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segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Boca do Céu - Capítulo 13 - Quarenta e sete anos depois: a imortalidade fonográfica alcançada! - Por Luiz Domingues

A banda reunida com o seu convidado especial, Carlinhos Machado, pronta para ensaiar. No sentido horário: Wilton Rentero, Osvaldo Vicino (encoberto), eu (Luiz Domingues), Carlinhos Machado e Laert Sarrumor. Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

Então chegou o grande dia, quando faríamos o derradeiro ensaio geral com vistas à preparação para entrarmos em estúdio para gravar a canção: "1969". Um dia antes, 6 de maio, eu havia tido uma experiência sem igual, quando realizei finalmente a noite de autógrafos dos meus livros e também havia realizado um show memorável com Os Kurandeiros, durante o mesmo evento.

Durante a minha noite de autógrafos e show d'Os Kurandeiros no Instituto Cultural Bolívia Rock, três quartos do Boca do Céu versão 2023, reunidos: Laert Sarrumor, eu (Luiz Domingues) e Osvaldo Vicino. 6 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Marcos Kishi

Como se não bastasse a noite plena de alegrias que eu tivera, tal acontecimento teve repercussão para o Boca do Céu, pois Laert Sarrumor e Osvaldo Vicino compareceram ao evento, se divertiram muito, se emocionaram e tiveram surpresas ali no ambiente do Instituto Cultural Bolívia Rock, o ICBR, aonde ocorreu o evento, pois algumas pessoas comentaram abertamente estarem a par do trabalho de resgate do Boca do Céu, no sentido de que eram leitoras dos meus blogs e a história desse resgate até esse ponto já estava disponibilizada para a leitura pública. 

E foi com esse aporte emocional que nos encontramos no dia 7 de maio, domingo, novamente nas dependências do estúdio Red Star de São Paulo para trabalharmos com o apronto que seria o final antes de entrarmos diretamente no trabalho de gravação.

A banda a se preparar para ensaiar. Abaixado, no canto esquerdo: o fotógrafo e cinegrafista, Moacir Barbosa de Lima (Moah). Em pé (de costas), Osvaldo Vicino, com Wilton Rentero à frente, além do rapaz, funcionário do estúdio, a atendê-los. No canto direito, só por detalhes, Laert Sarrumor. Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Wilton Rentero já havia proposto (e concretizou tal ação, com a nossa total aprovação), que nós pudéssemos contar com a presença de um amigo seu que era fotógrafo, cinegrafista e também grande apreciador de música vintage e colecionador de discos para registrar o ensaio, na presença de Moacir Barbosa de Lima, popular "Moah",  e daí saiu uma boa quantidade de fotos ótimas e dois clips com excelente fotografia, a denotar que esse rapaz era mesmo do ramo. Discreto, porém extremamente gentil e eficaz, Moah deu o seu ótimo recado da melhor forma possível, ou seja, a nos entregar um belo material para enriquecer a nossa história.

Flagrantes do ensaio do Boca do Céu no dia 7 de maio de 2023 no estúdio Red Star de São Paulo. Foto 1: Wilton Rentero em destaque, com Osvaldo Vicino (encoberto) e eu (Luiz Domingues), atrás. Foto 2: Osvaldo Vicino. Foto 3: O nosso convidado especial, Carlinhos Machado à bateria. Foto 4: Laert Sarrumor e Wilton Rentero. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

Com um objetivo único para esse apontamento, ficou perfeito para focarmos na preparação da canção, mas houve um senão para quebrar o protocolo, quando ainda na véspera, o Laert Sarrumor solicitou-nos a atenção para reivindicar uma modificação no mapa da música, exatamente para incluir um possível solo de piano, pois na sua avaliação, o solo de guitarra ficara curto. Bem, toda sugestão é bem-vinda na minha avaliação, e passível de ocorrer até no ambiente de um estúdio de gravação, em tese. No entanto, foi algo assustador no sentido de que a preparação estava frágil na minha avaliação, pois como é sabido dos leitores da minha autobiografia, eu sempre gravei discos com preparação férrea da parte da banda e neste caso, chegáramos a um único ensaio prévio com o baterista convidado, e neste momento, com um ensaio geral apenas com a banda completa em sua base primordial para chegarmos a uma situação de gravação.

Isso tudo além de acrescentar que lidávamos com um caso excepcional, no sentido de que Osvaldo e Wilton não detinham experiência de estúdio acumulada e assim, na contramão do que tivemos na prática, foi algo incomum ante a necessidade de ensaiarmos muito mais, como uma obrigação premente na minha ótica, a dar conta sobre como funciona um trabalho de pré-produção adequado para se gravar em estúdio.

Bem, tirante a situação limítrofe da produção em si, a ideia, sob o ponto de vista da criação artística, e sobretudo pela intenção da parte do Laert, foi válida e assim, antes de iniciarmos a tocar, perdemos cerca de quarenta minutos para ajeitar uma situação na qual esse espaço de solo fosse acrescentado e sobretudo, mediante uma variante na harmonia para que não se tornasse algo redundante no arranjo, ao simplesmente se reservar o espaço a se utilizar o surrado clichê do uso de um pedaço da harmonia das partes cantadas a mais, como repetição pura e simples.

Na sequência de fotos: Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues), Laert Sarrumor, o convidado especial, Carlinhos Machado e Wilton Rentero. Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

Acertada essa parte nova acrescentada no mapa da canção, passamos efetivamente ao ensaio de polimento da canção e a intenção da nossa parte foi mantermos o andamento em torno de "62 bpm" batidas por minuto a caracterizar um padrão de velocidade do metrônomo em torno da figura rítmica de uma nota com valor de "semínima"), algo resolvido de comum acordo, a seguirmos a ideia advinda do Laert, para que a canção fosse conduzida mais como um blues e não Soul Music, e ao ir além, a delinear que o crescimento previsto da intensidade no refrão duplo estipulado para a parte final, não significasse aceleração, e neste caso, é claro, isso já era ponto pacífico.

Bem, tocar ao vivo, mesmo a tomar cuidado para não acelerar o andamento é uma missão inglória e assim, nos vídeos que temos de ensaio ficou claro que se a intenção foi tocar nesse patamar mais lento, na prática, ficamos entre 66 e 68 bpm, no mínimo e de fato, era muito difícil controlar o andamento, principalmente na parte final, e com o Laert a cantar e interpretar, ao impor o elemento da emoção na sua performance, ou seja, realmente a tendência foi essa.

Na ordem das fotos: Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues), Osvaldo Vicino e Laert Sarrumor (com o convidado especial, Carlinhos Machado, ao fundo, na bateria). Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo, 7 de maio de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

Fora dessa questão e a se levar em conta a parte nova acrescentada de última hora, fechamos ensaio com a música enfim estruturada e mediante a voz do Laert para não apenas cantar a melodia de forma correta, quanto interpretar com desenvoltura, finalmente tivemos uma versão de ensaio, elétrica e mediante bateria, com a música completa e só a deixar em branco o novo espaço para solo de piano em aberto, porém, se visto pela praticidade, a se revelar como uma guia segura para que o nosso convidado, Rodrigo Hid, pudesse gravar o solo imaginado pelo Laert, quando fosse registrar a sua participação na gravação.

A se levar a ferro e fogo a maneira pela qual eu estava acostumado a gravar discos, um único ensaio geral preparatório se mostrara absolutamente insuficiente, entretanto, diante das circunstâncias, foi a melhor maneira que encontramos, dada a dificuldade de agenda para reunir todos os envolvidos para fazer parte do núcleo duro a prover a base da gravação. Portanto, cônscio dessa dificuldade estrutural, aceitei com resiliência a situação adversa.

Na ordem das fotos acima: Laert Sarrumor a se pronunciar, com a minha presença (Luiz Domingues) a prestar atenção na sua explanação e Wilton Rentero também a interagir. Na foto 2, O nosso convidado, Carlinhos Machado. Foto 3: Laert Sarrumor. Foto 4: Osvaldo Vicino. Foto 5: Eu (Luiz Domingues) e na foto 6: Wilton Rentero. Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah) 

Pelo lado mais emocional, nem essa preocupante falta de um melhor apuro mais adequado tirou a minha felicidade por ver a banda chegar nesse ponto tão perto da realização de algo que se tornara impossível nos anos setenta, portanto, que momento incrível para aproveitar ao máximo, assim eu regozijei e repercuti com os meus colegas!

Inacreditável pelo fato em si de algo que agora se mostrara palpável, mas sobretudo pela realização do que foi sonhado nos idos dos anos setenta mas que era impossível na época, eis que ao término do ensaio do dia 7 de maio, tivemos a perspectiva concreta de entrarmos no estúdio Prismathias do ótimo, Danilo Gomes Santos, em quinze dias para dar início a essa grande realização para a nossa banda e história.

Eis uma versão de "1969" obtida nesse ensaio citado do estúdio Red Star de São Paulo em 7 de maio de 2023.

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=FZpYJxtJZh0

Uma outra versão da canção "1969". Estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023. 

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=_arGK0YJOIU

Eis mais uma versão de "1969" extraída do ensaio realizado no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023. 

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/ZFGi1btHxyQ

A primeira versão filmada e editada por Moacir Barbosa de Lima (Moah) para o ensaio da música "1969". Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023.

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=vVGnpinv-dk&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=86

A segunda versão filmada e editada por Moacir Barbosa de Lima (Moah) a conter a concepção do uso da lente "olho-de-peixe", ou seja, algo bem no espírito sessentista que buscávamos evocar.  Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 7 de maio de 2023. 

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=QOao4767kYs&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=86

No saguão de convivência do estúdio Red Star de São Paulo, após o ensaio realizado em 7 de maio de 2023. Da esquerda para a direita: O nosso convidado especial, Carlinhos Machado, Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e eu, Luiz Domingues. Boca do Céu no ensaio preparatório para a gravação da música "1969". Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah) 

Enfim chegamos nesse ponto crucial da concretização do projeto do resgate e felizes, apenas nos concentramos para o início do processo de gravação oficial da música: "1969". 

Wilton Rentero e Osvaldo Vicino na sala técnica do estúdio Prismathias, de São Paulo. Primeiro dia da gravação do single: "1969". 15 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues. 

No dia 15 de maio de 2023, eu tive uma reflexão, logo que acordei. Pensei detidamente que aquele dia estava fadado a entrar para a história do Boca do Céu, e também para cada um dos componentes, individualmente, com toda a certeza. Até essa conclusão, não houve nenhuma grande novidade, pois ficara claro que se tratou de um marco importante dentro do projeto do resgate que nos propusemos a realizar em 2020. 

No entanto, a minha análise levou a uma comparação, no sentido de que tal importância teve na sua devida proporcionalidade, a mesma sensação, e falo isso sob a minha ótica muito particular, do dia 12 de fevereiro de 1977, assim que despertei naquela manhã e tive uma sensação abdominal muito intensa, ou a trocar em miúdos, a sentir aquela típica sensação de "frio na barriga", a caracterizar uma descarga de enzimas no estômago, reação típica de quem tem um abalo nervoso por ansiedade. 

Nesse "still" extraído do famoso filme Super-8 do qual participamos em junho de 1977, eis a minha presença (Luiz Domingues), com um alto grau de timidez bem perceptível pela postura capturada nessa filmagem, com certeza intimidado pela presença do cinegrafista e a denotar que eu estava distante anos-luz de uma situação de preparo mínimo para aspirar uma carreira artística, também pelo descontrole emocional latente, entretanto, eu compensava a minha falta de recursos musicais, falta de experiência e traquejo para sequer entender o que era realmente o meio artístico, com uma vontade descomunal de fazer parte desse universo, baseado em sonhos contraculturais intensos que revertiam em puro ímpeto de minha parte nessa fase da minha vida. Filmagem em 1977: Nelson Gravalos. Still em 2023: Osvaldo Vicino.  

Naquele despertar que eu tive em 1977, acordei com tal sensação   exatamente por pensar que naquela noite, eu participaria da primeira apresentação ao vivo do Boca do Céu e por consequência, da minha vida musical (nesse último aspecto, sem a devida percepção mais apurada dessa dimensão naquele instante, é óbvio).

Tive a mesma sensação nas quatro ou cinco apresentações posteriores que a nossa banda teve entre 1977 e 1978, principalmente com aparições mediante a presença de um maior público, também pelo uso de palcos de dimensão profissional, equipamento de melhor qualidade, e sobretudo sob a responsabilidade de concorrer no festival estudantil de música da minha própria escola e poucos meses depois, em um festival sob um âmbito gigantesco para o nosso tamanho na época, a se tratar do festival "Fico" do Colégio Objetivo, através de duas eliminatórias ocorridas no salão de festas do Palmeiras, perante cinco mil estudantes ensandecidos em provocar escárnio generalizado para todos que subiram ao palco (portanto, um obstáculo a mais para uma banda formada por adolescentes inexperientes como éramos), mediante a transmissão filmada pela TV Bandeirantes e shows com artistas consagrados do mainstream, como atração máxima. Em suma, foi muita coisa para uma banda totalmente iniciante e no meu caso, a me revelar como um reles  aprendiz musical, no estágio mais básico da iniciação ao instrumento e também no campo teórico.

Bem, falo sobre tempos heroicos pela enorme determinação que eu tinha e o "frio na barriga", foi mais do que justificável em 1977.

Osvaldo Vicino, o aglutinador que deu o movimento inicial para o Boca do Céu ser criado em algum momento de abril de 1976, observa o trabalho do técnico, Danilo Gomes Santos, sentado ao seu lado na mesa de gravação. Primeiro dia da gravação do single "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 15 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Não tive exatamente a mesma sensação em 15 de maio de 2023, mas sim, mentalizei essa reflexão que foi rica pela reminiscência emocionante e obtive uma enorme satisfação interior ao pensar que a partir das 15 horas daquele dia, estaríamos a dar o primeiro passo por algo que sonháramos concretizar entre 1976 e 1979, mas que dadas as nossas parcas condições naquele instante remoto dos anos setenta, não chegáramos nem perto de gravar uma simples demo-tape de ensaio, minimamente audível. 

Portanto, que dia incrível foi esse e logo que eu entrei no carro do Osvaldo Vicino, emiti a saudação de boa tarde e apertarmos as nossas mãos a seguirmos o protocolo da boa educação, mas eu logo disse: "estamos indo gravar para valer, Osvaldo!". Foi a deixa para a conversa ser animada da porta da minha residência até a entrada do estúdio Prismathias.

Sim, o Boca do Céu entrou em estúdio, finalmente após um hiato de quatro décadas, para gravar a sua primeira música de forma oficial e enfim demarcar a sua presença na história da música e do Rock brasileiro e isso por si só, já se mostrara como algo grandioso para nós, os velhos componentes da banda.

Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero na sala de gravação, prontos para gravarmos a guia da música "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Primeira sessão em 15 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado

Assim que eu e Osvaldo chegamos ao estúdio Prismathias, o nosso colega, Wilton Rentero, já estava ali presente, além do nosso convidado especial, Carlinhos Machado. Assim como eu previra sem medo de errar, o clima instaurado no ambiente do estúdio foi de plena camaradagem da parte do técnico e proprietário do estúdio, Danilo Gomes Santos. 

Eu já antevira isso, e havia insistido nessa premissa nos meses anteriores ao passar tal informação aos colegas, pois precisava lhes tirar toda a carga emocional prévia em termos de ansiedade, a pensar que eles não tinham a mesma experiência de estúdio que eu havia acumulado ao longo dos anos e aos lhes passar a perspectiva certeira que o Danilo, além de ser muito competente  sob o ponto de vista técnico, seria também extremamente gentil na condução do trabalho, eu os tranquilizei ao máximo para coibir a ansiedade. Ou seja, ao prever o que tinha certeza em relação ao Danilo, alertei os companheiros de que ele abraçaria a banda, a agir praticamente como um coprodutor e nesse sentido a apoiar, incentivar, ajudar, sanar dúvidas e a ter muita paciência com todos.

Três fotos a demonstrar a concepção que se mostrou certeira desde a primeira sessão, ou seja, ao solicitar ao Danilo que extraíssemos um som genuinamente sessentista da bateria, ele usou vários microfones "overall" espalhados para capturar o máximo da reverberação natural da sala. Nas fotos 2 e 3, vê-se as personas de Danilo Gomes Santos e Osvaldo Vicino a conversar na sala de gravação de instrumentos de cordas e vozes, ao lado. Boca do Céu na primeira sessão de gravação do single "1969. Estúdio Prismathias de São Paulo. 15 de maio de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues  

O Laert havia sugerido convidarmos alguém para ser um produtor formal, mas eu o persuadi a abrir mão dessa prerrogativa, pois tinha a certeza que não haveria nenhum grande conflito a ser mediado na tomada de decisões e sobretudo, pelo ponto de vista técnico, o Danilo haveria de suprir com folga essa função, mesmo que de forma velada e eu mesmo, Luiz, seria um coprodutor e de fato, mergulhei na tarefa ao conduzir toda a orientação aos companheiros e dirigir a gravação, além de ter cuidado da logística da operação (que aliás, foi difícil a seguir, quando chegou o momento de agendar os demais convidados).

Carlinhos Machado em três fotos durante a sua preparação para gravar a bateria da música: "1969" do Boca do Céu, como nosso convidado muito especial. Na segunda foto, eu (Luiz), apareço a comandar a "selfie". Estúdio Prismathias de São Paulo. Primeira sessão, no dia 15 de maio de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues 

Bem, sobre o Carlinhos Machado, a confiança nele como músico e a certeza da sua extrema gentileza para contribuir com o ambiente para torná-lo agradabilíssimo, era total. De fato, já ambientado com os companheiros desde os ensaios, ele se enturmou de uma forma tão magnífica e ao mesmo tempo sem nenhuma surpresa para o meu entendimento que o conhecia há tantos anos e tocava com ele desde 2011 com Os Kurandeiros, além do mais, ele estava absolutamente enturmado com o Danilo, dada a constatação que ali gravara com Os Kurandeiros em duas produções anteriores. Portanto, o clima se mostrou maravilhoso para exercermos a gravação com muita amizade e entusiasmo.

Feitos os ajustes iniciais para equalizarmos o som da bateria, nas primeiras provas que ouvimos o som ali levantado, já nos impressionamos positivamente. De fato, até o Danilo se mostrou surpreso com essa dinâmica da qual ele jamais houvera usado, no sentido de buscar com cinco microfones espalhados pela sala, o máximo da reverberação do ambiente e dessa forma, atingimos um patamar inicial a dar conta que a bateria soaria ao máximo com o timbre natural do instrumento e encorpada, não apenas pela equalização posterior, mas sobretudo a ter consigo o peso extra garantido pela captura da sala. E claro, a garantir a sonoridade ao sabor sessentista que almejávamos.

Do ponto de vista da sala de gravação de instrumentos de cordas e vozes, vemos na sala técnica da bateria, as presenças de Carlinhos Machado, a preparar o instrumento, com a minha presença, Luiz Domingues e Danilo Gomes Santos a observá-lo. Boca do Céu na gravação do single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. Primeira sessão, em 15 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero

Felizes com esse resultado inicial e claro, com total aprovação do próprio, Carlinhos Machado, que gostou demais do som da bateria, nos colocamos prontos para iniciar o processo de captura da guia.

Danilo Gomes Santos e Osvaldo Vicino a conversar na sala da técnica. Boca do Céu a gravar o single, "1969", no estúdio Prismathias de São Paulo. 15 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Animados com a captura inicial do som de bateria, nos preparamos para montar o melhor cenário para que a guia pudesse ser a melhor possível e assim, tornar a tarefa de Carlinhos Machado, o mais confortável e agradável para ele contribuir conosco. O desafio maior seria tocar sob um andamento tão lento e, sim, quanto mais lento, mais difícil para manter a pulsação, é uma constatação que todo músico conhece bem na hora de gravar.

Portanto, sob o padrão de 62 bpm, tivemos essa missão difícil, mas claro, com toda a paciência nos debruçamos sobre a tarefa. De minha parte, ao assumir também a função de entoar a melodia, além de passar as dicas faladas sobre mudanças no mapa, entrada e saída de solos & convenções, tocar o baixo e sinalizar de forma gestual aos companheiros, realmente ficou pesado cumprir tantas tarefas e para agravar, ainda a fazer a interlocução com o Carlinhos e com o Danilo na técnica, como um produtor, em tese.

Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero, na preparação da guia para a gravação da bateria. Boca do Céu a gravar a música "1969" no estúdio Prismathias de São Paulo. Primeira sessão em 15 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado

Tentamos trabalhar dessa forma, mas estava realmente difícil estabelecer tanto malabarismo da minha parte, e com a dificuldade para gravar nesse andamento, foi nessa altura que eu sugeri ao Danilo e aos companheiros, uma mudança brusca na linha de atuação da guia, e ao ponderar sobre tal questão, todos concordaram sobre mudar a metodologia radicalmente, como uma experiência válida.

Nesses termos, resolvemos deixar apenas o Wilton a tocar uma base de guitarra arpejada, que estava bem mais fácil para seguir o "click" do metrônomo e eu livre de outras funções, pude me concentrar em apenas cantarolar a melodia principal e dar todas as dicas possíveis, como uma autêntica "claque humana", inclusive a avisar sobre a entrada e saída de convenções, ou seja, com isso eu facilitei ao máximo o trabalho do Carlinhos.

O nosso convidado especial, Carlinhos Machado a se preparar para gravar. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 15 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Bem mais didática se tornou a metodologia da guia, no sentido das dicas que emiti mediante um instrumento apenas a tocar e bem junto do "'click", o Carlinhos gravou uma tomada apenas, com bastante tranquilidade, mesmo sob esse andamento tão lento, quase a caracterizar um "slow" blues.

Ao ouvirmos o resultado final, gostamos muito da performance e da sonoridade do instrumento, opinião convergente com a do nosso convidado especial, o gentleman, Carlinhos Machado, que também gostou muito do timbre obtido, além de se mostrar gratificado por nos auxiliar nesse plano de resgate. 

Na primeira foto, o técnico de áudio e proprietário do estúdio Prismathias de São Paulo: Danilo Gomes Santos. Na foto 2, Osvaldo Vicino e Wilton Rentero a conversar na sala técnica. Na foto 3, Wilton Rentero, Osvaldo Vicino e o nosso convidado especial, Carlinhos Machado. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Primeiro dia de gravação do single "1969". 15 de maio de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Empolgados com essa primeira etapa cumprida, tínhamos enfim a bateria gravada no click certo, e o projeto estava pronto para avançar para a sua segunda etapa: gravar o baixo e as duas guitarras base, a seguir.

Foi um primeiro dia de trabalho super promissor pelo grande feito que essa banda conseguiu resgatar, com muita alegria, quarenta e seis anos depois dessa canção ter sido composta pelo companheiro, Laert Sarrumor. Portanto, essa pedra fundamental colocada nesse dia 15 de maio, se tornou histórica para a nossa banda. E com o devido apoio do Danilo Gomes Santos, pois exatamente como eu previra, este profissional se mostrou mais que um técnico muito bem preparado, mas a atuar com extrema simpatia e amparo em relação à produção como um todo, ou seja, a se colocar com um amigo do qual eu já havia me afeiçoado desde as gravações que fizemos com Os Kurandeiros, sob a sua batuta na engenharia de áudio.

E claro, a citar o apoio do meu amigo e companheiro de três bandas, Carlinhos Machado, que também era amigo de longa data do Laert Sarrumor e se tornou amigo instantâneo de Osvaldo Vicino e Wilton Rentero, doravante, portanto, foi o cenário perfeito para que pudéssemos ter concretizado esse primeiro passo com tanto empenho e bom resultado obtido.

Audição inicial com a bateria a valer e guia. Boca do Céu na gravação do single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 15 de maio de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/IDZfJSjfYTo

Mais um vídeo a demonstrar o momento de audição na sala da técnica. Boca do Céu na gravação do single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 15 de maio de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=_nx42J1HN70&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=88 

A próxima etapa já estava agendada para dois dias adiante, quando a construção da canção começaria a encorpar, mediante a gravação do baixo e das duas guitarras base.

Wilton Rentero e Osvaldo Vicino na sala técnica do estúdio Prismathias de São Paulo. Gravação do single: "1969". Segunda sessão, ocorrida no dia 17 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Com a mesma empolgação com a qual nos reunimos na segunda-feira, dia 15, chegamos às dependências do estúdio Prismathias de São Paulo, na quarta-feira, dia 17 de maio de 2023, para trabalharmos com o avanço da construção da canção, "1969". Foi, portanto, a nossa segunda sessão de trabalho.

Eu, Luiz Domingues, a me posicionar na sala de gravação, pronto para contribuir com o baixo, para construir a canção, "1969". Dia feliz esse 17 de maio de 2023, pois representou tudo o que eu quis fazer em 1976, mas só consegui concluir nesse distante ponto, quarenta e sete anos depois. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado

E conforme o planejado, e a seguir o protocolo corriqueiro de uma gravação de estúdio, eu me prepararei para gravar o baixo logo no começo da sessão. Sobre o instrumento usado, foi uma escolha natural, na medida em que a sonoridade da canção se revelara como um híbrido entre um slow blues e uma canção com teor Soul Music bem ao sabor dos anos sessenta, ou seja, eu nunca tive dúvida e bem antes de sequer cogitarmos gravá-la de forma oficial, que o Fender Jazz Bass seria a opção certeira em termos de timbre de baixo, a se buscar o grave encorpado e aveludado, típico desse instrumento.

Sob a perspectiva da sala da técnica, enquanto o técnico de áudio, Danilo Gomes Santos opera a mesa de gravação, eu, Luiz Domingues estava a gravar o baixo da canção: "1969", na sala de gravação. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão de gravação em 17 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado

Em termos de performance da minha linha, optei pela simplicidade, com uma conduta mais a pender para a sustentação rítmica bem básica, a exercer algumas frases absolutamente pontuais, por conta de uma determinação que eu concebi no sentido de que sabedor que a música teria duas bases de guitarra, dois teclados previstos só para reforçar a harmonia (órgão Hammond e piano elétrico), com a voz solo super desenhada, acrescida por dois cantores convidados para o backing vocals e possivelmente um naipe de sopros na somatória final, enfim, o baixo não poderia frasear em demasia, sob a precaução de não embolar com os demais instrumentos.

Na primeira foto, o nosso querido amigo e convidado, Carlinhos Machado, que fora prestigiar a segunda sessão de gravação e aproveitou para me fotografar na sala de gravação, e ele sob a perspectiva da sala da bateria. Na segunda foto, eu a me preparar e Danilo Gomes Santos presente na sala, para prover os últimos preparativos. Na terceira foto, também pela perspectiva da sala da bateria, eis as presenças de Danilo Gomes Santos na mesa a trabalhar, com Osvaldo Vicino e Wilton Rentero a observá-lo. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 17 de maio de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Carlinhos Machado

Além do mais, por conta do andamento bem lento, não seria conveniente aplicar nenhuma frase mais balançada, portanto, eu usei apenas algumas pontuais intervenções e nesse caso, a buscar a linha melódica para somar e sobretudo, não obscurecer a atuação dos demais instrumentos no arranjo coletivo.

Mais flagrantes da minha (Luiz Domingues) participação a gravar o baixo da canção "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão de gravação em 17 de maio de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Carlinhos Machado

Não tive problema para gravar, pois a mediante o parâmetro da bateria oficial estar inteiramente no "click" do metrônomo, não houve margem para nenhuma dúvida sobre a pulsação e com a base arpejada da guitarra guia, esta me deu a segurança harmônica. E finalmente, o fato de eu mesmo ter feito a guia vocal e sobretudo por haver emitido sinalização estratégica ao longo da canção para anunciar todas as mudanças necessárias, com isso me deu o respaldo a mais para gravar com muita tranquilidade.

Na audição e discussão sobre o trabalho até esse instante concluído, eis as presenças de Carlinhos Machado (nosso convidado especial), Danilo Gomes Santos, Wilton Rentero e Osvaldo Vicino. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão de gravação em 17 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Satisfeito com o timbre e a performance, tive o veredicto dos colegas e do Danilo Gomes Santos sobre a aprovação da gravação do baixo e assim, imediatamente começamos os preparativos para a gravação da primeira base de guitarra, esta feita pelo Wilton.

Audição da gravação do baixo. Boca do Céu a gravar a canção "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão de 17 de maio de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=Hz2UPeihGpU&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=89

Eu, Luiz Domingues, Wilton Rentero e Danilo Gomes Santos na sala técnica, fotografados pela perspectiva da sala de gravação da bateria. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão de gravação da música "1969", 17 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado

Encerrada a gravação do baixo, rapidamente eu me coloquei à disposição para auxiliar os companheiros e assim, partimos para a próxima tarefa, sem pausa. As duas guitarras base seriam gravadas a seguir e eu e Danilo tivemos a cautela de não pressionar os meus companheiros para que eles tivessem o máximo de tranquilidade no sentido de não se sentirem ansiosos para gravar com celeridade. Tínhamos um bom tempo disponível, haja vista que a gravação do baixo fora feita com bastante parcimônia de tempo, mas isso não foi motivo para criar pressão sobre os companheiros, pois se conseguíssemos gravar apenas uma base, estaria dentro do planejado e não havia motivo para nenhuma precipitação por conseguinte.

Wilton Rentero a gravar a base de guitarra da canção "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão, de 17 de maio de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Na prática, Wilton iria reproduzir a mesma linha de base harmônica arpejada que houvera gravado na sessão guia, porém, a acrescentar sutis diferenciações em momentos pontuais, quando ele planejara incluir alguns desenhos dentro do próprio arpejo, algo que saudamos como um acréscimo de bom gosto para enriquecer a canção. 

Ele usou uma bela guitarra Epiphone modelo SG, que havia recém adquirido e o som flat que extraiu do amplificador, já ficou bem encorpado, muito interessante para o propósito da canção, com aquela intenção de soar como o som da "Full Tilt Band", a terceira e provavelmente melhor banda que a Janis Joplin teve para acompanhá-la na sua curta carreira e no caso, uma das nossas inspirações para essa canção. 

Osvaldo Vicino a acompanhar a gravação da primeira guitarra base feita pelo Wilton, ao lado do técnico de áudio, Danilo Gomes Santos. Boca do Céu a gravar o single "1969" no estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão em 17 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Eis que o Wilton também foi bastante rápido na sua gravação e com tempo hábil, nos colocamos a preparar o set de Osvaldo Vicino para que ele rapidamente se colocasse a gravar a sua guitarra base.

Osvaldo Vicino a gravar a sua guitarra base na canção: "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão de gravação. 17 de maio de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues  

Como concepção de arranjo, se a base do Wilton foi gravada com arpejos, a proposta do Osvaldo foi complementar com acordes abertos e condução batida. Nesse aspecto, o fato dele ter usado uma guitarra Fender Stratocaster veio muito a calhar. Pois não apenas pelo contraste dos timbres dispares entre si, mas pela diferenciação na condução, essa escolha da parte dele se mostrou perfeita para alcançarmos um padrão pela excelência na confecção dessa base.

Osvaldo Vicino a gravar a sua guitarra base na canção "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão de gravação. 17 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

E assim, mediante aquele timbre médio-agudo bem típico da Fender Stratocaster, Osvaldo gravou igualmente com eficiência e quando demos por encerrada a gravação das duas bases, tínhamos ainda um bom tempo disponível para usar dentro dessa segunda sessão e assim, decidimos sem hesitar, iniciarmos a gravação do primeiro solo da parte do Wilton, que na verdade não era exatamente um solo, mas uma intervenção melódica com ares de um ornamento e a usar a harmonia da parte "B" da canção para acontecer esse colóquio musical.

Audição da guitarra base feita pelo Wilton Rentero. Boca do Céu a gravar o single "1969" no estúdio Prismasthias de São Paulo. Segunda sessão de gravação em 17 de maio de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=shsx1IGAHXs&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=90 

Audição da guitarra base feita pelo Osvaldo Vicino. Boca do Céu a gravar o single "1969" no estúdio Prismathias de São Paulo. Segunda sessão de gravação em 17 de maio de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=1m7drwpUfb4&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=91

Uma tomada do solo número 1 do Wilton Rentero.

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=4E53GrMWFaA&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=92

Uma tomada do solo número 2 do Wilton Rentero. 

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=YGVFkI-mAA8&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=93

Na sala técnica do estúdio Prismathias a ouvirmos o áudio da gravação até esse ponto, com bateria, baixo e duas bases de guitarra fechadas. No sentido horário: o nosso convidado especial, Carlinhos Machado, Wilton Rentero, Osvaldo Vicino e Danilo Gomes Santos. Gravação da canção "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo em 17 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues), na sala da técnica do estúdio Prismathias de São Paulo. Gravação do single: "1969". 3ª sessão de gravação. 23 de maio de 2023. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues. 

Gravada a base e já a contar com dois solos e alguns contrasolos também gravados na sessão anterior, chegara a vez de colocarmos os teclados. Ainda faltava fazer dois pequenos contrasolos e o terceiro solo de guitarra, este da parte do Osvaldo Vicino, mas para efeito de aproveitamento máximo da logística, visto que não foi fácil conciliar a agenda do estúdio com a do Rodrigo Hid, nosso convidado especial para gravar os teclados, nós estabelecemos que essa terceira sessão fosse exclusivamente focada nessa missão, e assim a deixarmos a meta para cumprir o que faltara das guitarras para ser gravado em uma quarta sessão, exclusiva com tal finalidade, talvez até mais curta em termos de duração.

O nosso convidado especial, Rodrigo Hid, a tocar na gravação da música "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3ª sessão de gravação. 23 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Por ter muita convivência com o Rodrigo Hid, meu querido amigo e companheiro de três bandas, é claro que me prontifiquei a lhe dar todo o conforto possível em termos de lhe prestar carona, no sentido de valorizar a sua boa vontade para contribuir conosco. E assim, nos encontramos em um horário nada bom para se enfrentar o trânsito de São Paulo, mas por uma estranha sorte, ou por influência direta dos "Deuses do Rock", eis que chegamos na porta do estúdio Prismathias, com pouco menos de dez minutos de antecedência ao horário marcado, ou seja, que ótimo.

Assim que adentramos o ambiente do estúdio, e eu ainda fazia a devida apresentação do Rodrigo e do Danilo, um ao outro, foi quando o Rodrigo colocou a mão na cabeça e suspirou ao se lembrar que esquecera de trazer a fonte que alimentava o teclado "Oberheim", ou seja, o instrumento que ele trouxera especificamente para gravar a melhor simulação de órgão Hammond possível naquele instante. Na mesma hora eu tive o impulso de propor voltarmos imediatamente ao bairro da Aclimação, na zona sul e voltarmos com a fonte em mãos ao Parque São Lucas, na zona leste, ou seja, mesmo com o trânsito a se apresentar surpreendentemente bom nesse dia, essa seria uma operação que nos extrairia pelo menos uma hora entre ida e volta, fora o cansaço que acarretaria.

Eu, Luiz Domingues, a observar e Rodrigo Hid a tocar. Gravação da canção "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3ª sessão de gravação em 23 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero 

Na mesmo hora, o Rodrigo amenizou a adversidade ao apontar que o outro teclado que trouxera, um teclado da marca "Korg", com o intuito de gravar uma simulação de piano elétrico e o solo de piano acústico, oferecia também uma convincente imitação de órgão Hammond. Sim, eu sabia disso, sobre esse teclado em especial, o Rodrigo o havia comprado no tempo em que tocamos juntos no "Pedra", portanto, eu sabia dessa possibilidade, muito embora fosse algo incontestável que o Oberheim se colocava como um simulador específico, de melhor nível e que igualmente ele sempre o usou nos tempos da carreira construída com o Pedra e também durante o período final em que estivemos juntos na formação da Patrulha do Espaço.

Rodrigo Hid e Wilton Rentero em um momento de confraternização no estúdio durante a gravação dos teclados para a canção: "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo em 23 de maio de 2023. 3ª sessão de gravação. Click e acervo: Luiz Domingues

Mesmo assim, ante a dificuldade gerada, e com o horário do estúdio a correr, a decisão do Rodrigo foi de gravar a parte do órgão Hammond mediante a ação do simulador Korg, para otimizarmos o tempo. De fato, o Oberheim chega normalmente muito mais perto do som de um verdadeiro órgão Hammond, mas o Korg não desapontou, mesmo que sabidamente mais falho nesse aspecto, e assim que o Rodrigo acertou o timbre e o Danilo também o reforçou com algum apoio discreto em termos de "plug-ins" da sua mesa de operações, nós partimos para a gravação propriamente dita. 

Com pouco desenho empreendido pelo Rodrigo de uma forma comedida propositalmente e dessa forma mais centrado na tarefa de prover o chão harmônico da canção, mesmo assim de forma mais econômica, o órgão ficou magnífico. Não me surpreendi nem um pouco com a performance segura e tranquila da parte do Rodrigo, muito experiente para trabalhar em estúdio. 

O nosso convidado especial, Rodrigo Hid, a gravar teclados para a canção: "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3ª sessão de gravação. 23 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

A seguir, eis que a missão foi gravar o piano elétrico. Sabedor que a canção já tinha duas guitarras base e o baixo como suporte, além da inclusão do órgão na mesma função harmônica, eu pedi ao Rodrigo que colocasse uma linha de piano elétrico bem pontual, apenas em alguns trechos e mais para que sobrasse nos espaços de respiro dos tempos fracos dos compassos, a ressonância típica do instrumento, apenas para ornar sutilmente o arranjo.

Ele acertou um timbre mais agudo, mais próximo do piano Würlitzer do que o Fender Rhodes e realmente seguiu essa linha de observar a parcimônia no arranjo. E claro, mesmo assim, ele foi tão criativo a  improvisar que mesmo a introduzir poucas intervenções, a sua contribuição ficou muito marcante ao ponto do Danilo se empolgar ao ouvir e imediatamente declarar que certos trechos não poderiam ficar obscurecidos na hora de mixar definitivamente a canção, de tão bonitos que ficaram, a acrescentar muito para o tema. Concordei com ele, Danilo, pois realmente foi um acréscimo e tanto para o enriquecimento da música e embora ainda fosse uma época muito prematura da gravação para se falar em termos de mixagem, de fato, criou-se ali um "bom problema" a ser resolvido mais à frente.

O nosso convidado especial, Rodrigo Hid, a se preparar para gravar teclados para a canção: "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3ª sessão de gravação. 23 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Tudo fora cumprido com bastante eficiência em termos de tempo, portanto, havia uma boa margem para que a terceira tarefa do dia, fosse cumprida logo a seguir. Tratou-se do solo de piano acústico solicitado pelo próprio Laert, e que aliás, conforme eu já descrevi em capítulo anterior, fora objeto de sua solicitação em cima da hora da produção, para justamente propor a mudança no mapa da canção, para introduzi-lo.

O nosso convidado especial, Rodrigo Hid, a gravar teclados para a canção: "1969" e eu, Luiz Domingues a observá-lo a trabalhar. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3ª sessão de gravação. 23 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero

Bem em cima disso, a questão foi que no ensaio que realizamos em 7 de maio e com a participação dele, Laert, justamente nessa nova parte por ele sugerida, durante a sua ocorrência nas filmagens que fizemos do ensaio, ele havia cantarolado uma melodia de puro improviso e com a específica intenção de demarcar o espaço, para que quando este nosso convidado visse e ouvisse (sobretudo), a filmagem, soubesse exatamente onde ficara inserido o espaço do solo.

No entanto, o improvável ocorreu quando ao escutar, o Rodrigo gostou da melodia e influenciado por essa impressão, ao montar a sua concepção no estúdio ele quis seguir esse padrão melódico. Até aí, tudo bem, a melodia era interessante, mas do jeito que o Rodrigo a interpretou ao piano, a intervenção ficou nitidamente fora do espírito de uma canção Blues-Soul a la Janis Joplin, conforme esteve estabelecido de comum acordo entre nós como padrão a ser seguido,  e contrariamente, veio a ganhar uma forma de expressão mais a se parecer com uma formulação do "Krautrock" pela natureza mais "dura" dos ataques "martelados" às teclas e pela insinuação melódica a resvalar em alguma influência caribenha bastante improvável. Para o leitor mais conhecedor da história do Rock, seria algo como se o Keith Emerson estivesse a tocar em um disco do "Guru-Guru", mediante uma melodia que ouvira durante as suas férias no Caribe. Piada a parte, foi exatamente como soou esse piano.

Wilton Rentero no comando da "selfie", eu (Luiz Domingues) e Rodrigo Hid, nosso convidado especial. Boca do Céu a gravar a canção "1969". 3ª sessão de gravação no estúdio Prismathias de São Paulo em 23 de maio de 2023. Click (selfie), acervo e cortesia: Wilton Rentero

E eu tive uma boa dose de culpa nessa formulação mais áspera, digamos, quando sugeri ao Rodrigo que gravasse a mesma frase com duas oitavas de diferença de uma mão para a outra. Dessa forma, o contraste brusco de uma oitava bem grave com o agudo da outra bem mais alta, só reforçou a estranheza quase experimental que me remeteu ao conceito de lembrar ser uma peça típica da escola germânica do Krautrock, ou a trocar em miúdos, não ficou feio, mas destoara em demasia da proposta inicial.

No dia seguinte, o Laert se pronunciou, ao se penitenciar por haver induzido o Rodrigo a essa formulação e o Rodrigo por sua vez me disse que teve receio de desagradar o Laert, se fugisse completamente da ideia por ele cantarolada durante os vídeos de ensaio que ele assistira. Em suma, faltou uma melhor comunicação entre nós, entretanto, e para amenizar, o Rodrigo me disse que a despeito desse desencontro, de fato havia mesmo gostado da melodia improvisada pelo Laert.

Eu (Luiz Domingues), Rodrigo Hid, Wilton Rentero e Danilo Gomes Santos na confraternização após o encerramento da 3ª sessão de gravação da canção "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 23 de maio de 2023. Acervo: Luiz Domingues. Click (selfie): Danilo Gomes Santos

Bem, ficou acertado então que esse solo de piano seria regravado em uma sessão posterior, bem rapidamente, e o Rodrigo lançou a seguinte ideia, assim que isso ficara resolvido: já que abriríamos uma nova sessão para gravar esse solo novamente, será que nós aceitaríamos regravar o órgão, mediante o uso do Oberheim, que não fora usado por um detalhe tolo do esquecimento de uma fonte para ligá-lo? Bem, a se considerar que ele não gastaria mais de uma hora para cumprir tal função, é claro que valeria a pena regravar o órgão, a despeito da versão anteriormente gravada estar ótima sob o ponto de vista da execução da parte dele.

Gravação do órgão na 3ª sessão. Convidado especial: Rodrigo Hid. Boca do Céu a gravar a música "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 23 de maio de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=M3x0qczgO38&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=102

Outra versão do Rodrigo a gravar o órgão da canção "1969".

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=1AXYaCdRLHg&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=104

Mais um vídeo a mostrar o Rodrigo a gravar o órgão da música "1969".

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=ZtMzEt3weWM&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=106

Então foi assim que decorreu essa primeira sessão de teclados: o piano elétrico ficara maravilhoso e o órgão igualmente, mas este segundo seria substituído mediante uma nova sessão a ser marcada, por uma questão de timbre melhor do outro teclado a ser usado e finalmente, um novo solo de piano acústico seria feito, por uma questão de estética, a buscar a adequação total dentro do espírito que a canção necessitava.

Uma tomada a mostrar o Rodrigo Hid a gravar o piano elétrico da canção "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3ª sessão de gravação em 23 de maio de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=adZ6DSi4d2M&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=107

Um vídeo a mostrar a audição da gravação do piano elétrico por parte do Rodrigo Hid. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=lPPE4qlPWFk&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=108

Cabe a acrescentar que o clima com o nosso convidado foi maravilhoso. O Wilton estabeleceu amizade instantânea com o Rodrigo e por coincidência, o fato do Rodrigo se apresentar costumeiramente em uma casa noturna da cidade na qual o Wilton morava, Guarulhos, e cujo proprietário era um ex-professor colega seu da universidade na qual lecionara, só estreitou a boa conversa estabelecida entre ambos, fora as inevitáveis derivações para se falar de Beatles, Rock Progressivo, Clube da Esquina e Led Zeppelin, como citações de gosto comum entre nós e que gerou por conseguinte, conversas das mais agradáveis não só entre os dois, mas para todos, incluso eu e Danilo. 

Eis o início da construção do solo de piano acústico não aprovado para a música "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Rodrigo Hid, como convidado especial na 3ª sessão de gravação. 23 de maio de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=pVlexQmIxVY&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=111

Um vídeo a mostrar a prova de áudio com os três teclados gravados na 3ª sessão de 23 de maio de 2023 por nosso convidado especial, Rodrigo Hid.  Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=1cvNDemdySA&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=118

Enfim, foi uma noite memorável para todos e mais uma vez para mim em específico, ficou marcada como mais uma parceria que criei com Rodrigo ao longo da minha autobiografia, mediante amizade, companheirismo, parceria musical, é claro, e neste caso, para ele, foi um prazer também colaborar com o Laert, do qual era amigo há muitos anos por outras conexões que os uniu, independente da minha intervenção como elo. 

E para o Boca do Céu, claro, foi um luxo contar com o talento de Rodrigo Hid nessa história do resgate e a provar que o curso da história é muito intrigante, no sentido de que o Rodrigo nasceu em dezembro de 1978, ou seja, durante os momentos finais do Boca do Céu, que encerrou atividades oficialmente em abril de 1979. Quem poderia em dezembro de 1978, imaginar que essa banda se reagruparia em 2020, e que em maio de 2023 estaria a gravar uma música, com esse então bebê recém-nascido na época na qual estávamos agrupados nos anos setenta, e agora a gravar teclados para abrilhantar a nossa canção neste ponto do século XXI? Mais enredo de seriado "Sci-Fi", impossível.

Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues e o nosso convidado especial, Rodrigo Hid. Gravação da música: "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3ª sessão de gravação. 23 de maio de 2023. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues

Osvaldo Vicino e Wilton Rentero na gravação do single "1969" do Boca do Céu. Estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão de gravação em 31 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Eis que nós marcamos uma sessão mais curta conforme havíamos aventado no decorrer da produção, para suprir os últimos procedimentos que faltavam em relação ao trabalho das guitarras. Neste caso, se tratou de dois contrasolos muito rápidos da parte do Wilton, que por força do horário insuficiente observado na sessão anterior de gravação de guitarras, não foi possível cumprir tal objetivo e o solo número três da canção, feito pelo Osvaldo.

Assim que chegamos ao estúdio, eu propus que começássemos pelo trabalho do Wilton, exatamente por ser o cumprimento de duas intervenções que seriam executadas de uma maneira muito ligeira. 

Wilton Rentero a se preparar para gravar as suas últimas intervenções de guitarra na primeira foto e na segunda, já efetivamente a gravar. Boca do Céu na gravação do single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão de gravação em 31 de maio de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Dessa forma, de fato se tratou de duas intervenções muito rápidas e que o Wilton gravou com tranquilidade. Daí já passamos a montar o set para o Osvaldo gravar a sua guitarra solo e mediante um astral muito bom ali reinante no ambiente do estúdio, foi com muita animação geral que preparamos essa que foi a última intervenção das guitarras, o que nos deu uma sensação extra de prazer ao vislumbrarmos que faltava pouco para a parte instrumental ser encerrada, pelo menos em relação ao trabalho da banda e não dos convidados de apoio.

Nas duas primeiras fotos, Osvaldo Vicino a se preparar para gravar e Wilton Rentero a lhe prestar apoio. Na terceira foto, vê-se o Osvaldo já a gravar o seu solo, efetivamente. Boca do Céu a gravar o single, "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão de gravação de 31 de maio de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Como havia se esmerado para criar um solo altamente melódico, tal intervenção que o Osvaldo Vicino gravou teve uma linha que ficou no limiar do que seria um solo propriamente dito e um contrasolo a "duelar" com a voz principal no refrão final e ficou bem bonito. Dessa forma, com notas longas mediante "bends" bem acentuados na sua curvatura, tratou de legar à canção um elo emocional a mais para ornar bem a sua parte final e sendo assim, nos agradou bastante. 

Encerrada a sua gravação, de fato verificamos que a sessão mais curta em termos de tempo gasto foi muito produtiva e mais do que isso, ficamos satisfeitos com o resultado obtido desse trabalho em específico e ainda mais, com a conclusão da base instrumental total e também dos ornamentos no que se referia à nossa parte, dos membros da banda.

Sob a perspectiva da sala da técnica, Danilo Gomes Santos e eu, Luiz Domingues, acompanhamos o trabalho de Osvaldo Vicino a gravar na sala de gravação. Boca do Céu a gravar o single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão de gravação em 31 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero

Ao ouvirmos os instrumentos gravados nesta sessão já inseridos no restante da parte anteriormente gravada, gostamos muito do resultado geral obtido até esse ponto. E como eu já mencionei anteriormente, se somou nesse instante a nossa sensação muito boa de já termos uma construção sólida e a conter alguns itens de acabamento inseridos, portanto, foi algo além do prazer normal que qualquer músico sente ao ver a sua obra em fase de construção no passo a passo de uma produção de estúdio e neste caso, já com uma visível construção em estado avançado mediante até alguns ornamentos agregados.

Houve igualmente o caso excepcional deste trabalho em específico a ser considerado, no sentido de chegarmos a um resultado palpável, após quarenta e sete anos do momento que adolescentes que éramos, iniciamos esse processo de formar uma banda de Rock, no calor daquela euforia Rocker/contracultural setentista ainda tão vívida na ocasião. E o quanto sonhamos e não atingimos o objetivo primordial de gravar um álbum naquela época, e então em 2023, ali a se concretizar efetivamente. Em síntese, foi algo bem impactante para nós, os membros da banda nos anos setenta. 

Danilo Gomes Santos a trabalhar na mesa, com Wilton Rentero atrás e Osvaldo Vicino sentado, ao lado. Boca do Céu a gravar o single, "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão de gravação. 31 de maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Claro, era ainda apenas uma música e não um disco completo, mas simbolicamente a descrever, a emoção foi muito intensa, isso eu posso garantir, embora, evidentemente que não saímos do estúdio e fomos gritar pelas ruas por causa disso, sob um arroubo de euforia juvenil, senhores sexagenários a caminho da idade septuagenária que já éramos, no entanto, o regozijo, ainda que mais comedido, foi grande. 

Na sala da técnica, no sentido horário: Osvaldo Vicino, Danilo Gomes Santos, Wilton Rentero e eu, Luiz Domingues, a comandar a "selfie". Boca do Céu a gravar o single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 4ª sessão de gravação. 31 de maio de 2023. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues

E a se considerar que ainda faltava completar alguns detalhes dos teclados e os sopros para fechar o instrumental, e sim, a voz principal e os backings vocals para encerrarmos de fato o trabalho para enfim partirmos para a fase da mixagem, a nossa alegria já se justificava plenamente por termos chegado até esse ponto.

Um contrasolo bem sutil gravado pelo Wilton Rentero.

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=ow5zXmae6PE&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=125

Uma tomada inicial da gravação do solo de Osvaldo Vicino. 

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=FXi4Flsau0I&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=126

A audição ao término da 4ª sessão que encerrou o trabalho das guitarras.

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=6m6_gS1lipA&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=127

A seguir, marcamos a sessão extra para suprir o que faltou completar dos teclados, que haveria de ser bem curta dada a celeridade com a qual realizar-se-ia.

Eu, Luiz Domingues e Osvaldo Vicino na sala técnica do estúdio Prismathias de São Paulo. 13 de junho de 2023. 5ª sessão de gravação do single "1969". Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero

Demorou um pouco para acertarmos a próxima sessão e neste caso, foi algo dentro da normalidade de qualquer produção e ainda mais com orçamento curto, de onde se pressupõe que não é possível reservar datas mais próximas uma das outras, além de mais uma agravante específica para este caso, no sentido de que não foi nada fácil conciliar a agenda do estúdio com a do Rodrigo Hid, e quando foi detectado que haveria uma sessão extra para se gravar teclados, logicamente que eu temi por mais uma dificuldade para gerar preocupação.

De fato demorou um pouco, ficamos parados com a produção por quase duas semanas, no entanto, eis que conseguimos enfim marcar a sessão para o dia 13 de junho de 2023. 

De costas e semi-encoberto, Wilton Rentero, com Danilo Gomes Santos na mesa e o nosso convidado especial, Rodrigo Hid a se preparar para gravar. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 13 de junho de 2023. 5ª sessão de gravação do single "1969". Click e acervo: Luiz Domingues

Então, eis que o nosso convidado especial, Rodrigo Hid chegou e desta vez com a fonte do teclado "Oberheim" devidamente colocada na bolsa de cabos, partimos de imediato para a regravação do órgão Hammond, mediante uma timbragem de muito melhor qualidade em termos de simulação do Hammond original, ou seja, valeu a pena perdermos um tempo e nem foi muita coisa, pois o Rodrigo havia praticamente decorado a canção e a regravou com incrível facilidade.

O nosso convidado especial, Rodrigo Hid, a se preparar para gravar mediante o apoio de Danilo Gomes Santos. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. Gravação do single "1969". 13 de junho de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Regravado o órgão, fomos então imediatamente providenciar que o Rodrigo Hid pudesse fazer a gravação do solo de piano acústico e agora sob a nova orientação de se buscar um timbre mais clássico de piano acústico ao estilo "saloon" do velho oeste norte-americano. E na parte da criação em si, a se orientar pela estética do Blues clássico, com aquele "swing" de New Orleans.

Danilo Gomes Santos na mesa, com Rodrigo Hid a conversar com ele, enquanto eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero posamos para a câmera. Boca do Céu a gravar o single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 13 de junho de 2023. Click, acervo e cortesia: Osvaldo Vicino

Assim que o Rodrigo acertou o timbre do simulador de piano, ele nos mostrou uma ideia bem mais condizente com o espírito que esperávamos para a canção. Isso sem deixar de mencionar que ele manteve sutilmente a linha da melodia do solo anterior, exatamente dentro daquele premissa na qual a melodia em si era interessante e a performance anterior houvera sido boa, mas não a havíamos aprovado tão somente por uma questão de melhor adequação estética ao que buscávamos, isto é: não era o momento para invocar o Keith Emerson, mas sim o Nicky Hopkins, para quem conhece bem a história do Rock, entender bem o que eu quero dizer.

Acrescido desse sabor do Blues, o solo nos agradou muito mais e ornou melhor para a canção, inclusive na opinião do Laert que não esteve presente na sessão mais uma vez por conta da sua impossibilidade naquele instante por morar no litoral, mas a partir da sua opinião emitida no dia seguinte, logo ao ouvir o áudio prova da sessão, do qual ele gostou muito.

Danilo Gomes Santos na mesa a trabalhar, com Rodrigo Hid a gravar, enquanto eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero estamos a posar para a câmera. Boca do Céu a gravar o single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 13 de junho de 2023. Click, acervo e cortesia: Osvaldo Vicino

Sessão mais curta conforme previmos, esta foi muito eficiente na sua resolução e o mais importante, nos deixou plenamente satisfeitos em relação ao resultado que o nosso convidado nos ofertou. E claro, sob um clima de camaradagem enorme, ou seja, foi mais uma noite agradabilíssima para todos os envolvidos nessa sessão.

Na primeira foto, Osvaldo Vicino e Wilton Rentero a observar o trabalho. Na segunda, Wilton Rentero (de costas), com Osvaldo Vicino sentado e ao fundo, o nosso convidado especial, Rodrigo Hid a se preparar para gravar. Boca do Céu na gravação do single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 13 de junho de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Fechada essa etapa, a próxima sessão de gravação só pode ser marcada para o dia 3 de julho, ou seja, cerca de vinte dias depois, e bem dentro daquela predisposição de dificuldade para se ajustar a agenda bem conflitante entre o estúdio, e neste caso com os cantores convidados para gravar os backing vocals. Não foi fácil se chegar a esse denominador comum, mas enfim conseguimos marcar.

No sentido horário: Osvaldo Vicino, o nosso convidado especial, Rodrigo Hid, Danilo Gomes Santos (de costas), Wilton Rentero e eu  (Luiz Domingues), no comando do selfie. Boca do Céu a gravar o single: "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 13 de junho de 2023. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues

Nesse ínterim, eu já havia estabelecido um contato para prover um audiovisual para a música ser lançada no YouTube, e neste caso, cabe um parêntese para ser devidamente analisado, pois se tratou de uma boa história análoga desta produção. 

O nosso convidado especial, Rodrigo Hid a regravar o som de órgão Hammond mediante o uso do simulador "Oberheim". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo em 13 de junho de 2023. 5ª sessão de gravação. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=PB-9ckr2vew&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=131

Mais uma tomada da gravação do órgão

Eis o link para apreciar no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=aCERtsZ1XOs&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=135

Um trecho da gravação do piano 

Eis o link para ver no YouTube: 

https://www.youtube.com/watch?v=EKEYwRQjNzw&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=132

Uma outra tomada  da gravação do solo de piano

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=QA-B34q6T7s&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=133

Uma audição final da 5ª sessão

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=0cYkDsGN7rA&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=134

Osvaldo Vicino e Wilton Rentero na sala da técnica do estúdio Prismathias de São Paulo. Gravação do single "1969". 13 de junho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Para compor o aparato de lançamento, a minha primeira ideia foi abordar o Diogo Oliveira, um artista genial com o qual eu havia me acostumado a lidar nos tempos em que fui componente do "Pedra" e basta ver os capítulos sobre a minha história com tal banda para verificar o quanto ele contribuiu conosco com a sua arte genial.

Além de ser um tremendo artista plástico, é também ilustrador de "Comics" e fã do Robert Crumb, portanto, além de músico com forte identificação contracultural sessentista, assim como eu, foi óbvio que eu pensasse nele como o nome ideal para possivelmente compor um promo ou clipe, como queiram, pela sua identidade muito coadunada com todos esses ícones, porém, haviam outros nomes tão bons quanto para abordarmos a fim de buscarmos tal serviço e sobre esse aspecto eu tinha ciência.

Então eu o procurei no Facebook e não achei o seu perfil pessoal, tampouco página de "artista" e/ou figura pública. Ele, assim como muitas pessoas que eu conhecia, tinha aquela característica de abrir e fechar contas em redes sociais com constância e eu dei azar de o procurar em um momento no qual se evadira daquele ambiente virtual. Tudo bem, procurei no Instagram, Twitter e outras redes menos famosas e não o encontrei igualmente.

A capa em forma de "gibi" do CD Pedra II, de autoria do Diogo Oliveira, álbum do "Pedra" lançado em 2008.

Fiz contato com amigos em comum e soube que no Instagram ele tinha uma conta com um nome fantasia e sem a sua foto no "avatar" para ser identificado com facilidade e ali deixei um recado na sua parte privada. Mas ele demorou bastante para visualizar e responder, portanto, preocupado em contar com alguém preparado para fazer esse trabalho e com rapidez, eu acionei outro amigo, igualmente talentosíssimo.

Foi quando não tive dúvida e assim convidei o amigo, Lincoln Baraccat, um fotógrafo, ilustrador e webdesigner de alto quilate e com um currículo absurdo, a contabilizar muitas criações de capas de livros e discos, além de ser músico e aliás, eu já havia tocado com a banda dele, "Uncle & Friends", por diversas vezes, desde 2018. E mais um dado, as minhas fotos de autor nas "orelhas" dos quatro livros que eu havia lançado até esse ponto, foram feitas por ele, portanto, eu tinha plena confiança no seu talento multifacetado.

Foto extraída da sessão de fotos feitas comigo, Luiz Domingues, a visar escolher a foto de autor para o meu livro "Humanos Pitorescos". Sob a lente de Lincoln Baraccat em algum momento de fevereiro de 2023

Uma outra opção de ótimo profissional que estava bem próximo de nós, seria o Moacir Barbosa de Lima, popular, "Moah", que era amigo de longa data de Wilton Rentero e que gentilmente nos fotografa e filmara durante o ensaio geral que havíamos promovido em 7 de maio de 2023. 

Sob a lente "olho de peixe", eis uma das fotos que o Moah clicou no ensaio de 7 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

No caso do Lincoln, ele aceitou de pronto nos auxiliar, embora tenha me advertido que não estava acostumado com animação. Todavia, não seria o caso exatamente, pois a minha intenção inicial foi lhe solicitar que estabelecesse uma colagem de fotos e talvez a aproveitar trechos do nosso histórico vídeo de junho de 1977, como inserção estratégica para provocar o contraste histórico entre esses dois momentos, além de fotos da banda na atualidade e inserções das poucas fotos antigas que tínhamos, as capas da revista Sarrumorjovem editadas pelo Laert naquela época. Em princípio seria essa a orientação.

Eis alguns ícones que haveriam de compor imagens para esse promo de apoio que necessitávamos para lançar a música: "1969". Pela ordem: o exemplar número 1 da revista Sarrumorjovem criada pelo Laert em 1976 e que ele manteve em paralelo aos seus esforços em prol da nossa banda; a capa de um exemplar da revista Freak Brothers, uma imagem institucional do festival de Woodstock, a imagem do personagem "Mr. Natural", Robert Crumb, Gilbert Shelton, Joe Cocker, Janis Joplin  e a icônica (e rara) foto da nossa banda em 1977. 

E na base do "brain storm" logo surgiu a ideia de inserir fotos dos personagens dos Freak Brothers citados na letra e claro, imagens de Robert Crumb e Gilbert Shelton, capas desse Comics e com destaque especial ao personagem, "Mr. Natural" que também é citado na letra da canção. Passou um pouco e surgiu a ideia de também acrescentar fotos de Janis Joplin, Joe Cocker e do festival de Woodstock, ou seja, as ideias frutificaram.

Em uma outra frente na qual eu também me preocupei em fomentar em paralelo, um release para o lançamento precisava ser criado e neste caso, haveria de ser com teor sucinto como é a praxe desse formato de documento usado no meio artístico, no entanto, em nosso caso, não poderia deixar de citar três aspectos que envolviam o lançamento da música "1969". Neste aspecto, eu havia preparado um texto padrão para entregar ao Lincoln Baraccat, para lhe apresentar o projeto e as ideias e desse texto longo, haveria de ser composto uma nova versão condensada para se tornar o release oficial da banda.  

Laert Sarrumor durante o ensaio do Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo em 7 de maio de 2023. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

Ou seja, em primeiro lugar, a se destacar o contexto da canção a citar os ícones contraculturais sessentistas que impactaram o autor da canção, nosso companheiro, Laert Sarrumor, e dos quais eu particularmente também admiro muito. O segundo aspecto a contextualizar o momento no qual a música foi composta e como o Laert, e nós em específico, interpretávamos a movimentação contracultural sessentista com uma defasagem de dez anos, ao final dos anos setenta. E o terceiro aspecto, como a banda havia se agrupado para resgatar esse material e gravá-lo a partir de 2020, ou seja, com quatro décadas de defasagem. Em suma, essa música representava três tempos diferentes pelas circunstância toda que a cercou. 

      "Still" do vídeo de 1977 a mostrar a nossa banda na ocasião

E daí em diante, só ficaria a faltar uma sessão de fotos para se compor as fotos promocionais de praxe, para que tivéssemos o material básico para o lançamento.

Wilton Rentero, Osvaldo Vicino e eu (Luiz Domingues) na sala técnica do estúdio Prismathias de São Paulo. 13 de junho de 2023. Click (selfie), acervo e cortesia: Wilton Rentero

Ainda a falar sobre a construção do release, eu citei anteriormente que o texto base haveria de ser extraído da longa explanação que eu havia feito para explicar o propósito da canção ao Lincoln Baraccat. Portanto, deixo abaixo o texto base para o leitor ter acesso a essa construção da história e assim ter em mente a contextualização toda do conceito:

Projeto de audiovisual para Lincoln Baraccat
Artista: Boca do Céu
Música: "1969"

Contexto da música: trata-se de uma balada Blues com certo tempero Soul, com bastante influência sessentista na sua formulação. Na letra, o autor fala a respeito de alguns ícones da contracultura sessentista que o impactaram em 1969, quando ele entrou na adolescência. Dessa forma, arrolam-se bandas de Rock do espectro de Woodstock, é claro, e muita ênfase nos Comics produzidos por Robert Crumb e Gilbert Shelton, com destaque nos personagens contidos na revista "Freak Brothers". 

Contexto do autor ao pensar nisso: tais citações que ele faz na letra, repercutiram na sua vida a posteriori, não apenas na música, como também na sua atuação com a arte da ilustração, haja vista que ele produziu uma revista de humor bem inspirada no estilo do Robert Crumb e Gilbert Shelton, que lançou de forma precária, na  base do mimeógrafo e/ou xerox, denominada: "Sarrumorjovem", mediante a criação de uma turma de freaks por ele inventados como personagens, mas adaptados à realidade brasileira e de São Paulo em específico, porém nos moldes dos "Freak Brothers" do Robert Crumb e Gilbert Shelton, com vários personagens doidos mergulhados na contracultura, em contraste com a realidade brasileira dos anos setenta, e mediante o Rock como combustível implícito.

Contexto da nossa banda em sua fase nos anos setenta: essa foi a minha (e de todos esses componentes) primeira banda de carreira. Éramos garotos sonhadores, enlouquecidos pelo panorama do Rock sessenta-setentista e movimento hippie que chegou atrasado no Brasil. Estivemos mergulhados em sonhos lisérgicos contraculturais, aspirávamos um lugar no panteão do Rock dos anos setenta, mas a nossa insipidez na ocasião não nos permitiu chegar nem perto disso, ou seja, ficamos mesmo alojados na plateia dos shows de bandas como Mutantes, O Terço, Made in Brazil, Som Nosso de Cada Dia, Joelho de Porco, Tutti-Frutti e outras tantas que nos faziam suspirar. 

Portanto, entre 1976 e 1979, enquanto a banda existiu e lutou para alçar voos maiores, não passamos de shows bem amadorísticos realizados em festas particulares, apresentações nas escolas nas quais estudávamos e o nosso maior feito foi participar da edição do festival "Fico", do colégio Objetivo em 1977, com um equipamento do qual não sabíamos lidar adequadamente e perante um assustador público formado por cerca de cinco mil estudantes presentes no salão de festas do Palmeiras, completamente ensandecidos e que estavam ali apenas com o objetivo de hostilizar qualquer um que subisse ao palco.

Contexto do Boca do Céu pós-2020 - A banda se reuniu em fevereiro de 2020, para um encontro de celebração de velhos amigos e desse encontro, surgiu a ideia de resgatar o máximo de músicas da nossa criação de 1976-1979. A pandemia atrapalhou bastante esse plano, ao postergar os ensaios. E assim, somente em meados de 2021 conseguimos dar início a esse trabalho arqueológico de memória remota. De forma surpreendente, nos lembramos de 14 músicas compostas por nós nos anos setenta e no início de 2023, resolvemos entrar em estúdio para gravar uma dessas canções para fazer a banda ter ao menos uma música resgatada e lançada oficialmente na sua história, mas o plano mais ambicioso é gravar um disco completo com as demais inclusas, desde que consigamos levantar recursos para tal, logicamente.

E assim chegamos na canção, "1969", que é um tema a falar sobre os anos sessenta, e como tal perspectiva nos impactava fortemente nos anos setenta, quando a banda foi formada e lutou para chegar a um patamar mais alto. Esse é o contexto geral, portanto: uma canção a falar sobre o sonho sessentista, na visão de garotos dos anos setenta que vibravam nessa aura hippie que recebemos de forma defasada em relação aos Estados Unidos e Europa e que já estava em fase de diluição até aqui no Brasil, mas que não percebemos na ocasião.

E a última perspectiva é a de 2023, com quatro desses garotos de 1976, hoje envelhecidos, mas com condições de fazer o que não alcançamos em 1977, quando a música foi composta, ou seja, gravá-la e com aquela sonoridade que amávamos, bem na "onda" da Janis Joplin, Joe Cocker e afins.

Estamos gravando no estúdio Prismathias, do bom amigo e competente técnico, Danilo Gomes Santos, com o qual Os Kurandeiros lançaram um single em 2018 ("Andando na Praia") e depois ali gravamos o CD "Cidade Fantasma" o nosso último álbum, em 2021*.

Do quinteto mais firme do Boca do Céu, apenas o baterista Fran Sérpico não está participando, mas estamos contando com músicos de apoio, queridos amigos nossos:

Carlinhos Machado - Bateria
Rodrigo Hid - Teclados (meu amigo de três bandas: Sidharta, Patrulha do Espaço e Pedra)
Renata "Tata" Martinelli: backing vocals
Caca Lima: Backing vocals (atual baixista, violonista e backing vocalista do Língua de Trapo) 

André Knobl - Sax
Paulo "Beto" Pizzulin - Trompete (ambos do grupo instrumental, "Neurozen")

E com tais providências paralelas a ter andamento, a próxima sessão de estúdio que tivemos foi em 3 de julho de 2023, quando o objetivo foi gravar a voz principal do Laert e os backing vocals feitos pelos amigos, Caca Lima e Renata "Tata" Martinelli.

*Neste caso a citar a minha (Luiz Domingues) banda, Os Kurandeiros.

Laert Sarrumor, nosso cantor, outrora "tecladista" e principal compositor do Boca do Céu, pronto para gravar a sua composição: "1969", concebida em 1977, mas somente a ganhar a imortalidade de forma oficial em 2023. Estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)  

Demorou, pois a logística não nos permitiu reunir o Laert e os dois cantores convidados no mesmo dia e horário na sala de estúdio, mas eis que enfim conseguimos agendar os três, e esse dia foi histórico para a nossa banda. Evidentemente, por tudo o que eu já expus antes, a carga emocional dessa gravação (e falo ante a sua totalidade), foi muito grande, desde o dia em que resolvemos gravar a primeira música desse grande resgate, e esse aspecto tratou de se intensificar na medida em que as sessões aconteceram, uma a uma a apontar para a construção paulatina da canção. 

Mas neste caso, houve uma precipitação emocional a mais, pois por força das circunstâncias, porquanto foi a primeira participação direta do Laert com a produção em si. Por estar a morar em São Vicente, no litoral de São Paulo, a sua vinda para a capital não se mostrara possível nas sessões anteriores e somente na hora de gravar a sua participação com a voz solo, foi plausível ajustar a sua vinda para sincronizar a logística com os cantores convidados, Caca Lima e Renata "Tata" Martinelli.

Caca Lima e Laert Sarrumor na primeira foto. Renata "Tata" Martinelli e Wilton Rentero na segunda fotos. Renata "Tata" Martinelli na sala técnica do estúdio Prismathias de São Paulo. Boca do Céu na gravação do single "1969". 3 de julho de 2023. Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero

Sobre o Caca Lima, este era um velho companheiro do Laert, pois estava presente na formação do Língua de Trapo desde a reformulação completa que o grupo sofreu, quando voltou à cena mediante a formação quase que inteiramente renovada, em 1992, e neste caso a contar com o Laert e o guitarrista Serginho Gama como únicos remanescentes da formação clássica da banda, a se contar de 1981, pois na prática, desde o embrião fundamental do grupo formatado em 1979, somente o Laert estava presente desde então. 

O nosso convidado especial, Caca Lima, ao lado de Laert Sarrumor. Em pé, próximo, o excelente fotógrafo e film-maker, Moacir Barbosa de Lima, o popular "Moah" que foi cobrir gentilmente essa sessão. Pelo espelho, dá para ver as presenças de Wilton Rentero e Renata "Tata" Martinelli que estavam sentados no sofá do outro lado. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 6ª sessão de gravação da música: "1969". 3 de julho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Sendo assim, Caca Lima era naquela altura, um músico muito experiente, além de ser eclético por tocar e muito bem, vários instrumentos (violão, guitarra, baixo), e também cantar com bastante afinação e potência vocal. Além do mais, segundo o Laert, o Caca tinha consigo desde sempre um talento extra, ao se mostrar como um arranjador de vozes de extrema competência e bom gosto, daí, mais do que ter sido convidado para gravar com a sua ótima voz o backing vocals, ele também teve a incumbência de propor o arranjo.

Renata "Tata" Martinelli na sala técnica do estúdio Prismathias de São Paulo. Boca do Céu na gravação do single "1969". 3 de julho de 2023. Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero

E sobre a Renata "Tata" Martinelli, eu nem preciso descrever o quanto ela era uma cantora sensacional e um doce de pessoa, pois já relatei com muita ênfase em diversas vezes que a citei como cantora d'Os Kurandeiros, além de outros trabalhos avulsos que fizemos juntos, como por exemplo a acompanharmos o cantor, Edy Star, em muitos shows.

No entanto, fora a minha minha amizade com ambos, uma série de coincidências cercou essa produção, para tornar essa junção de tantos talentos, mais do que musicalmente incrível, mas sobretudo a projetar ter sido uma verdadeira ação entre amigos e não necessariamente que eu tivesse sido o elo para uni-los todos, pois eles já mantinham amizade entre si há tempos e na trajetória de cada um, constavam muitas parcerias musicais boas a alimentar o currículo individual de cada um.

O engenheiro de áudio, Danilo Gomes Santos e o nosso convidado especial, Carlinhos Machado. Boca do Céu a gravar o single "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Senão vejamos: Carlinhos Machado já era meu amigo desde 1995 e estávamos juntos a atuar com Os Kurandeiros desde 2011. Carlinhos era amigo do Laert desde o início dos anos 2000 (e também do Caca Lima), e essa amizade fora construída sem que eu tivesse exercido influência para que eles se tornassem amigos. 

Rodrigo Hid, que tocou teclados nessa faixa, foi meu companheiro de três bandas (Sidharta, Patrulha do Espaço e Pedra), e também era amigo do Laert desde 1999. É bem verdade que fui eu quem os apresentei um ao outro nesse citado ano, mas a amizade deles se solidificou por outras conexões, inclusive por conta de uma namorada que o Rodrigo teve e essa moça era bem ligada ao Língua de Trapo em seus bastidores. E por conseguinte, Rodrigo era amigo do Caca Lima desde então, e também do Carlinhos, que conhecera em 2001 por causa da produção de um show da Patrulha do Espaço, nossa banda na ocasião, na qual o Carlinhos esteve envolvido como coprodutor da Sarah Reishman, uma agenciadora de shows, nessa ação.

Wilton Rentero e Renata "Tata" Martinelli na sala técnica do estúdio Primathias. Danilo Gomes Santos está sentado na mesa de operações. Boca do Céu a gravar a música "1969". 6ª sessão de gravação, das vozes. 3 de julho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Além disso tudo, a Renata era amiga do Cacá de muito tempo e ambos já haviam tocado juntos em diversos projetos, incluso um "tributo ao Genesis" que o Caca me enviou para a apreciação mediante vídeos e a qualidade da banda e logicamente dos dois a atuar juntos nessa missão, impressionou-me, certamente, embora não fosse nenhuma novidade, como se eu não soubesse do alto quilate de ambos. Renata também era amiga do Rodrigo de longa data.

E finalmente, nesse ínterim, confirmou-se a participação dos sopristas, André Knobl e Paulo "Beto" Pizzulin, membros do excelente grupo instrumental, "Neurozen"em nossa gravação. Esse grupo em questão, aliás, cujo disco de estreia eu já havia analisado mediante uma resenha que escrevi e publiquei no meu Blog número um. Além do mais, quando eu entrei na formação d'Os Kurandeiros em 2011, o saxofonista, André Knobl, estava fixo na formação da nossa banda e ele havia sido levado para a grupo por intermédio de Renata "Tata" Martinelli, ou seja, eles já eram amigos há muitos anos. E mais uma informação para agregar: eles tocaram em algumas faixas do álbum "Fuzuê", do Pedra, banda da qual eu e Rodrigo fomos componentes.

Somente isso? Não, pois como se fosse uma autêntica "cereja do bolo", eis que eu descobri que o filho do baterista do Língua de Trapo, Vinicius Valentim (o pai é o Valdir Valentim, também da formação pós-1992 dessa banda), era o baterista do grupo "Neurozen" do saxofonista, André Knobl e do trompetista, Paulo "Beto" Pizzulin. Vinicius também escrevera uma biografia do Língua de Trapo como "TCC" ao encerrar o seu curso universitário, conforme me contou o Laert.

Ao fundo, direto da sala de gravação, Laert Sarrumor a gravar a voz dolo da canção "1969". De dentro da sala da técnica, vemos Danilo Gomes Santos a mirá-lo (Danilo está visível por detalhes) e ao lado na sala de gravação da bateria, Carlinhos Machado também estava a fotografar o Laert. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Em suma, nos cercamos de um time de músicos de apoio talentosíssimos para encorpar o nosso som e que além da amizade, comigo ou com o Laert, também mantinham conexões fortes uns com os outros. E essa união tão agradável em termos de camaradagem, só poderia somar muito como valor agregado à produção e foi exatamente o que ocorreu.

Laert Sarrumor a gravar a voz solo da canção "1969", enquanto o fotógrafo e film-maker, Moacir Barbosa de Lima (Moah) o capturava através da lente da sua câmera.´Boca do Céu no Estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

O nosso único ponto negativo desse dia tão feliz para a história da nossa banda, foi a ausência do Osvaldo Vicino, nosso aglutinador, ou seja, o componente que recrutou os demais membros e efetivamente dera o pontapé inicial para criar a nossa banda, em algum dia de abril de 1976. 

Sobre a sua falta nesse dia 3 de julho de 2023, ele na verdade tivera azar, pois a despeito dessa 6ª sessão ter demorado para ser marcada, foi justamente nesse dia que ele se colocou em um momento de repouso, por haver se submetido a uma intervenção médica. Nada grave lhe ocorreu, mas a se tratar de um procedimento necessário e anteriormente combinado de se realizado, ele havia passado por tal cirurgia na sexta-feira anterior, e a seguir o protocolo médico, estava a convalescer,  a permanecer aconselhado pelo médico de sair de sua residência por alguns dias.

É claro que o Osvaldo ficou muito chateado por não participar da sessão e de fato, teria sido a oportunidade rara de reunirmos o quarteto original no estúdio, mas a circunstância de saúde o impediu de estar conosco. Porém, de uma maneira inusitada ele participou ao menos da foto de congraçamento final da sessão, quando respondeu ao Wil, que o chamou pela videoconferência e enfim, ele saiu na foto pela tela de um telefone celular.

Na primeira foto, Laert aguarda o Danilo a posicionar o microfone. Na segunda, Laert a se preparar para gravar e na terceira, com a presença de Moacir Barbosa de Lima (Moah), a filmá-lo. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues

Bem, iniciamos o trabalho da sexta sessão com a deliberada determinação de gravar a voz principal do Laert, e assim direcionamos os nossos esforços. Ajeitado o monitor, o Laert fez uma primeira versão descompromissada a "passar" a música, bem naquele clássico aquecimento de voz inicial.

Já na segunda tomada, ele estava a atingir uma potência vocal muito boa, e a se sentir desinibido, ficou solto para interpretar com bastante inspiração. A acompanhar desde a sala da técnica, eu tive o prazer de acompanhar a sua performance, quando pude testemunhar a sua interpretação emocionada, e dessa forma, pude elucubrar o quanto ele estava feliz igualmente por tudo o que eu, Wilton e Osvaldo também estávamos a vivenciar e desfrutar em termos de realizar o nosso intento combinado e tão sonhado entre 1976 e 1979, e combinado com perspectiva mais concreta em 2020.

Nas duas fotos acima, Laert Sarrumor a gravar a voz principal da canção "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Click, acervo e cortesia: Carlinhos Machado 

Mais do que isso, eu tive a certeza de que esse momento também calara fundo para ele, não apenas por todos os motivos inerentes para nós quatro, membros originais da banda, mas também pelo fato da canção ser de sua autoria e ter ficada na sua mente, tão somente, nesses anos todos e nesse momento de 2023, estar a ganhar a materialidade, finalmente.

Isso sem deixar de mencionar o teor da letra, ou seja, a música foi composta em 1977, mas a revelar com bastante emoção como alguns ícones contraculturais o haviam impactado particularmente no ano em questão que ele nomeou para dar título à música, ou seja, 1969.

Laert Sarrumor a gravar a voz principal da música: "1969". Boca do Céu no estúdio Prismatias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Fotos 1 e 2: Clicks, acervo e cortesia de Carlinhos Machado. Foto 3: Click, acervo e cortesia de Wilton Rentero

Bastante satisfeito com a sua própria performance e com a aprovação de nós da banda, dos convidados ali presentes, e do técnico de áudio, Danilo Gomes Santos, demos por encerrada essa etapa tão vital para a gravação dessa canção e a representar muitas coisas nas entrelinhas, como eu pude enumerar acima.

Após uma rápida pausa para o lanche, Danilo já preparou a sala de gravação para efetuarmos a segunda etapa do objetivo dessa sessão, isto é: a gravação dos backing vocals da parte de Caca Lima e Renata "Tata" Martinelli, nossos convidados.

Laert Sarrumor a gravar. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=3OB0dTsGMYI&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=138

Outro vídeo a mostrar Laert Sarrumor a gravar. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=KtD7GMHj68Y&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=139

Caca Lima e Renata "Tata" Martinelli a gravar os backing vocals da canção "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023.  Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

Assim que eu convidei o Caca e a Tata para gravar os backing vocals da nossa canção, passei-lhe todas as dicas sobre o tema, a elaborar um pacote de informações a conter a letra, harmonia, mapa da canção, vídeos da banda a ensaiá-la e um texto explicativo sobre a canção em si, além de uma explicação sobre o contexto do Boca do Céu nos anos setenta e o atual pós-2020, com a missão do resgate combinada entre nós, os velhos remanescentes.

Claro que no momento no qual os convidei, o fiz ainda em um período de pré-produção, portanto, quase um mês antes de efetivamente entrarmos no estúdio. Tanto que os convidei para participar de pelo menos um ensaio, aquele previsto para ser realizado em 7 de maio de 2023 com a presença do Carlinhos Machado para atuar como baterista convidado, a se acrescentar o Rodrigo Hid aos teclados, também como convidado e claro, com o nosso grupo fixo completo, mediante a presença do Laert no comando da voz, a interpretar a melodia de forma correta e não com a minha própria pessoa a conduzir a guia a entoá-la ao meu estilo, ou seja, mediante uma linha de voz sem grandes nuances e demarcada para atuar em uma oitava abaixo, a la Barry White.

Caca Lima e Renata "Tata" Martinelli a gravar backing vocals da música "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Carlinhos Machado

Mas aí nos deparamos com a realidade de que não seria fácil alinhavar tantas agendas conflitantes e dessa forma, esse ensaio com todos os convidados (e eu nem cogitei convidar o André Knobl e Paulo Pizzulin, os sopristas, pois intuí que eles não teriam agenda para tal.). Tudo bem, ensaiamos o núcleo duro da base, que era o mais vital naquele instante para entrarmos no estúdio e iniciar o trabalho.

Portanto, tirante o Carlinhos Machado, que apesar de ser convidado, participaria da gravação da base por causa do seu instrumento que faz parte do núcleo fundamental, assim ensaiamos no apronto final para entrarmos em estúdio a seguir, com a primeira sessão marcada para o dia 15 de maio. 

Os nossos convidados especiais, Caca Lima e Renata "Tata" Martinelli a gravar os backing vocals da canção: "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias. 3 de julho de 2023. Clicks e acervo: Luiz Domingues

De uma maneira bem protocolar, fiz contato com o Caca, Tata e Rodrigo, pedindo para que eles estudassem o material que lhes enviei, e os convidei a conversarem a respeito disso comigo ou Laert por videoconferência e havia nesse instante, bastante antecedência para se organizarem, e a se levar em consideração a experiência de todos, inclusivo os sopristas do "Neurozen", é óbvio que se isso não ocorresse, eu não haveria de ficar apreensivo, pois tinha total convicção que todos esses músicos citados chegariam no estúdio e gravariam com desenvoltura, criatividade e eficácia, mesmo que não se preparassem para tal.

E foi exatamente o que ocorreu com o Rodrigo e mais ainda com Caca e Tata. Eles todos ouviram a canção, aprenderam a harmonia e mapa, sem dúvida alguma, mas chegaram ao estúdio sem um arranjo definido. Entretanto, eu não me preocupei, pois sabia exatamente que fariam uma participação incrível, com muita criatividade e performance de alto nível. Foi o que ocorreu com o Rodrigo e o mesmo com Caca e Tata. 

Os nossos convidados especiais, Caca Lima e Renata "Tata" Martinelli a gravar os backing vocals da canção: "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias. 3 de julho de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

Enquanto o Laert gravava a sua voz definitiva, eu ouvia na sala da técnica o Caca em voz baixa a balbuciar ideias de arranjo que elaborou ali no momento e bingo... ele e Tata entraram na sala de gravação e não gastaram mais do que uma hora para definir arranjo na hora, gravar, dobrar as vozes em um segundo canal e darem por encerrada a participação. O resultado? Simplesmente esplêndido ao ouvirmos aquele arranjo que se mostrou simples na sua concepção, porém, de um bom gosto ímpar, além da performance irretocável de ambos.

E assim encerramos a sexta sessão de gravação da canção, "1969", nesse ponto do dia 3 de julho de 2023, a conter toda a base fechada, solos e contrasolos de guitarras e com o acréscimo dos teclados, voz principal e backing vocals, isto é: a música praticamente gravada por inteiro e a faltar pouco para ser mixada. Ao ouvirmos a prova do dia, gostamos muito das vozes adicionadas, todas. A interpretação do Laert se mostrou muito bonita, a conter emoção e os backing vocals ficaram bem naquele linha do Blues & Soul sessentista, exatamente como havíamos imaginado.

Flagrantes da 6ª sessão de gravação da canção "1969". Na primeira foto, eu (Luiz Domingues) a comandar a "selfie", com Carlinhos Machado e Danilo Gomes Santos na mesa de operações. Segunda foto com Carlinhos Machado ao fundo e Moacir Gomes Barbosa (Moah) a observar o seu celular. Na terceira foto, Danilo Gomes Santos está concentrado no trabalho, com Renata "Tata" Martinelli ao fundo. No banco de trás, Cacá Lima e Wilton Rentero se cumprimentam com o Laert Sarrumor entre eles. Boca do Céu no estúdio Prismathias. 3 de julho de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

Ali mesmo nos bastidores dessa gravação, pedimos ao Moacir Barbosa de Lima (Moah), para usar as imagens que ele havia capturado do ensaio realizado em 7 de maio e a estabelecer a fusão do que havia filmado nessa sessão de gravação das vozes, para compor um mini documentário da gravação. Em menos de trinta segundos, o Laert aumentou a concepção e sugeriu que fizéssemos um documentário de uma hora de duração a conter esse material de ensaio e gravação, mas a acrescentar depoimentos, da parte dos membros, convidados, ex-membros (Fran Sérpico) e colaboradores da banda nos anos setenta e agora nessa fase do resgate, e essa ideia soou maravilhosa. Seria um material incrível para sintetizar o espírito do nosso plano de resgate e muito nos orgulharia pelo documento em si e claro, pela bela história que desenvolvemos e que certamente merece ser contada em maior escala de alcance público.

Da esquerda para a direita: Eu (Luiz Domingues), Carlinhos Machado (atrás), Laert Sarrumor, Caca Lima, Danilo Gomes Santos, Renata "Tata" Martinelli e Wilton Rentero, com Osvaldo Vicino através do celular por videoconferência a participar também do congraçamento. Boca do Céu no estúdio Prismathias. 3 de julho de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima (Moah)

Fechada essa etapa, ficamos no aguardo do envio do material gravado da parte dos amigos sopristas, que gravariam em seu estúdio caseiro e enviariam o arquivo para o Danilo, em uma semana.

Fora disso, o Lincoln Baraccat também ficou no aguardo de mais fotos possíveis dos sopristas para anexar ao promo oficial, eu já havia escrito um release (mas ainda não havia mostrado aos companheiros), e o Moah trabalhava com a perspectiva de um mini documentário sobre a gravação da música: "1969". 

Caca e Tata a gravar os backings vocals da música: "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=W-w0nZb9n9U&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=141 

Caca e Tata a gravar os backings vocals da canção: "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 3 de julho de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para ver no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=ki-imS8WEGg&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=144

Danilo Gomes Santos na operação da mesa, com Wilton Rentero e Osvaldo Vicino ao lado. 7ª sessão de gravação da música "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 18 de julho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Foi então que nós realizamos uma sessão extra no estúdio Prismathias em 18 de julho de 2023, a visar processar o som das guitarras antes de partirmos para adentrar a fase da mixagem. E foi muito animador chegarmos nessa sessão já a saber que a sessão de gravação dos metais, feita em outro estúdio, fora um sucesso e tal acréscimo já estava disponível no "grid" geral da nossa produção, portanto audível no cômputo geral.

E a nossa reação foi espontânea e ao mesmo tempo de animação total, pois o arranjo, execução e encaixe do naipe de metais em nossa música, se mostrou sensacional. De minha parte, não me surpreendi de forma alguma, pois conhecia muito bem o alto nível de André Knobl e Beto Pizzulin como músicos, compositores e arranjadores. 

Nesses termos, o arranjo por eles criado foi nitidamente pensado para não chocar com a ação dos outros instrumentos, e sobretudo com a voz principal do Laert. Ou seja, eles avaliaram bem o plano geral e evitaram os choques com os demais componentes da canção. 

Beto Pizzulin e André Knobl no estúdio de gravação de sua banda, "Neurozen", em São Paulo, logo após gravar a sua participação para abrilhantar a nossa música. 17 de julho de 2023. Boca do Céu a gravar a música "1969". Click (selfie), acervo e cortesia: André Knobl

E na parte artística, o arranjo privilegiou tudo o que lhes pedimos, ou seja, a ter como referência o som do Joe Cocker (fase Mad dogs and englishmen) e Janis Joplin (fase com a Full Tilt Band). André me disse que seguiu tais referências e acrescentou algo não pedido, mas bem observado da parte dele, ao citar que ele e Beto haviam também pensado no som do "Commodores", banda R'n'B/Soul Music dos anos setenta. Com isso, certas nuances mais suaves do arranjo, trouxeram no seu bojo o elemento da Black Music mais a pender para o Pop e de fato, a música tem esse lado igualmente em alguns aspectos. Em suma, a ideia deles foi bem vinda para a canção.

Para tal criação do naipe, André Knobl tocou sax alto e sax tenor e Beto Pizzulin tocou trompete. E obviamente dobraram em dois canais tudo o que fizeram para encorpar o som dos metais.

Wilton Rentero, Danilo Gomes Santos e Osvaldo Vicino. Boca do Céu na 7ª sessão de gravação da música "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 18 de julho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Felizes com tal audição e nesta altura, o Laert também já havia se manifestado positivamente a declarar que havia "amado" a intervenção dos sopros, a música fechou a fase de gravação e assim, o processamento das guitarras que fomos empreender no dia 18 de julho nas dependências do Prismathias, foi apenas um trabalho de pré-mixagem, na prática. 

Na primeira foto, Osvaldo Vicino e eu (Luiz Domingues). Na segunda, Danilo Gomes Santos, Wilton Rentero e Osvaldo Vicino. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 18 de julho de 2023. Acervo e cortesia: Osvaldo Vicino. Clicks: Wilton Rentero (1) e Luiz Domingues (2)

Felizes com os timbres e efeitos de suas guitarras, Wilton e Osvaldo sinalizaram o fim dessa atividade e assim, o campo ficou aberto para começarmos o processo mais delicado de toda a gravação, isto é, a complexa engenharia da mixagem. 

A meta seria agora esperar a primeira prova de áudio, emitir um relatório de sugestões e reivindicações de mudanças e esperar a segunda prova com tudo sanado para emitir um novo relatório e assim por diante, até que todos os membros da banda sinalizassem estar satisfeitos e uma última sessão presencial ser marcada para fechar definitivamente o trabalho.

Osvaldo Vicino a se preparar para gravar novamente o seu solo na canção "1969". Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 23 de julho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Quando estava tudo pronto para iniciarmos a mixagem, eis que o imponderável aconteceu. Um chamado "bug" no projeto da nossa gravação no "Pro-Tools" do estúdio Prismathias fez com que três arquivos caíssem em um limbo virtual. A trocar em miúdos, o técnico da nossa gravação, Danilo, nos comunicou que as gravações dos teclados, Hammond e piano Würlitzer e também o solo de guitarra número três, feito pelo Osvaldo, haviam sido perdidos.

Ele ficou dois dias a procurar freneticamente tais arquivos, mediante varreduras internas do seu computador, porém, ao perceber que teria que desembolsar uma soma alta para contratar serviço de TI para resolver a questão, sugeriu a regravação de tais quesitos do arranjo. 

Eu (Luiz Domingues), a comandar a "selfie", com Osvado Vicino de costas, Wilton Rentero a tocar e Danilo Gomes Santos a preparar o microfone. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 23 de julho de 2023. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues

De minha parte, eu entendi que se tornara fora de cogitação gastar uma soma alta para tentar resgatar tais arquivos perdidos, sem dúvida, no entanto, lastimei o fato, no sentido de que se tornara muito difícil agendar as sessões anteriores do Rodrigo Hid, nosso convidado especial, haja vista que dadas as circunstâncias, foi difícil marcar a primeira vez, foi traumático marcar a segunda, quando surgiu a questão da regravação do solo de piano acústico e por conseguinte, uma terceira sessão seria ainda mais difícil para ser agendada. 

Isso também ocorrera em relação aos cantores convidados, que foi difícil no sentido de conciliar quatro agendas conflitantes entre si e por conta desse problema, tal demanda atrasara em demasia todo o processo. 

Wilton Rentero sinaliza alguma coisa para Osvaldo Vicino que se preparava para gravar. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 23 de julho de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Todavia, conformados com a ideia de que regravar seria mais fácil, marcamos uma sessão para o dia 23 de julho de 2023, para que o Osvaldo Vicino pudesse regravar o seu solo final da música. Resignados e determinados, fomos para essa sessão sem lamentos pelo transtorno técnico ocorrido e assim, o solo foi refeito. 

E assim foi, com o Osvaldo a regravar o seu solo e assim eliminarmos uma parte desse revés inesperado que a gravação digital nos proporcionou. Como uma agravante, o Danilo tinha viagem anunciada para a terça-feira posterior e assim, forçosamente tivemos mais essa dificuldade para minimizar o nosso prejuízo, ao termos a perspectiva de marcar a sessão do Rodrigo Hid para a semana subsequente. Dessa forma, eis que conseguimos marcar para o dia 31 de julho essa sessão suplementar.

Vídeo a cobrir a sessão de regravação do solo final de guitarra da parte de Osvaldo Vicino. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 23 de julho de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=3C14SPWSsxw&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=160

Mais um vídeo a cobrir a sessão de regravação do solo final de guitarra da parte de Osvaldo Vicino. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 23 de julho de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

 https://www.youtube.com/watch?v=IzfFoz_wRfo&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=164

Mais um vídeo a cobrir a sessão de regravação do solo final de guitarra da parte de Osvaldo Vicino. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 23 de julho de 2023. Filmagem: Luiz Domingues

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=bpDLPpe4jes&list=PL3-MvRpDYtfGdr-qnn_sJSlpbAyHRf5OE&index=167

No sentido horário: Wilton Rentero a comandar a "selfie", eu (Luiz Domingues), o nosso convidado, Rodrigo Hid e na mesa a olhar para os monitores, Danilo Gomes Santos. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 31 de julho de 2023. Click (selfie), acervo e cortesia: Wilton Rentero 

Eis que a angústia gerada pelo atraso que recebemos de uma forma acidental à produção, chegou ao final, quando nos reunimos nas dependências do estúdio Prismathias de São Paulo para enfim refazermos dois dos três teclados previstos para compor a canção "1969".  

Com a habitual gentileza do meu amigo, Rodrigo Hid, foi uma sessão tranquilíssima, quando se regravou o órgão Hammond e o piano elétrico Würlitzer, este inclusive, com algum acréscimo de "môlho", incentivado por nós mesmos, haja vista que na primeira versão, o Rodrigo foi comedido, também por um pedido de nossa parte.

Rodrigo Hid, nosso convidado especial, a sinalizar positivamente para a câmera. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 31 de julho de 2023. Click, acervo e cortesia: Wilton Rentero

Gravados os dois teclados novamente, encerramos enfim a fase de gravação da canção "1969" e assim, abriu-se a fase da mixagem do tema.

Eu (Luiz Domingues), o nosso convidado, Rodrigo Hid e Wilton Rentero. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 31 de julho de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Danilo Gomes Santos

Sabíamos de antemão que além do promo de lançamento estar engatilhado pelo amigo, Lincoln Baraccat, o outro projeto, tocado por Moacir Barbosa de Lima, o popular, Moah, também estava em andamento, em termos de um mini documentário sobre o making of da gravação.

Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, o nosso convidado especial, Rodrigo Hid, eu (Luiz Domingues) e Danilo Gomes Santos, nosso técnico de áudio. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 31 de julho de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click (selfie): Danilo Gomes Santos

Entramos, portanto, em agosto de 2023, com a percepção de que atrasos pontuais a parte, estávamos enfim na reta final para concluir a produção técnica da canção.

Regravação do órgão Hammond pelo convidado especial, Rodrigo Hid. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 31 de julho de 2023. Filmagem: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/X5vxY-HpKp4

Mais um vídeo a mostrar a regravação de teclados. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 31 de julho de 2023. Filmagem: Wilton Rentero

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/JfErEKC6OzU

Terceiro vídeo a mostrar a sessão de regravação dos teclados. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 31 de julho de 2023. Filmagem: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/2Jn6m9Or2nk

Quarto vídeo a mostrar a sessão de regravação dos teclados. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 31 de julho de 2023. Filmagem: Wilton Rentero

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/w5bZFsjir04

Quinto vídeo a mostrar a sessão de regravação dos teclados. Boca do Céu no estúdio Prismathias de São Paulo. 31 de julho de 2023. Filmagem: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/8kHRq5R5_kM

Pela lente olho de peixe, vemos o técnico de áudio, Danilo Gomes Santos, Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues), Laert Sarrumor e Wilton Rentero. Boca do Céu na sessão final de masterização da música "1969". Estúdio Prismathias de São Paulo. 8 de agosto de 2023. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima "Moah".

Após alguns dias nos quais houve uma intensa troca de mensagens entre os membros da banda e o técnico da gravação, Danilo Gomes Santos, eis que marcamos uma última sessão, após termos decidido pela aprovação da última prova de mixagem. O objetivo foi acompanharmos in loco o processo da masterização, e darmos por encerrada essa etapa da produção.

Uniformizados com a camiseta preparada pelo Osvaldo Vicino, aproveitamos também para prepararmos uma sessão de fotos ali mesmo nas dependências do estúdio Prismathias. Precisávamos de fotos para usar na imprensa e também para compor a capa que nos representaria nas plataformas streaming.

Três das muitas fotos feitas nesse dia 8 de agosto, quando a banda esteve completa nas dependências do estúdio Prismathias. 8 de agosto de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Danilo Gomes Santos

Satisfeitos com a sonoridade da mixagem e da masterização, demos por encerrada a fase de produção de áudio da canção "1969" e ali mesmo já iniciamos as providências burocráticas para gerar o código ISRC da canção e assim programá-la para estrear nas plataformas streaming. 

Nessa altura, já tínhamos pronto um clip de YouTube para ser usado depois do lançamento oficial nas plataformas, feito pelo "uncle", Lincoln Baraccat e também já estava em andamento um documentário sobre os bastidores da produção da música, obra tocada pelo Moacir Barbosa de Lima, o popular, "Moah".

Mais fotos feitas nesse dia 8 de agosto, quando a banda esteve completa nas dependências do estúdio Prismathias. 8 de agosto de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Danilo Gomes Santos

Nesse ínterim, eu alertei aos colegas que feitas essas tarefas posteriores ao encerramento da produção do áudio, o plano de divulgação deveria seguir com uma ordem pré-estabelecida e para tal, eu iria preparar a minha lista de contatos para tentar alguma projeção do lançamento na mídia. E pedi ao Laert que também elaborasse algo nos mesmos termos. Já em relação ao Osvaldo e Wilton, eu sabia que eles não tinham contatos em mãos, porém, lhes pedi para investigar nos seus respectivos nichos profissionais, se algum conhecido pudesse indicar alguém que tivesse algum contato de imprensa, mesmo alternativa e na base do mutirão, toda ajuda seria bem vinda.

Quem acompanha a minha autobiografia na música, sabe que eu sempre valorizei todos os meios, portanto, desde o programa de maior audiência da TV aberta, até o mais humilde fanzine escrito a mão e "xerocado" na papelaria da esquina, eu sempre dei atenção para todos os meios de divulgação e não seria agora que eu mudaria de ideia, portanto, se o Osvaldo indicasse alguma oportunidade advinda do mundo corporativo no qual atuou e o Wilton fizesse o mesmo em relação ao meio pedagógico do qual fez parte, seriam todas super bem vindas.

Mais fotos feitas nesse dia 8 de agosto, quando a banda esteve completa nas dependências do estúdio Prismathias. Desta feita, pela lente olho de peixe e foi com essas fotos que se montou a posteriori a capa que nos representou nas plataformas streaming. 8 de agosto de 2023. Clicks, acervo e cortesia: Danilo Gomes Santos

Para encerrar o relato sobre a produção da música no estúdio, resta acrescentar que a cada prova da gravação, eu preparei um promo super informal a conter fotos ilustrativas da sessão correspondente e à medida que o trabalho avançou, fui a montar painéis no sentido de contar visualmente a história da gravação.

Quisera eu ter feito isso em todos os discos de bandas pelas quais atuei anteriormente, mas a minha ação virtual a filmar e fotografar e sobretudo a editar vídeos para o YouTube, só havia sido conquistada há pouco tempo, portanto, tirante a boa cobertura que eu tive a oportunidade de contribuir em relação ao CD "Cidade Fantasma" d'Os Kurandeiros, em 2021, foi com a gravação da canção "1969" do Boca do Céu em 2023, que eu pude exercer essa função como armazenador de material visual, para compor o texto da minha autobiografia, algo que eu já vinha a exercer desde 2011, apenas na forma da escrita, bem entendido. Portanto, a se tratar de um avanço para a composição desta autobiografia, e por conseguinte, da preservação da história desta e de qualquer outra banda da qual eu venha a fazer parte doravante. 

Eis abaixo, portanto, o restante de vídeos que eu editei para ajudar a ilustrar essa história da produção da música "1969", do Boca do Céu. E cabe acrescentar que conforme eu comentei com os colegas, por uma razão óbvia, a quantidade de material que conseguimos preservar da história da banda nos anos setenta ficou ínfima em relação ao que já arregimentáramos do reencontro de 2020 em diante, portanto, tirante a constatação lógica de que em 2023 a tecnologia para tal andava no bolso de qualquer pessoa, ou seja, em 1976, só sonhávamos com facilidades assim ao vermos filmes "Sci-Fi" futuristas, mas nesse instante isso foi a absoluta realidade.

1) Primeiro vídeo prova da gravação - 15/5/2023

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/qz85ngOO5pw

2) Segundo vídeo prova da gravação 17/5/2023

Eis o vídeo para ver no YouTube:

https://youtu.be/VLRVj1F4AvE

3) Terceiro vídeo prova de gravação  21/5/2023

Eis o vídeo para assistir no YouTube:

https://youtu.be/2bc25_oQFc0

4) Quarto vídeo prova de gravação 24/5/2023

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/mMtLqiakWCQ

5) Quinto vídeo prova de gravação 31/5/2023

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/kfzV7_lb4_c

6) Sexto vídeo prova de gravação 31/5/2023

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/ST4Ez4CtjBA 

7) Sétimo vídeo prova de gravação 31/5/2023

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/qes0MOrb2O4

8) Oitavo vídeo prova de gravação 31/5/2023

Eis o link para ver no YouTube: 

https://youtu.be/EO_v3cjd2Ik

9) Nono vídeo prova de gravação 3/7/2023

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/v3aN8TsDLtc

10) Décimo vídeo prova de gravação  6/7/2023

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/ecG8yiLB5AQ

11) Décimo primeiro vídeo de gravação 17/7/2023

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/_WK451mEoh8

12) Décimo segundo vídeo de gravação 18/7/2023

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/fl_haK2g6mg

13) Vídeo mosaico com a música "1969" a usar um mosaico desde o começo dos ensaios do grande resgate em 2020

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/fygXLdw3Ul0

14) Vídeo da música "1969" com as imagens da banda mediante o Super-8 de 1977

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/3FXHii2sv5M

Tudo pronto, a ordem doravante foi divulgar ao máximo a ação da "pré-save" para que tivéssemos a melhor exposição possível para o lançamento da música "1969, do glorioso Boca do Céu, a minha primeira banda de carreira, finalmente a ter uma música oficialmente gravada e lançada no mercado da música profissional. Um motivo de orgulho e emoção para todos nós, os velhos componentes, outrora adolescentes dos anos setenta e nos dias de 2023, senhores sexagenários!

Continua...

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