Neste meu Blog 3, dedico todo o espaço para cuidar da minha carreira musical. Além de publicar os textos na íntegra, dos meus livros autobiográficos, apresento também material em geral de todas as bandas pelas quais atuei e atuo, sob permanente construção.
Painel montado pelo fã-amigo, Valdecir Santos a exibir a capa do LP "A New Revolution" do The Key a mais na discografia de uma outra banda na qual eu (Luiz Domingues), também fui componente, a se tratar d'A Chave do Sol, no intuito de exibir a sua coleção. Rede Social Facebook. 23 de novembro de 2023
Eu já
estava em outra sintonia há meses, por envolver-me em vários projetos
musicais novos e simultâneos, principalmente a partir do segundo
semestre de 1990 (tudo contado com detalhes nos capítulos dos "Trabalhos
Avulsos"), quando no início de outubro de 1990, recebi um telefonema do
Beto Cruz.
Ele queria comunicar-me que finalmente o Chicão, da loja/selo Devils Discos,
sinalizara que o disco, "A New Revolution", do "The Key", havia chegado
da fábrica, e que ele começaria a trabalhar em sua divulgação, distribuição e
que a banda poderia empreender os seus esforços de divulgação e produzir shows de lançamento.
-"Ótimo,
que bom, muito grato por avisar-me, parabéns e guarde minhas cópias de
recordação, que eu pego assim que possível"... respondi-lhe.
No entanto ele teve algo a pedir-me além desse comunicado.
Segundo contou-me, quando soube que o disco ficaria pronto para a venda ao consumidor, tratou de marcar dois shows em uma casa
noturna chamada: "Woodstock"(localizada na Rua da Consolação, perto da
Avenida Paulista), para serem então os shows oficiais de lançamento e que a
nova banda que havia montado, estava preparada mediante ensaios prévios, mas em cima da hora, o baixista que entrara em meu lugar, um rapaz chamado:
Hermes (este houvera sido baixista de uma banda de Heavy-Metal oitentista
chamada, "Sabotagem", e que havia aberto shows d'A Chave do Sol no Teatro
Lira Paulistana, no ano de 1985), havia abandonado a banda, seduzido por
um convite de última hora que sinalizara um cachê melhor para receber em um outro compromisso no mesmo dia.
Ora, com
tudo marcado, mesmo ao saber que eu já estava em outra sintonia há meses
e que não gostava daquela sonoridade, o fato foi que o Beto não teve como pensar em recorrer a
um outro baixista com o pouquíssimo tempo de antecedência que tinha para
cumprir tais datas.
Ele nem
precisou pedir duas vezes, pela questão da amizade e total consideração ao fato de
que ele fora o responsável por ter mantido a chama acesa, desde a
dissolução abrupta e sofrida da nossa, A Chave do Sol. Portanto, claro que comprometi-me a colaborar. Apesar de
ter me esquecido daquele material, bastou uma audição para eu retomar tudo e
não seria por falta de um baixista que a sua nova e renovada banda
deixaria de apresentar-se dignamente, a realizar o lançamento do disco.
Então, foi
uma das situações mais bizarras da minha carreira, pois eu fui tocar
como convidado de uma banda da qual eu não pertencia, mas que houvera sido membro
de sua, digamos, "encarnação anterior" e que reformulara-se
inteiramente e até um novo nome possuía e que por sua vez, em sua origem mais remota,
fora uma banda montada emergencialmente para suprir as
necessidades inadiáveis de uma banda recém dissolvida, chamada, A Chave
do Sol... em suma: foi algo para dar um nó na cabeça de qualquer um.
Bem, a
nova formação dessa "The Key", na verdade rebatizada pela terceira vez,
como: "A Chhave" (assim mesmo, com dois "H"s), consistia de Beto Cruz,
como único remanescente original d'A Chave/The Key de 1988. Pedro Loureiro
(que pouco tempo mais tarde ficaria conhecido no mundo do Heavy-Metal,
como "Kiko" Loureiro, guitarrista do "Angra" e hoje em dia, membro da
banda norte-americana, "Megadeth"), Gustavo Winkelmann, baterista (ex-aluno e
roadie de Ivan Busic) e Marcelo Castilha, aos teclados.
Eu já
tinha compromisso no Rio de Janeiro para tais datas, mas o Beto
ofereceu-me um arranjo no qual não perdi o meu apontamento, ao viajar pela
ponte-aérea após o segundo show, quando normalmente faria o trajeto a usar ônibus.
Rara
foto desse show, de outubro de 1990, de autoria desconhecida, mas que
uma amiga minha da época, Índia Dias, que era amiga da namorada do Edu
Ardanuy, disponibilizou-me, via Facebook
Bem,
eu toquei com a banda nos dias 5 e 6 de outubro de 1990 (com público respectivo de setenta e cento e cinquenta pessoas, presentes), para ajudar o meu amigo Beto e seus novos colegas
e certamente a confundir a cabeça de muitos fãs ali presentes com minha
inesperada presença naquele palco.
Foi bastante estranho estar ali a atuar naquelas circunstâncias, por tudo o que já expus, naturalmente.
O jovem e
então desconhecido, guitarrista, Pedro "Kiko" Loureiro", outro menino
prodígio que o Beto descobriu e projetou para o Rock brasileiro, mais
detidamente pertencente ao mundo do Heavy-Metal
Mas também foi prazeroso poder ajudar o Beto e seus novos companheiros, sem dúvida alguma.
Sobre essa turma, eu não tenho grandes lembranças por ter sido um convívio tão curto.
Eu só
conhecia muito superficialmente o baterista, Gustavo, por vê-lo em
algumas ocasiões a acompanhar o Ivan Busic, com quem estudara e
trabalhara, mas nunca havíamos conversado. Pareceu-me na hora que ele detinha
uma boa técnica e poderia crescer como músico.
Sobre o
tecladista, Marcelo Castilha, no pouco tempo em que conversamos, ele disse-me que
aquele som não era de sua predileção, e que a sua formação era mais
jazzistica, em princípio.
E a respeito do
Pedro "Kiko" Loureiro, este pareceu-me muito determinado do que aspirava na
vida e por ser ainda mais jovem que o Eduardo Ardanuy, quando este entrou
naquela "A Chave/The Key", de 1988, demonstrava também uma técnica
impressionante e totalmente calcada em guitarristas virtuoses da seara de Yngwie Malmsteen, Steve Vai e congêneres.
Na sua
performance, ele demonstrou uma postura de palco frenética, a assemelhar-se ao
Eddie Van Halen, por correr e pular o tempo todo, ao demonstrar condição
atlética, diferente do Edu que era bem comedido nesse aspecto, por tocar
parado, focado no instrumento.
Bem, para
os propósitos da banda e no intuito de dar continuidade àquele trabalho,
que foi o projeto do Beto, creio que mais uma vez ele descobrira um
garoto prodígio para suprir tal necessidade, sob um alto grau de excelência
técnica.
Outro
fato, o Beto havia mudado o seu nome artístico pessoal, aliás já saíra grafado assim
no LP "A New Revolution", cuja capa eu só fui conhecer ali nos bastidores
da casa de shows, "Woodstock".
Naquele instante, ele assinava como Roberto
Malltauro, ao suprimir o Cruz, sobrenome do pai. Malltauro, segundo contou-me, era sobrenome da avó materna e a troca de nome atendera a
orientação de uma numeróloga, que ele consultara.
Aliás, a banda também não se denominava mais como "The Key", mas "A Chhave", assim com dois "H"s, também por obra da orientação dessa estudiosa.
Um poster
dessa nova fase da banda, com tais membros e seu nome renovado, chegou a ser
publicado na revista "Rock Brigade", em 1990, mas logo de início, o
baixista já havia saído, sem ao menos ter feito um show sequer.
O
poster citado acima, a mostrar a derradeira tentativa do Beto em manter
a banda na ativa, com a sua formação inteiramente renovada e até com mudança
ortográfica no seu nome, publicado na Revista "Rock Brigade", em 1990. Da
esquerda para a direita em pé: Hermes, Pedro "Kiko" Loureiro, Marcelo
Castilha e Gustavo Winkelmann. Sentado: Beto Malltauro (Cruz)
Tais
agruras não diziam-me mais respeito, é claro, mas eu torcia para o Beto
obter sucesso, pois sabia de sua luta que eu achava extraordinária e
certamente que ele merecia ter chegado em algum lugar melhor.
Não sei
dizer o que aconteceu-lhes, detalhadamente, após esses dois shows em que
cumpri sob o título de ajuda fraternal. Sei apenas que logo após esses shows
de lançamento do LP "A New Revolution", ainda ao final de 1990, o Beto
recrutou um novo baixista para ser membro definitivo, um rapaz chamado: Carlos
Zara Filho, que era conhecido como "Zarinha", e era filho do famoso e
já falecido ator, Carlos Zara.
Mas logo a
seguir, essa banda dissolveu-se definitivamente e ele, Beto, mudou-se
para os Estados Unidos, em 1991, onde passou a viver desde então.
No meu caso, o
fim havia sido ainda em 1989, com a minha saída após a gravação do LP "A
New Revolution" e essa participação em 1990, fora meramente ocasional,
sem vínculos profissionais e apenas por um sinal de amizade.
Portanto,
dou por encerrada a história dessa banda surgida nos primeiros dias de
1988, e que em sua curta trajetória, obteve poucos momentos bons, mas que
apesar das diferenças e incômodos inerentes, fica na minha memória como
um exercício de luta pela sobrevivência e respeito pelas pessoas que dispuseram-se a tentar manter uma chama acesa. Eis o link para ouvir tal álbum, "A
New Revolution", em sua versão integral, no YouTube:
Como foi
amplamente explicado, desde o início deste específico capítulo, "A Chave"/"The Key"/"A Chhave", uma banda com três mudanças de nome em sua
curta trajetória, nunca foi a continuação natural d'A Chave do Sol como
muitos acreditam.
Ela nasceu
sim, das cinzas d'A Chave do Sol, mas por uma pura necessidade proveniente
da situação dramática, onde por um lado, a súbita e triste
dissolução da velha, A Chave do Sol, mostrou-se implacavelmente
incontrolável para os seus membros remanescentes (eu, Luiz Domingues,
Rubens Gióia e Beto Cruz) e por outro lado, houve o lançamento do
disco, "The Key" para ser trabalhado enquanto divulgação, mas bem pior
que isso, por conta das dívidas pesadas para administrarem-se, contraídas pela produção
do disco e com a qual não tivemos apoio externo, algum para saná-las.
Portanto,
ante tal cenário dramático, não haveria outra solução a não ser montar uma
banda sob caráter de emergência para suprir compromissos inadiáveis que A
Chave do Sol já mantinha firmados, e a duras penas, fazer a divulgação do
disco que fora lançado poucos dias antes da discussão que fulminou essa
banda, de uma forma triste.
O ideal,
reitero, teria sido nós, os membros, conversarmos dias depois dessa fatídica reunião
tensa e com os ânimos menos acirrados, termos colocado as diferenças pessoais de lado e
dado prosseguimento à carreira d'A Chave do Sol, normalmente.
Muito
provavelmente teríamos inclusive a volta do nosso baterista original,
José Luiz Dinola, que havia anunciado a sua saída da banda, ao início do
segundo semestre de 1987, mas que no fim desse mesmo ano, ele já havia
desistido da ideia de estudar odontologia e abandonar a música.
Essa teria
sido a melhor das soluções para a crise que nossa banda atravessou no
final de 1987, mas infelizmente não foi o que ocorreu.
Rompidos
com o nosso cofundador, Rubens Gióia, sem nenhuma possibilidade de
cogitar não cumprir os compromissos firmados e na extrema obrigação no sentido de sermos obrigados a divulgar e vender
desesperadamente o LP The Key dessa banda extinta abruptamente, eu e Beto não tivemos alternativa.
Quando
eu comecei a escrever a minha autobiografia, em junho de 2011, ainda a usar a
plataforma da saudosa, Rede Social Orkut (sob uma comunidade chamada, "Luiz
Domingues", aberta pelo meu amigo, Luiz Albano), a minha proposta foi escrever tal relato focado em capítulos exclusivos, dedicados a cada
trabalho que eu fiz na minha carreira.
E no caso
específico d'A Chave do Sol, eu soube desde o início, que essa etapa final, em que eu teria que descrever sobre o seu final súbito e triste (e consequente
a abordar também o início de atividades forçadas de uma outra banda com outro nome, mas
a gravitar em sua órbita, então denominada: "A Chave"), eu teria que ser
muito claro na narrativa e tomar muitos cuidados para não magoar
ninguém.
Isso
por que é óbvio que o Rubens Gióia, eu (Luiz Domingues) e Beto Cruz,
saímos muito magoados dessa história e mesmo ao termos resgatado a nossa
amizade anos depois, ele, Rubens, ainda considera que a formação dessa nova banda foi um
ato de traição de minha parte, e do Beto.
E da parte
do Beto (e a estender aos três componentes que fizeram parte dessa nova
banda formada em 1988), poderia ficar a impressão de que eu desprezo
essa banda chamada: "A Chave".
Portanto,
eu tomei todos os cuidados para deixar claro os motivos pelos quais essa banda tenha
sido formada, para que os fãs do trabalho da antiga, A Chave do Sol e
principalmente, o Rubens Gióia, saibam que eu jamais quis que ele fosse
substituído por outro guitarrista e ao ir além, jamais desejei que A Chave
do Sol terminasse um dia, aliás, pior ainda, do jeito que aconteceu.
E para o
Beto, Ardanuy, Ribeiro e Rapolli, que a minha contrariedade com o
trabalho dessa nova banda formada em 1988, fora meramente estética e que
jamais conteve algo de ordem pessoal, com qualquer um deles.
No caso do
Beto, muito pelo contrário, sou-lhe eternamente grato pela sua luta,
determinação e forte poder de iniciativa, quando a deparar-se com um cenário de hecatombe
nuclear, saíra a buscar a salvação, ao termos em vista que a reação normal da
maioria das pessoas nessa situação, seria a de apenas resmungar pelos
cantos, lamuriar e chorar pelas perdas inerentes.
Portanto,
eu realço a força de vontade e energia do Beto Cruz, que reputo ser o grande
artífice da criação desse trabalho, ao fazê-lo conter vida, visibilidade,
notoriedade e também credito-lhe o descobrimento de três talentos jovens,
que após essa passagem pela banda, cresceram uma enormidade nas suas
carreiras, individualmente a destacarem-se: Eduardo Ardanuy, Fábio Ribeiro e
Pedro "Kiko" Loureiro, sendo que este último citado, sob uma etapa em que eu
nem estava mais presente na formação da banda.
De fato, o
Beto tinha (tem) talento como "garimpeiro de talentos", e poderia até ter colocado-se no mercado musical como um executivo de gravadora, ou mesmo um
"manager", para ganhar dinheiro nessa específica função, que requer um
talento quase extra-sensorial para ser exercida, eu diria.
Sobre a banda, acho que ela cumpriu a sua função inicial que seria suprir necessidades prementes.
Posteriormente,
quando assumiu-se como um novo trabalho e buscou a sua identidade, pecou
por vários motivos e escolhas ao meu ver.
Faço a minha mea culpa, é
claro, pois eu nada fiz para exercer a minha influência para coibir aspectos
que desagradavam-me, mas ao não querer justificar, mas apenas a constatar,
não fora o momento para eu forçar mudanças que aproximassem-me do que eu
realmente gostaria de fazer, como estética artística.
Não havia
clima algum para propor uma guinada a apontar para sonoridades
sessenta-setentistas, em 1988 e apesar de eu estar a começar a ter
vontade forte de voltar às minhas raízes, naquela época em específico, isso
ainda não foi forte o suficiente dentro da minha realidade possível e principalmente pelo
ambiente externo que mostrara-se totalmente avesso, é claro. Tirante isso
tudo, os meus novos colegas jamais aceitariam tais ideias, pois a sua
mentalidade esteve em outra esfera, pura e simplesmente.
E por fim,
a "situação financeira da época, versus dívidas", não permitir-nos-iam
devaneios estéticos. O negócio foi tocar o máximo possível, promover o
novo trabalho e vender o disco The Key, que nem pertencia diretamente à
essa banda, mas foi a única forma para livrar-nos de dívidas contraídas
para que ele, o próprio LP, pudesse ter sido lançado. Portanto, foi uma condição estranha e muito incômoda.
Pelo aspecto da exposição pública, esse novo trabalho gerou inúmeras confusões, é claro.
Para muitos fãs e jornalistas, tal banda se constituiu da continuação simples d'A Chave do Sol, mas isso não foi correto.
Tal confusão também só serviu para acirrar melindres e isso entristece-me até hoje, é claro.
Portanto,
quando eu comecei a escrever a autobiografia, tomei a decisão de separar os
respectivos capítulos, para firmar na história a clara divisão que
existe entre uma banda, A Chave do Sol e a outra, A Chave/The Key.
Para efeito biográfico, lamento ter poucas fotos desse trabalho, por isso a escassez de opções para ilustrar os capítulos, no âmbito dos blogs, bem entendido.
Foram poucos shows entre 1988 e 1989 e também não muitas peças de portfólio.
Conforme
eu descrevi através dos capítulos, também foram poucos os momentos felizes que obtive com esse trabalho ou ocorrências amenas e divertidas para guardar na memória, pois além de eu não ter afeiçoado-me à sua resolução estética e sonora, o clima nesses meses foi mais marcado pela apreensão em face às
dívidas contraídas, portanto, a minha visão desse trabalho é mais
taciturna, aliás, foi o trabalho mais sombrio sob esse aspecto, da minha
carreira.
Isento, certamente, os companheiros dessa jornada de qualquer culpa nesse processo!
É bastante
controverso o resultado sonoro do LP "A New Revolution", não só pela
estética adotada, mas pelo áudio que foi bastante prejudicado pela
mixagem, que achatou os instrumentos, para privilegiar deliberadamente os solos de
guitarra.
De minha
parte, eu não posso queixar-me, pois tão aborrecido que estive por não
gravar da forma que desejava, ao fazer as minhas linhas de baixo livremente,
não acompanhei as sessões e assim, moralmente a falar, não adquiri o
direito para reclamar a posteriori, contudo, o resultado é decepcionante, ao
meu ver. Todavia, ao ver pelo lado heroico com o qual o Beto Cruz tanto lutou para isso ser alcançado, é uma conquista, é claro.
Não tenho
absolutamente nada pessoal contra os companheiros dessa jornada e pelo
contrário, agradeço-lhes muito por terem aceitado a proposta insalubre que
o Beto fez-lhes para segurar um explosivo nas mãos, naquele início de
1988. Agradeço-lhe
também pelo esforço em dar dignidade para essa banda, nascida sob
condições tão inóspitas e inadequadas pelas circunstâncias.
Apesar de
tudo, acho que o esforço de todos valeu a pena e assim, fico contente por
verificar que eles demonstrem carinho por esse momento de suas
carreiras, em entrevistas que concedem através da mídia e que de certa forma,
foi o estopim de suas carreiras, caso dos mais jovens na ocasião, Edu e
Fábio e mesmo em uma situação posterior até à minha participação, de Kiko
Loureiro, igualmente. E ao Beto, principalmente, por ter sido a força motriz dessa banda.
É a hora para falar de seus membros e de agregados que gravitaram na sua órbita.
Ao falar sobre quem apoiou essa banda:
Claro que
por ter nascido das cinzas d'A Chave do Sol, infelizmente e diga-se de
passagem, muitas pessoas que eram apoiadoras da antiga banda extinta,
deram seu apoio à essa nova banda criada. Sou grato
portanto ao Carlos Muniz Ventura, que entendeu perfeitamente as
circunstâncias com as quais ela foi criada e ao continuar normalmente
a sua amizade com Rubens Gióia, soube entender e separar as divergências
que separaram-nos e assim, acompanhou a trajetória curta desta nova
banda e participou, ao clicar fotos promocionais e até catálogo para
patrocinador, caso do poster para a Revista "Rock Brigade", com propaganda
da luthieria "Tajima" (cujo set fotográfico foi a sua própria residência, no bairro da Vila Pompeia, na zona oeste de São Paulo).
Eduardo
Russomano, que muito ajudou-nos nos momentos iniciais e dramáticos, e
que por ter sido roadie e colaborador d'A Chave do Sol, compreendeu bem a
situação que precipitou a criação dessa nova banda.
Ricardo
C. Aszmann, o nosso colaborador e amigo no Rio de Janeiro, que comprou essa
luta, igualmente e muito apoiou-nos. Grato por tudo, incluso as tentativas feitas em 1989,
quando eu mesmo já estava praticamente de saída, mas ele foi muito gentil ao acompanhar-me pessoalmente a fazer contatos no Rio e Niterói, ao visarmos
shows e entrevistas (até no escritório da "Artplan", a agência de publicidade que arquitetara o Festival Rock in Rio de 1985, ele levou-me).
Chicão, o
dono da loja/selo Devil Discos, que acreditou nesse trabalho e foi muito
prestativo na produção do LP "A New Revolution".
Ele era
inexperiente na ocasião como produtor, mas foi de um entusiasmo e força
de vontade exemplar, por não medir esforços para colocar nas prateleiras,
o melhor produto possível e dele, eu não tenho queixa alguma, e pelo
contrário, só tenho elogios; Aliás, eu guardo um pequeno constrangimento pessoal,
pois acho que ele conheceu-me em um momento ruim de minha trajetória
pessoal e deve ter ficado com a impressão de que eu desprezei tal
produção e na verdade, a minha contrariedade com esse trabalho foi outra e as suas razões estão bem
explicadas nos capítulos anteriores. Portanto, deixo claro que minha
impressão sobre o seu papel na história dessa banda é o melhor possível.
César Cardoso, meu aluno, que foi roadie e muito entusiasmado por essa banda, guarde o meu muito obrigado por tudo!
Marcinha, cantora, e aluna do Beto, pela força ao fazer backing vocals em um show realizado na casa de espetáculos, Dama Xoc, em novembro de 1988.
Paulo
Toledo e Fernando Costa, ex-membros do "Inox", que foram os donos do Bar
Black Jack e tal espaço abriu as suas portas para muitos shows nossos.
João Cucci Neto, que tentou ajudar, ao intermediar-nos alguns contatos internacionais.
Antonio
Carlos Monteiro, Sérgio Martorelli,André "Pomba" Cagni e Fabian Chacur (mais que isso, Fabian deu-me muitas dicas nessa fase, sobre a mídia), que assinaram
várias resenhas e matérias em suas respectivas publicações através da imprensa
escrita.
Os irmãos
do Beto Cruz, principalmente, Claudio e Marcos Cruz, por inúmeras
manifestações de ajuda em shows e nos bastidores. E não posso esquecer-me de
Mario Sodré, sócio do Claudio na ocasião, que também foi solícito
conosco.
Irmãos Fazano: José e Carlos Alberto, pelo apoio à banda.
Letícia, Yara e demais meninas, pelos muitos almoços preparados gentilmente e com direito a sobremesas caprichadas nos dias de ensaios de 1988.
Tibério Correa, que também ajudou-nos em várias indicações para shows. E também pela filmagem de um trecho de nosso show na estação Brás do metrô, em abril de 1988.
Toda a equipe do estúdio Big Bang pela gentileza, hospitalidade e profissionalismo.
Os irmãos do José Luiz Rapolli: Fernando, que também é um ótimo baterista e Sueli Rapolli.
Os pais do
Fábio Ribeiro, pessoas amabilíssimas e cuja bondade e solidariedade,
até mereceu uma menção específica, na história desta banda.
Os irmãos e primos do Eduardo Ardanuy, que também ajudaram bastante.
Em meio aos meus familiares, destaco: tio Sérgio Barretto, titia Edy e meus primos, pelo apoio em Ribeirão Preto-SP. Tio Paulo Barretto, titia Yone e meus primos, pela força em Franca-SP, além de Emmanuel Barreto.
E as
namoradas de todos na época, que foram presentes, também. No meu caso em específico, sou muito grato à minha namorada nesse período, Sandra Regina Soares Arôca, que acompanhou toda a transição entre o fim da velha, A Chave do Sol e toda a saga da formação da banda dissidente, A Chave/The Key, ao apoiar-me muito nos momentos difíceis e ajudar, inclusive ao fazer de seu apartamento no bairro de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, uma hospedaria para a banda, por ocasião de um show realizado naquela cidade, em 1988. Lembro-me de
que a namorada do Rapolli ficou grávida em 1988, portanto, a sua filha
RebecaRapolli, hoje uma mulher madura, foi concebida durante a existência dessa
banda. Agradecimento estendido aos meus ex-sogros, Sérgio e Regina Arôca.
Hora de falar sobre os componentes...
Theo Godinho
Theo
Godinho foi guitarrista da banda Hard-Rock oitentista, "Jaguar", ao lado do baterista,
José Luiz Rapolli. Ótimo guitarrista, ele detinha uma orientação pesada, mas
certamente que viera da escola setentista do Hard-Rock.
A sua
participação na banda foi curtíssima, apenas pelo fato de que em comum
acordo, verificamos que um sexteto seria inviável, pela massa sonora
envolvida. Ele poderia ter permanecido tranquilamente se não houvesse também a
presença do Edu Ardanuy.
Pessoa de ótima índole, apesar de sua super curta participação, a impressão que deixou-me foi a melhor possível.
Depois
dessa breve participação em nosso conjunto, Theo foi membro de muitas bandas
nos anos posteriores e também envolveu-se com produção de audiovisuais.
Infelizmente ele deixou-nos em 2012, muito precocemente por sinal, e a deixar uma lacuna.
Atualmente, a
sua filha, Thais Godinho, que é jornalista, está a realizar pesquisa de
campo, para reunir elementos, com o intuito de produzir uma biografia de seu pai e quem
sabe, até produzir um documentário para resgatar a sua história e legado artístico.
Acho tal atitude dela, belíssima como filha e jornalista e certamente merecida
por parte do Theo.
José Luiz Rapolli
Eu o conhecia superficialmente desde 1985, mais ou menos, por conta de ter
visto a sua banda, "Jaguar" a atuar, mas só cumprimentávamo-nos nessa época,
sem estabelecer amizade.
Quando o
Beto anunciou que ele seria o baterista da nova banda, eu fiquei contente
com a escolha e por sua aceitação e não desapontei-me, posteriormente.
Rapolli
não tinha a mesma técnica de José Luiz Dinola, com o qual trabalhei por
cinco anos n'A Chave do Sol, mas era (é) um ótimo baterista.
Por outro
lado, ao contrário do Dinola que era muito fechado no conceito do
Jazz-Rock, Rapolli era muito mais próximo de minha formação, no quesito das
preferências musicais, ao demonstrar grande apreço pelo som das décadas
de sessenta e setenta, itens proibitivos em tempos xiitas de pregação
niilista, naquela década de oitenta.
Dessa
forma, nos tornamos rapidamente amigos e sem dúvida, as conversas que tivemos,
principalmente através das morosas viagens de ônibus onde ocupamos os assentos próximos,
representaram os poucos momentos agradáveis que eu guardo na memória sobre o
período dessa banda.
Tal
impressão favorável, motivou-me a procurá-lo, cerca de nove anos depois,
em 1997, para integrar o projeto de uma nova banda que eu estava
a criar, chamada: Sidharta (história inteiramente contada em capítulo
específico, nesta minha autobiografia), mas não deu certo, pois eu interpretara
mal essa situação de 1988 e anos depois, não fez sentido algum,
conforme está explicado na história daquela outra banda.
Independente
disso, Rapolli é um rapaz calmo, gentil e solícito, com o qual gostei de
ter contado nesse período difícil que foi esse de 1988/1989, na
trajetória curta d'A Chave/The Key.
Anos
depois, eu soube que ele estava a tocar em bandas cover pela noite paulistana, e
que firmara-se com um "Pink Floyd Cover", que tornou-se uma dessas bandas
tributo que primava pela perfeição em executar o repertório da banda
homenageada etc. e tal.
E também foi membro do "Big Balls", banda do guitarrista, Xando Zupo, e este com o qual eu tocaria no "Pedra", a partir de 2004.
Fábio Ribeiro
Desde
meados de 1986, eu ouvia menções elogiosas sobre um jovem tecladista que despontava no
cenário do Rock underground, chamado: Fábio Ribeiro.
Tais
comentários, inicialmente vinham da parte do meu amigo e roadie d'A Chave do Sol,
Eduardo Russomano, hoje saudoso e que o conhecia e admirava. Ao final
de 1987, Fábio foi convidado pelo Beto Cruz e fez uma participação
especial com A Chave do Sol, no Teatro Mambembe e caprichosamente, se configurou como o último show dessa banda, que dissolver-se-ia poucos dias depois graças a
um desentendimento entre os seus membros remanescentes: eu (Luiz
Domingues), Rubens Gióia e Beto Cruz.
Quando uma
nova banda foi criada emergencialmente para suprir a agenda d'A Chave do
Sol, recém implodida, Beto não teve dúvidas e convidou Fábio Ribeiro
para fazer parte.
Tecladista
com sólida formação teórica, gostava, e isso era raro naquela época, do
Rock Progressivo setentista, apesar de estar bem antenado nas
sonoridades modernas e oitentistas, também.
Muito técnico, era (é) um solista virtuose e piloto de vários sintetizadores, à moda antiga dos tecladistas setentistas clássicos.
Como
pessoa, ele é um rapaz muito educado, simples e isso foi naturalmente o fruto de ter sido
criado por pais extremamente bondosos, que inclusive eu já citei bastante
na história desta banda.
Muito
jovem, a se provar precoce como músico, versátil, muito técnico, com vasta bagagem teórica e virtuose
como solista, foi inevitável que chamasse muito a atenção e como consequência, recebesse
muitos convites.
Portanto,
ainda ao fazer parte de nossa banda, estava também envolvido com muitas
outras bandas de orientação Hard-Rock e Heavy-Metal, em gravou discos, tocou ao
vivo com tais artistas, na qualidade de um super solicitado side-man e manteve sempre uma banda autoral e sob
orientação progressiva e setentista, chamada: "Desequilíbrios", além de um
projeto solo e experimental, "Blezki Zatsaz".
Nos anos
1990 e 2000, ele foi membro de bandas como "Angra" e "Shaman" do mundo do Heavy
Metal e do "Violeta de Outono", além de abrir o seu estúdio particular.
Ele toca com
muita gente hoje em dia, é representante de várias marcas de teclados
internacionais no Brasil, além de ser um experiente professor de música e
programação de teclados/tecnologia.
Em 2003, eu acompanhei as gravações de bateria do Rolando Castello Junior, como membro da Patrulha do Espaço, ao fazer a respectiva guia para ele gravar em duas faixas, nas quais a nossa banda participou do disco solo do guitarrista, Xando Zupo, "Z-Sides", no estúdio do Fábio Ribeiro.
Falamo-nos pelas redes sociais da internet e devo-lhe uma visita, eu confesso, para um café no qual ele convida-me, há anos. Eduardo Ardanuy
Descoberto pelo Beto Cruz, Edu Ardanuy, chegou para essa nova banda, com fama de virtuose e de fato ele o era.
Tocava com uma técnica absurda e era obcecado por tocar muito mais ainda, ao estudar com muito afinco.
Circunspecto
e muito reservado, passou-me a impressão inicial de que era muito resoluto pela
busca da técnica e se essa não fora a minha visão da música e nunca será, ao menos
eu o respeitava em sua determinação e o admirava por ser focado no seu
objetivo, fator raro para um menino de vinte anos de idade, que geralmente
detém dificuldade para focar em uma meta.
Foi por
sua mentalidade que a banda pautou-se, doravante, e assim construiu a sua curta
carreira e isso não foi o que eu desejaria, certamente.
Mas claro
que eu lhe sou grato pela sua participação e se não foi a minha predileção
aquela sonoridade, isso não fora nem de longe por sua culpa, mas apenas a se denotar um
arranjo do acaso que uniu-nos ali naquela situação.
Não comunicávamo-nos muito nesse período em que trabalhamos juntos. O seu diálogo
mais direto era com o Beto e o Fábio, musical e socialmente a falar. Mas sempre
houve respeito mútuo e eu lhe agradeço por ter socorrido-nos naquele
momento inicial muito difícil e pela persistência, também.
Dentro do
mundo do Rock pesado e em específico das vertentes do Hard e Heavy
oitentistas-noventistas e sob a orientação virtuose, Edu é referência e
certamente é considerado um dos maiores guitarristas do mundo e isso é
extraordinário, é claro.
Ele é
reverenciado em publicações especializadas internacionais, citado por
guitarristas do nível de Steve Vai e tudo isso é muito merecido,
logicamente. Tocou por
muitos anos no super-trio: "Dr. Sin", uma das mais significativas bandas
brasileiras do mundo pesado e ultra técnico, além de muitos trabalhos
solo.
Tornou-se
um dos maiores professores do Brasil e recentemente abriu com os seus
irmãos, uma escola de música que é referência nesse mundo dos
apreciadores do Rock pesado e do virtuosismo, chamada: "Clã Ardanuy".
Apesar de
na época não termos ficado muito próximos, sei que ele tem boa índole e em
muitas ocasiões em que encontramo-nos em bastidores de shows, nos anos
1990 e 2000 em diante, Ardanuy sempre foi muito cordial e simpático comigo.
Beto Cruz
Considero o Beto Cruz como a força motriz dessa banda chamada: A Chave/The Key.
A sua determinação para achar uma solução quase mágica que pareceu impossível de ser encontrada, a salvar-nos, foi extraordinária no início desse processo.
Por agir
como um verdadeiro produtor executivo, ele não mediu esforços para criar uma
banda instantânea e fazer com que ela se tornasse apta a competir no
difícil mercado da música, em tempo recorde.
Sou-lhe
muito grato por todo o esforço empreendido, pela solidariedade, pela
garra, pela luta, pelos sacrifícios pessoais que teve, pela mão na
massa e tudo mais que eu puder elencar em termos de trabalho árduo e
obstinado.
Peço-lhe
desculpas se de minha parte, não correspondi na mesma intensidade, mas
creio que está bem explicado neste relato, o motivo das minhas
contrariedades e acentuada perda de energia no decorrer do processo, que
esvaíra-me as forças.
O seu prêmio
por esse esforço hercúleo é o disco que registrou tal momento e a
descoberta de valores artísticos que muito brilharam, brilham e
brilharão ainda, graças ao seu olhar arguto.
Sobre a sua
personalidade, o que fez depois dessa banda e faz atualmente em termos
artísticos, eu já descrevi ao final do capítulo sobre, A Chave do Sol,
portanto, é só consultar ali.
Está encerrada essa etapa da minha trajetória na música.
Agradeço
aos companheiros dessa jornada e mais uma vez peço-lhes desculpas por
ter sido excessivamente franco em relação às minhas impressões sobre o trabalho em si,
na minha ótica e gosto pessoal e reitero, nenhuma contrariedade de
minha parte tem caráter pessoal contra quem quer que seja, e pelo
contrário, sou grato a todos pelo companheirismo, em uma etapa que foi
muito difícil particularmente na minha carreira.
De todos
os capítulos que eu escrevi para compor a minha autobiografia na música, este foi sem
dúvida o mais difícil, pela complexidade de escrever e não deixar margem
de dúvida a alimentar melindres para ninguém envolvido, seja o Beto
Cruz, os membros dessa banda nova que se formou e tampouco em relação ao Rubens Gióia, no tocante à dissolução d'A Chave do Sol.
Espero sinceramente que todos entendam as colocações com a máxima clareza. E agradeço
também aos fãs do trabalho, que não são muitos, devido às
circunstâncias que essa banda enfrentou e pela maneira pela qual expressou-se,
artisticamente.
Para
efeito de cronologia desta minha autobiografia, daqui em diante, vem a
história do Pitbulls on Crack, iniciada em janeiro de 1992, contudo, do
período em que saí desta banda, 1989, até o início da minha história com o Pitbulls on Crack, há muitas histórias a respeito de projetos e tentativas de formação de bandas autorais, além de
trabalhos alternativos em que eu participei e que estão relatados nos capítulos dos
"Trabalhos Avulsos". Basta consultar ou reler, por ali.
Deixo, um agradecimento ao saudoso, Theo Godinho, pela força inicial nos dois primeiros shows emergenciais de 1988!
Muito obrigado aos amigos Fábio Ribeiro,Eduardo Ardanuy e José Luiz Rapolli!
Muito obrigado, Beto Cruz, por absolutamente tudo o que envolveu essa banda!
Grato, A Chave/The Key, pelo esforço de tentar manter uma chama viva!
Muito obrigado, amigo leitor, por ter acompanhado esta etapa da minha autobiografia na música!