Após a participação no programa: "Brazucas do Rock" e um show no Santa Sede Rock Bar, no mês de abril de 2016, nos reunimos novamente em maio, para apresentações ao vivo, mas além disso, já havia uma predisposição para a gravação de um novo álbum para aumentar a discografia d'Os Kurandeiros, e desta feita, seria a minha primeira participação em um disco oficial dessa banda, a excetuar-se a gravação e lançamento de um single em 2012 ("Sliding in the Stratosphere"), de forma virtual, através de um promo especialmente realizado para o YouTube.
Portanto, claro que animei-me com tal
perspectiva para enfim deixar uma marca eterna na discografia dessa banda
por onde eu atuava desde 2011, e também, acrescentar mais um título para a
minha discografia geral e pessoal.
E como os consumidores/fãs do trabalho gostam dos produtos, sobretudo as camisetas... posso atestar tal sucesso desse tipo de recurso mercadológico.
Nesses ínterim, o próximo show ocorreu na "Casa Amarela", da cidade de Osasco-SP, um espaço onde já havíamos apresentado-nos muitas vezes, desde 2014. Com um público razoável, fizemos o nosso show e nessa época, apesar de minha recuperação da terceira cirurgia pela qual havia submetido-me, estar sendo muitíssimo mais branda, em relação à recuperação das duas primeiras cirurgias que fiz em 2015, digo que em maio de 2016, ainda era bem recente a intervenção e portanto, havia um incômodo, e sobretudo o impedimento para carregar peso.
Diante de tal prerrogativa, executar
sets longos no palco, a segurar o baixo, tocar e fazer uma
performance, ainda que muito discreta, não era recomendável e digo com
pesar, que essa condição perdurou durante muitos meses a posteriori.
Apesar dos incômodos, claro que estava contente em atuar ao vivo com a banda, ter o convívio com os colegas e receber amigos e fãs. E por falar em amigos, recordo-me que tivemos o prazer da presença do ótimo guitarrista, Jessé "Blindog", um Rocker autêntico e extremamente gentil, típico colega daqueles que, reconforta-nos saber que engrossam as nossas fileiras, nas trincheiras em torno de nossos ideais.
O próximo compromisso ocorreria na Feira da Pompeia, ainda no mês de maio de 2016, e desta feita, com a banda reforçada pelos seus membros sazonais (e sempre bem-vindos), e com tudo a revelar-se muito agradável na fria tarde de outono paulistana, todavia, quente no palco...
Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, Kim Kehl, Jessé "Blindog", eu (Luiz Domingues) e o proprietário da "Casa Amarela" de Osasco-SP, o popular "Cabelo". 7 de maio de 2016. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
A próxima atividade d'Os Kurandeiros estava marcada ainda para maio de 2016. A participação na tradicional Feira da Vila Pompeia, que nesse ano celebraria a sua 29ª edição, não era nenhuma novidade para a banda.
Pelo
contrário, na história d'Os Kurandeiros, somavam-se diversas
participações e no que concerne-me diretamente, participei na edição de
2013, como componente, mas também já havia tocado com outros trabalhos
anteriores na minha carreira, no caso com a Patrulha do Espaço em 2001, e
com o Pedra em 2006 & 2008.
A
experiência com Os Kurandeiros, em 2013, não havia sido boa, no entanto,
conforme já relatei em capítulo anterior, ao acompanhar a cronologia dos
fatos. Por vários desmandos da parte da produção, havia perpetrado
situações à nossa revelia, como por exemplo a inclusão súbita de um
grupo folclórico oriundo da Turquia, a gastar o tempo da nossa apresentação,
além do equipamento ruim e sobretudo a sua operação, por ter sido um desastre
nesse dia.
Dessa forma, quando o Kim comunicou-me que desta feita
estávamos escalados para o "Palco Rock", sabia de antemão que as
condições seriam melhores, incluso a presença de uma multidão na
audiência, uma tradição nesse palco da Feira, mas por outro lado, temi
pela inevitável sessão de maus tratos da parte de técnicos e produtores
estressados, também uma constante nesse específico palco.
Contudo, meus temores recônditos não confirmaram-se, pois tudo deu certo nesse show. Organização e pontualidade respeitadas; som com boa qualidade de PA e backline, e também bem operado pelos técnicos terceirizados pela Feira; compartilhamento com bandas amigas e significativas da cena Rock paulistana em voga (o bom "8080", dos amigos Chico e Claudio, tocou antes de nós e de forma super agradável, diga-se de passagem.
Flagrantes d'Os Kurandeiros na Feira da Pompeia em 15 de maio de 2016. Primeira foto: O trio "núcleo duro" da banda: eu (Luiz Domingues), Kim Kehl & Carlinhos Machado. Click, acervo e cortesia: Carlota Carlotinha. Segunda foto: Carlinhos Machado & Renata "Tata" Martinelli. Click, acervo e cortesia: Julio Cesar Andrade. Terceira foto: Kim Kehl em destaque. Click, acervo e cortesia: Leandro Almeida
Mais que uma junção feliz da banda com o equipamento bom e sendo bem operado, o fato da banda atuar como sexteto, a contar com os membros honorários e sazonais, evidentemente "encorpou" o som, sobremaneira. Phil Rendeiro é um bom guitarrista, e que tem o repertório base d'Os Kurandeiros na ponta da língua, portanto, quando ele toca, a base harmônica fica toda sedimentada para o Kim apenas preocupar-se em solar, além dele, Phil, cumprir um backing vocals, igualmente competente.
O
competente guitarrista, Phil Rendeiro, em ação com Os Kurandeiros.
Feira da Vila Pompeia, 15 de maio de 2017. Click, acervo e cortesia: Juja Kehl
Sobre
o Nelson Ferraresso, já falei várias vezes o quanto admiro-o pela sua
categoria e bom gosto, como tecladista. Além de ser um sujeito excepcional, é
sempre um enorme prazer quando ele toca conosco e infelizmente isso é
raro, dada a vida atribulada que tem como empresário, isso sem contar que
sua empresa além de ser dinâmica no mercado, tem como campo de atuação,
uma agenda nobre, pois fabrica artefatos de apoio para a sustentação de
crianças com dificuldades motoras e/ou paralisia cerebral, portanto,
graças aos seus esforços, muitas crianças tem a chance de melhorar a
condição de vida, o que eu acho magnífico enquanto ação de alta
cidadania consciente.
Como músico, Nelson é extremamente competente e
tem tantas participações como músico convidado em discos de diversos
artistas de várias vertentes do Rock; Blues; Pop & Reggae, que seu
currículo impressiona, mediante uma discografia gigantesca.
E com a voz da incrível, Renata "Tata" Martinelli, tudo fica mais intenso, sempre. Dona de uma voz potente e muito afinada, além de seu carisma e presença de palco, isso por si só já bastaria, mas a "Tata" é também uma amiga daquelas, cujo convívio e prosa agradável, sempre queremos ter por perto.
Renata "Tata" Martinelli, a atuar com Os Kurandeiros, na Feira da Vila Pompeia, em 15 de maio de 2017. Click, acervo e cortesia: Juja Kehl.
Mas houve um elemento a mais nessa apresentação dos Kurandeiros, na 29ª
edição da Feira da Vila Pompeia e que só tratou em coroar a jornada
feliz da banda, ao tratar-se da presença de um bom público e muito
melhor, a estabelecer uma sincronicidade excelente. Com o público
a responder com energia, a performance foi muito agradável, sem dúvida
alguma.
Eis abaixo um especial com os melhores momentos dessa
apresentação, sob uma filmagem do casal de fotógrafos e film-makers,
Bolívia & Cátia:
https://www.youtube.com/watch?v=waKc9sGtA08
Satisfeitos pela tarde Rock agradável na Vila Pompeia, a banda tinha agendado para breve, mais uma apresentação na casa de espetáculos, Santa Sede Rock Bar, mas a conversação sobre a iminência em gravar um novo disco, estava a dominar a atenção. Nessa altura, já era certo tratar-se de um "EP" com três músicas novas que o Kim havia composto e que enviou-nos por E-mail para ouvirmos e fazermos cada um, o seu arranjo pessoal.
Respectivamente: Carlinhos Machado, Kim Kehl & eu (Luiz Domingues). Os Kurandeiros na Feira da Vila Pompeia, em 15 de maio de 2016. Clicks, acervo e cortesia: Juja Kehl
Fernando
Ceah na linha de frente, a cantar com Os Kurandeiros. Show d'Os
Kurandeiros no Espaço Cultural Gambalaia de Santo André-SP, em 15 de
agosto de 2014. Click, acervo e cortesia: Vanessa Anchieta
Encravado
em um quadrante estratégico entre o centro de São Paulo, e já a apontar
para os primeiros bairros da zona oeste, tais como : Santa Cecília,
Higienópolis, Pacaembu, Campos Elísios, Barra Funda e Perdizes, a sua
localização excelente, com estação de metrô muito próxima, fazia dele,
bastante usado por artistas de diversas searas da música brasileira.
De
bandas de Rock a veteranos da velha guarda da MPB (Cauby Peixoto, Angela Maria, Nelson Gonçalves etc), o fato é que tal
estúdio tinha a sua tradição. Portanto, além de tudo, pelo fato da amizade
com Fernando Ceah e também pela passagem do próprio, Kim Kehl, como
ex-membro do "Vento Motivo", em passado próximo, tal conjunção de fatores fez com que a
ambientação do Curumim fosse muito familiar aos Kurandeiros, o que
certamente contribuiria para o melhor andamento do trabalho, possível.
E foi o que ocorreu, com a receptividade calorosa de Ceah em seu estabelecimento e com sua própria atuação como "tape operator" na captura inicial da base que ali gravaríamos. A ideia foi realizar uma gravação otimizada, com o power trio primordial a tocar ao vivo. Sob tal predisposição, creio já ter explanado a minha opinião em capítulos anteriores (principalmente a enfocar outras bandas por onde atuei no passado), sobre o que penso dessa metodologia de gravação. Só para resumir rapidamente, não é a minha predileção. Sei que o argumento a favor versa sobre a autenticidade da volúpia ao vivo capturada por uma banda e isso é positivo, não nego, mas particularmente, prefiro a estratégia mais convencional, do "um por vez", com a bateria a ser gravada inicialmente, aí sim com suporte de guia ao vivo, mas todos os demais instrumentos a posteriori, com a bateria oficial gravada, e a guia a servir como base, sendo substituída por cada novo instrumento gravado oficialmente.
Show d'Os Kurandeiros na Casa Amarela de Osasco-SP. 7 de maio de 2016. Click, acervo e cortesia: Maurício Marcondes Santos
Entretanto,
sei que a verba que Os Kurandeiros dispunham era modesta e claro, gravar
a base ao mesmo tempo tornou-se premente, e não seria a primeira vez
que eu gravaria um disco sob tais circunstâncias.
Outro aspecto, se por um lado era temerário para uma banda que não costumava ensaiar, usar tal prerrogativa de gravação, por outro lado, sendo uma banda com constante atuação ao vivo e mais do que acostumada a interagir e improvisar sem receios, não havia nada a temer, por conseguinte...
Não deu outra, passado o rápido preâmbulo de captura dos timbres primordiais de cada instrumentista, Kim, Carlinhos e eu (Luiz), colocamo-nos a disposição de Fernando Ceah para o início dos trabalhos. Um ponto que poderia desestabilizar-nos, seria a falta de comunicação visual melhor com o Carlinhos Machado, devido ao fato da sala por ele usada estar longe visualmente da técnica e tal contato apenas ser possível em ser estabelecido, mediante a imagem do baterista por um monitor de TV.
Mas nem esse fator limitante foi capaz de atrapalhar a nossa performance, pois na realidade, gravamos as três canções com poucas tomadas, de tão seguro que foi. Portanto, bateria, baixo, bases de guitarra e até alguns solos e contra solos, foram gravados nessa tarde, sob uma rapidez que surpreendeu a todos.
Esperávamos uma gravação tranquila, mas o resultado
final mostrou-nos algo além de nossas mais otimistas previsões, pois
chegáramos ao estúdio por volta das quinze horas, e passara um pouco das dezenove horas, quando eu já estava no trânsito, a caminho da minha residência.
Foto
a capturar o final dos trabalhos no estúdio Curumim, de São Paulo, na
sessão inicial de gravação da base com as três canções do EP Seja Feliz.
Da esquerda para a direita, na sala da técnica: Carlinhos Machado,
Fernando Ceah, Kim Kehl e eu (Luiz Domingues). 28 de julho de 2016. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click:
Lara Pap
Gravamos
três canções compostas pelo Kim, com estilos e intenções diferentes, uma
das outras. A primeira, "A Noite Inteira", foi uma canção fortemente
influenciada pelo Blues Rock, com elementos Glitter, bem ao sabor
setentista. É como se o "Humble Pie" soasse como o "Mott the Hoople" (ou
vice-versa), para que o leitor familiarizado com sonoridades daquela
década possa identificar.
A segunda, "Faz Frio" tem forte inspiração no Pop sessenta / setentista. A olho nu (ouvido, na verdade...), parece uma canção sessentista do Burt Bacharach, mas no desenvolvimento do arranjo e entrada dos teclados de Nelson Ferraresso, a canção tratou por ganhar uma outra dimensão, a parecer-se muito com as baladas setentistas dos discos dos Rolling Stones nessa década, notadamente no final da "Era Mick Taylor" e início da "Era Ron Wood".
E a terceira canção, não há dúvida, o Kim quis trazer a atmosfera do Acid-Rock sessentista de Jimi Hendrix, com brutal carga de Blues-Rock pesado, a tratar-se de: "Filho do Vodu". Esmiuçarei mais as canções em capítulo próximo, quando abordar o lançamento do disco em si.
Eis a primeira peça publicitária
oficial, a dar conta do começo dos trabalhos, e a conter cenas da
gravação da base das três canções do EP, capturadas em 28 de julho de
2016
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=KkvDb6b8ik8
Segundo vídeo promocional lançado pelos
Kurandeiros desta feita ao fazer uma rápida inspeção no estúdio Curumim,
durante a sessão de teclados do Nelson Ferraresso, e a mostrá-lo
a gravar a canção: "Faz Frio". Agosto de 2016
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=vGiXPblJsYA
No terceiro vídeo, em nova abordagem dos bastidores
da produção do EP Seja Feliz d'Os Kurandeiros, um apanhado, ainda que
bem curto, sobre a sessão da vocalista, Renata "Tata" Martinelli,
a gravar a sua bela voz em: "A Noite Inteira". Agosto de 2016
Eis o Link para assistir no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=Fk9u4AxwCqU
Quarto vídeo a mostrar a gravação do
álbum "Seja Feliz", dos Kurandeiros em 2016. Desta feira, a cobertura da
gravação do músico convidado, o excelente percussionista, Marco
Soledade "Pepito", ao colocar muito swing na faixa: "Filho do Vodu".
Agosto de 2016
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=7XHpsGi6SaU
Um vídeo a estabelecer um resumo dos trabalhos desde a gravação da base, até a voz. Setembro de 2016
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=pDKXA9F8mYE
Eis o Link para assistir no Tou Tube : https://www.youtube.com/watch?v=68eQ7JaQYWM
Com o disco pronto no estúdio, o anúncio de que em breve estaria disponível para venda. Outubro de 2016
Eis o Link para assistir no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=r_imQ7256xI
E assim
foi, com muita eficácia e alegria que consumou-se como uma produção simples,
mas que no cômputo geral, revelou-se bastante interessante e ouso dizer,
sofisticada, pelo ponto de vista artístico, por inúmeros aspectos.
Primeiro pela versatilidade das canções, a mostrar algumas das múltiplas
facetas que Os Kurandeiros apresentavam normalmente em seus shows pela
noite, ao transitar por muitos estilos e escolas do Blues; Black Music em
geral e Rock, principalmente, mas com cada item desses troncos citados,
a representar ainda mais possibilidades em desdobramentos
incalculáveis. Segundo, pela riqueza que cada instrumentista, incluso os
convidados, trouxe para cada canção. Terceiro pela qualidade do áudio e
proposta com timbres vintage e quarto, sendo uma banda extremamente
objetiva no estúdio, ao não ofertar margem a postergações intermináveis e
mesmo assim, a mostrar qualidade no produto final.
Sobre o disco em si, e a análise das faixas e produção em geral, falo adiante, com maior apuro.
Produção do disco em estúdio, encerrada, no tocante a parte visual / gráfica, seguiu-se o mesmo padrão de extrema praticidade, com uma capa sóbria, porém bela, a ostentar um vistoso logotipo em tons avermelhados, criada pelo grande ilustrador / desenhista e design gráfico, Johnny Adriani.
Tal artista já havia feito essa ilustração, tempos antes, portanto o Kim só resgatou uma arte que já dispunha e estava arquivada, ao aguardar oportunidade em ser aproveitada. E a hora de utilizá-la chegou enfim, e posso afirmar sem dúvida alguma que encaixou-se como uma luva ao espírito desse novo álbum d'Os Kurandeiros.
Eu já havia tido trabalhos
meus ilustrados pelo Johnny Adriani, antes, inclusive capa de disco, no
caso, o CD "Chronophagia", da Patrulha do Espaço, lançado no ano 2000. E
agora mais uma vez teria o prazer de ter uma bela obra assinada por esse
incrível ilustrador.
EP Seja Feliz - Os Kurandeiros
Gravado no Estúdio Curumim de São Paulo-SP/24 canais/Gravação Digital - entre julho e agosto de 2016
Técnico de Som e Produtor de estúdio: Fernando Ceah
Mixado e masterizado no estúdio Foka de São Paulo SP - entre setembro e outubro de 2016
Técnico de Mixagem, masterização e produção de estúdio: Carlos Perren
Capa: arte e criação de Johnny Adriani
Foto: Juja Kehl
Arte final de capa & contracapa: Kim Kehl
Assistência: Lara Pap
Produção geral: Kim Kehl
Faixas :
1) A Noite Inteira (Kim Kehl)
2) Faz Frio (Kim Kehl)
3) O Filho do Vodu (Kim Kehl)
Formação da banda nesse álbum :
Kim Kehl : Guitarra, Voz e Violões
Carlinhos Machado : Bateria
Luiz Domingues: Baixo
Nelson Ferraresso: Teclados
Renata "Tata" Martinelli: Voz
Músicos convidados:
Marcos Soledade "Pepito": Percussão nas três faixas
Carlos Perren: Trompa em "Faz Frio"
"A Noite Inteira" (Kim Kehl)
O solo de guitarra do Kim é melódico e lembra muito o som do Mick Ronson, tanto nas resoluções, quanto no timbre.
Sobre o baixo, usei Fender Precision e ele soa mais comedido que o normal. Não é o registro mais agressivo, com estalo metálico que eu mais uso, mas ele ronca em alguns trechos da canção, não resta dúvida.
Sobre a proposta da letra, a explicação do Kim quando mostrou-nos a canção, foi tão convincente que tirou a possibilidade de qualquer contra argumentação em contrário. Ora, você leitor, se gosta de Blues-Rock, Southern Rock, Acid Rock & afins, tem ideia de quantas músicas clássicas desses gêneros tem esse mesmo teor na temática?
Após o
início das gravações do EP Seja Feliz, ao final de julho de 2016, a
banda naturalmente imbuiu-se dessa missão com grande entusiasmo.
Todavia, por ser uma banda ativa em termos de agenda e mesmo em meio a uma
crise institucional sem fim no Brasil, driblou assim a escassez de
oportunidades que acometia a todos os setores da vida artística e
cultural em geral (fato concreto, em tempos de crise, o primeiro setor
da sociedade que sente o recrudescimento da recessão econômica é o
ligado a cultura, quando a mentalidade reinante é cortar compra de
livros, discos e idas ao cinema, teatro e shows musicais...), Os
Kurandeiros comemoravam o fato de que mesmo a sentir na pele os efeitos
da diminuição de oportunidades generalizada, no caso, ainda assim, elas
apareciam para a banda. Ótimo,
vamos em frente, então, mesmo quando as oportunidades que surgissem, não
fossem exatamente dentro de nossos anseios.
Foi o que ocorreu em 19 de
agosto de 2016, quando a banda teve apresentação agendada em um curioso
espaço cultural, encravado em um ótimo ponto de um bairro nobre da zona
sul de São Paulo, mas mesmo assim, diante de tal localização
privilegiada, ostentava uma estrutura absolutamente underground, mais
a parecer-se com espaços decadentes do centro da cidade, reutilizados como
equipamentos culturais "modernosos" e a usar a crueza das suas
instalações precárias como um tipo de trunfo cultural ao passar a ideia
de uma espécie de "élan avantgarde".
Espaços assim geridos por jovens cuja identidade cultural apontam para tendências preocupadas (muitas vezes obcecadas), em apontar para o "futuro", geralmente esbarram em idiossincrasias que muito fazem com que eu recorde-me da mentalidade Pós Punk que dominou a cena oitentista. O aspecto da rudeza desoladora, com ares pós apocalípticos, era uma constante naquela década e a decadência dos escombros, tratada como um cenário ideal para fomentar tais ideais dessa gente, e claro que minha formação cultural ou melhor a exprimir, contracultural, sempre apontou para o inverso disso tudo.
Nos anos 1990,
mesmo não fechados mais com o Pós-Punk, explicitamente, muitos jovens
flertaram com a continuidade (ou continuísmo, como queira), dessa
mentalidade e isso refletira-se em dúzias de casas noturnas espalhadas
por São Paulo e sobretudo como paradigma monolítico de quase todas as
bandas de Rock da cena underground paulistana e com a qual convivi muito
no meu tempo a bordo do Pitbulls on Crack.
Pois foi exatamente o que eu senti quando adentrei as dependências do espaço onde tocaríamos, denominado, "Feeling Music Bar", um misto de sala de ensaios para bandas / salas de aulas de música e espaço cultural para apresentações musicais. Suas dependências rústicas e multiuso lembraram-me o espaço que a revista Dynamite manteve ao final dos anos oitenta e início dos noventa, na Rua Dr. Vila Nova, pelas mesmas características.
Gerenciado por gente jovem e certamente antenada na movimentação cultural contemporânea de segunda década de século XXI, posso afirmar que a orientação ali era a do "Indie Rock", e claro que absolutamente coadunada na realidade com a qual o Rock daquela atualidade investia-se em seu micro nicho da atualidade, no panorama artístico brasileiro, ou seja, sob uma Era de absoluto sucateamento do espaço para a cena fora do mainstream, dita "independente", o que considerava-se "Rock" naquele momento, remontava aos pequenos nichos destinados ao Indie Rock e o Heavy-Metal.
Sob uma terceira via, ainda de menor expressão, saudosistas de
sonoridades do passado, e não necessariamente fechadas em apreciadores
das estéticas sessenta-setentistas, mas a dividir espaço com oitentistas
e noventistas ou seja, para artistas como nós, o micro espaço disponível ficara
restrito aos jurássicos dos jurássicos... por isso também, uma banda
como Os Kurandeiros merece a menção honrosa, pois manteve-se com vida
ativa e mais que isso, sob alta rotatividade, ao levar-se em consideração
todas as condições adversas, acima mencionadas.
Mas ao falar sobre o espaço citado, além das precariedades inerentes, a mentalidade da casa em programar shows coletivos, como se fossem mini festivais, com muitas bandas absolutamente desconhecidas, a arregimentar uma programação "obscura do obscura do underground", precisa ser analisada sob dois aspectos, um bom e outro mau. O lado bom, é que em uma época tão árida, uma casa que propunha-se a abrir espaço para bandas dessa natureza, merecia aplauso, pois a despeito de qualquer adversidade, onde essas bandas de garotos iriam apresentar-se e dar seus primeiros passos?
Antigamente
havia uma profusão de oportunidades para artistas iniciantes, a começar
pelos festivais colegiais, incluso nas redes públicas, estadual e
municipal. Lembro com carinho, inclusive, de que minha primeira banda
nos anos setenta ("Boca do Céu", com história inteiramente relatada no
início deste texto autobiográfico e à disposição neste Blog), teve duas oportunidades dessa monta
e foi o seu grande "debut", enquanto banda; da minha carreira em
particular e para os companheiros de então, incluso o hoje renomado,
Laert Sarrumor. Mas nos tempos mais atuais, isso não ocorria mais, portanto,
parabéns ao "Feeling Music Bar" por ter tido essa predisposição.
Sobre as outras bandas, eram todas completamente desconhecidas e achei engraçado quando um rapaz da produção citou-as para nós, como se fossem reconhecidas por um grande público. Talvez em um circuito obscuro do qual nem consigo conceber, tivessem os seus seguidores, tomara que sim, mas realmente, nunca havia ouvido falar de nenhuma sequer e apesar dos pesares, eu costumo ter uma noção do que ocorre na cena underground pelos contatos que tenho em diversos setores da música, incluso amizade com jornalistas bem informados sobre os seus subterrâneos, mas o fato de não fazer nem ideia de quem eram aquelas bandas, realmente espantou-me. Bem, boa sorte para todos que ali apresentaram-se e que sonham com o êxito na vida artística.
Sobre o som dessa garotada, algumas eram formadas por bons músicos, devo reconhecer pelo que vi e ouvi, mas a orientação da maioria era pelo Heavy Metal ou pelo Indie Rock, portanto, não despertou nenhuma comoção da minha parte. Somente um duo acústico, formado por dois violonistas com tendência "Folk", agradou-me mais pela obviedade de ser algo mais palatável à minha formação musical. Mas por não ter anotado os nomes de todos para a minha ficha pessoal do show, não recordo-me quem foram, para cita-los, agora.
Um resumo do show que fizemos no Feeling Music Bar, em 19 de agosto de 2016
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=diOTpVKM-Cs
Passada
essa apresentação todos os esforços foram concentrados no arremate da
produção do novo álbum e de fato, ele logo finalizou-se e apresentou-se
para lançamento. Nesse ínterim uma casa tradicional da zona leste de São
Paulo, sinalizou com a ideia de um projeto para Os Kurandeiros. Falo
disso a seguir.
Recebemos então o convite do salão: "Fofinho Rock Bar" (talvez o mais antigo salão destinado ao Rock em São Paulo, em contínua atividade, a remontar a sua inauguração ao remoto ano de 1971), para um projeto fixo, e do qual Os Kurandeiros já tinham experiência pregressa.
Explico: o fato, é que a
proposta ventilada pelo estabelecimento seria a de que fôssemos atração
fixa da casa, para uma serie de shows, em princípio, com periodicidade mensal,
e a cada edição, que nós convidássemos outra banda para fazer uma
participação especial.
Os
Kurandeiros em ação no Fofinho Rock Bar, de São Paulo, na primeira
edição do Projeto "Sunday Rock", dia 16 de outubro de 2016. Clicks,
acervo e cortesia de Alê Machado
Ora,
havíamos criado a Magnólia Blues Band como banda derivada d'Os
Kurandeiros, no ano de 2014, com a mesma prerrogativa, em moldes
ligeiramente diferentes, pois a ideia ali fora a de realizar shows
semanais na casa de espetáculos, Magnólia Villa Bar, e a convidar
artistas individualmente a tocar conosco a cada semana, e em princípio
oriundos do universo do Blues.
Já no início de 2016, Os Kurandeiros
também protagonizaram projeto semelhante e desta feita ainda mais
parecido de fato, sendo banda fixa do "Templo Club" (experiência já
relatada em capítulos anteriores), e também a ter a incumbência em
convidar artistas a participar conosco, em um projeto denominado: "Sunday
Blues". Agora, o Fofinho sinalizava com projeto idêntico, mas com uma
diferença básica: sendo uma banda convidada a cada edição, e a perfazer
dois shows.
Mais fotos dos Kurandeiros no Fofinho Rock Bar, de São Paulo, em 16 de outubro de 2016. Clicks, acervo e cortesia: Jani Santana Morales
Não fora
exatamente uma novidade para nós, e pelo contrário, sabíamos o caminho
a ser percorrido nesse tipo de projeto, portanto, aceitamos, mas sem elaborar
grande ilusão sobre tal, pois matinê dominical nos tempos então atuais,
com bandas de Rock clássico, não seria certamente fácil para manter-se com
o sucesso desejado etc. e tal.
Mas fomos
com predisposição para enfrentar o desafio e na primeira edição convidamos a boa
banda, "Cobra Criada", que tem uma história no circuito paulistano,
tendo sido banda de abertura do "Golpe de Estado" por muitos anos e por
ter em suas fileiras músicos conhecidos nossos e com bom nível técnico e
amizade conosco, caso do baterista, Binho "Batera" (também integrante do
"Vento Motivo"), além de contar com um histórico de apresentações sazonais na condição
de baterista "sub", d'Os Kurandeiros, ao ajudar-nos em algumas ocasiões
nas quais o nosso baterista, Carlinhos Machado, teve problemas pessoais e não
pode estar presente.
Os
Kurandeiros em ação no Fofinho Rock Bar, de São Paulo, na primeira
edição do Projeto "Sunday Rock", dia 16 de outubro de 2016. Clicks,
acervo e cortesia de Alê Machado, com ele em pessoa sentado conosco, na
mesa (última foto), sendo o segundo da esquerda para a direita, a usar
camiseta amarela com estampa a retratar o Jimi Hendrix. Última foto, com click de Jani Santana Morales
Sobre o
Fofinho, já havia apresentado-me ali algumas vezes. Nos anos oitenta com
A Chave do Sol e no ano de 1999, com a Patrulha do Espaço, sendo esse
show histórico, por ter marcado a estreia da nossa formação
"Chronophágica". Mas desta vez, não usaríamos o palco principal, situado
no salão do andar superior, mas um mini palco "lounge", no patamar térreo da casa.
Certo, Os Kurandeiros estavam acostumados a tocar em palcos mais comedidos e de fato, não seria problema, inicialmente para nós. Mas se por um lado a predisposição da casa em não abrir mão de sua matinê de música mecânica no andar superior, foi previsível, ao considerar-se sua forma habitual em trabalhar, por outro, o que não contávamos agora seria com o fato de que além de não haver vedação entre os dois salões, em nenhum momento a casa desistiria de manter a sua longa sessão dominical em atividade contínua e geralmente dominada por um repertório calcado no Heavy Metal internacional.
Portanto, por levar-se em consideração que o PA desse salão era dotado de porte grande, com enorme pressão sonora, a perspectiva de tocarmos embaixo, com um outro PA (nós a tocarmos o nosso set normal e acima, o som mecânico a executar Heavy Metal, concomitantemente), foi no mínimo, algo bizarro.
Pior que isso, a concorrência sonora ia além do
incômodo sonoro atordoante, mas atrapalharia decisivamente a nossa
performance, mesmo a observar que no nosso palco, a casa
disponibilizaria um PA bastante fidedigno.
Os
Kurandeiros em ação no Fofinho Rock Bar, de São Paulo, na primeira
edição do Projeto "Sunday Rock", dia 16 de outubro de 2016. Clicks,
acervo e cortesia de Alê Machado
Mas houve
outra agravante... na frente do estabelecimento, em comunicação com a
rua, no caso a Avenida Celso Garcia, eles tinham em anexo, um botequim
próprio, também alimentado por um P.A. com potência forte e ali, um DJ
comandava uma sessão de Classic Rock e MPB setentista.
Se por um lado o repertório ali executado era agradabilíssimo, como se estivéssemos a escolher discos de nossas respectivas coleções particulares, apesar disso, naquele volume ensurdecedor e também na determinação em não parar das 16 às 23 horas, o panorama para as nossas apresentações seria estranho ao extremo, com a nossa performance a concorrer com outros dois PA's simultâneos e ensurdecedores.
Valeria a pena, arriscar algo tão
insalubre? Bem, por sermos tratados com bastante simpatia pelos mandatários
da casa e estes a mostrar-se animados com o projeto, e a não enxergar
problemas nas condições que elenquei anteriormente, imbuímo-nos de coragem e
fomos resolutos para a primeira edição.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=DKkem6azthY
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=o2PY4WduqBY
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=6a4XXDLf_K0
"Os Brutos Também Amam" no Fofinho Rock Bar, em 16 de outubro de 2016
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=HVrNtehpuCU
Mas antes
de nós, o "Cobra Criada" fez o seu show, a mesclar algumas canções
autorais com diversos covers do Rock nacional e internacional, em boas
interpretações. Ao vê-los tocar, gostamos muito da performance, contudo, a
guerra de PA's ali dentro do estabelecimento, realmente prejudicava
muito a boa condução do espetáculo, é óbvio, fora o fato de não haver
nenhuma torre de iluminação, mínima que fosse, ao fazer com que a banda
tocasse sob luz de serviço e claro que foi um mais um fator a atrapalhar
a performance.
Foi quando chegou a nossa vez e nessa primeira
oportunidade, a nossa apresentação evitou releituras de clássicos e
calcou-se no show autoral. Apesar de todas as dificuldades já esperadas e
que confirmaram-se assim que iniciamos o nosso show, fizemos o espetáculo
com o melhor que pudemos oferecer ali e foi surpreendente, pois mesmo
sendo massacrados por verdadeiras serras elétricas travestidas como guitarras e vocais esganiçados das bandas de Heavy-Metal, vindas do
patamar de cima, e atrapalhados pelo Robert Plant e Zé Ramalho, entre
outros, que cantaram bem alto no patamar abaixo virado para a Avenida
Celso Garcia, muitas pessoas apareceram para assistir, dançar &
cantar, e mesmo porque, se em cima o público "headbanger" não
interessava-se em descer para assistir e ouvir-nos, a clientela que preferia
ficar a escutar Rock e MPB setentista, abaixo, certamente haveria por
identificar-se com a nossa postura e proposta sonora. Foi assim na
primeira edição, ainda que não agraciada com uma enorme multidão, mas
apesar dos pesares, foi animador.
Os
Kurandeiros a posar informalmente no Fofinho Rock Bar, de São Paulo, na
primeira
edição do Projeto "Sunday Rock", dia 16 de outubro de 2016. Da esquerda
para a direita: Carlinhos Machado, eu (Luiz Domingues) & Kim Kehl.
Click,
acervo e cortesia de Jani Santana Morales
Um
verdadeiro show em regime de "guerrilha", como diz-se no jargão dos
músicos, a designar apresentações feitas sob condições inóspitas, e ao
tratar-se d'Os Kurandeiros que é uma banda que não tem vaidades e / ou
estrelismos, acho que nem sentimos muito a aspereza da guerra, através das
trincheiras... para incomodar-nos para valer, a saraivada de tiros,
granadas & gás mostarda não basta... ocorreu em 16 de outubro de
2016, e é difícil mensurar o público presente corretamente, pois as
atrações eram diferentes ali.
Digamos que ali no salão onde tocamos e
sem considerar os hippies do botequim externo e os metaleiros do patamar
acima, creio que cerca de trinta e cinco pessoas aglomeraram-se a nossa frente, em
momentos de pico do nosso show. Em termos de continuidade do Projeto
"Sunday Rock", dessa forma, a pular o mês de novembro, uma nova data foi
marcada para dezembro, e da qual falo na cronologia adequada.
Nesse mini festival da emissora, tocaram outras bandas e ali o ambiente foi 100% familiar para nós, com bandas amigas e da qual apreciávamos os seus respectivos trabalhos. Casos do "Vento Motivo" e "8080", das quais inclusive já tive o prazer de elaborar resenhas de seus respectivos discos, em meu Blog nº 1.
Mais
fotos d'Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, a comemorar o 8º
aniversário da webradio, Stay Rock Brazil. 30 de outubro de 2016. Clicks, acervo e cortesia: João Pirovic
E também a
agradável apresentação do
"Delinquentes de Saturno", um simpático combo derivado do "Apokalypsis",
igualmente liderado pelo veterano Rocker aquariano, Zé Brasil, e
a apresentar um
surpreendente repertório com forte dose de experimentalismo "Prog", a lembrar
muito a escola do "Krautrock" setentista.
Isso reforçou-se em muito
pela presença do baixista superb, Gabriel Costa, a atuar com tal banda. Ele é meu amigo desde 2001, quando o conheci durante minhas andanças com a
Patrulha do Espaço em turnês por cidades interioranas paulistas.
E também uma banda com orientação mais Hard-Rock oitentista, seara que não agrada-me normalmente, mas devo reconhecer, gostei do trabalho dos rapazes e o fato de serem extremamente gentis e solícitos, naturalmente cativou-me, ao tratar-se do "Mr. Huddy". Enfim, uma noitada muito agradável pela festa em si, presença de bandas boas, todas amigas e pela simpatia habitual da casa, além do pessoal da emissora, muito cortês com Os Kurandeiros, sempre. Aconteceu no dia 30 de outubro de 2016.
Próxima parada: Santa Sede Rock Bar e desta feita para ser tratado como show de lançamento do novo álbum d'Os Kurandeiros.
Eu (Luiz Domingues) em ação! Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, a comemorar o 8º aniversário da Webradio, Stay Rock Brazil. 30 de outubro de 2016. Click, acervo e cortesia: Leandro Almeida
Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar, em 5 de novembro de 2016. Clicks, acervo e cortesia: Jani Santana Morales
Fizemos um
show animado e devo registrar que foi a primeira vez que usei um baixo
Rickenbacker em uma apresentação dos Kurandeiros e a justificativa é bem
lógica, pois a rigor sempre achei que os modelos tradicionais da Fender,
Precision e Jazz Bass, fossem mais adequados às necessidades d'Os
Kurandeiros, pela obviedade dessa banda ter seu estilo fortemente calcado no
Blues-Rock tradicional.
No entanto, fiquei surpreendido como o
tradicional som agressivo inspirado no médio-agudo que esse instrumento
proporciona naturalmente, e este caiu muito bem na sonoridade da banda,
portanto a abrir caminho para ser usado em outras apresentações no
futuro.
Convidados pela direção da casa a fazer mais uma data próxima, eis que no mês seguinte voltamos ao Santa Sede Rock Bar.
Digno de nota, o nosso amigo, Walter Possibom, que é um grande guitarrista e empreendedor cultural super entusiasmado e ativo, visitou-nos nesse show e nessa ocasião, estava a colher os frutos do recém lançamento de seu romance: "Um Brilho nas Sombras", uma ficção muito bem escrita e a tratar-se de uma "Rock Story", de fato, com personagens construídos em torno da ambientação Rocker setentista e recheado por referências muito bem colocadas, sobre tal universo.
Não fora, no entanto, o seu primeiro livro publicado, pois por ser um médico legista proeminente e muito respeitado no seu meio, já havia lançado muitos livros acadêmicos sobre a sua especialidade médica, mas agora comemorava o seu debut como escritor ficcional, que além da música é outra de suas paixões pessoais. Tive o prazer de comparecer à sua tarde de autógrafos e após leitura prazerosa de sua obra, escrevi uma resenha no meu Blog 1.
Eis abaixo o link para ler minha impressão sobre o livro:
http://luiz-domingues.blogspot.com.br/search?q=Um+Brilho+nas+Sombras
Da
esquerda para a direita: Carlinhos Machado, Kim Kehl & eu (Luiz
Domingues). Os Kurandeiros a posar no pós-show, no Santa Sede Rock Bar,
dia 9 de dezembro de 2016. Click, acervo e cortesia: Pat Freire
Nesse
encontro no Santa Sede Rock Bar, conversamos bastante sobre o seu
romance e onde ele deu-me muitas dicas valiosas sobre o mercado
editorial, e prontificou-se a auxiliar-me em relação aos preparativos do
meu livro, na versão impressa, e que vem a ser a minha longa
Autobiografia na Música, cujo este adendo aqui fica fora nessa primeira
edição, mas poderá entrar em uma segunda edição revista e aumentada ou
simplesmente fazer parte de um segundo volume... e o futuro dirá qual
caminho adotarei.
O importante é que estou vivo e bem, como dizia o
grande, Johnny Winter, e o fato de estar a escrever capítulos com
atualizações, já comemoro e isso pode estender-se aos Kurandeiros, que
estão na ativa, sempre a trabalhar, sem perder tempo com lamentos pelas
redes sociais, tampouco a fazer pose de "Rock Star", ao evitar colocar o pé
na estrada ou como a "Maria Maluca", o faz, pôr o pé na jaca...
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Rg1lcXNsrrc
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=sk0SOZgZFPo
Trecho final de "O Filho do Vodu", ao vivo no Santa Sede Rock Bar, em 5 de novembro de 2016
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Hr4ijDTYc0M
Após o
encerramento das atividades da Magnólia Blues Band em abril de 2016, e
cuja banda base foram os próprios Kurandeiros, ficamos bastante tempo sem
apresentações na casa de espetáculos, "Magnólia Villa Bar".
E basta
olhar os capítulos iniciais da minha história com Os Kurandeiros e mesmo
independente da história da Magnólia Blues Band, cuja história tem a sua
identidade própria, para o leitor recordar-se que Os Kurandeiros tinham
uma tradição nesse estabelecimento. Portanto, foi com alegria que o
revisitamos na noite de 16 de dezembro de 2016, sob certas precauções
acústicas, visto que a casa ainda sofria com fiscais e um vizinho
beligerante que não dava trégua...
E assim, fizemos uma apresentação animada, contentes em rever os amigos da casa e a obter o prazer da participação do tecladista, Alexandre Rioli, o proprietário da casa, em algumas canções, a reviver também o quarteto da Magnólia Blues Band.
Os Kurandeiros em ação no Magnólia Villa Bar em 16 de dezembro de 2016. Clicks, acervo e cortesia: Jani Santana Morales
Já no dia seguinte, tivemos um curioso show realizado dentro de uma feira artesanal ao ar livre, localizada em uma aprazível praça pública, no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo. Fora um convite do guitarrista, Geraldo Guimarães, o popular Gegê, integrante da boa banda, "Pompeia 72", especializada em releituras de clássicos do Rock setentista. Era para ser um show compartilhado entre as duas bandas, mas um problema súbito de saúde com um dos componentes do "Pompeia 72" resultou no cancelamento da participação deles e dessa forma, Gegê foi convidado pelo Kim a participar conosco e foi um prazer ter a sua guitarra entre nós, certamente.
Foi uma apresentação que começou dispersa, o que foi normal dentro de uma feira ao ar livre e com as pessoas naquela tendência em não prestar atenção e encarar a nossa participação como mera música de sala de espera, mas aos poucos conquistamos aquela audiência e chegou-se em um ponto onde ficou até bem animado, com muitas pessoas a dançar e aplaudir.
Claro, ao tratar-se de um show ao ar livre, alguns mendigos apareceram, mas nada
significativo, muito menos ameaçador e o que predominou ali foi um
ambiente bem familiar, sob uma tarde ensolarada, com a presença de
muitas famílias com crianças, idosos e até bebês.
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=eCfuAwx9t3I
Eis o Link para assistir no You Tube:
https://www.youtube.com/watch?v=m5_ak-_CFkE
Então foi isso, uma boa apresentação ao ar livre no evento "Brooklin Trend", na Praça General Gentil Galvão, no bairro do Brooklin, zona sul de São Paulo, na tarde ensolarada de 17 de dezembro de 2016, com cerca de cem pessoas a assistir-nos em momento de pico de atenção, mas certamente com mais gente a passear pela feira ao longo da tarde / noite.
No dia seguinte, tínhamos o compromisso no Fofinho Rock Bar, a levar adiante a ideia do evento permanente, "Sunday Rock". Desta feita, a banda convidada foi o "Mr. Huddy", com o seu som pesado, calcado no Hard Rock oitentista, mas certamente a apresentar elementos setentistas agradáveis, ainda que sutis, nas suas canções autorais. Foi bom o show dos rapazes e claro, eles sofreram com as dificuldades inerentes ali instauradas, com uma espécie de "fogo amigo" em ação, por conta dos dois PA's dentro da casa, ensurdecedores e ininterruptos a concorrer com a nossa apresentação e também da banda convidada.
Dois
flagrantes d'Os Kurandeiros no Fofinho Rock Bar, em 18 de dezembro de
2016. A banda em ação e abaixo, Carlinhos Machado na companhia de um
grande amigo d'Os Kurandeiros, o professor Cesar Benatti, que vem a ser o
diagramador e responsável pelo Lay out do meu livro impresso, "Quatro
Décadas de Rock". Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap
Sofremos
os mesmos problemas gerenciais e já relatados, em relação à primeira
edição do projeto, e claro que reivindicamos melhorias. A casa
prontificou-se a estudar tais mudanças, mas já alertou-nos que abrir mão
do som mecânico ininterrupto ao promover pausas estratégicas
intercaladas com as nossas apresentações, seria uma resolução muito difícil de ser posta
em prática, visto que o seu público habitue estava acostumado com tal
dinâmica, há anos etc.
Difícil pensar em prosseguir, com uma
concorrência dupla dentro da própria casa, mas mesmo assim, resolvemos
dar um voto de confiança à sua diretoria, no sentido de que atenuariam ao menos o volume dos dois PA's
concorrentes, o que seria um alento, caso concretizado. E o fato de que
mesmo diante de tanta insalubridade, o recado dado pela banda no palco
era ofertado a quem dignava-se a nos assistir e na pior das hipóteses,
isso fazia valer a pena o nosso esforço, sem dúvida.
E assim encerramos o ano de 2016, com uma curiosa predisposição final que seguiu o padrão do começo do ano. Começamos no Templo Club com o "Sunday Blues" e encerramos o ano com projeto semelhante, o "Sunday Rock". Desta feita na casa de espetáculos, Fofinho Rock Bar.
Duck Strada, grande baterista e violonista/cantor e compositor Folk e eu (Luiz Domingues). Fofinho Rock Bar, 18 de dezembro de 2016. Clicks, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi
Mas o ano fora marcado positivamente mesmo, fora pelo lançamento de um novo álbum e a contar com a formação da qual faço parte, para coroar a minha passagem pela banda e quero crer, por ser o primeiro de muitos outros trabalhos no futuro. Que viesse 2017, que fôssemos felizes!
Continua...
Grato por disponibilizar estas maravilhas!
ResponderExcluirQue legal, Gil ! Eu que agradeço-lhe por estar a acompanhar !
ExcluirO Blog é seu, visite-o sempre !
Abraço !