Conforme o combinado previamente, reagrupamo-nos para realizarmos enfim o último show da carreira da Patrulha do Espaço, em 2019. Mantivemos apenas o contato protocolar ao final de fevereiro de 2019, para combinar a logística que adotaríamos para esse esforço final e dessa maneira, ficou acertado que encontrar-nos-íamos na cidade de Curitiba, no dia 28 de fevereiro de 2019.
Rolando Castello Junior e Marta Benévolo já estavam hospedados na capital paranaense, há alguns dias. Eu (Luiz Domingues) e Rodrigo Hid voamos para Curitiba, na manhã desse dia citado, uma quinta-feira e chegamos com tranquilidade ao hotel em que hospedar-nos-íamos, no bairro do Batel, por volta de onze horas da manhã.
Estava marcado um ensaio
para nós, no estúdio Old Black, localizado no mesmo bairro, e como nos
meses de dezembro e janeiro, e ao longo de fevereiro inteiro, nenhuma
sugestão de música diferente fora feita para prepararmos, fomos ao
ensaio com a certeza de que o repertório base desse show,
constituir-se-ia do básico que tínhamos feito nos shows anteriores dessa
turnê final.
Eu (Luiz Domingues), em meio ao ensaio da Patrulha do Espaço no estúdio Old
Black de Curitiba, em 28 de fevereiro de 2019. Click, acervo e
cortesia: Marta Benévolo
Chegamos
tranquilamente ao estúdio Old Black, e fomos bem recepcionados pelo seu
gestor, o simpático músico, Renato Ximú. Ensaiamos o repertório base,
deixamos algum material disponível para um possível pedido de "bis" para
a plateia e recebemos a visita de amigos.
O proprietário do estúdio,
que também é curador de grandes espaços para shows na cidade; alguns
músicos e entre eles, o jovem, Beppe Fumagalli, que de uma forma
entusiasmada falou-nos sobre a sua banda, chamada, "Newholly",
influenciada pelo Rock "Bubblegum" sessentista em 100%, segundo ele.
Trocamos contato e ele prontificou-se a enviar-me o seu material para
que eu ouvisse com calma em São Paulo, assim que voltasse.
Mais
flagrantes da Patrulha do Espaço a ensaiar no estúdio Old Black, de
Curitiba, em 28 de fevereiro de 2019. Clicks (1 e 2), acervo e
cortesia: Marta Benévolo. Click 3: Renato Ximú
Já
anoitecia, quando o ensaio encerrara-se e apesar da conversa agradável
ali estabelecida, com pessoas importantes da cena paranaense, estávamos
cansados, portanto, voltar para o hotel tornou-se uma necessidade
premente. E assim o fizemos, quando pudemos então recuperar as forças e
estarmos prontos para uma pequena viagem, mediante percurso rodoviário,
para a cidade de São Bento do Sul, em Santa Catarina, onde ficaríamos
hospedados, a visar o show no Festival Psicodália, a realizar-se na
cidade vizinha de Rio Negrinho-SC.
Dessa
forma, na manhã do dia 1º de março de 2019, a van contratada para
levar-nos, estacionou na porta do nosso hotel em Curitiba. Alguns
minutos depois, eis que o casal amigo, ultra solícito e simpático,
formado por Cristiano e Lorena Costa, chegou.
Eles viajariam conosco e
certamente que Cristiano seria um misto de roadie e road manager nessa
empreitada. Além do mais, haveria por suprir a banda com farto material
fotográfico e com imagens, o que seria muito enriquecedor para nós, sem
contar com a simpatia do casal, sempre encantadora.
Flagrante
da banda a viajar de Curitiba, para São Bento do Sul-SC e Rio
Negrinho-SC. 1º de março de 2019. Primeiro banco: Cristiano e Lorena
Costa, segundo banco: Rolando Castello Junior e Marta Benévolo e no
terceiro banco: eu (Luiz Domingues) e Rodrigo Hid. Click (selfie), acervo e
cortesia: Cristiano Rocha Affonso Costa
Viagem
muito tranquila, chegamos bem em São Bento do Sul-SC e assim que
fizemos o check-in no hotel, tivemos tempo de sobra para explorarmos o
entorno, com direito a uma visita feita em uma padaria próxima e compras
em um supermercado. A nossa partida para o local do show, distante
cerca de quinze Km dali, estava marcada para as 23 horas.
O nosso
soundcheck estava marcado para a meia noite e o show, para duas e meia
da manhã, logo após o término do show da Elza Soares, que realizar-se-ia
em outro palco. Enfim, foi o tempo suficiente para descansar,
se arrumar e ainda esperar por um bom tempo para partir, enfim.
Assim, saímos na hora combinada e mediante uma viagem rápida, chegamos ao local do festival, uma imensa área semi rural, quando impressionei-me pelo seu tamanho e boa organização, aparentemente.
Salvo um pequeno vacilo da produtora encarregada em cuidar de nossa comitiva, que deveria ter embarcado conosco em nossa Van, assim que chegamos à portaria e conduzido-nos com maior segurança ao bastidor do nosso palco, mas que por não fazê-lo, deixou-nos momentaneamente à deriva, no entanto, mediante o apoio de outros funcionários do festival, chegamos com relativa rapidez.
Instalados no camarim, fomos muito bem recebidos pelos
produtores designados para atender-nos e logo, o acesso ao palco foi
liberado para fazermos a preparação e um soundcheck muito tranquilo, com
a cortina fechada e com toda a atenção do grande público voltada para o
palco adicional, onde o show da veterana estrela da MPB, Elza Soares, já
estava para iniciar-se. Assim que Elza começou o seu show, fomos
autorizados a iniciar a nossa preparação. Bem assistidos pelos técnicos
do PA / monitor / luz, ali disponíveis para atender-nos, foi tudo a
contento.
O amigo,
Jardel, que fora roadie em nosso show na cidade de Ponta Grossa-PR,
cerca de um ano antes, estava presente e junto a Cristiano, auxiliou-nos
na montagem.
Um fato desagradável ocorreu, mas não fora culpa deles, técnicos, exatamente. Ocorreu que havia um único praticável disponível para usarmos na bateria e como o Rolando usa costumeiramente, dois bumbos, seria preciso dois suportes desses, para o seu Kit ficar instalado.
O motivo de haver só um para nós usarmos, foi bizarro. O que aconteceu, foi que a produção da Elza Soares havia solicitado uma enorme quantidade de praticáveis e assim, estavam a usar no outro palco, uma quantidade absurda, em torno de vinte e sete desses artefatos e por isso, havia-se reservado apenas um para o nosso show, o que descumpriu o nosso rider técnico enviado previamente, pois é lógico que estavam avisados sobre o nosso kit de bateria ser grande.
Enfim, a produção da Elza Soares deve ter
pressionado e assim, não tivemos outra solução a não ser montar a
bateria no nível do piso. De certa forma, também seria charmoso, pois
atuaríamos como bandas de Rock sessentistas que não costumavam suspender
a bateria no palco, então, tudo bem.
Flagrantes
da apresentação do show, que ficou dividida entre o personagem, Cris
Rock, que fora o nosso convidado, e uma Drag Queen, hostess do festival.
Patrulha do Espaço no Festival psicodália, em Rio Negrinho-SC, no dia
1º de março de 2019. Click, acervo e cortesia: Herman Silvani (foto 1)
e Liza Bueno (foto 2)
Apesar da
hospitalidade, eu observei os detalhes e a tão propagada aura "hippie"
desse festival, não estava assim bem delineada, em minha percepção.
Talvez por eu não ter andado pelo campo como um todo, e ter ficado
restrito somente naquele bastidor e no palco onde tocamos, e por ser no período
noturno, eu não senti uma atmosfera contracultural, vintage ou retrô,
ali e pelo contrário, a impressão que observei foi outra, como se nas
entrelinhas, fosse mais um festival alternativo, quiçá sob orientação
"indie", no qual alguns sinais contraculturais fossem misturados com ícones
modernos e em certos aspectos, a estabelecer equívocos de avaliação da
parte de seus seguidores.
Por exemplo, fomos interpelados por uma "Drag Queen", que pediu-nos a permissão para ser o mestre (ou maestrina, como queira), de cerimônias a apresentar-nos. Aceitamos, sem preconceito, mas ao mesmo tempo, o que tinha a ver com um show de Rock, exatamente?
Então, eis que a personagem, Cris Rock, que faria a nossa apresentação, por nossa vontade, teve que dividir as atenções iniciais com este senhor (ou esta senhorita, como queira). Tudo bem, a apresentação do Cris Rock foi o que esperávamos a motivar o público, mas a Drag Queen, apesar de não desapontar (mesmo porque devia estar acostumada com performances para atender grandes plateias em eventos), realmente pareceu-me deslocada do contexto, primeiro por não fazer a menor ideia de quem fôssemos e segundo, por confundir o clima de uma plateia de show de Rock com uma festa gay, com a qual ela devia estar habituada a animar.
Por exemplo, ao insistir em chamar as pessoas da plateia como: "senhoras", não considerou a hipótese que tal expectativa em enxergar o mundo apenas pelo prisma feminino, fora exclusivamente sua e que, sem nenhum preconceito de nossa parte, mas apenas a constatar, isso destoou do espírito Rocker que ali deveria ser observado, sem subterfúgios.
Ainda bem que o Cris Rock aliviou essa estranheza e o
público entendeu melhor a sua manifestação, muito mais condizente para
conosco. As cortinas fecharam-se novamente após esse prelúdio discursivo
e cerca de poucos segundos depois, ao som de nossos primeiros acordes,
com a canção, "Meus 26 Anos", abriram-se e mediante a explosão de luz,
um show de Rock iniciou-se, enfim...
Show iniciado com muita energia, eu vi um ótimo público e de uma maneira geral, bastante interativo, ainda que alguns grupos dispersos existiam aos flancos e ao fundo, em pequeno número, ainda bem e a caracterizar algo natural, na medida em que nem "dinossauros" com status de Mega Stars em âmbito mundial, conseguem monopolizar toda a atenção em shows realizados em arenas e/ou estádios de futebol, visto que, sinal dos tempos, nem mesmo os que se consideram "Rockers" na atualidade, são 100 % focados no espírito de um show de Rock, propriamente dito.
Contudo, não posso reclamar, tal parcela dispersa e mais interessada em andar e procurar por bebidas pelos quiosques, foi mínima. Logo no início, ainda a tocarmos a primeira música do show, "Meus 26 Anos", vi uma bandeira a ser agitada no meio da multidão, com a estampa do símbolo Hippie e eis que vislumbrei enfim alguma conexão com uma tradição Rocker anacrônica, mas, uma pena, fora uma manifestação isolada e não a simbolizar uma comunhão de ideais, como teria sido normal em qualquer festival realizado entre 1967 e 1972, pelo menos.
Entretanto, tudo bem, a
resignação por estarmos em outro tempo, na verdade já estava assimilada
há muito tempo, portanto, não frustrei-me de forma alguma e o meu ânimo
prosseguiu em alta, sem dúvida.
Alguns
momentos do show. Patrulha do Espaço no Festival Psicodália, em Rio
Negrinho / SC, no dia 1º de março de 2019. Clicks; acervo e cortesia :
Cristiano Rocha Affonso da Costa
O
som estava agradável no monitor e no "side fill", com a banda a
apresentar energia e estávamos respaldados por um público que respondia
bem, ou seja, dessa forma o show foi bom no computo geral.
Talvez pudesse ter sido melhor
se o repertório fosse um pouco mais ameno e não tão calcado em
trabalhos mais pesados da banda, em anos não chronophágicos em que eu não fui componente, digamos
assim, porém, respeitamos a escolha do membro fundador e decano, em
torno dessa opção e assim se procedeu.
Mais
flagrantes do show. Patrulha do Espaço no Festival Psicodália, em Rio
Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019. Clicks, acervo e cortesia:
Herman Silvani
Um
tema do dito álbum preto, de 1980, "Simples Toque", deu margem a uma
boa jam em torno do Blues-Rock clássico e creio que fomos felizes no
improviso, visto que arrancamos gritos da plateia, em sinal de regozijo e
foi o elemento Rocker para coroar uma noitada muito boa.
Mais uma vez, temas clássicos do repertório e centrados no campo das baladas, brilharam. "Berro" e "Arrepiado", gerou comoção. E no caso de "Berro", houve uma fala muito bonita da parte do Rolando Castello Junior a evocar a memória do grande, Ivo Rodrigues, o seu compositor, e como é bem sabido, a fama de Ivo pelos estados do sul do Brasil é enorme, dada a sua carreira construída em duas bandas seminais do Paraná: "A Chave" e "Blindagem".
De fato, muitos aplausos e assovios foram ouvidos, assim
que Rolando exaltou a memória do saudoso, Ivo, e isso certamente
contribuiu para gerar uma comoção a culminar em uma ovação, assim que
executamos a canção de sua autoria, "Berro".
Outros temas clássicos do repertório da banda, soaram muito bem. Lembro-me que uma canção densa como "Cão Vadio", por exemplo, soou coesa, como se estivéssemos ultra ensaiados e não fora o caso, pois fizéramos um único ensaio apronto e sem muito requinte, no dia anterior. Creio que prevaleceu o entrosamento adquirido na estrada, apesar de ter havido poucos shows nessa turnê, ou seja, creio que a experiência individual de cada componente, tratou por fornecer uma amálgama extra para que a banda soasse bem, mesmo com pouca continuidade ao vivo e tampouco, ensaios.
Mais
momentos da banda em seu último Concerto de Rock. Patrulha do Espaço no
Festival Psicodália em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de março de 2019.
Clicks, acervo e cortesia: Lorena Costa
"Columbia"
fechou o espetáculo e deu para notar o coro da plateia a cantar junto conosco, o
que foi bonito, certamente. Saímos do palco sob uma reação muito
efusiva da plateia e houve um pedido veemente para a realização de um
"bis".
Voltamos para executarmos a música: "Deus Devorador" e novamente recebemos o carinho do público em termos de agradecimento enfático. Ótimo, missão cumprida no Festival e para a carreira da banda, chegara o momento para recolher-se ao hangar, desta feita, definitivamente.
E
sobre tal epílogo, não houve o menor esboço de comoção entre nós,
componentes da última jornada, pois mesmo sem conversarmos abertamente
sobre tal fato, creio que o sentimento implícito falou por si só, ou
seja, houve um sentimento generalizado em valorizar-se a sensação do
dever cumprido, ao não permitir nenhuma margem para algum tipo de
tristeza.
Na
primeira foto, durante o soundcheck, o bom amigo, Cristiano Rocha
Affonso da Costa e eu, Luiz Domingues. Foto 2: a banda reunida no
camarim, momentos antes do espetáculo. Foto 3: no pós-show, da esquerda
para a direita: eu (Luiz Domingues), o amigo Herman Silvani (Epopeia),
Rolando Castello Junior, a amiga, Liza Bueno (Epopeia), Marta Benévolo e
Rodrigo Hid. Patrulha
do Espaço no Festival Psicodália em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de
março de 2019. Clicks (1 {Selfie} e 2, acervo e cortesia: Cristiano
Rocha Affonso da Costa. Foto 3: Acervo e cortesia: Liza Bueno. Click:
desconhecido
No
camarim, nos momentos antes e pós show, o ambiente foi agradabilíssimo.
Além de várias pessoas ligadas à produção, que vieram saudar-nos com
reverência, recebemos ao final, o casal amigo, formado por Herman
Silvani e Liza Bueno, ambos componentes da boa banda de Chapecó-SC,
"Epopeia".
Não os via desde 2004, quando da passagem da Patrulha do Espaço pela cidade deles e nos últimos estertores da nossa formação chronophágica, e por isso, foi um grande prazer contar com a simpatia e apoio de ambos, além da boa conversa, naturalmente. Já passava das cinco da manhã quando evadimo-nos do ambiente rural do festival e alcançamos a estrada que encaminhou-nos para a cidade vizinha, de São Bento do Sul-SC.
Pelo avançado da hora, cogitei seriamente a hipótese de aguardar
alguns minutos e descer ao saguão do hotel para tomar o café da manhã.
Em outra época, tal prática de minha parte, exercida continuamente
durante as turnês da Patrulha do Espaço, em que participei, fora
corriqueira, porém neste momento de 2019, à beira da vida sexagenária,
percebi que o cansaço não permitiria tal arroubo de minha parte, e assim,
sucumbi ao sono, sem lamentos e pelo contrário, a obter alívio.
No
dia seguinte ao show, 2 de março de 2019, na porta do hotel em São
Bento do Sul-SC. Foto 1: Rodrigo Hid e o grande Tom Zé, no corredor
do hotel. Foto 2: eu (Luiz Domingues) a bordo de um espetacular, Opala,
modelo "SS", ano 1973! Foto 3: eu (Luiz Domingues) e Cristiano Rocha Affonso
da Costa, com o opulento Opala como cenário. Foto 4: Cristiano Rocha
Affonso da Costa e eu (Luiz Domingues). Patrulha
do Espaço no Festival Psicodália em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de
março de 2019. Foto 1/Acervo e cortesia: Rodrigo Hid. Click:
desconhecido. Fotos 2, 3 & 4/Acervo e cortesia: Cristiano Rocha
Affonso da Costa. Clicks: Lorena Bindo da Costa
O
nosso amigo, Cristiano Rocha Affonso da Costa, é um sujeito
multifacetado em termos culturais. Já sabíamos disso, há tempos, mas eis
que ele revelou-nos mais uma faceta sua, ao contar-nos que era também
um colecionador de carros antigos. Mostrou-nos, então, fotos de seus bólidos,
sensacionais e contou-nos sobre ter participado de vários encontros
promovidos por colecionadores.
Imediatamente a conversa evoluiu, quando ele lembrou-se, ainda no sábado, dia 1º, que um amigo seu, que era igualmente frequentador de tais encontros, morava na cidade de São Bento do Sul-SC, e assim, ele mandou uma mensagem ao seu amigo, para que este fosse ao hotel onde estávamos hospedados, e mostrasse-nos o seu carro vintage. Esse senhor, chamado, Rubens Koffke, não pode ir de pronto, mas assim que acordamos no dia posterior, eis que ele veio ao nosso encontro para mostrar-nos o seu impecável, Opala (modelo "SS", ano 1973).
Acompanhado de sua esposa, igualmente muito simpática, o senhor Rubens, deu-nos uma aula sobre a restauração do seu carro, ao explicar com detalhes sobre muitas peças & acessórios e claro, foi generoso ao permitir que fotografássemos o seu tesouro, amplamente. Antes desse encontro agradável ocorrer na entrada do hotel, outro momento prazeroso ocorrera em seus corredores. Eu passava pelo corredor no andar onde estava hospedado, quando subitamente um hóspede abriu a porta de seu quarto e encarou-me.
Ainda a usar pijamas e com aquele semblante típico de quem acabou de levantar-se da cama, eis que encontro a figura de Tom Zé, um artista sensacional e seminal da história da MPB. A minha reação foi espontânea em cumprimentá-lo com muita deferência e a sua resposta foi nobre, em fazer questão de não apenas responder verbalmente com gentileza, quanto sair ao corredor e abraçar-me como a um amigo.
Pois é,
em um meio onde a soberba grassa, os realmente grandes são humildes por
natureza. Cumprimentei alguns membros da sua banda que circulavam pelos
corredores, igualmente, todos muito simpáticos. Rodrigo teve a ideia
que eu não tive naquele instante, pois minutos depois, também
encontrou-se com o grande, Tom Zé, e tratou por registrar o encontro com
uma foto.
Bem,
saímos de São Bento do Sul-SC e por ser uma viagem com trajeto curto, por volta
de quatorze horas, já estávamos em Curitiba. Despedimo-nos do
casal simpatia, Cristiano e Lorena da Costa e tivemos que aguardar um
bom tempo para nos deslocarmos ao aeroporto Afonso Pena e uma vez ali,
mais tempo ainda para embarcarmos para São Paulo.
A comitiva de Pepeu Gomes passou por nós. O monstruoso baixista, Didi Gomes, cumprimentou-me, e duvido que ele saiba exatamente quem eu sou, mas eu gostei de sua atitude simpática em tom de coleguismo, muito provavelmente apenas por deduzir que éramos companheiros de profissão, ao ver-me a carregar um "bag" com um baixo nas costas e obviamente pela minha aparência "Freak", a moda antiga.
Mais alguns minutos, e o guitarrista superb, Pepeu Gomes, passou acompanhado de uma bela moça, que deduzi que fosse a sua namorada na ocasião, mas ele não fitou-me, pois eu já estava sentado, a aguardar a chamada para o embarque na aeronave e o Rodrigo Hid estava longe, pois fora comer alguma coisa em uma lanchonete do saguão onde estávamos.
Foi uma viagem um tanto quanto temerosa, pois assim que o voo começou, percebemos que estávamos sob a ação da chuva e houve alguns minutos com intensa turbulência, deveras incisiva, por sinal e assim que a cidade de São Paulo tornou-se visível pelas janelas da aeronave, os raios & trovões mostraram-se assustadores, mas aterrissamos em segurança, ainda bem.
No avião, muitas pessoas viajaram semi fantasiadas
a denotar que estavam prontas para ingressar nos blocos paulistanos e
assim que entramos no carro do Uber, o motorista contou-nos várias
histórias tristes que presenciara por conta dos tais blocos e então,
lembramo-nos que estávamos em pleno carnaval, pois nem pensáramos nisso
até então.
A
banda despede-se do público e da sua carreira. Da esquerda para a
direita: Rodrigo Hid, Rolando Castello Junior, Marta Benévolo e Luiz
Domingues. Patrulha
do Espaço no Festival Psicodália em Rio Negrinho-SC, no dia 1º de
março de 2019. Clicks, acervo e cortesia: Cristiano Rocha Affonso da
Costa
Bem,
missão cumprida, foi último show da Patrulha do Espaço em sua carreira vitoriosa, marcada pelo êxito e
a conter uma certeza: essa minha história com a banda teria
um prolongamento, visto que eu já sabia, através dos irmãos Schevano e do
próprio, Rolando Castello Junior, que muito material já havia sido
decupado, fruto das tantas gravações decorrentes dessa série de shows
que fizéramos desde 2018, e assim, no mínimo, um álbum ao vivo (mas muito provavelmente
mais que isso), seria lançado em um futuro próximo,
talvez em 2020, ainda.
Isso sem contar com a possibilidade de futuras
coletâneas e/ou antologias a serem lançadas. Dessa maneira, mais capítulos serão escritos,
certamente, para repercutir um momento póstumo, que promete boas
novidades.
Portanto, possivelmente continua...
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