seus mandatários e funcionários, cativou-me por completo. 

Isso, aliás, foi uma constante, do momento em que cheguei ao estabelecimento, até a minha partida, já no avançar da noite. E mais uma observação, ali eu encontrei inúmeras pessoas conhecidas, que foram atraídas pelas três bandas em ação, portanto, assunto não faltou nas inúmeras rodas formadas por amigos em que eu inseri-me, com muito prazer, para conversar em meio à quente tarde paulistana de final de inverno. 

Uma surpresa ocorreu, quando Lincoln Baraccat convocou-me para uma reunião de emergência, visto que haveria uma novidade não anunciada previamente. Ele marcara a filmagem de um vídeoclip, bem simples, com câmera única e filmagem direta, sem maiores requintes, a focar em um blues de sua autoria (em parceria com o grande guitarrista, Norba Zamboni), chamado: "Velho Lobo Mau". 

A ideia seria apenas contar com a banda a dublar o áudio gravado em estúdio por outros músicos, mas creio que daria até para tocarmos a música sem mesmo conhecê-la o suficiente, visto que tratou-se de um blues com harmonia tradicional e portanto, sem maiores dificuldades. Fomos avisados também que uma garota, viria para fazer parte da filmagem, a atuar como atriz. Tudo bem, não haveria nenhum empecilho para que não cumpríssemos tal tarefa com facilidade.

Durante a apresentação do trio, "Mesa do Rock", a cantora superb, Amanda Semerjion, canta, com dois rapazes atrás dela, e não identificados, o guitarrista, Marcello Pato também esboça estar a cantar informalmente, com a sua esposa, a produtora, Gigi Jardim a dançar (a usar chapéu vermelho), o guitarrista, cantor & compositor, Fernando Ceah está ao lado de sua namorada, a produtora cultural, Vanessa Anchieta (encoberta) e o músico extraordinário, Roy Carlini toca sentado, a usar óculos escuros. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 em São Paulo-SP. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Lincoln "The Uncle" Baraccat

Bem, o ótimo grupo, "Caio Durazzo Trio" entrou em ação, a gravar três músicas de seu repertório e participar de mais uma filmagem extra. Do lado de fora, mas com o estúdio a trabalhar com janelas abertas, configurou-se então, praticamente, uma apresentação ao vivo, mesmo por que, a casa estava bem cheia com convidados das três bandas e dada a simbiose ali estabelecida, na verdade o público foi formado por amigos em comum de todos. 

O som da banda soou de uma forma muito agradável e eu fiquei bem perto da janela a receber o seu impacto direto, por um bom tempo, a apreciar bastante a performance muito energética desse super trio versado pelo som Rockabilly, bem cinquentista. 

Veio a seguir o "Mesa Rock", que trata-se de uma formação intimista a apresentar violão, bateria e voz, a justificar o nome do combo, visto que a intenção dos seus componentes seria brincar com as mesas de samba, sempre protagonizadas por apresentações acústicas e improvisadas, mas neste caso a trabalhar com o Rock, no mesmo conceito. Outro super grupo formado por amigos, eu também apreciei assistir e ouvir os petardos que esse trio jovem e super talentoso ali detonou. Bem, chegada a hora, eis que Uncle & Friends foi convocado a entrar no estúdio e realizar a sua performance.

Muito bem, assim que chegamos à sala de gravação, fomos muito bem assessorados pelos técnicos do estúdio V8. Recordo-me bem do nome de um desses rapazes, chamado, Denis Gomes, e o outro, igualmente solícito, Fausto Lopes. 

Dada a característica dessa gravação ao vivo, em clima de festa generalizada entre as três bandas participantes e também a contar com os convidados, que na prática, eram todos amigos em comum de todos, a sala ficou bem cheia, mas creio que isso em nada atrapalhou o desempenho das três bandas e no caso do combo, "Uncle & Friends", a dinâmica foi exatamente essa.

Na primeira foto, Lincoln "The Uncle" Baraccat em destaque, com Caio Durazzo, atrás e Roy Carlini a usar guitarra vermelha (encoberto). Na segunda foto, o baterista, Dmitri Medeiros. Na terceira foto, Luiz Domingues em destaque, com a presença do baixista, Ricardo Ravache ao fundo e semi encoberto, vê-se o radialista, Rogério Utrila a filmar com o seu telefone celular. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro 

Então, com muita espontaneidade, tocamos as três canções propostas para fazer parte desse ensaio gravado, a contar: "Situação", "Hey You" e "Muito Estranho". A energia esteve ótima, e a sonoridade observada ao vivo e posteriormente ao ouvirmos o áudio captado, mostrou-se muito boa para um padrão de gravação ao vivo, com captação adaptada para um ensaio e ainda mais a contar-se com o fato de que o clima foi de festa ali dentro, com tanta gente a assistir a gravação dentro da sala e nem um pouco preocupada em observar o silêncio absoluto como uma postura mais prudente a ser adotada. Pois muito bem, o clima foi festivo, não houve nenhum constrangimento por conta disso.
Uma bela panorâmica da banda a gravar ao vivo. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Acervo e cortesia: Lincoln "The Uncle" Baraccat. Click: Vanderlei Bavaro 

Veio a seguir então a repetição de uma das canções a prover uma filmagem para se gerar um promo, ou clip caseiro bem simples, porém eficaz em sua captura despojada, digamos assim. E a canção escolhida foi: "Muito Estranho", cuja performance foi muito boa da parte da banda.

Na primeira foto, Lincoln "The Uncle" Baraccat em destaque, com Luiz Domingues ao fundo. Na foto número dois, Lincoln "The Uncle" Baraccat em destaque, com Roy Carlini ao fundo. Terceira foto com Roy Carlini em destaque. Quarta foto com Caio Durazzo à frente e Dmitri Medeiros, ao fundo, na bateria. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro

Encerrada essa etapa, imediatamente iniciou-se então a filmagem do clip da canção: "Velho Lobo Mau", onde a proposta foi apenas dublar o áudio dessa canção que fora gravada por outros músicos. No entanto, dada a facilidade oferecida pela música, ao mostrar-se como um Blues clássico em sua estrutura harmônica e com apenas uma variante e cuja formulação todos decoraram imediatamente, a banda tocou em cima da gravação, com tranquilidade e ventilou-se até que nós a tocássemos ao vivo para a filmagem. 

Por uma questão de praticidade, no entanto, ao ponderar-se sobre o posterior processo da edição das imagens, optou-se em dublar o áudio pré-gravado, para facilitar a questão da sincronicidade dos músicos a tocar, e do Lincoln a cantar. Tudo bem, a ideia inicial fora mesmo apenas a dublagem para compor uma figuração básica, visto que a meta central foi privilegiar a imagem do Lincoln a cantar e a interagir com a garota que atuou como atriz, a bela, Patrícia Endo, que inclusive, filmou com Lincoln a posteriori, cenas adicionais bem improvisadas, inclusive a utilizar externas, na própria rua onde localizava-se o estúdio.

Neste painel acima, algumas fotos a mostrar em destaque as personas de Lincoln "The Uncle Baraccat e a atriz, Patricia Endo em ação, em meio a outras pessoas (eu, Luiz Domingues, incluso), durante a filmagem do clip da canção "Velho Lobo Mau". Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Vinicius Troyan

Final de atuação, enfim, fiquei contente em ter colaborado nesse esforço múltiplo em torno do trabalho do amigo, Lincoln Baraccat, o famoso "The Uncle" e também por tocar mais uma vez com os ótimos guitarristas, Caio Durazzo e Roy Carlini, além do igualmente excelente baterista, Dmitri Medeiros. 

Além disso, a quantidade enorme de amigos que eu ali encontrei, tornou a tarde & noite, agradabilíssima. Além dos músicos com os quais toquei, estive ali em animadas conversas com músicos do calibre de Fernando Ceah, Marcello Pato, Ricardo "The Lord" Ravache, Rick Vecchione, Caio Durazzo, Carlos Costa, Norba Zamboni e Amanda Semerjion. Fotógrafos de primeira linha como Vinicius Troyan e Vanderlei Bavaro, as produtoras musicais, Gigi Jardim, Vanessa Anchieta e Carol de Grammont, além da Patricia Endo, que atuou no clip como a personagem: "chapeuzinho vermelho", do sempre animado radialista, Rogério Utrila e muitos outros amigos.

Na primeira foto, Lincoln "The Uncle" Baraccat conversa com o técnico de áudio do estúdio V8, Fausto Lopes, com Caio Durazzo, atrás, sentado a tocar violão e o fotógrafo, Vinicius Troyan, de costas e agachado a fotografar. Na segunda foto, uma panorâmica da banda e novamente agachado, o fotógrafo, Vinicius Tryan em busca de melhores ângulos para clicar. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Marcello Pato
 
Um clip/promo da gravação da canção "Situação", foi disponibilizado via rede social "Facebook", meados de outubro de 2019.  

Eis o link para assisti-lo:
https://www.facebook.com/lincoln.baraccat.50/videos/957316964653086/?comment_id=957344251317024&notif_id=1571862626556084&notif_t=feedback_reaction_generic

Nas duas fotos, em pé, acima, o fotógrafo, Vinicius Troyan e o namorado de Patrícia Endo, Patrick Rockis, com a própria Patricia abaixo a observá-los. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Lincoln "The Uncle" Baraccat

E assim encerrou-se mais uma atividade avulsa que eu tive com o Uncle & Friends, naturalmente com muito prazer de interagir musicalmente e também pela amizade implícita com essa turma boa. Agradeço a acolhida também da parte do pessoal do Estúdio V8, nas pessoas de Denis Gomes e Juliana Parra, além do outro técnico, Fausto Lopes e demais funcionários da casa, todos muito hospitaleiros.

Enquanto a banda dublava, a turma formada pelos convidados postados atrás, uivou com vontade. Uncle & Friends em gravação ao vivo no estúdio V8 no Ipiranga em São Paulo. 15 de setembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia : Vinicius Troyan

Em novembro de 2019, foi anunciado através das Redes Sociais da Internet, o lançamento do vídeoclip da canção: "Velho Lobo Mau", que havia sido filmado em setembro, conforme já foi escrito anteriormente. Eu participei dessa filmagem, mas não havia gravado a música. 

Canção de Norba Zamboni, um guitarrista e compositor, bastante experiente, e com letra de Lincoln Baraccat, trata-se de um blues bastante carregado de energia sensual e o clip em questão mostra essa questão, a materializar-se através da encenação feita por Lincoln, em cena com uma atriz (Patricia Endo). 

Não tocamos ao vivo, apenas dublamos na filmagem, eu e todos os músicos participantes e conforme eu já narrei, foi uma experiência divertida. Enfim, eis abaixo o resultado dessa filmagem, que eu considerei bem interessante em sua edição e acabamento final, visto que a produção foi muito simples em sua captura, com tomada única e sem grandes equipamentos de filmagem.

Vídeoclip da canção: "Velho Lobo Mau" (Norba Zamboni / Lincoln Baraccat) - Filmado por Fausto Lopes em setembro de 2019 no estúdio V8 de São Paulo

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=kyKJltUnXRg

Ainda neste mês, eu recebi o recado do "Uncle", Lincoln Baraccat, a convidar-me para mais uma apresentação em seu simpático grupo, "Uncle & Friends" e desta feita sem compromisso com Os Kurandeiros para tal dia, aceitei de pronto e basicamente a contar com o mesmo grupo de músicos para a atuação, das apresentações anteriores em que eu participei. 

Portanto, foi em mais um dia atipicamente frio para o meio de uma primavera, que eis que cheguei ao quadrante do bairro da Vila Pompeia, entre as ruas Padre Chico e Raul Pompeia e lá encontrei muitos amigos, ou seja, uma praxe para tal tipo de festival ao ar livre, e ainda mais estes tantos que são promovidos neste bairro em específico.

Louve-se a extrema boa vontade do técnico que trabalhou para alimentar o som desse palco, pois ele estava sozinho e contava com a discreta ajuda de sua namorada, apenas, e tal moça a não se mostrar muito preparada para atender a demanda, mas mesmo com toda a sua boa vontade, a verdade é que nesta apresentação nós tivemos muitos problemas técnicos. 

Primeiro, pelo fato do palco ter sido montado com um desnível acentuado, portanto, foi um inferno para a carcaça da bateria ficar minimamente centrada para os bateristas que a usaram, poderem tocar com tranquilidade. E segundo, pelo som que mostrou-se embolado, com uma massa sonora a apontar para microfonias desagradáveis alojadas entre as frequências graves. Mesmo assim, a animação foi grande, pois a energia ali produzida, foi muito forte. 

Da esquerda para a direita: Roy Carlini, Caio Durazzo, Lincoln "The Uncle" Baraccat", Carlinhos Machado e Luiz Domingues. Uncle & Friends na 2ª Feira Jingle Blue, na Vila Pompéia, em São Paulo. 24 de novembro de 201 Clicks, acervo e cortesia: Gigi Jardim

A ideia, para um festival centrado na temática do Blues, seria observar apenas tal estilo, no entanto, houve uma brecha generosa para o Blues-Rock, igualmente e assim, deu para animar ainda mais com tal abordagem mais energética, sem dúvida alguma. 
Na primeira foto, Lincoln "The Uncle" Baraccat em destaque, com Caio Durazzo (encoberto), ao seu lado. Uncle & Friends na 2ª Feira Jingle Blue, na Vila Pompeia, em São Paulo. 24 de novembro de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Marcello Pato

Além dos guitarristas extraordinários, Caio Durazzo e Roy Carlini, a bateria foi executada pelo meu companheiro d'Os Kurandeiros, Carlinhos Machado. Lincoln pilotou a base harmônica na guitarra e comandou a voz solo, e novamente tivemos a presença ilustre da ótima cantora, Amanda Semerjion, e desta feita, ela cantou um Blues famoso na voz da extraordinária, Etta James ("I'd Rather Go Blind"), que gerou uma comoção na plateia, tamanho foi o poder da sua interpretação, emocionante.
Na primeira foto, Amanda Semerjion na linha de frente, a encantar a plateia com a sua evocação da arte de Etta James. Foto 2: Amanda Semerjion, Lincoln "The Uncle" Baraccat e Luiz Domingues, com Carlinhos Machado ao fundo e encoberto. Foto 3: Lincoln "The Uncle Baraccat e Luiz Domingues. Foto 4: Lincoln "The Uncle" Baraccat, o convidado especial, Geraldo "GG" Guimarães e Luiz Domingues. Uncle & Friends na 2ª Feira Jingle Blue, na Vila Pompéia, em São Paulo. 24 de novembro de 201 Foto 1: Click, acervo e cortesia de Amauri Aparecido. Fotos 2, 3 e 4: Clicks, acervo e cortesia de Vanderlei Bavaro

Geraldo "GG" Guimarães e o radialista, Rogério Utrila, participaram da canção, "Bolinha de Gude" e um músico de última hora atuou com a banda, um gaitista, chamado, Ulisses, que surgiu de forma inesperada a tocar, fora do palco, ao ter pedido um microfone para o técnico, sem que soubéssemos. Tocou bem, é verdade, mas a sua presença inesperada, em princípio gerou uma estupefação generalizada.
Mais flagrantes da apresentação. Foto 1: Lincoln "The Uncle" Baraccat em destaque Foto 2: Carlinhos Machado em ação! Foto 3, a banda inteira. Uncle & Friends na 2ª Feira Jingle Blue, na Vila Pompeia, em São Paulo. 24 de novembro de 201 Clicks, acervo e cortesia: Marcello Pato

E assim, foi! A tarde caiu, e o frio intensificou-se, em pleno final de novembro de 2019, algo bastante incomum. Público muito bom, com cerca de duzentas e cinquenta pessoas presentes, a aplaudir bastante. Despedi-me dos amigos e dali retirei-me feliz por ter participado de mais uma apresentação com esses músicos talentosos, a bordo do simpático combo do grande Lincoln "The Uncle" Baraccat, um artista eclético e multimídia.
Mais duas fotos panorâmicas da banda no palco. Uncle & Friends na 2ª Feira Jingle Blue, na Vila Pompeia, em São Paulo. 24 de novembro de 201 Foto 1: click, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro. Foto 2: Click; acervo e cortesia: Rogério Utrila

Finito, mas este é um trabalho avulso que pode tranquilamente gerar mais história no futuro, portanto, é bem possível que... continue...