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terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Boca do Céu - Capítulo 12 - Enfim a luz ao final do túnel - Por Luiz Domingues

Eu (Luiz Domingues, Osvaldo Vicino e Wilton Rentero em ação durante o trabalho. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 8 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Still de filmagem

Eis que o ano novo de 2023 se iniciou com mais uma reunião caseira da nossa parte. Desta feita, nós trabalhamos com a bela balada do Laert, "Instante de Ser", a lhe dar um corpo completo com o intuito de se constituir enfim um mapa definido para a canção, ainda que provisório.

Sabíamos, é claro, que o Laert ainda mantinha consigo uma desconfiança em relação à harmonia da canção, mas levamos em conta que para fechar um mapa, mesmo que provisório, tal pendência poderia ser deixada de lado momentaneamente. Em suma, precisávamos avançar em outras questões em relação à canção e não seria possível deixá-la na gaveta enquanto aguardávamos resolver a sua pendência a respeito da harmonia.

Osvaldo Vicino e Wilton Rentero em ação durante o trabalho. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 8 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues

E assim, nós avançamos ao criar uma parte adicional para a realização de um solo de guitarra e fechar um mapa interessante. 

Nessa altura do trabalho de resgate, faltava apenas desenvolvermos o corpo do blues: "1969" e definirmos se aproveitávamos ou não o samba, "Na Minha Boca", canção essa nascida dentro do ambiente do Boca do Céu nos idos de 1977, mas levada para o Língua de Trapo a seguir, quando foi muitas vezes executada ao vivo e gravada em demo-tape.

Eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero em ação durante o trabalho. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 8 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues

Isto é: fechado esse ciclo, partiríamos para a fase de definição dos arranjos definitivos. Foi muito promissor o início de 2023, portanto, ao se levar em conta que caminhávamos céleres para a conclusão do trabalho, quiçá com o seu coroamento final em torno de um álbum. E neste caso, a se tratar de um sonho com quarenta e sete anos de atraso para se concretizar.

Com o Laert Sarrumor visível pelo celular, através da videoconferência, a participar ativamente do esforço da banda. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 29 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues

Voltamos a nos encontrar no dia 22 de janeiro de 2023, e desta feita avançamos mais sobre a balada: "Instante de Ser" e também sobre o Folk-Rock, "Desprogramação". Um solo final foi sugerido para "Instante de Ser" e nos soou muito interessante. Outro fator que muito nos animou nesse dia, ou melhor, alguns dias depois, foi que ao colocarmos vídeos desse específico ensaio no grupo da banda no Whatasapp, o Laert ouviu e gostou das formulações harmônicas, ou seja, se dirimiu a sua dúvida sobre alguns acordes, o que o deixou mais confortável para cantar.

Ficamos felizes por essa declaração da parte dele, pois, dessa forma mais um impasse foi resolvido. De minha parte, eu sentia que a harmonia proposta por nossos guitarristas, Osvaldo e Wilton, estava bem adequada às demandas melódicas da canção e mais do que isso, mostravam aquela riqueza que a aproximava muito do espectro de canções do "Clube da Esquina" e muitos exemplos de músicas oriundas de trabalhos de bandas de Rock Progressivo com proximidade com a música Folk, dos anos setenta e neste caso, a mesma influência dos geniais mineiros citados acima e também influenciados pelas mesmas fontes. Mas faltava o Laert dar o seu aval como vocalista, ao se sentir plenamente amparado para cantar.

Sobre a canção, "Desprogramação", nós mais uma vez trabalhamos a parte de introdução proposta pelo Wilton, mediante o uso de um "ukulelê", ou seja, a imprimir muita identidade Folk-Rock com viés vinte-trintista para a canção, o que particularmente eu sempre achei algo adorável por afeição estética e assim, claro que apreciei tal resolução. Essa canção tinha tudo para se tornar uma peça doce, a lembrar baladas melódicas de artistas como a The Band, Lovin' Spoonful, Arlo Guthrie, Leon Russell, e muitos outros dessa seara com mais proximidade com os Estados Unidos do que com a Europa em linhas gerais.

Em mais um avanço substancial, enfim conseguimos ouvir a versão do Língua de Trapo e "tirarmos" o samba: "Na Minha Boca", ou seja, foi um ensaio produtivo. Surgiu de imediato a ideia de criarmos sutilezas e provavelmente com intenção dentro do campo do Blues, para diferenciar a nossa versão dessa canção da maneira pela qual o Língua de Trapo a gravou nos anos 1980. 

Da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues), Wilton Rentero e Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 22 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: automático

No ensaio subsequente, de 29 de janeiro, a boa nova foi que adentramos uma nova etapa, com o Laert a participar diretamente pela videoconferência. Sabíamos que ensaiar dessa forma era uma atividade um tanto quanto sofrida, haja vista a questão do áudio defasado a produzir o atraso (delay) que muito dificultava a melhor performance de lado a lado, principalmente no quesito da pulsação, pois era praticamente impossível haver sincronia nesse aspecto.

Laert Sarrumor visível pelo telefone celular, ao lado do laptop sobre a mesa. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 29 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues

No entanto, com três membros a trabalhar de forma presencial e apenas um a distância, e claro, mediante bastante paciência ante a dificuldade técnica inerente, se tornou mais ameno haver um entendimento entre os quatro componentes.

Wilton Rentero e Osvaldo Vicino trabalhavam a interagir com o Laert Sarrumor pelo celular. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 29 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues

E foi assim que de uma forma bastante feliz, que nós conseguimos avançar e mediante a excelente participação do Laert, enfim destrinchamos as três partes básicas da balada Soul: "1969". Pois esta era a última música que faltava resgatarmos para darmos cabo à fase B do projeto e assim fechar o repertório de quatorze músicas que conseguimos resgatar do nosso velho repertório construído nos anos setenta.

Wilton Rentero e Osvaldo Vicino em um momento de trabalho. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 29 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues

E soou tão bonita a música, que já se criou ali mesmo, diversas ideias para arranjos, incluso um solo de introdução baseado na própria parte melódica da balada e que ficou bastante promissor, mesmo ainda sob um formato rústico em tom de ideia repentina.

A letra original da música: "Revirada", em cópia datilografada pelo próprio Laert Sarrumor e por ele resgatada em janeiro de 2023

Nesse ínterim, o Laert havia remexido as suas gavetas e achado a folha datilografada a conter a letra original de "Revirada". Foi bastante emocionante tomar contato com esse valioso pedaço de papel a apontar tanto significado para nós. E na prática, a ideia proposta pelo Laert, e aprovada em unanimidade pelos demais, foi no sentido de tentarmos estabelecer uma simbiose entre a letra original e a mais recente (escrita em 2022), pelo Wilton em um esforço de sua parte para reconstruir a canção. 

Osvaldo Vicino identificado pelo seu braço a ostentar um violão de 12 cordas e a interagir com o Laert Sarrumor pelo celular. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 29 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues

Dessa forma, ficamos muito animados com a perspectiva de que estávamos a um passo de fecharmos as fases A e B do projeto, que tratou da arqueologia mais bruta, digamos assim, ao resgatarmos fragmentos de músicas tão remotas, escondidas em nossa memória, providenciar "enchimentos" para que se transformassem em músicas com começo, meio e fim e em alguns casos, até com certas ideias para arranjos que haveriam de prevalecer quando do fechamento definitivo.

Foi motivo de muito orgulho e regozijo, não tenho dúvida, e todos salientaram tais sentimentos praticamente em uníssono, pois realmente foi um feito incrível conseguirmos promover uma reconstrução assim, tantas décadas depois e mediante parcos recursos disponíveis em termos de memória para buscarmos as formulações originais de cada tema.

Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues), em momento de descontração no trabalho. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 29 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click (selfie): Luiz Domingues

Dado esse passo muito significativo, o combinado entre nós foi fecharmos as últimas pendências da música, "1969", tentarmos a adequação da letra de "Revirada" (devidamente resgatada da sua versão de 1977), com o mapa construído em 2022/2023 e depois, iniciarmos a fase C do projeto a passar o pente fino nas quatorze músicas reconstruídas, fechar o mapa definitivo de cada uma e partirmos para a elaboração dos arranjos finais.

Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, Osvaldo Vicino e eu (Luiz Domingues), ao final das atividades desse dia. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 29 de janeiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: automático

Ou seja, a luz do final do túnel já começou a brilhar lá no fundo, a nos apontar uma gravação do material para um disco, ou a trocar em miúdos, a meta não atingida em 1977, a se pronunciar como viável, em 2023!

Osvaldo Vicino e Wilton Rentero conversam com Laert Sarrumor (via laptop). Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 5 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Clicks: Luiz Domingues  

No domingo subsequente, dia 5 de fevereiro de 2023, nos reunimos novamente na residência do Osvaldo Vicino. Tal ensaio ocorreu mais uma vez com a participação virtual do Laert, e como um quarteto, trabalhamos firme na harmonização da balada soul, "1969", quando chegamos a um ótimo resultado. Mais do que isso, fechamos um mapa definitivo, já a antecipar a fase posterior do projeto, quando estabelecemos que definiríamos o mapa das quatorze músicas, já a visar a elaboração dos arranjos definitivos.

Na primeira foto, Laert Sarrumor diretamente da videoconferência via laptop. Na segunda, Osvaldo e Laert a interagir durante o ensaio.  Na terceira, Osvaldo Vicino, sentado, Laert atravé s do laptop e eu (Luiz Domingues), no comando da selfie. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 5 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Clicks: Luiz Domingues  

O Wilton nos mostrou uma ideia de solo de introdução, desta feita ligeiramente diferente da elaborada anteriormente e que nos agradou muito. E nós também combinamos de manter a ideia surgida anteriormente, sobre um solo final com outra resolução harmônica e a pensar em gravação para disco, possivelmente para ser encerrado com o efeito do "fade out".

Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues) e Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 5 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Automático 

Fizemos filmagens das partes da canção de uma forma separada e com essa predisposição, preparamos uma base para o Laert poder analisar e experimentar a métrica da melodia durante os dias posteriores, dali até o próximo ensaio, marcada para a semana subsequente. 

Laert Sarrumor a se comunicar pela via virtual e assim participar do trabalho, ativamente. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 12 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues

Foi dessa forma que avançamos para o próximo encontro que ocorreu no dia 19 de fevereiro, e novamente contamos com a participação virtual do Laert para tal ensaio. Dizimamos mais algumas dúvidas em relação à balada Soul, "1969", embora nesse dia em específico, o mau tempo ocorrido em São Paulo e sobretudo em São Vicente, de onde o Laert falava, prejudicou em demasia a nossa comunicação pela internet e assim, nós resolvemos abreviar o encontro virtual e prosseguimos no esforço presencial entre o trio de cordas da banda. 

Laert Sarrumor a interagir com Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 19 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Luiz Domingues 

Dessa forma, mesmo com a comunicação truncada, nós conseguimos chegar em um determinado ponto no qual a fase "B" do projeto ficou quase encerrada a faltar pequenos detalhes para tal. Portanto, tal perspectiva nos animou bastante, no sentido de que mesmo que tenha sido lento o processo desde 2020, quando resolvemos resgatar as músicas que compusemos nos anos setenta, enfim conseguimos construir um corpo com começo, meio e fim para as quatorze canções que conseguimos resgatar em meios aos escombros arqueológicos mais profundos de nossas próprias lembranças, ou seja, ao contarmos apenas com remotos lampejos de memória, foi um trabalho árduo.

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu na residência de Osvaldo Vicino. 19 de fevereiro de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Automático

É bem verdade que quase nada fizemos em 2020, por conta do momento mais agudo da pandemia. E só conseguimos uma continuidade mais firme a partir do final do primeiro semestre de 2021 em diante, quando ao menos a contar com a primeira dose da vacina contra o vírus da Covid-19, nos sentimos um pouco mais seguros para mesmo com muitos cuidados análogos, voltarmos a promover ensaios em estúdios. Mesmo assim, com apenas um ensaio semanal, geralmente dominical e com muitas faltas decorrentes de problemas de saúde apresentados por cada componente ou mesmo por causa de problemas pessoais a incluir impedimentos de locomoção por quebra de nossos respectivos automóveis em algumas ocasiões, o processo teve as suas postergações pontuais e inevitáveis. 

Quando chegamos ao ponto de termos quatorze músicas com mapa, comemoramos, certamente, mas ainda havia muito trabalho pela frente. Muitos ajustes básicos ainda careciam de apuro, principalmente em relação à divisão, métrica e conclusão de melodias e isso também incluiu a questão das mudanças nas letras, inevitáveis em alguns casos, dada a constatação de que certas criações nossas dos anos setenta, soavam evidentemente bem ingênuas, no sentido óbvio da nossa condição juvenil à época.

E sim, a fase subsequente do projeto a apontar para a elaboração dos arranjos definitivos seria trabalhosa pela sua natureza intrínseca, no entanto, eu particularmente estava com a percepção de que havíamos enfim criado uma dinâmica nesse ínterim a sugerir um entrosamento de banda ativa, ou seja, algo além de uma reunião nostálgica a esmo. Portanto, essa interação adquirida por tantos ensaios nos garantira um nível um pouco mais avançado, que supostamente nos garantiria a possibilidade de uma maior rapidez para se concluir a fase "C" do projeto e já a avançar para a fase "D" com pré-produção para entrar em estúdio.

Em suma, nesse ponto de fevereiro de 2023, só por vislumbrar tal perspectiva, já se justificou todo o esforço até então empreendido,  mesmo com a postergação por conta da pandemia e tudo o mais que veio a se mostrar como empecilho nesse período. 

E para reforçar tal conceito, penso que todo o empenho que tivemos ao longo de três anos pelos quais estivemos juntos nos anos setenta, em maio à falta de técnica, vivência, noção de mercado e falta de recursos, foi dignificada quase cinco décadas depois, pois tornara-se emocionante para os quatro "grisalhos esquizóides do século XXI", estar a conversar sobre tais trâmites como uma possibilidade real para ser concretizada a médio prazo, isto é, algo do qual jamais chegamos perto nos anos setenta, porque nessa fase remota da nossa história, nós só ficamos movidos pelo sonho, porém longe da realidade plausível.

Na sala de estar da residência do Laert Sarrumor, o quarteto do Boca do Céu reunido para avançar no projeto de resgate. São Vicente-SP, 5 de março de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Marcia Oliveira

Eis que bem no início de março de 2023 (dia 5 para ser preciso), nós conseguimos conciliar as respectivas agendas dos quatro componentes e organizar um ensaio com o quarto em peso, novamente, e desta feita realizado na residência do Laert Sarrumor na cidade de São Vicente, no litoral de São Paulo. 

O Wilton viajou diretamente da sua casa de praia, em Boiçucanga, no litoral norte do estado e eu (Luiz), fui na carona de Osvaldo Vicino, de São Paulo. Chegamos praticamente na mesma hora na rua do Laert, por volta de 14 horas. Visita agradabilíssima sob todos os aspectos, foi incrível estarmos juntos novamente como uma banda atuante, embora já tivéssemos tido essa experiência um ano antes, quando de um ensaio promovido no estúdio Lumen em São Paulo.

Wil Rentero e Osvaldo Vicino ouvem atentamente o que o Laert estava a falar nesse instante. Ensaio do Boca do Céu na residência de Laert Sarrumor. São Vicente-SP, 5 de março de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Marcia Oliveira.

Desta vez, porém, foi um ensaio mais de elaboração de arranjo e assim, lembrou demais a nossa convivência nos anos setenta, naquelas tardes memoráveis de muitos sábados nos quais trabalhamos juntos entre 1976 e 1978, principalmente, e com o auge dessa formação, fortemente em 1977, certamente.

Bem, na prática, trabalhamos fortemente com a balada soul, "1969", curiosamente a última música com a qual lidamos desde o início do processo de resgate e que havia sido reincorporada em 2022, graças a um autêntico milagre, haja vista que o Laert conseguira se recordar de sua melodia e letra apenas por uma questão de esforço de memória, sem ter nenhum registro dessa canção gravada ou de algum indício de sua letra anotada em uma folha de papel que fosse.

Eu (Luiz Domingues) e Laert Sarrumor, em um momento de reflexão mútua. Ensaio do Boca do Céu na residência de Laert Sarrumor. São Vicente-SP, 5 de março de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Marcia Oliveira

Em trio, eu (Luiz), Wilton e Osvaldo havíamos montado um mapa base nos ensaios anteriores, mas nesse ensaio em específico, além da colocação da melodia ter ficado muito mais clara para todos com a Laert a interagir pessoalmente, houve proposta de mudança na estrutura base e assim, todos gostamos da nova fórmula e cuja maior mudança fora proposta por seu compositor, ou seja, o próprio Laert.

Dessa forma, ficou acertado que o solo criado pelo Wilton fosse adaptado para entrar mais ao meio da canção e não como introdução. Uma volta à parte C, o refrão, ficou acertada como dupla e no terceiro módulo, a entrada de um contrasolo, desta feita proporcionado pelo Osvaldo e ao final, na quarta alça de repetição, um final com escala semicromática a ser usado para dar encerramento à canção.

Laert Sarrumor e sua esposa, Marcia Oliveira, empresária do Língua de Trapo e muito naturalmente viria a se tornar empresária do Boca do Céu, igualmente. Ensaio do Boca do Céu na residência do Laert Sarrumor. São Vicente, 5 de março de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Fechada essa modificação para o mapa base da música, ficamos muito felizes por tais modificações que se mostraram eficazes para o melhor acabamento da música e mais ainda por sentirmos claramente o potencial incrível que essa música tinha, a se tratar de uma peça fortemente orientada pela Soul Music sessentista e a conter na sua letra e na força da interpretação do Laert, adendos significativos.

E cabe registrar que o Laert observou com propriedade o quão incrível estava sendo nós resgatarmos uma música que na verdade, nunca houvera antes sido materializada de fato, pois nos anos setenta, o Laert nos mostrara a sua ideia, mas a banda estava a passar por um momento de crise naquele instante do final de 1977 e início de 1978, portanto a sua elaboração formal foi postergada e culminou em nunca sair da teoria apenas. Em suma, a música só ganhara vida mesmo agora, nesse momento de 2023, isto é, a alcançar o seu "instante de ser" (não resisti ao trocadilho).

Sob a minha lente de "fotógrafo" super amador, meus companheiros (da esquerda para a direita: Laert Sarrumor, Wilton Rentero e Osvaldo Vicino), tocam e conversam sobre o arranjo da música: "1969". Que fato incrível poder registrar uma reunião dessas em pleno 2023, a repetir a nossa rotina de 1977. Ensaio do Boca do Céu na residência do Laert Sarrumor. São Vicente-SP, 5 de março de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Bem, fechado o ensaio que foi super produtivo, apesar de trabalharmos com apenas essa canção (na verdade passamos um pouco também por "Instante de Ser", mas o tempo urgia e resolvemos deixar esse outro tema para a próxima oportunidade), tivemos um apontamento de última hora e como nos velhos tempos de 1976, 1977, quando ensaiávamos no período vespertino e a noite sempre íamos assistir shows de grandes artistas do Rock e da MPB, eis que o Laert nos convidou para irmos prestigiar um evento ao ar livre protagonizado pelo nosso amigo em comum, o extraordinário guitarrista, Milton Medusa. 

Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues) e Laert Sarrumor. Ensaio do Boca do Céu na residência do Laert Sarrumor. São Vicente-SP, 5 de março de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: Marcia Oliveira 

E assim fomos os quatro e mais a Marcia Oliveira até a uma praça pública em Santos (em frente ao Sesc, para ser preciso) e ali prestigiamos o nosso amigo que acompanhava uma cantora na ocasião, ao lado de um percussionista e que curioso, este músico era amigo do Laert e seu vizinho de rua e do prédio ao lado de onde morava, nos vira a ensaiar pela janela de sua residência, horas antes. 

Em suma, pareceu um "deja vù" dos anos setenta, que ambientação incrível. Para coroar tal percepção, Wilton e Osvaldo haviam estacionado os seus respectivos carros em um shopping center localizado a dois quarteirões dessa praça e assim, como nos anos setenta, quando muitas vezes saíamos do ensaio na casa do baterista, Fran Sérpico, e caminhávamos juntos pelo Shopping Ibirapuera de São Paulo, vestidos a caráter e com aquela atitude "hippie" acentuada, eis que nós, de novo, estivemos a caminhar no interior de um shopping, portanto, mais uma coincidência afetiva.

Bem, depois desse bom encontro, combinamos estabelecer doravante um rodízio, com o Laert a ir ensaiar conosco em São Paulo por duas vezes e nós descermos ao litoral em outra ocasião. Nessa altura , as quatorze músicas resgatadas já tinham corpo com mapa definido, portanto, chegara a hora do ajuste final já a visar entrarmos na fase de arranjos definitivos e pensarmos na pré-produção para entrar em estúdio. Ou seja, o sonho setentista que se mostrou impossível naquela década, se tornou palpável neste momento de 2023.

Da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues), Wilton Rentero e Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino em São Paulo. 12 de março de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Still de vídeo

Uma semana após o excelente ensaio promovido na residência do Laert Sarrumor em São Vicente, no litoral de São Paulo, nos reunimos novamente na casa do Osvaldo Vicino em São Paulo, no dia 12 de março de 2023. Desta vez, o objetivo foi colocarmos em prática os adendos propostos para a música, "1969", propostas no ensaio anterior, filmarmos uma versão com essa nova estruturação e colhermos a opinião de todos sobre o resultado obtido na prática.

E assim, firmamos a música com tais novas propostas, fizemos filmagens com o mapa completo e depois colhemos a opinião do Laert que ouviu e gostou, assim como nós três já havíamos aprovado, ou seja, por unanimidade, fechamos essa questão e demos por encerrada essa etapa não apenas para a balada '1969", mas para o projeto todo, ao encerrarmos a fase B. Dali em diante, a nossa tarefa foi decidir pelo fechamento do mapa definitivo das demais e iniciar imediatamente a elaboração do arranjo final de cada uma.

Eu (Luiz Domingues), Wilton Rentero e Osvaldo Vicino (a usar uma bela camisa). Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino em São Paulo. 12 de março de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Still de vídeo

No entanto, a despeito dessa entrada na parte C do projeto estar decretada, eu tive uma ideia naquela mesma semana que ganhou consistência na minha percepção pessoal e eu comentei com o Wil e Osvaldo nesse ensaio e eles gostaram do que eu propus. Alguns dias depois eu formalizei a ideia para o Laert pela via virtual e ele de imediato também aprovou.

A ideia que eu lancei aos colegas foi a de entrarmos imediatamente em estúdio para gravarmos a música "1969" que havia sido recentemente definida e cujo arranjo definitivo seria elaborado com rapidez pelo que sentimos, e com direito a se pensar em instrumentos adicionais, músicos convidados, pois essas ideias prosperaram de uma forma bem rápida entre nós. De pronto, o Osvaldo sugeriu que gravássemos também a música "Serena" que também estava com o mapa aprovado por todos e com ideia de arranjo definitivo avançado e assim, seria uma oportunidade.

Desse forma, aceleraríamos a entrada da banda no mercado, pois com um ou duas músicas gravadas oficialmente, já teríamos meios para tocar em emissoras de rádio, nem que fossem webradios, pleitear entrevistas em canais de YouTube e quem sabe até matérias em blogs e revistas virtuais, já adentrar plataformas digitais e que tais, ou seja, colocar a banda no meio artístico, verdadeiramente. Além do mais, facilitaria apara a Marcia Oliveira poder trabalhar como empresária, aí sim com algo objetivo em mãos além de um release e mesmo com o argumento de que o Laert e eu, Luiz, temos carreiras longas e respeitabilidade no meio para ser usado como um chamariz inicial para a banda, em suma, com música gravada o patamar subiria.

Eu (Luiz Domingues), Wilton Rentero e Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino em São Paulo. 12 de março de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Still de vídeo

Outro bom argumento para essa ideia prosperar, foi o da aceleração do processo. Com dificuldades inerentes à nossa vontade, demorarmos quase três anos para levantar esses quatorze esqueletos de músicas que mal lembrávamos na prática. Poderia ter sido mais ligeiro, entretanto, porquanto quase a metade desse prazo foi gasto com a pandemia e a não realização de ensaios formais. Bem que tentamos nos reunir virtualmente, mas a falta de recursos tecnológicos melhores de nossa parte fez com que desistíssemos dessa tarefa e assim, só começamos a ensaiar com certa regularidade a partir de junho de 2021.  

Nesses termos, mesmo tendo avançado muito em 2023, eu tive essa ideia para criarmos esse atalho, e dessa forma não esperar termos as quatorze músicas preparadas para gravar. Outra vantagem, seria a óbvia, ou seja, pelo fator econômico. É claro que gravar uma ou duas músicas pesaria no bolso muito menos que gravar quatorze canções.

E por último, sendo realista e sem demérito algum aos companheiros, a questão do Wilton e Osvaldo ter muito menos experiência do que eu e Laert no cômputo geral da música profissional e principalmente em termos de gravação de um disco em estúdio, certamente deveria ser levada em consideração, portanto, a despeito de todo o apoio que daríamos para eles com absoluta certeza, se houvesse uma oportunidade de estar em estúdio de forma mais curta e de imediato, certamente serviria como um aprendizado importante para ambos, ao tomar contato com essa realidade com a qual eles não estavam acostumados e assim melhor prepará-los para enfrentar de novo essa missão de uma forma mais intensa no futuro breve.

Então foi assim que eu lancei a ideia e com todos se empolgando com essa antecipação de gravação oficial, passamos a elaborar tal planificação.

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 3 de abril de 2023. Click (selfie), acervo e cortesia: Wilton Rentero.  

Muitas questões foram debatidas no âmbito interno da banda, através do grupo do "Whatsapp", entre o final de março e início de abril de 2023. Ponderou-se sobre muitos detalhes pertinentes à produção desse primeiro "single" e claro que a animação foi geral por conta da obviedade desse projeto e quero crer, nem preciso explicar ao leitor que acompanha a minha autobiografia, sobre o significado simbólico dessa ocasião. Para definir bem o sentimento que experimentamos, basta avaliar que para qualquer banda, chegar em um momento de gravação de uma música isolada ou de um álbum completo, é sempre uma grande marca e assim, o que dizer desta banda que estava prestes a passar pela primeira vez por tal experiência, no entanto sob uma defasagem de quase cinquenta anos?

Emocionante, portanto, para se dizer o mínimo, foi esse momento de abril de 2023, com essa perspectiva concreta a bater na porta da nossa banda formada por "adolescentes sexagenários", como o Laert observou tão bem. 

Enfim, animação juvenil/geriátrica a parte, por ser eu o componente mais experiente neste caso de se empreender uma gravação, tomei a dianteira e comecei a organizar a pré-produção, inclusive a pesquisar estúdios. Fiz uma lista com mais de dez estúdios de amigos meus, cuja excelência musical eu tinha plena confiança e ao colher os orçamentos, muitos desses ofereceram espontaneamente desconto significativo em torno de suas tarifas costumeiras em prol da nossa amizade, mas mesmo assim, dada a realidade de que o patamar com o qual trabalhavam era alto, normalmente, ficou pesado para a nossa condição.

Somente um desses estúdios foi muito além da amizade quando ofereceu espontaneamente um desconto, que na verdade sinalizou vir a ser uma oferta inacreditável, a demarcar praticamente uma "bolsa de gravação", ultra generosa, e assim, ao passar a situação para os amigos, não houve dúvida de que deveríamos fechar negócio com esse estabelecimento. Tal resposta generosa partiu do estúdio Prismathias, no qual eu havia tido a ótima experiência de ter gravado um single em 2018 e um CD completo em 2021, com Os Kurandeiros e dali em diante, a amizade e a confiança no trabalho do seu proprietário e técnico de áudio, Danilo Gomes Santos se estabeleceu. 

Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, Osvaldo Vicino e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 3 de abril de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click (selfie): Luiz Domingues 

Fechado com o Danilo, entramos no processo da pré-produção para a gravação da música: "1969" e assim, mediante um último ensaio caseiro do trio de cordas, ajustamos mais alguns detalhes do arranjo das guitarras.

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues) e Wilton Rentero. Ensaio do Boca do Céu na residência do Osvaldo Vicino. 3 de abril de 2023. Click (selfie), acervo e cortesia: Wilton Rentero.

Em termos de pré-produção, fechamos com a ideia então de convocarmos o Carlinhos Machado, meu amigo e companheiro n'Os Kurandeiros, a seguirmos uma ideia lançada pelo Laert, que sugerira em reunião anterior que o disco fosse gravado por muitos bateristas em face ao fato do nosso baterista original, Fran Sérpico, não tocar mais há muitos anos. 

Sabíamos que o cunhado do Fran, Nelson Laranjeira, havia participado de alguns ensaios conosco anteriormente em 2020 e 2022 e que se tornara um candidato a ocupar a vaga de baterista para se gravar possivelmente o álbum inteiro, mas quando o Laert lançou essa ideia alternativa em uma das nossas conversações mais recentes, ponderou-se que nesta primeira gravação de um single isolado, talvez fosse mais conveniente se convidar um baterista mais experiente em termos de gravação de estúdio e dessa forma, chegou-se no nome do Carlinhos Machado com o qual eu já havia gravado vários discos em favor d'Os Kurandeiros e pelo fato dele ser amigo do Laert há décadas, também. Com essa configuração fechamos o "núcleo duro" para realizar tal gravação da base primordial, mas haveria a presença de outros convidados para colaborar, igualmente.

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e o nosso convidado, Carlinhos Machado, na bateria. Ensaio do Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 23 de abril de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues 

Foi então que nós demos mais um passo concreto ao marcarmos um ensaio com o baterista convidado, Carlinhos Machado, meu velho amigo d'Os Kurandeiros. Com o objetivo dele conhecer a música e se ambientar para criar a sua linha de bateria, tal apontamento ocorreu no dia 23 de abril de 2023, em um estúdio localizado no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.  

E não poderia ter sido melhor esse primeiro contato do nosso  convidado com a canção, pois o Carlinhos já havia se preparado previamente, mediante um vídeo de ensaio residencial perpetrado pelo trio de cordas anteriormente e que eu mesmo havia enviado para ele conhecer a canção. 

Carlinhos Machado, meu querido amigo d'Os Kurandeiros veio nos auxiliar nessa missão do resgate. Ensaio do Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 23 de abril de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Dessa forma, já com esse conhecimento prévio, foi fácil para ele já sair tocando conosco e melhor ainda, já a criar a sua linha de bateria com bastante desenvoltura, a acrescentar sutilezas muito interessantes no seu arranjo pessoal, viradas bem bacanas e dinâmicas condizentes com o espírito da canção.

Satisfeitos com esse ótimo desempenho da parte do nosso convidado, passamos a música algumas vezes com bastante tranquilidade e filmamos três tomadas da canção através de diversos telefones celulares. 

Uma tomada da música: "1969" em ensaio realizado no dia 23 de abril de 2023. Boca do Céu no Estúdio Red Star de São Paulo. Filmagem e acervo de Wilton Rentero.

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=u-v8FltlX88

Sob as bênçãos de Janis Joplin, da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, eu (Luiz Domingues), Wilton Rentero e Carlinhos Machado, nosso convidado especial. Ensaio do Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 23 de abril de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: funcionária do estúdio

Felizes por tal resultado prático inicial tão bom, já tínhamos um novo ensaio marcado com antecedência, para o dia 7 de maio, desta feita com a presença do Laert e quem sabe de alguns outros convidados.

Antes disso, porém, após assistirmos os vídeos produzidos no dia 23 de abril, percebemos que talvez a música soasse melhor se estivesse um ponto atrás no beat. Havíamos testado o bpm 61, mas pairou no ar a possibilidade de testarmos o padrão 60 para o próximo ensaio.

Mais uma tomada da música "1969" em ensaio realizado no dia 23 de abril de 2023. Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. Filmagem e cortesia: Osvaldo Vicino

Eis o link para ver no YouTube: 

https://www.youtube.com/watch?v=up9_9rPScvQ

E também no decorrer dos dias posteriores, eu mesmo travei contato com os outros convidados para atualizar informações com todos e assim, avançamos sobre essa preparação prévia da participação deles como contribuintes dessa produção do Boca do Céu.

Da esquerda para a direita: o nosso convidado, Carlinhos Machado, Wilton Rentero, Luiz Domingues e Osvaldo Vicino. Ensaio do Boca do Céu no estúdio Red Star de São Paulo. 23 de abril de 2023. Acervo e cortesia: Wilton Rentero. Click: funcionária do estúdio 

Com bastante tempo para focarmos em uma única música, eu penso que foi a melhor solução possível para fazermos o projeto ganhar um impulso extraordinário, a garantir imediatismo, empolgação e certamente a promover um choque de energia para que o resgate completo ganhasse enfim uma perspectiva concreta.

Sob a minha perspectiva pessoal, eu posso dizer que estive muito feliz nesses dias por enxergar enfim um passo adiante para o projeto.

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