A Chave do Sol não foi a primeira banda de Rock na minha trajetória pessoal, mas foi a primeira em que eu me senti apto a lutar pela minha meta primordial, em condições para pleitear chegar em um patamar alto, nesse objetivo.
Isso ao se considerar
que o Boca do Céu, a minha primeira banda na carreira e fundada em 1976, mostrara-se incipiente por ter sido formada
por membros em absoluto início de carreira, e dessa forma, não reunir condições mínimas para aventurar-se em um estágio profissional, mesmo
quando em meio aos seus esforços e progressos visíveis que apresentou em seus primórdios, melhorou muito
com o decorrer do tempo.
O Boca do Céu, a minha primeira banda, formada em 1976, mas nessa foto acima, capturada em 1977
Ali no ambiente setentista em que o Boca do Céu lutou para se forjar, o que
mais contou foi a força motriz, com o empenho meu e de todos os colegas para construir uma carreira
sólida, e tudo isso movido pelo sonho de se construir um legado artístico eterno, porém, tecnicamente a falar, a banda
não reuniu subsídios para tal na ocasião (deixo a ressalva de que se fosse um
ideal de todos, poderíamos termos crescido juntos e a banda ter chegado
enfim em um nível de qualidade, claro).
Portanto, é
evidente que guardo com imenso carinho a lembrança dessa banda, pelo
seu valor com o fator desbravador incrível que teve e pela energia fantástica gerada pelo
sonho que eu alimentei em ser um artista consagrado, ao ponto de deixar o nome gravado na história, como uma meta.
O Língua de Trapo em seus primórdios de 1979, ao iniciar a sua carreira com shows improvisados em sala de aulas, dentro do circuito universitário
A seguir, eu estive com o Língua
de Trapo, que foi uma banda que chegou merecidamente a essa fama que adquiriu a posteriori, mas há dois aspectos sobre tal trabalho: primeiro e primordial para a minha caminhada, não
foi a banda de Rock que eu sonhara ter. Aliás, nem foi uma banda de
Rock. E segundo aspecto, apesar de adorá-la e ter muito orgulho em ter feito
parte dela como membro (em duas passagens, por sinal), não foi a concretização de
minha meta primordial.
O Terra no
Asfalto, por sua vez, representou uma escola intensiva para a minha construção de carreira. Através dessa banda,
eu consegui libertar-me de minha condição como instrumentista iniciante e
pude estabelecer um salto técnico vertiginoso como músico, ao preparar-me para buscar
enfim uma carreira na música e no mundo do Rock, em específico.
Mas foi uma pena, pois uma banda por onde passaram guitarristas fantásticos, um tremendo tecladista, ótimos bateristas e vocalistas bons, tal grupo nunca teve nenhuma intenção de fazer nada além do que tocar "covers" pela noite, portanto, orgulho-me e sou agradecido ao extremo por ter tocado nessa banda, mas ela só serviu-me na prática, como uma escola viva de Rock.
Então, aonde eu quero chegar, é que na minha história, tais experiências pregressas são muito queridas e importantes na minha formação, mas foi através d'A Chave
do Sol que eu realmente cheguei ao ponto de resgatar o sonho de 1976,
iniciado com o Boca do Céu, ao formar uma banda de Rock autoral, e
cercada dos mais belos ideais do Rock.
Em seus primórdios, A Chave do Sol nasceu sem grandes preocupações mercadológicas, portanto, no meio de um vulcão que emitia larva antagônica a dilacerar-nos, entretanto, não preocupávamo-nos nem um pouco com isso.
Em 1982, o cenário era favorável ao Pós-Punk a comandar o mundo do Rock mainstream (e que perdurou pela década de oitenta inteira, praticamente), e grande parte do espaço underground, também. Portanto, ao criarmos uma banda ainda sob fortes valores sessenta-setentistas muito nítidos, fomos no mínimo, imprudentes sob o aspecto gerencial.
Entretanto, orgulho-me muito desse movimento inicial ter sido feito sob tal pureza de propósitos. Vibrávamos ainda sob a égide "Woodstockeana" de Jimi Hendrix e de seus pares sessenta-setentistas e assim foram os nossos primeiros momentos tanto nos primeiros shows, quanto na criação das nossas primeiras composições.
Eu e
Rubens criamos esse marco inicial por volta de julho de 1982 e após uma
tentativa frustrada para arregimentarmos um primeiro baterista, e dessa forma, logo a
seguir convocamos José Luiz Dinola, que encaixou-se como uma luva em
nossa banda. Neste caso, em relação ao Dinola, tal defasagem de uns poucos dias, não tira o seu posto de
cofundador da banda, de forma alguma, e assim o considero, é lógico.
Da loucura de se realizar o primeiro show com um vocalista famoso como um contratado (Percy Weiss), até a entrada de uma joia bruta, caso de Verônica Luhr, tudo foi empolgação, vibração e eu sentia-me novamente nos anos setenta, quando sonhei em ter uma banda de Rock nos moldes similares às que ouvia e amava: a nata do Rock 1960 & 1970 a desfilar em meu imaginário juvenil como um ideário, só que nesse instante foi real, pois eu tive enfim uma banda em condições de brigar por um lugar no patamar do Rock profissional brasileiro.
Ascendemos de
uma forma surpreendente para uma banda iniciante e desconhecida e logo
estávamos a tocarmos em casas noturnas sofisticadas de São Paulo,
para convivermos com ídolos setentistas que tínhamos, e também com alguns membros da turma emergente do
BR Rock 80's.
Se tivéssemos tido a sorte de algum produtor influente a descobrir-nos nessa fase, tudo teria sido diferente. Provavelmente teríamos contrariado-nos muito na época com a interferência brutal no nosso som e visual, teríamos chorado no salão de barbeiro ao vermos as nossas longas cabeleiras setentistas a serem cortadas impiedosamente, mas com uma cantora sensacional como foi a Verônica Luhr, em nosso grupo, o potencial Pop que tivemos, seria total.
Todavia, isso
não aconteceu e o nosso primeiro grande "boom" na carreira, ocorreu quando da
primeira oportunidade que tivemos para tocarmos ao vivo, em um programa de TV, em
julho de 1983, na formação como trio.
Mais convites surgiram para apresentarmo-nos na TV, o portfólio a pôs-se a crescer e a perspectiva para lançarmos um disco, enfim, apareceu.
Eu já havia gravado antes em estúdio, mas a sensação de ter finalmente o primeiro disco de uma banda minha, autoral e versada pelo Rock, foi indescritível nesse momento ocorrido em 1984.
Mas aí nesse ponto, já
estávamos na luta e as preocupações menos pueris e sonhadoras em nos contentarmos com tal esplendor por termos realizado um sonho acalentado, já não
poderia nortear os passos e as preocupações, com o gerenciamento da
carreira a colocar-nos em outros questionamentos. E nesses termos,
estarmos atentos aos movimentos do tabuleiro da cena artística, fizera-se mister.
E lá fomos nós a procurar esse elemento de uma maneira frenética! Então, veio para nós a persona de Chico Dias, um garoto gaúcho que detinha potencial, mas que estava ainda muito imaturo, portanto, ele não segurou a oportunidade. Demos sorte e logo a seguir, pois um dos maiores nomes da cena pesada, esteve disponível a se encontrar com a nossa necessidade premente e logo veio trabalhar conosco.
Porém, nós avaliamos mal a situação, pois o som ficou pesado demais e dessa forma, corremos riscos com tal orientação inteiramente nova em nosso direcionamento artístico. E de fato, gravamos um novo disco a seguir e três fatos ocorreram: a onda pesada que insinuava-se tornar-se um modismo no Brasil, simplesmente não aconteceu. Os fãs antigos não gostaram do novo som que produzimos e a animosidade gerada sobrou para o Fran Alves, um grande cantor, e que foi injustamente vilipendiado.
E mais um dado: os
adeptos dessas sonoridades pesadas não enxergavam-nos como um membro da
sua confraria... portanto, não angariamos novos fãs e simultaneamente desagradamos os
antigos...
Mais uma rápida e radical mudança ocorreu a seguir: saiu Fran Alves e entrou Beto Cruz. Com ele, a proposta pelo Hard-Rock mais ameno e a se buscar o apelo Pop radiofônico passou a ditar o nosso rumo, ao final de 1985.
Tal fase levou-nos para um outro patamar, é verdade. Um grande contingente de novos fãs agregara-se e como resultado, essa etapa formou ao lado da fase do trio marcado pelos longos temas instrumentais e setentistas, as duas etapas mais queridas pelos fãs do trabalho em geral.
A ascensão
foi enorme, as chances multiplicaram-se, os shows não só lotaram, mas
superlotaram, batemos recordes em teatros, casas noturnas e festivais de
grande porte.
O portfólio não parava de crescer. E então o telefone já tocava espontaneamente e sempre a trazer-nos oportunidades, cada vez maiores.
Daí em diante, bastaria apenas retomar o fio da meada perdida, e pareceu ser fácil. Tínhamos muitos fãs espalhados pelo Brasil inteiro, o respeito da mídia, credibilidade musical e artística. Entretanto, outras portas fecharam-se à nossa frente e isso trouxe o desânimo, a desconfiança e o cansaço.
Tais fatores nocivos abriram campo para
sentimentos pessoais a deparar em contrariedades e o emocional da banda foi minado.
O último esforço foi empreendido e um LP gravado e lançado ao final de 1987, mas tudo acabou-se sob uma noite permeada por desavenças geradas por mal-entendidos generalizados e com o perdão pelo clichê surrado, o nosso sonho acabou...
O meu em particular, não, eu continuei a persegui-lo em outros trabalhos e recuperei a pureza dos meus anseios construídos em minha adolescência vivida nos anos setenta, através do Sidharta e da Patrulha do Espaço, muitos anos depois.
Mas ao citar A Chave do Sol, sim, próximo das festas de natal e Reveillon de 1987, esteve tudo acabado.
Orgulho-me muito desse trabalho e dessa banda, por tudo o que eu já expus, amplamente. Porém lamento o final abrupto, com enorme prejuízo emocional para todos.
E claro
que muito emociona-me ter a amizade restabelecida com o Rubens, após muitos anos, conforme
já narrei e ter um bom relacionamento de amizade com Zé Luiz Dinola e
Beto Cruz, igualmente.
Percy Weiss (apesar da sua curtíssima passagem pela banda) e Fran Alves, não estão mais entre nós, infelizmente.
Verônica Luhr e Chico Dias, não os vi mais, desde que saíram da banda em suas respectivas passagens pela banda.
A seguir, as considerações finais (incluso a falar sobre as tentativas de volta das atividades, nos anos seguintes), e os agradecimentos aos membros, e a todos que gravitaram na nossa órbita.
Várias tentativas de volta da banda à tona, ocorreram ao longo dos anos posteriores e até recentemente houve uma conversa nesse sentido (2015), momento em que escrevo este trecho e o publico nos meus Blogs 2 e 3.
Já em 1989, o Zé Luiz procurou-me e disse que o Rubens queria voltar com a banda em sua formação clássica, como Power-Trio e pediu a ele, Dinola, para sondar-me. Eu estava nessa época a um passo de deixar a dissidência que formou-se das cinzas da própria, A Chave do Sol, uma banda denominada "The Key" e só cumpria o compromisso firmado com o Beto Cruz para gravar o álbum desse grupo, para não deixá-lo desamparado, mas não achei positivo voltar com A Chave do Sol ainda a viver esse impasse por estar a atuar com uma banda surgida por sua própria dissidência.
Hoje em dia, acho
que tal percepção foi equivocada de minha parte, e em nada macularia a ética, o
ato de voltar para a minha própria banda, e nesse caso, creio que o Beto não
ficaria chateado, pois ele sabia que eu estava insatisfeito com o rumo
estético e artístico dessa banda dissidente.
A volta da Patrulha do Espaço ao final dos anos oitenta, com Rubens Gióia na guitarra, ao lado de Rolando Castello Junior e Serginho Santana
O Rubens
possuía uma data a ser cumprida na casa de shows, "Dama Xoc", que era bem-conceituada na
época e poderia ter sido uma volta em grande estilo, sem dúvida alguma.
Porém, logo após eu lhe comunicar que a minha decisão fora a de não aceitar a
proposta, ele recebeu convite do Rolando Castello Junior e foi
participar de uma outra volta, ou seja, a reunião da Patrulha do Espaço,
com ele a ocupar a guitarra.
No início
dos anos 2000, Rubens e Zé Luiz mais uma vez procuraram-me. A Chave do Sol,
mesmo sem existir mais, fora convidada a participar do programa,
"Musikaos", da TV Cultura de São Paulo. Fazia muito sentido que a nossa
banda estivesse em uma edição desse programa, pela sua ligação umbilical
com a velha, "A Fábrica do Som", onde fôramos de fato, revelados ao grande
público.
Mas nessa época, fui eu a estar na formação da Patrulha do Espaço, naquele momento e mais um desencontro ocorreu, portanto. Porém, A Chave do Sol apresentou-se com um baixista substituto e um vocalista. Infelizmente, e eu nem sei o motivo, tal formação da banda não teve planos de retomada oficial, mais a parecer ter sido montada apenas para cumprir o compromisso da TV.
Poucos anos depois, o Rubens ligou-me. Já não havia nenhum constrangimento em mantermos novamente um contato cordial, mas também, ainda não havíamos restabelecido a amizade plenamente, como deveria ser. Contudo, mesmo sem o clima de companheirismo de outrora, conversamos em um tom amistoso. Ele acenara com oportunidades para shows em caráter nostálgico em conjunto com bandas dos anos oitenta, contemporâneas nossas, primeiramente em uma casa noturna do bairro de Moema, na zona sul de São Paulo.
Mas eu estava no "Pedra" e realmente o momento não seria bom para acumular um trabalho a mais, mesmo que neste caso, a tratar-se de uma banda que fora muito importante para a minha história pessoal, e sob uma forma muito intensa. Chegamos a realizar um ensaio em 2005, no estúdio Overdrive, pertencente ao Xando Zupo, onde o Pedra ensaiava e gravava, mas eu não achei confortável levar adiante aquela situação e assim declinei do convite.
Todavia, eu não deixei ninguém frustrado com a minha decisão, pois o Dinola e o Rubens não queriam fazer o show no formato de trio, e com o Beto a residir nos Estados Unidos, ficou aquele impasse sobre ter que se arrumar um vocalista, com a tendência dessa situação a arrastar-se indefinidamente, e assim, foi quando eu desisti. E de fato, não aconteceu nada, infelizmente.
Dois anos depois, a cidade de São Paulo já promovia a sua famosa "Virada Cultural" e o Rubens tinha bons contatos na Secretaria de Cultura Municipal, portanto, ele conseguiu agendar A Chave do Sol no evento, mesmo com a banda sob a situação de simplesmente não existir mais. Fui convidado, e agradeci por isso, é claro. Todavia, desta feita eu estava empenhado em gravar o segundo álbum do Pedra, e tive que recusar a sua gentil oferta. Dinola e Rubens recrutaram outros músicos e apresentaram-se no Palco Rock do evento, com um público muito grande a assisti-los.
Alguns anos depois e o produtor Luiz Calanca procurou-me pelo inbox da Rede Social Facebook, e me disse que queria o trio original d'A Chave do Sol para um show que produziria na Galeria de Vidro, um pequeno espaço em anexo ao Teatro Olido, no centro de São Paulo, onde ele foi o seu curador.
Foram
muitas conversações, mas eu declinei mais uma vez do convite, pois sabia
que o Dinola não queria participar nesta ocasião e seria, portanto, uma versão d''A Chave do Sol desfigurada mais uma vez.
Em
conversas reservadas com o Rubens, incentivei-o muito a remontar a banda
com novos músicos e não apenas para realizar shows sazonais e meramente saudosistas, mas sobretudo para mergulhar em um trabalho novo e sustentável.
Ele montou um grupo bom para representar a nossa banda, com o ex-guitarrista do "Inox" e também tecladista, Fernando Costa, no baixo, o bom vocalista, Acqua Calomino (ex-"Nock-Out"), que era (é) muito bem-conceituado na noite paulistana, ao realizar covers e shows tributo a bandas clássicas do Rock e um bom baterista chamado, Pedro. Infelizmente, ficou só por essa apresentação, em 2012.
No ano de 2014, Rubens esteve presente em uma apresentação d'Os Kurandeiros, onde eu estava a tocar desde 2011, realizado em uma casa noturna na zona norte de São Paulo e novamente fez-me uma proposta sobre a nossa banda.
Desta feita, ele queria entrar em estúdio e gravar músicas inéditas que disse-me ter à disposição, e a versão de "Saudade", canção de 1986, que nunca gravamos oficialmente em discos (por haver apenas duas versões provenientes de duas fitas demo).
A ideia em si não foi má, mas eu contra-argumentei que se ele estivesse disposto a investir dinheiro, seria mais válido então que auxiliasse-me no resgate de material antigo, pois em plena ação para preparar esta autobiografia, gastei e tenho gasto dinheiro para resgatar o máximo de material de áudio e fotos para compor estes capítulos.
Mas ele não achou boa a ideia e tudo bem, mantive o projeto sozinho e como registro, anuncio que arrumei apoio de uma produtora, e já tenho resgatado muito material inédito e vou resgatar ainda mais.
E sobre a repercussão da banda na mídia, após o seu término oficial em 1987, ela continuou a existir, aliás até os dias atuais. Por exemplo, alheios à informação de que havíamos parado e a confundir com a dissidência formada, muitas matérias e resenhas avançaram sobre 1988, ainda a falarem com entusiasmo da nossa banda. Eu já mostrei um apanhado sobre tal repercussão midiática em capítulos anteriores.
Agora, avanço um pouco mais, a falar sobre algum material publicado, bem depois da dissolução oficial da banda, em 1987.
Em 2011, mais ou menos, eu fui abordado pela viúva do vocalista, Fran Alves, Sandra Alves, ao contar-me que um rapaz a havia procurado e queria contato com os ex-membros da banda para que o autorizássemos a criar um Blog sobre a nossa banda.
Ora, de minha parte, claro
que poderia levar adiante tal projeto e desde desse momento, esse rapaz conhecido, como Will Dissidente, realiza um trabalho magnífico. Considero o Blog A Chave do Sol, como um
completo museu vivo sobre a banda.
Claro que
eu colaborei com material, esclarecimentos e o texto da minha autobiografia serve-lhe de
base para a história da banda que ele vem a publicar aos poucos, sob sua
ótica e no uso de suas próprias palavras. Foi muito alvissareiro ter esse apoio, portanto!
Visite o Blog, A Chave do Sol :
http://achavedosol.blogspot.com.br/
Acima, a mega reportagem a narrar a história d'A Chave do Sol, publicada no ano de 2015, em duas edições da revista: "Roadie Crew" e assinada pelo grande jornalista, Tony Monteiro
Recentemente
(2015), o nosso querido amigo, Tony Monteiro, que tanto deu-nos força
nos anos 1980, quando foi jornalista das revistas "Roll", "Metal" e "Mix",
abordou-me por E-mail e solicitou uma entrevista sobre A Chave do Sol, que foi publicada na revista, Roadie Crew, um veículo em que ele trabalha há muitos anos.
Tal matéria foi dividida em duas partes dessa publicação (números 198 e 199, respectivamente de julho e agosto de 2015). Portanto, além das ações do Blog d'A
Chave do Sol (liderado por Will Dissidente), e da minha autobiografia
publicada em dois Blogs, tivemos neste segundo semestre de
2015, uma reportagem dupla, em uma revista impressa, com circulação nacional
e notoriedade no métier do Rock.
Foi muito bom constatar que três décadas depois, o trabalho ainda repercutia.
Reta final deste que é um dos, senão o mais longo capítulo de minha autobiografia, ao contar toda a minha trajetória com A Chave do Sol.
Sobre o que significou essa banda na minha caminhada, acho que ao longo de toda narrativa eu já exprimi com detalhes e em cada pormenor desses, está embutida a respectiva emoção inerente. Tivemos muita gente valorosa ao redor da banda, que trabalhou conosco direta ou indiretamente, muito apoio voluntário, sempre bem-vindo e mesmo pessoas que não contribuíam de forma ativa, mas vibravam positivamente pelo nosso êxito.
Espero não esquecer-me de ninguém que gravitou em nossa órbita, nesses cinco anos, entre 1982 e 1987, e claro, fica a ressalva que nos Blogs 2 e 3, a coleta de materiais inéditos, está sempre aberta a reedições.
Peço
desculpas antecipadas por eventuais nomes esquecidos, portanto e também se mencionarei apenas nome ou sobrenome, ou mesmo apelido de pessoas, em
alguns casos em que o nome completo, fugiu-me.
A falar sobre o início, em 1982...
Creio que a primeira personagem que merece menção, seja a Dona Sabine, a proprietária do Café Teatro Deixa Falar. Claro que foi de forma indireta, e meramente ocasional, mas graças a ela, eu fui apresentado ao namorado de sua filha, Mônica Maya, a se tratar no caso, de um jovem guitarrista chamado: Rubens Gióia.
Se não fosse por seu intermédio, esse encontro jamais teria acontecido e provavelmente não teria existido a nossa banda. Menciono também o marido de Dona Sabine, o senhor Custódio, que sempre recebeu-nos bem nas dependências do Café Teatro Deixa Falar e também no incrível antiquário que a família possuía na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio.
Agradeço
ao Edmundo Gusso, um bom amigo e que teve a boa vontade de se apresentar como
baterista, sob um convite meu. Não deu certo, mas ele sempre foi um bom amigo, que apoiou-me desde os primórdios do Terra no Asfalto, em 1979,
quando o conheci.
Com a banda a dar os seus primeiros passos, uma turma de amigos que o Rubens havia conhecido em uma escola em que estudara na Vila Pompeia, acompanhou-nos de forma fiel, do primeiro show, até 1985, com uma natural dispersão gradual, daí em diante.
Esses
rapazes eram Rockers e apoiaram a nossa banda de uma forma apaixonada,
ao prestar-nos um apoio extraordinário. Foram roadies, carriers,
divulgadores, fizeram torcida uniformizada nos lugares onde tocamos,
e até atuaram como atores improvisados em espetáculos que fizemos, enfim, tornaram-se apoiadores, sem reservas, sob sol, chuva ou frio...
Nessa
foto de 1984, em pé, da esquerda para a direita alguns desses que estou
a citar: Zé Luiz Dinola e Eliane Daic, Sergio de Carvalho, Hélio,
Rubens Gióia e Monica Maya. Agachados: Daniel Negrão, Luiz Domingues,
Claudio D. de Carvalho e Chico Dias
Claudio D.
de Carvalho ("Capetóide), Celso "Esponja" Bressan, Sergio de Carvalho,
Daniel "Papel" Negrão, Iran Bressan, Carlos Muniz Ventura ("Carlão"), Aníbal, Seiji (Renato) Ogawa & Kaku Ogawa.
Esses
jovens ajudaram-nos demais em vários aspectos, mas principalmente pela
amizade e sincero apreço pelo trabalho que construímos.
Da parte do Zé Luiz, agregaram-se à banda os seus então cunhados, irmãos de sua namorada na época (Marly Ogawa), os irmãos Ogawa: Seiji e Kogu. Seiji Ogawa (Renato), tornou-se o nosso primeiro fotógrafo e mesmo que fosse amador, ele teve o enorme mérito de registrar os momentos iniciais da nossa carreira e até a nossa primeira sessão de fotos promocionais, foi realizada por ele, em 1983.
Rolando
Castello Junior já era muito famoso e a Patrulha do Espaço estava em um patamar
bem acima do nosso como banda consagrada, mas a sua solidariedade em ajudar-nos nos primeiros
momentos difíceis, ao emprestar-nos o equipamento da Patrulha do Espaço para podermos atuar ao vivo, nunca poderá ser esquecida e será sempre objeto de minha
gratidão.
Wagner "Sabbath", em foto dos anos oitenta, do acervo do poeta Julio Revoredo
Falarei
detidamente sobre o poeta, Julio Revoredo, depois, pois o considero um
membro honorário da banda, mas uma pessoa muito ligada a ele, precisa ser citada: Wagner
"Sabbath", um rapaz obstinado, que perseguiu o seu objetivo de tornar-se
um vocalista de banda de Rock, mas que foi também muito alegre e
prestativo para conosco em muitas ocasiões. Ele foi até "segurança" nosso em algumas circunstâncias
(relatadas em capítulos anteriores), quando o seu porte físico
avantajado auxiliou-nos nesse sentido.
Em 1983...
Quando
entramos no Victória Pub, no início de fevereiro de 1983, conheci as personas de: Paulo
Zinner, Raul Müller & Nelson Brito. Nas circunstâncias em que
adentramos aquele ambiente, jamais esquecer-me-ei da solidariedade do
Nelson Brito em ceder-me seu amplificador, para os quatorze shows que ali
fizemos e ele nem conhecia-me ainda.
Tal dívida de lealdade ficou
eterna e mesmo quando eu tive a chance para retribuir a gentileza, muitos
anos depois, ao emprestar o meu equipamento para ele gravar um álbum do
Golpe de Estado, emocionalmente a descrever, acho que não quitei minha
dívida. Sempre ajudar-lhe-ei, até a eternidade.
A equipe de produção do programa, "A Fábrica do Som", tratou-nos com enorme carinho. Fora o fato do programa ser 100% ético e não conter nenhuma contaminação mafiosa, como todos os programas de TV, tem hoje em dia, depois que tocamos pela primeira vez, a camaradagem sempre foi muito grande, ao ponto de nós termos tocado também em uma edição que não foi ao ar e sob condições técnicas deploráveis (relatado com detalhes, muitos capítulos atrás), só para ajudá-los em um momento muito difícil, quando até uma tragédia poderia acontecer, pelo fato da filmagem ter sido cancelada, mas com mil e quinhentas pessoas dentro do teatro, a ansiar pelo espetáculo.
Entre mais
de seis pessoas que compunham essa produção, lembro-me mais detalhadamente do Pedrão (acho
que o sobrenome dele era "Costa") e Cristiane Macedo.
Sobre 1984...
Foto das sessões de gravação do compacto de 1984. Robson T.S. é o rapaz a usar bigode, ao fundo
De imediato,
eu sou grato ao técnico, Robson TS, que operou o som e mixou-o na gravação
de nosso primeiro disco. A sua boa vontade para nos auxiliar foi tremenda e
nessa gravação, além de não sermos experientes em estúdio, fomos gravar de
peito aberto, sem fazer pré-produção e a arriscar em ter à nossa
disposição, um técnico alheio ou arrogante & manipulador, ou simplesmente
por não gostar do nosso trabalho e dar-nos um tratamento gelado.
Por sorte,
nada disso ocorreu e ele foi solícito, interessado, paciente, e deu o seu
máximo para sairmos dali com o melhor áudio possível para o nosso disco
de estreia. Estendo o agradecimento ao técnico chamado, "Primo", que deu o seu auxílio, além do Caio Flávio, ex-vocalista do "Made in Brazil", que acompanhou as sessões e também ao grande baixista dos "Pholhas", Oswaldo Malagutti Junior, proprietário do estúdio Mosh, e que abriu-nos as portas do seu estabelecimento.
Agradeço a Fabio Rubinato e Seiji Ogawa que auxiliaram-nos com sessões de fotos que ilustraram a capa do primeiro compacto.
Nessa foto acima, de 1986, Eliane "Lili" Daic, prepara a pólvora em um ponto de explosão, para mais um efeito a ser detonado no show.
Eliane Daic, foi namorada do Zé Luiz, do início de 1984, até meados de 1987 e envolveu-se com a banda mais diretamente a partir de 1985, quando assumiu o cargo como a nossa produtora executiva. Sou-lhe grato pela ajuda que prestou-nos nessa função e também pelas tarefas realizadas em prol do fã-clube.
Nessa foto recortada, acima, Edgard Puccinelli Filho em 1986, no camarim do Teatro Mambembe, em um show d'A Chave do Sol
Edgard
Puccinelli Filho, vulgo "Pulgão", foi nosso amigo, que tornou-se roadie,
e assessor de merchandising. O seu ponto forte mesmo foi como um performancer. Figura exótica por natureza, com
talento latente para ator, chamava a atenção pelo seu comportamento
excêntrico e histriônico e claro que assim tornou-se um chamariz ambulante, portanto uma figura ideal para comandar as vendas de merchandising e relações
públicas do fã-clube, a angariar adesões de novos membros para o nosso fã-clube, nos locais onde realizamos shows.
Ele culminou em participar com uma parceria, pela letra da música, "Anjo Rebelde", a primeira faixa do EP de 1985.
Soraia Orenga e Rosana Gióia, juntas de nós, a gravarem os backing vocals da música: "Luz". Janeiro de 1984
Agradeço a
Soraia Orenga, e a irmã do Rubens, Rosana Gióia, por atuarem como
convidadas na gravação dos backing vocals desse compacto de 1984.
Dalam
Junior, o casal de jornalistas, Mirna & Roberto Casseb, Antonio Celso
Barbieri e Orlando Lui, pela produção do evento "Praça do Rock", onde apresentamo-nos várias vezes, e sem dúvida alguma, ali foi um polo que
muito ajudou-nos a impulsionarmos a nossa carreira.
Canrobert Marques é um técnico de som sensacional e que muito auxiliou-nos dentro do Teatro Lira Paulistana e em alguns shows em outros espaços, também. Agradeço e tenho saudade não só de seu trabalho de primeira qualidade, como das boas conversas e risadas que tivemos juntos.
A grande produtora musical, Cida Ayres, em foto bem mais atual
Cida Ayres, produtora executiva do Língua de Trapo, que afeiçoou-se à nossa banda, e muito ajudou-nos nesse ano de 1984, ao abrir as portas para shows com maior envergadura. Estendo o agradecimento ao grande cartunista, Chico Caruso, que ajudou-me e à Cida, em uma produção no Rio de Janeiro, em prol d'A Chave do Sol, nesse ano.
Hélcio Junior, um fã que tornou-se amigo e que muito auxiliou-nos nesse período, entre 1983 e 1984.
No ano de 1985...
Grato pela tentativa em fazer algo maior pela cena, sr. Mário Ronco.
O grande produtor, músico e escritor, Antonio Celso Barbieri, em foto de 2015, quando ele lançou seu livro, "O Livro Negro do Rock", em São Paulo
Antonio Celso Barbieri já era nosso conhecido desde 1984, mas foi a partir de 1985, que nós mais pudemos interagirmos juntos. A sua capacidade e iniciativa para concretizar shows, festivais e realizações em geral com a mídia, foram notáveis. A sua lisura no trato conosco, sempre foi exemplar e dessa forma, eu só posso lamentar o fato de que ele não nutrisse vontade de ser um empresário exclusivo de um artista e no caso, nós, pois teria sido o manager ideal (assim como, Jerome Vonk, um outro empresário que eu admirava). Tudo o que ele fez e onde nós estivemos inseridos sob a sua produção, foi bem feito.
Luiz Calanca teve papel ainda maior em 1985, como produtor geral do nosso segundo disco. Dentro das possibilidades de uma gravadora pequena como a Baratos Afins, ele deu 110% de seu apoio, eu diria.
Obrigado, Daril Parisi, pela força no estúdio, ao gravar teclados em nosso disco. Está lá eternizada essa sua camaradagem em forma de arte.
Marta Rocha, que namorou-me nesse ano, e assistiu alguns shows da banda, ao apoiar-me.
Cristiane Macedo, pela tentativa de ser a nossa empresária.
O rapaz, filho de um industrial, que tentou auxiliar-nos com ideias no campo da logística e tentativas para atrair formadores de opinião em nosso favor.
Rodolpho Tedeschi, o "Barba", pela força com os seus clicks e companhia sempre prazerosa para nós.
No ano de 1986...
Beto Cruz trouxe uma força tarefa formada pelos seus irmãos quando entrou para a banda. Ele tinha cinco irmãos, e pelo menos dois deles, Marcos e Claudio Cruz, foram muito presentes na vida do nosso grupo daí em diante, ao auxiliar-nos em muitos aspectos.
Aos rapazes da produtora, "Galeria" (Rene Mina Vernice e William), que tiveram muita boa vontade e bons planos para empreenderem ações, mas que infelizmente careceram de uma infraestrutura para dar vazão maior aos seus/nossos anseios.
À Editora Três, pela iniciativa do poster, lançado nesse ano.
Sou muito
grato à produção da TV Cultura que convidou-nos espontaneamente para
produzir um vídeoclip para a música: "Sun City". Em uma década em que possuir um
bom clip na TV, foi tão ou mais importante que um bom disco, tal oportunidade revelou-se assim como a nossa
honrosa salvação para não passarmos em brancas nuvens na carreira, nesse
quesito.
Eduardo
Russomano, fora um fã que tornou-se amigo, e daí a roadie e funcionário
remunerado do fã-clube, foi uma consequência natural. Um dos sujeitos mais bacanas que eu conheci
não só em termos de carreira, mas na vida, ele foi solícito, extremamente
educado e gentil, sempre.
Continuamos amigos depois que banda acabou e por volta de 1991, ele contou-me que havia contraído uma doença hepática que não era leucemia exatamente, mas algo derivado e não identificado nos anais da medicina até então. Tanto que o seu tratamento foi feito na Unicamp de Campinas-SP, pois os médicos & cientistas queriam entender o que seria aquela estranha e desconhecida variante da leucemia.
Mantivemo-nos a conversar por correspondência, e ele mudou-se para Santos-SP, por
volta de 1992.
De repente,
as cartas rarearam, e sob um dia de 1995, eis que eu recebi o telefonema de uma
moça que identificou-se como a sua namorada e ela deu-me a notícia de seu
falecimento. Russomano era muito jovem e extremamente solidário. Foi a primeira
perda de alguém que fora muito próximo d'A Chave do Sol.
E lastimo muito não ter nenhuma foto dele sequer, para ilustrar esta autobiografia, nos meus Blogs.
Clemente
Nascimento e Ronaldo Passos, d'Os Inocentes e Charles Gavin, dos Titãs, foram artistas que já estavam alojados no patamar no mainstream, e que militavam em estéticas
antagônicas à nossa, mas que muito ajudaram-nos, ao tentarem mediante suas
forças e influência, atrair-nos para o mundo das gravadoras
majors, do mainstream. Não lograram êxito por diversos fatores, mas as suas
tentativas em termos de uma ajuda abnegada, foram muito positivas e os três, tem o meu
agradecimento eterno por isso.
O ótimo técnico de som e gentleman, Clóvis Roberto da Silva, em foto bem mais atual
Clóvis Roberto da Silva, o técnico gentil, que muito auxiliou-nos a gravarmos a segunda demo-tape de 1986.
Mário e
Rosana Abud, formam um casal mega simpático e que abriram o seu
apartamento localizado no bairro do Cambuci, na zona sul de São Paulo, para receber
Rockers de várias bandas da cena oitentista, para jantares regados a
sessões de vídeos incríveis. Não somente A Chave do Sol, mas várias bandas da
cena, são muito gratas a ambos, não só por esses convites marcados pelo cunho
sociocultural, mas também pelo maciço comparecimento em quase todos os
shows, sempre a apoiar-nos, sem reservas.
Adriana, que foi minha namorada nesse ano e graças a ela eu conheci o tecladista, Nelson Ferraresso, ao ter visitado, por conta de uma coincidência, visto que ela o conheciae assi, eis que eu fui assistir o ensaio de sua banda, o "Sigma", lá na Freguesia do Ó, bairro da zona noroeste de São Paulo, e sem imaginar que trinta anos depois, eu tocaria com ele muitas vezes com Os Kurandeiros... grato também por isso, Adriana!
Certo, o
Studio V prejudicou-nos muito, em vários aspectos, mas ao analisar trinta anos depois (2016), não acho que tenha sido por maquiavelismo da
parte deles, mas um misto de inoperância com más estratégias em
paralelo e que minou-os para pensar e agir sobre a nossa carreira, com
foco e eficiência.
Talvez se não tivessem gastado tanto dinheiro com um
pseudo artista como aquele cantor Pop lusitano e ridículo, tivessem
mantido o equilíbrio para lutarem por nós. Enfim... sendo assim, agradeço à Miguel Vaccaro Netto, Sonia Carlos Magno, Antonio "Toninho" Ferraz, Arnaldo Trindade e Maria Amélia.
Ricardo C. Aszmann era um garoto adolescente ainda, quando abordou-nos, para pedir-nos permissão para fundar um fã-clube d'A Chave do Sol, no Rio de Janeiro. Claro que aceitamos e toda ajuda seria bem-vinda.
Ele de fato realizou muitos esforços nesse sentido, mas foi além e tornou-se um grande incentivador e colaborador entusiasmado da nossa banda, no Rio, ao dar-nos dicas e até a abrir importantes frentes de divulgação e trabalho. A nossa amizade perdurou nos momentos pós-A Chave do Sol e assim, nós mantivemos comunicação por cartas e telefone, além de encontros pessoais, por coincidirem com o fato de que por conta de uma namorada carioca que eu tive entre 1987 e 1992, frequentei o Rio com bastante assiduidade nesses cinco anos citados.
Ricardo
estudou muito violão & guitarra e tornou-se um tremendo instrumentista. Fez
faculdade de música e adquiriu forte bagagem teórica, também. Já foi componente de muitas bandas, foi side-man de artistas, gravou disco solo e ministra aulas até os dias atuais.
1987...
Agradeço
ao "Bip Bip", cujo nome verdadeiro, era (é) Marco Correa. Nada deu certo para nós na gravadora BMG-Ariola, mas ele não teve
culpa alguma e pelo contrário, até aonde pôde ajudar, deu o seu melhor.
Eliane Dinola, irmã mais velha de Zé Luiz Dinola, que foi uma super incentivadora nossa no Rio de Janeiro, não só ao ofertar-nos hospedagem, como ao sair a campo nesse ano e trabalhar como agente da banda e mesmo sem ter experiência no ramo, ela conseguiu uma entrevista com o maior produtor musical brasileiro daquela década, que trabalhava em uma gravadora major, multinacional poderosa. Conseguiu uma proeza, portanto.
Muito
grato ao Ivan Busic, que sob um momento de horrível turbulência da nossa banda, veio socorrer-nos prontamente, com as suas baquetas de alto nível. Estendo o
agradecimento ao seu irmão, Andria Busic, que também auxiliou-nos com a gravação de vocais no
LP The Key.
Comecei a namorar a Sandra Regina Soares Arôca, em maio de 1987, e ela acompanhou a apoiou-me nos momentos difíceis do final d'A Chave do Sol, ao fornecer-me suporte, também, quando após 1988, eu tive que fazer parte da dissidência dessa banda, forçosamente. Grato por dar-me doçura em tempos amargos...
Edy Bianchi, um produtor que detinha as melhores referências do mundo do verdadeiro Rock em sua formação pessoal e muito ajudou-nos no estúdio para produzirmos o álbum, "The Key". Pena que essa sintonia de amor e fé que tinha com o Rock 1960 & 1970, como eu tinha também, não pode ser exercida nesse trabalho. Não foi sua culpa, é claro.
Ambos fomos vítimas das circunstâncias ali no deserto oitentista, mas claro, sou-lhe grato pela ajuda inestimável. Foi um tremendo prazer trabalhar com o produtor, Edy Bianchi, não só pela sua competência, mas pelas inúmeras reminiscências que tivemos sobre o Rock Progressivo setentista, a nossa paixão em comum. Em meio a hostil década de oitenta, conversar com alguém que amava tais signos setentistas, equivaleu a encontrar um oásis no meio do deserto.
Agradeço
ao Guto, do Estúdio Guidon, Edelson & Pepeu (os seus técnicos), Walcyr
Chalas da loja Woodstock, Mario Monteiro pelo lay-out da capa, Carlão
Muniz Ventura e estúdio Pugliesi pelas fotos, e Paulo Caciji pela
diagramação do encarte.
Sobre os jornalistas que mais nos deram força nesses cinco anos de 1982 a 1987:
Os meus sinceros agradecimentos para:
Roberto
(Rádio Cultura AM), Luiz Antonio Mello (Fluminense FM - Rio), Antonio
Carlos "Tony" Monteiro (Revistas Roll, Metal, Mix e jornal
Contracorrente), Sergio Martorelli (Revistas Roll e Metal), Claudia
Schäffer (Revista Metal e Rede Bandeirantes de TV), Amanda Desireé
(Revista Roll), Leopoldo Rey (Revistas Som Três e Bizz; e 97 FM), Valdir
Montanari (Revistas Rock Stars; Rock Show, Rock Passion e Programa
Sinergia - USP FM), Antonio D. Pirani e Eduardo de Souza Bonadia
(Revista Rock Brigade), Fausto Silva, Oscar Ulisses & Osmar Santos
Jr. e Johnny Black (Programa Balancê - Globo/ Excelsior FM), Primo & Mister Sam
(Programa Realce - TV Gazeta), Toda a produção da TV Cultura,
Sergio Groisman (Programa Matéria Prima - Rádio Cultura AM), Beto
Peninha (Programa Rockambole - 97 FM), Laert Sarrumor & Ayrton
Mugnaini Jr. (Programa Rádio Matraca - USP FM), Richard Nacif (Programa
Riff Raff - 97 FM); Rita Lee & Roberto de Carvalho (Programa Rádio
Amador - 89 FM).
O meu
agradecimento também aos pequenos fanzines, que nem vou enumerar, mas
que muito auxiliaram-nos na árdua tarefa de divulgar o nome de nossa banda.
O mesmo caso
de músicos e bandas que auxiliaram-nos em muitas circunstâncias. Corro o
risco de esquecer de alguém, portanto, agradeço de forma generalizada.
Aos que incentivaram-me a escrever a autobiografia e muito interagiram na história específica d'A Chave do Sol:
Não posso
deixar de mencionar algumas pessoas que muito incentivaram-me, quando
eu comecei a escrever as minhas memórias e neste caso, no uso de uma plataforma pública de
Internet, a se tratar da comunidade: "Luiz Domingues", através da extinta e saudosa
rede social Orkut, esta criada por uma amigo chamado: Luiz Albano.
Ali, em 2011, foi a minha base primordial para que eu começasse a escrever e assim, usei tal plataforma até o último dia de vida do velho Orkut, em 2014. O material bruto que eu escrevi ali, alimentou 399 micro capítulos deste relato sobre A Chave do Sol, fora os de outras bandas onde atuei. Os demais até o final, nº 399, eu escrevi diretamente no meu Blog 2. Tais micro capítulos formatados no padrão de um livro ( portanto é a base do livro impresso), que rendeu 18 capítulos, para este Blog 3.
Menção
honrosa, portanto, para meus incentivadores mais ativos no texto bruto do
Orkut: Luiz Albano, Marinho "Rocker" Figueiredo Filho, Marcos Romano, Milton Medusa e
Ricardo Aszmann, que foram os que mais interagiram ainda no texto bruto
do Orkut, além de meu primo, Marco Turci.
Estendo
esse agradecimento ao Will Dissidente, um rapaz extremamente
inteligente, abnegado, solícito e que administra o Blog d'A Chave do Sol
de uma forma muito entusiasmada.
Will Dissidente a apresentar um show de Heavy-Metal, em foto recente, de 2014
Will é um
ativista cultural nato e além de seus empreendimentos virtuais, ele costuma ser
apresentador de shows ao vivo, ao animar e "esquentar" plateias. Ele é
paulistano, mas vive atualmente no sul de Minas Gerais, mais precisamente na
cidade de Varginha.
E não posso deixar de agradecer ao meu primo, Emmanuel Barreto,
que dirige o Site/Blog Orra Meu, onde eu fui colunista fixo entre 2011 e 2016, e que muito ajudou-me a resgatar material de áudio e vídeo da banda. E também à produtora, Jani Santana Morales, que estabeleceu parceria comigo nesse mesmo sentido, em 2015, e auxiliou-me no resgate de material raro e postagem no YouTube.
Familiares e parentes:
Sobre os familiares dos membros, eu já citei alguns anteriormente. Mas é claro que preciso estender um pouco mais essa lista.
Da parte do Rubens, a sua família teve papel preponderante na construção e desenvolvimento de nossa banda. Apenas o simples fato de emprestarem a sua residência para que promovêssemos ensaios com a disciplina ferrenha que tivemos, já foi algo sensacional, pois não deve ter sido nada fácil para a família, ter uma banda de Rock a tocar em um quarto, sem nenhum tratamento para a contenção acústica, mesmo com as janelas fechadas e por ser uma edícula deslocada da estrutura residencial, propriamente dita, e pior, de segunda a sexta, das 15 às 22 horas, sistematicamente, e muitas vezes a promovermos ensaios extras em sábados, domingos e feriados!
Eles nunca reclamaram, a não ser ao estabelecerem pedidos esporádicos para abaixarmos um pouco o volume, mas na realidade eu conto nos dedos de uma única mão, a quantidade de ocasiões quando isso aconteceu.
O Dr. Rafael Gióia Jr. foi também um artista (poeta com muitos livros publicados e discos lançados com seus poemas declamados) e sabia, portanto, valorizar a paixão que tínhamos pelo trabalho, pelo exercício da arte livre. Sou grato à mãe do Rubens, Dona Dinorah Aubergine Gióia e também aos seus irmãos: Rafael, Rosely & Rosana. E também ao marido da Rosely que torceu por nós.
Todos eles foram entusiasmados torcedores da nossa banda. E não posso deixar de citar as funcionárias domésticas da família, lideradas por Dona Maria. Sou muito grato por elas auxiliar-nos ao abrir e fechar portas e também por anotarem recados telefônicos para nós.
Em suma: tenho gratidão eterna à família Gióia!
Idem em
relação à família do José Luiz Dinola, na figura de seus pais e irmãos.
Graças ao Dr. João Baptista Dinola, usamos e abusamos de seu escritório
situado na Rua dos Pinheiros, que foi por anos, a base de nosso fã-clube. Tanto
quanto a nossa sala de ensaio na residência da família Gióia, o
escritório da família Dinola foi a extensão de nosso QG e base das
operações!
Estendo o meu agradecimento à mãe do Zé Luiz, a simpaticíssima senhora, Maria Cattuci Dinola. Sobre os irmãos do José Luiz, usamos muito a velha Kombi de João Dinola, em várias produções, Beth Dinola fez a ilustração e o lay-out de nosso primeiro disco e o cenário do show de lançamento do segundo. Eliane Dinola auxiliou-nos até como produtora no Rio de Janeiro, além de nos oferecer o seu apartamento em Ipanema, como base de nossas operações pela cidade.
Portanto, na soma de toda essa ajuda, fica aqui o meu muito obrigado à família Dinola!
Sou grato
aos irmãos do Beto Cruz, que muito ajudaram-nos, quando o seu irmão
ingressou em nossa banda. Principalmente Claudio e Marcos Cruz, mais
presentes no cotidiano da banda.
Sobre os
outros membros com passagens mais curtas, Percy Weiss, Verônica Luhr,
Chico Dias, e Fran Alves, não tenho muito o que acrescentar sobre
os seus familiares, parentes e amigos que agregaram algo significativo para
banda, em suas respectivas passagens.
E
finalmente, sobre a minha família, nessa época eu estava afastado do meu
pai, Milton Domingues, mas sabia que ele acompanhava de longe e ainda que não demonstrasse abertamente, pois posicionava-se contra a minha decisão de eu querer ser
artista, o fato foi que eu ouvia comentários que ele via-me na TV e guardava recortes
de jornais e revistas em que eu aparecia.
Só reaproximamo-nos em 1993, novamente, portanto, em uma outra fase da minha carreira. Já a minha irmã, Ana Cristina Domingues, era criança e a minha mãe, Maria Luiza Barretto Domingues, não pôde colaborar da forma mais contundente como ela gostaria, pelas circunstâncias da vida nessa época, porém, a sua torcida foi total, e só eu sei o quanto isso ajudou-me em minha casa.
Minha
prima, Mara Turci, teve um episódio de ajuda direta, ocorrida em 1984, já relatada e no mais,
houve muita torcida da parte de vários tios, primos, e de alguns avós, ainda vivos
naquela ocasião.
Julio Revoredo
O poeta, Julio Revoredo, em um momento de reflexão em 1984. Foto de seu acervo pessoal
Conhecemos o Julio no primeiro show que fizemos, em 25 de setembro de 1982, através de Wagner "Sabbath", um amigo em comum. Estabelecemos amizade instantânea, pela óbvia sincronicidade de ideias e ideais, não só em torno do Rock, mas em várias outras frentes abrangentes da cultura e da arte em geral.
Com a amizade sedimentada e a frequentar a sua casa com regularidade, eu descobri a sua obra como escritor e poeta e fiquei muito impressionado com uma produção sofisticada, hermética, profunda e sob enorme profusão, pois o Julio era (é), um artista vulcânico, eu diria, tamanha a sua volúpia para criar.
Julio Revoredo & Luiz Domingues. Foto de 1984, quando ele acompanhou-nos à uma entrevista na Rádio Cultura AM. Foto do acervo pessoal do poeta, Julio Revoredo. Click de Rubens Gióia
Daí a pensar em contar com um poema seu para musicarmos foi instantâneo e já em 1983, nós trabalhamos nesse sentido.
Das
músicas em que usamos os seus poemas, duas entraram oficialmente em disco.
Imortalizadas portanto estão: "Segredos" e "Ufos", poemas brilhantes e profundos.
Depois da parceria com A Chave do Sol, eu convidei o poeta Julio Revoredo para escrever letras para o Sidharta, banda que formaria em 1997 e três dessas letras que musicamos, foram gravadas pela Patrulha do Espaço, no álbum, "Chronophagia", em 2000, visto que tais músicas do Sidharta, foram aproveitadas pela Patrulha do Espaço a posteriori.
Julio é o
único personagem a gravitar na órbita d'A Chave do Sol que eu nunca deixei de ter contato, em
momento algum. Somos amigos e falamo-nos regularmente, desde 1982.
Hora de falar sobre os membros da banda, e começo pelos que tiveram passagens mais curtas pela nossa banda, A Chave do Sol.
Percy Weiss
O nosso show de estreia foi acima da média para um show debut de uma banda totalmente desconhecida a dar o seu primeiro passo, pois com a persona de Percy nos vocais, eis que provocou um surpreendente interesse, além das nossas possibilidades na ocasião.
Tal resultado inicial foi tão animador, que chegamos a cogitar a chance dele prosseguir conosco doravante, mas apenas dois shows foram feitos com a sua presença nos vocais e a sua decisão em não querer ficar na banda, prevaleceu.
O tempo
passou e muito recentemente, ele concedeu uma entrevista longa ao
programa: "Vitrola Verde", do meu amigo, Cesar Gavin, e então falou algo
surpreendente sobre essa passagem efêmera que tivera pela nossa banda. Abaixo, o trecho específico onde ele fala sobre essa história.
https://www.youtube.com/watch?v=rpdSNGTZhsM
Verônica Luhr
Uma joia rara e bruta que o Rubens sugeriu que ouvíssemos, Verônica Luhr detinha um potencial inacreditável.
Uma mulher
jovem e linda, com porte de modelo (e de fato era a sua profissão, pois
desfilava para o estilista, Ney Galvão quando a conhecemos), Verônica não chamava a atenção apenas
pela sua beleza física, mas sobretudo, pela voz incrível que tinha. Imagine uma loura linda, com olhos azuis, tendo porte de modelo, mas com a voz de uma Diva do Soul, Blues, Rock, Jazz...
Ela possuía
uma emissão e um timbre que muito lembrava a voz de Tina Turner e claro que
isso fez com que o nosso som durante as apresentações da banda, crescesse, absurdamente.
Já falei isso repetidamente ao longo da narrativa, mas vou insistir: se tivéssemos tido a sorte de sermos descobertos por um produtor influente naquele momento em que o dito movimento do "BR-Rock 80's" estava a explodir na mídia, certamente que a nossa sorte teria sido outra, pois ela colocava-se milhas acima de qualquer outra vocalista feminina que surgira e que brilhou nessa época.
Teria sido um estouro nesse sentido. Mas claro, o pensamento não pode ser tão simplista assim, pois para que isso acontecesse, nós teríamos que estarmos preparados com o nosso som calcado na onda do momento, o que significa dizer que seria pouco provável que algum produtor nos contratasse como banda, mas sim a ela, sozinha... e foi exatamente o que a tirou da nossa banda, quando fazíamos temporada em uma casa badalada de São Paulo, sob um momento de franca expansão na nossa carreira.
De fato, mal estávamos a começar a nossa jornada e ela sofreu um assédio a lhe propor que buscasse a sua carreia solo, ou seja, isso seria inevitável, mais cedo ou mais tarde e no caso, ocorreu bem prematuramente para atrapalhar um pouco os nossos planos imediatos.
Tempos depois, eu soube que ela havia casado-se com o bom guitarrista da "Banda Performática" (do artista plástico, Aguilar), um rapaz chamado: Jean Trad, e teve filhos. Depois disso eu ouvi boatos que levava uma vida pacata como dona de casa, no interior de São Paulo.
Em 1991,
ao ver TV a esmo, a assisti a atuar no programa do apresentador, Clodovil Hernandes, através da TV Gazeta.
Estava a apresentar-se com uma orquestra, no belo Teatro de Arame de
Curitiba, vestida para uma festa de gala. Achei positivo vê-la, mesmo a cantar sob um aparato bem conservador em termos de instrumentalização e arranjo para interpretar uma música Pop antiga, mas eu fiquei feliz por vê-la a brilhar na TV. Nunca mais a vi, e nem falei com ela, mas espero que esteja bem e muito feliz.
Chico Dias
Sempre foi o Rubens para adiantar-se e achar soluções para as demandas vocais da banda e mais uma vez a sua percepção e iniciativa, proporcionou-nos uma nova oportunidade.
A nossa
situação na metade de 1984, era completamente outra, com os frutos do
nosso primeiro disco a render-nos oportunidades na mídia e isso traduziu-se em shows e a formação de um público a cada dia maior de fãs
do trabalho. E assim
aconteceu quando ele foi rápido na ação e abordou um jovem vocalista
que virámos a apresentar-se em um show realizado ao ar livre, em uma praça pública.
Chamava-se: Chico Dias e era oriundo de uma pequena cidade litorânea do Rio Grande do Sul, chamada, Rio Grande. Foi uma loucura, mas comprometemo-nos com a missão de trazê-lo para São Paulo. Porém, mesmo com a banda em franca expansão na carreira, e somado ao fato dele ser muito imaturo e despreparado na ocasião para morar em uma megalópole como São Paulo, tal operação não deu certo, simplesmente.
O seu potencial como vocalista era bom, ele tinha uma boa voz e a sua performance de palco, ainda que carecesse de muita lapidação, era satisfatória em uma primeira análise, mas a falta de infraestrutura sócio financeira e principalmente a emocional, exauriu as suas forças.
Não foi nada agradável a maneira pela qual deixou nossa banda, mas hoje em dia eu relevo e até entendo que a sua imaturidade de então não dava-lhe subsídios para algo mais razoável, eu diria.
O Zé Luiz
disse-me ter falado com ele duas ou três vezes nos anos posteriores, mas
a minha lembrança ficou só por uma carta que enviou-nos a expressar o seu pedido de desculpas,
pela sua saída intempestiva. Não faço
nem ideia se prosseguiu a batalhar por uma carreira na música, depois que
deixou a nossa banda, mas espero que esteja bem e feliz em sua terra
natal.
Fran Alves
Quando
perdemos o vocalista, Chico Dias, de forma totalmente inesperada, a nossa
estratégia para prepararmo-nos a adotar uma possível nova ordem estética que aproximar-se-ia e que possivelmente abrir-nos-ia portas no mundo
mainstream das gravadoras majors (e da mídia), viu-se muito ameaçada e
nós não poderíamos perder tempo e marcarmos passo nesse sentido.
Foi quando
soubemos que um vocalista de voz muito potente e interpretação
dramática, estava prestes a ficar sem a sua banda, que anunciara o término de
suas atividades.
Tratou-se de Fran Alves, um vocalista dotado de um timbre rouco e uma emissão que foi impressionante. Seria o vocalista ideal para um momento em que achávamos que as nossas chances residiam no peso do Hard Rock/Heavy Metal oitentista.
Não foi a nossa predileção estética, longe disso, aliás, mas o peso que imprimimos nas novas músicas, tivera essa deliberada intenção pela adequação a uma estética que supúnhamos ser a próxima a aproximar-se dos holofotes mainstream, mas tais luzes não acenderam-se, simplesmente e quem pagou o preço amargo dessa estratégia malograda, foi Fran Alves, lamentavelmente.
Muito criticado pelos fãs antigos da nossa banda, que
preferiam a sonoridade antiga de nosso trabalho e também pela sua voz
rouca e sua presença de palco que para muitos, parecia inadequada para a
nossa banda, tais opiniões minaram as suas forças pessoais e
infelizmente, ele chegou em um ponto onde viu-se acuado.
Sem saída, Fran anunciou a sua saída de nossa banda, para o nosso próprio bem e o dele, sob uma análise muito fria de sua parte.
Uma grande pena, pois o Fran foi um cantor sensacional e a sua entrega no palco mostrava-se como a de um grande artista focado no momento mágico que só os grandes conseguem absorver e expressar sobre a ribalta. A sua voz era impressionante e a rouquidão, totalmente natural no ato de cantar.
Como pessoa, foi um rapaz sensível, calmo, sensato, ponderado e muito humilde. Com um caráter excepcional, foi um grande amigo, leal etc. Por volta de 1988, eu soube que ele houvera desistido da música e trabalhava nessa ocasião, como gerente de um famoso magazine da cidade.
No meio
dos anos noventa, ele ligou-me e veio visitar-me em minha residência,
para formular uma proposta a formar uma nova banda. Eu estava
firme na formação do Pitbulls on Crack nesse momento e mesmo que estivesse livre,
eu declinaria do convite por uma única razão: tratava-se de Heavy-Metal o
que ele desejara produzir com essa banda e tal gênero nunca foi do meu agrado.
Muitos anos passaram-se e ele ligou-me, mas desta feita para falar de uma banda de garotos que estava a apadrinhar e dessa forma, ele cogitou que eu os indicasse para abrir os shows da Patrulha do Espaço, banda pela qual eu estava a atuar, nessa fase.
Isso nunca ocorreu, mas chamou-me a atenção a sua voz, que parecia cansada e ele realmente disse-me que estava a passar por problemas de saúde e que submetia-se a um severo tratamento de cunho pulmonar.
Ao final de 2008, eu recebi com atraso a notícia de que ele havia falecido. Portanto, nem tive meios para prestigiar o seu velório e enterro, para poder emitir as minhas condolências à sua viúva e ao seu casal de filhos.
Por volta de 2011, eu recebi solicitação de amizade de sua viúva, na extinta Rede Social Orkut e ao conversarmos, ela disse-me que conhecera um jovem fã d'A Chave do Sol que estava a procurar os ex-membros da banda para pedir-nos permissão para colocar no ar, um Blog sobre A Chave do Sol. Ora, claro que da minha parte esse pedido foi aceito de pronto, pelo motivo óbvio de que alguém a ajudar-nos nessa altura dos acontecimentos e mesmo com a banda inativa, seria super bem-vindo.
E sob tal embalo, eu providenciei cópias de material fotográfico, peças de portfólio e vídeos com a participação do saudoso, Fran Alves e entreguei à Sandra Alves, viúva de Fran, quando pude finalmente conhecer os seus filhos que já eram adolescentes e ambos muito parecidos com ele, Fran, sendo o menino, quase um sósia de seu pai.
Fran Alves vive! Está representado no legado que deixou no disco que gravou conosco e através de seus filhos. Deixo aqui meu agradecimento por sua participação, contribuição e amizade no convívio de pouco mais de dez meses em que foi componente oficial d'A Chave do Sol.
Fico com a lembrança de um grande artista e um amigo dos mais bondosos que fiz na minha vida.
Um minuto além, e encontramo-nos de novo em algum lugar onde houver uma aurora boreal, amigo Fran Alves!
Beto Cruz
Quando perdemos o vocalista, Fran Alves, na verdade já estávamos a planejar mudanças estruturais na estética e sonoridade da banda. E nesse contexto em meio a uma nova guinada que desejávamos estabelecer, surgiu o Beto Cruz, que foi o elemento certo, na hora certa. Beto tinha a mesma vontade de buscar uma maior aproximação da banda com os padrões vigentes do mundo mainstream, e nesse sentido, ele auxiliou-nos demais nessa empreitada.
Pelo fato de tocar guitarra, ele tinha facilidade para compor e assim, a sua participação tornou-se decisiva nessa tarefa para renovarmos o repertório da banda, quase que inteiramente e dentro desses novos parâmetros que buscávamos. A sua entrada na banda foi uma outra ideia do Rubens e o leitor mais atento, já deve ter percebido que o Rubens quase sempre foi o responsável por indicar e abordar diretamente um candidato à vaga, com exceção do Fran Alves que ocorreu de uma forma diferente. Por isso, novamente foi o Rubens, o responsável pela entrada de mais um vocalista.
Sobre o
Beto, quando ele entrou, sabíamos que ele tinha tido uma experiência
anterior com uma boa banda chamada, "Zenith", e antes, ainda nos anos
setenta, havia tocado no "Zona Franca", com o seu irmão, Claudio Cruz no
baixo, e Charles Gavin, na bateria.
Pairavam boatos sobre ele no métier, como por exemplo o de que costumava circular com um carro conversível e com uma guitarra Gibson Les Paul alojada no banco do passageiro, como forma de ostentação Rocker. Quando ele entrou para a banda, ele desmentiu a lenda, ao dizer-nos que sim, fora proprietário de um automóvel da marca, "Puma", modelo conversível, mas jamais andaria com uma guitarra cara dessas, exposta nessas condições.
A sua voz era potente, e com timbre límpido, bem diferente da rouquidão dramática do Fran Alves.
A sua postura de palco se mostrava muito boa, ao movimentar-se bem, e a sua comunicação com o público era muito boa. Tinha ótima aparência e isso ajudou a capitalizar a presença maciça do público feminino, mesmo que a posição de "galã oficial" da banda sempre foi do Rubens, desde o início das nossas atividades.
Aos
poucos, ele foi tocar guitarra nos shows, também, e claro que isso
encorpava o som da banda. Ele tocava bem, sem virtuosismos, mas tal
predisposição foi comedida, pois a ideia básica sempre foi permanecermos como um
quarteto, em que o vocalista principal, só cantasse.
Beto tinha um carisma, certamente e na minha análise, creio que de todas as fases em que a banda teve em sua trajetória, duas destacam-se com maior protuberância no imaginário dos fãs: a fase do trio, quando investimos bastante no Jazz-Rock setentista, e a fase Hard-Rock, com o Beto no vocal. Por isso, acho que o Beto tem grande mérito em sua participação na banda.
Como pessoa, era (é) um rapaz extremamente bem-humorado, sempre pronto a ajudar e com muita iniciativa.
Sou-lhe
muito grato pela força de trabalho que trouxe para a banda em vários
aspectos e na fase mais aguda da crise que entramos, a partir do segundo semestre
de 1987, ele foi um guerreiro, literalmente, pois saiu em campo para achar soluções práticas para tirar-nos de situações difíceis, o quanto antes.
Jamais esquecer-me-ei disso e tenho que enaltecer a sua energia nesse sentido, pois se existe o LP "The Key", creio que pelo menos 95 % por cento dessa concretização, veio da parte de seus esforços para tal.
Beto também foi fundamental quando a banda rachou definitivamente e em questão de dias, armou um novo cenário para que uma nova banda dissidente fosse formada às pressas, para suprir necessidades e compromissos da velha, A Chave do Sol, que foram inadiáveis. Foi um grande companheiro, amigo leal e incansável batalhador.
Sobre a dissidência d'A Chave do Sol, falo com detalhes nos seus capítulos exclusivos, pois na verdade, considero que seja uma outra banda, com outro trabalho muito distinto.
Após a minha saída dessa banda dissidente, em meados de 1989, ele reformulou-a completamente mais uma vez, e a liderou por mais algum tempo, até fechar as suas portas definitivamente, no início de 1991.
A seguir, ele se mudou para os Estados Unidos, onde estabeleceu-se para sempre, ao abrir um negócio e constituir família.
Ele mora atualmente na cidade de Fort Lauderdale, perto de Miami, no estado da Florida.
Mas não
largou a música inteiramente, pois já envolveu-se com bandas norte-americanas, e cerca de
três anos atrás (2013) lançou música na internet, a tocar guitarra e cantar.
A canção, "Winds of Change", que ele lançou nos Estados Unidos, com link abaixo para escutar no portal Bandcamp:
http://merkana.bandcamp.com/track/winds-of-change
Conectamo-nos pelas redes sociais desde o saudoso Orkut, e falamo-nos com regularidade no Facebook, hoje em dia (2016).
"O Sol só
brilha para quem luta até o final" é uma frase que compõe um pedaço de uma letra que ele escreveu
e cai-lhe bem, pelo seu espírito guerreiro para enfrentar os obstáculos
da vida.
Agora, chegou a hora para falar do núcleo base da banda, do trio que a fundou em 1982 e escreveu a sua história. Na verdade, termino a falar sobre a dupla que acompanhou-me nessa jornada: Rubens Gióia e José Luiz Dinola.
José Luiz Dinola
Zé Luiz, por ser técnico ao extremo, influenciou-nos a pender para o Jazz-Rock, de uma forma absurda, logo no início das nossas atividades de composição do material inicial da banda. Não se tratou de que não gostássemos do Jazz-Rock da década de setenta, pelo contrário, eu e Rubens o apreciávamos muito.
No entanto, não era a nossa predileção natural. Gostávamos mais de Rock'n' Roll clássico, Hard-Rock e Prog-Rock setentista, Acid Rock e Psicodelia sessentista, e no meu caso pessoal, a lista estendia-se para a Black Music, Folk, MPB etc.
Mas essa
guinada forçada para o Jazz-Rock moldou a nossa personalidade
inteiramente, a seguir, e de certa forma, obscureceu os signos de outras
tendências que gostávamos no Rock, ao estigmatizar-nos perante ao público, como uma banda de
Jazz-Rock, com forte acento setentista.
Portanto, muito do que construímos nos primeiros anos da banda e digo em termos de repercussão, após termos feito a nossa primeira aparição na TV, foi por conta dessa identidade sonora que marcou a nossa imagem. Sendo assim, nessa primeira análise, credito ao Zé Luiz, a importância em ter ofertado-nos a primeira imagem pública enquanto identidade estética e que proporcionou-nos muito respeito, sobretudo.
Longe de
ser algo palatável ao mundo fonográfico e radiofônico, essa vertente sob
difícil assimilação pelo grande público, ofereceu-nos respeito entre
músicos, jornalistas e produtores, ao menos.
Como baterista, o Dinola dispensa apresentações. É simplesmente um dos maiores da história do Rock brasileiro, pela técnica refinada, versatilidade e criatividade.
Dinola tinha (tem) também, potencial para cantar bem. No início das atividades da banda, ele se prontificou a cantar algumas canções, mas paulatinamente deixou de lado tal tendência, à medida que incorporamos vocalistas na banda.
Quando envolvemo-nos no "Sidharta", muitos anos depois (essa banda tem seus capítulos
exclusivos, naturalmente), ele demonstrou grande evolução
nesse quesito e estava a cantar ainda melhor, além de ser muito bom para criar arranjos
vocais.
Aliás,
talento para arranjador em geral sempre foi uma outra qualidade sua. Desde o início d'A
Chave do Sol, a sua capacidade inventiva foi extraordinária para dar ótimas
ideias de arranjos para as nossas composições.
Sobre A
Chave do Sol, em si, lembro-me com saudade do nosso esmero incrível para criarmos
convenções intrincadas de baixo e bateria. Passávamos horas a criar e
repassar trecho por trecho, ao fazermos divisões rítmicas as mais
inusitadas e quase sempre sob difícil execução, ou seja, como gostávamos de
complicar as coisas! Todavia, como ficavam expressivas tais
criações e realçavam as nossas composições!
Fora da
música, Dinola é um gênio inventivo. A sua capacidade para criar artefatos com
as próprias mãos, é incrível. Na eletrônica, na marcenaria &
carpintaria, ao construir e consertar objetos, Dinola mostrava-se como um misto de
Professor Pardal e um produtor executivo com poderes de contra-regra, nos bastidores da nossa banda.
Outra característica sua muito boa, fora a sua boa vontade para enfrentar todos os desafios de maneira corajosa e não foram poucos os obstáculos que tivemos que suplantar. Somente na reta final, o duro golpe da frustração por não termos dado o passo além que achávamos que estávamos perto de dar, o desanimou.
Lastimo muito que
isso tenha dado-lhe o impulso para decidir deixar a banda. Talvez se esperasse
mais um pouco, a crise em que mergulhamos poderia ter sido suplantada se
estivéssemos unidos, mas com a sua saída, ficou difícil para contê-la e pior
que isso, a evitar o final da banda.
Sou-lhe grato pela música bonita que produziu com as suas baquetas, pelo companheirismo, pelas risadas que demos, pelas caronas, pelas horas a fio em que trabalhamos no escritório de seu pai, em prol da nossa banda!
Depois que desistiu da loucura de deixar a música, Dinola teve trabalhos com combos diversos pela noite paulistana, a tocar com muitos artistas. Ele envolveu-se uma época com um tecladista que fazia música eletrônica e esteve em shows sazonais de algumas voltas que A Chave do Sol tentou fazer, mas dos quais eu nunca participei.
Em 1998, ele entrou em uma nova banda que eu estava a formar, chamada: Sidharta. Ali, a nossa dupla uniu-se novamente, após um hiato de doze anos e desenvolvemos um lindo trabalho ao compormos vinte e três músicas ao lado dos então muito jovens e desconhecidos multi-instrumentistas, Rodrigo Hid e Marcello Schevano. Dinola deixou essa banda no início de 1999, por não estar em concordância com a nossa meta que era radicalmente na orientação "retrô".
Pela noite paulistana, ele teve uma banda que tocava clássicos do Rock, com Rodrigo Hid e Marcião Gonçalves, chamada: "Tarântula".
Em 2012, Dinola entrou para o "Violeta de Outono", uma grande banda psicodélica e progressiva, que eu admiro bastante. Lá, está até os dias atuais (2016) e vive grande fase.
Já gravou dois lindos discos com essa banda e eu tive o prazer de vê-lo ao vivo a atuar com tal banda, no ano de 2014, com o Centro Cultural São Paulo completamente lotado e com as pessoas ali presentes a demonstrarem euforia.
Fiquei imensamente feliz por vê-lo a atuar em uma banda tão boa, histórica e à altura de sua técnica refinada e vice-versa. Falamo-nos constantemente pelas redes sociais e também vemo-nos com regularidade, pessoalmente.
Rubens Gióia
Quando a minha banda cover, "Terra no Asfalto", tentou dar a sua última cartada em junho de 1982, por indicação da dona de uma casa noturna onde costumávamos tocar, esta senhora indicou-nos o namorado de sua filha, que era um jovem guitarrista chamado: Rubens Gióia.
Eu não poderia imaginar isso na hora, mas conhecê-lo, mudou a minha vida dali em diante. Em questão de pouco tempo, a ideia dele entrar para a formação do Terra no Asfalto, a fim de revitalizar aquela banda que estava por acabar, dissipou-se, pois identificamo-nos como Rockers em busca do mesmo sonho e aí, nasceu: A Chave do Sol.
Rubens
teve a ousadia como característica sua, pessoal, e graças a essa
qualidade que eu definitivamente não tenho, pois sou cauteloso e
comedido por natureza, a banda lançou-se no mundo artístico, sem ao menos estar com
a sua formação ainda pronta.
A loucura
de se marcar um show, com a banda incompleta ainda e sem repertório, forçou-nos a queimar etapas e muito rapidamente, saímos da condição de uma
banda confinada em estúdio, para o palco.
O seu entusiasmo e amor pela banda, sempre foram notáveis.
Como
guitarrista, Rubens era (é) um talento nato, sem nunca ter feito aulas. Com
um ouvido muito bom e a paixão pelo Rock, ele moldou a sua personalidade
Rocker, que o forjou como guitarrista.
A sua marca sonora registrada fora o uso do pedal "Phase 90", ao conferir uma identidade e um colorido especial ao som d'A Chave do Sol. Rubens sempre teve uma boa voz e talvez um dos nossos maiores erros de estratégia foi o de constantemente preocuparmo-nos em procurarmos por vocalistas, sendo que a voz dele era tão boa ou melhor do que qualquer vocalista que estourou no mainstream do movimento "BR Rock 80's".
Um amigo
leal e fraternal, sou-lhe grato pelo companheirismo, pelos sonhos
compartilhados, pela luta, pelo Rock e pela existência d'A Chave do Sol.
Infelizmente, ficamos com a amizade estremecida após o racha que decretou o final da banda em dezembro de 1987. Ambos magoados um com o outro, por uma série de mal-entendidos que levou-nos a crer que um agira mal com o outro. Mas o tempo provou que ambos estávamos errados e tudo fora gerado pela má interpretação dos fatos.
Eu tive que participar da dissidência da banda, por não ter outra alternativa. Mesmo estremecidos e afastados, eu fiquei feliz quando soube que nos anos de 1990, ele envolvera-se com uma nova banda ("Yankee"), que ostentava um esquema forte para ser lançada em gravadora major.
Fiquei a saber que gravara um álbum no Rio de Janeiro, com
uma produção caprichada e que tivera, Marcelo Sussekind, ex-guitarrista da "Bolha" e
do "Herva Doce", como produtor.
Mas esse projeto não avançou, infelizmente.
Pouco tempo antes, eu soube que entrara na formação da Patrulha do Espaço, que sempre foi uma banda que ele admirava muito, desde a adolescência. Tratou-se nesse caso de uma volta da banda e eu vi com alegria vários cartazes desse show de estreia, em vários lugares de São Paulo.
Fiquei contente novamente, pois sabia que ele seria muito feliz e bem-sucedido a trabalhar com Rolando Castello Junior e Sérgio Santana. Mas um golpe do destino atrapalhou-o nesse sentido, pois o baixista, Serginho Santana, faleceu precocemente a seguir, ao estragar os planos imediatos da banda.
Em 1992, ele gravou o LP "Primus Inter Pares" dessa mesma banda, como uma homenagem ao grande, Serginho Santana, mas isso não caracterizou uma retomada da Patrulha do Espaço, propriamente dita, apesar de ter motivado alguns shows com tal formação que gravou tal disco.
Em 1995, encontramo-nos nos bastidores de um show do Pitbulls on Crack, grupo onde eu estava a atuar na ocasião e falamo-nos educadamente, mas sem o pleno restabelecimento da amizade. Daí em diante, Rubens tentou articular a volta d'A Chave do Sol várias vezes, e convidou-me diretamente para tal.
Sobre o porquê de eu não ter aceito tais convites, já expliquei em parágrafos anteriores. No início dos anos 2000, Rubens foi a dois shows da Patrulha do Espaço, onde eu fui componente, então. O clima melhorara, pois falamo-nos com uma proximidade bem melhor, quase como nos velhos tempos.
Em uma
dessas tentativas de volta d'A Chave do Sol, chegamos a ensaiar em 2005,
a visar um show que seria realizado em uma casa noturna e com apelo
saudosista, no qual algumas bandas da cena pesada e underground dos anos
oitenta, apresentar-se-iam em uma espécie de micro-festival. Mas não deu
certo. Depois disso, ocorreu mais uma tentativa em 2007, quando eu declinei do convite, por que
estava a trabalhar com o "Pedra".
Ensaio d'A Chave do Sol, em 2012, mas apenas com ele, Rubens, a representar a formação original da nossa banda
Uma nova
tentativa para reunir A Chave do Sol foi feita por parte do Luiz Calanca,
em 2012. Já contei sobre isso, detalhadamente anteriormente, também.
Por volta
de 2013, quando eu já estava a tocar com Kim Kehl & Os Kurandeiros,
Rubens assistiu vários shows nossos em uma casa noturna da zona norte de
São Paulo. Nesses encontros, conversamos bastante e a amizade restabeleceu-se, livre dos ressentimentos do passado.
No ano de 2014, eu fui convidado a tocar em um show em homenagem ao saudoso, Hélcio Aguirra, guitarrista do Golpe de Estado e nosso amigo em comum, desde os anos oitenta. Lá, toquei com Rubens, além de Roger Bacelli e Marcelo Ladwig, em um combo reunido sob improviso.
Fizemos um som ao estilo do Jazz-Fusion, e na
plateia haviam fãs d'A Chave do Sol que entraram em êxtase por essa
reunião inesperada... eu não tocava com Rubens, desde dezembro de 1987...
Magnólia
Blues Band e Rubens Gióia, no projeto Quarta Blues, em 2014. Da esquerda
para a direita: Alexandre Rioli (teclados), Kim Kehl (guitarra), Rubens
Gióia (guitarra), Carlinhos Machado (bateria), e eu, Luiz Domingues, no
baixo.
Ainda em
2014, Rubens foi nosso convidado no projeto "Quarta Blues", de uma outra banda
onde toquei, o "Magnólia Blues Band". E foi muito prazeroso.
Em 2015, tive o prazer de
ver a estreia de sua nova banda. Confraternizamo-nos fortemente nesse
dia, e então como espectador, tive a visão privilegiada de assistir um ciclo
a reiniciar-se... ao mirar o seu Power-Trio em ação, a impressão foi que a história
estava a repetir-se, e esse show fosse um revival do show de estreia da
própria, A Chave do Sol, no longínquo 25 de setembro de 1982. E muito emblemático, ele mesmo disse isso ao microfone, quando apontou-me na mesa, onde eu assistia a apresentação...
A Chave do Sol tem uma importância gigantesca na minha carreira e não dá para expressar isso com poucas palavras, todavia está implícito através dos 399 capítulos que eu escrevi no meu Blog 2 em formato de mini-capítulos, que resultou em 18 capítulos aqui, no padrão de um livro impresso, para tentar passar ao leitor essa emoção.
Como de costume, deixo claro que a qualquer momento novidades poderão surgir. No Blog, abrirei sempre espaço para adendos, correções, postagem de materiais em geral que possam surgir a posteriori etc.
E no caso
d'A Chave do Sol, tenho muito material a resgatar e já o tenho feito com
regularidade desde 2011, quando lancei todas as músicas das demos que gravamos em 1986, e algum material ao vivo de 1983, incluso duas músicas inéditas:
"Utopia" e "Intenções".
Recentemente, estabeleci parceria com a produtora, Jani Santana Morales, que vem a trabalhar nesse sentido, também e alguns vídeos inéditos foram lançados. A proposta é desengavetar tudo o que tenho disponível e portanto, à medida que forem lançados, posto-os nos meus Blogs 2 e 3.
Eu, Luiz Domingues, e o jovem e entusiasmado produtor cultural, Will Dissidente, em duas fotos clicadas no Teatro Olido, em São Paulo, por ocasião de um show do "Pedra", que ali realizou-se, em 9 de novembro de 2013
Recomendo
visita e apoio ao Blog A Chave do Sol. Reitero, esse blog não é moderado
por eu, Luiz Domingues, mas por um rapaz chamado, Will Dissidente. Ele existe de fato,
não é um pseudônimo meu, como algumas pessoas especularam nas redes sociais da Internet...
Visite o Blog A Chave do Sol:
http://achavedosol.blogspot.com.br/
No meu
Blog 3, a proposta da minha autobiografia completa é a da formatação de um
livro impresso (o livro chamar-se-á: "Quatro Décadas de Rock"). É mais fácil para ler com tal ordenação, visto que no Blog 2, onde os capítulos ficam mesclados e intercalados pelas
colunas de meus colaboradores fixos e sazonais, além dos anúncios de
meus shows, com minhas bandas atuais.
Visite o meu Blog 2:
http://blogdoluizdomingues2.blogspot.com.br/2013/06/autobiografia-na-musica-chave-do-sol.html
Eu criei e
modero comunidades d'A Chave do Sol em outras redes sociais, mas com
o objetivo de repercutir o meu texto autobiográfico. Com mais tempo a sobrar no futuro, abrirei em outras
redes, também.
Um texto
medíocre e baseado na opinião superficial de um site de Heavy-Metal da
Alemanha, alimentava a descrição d'A Chave do Sol no Wikipedia. Reescrevi
a história da banda resumidamente nessa enciclopédia virtual, ao dar-lhe
a dignidade devida.
Página da Chave do Sol no Wikipedia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Chave_do_Sol
Um livro impresso da autobiografia inteira, "Quatro Décadas de Rock", está por ser publicado. A formatação no meu Blog 3, já foi pensada nesse sentido.
Tenho um orgulho imenso por ter feito parte dessa história. E sou muito grato aos meus companheiros de jornada, colaboradores e todos, que direta ou indiretamente, muito contribuíram para fazer desse esforço, um sucesso. Em 18 horas ou apenas em um minuto além, fizemos luz, e decretamos que a Chave é o show.
Verônica Luhr: muito obrigado por proporcionar-nos tocar contigo, quando ouvíamos a sua voz inacreditável. Você é a Tina Turner loura e com olhos azuis! Espero que esteja e seja sempre, muito feliz!
Chico Dias: obrigado pela sua passagem pela banda. Que pena que não prosperou como desejávamos, mas você era um bom vocalista/frontman. Fiquei muito chateado contigo por um bom tempo, por conta de sua saída abrupta da banda, mas saiba que entendo a situação de outra forma agora e não guardo mágoa alguma. Seja muito feliz aí no teu Rio Grande do Sul!
Fran Alves: sou-lhe muito agradecido pelo privilégio em ter tido a sua presença como componente da minha banda. A sua voz era de arrepiar e a sua presença de palco, muito intensa e dramática.
Em toda a minha carreira, vi poucos
artistas subirem em um palco e terem essa entrega que você apresentava. Fico
muito aborrecido pelos dissabores que enfrentou, injustamente ao meu
ver, da parte de algumas pessoas que reprovaram a sua passagem pela banda.
Descanse em paz, velho amigo e um minuto além, eu chego aí para reencontrar-te.
Como diz o poeta, Julio Revoredo, "A humildade é o caminho para a felicidade superior", portanto, Fran, você vive essa plena felicidade, aí no outro lado, tenho certeza!
Beto Cruz: muito obrigado pela colaboração que foi fortíssima com músicas, letras, capacidade de organização e trabalho de campo como um produtor nato!
Muito grato pelos shows que fizemos, pela seriedade no trabalho e pelas brincadeiras nas horas certas, que proporcionou-nos boas risadas, grato também por ceder-nos a sua residência para ensaiarmos e ministrar-nos aulas.
Obrigado pela voz, pela guitarra e pela performance como frontman carismático que angariou muitos fãs para a nossa banda! Seja muito feliz aí nos Estados Unidos, com a sua esposa e filha e eu sempre estarei a apoiar as suas realizações musicais!
José Luiz Dinola: Obrigado pela sua bateria superb, pela possibilidade de criarmos linhas de baixo & bateria que marcaram imensamente ao ponto de serem comentadas como referência para muitos músicos que surgiram depois de nós, grato pela amizade, companheirismo, pela sua luta incansável, pelo inacreditável talento para criar e fazer coisas em prol da banda, pelos sacrifícios pessoais que teve para privilegiar os interesses da nossa banda, enfim, grato por ter sido o baterista d'A Chave do Sol, o nosso porto seguro atrás dos tambores da bateria!
Como
eu sempre digo, José Luiz Dinola é um baterista nota dez e um Ser Humano
nota mil! Estou a torcer muito para que seja muito feliz no Violeta de
Outono, por muitos anos!
Rubens Gióia: Obrigado por dar vazão ao meu plano idealizado desde 1976, mas só alcançado efetivamente em 1982, grato pela guitarra "Hendrixiana" da qual orgulhava-me em ter na minha banda, grato pelas músicas, grato pelas performances, grato por fazer de sua residência o QG onde concretizamos a nossa banda, grato pelas risadas que demos, grato pelos malabarismos com a guitarra e que arrancavam uivos da plateia, grato pela sua voz que imortalizou nosso primeiro sucesso registrado em disco, enfim, grato por tudo!
Estou na torcida para que sua nova banda construa uma história tão linda como a que construímos com A Chave do Sol!
Está encerrada essa importante etapa da minha autobiografia. Muito obrigado por ler, amigo leitor!
Daqui em diante, a autobiografia segue com os capítulos a contar sobre como foi a minha vida paralela, como "professor" de música, em: "Sala de Aulas".
Tigueiz,
ResponderExcluirE o superguitarrista EDU ARDANUY, o tecladista FABIO RIBEIRO e o superbaterista JOSÉ LUIZ RAPOLLI? Nenhum comentário sobre eles?
Ou em outro post você já comentou?
Abraço,
Sandro Molina, seguidor da Chave desde o Verão Vivo de 1988 na praia da Enseada no Guarujá. Eu tava lá!
Olá, Sandro !
ExcluirAntes de mais nada, lhe agradeço muito pela visita ao meu blog com direito a participação com comentário. Sobre acompanhar o trabalho da banda citada, desde 1988, também lhe agradeço efusivamente.
Respondendo a sua pergunta, devo esclarecer que considero a banda por você citada, como outro trabalho, desvinculado do trabalho da Chave do Sol e toda explicação para eu a qualificar como outra banda, apesar de ter nascido da dissidência da velha Chave do Sol, está toda contada em capítulos específicos sobre ela.
Tratam-se de quatro capítulos contando a sua história, e onde aí sim, falo bastante sobre os companheiros dessa jornada e que você citou acima.
Procure no arquivo do Blog a história da " A Chave / The Key", em quatro capítulos postados no mês de setembro de 2015.
Grande abraço, Sandro !!
Obrigado, Tigueis! 4 capítulos bem escritos. Acabei de ler.
ExcluirEu que lhe agradeço, Sandro !!
ExcluirJá vi que postou ricos comentários em outros capítulos e irei respondê-los um a um, com muito prazer.
Grato pela atenção e disposição em comentar !!