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terça-feira, 17 de novembro de 2015

Sidharta - Capítulo 3 - Criatividade & Euforia - Por Luiz Domingues

O primeiro ensaio do Marcello com a banda, ocorreu em uma terça-feira, de forma acústica na residência do Zé Luiz. Nesses ensaios acústicos, trabalhávamos arranjos, vocalizações etc. 

Logo no primeiro ensaio, a simpatia entre ambos (Zé Luiz e Marcello), foi automática. O Zé Luiz ficou com o queixo caído, quando deparou-se com a técnica do Marcello ao violão e teclados. E logo no primeiro ensaio elétrico realizado a seguir, ficou muito entusiasmado com a performance dele à guitarra.

Esses primeiros ensaios da formação ideal e definitiva do Sidharta aconteceram nos primeiros dias de março de 1998 e por sugestão do Zé Luiz, nós passamos a ensaiar eletricamente em um estúdio localizado no bairro de Pinheiros, próximo à estação Clínicas do Metrô e perto da sua casa. 

A nossa rotina a partir daí, passou a ser: ensaios acústicos nas terças na residência dele, Dinola e elétricos às sextas, nesse estúdio. Novas músicas surgiam e o Marcello também trazia-nos ideias, ao demonstrar que tornar-se-ia fatalmente, um grande compositor.

Nessa altura, já ensaiávamos músicas como: "Alma Mutante", "Retomada", "Sistema Solar", "Sonhos Astrais", "O Pote de Pokst", "Abstrato Concreto", "Sr. Barinsky" e começávamos a criar, "Céu Elétrico", com um novo arranjo, pois o Marcello trouxe a possibilidade de usarmos um novo instrumento em breve. Falo sobre esse pormenor, a seguir.

E foi assim... repentinamente ele teve um impulso que o levou à Rua Teodoro Sampaio (para quem não conhece a cidade de São Paulo, é a rua com maior concentração de lojas de instrumentos e equipamentos musicais da cidade) e em uma determinada loja, comprou uma flauta transversal...

Sem participar de nenhuma aula formal, sem ter noção prévia, Marcello apenas descobriu a escala no instrumento por dedução e começou a soprar, sem nenhuma técnica de embocadura. 

Poucos dias depois, ao pular a fase de ficar tonto pela oxigenação cerebral (o que demora para qualquer estudante normal), ele já fazia solos muito significativos. Com essa possibilidade, já incorporamos a flauta à banda, e na música, "Céu Elétrico, em que ele passou a fazer essas belas intervenções, que depois foram imortalizadas no álbum, "Chronophagia", da Patrulha do Espaço. 

Já em relação aos teclados, foi o mesmo. Volto um pouco na cronologia para contar esse fato.

Da esquerda para a direita: Marcelo Bueno e os irmãos Schevano, Ricardo e Marcello, em minha sala de aulas, no ano de 1996

O Marcello foi ouvinte nas aulas do seu irmão, Ricardo, entre 1994 e 1998. Logo eu notei que ele ficava quieto a observar com atenção e nas brechas das aulas, pegava o baixo e tocava perfeitamente o que eu acabara de ensinar ao seu irmão. 

Tornou-se óbvio que ele possuía um ouvido excepcional, que proporcionava-lhe uma condição de percepção musical, acima da média. Mais ou menos em 1997, ele disse que estava a pensar em comprar um teclado. E quando o fez, contou-me imediatamente. Tudo bem, pensei, vai começar a fazer aulas e demorar um pouco para desenvolver, sendo que no violão, guitarra e baixo, já estava a tocar muito bem.

Então, em uma questão de uma semana, entre uma aula do Ricardo e a próxima, ele trouxe o teclado à minha sala de aulas e com as duas mãos, tocou um longo trecho da música: "Karn Evil 9" uma peça complexa do repertório do grupo de Rock Progressivo: Emerson/ Lake and Palmer. 

A tocar aquelas peças complexas do tecladista Keith Emerson em uma semana apenas? Então, quando ele apareceu com uma flauta, não duvidei de sua capacidade incrível para desenvolver-se sob um tempo assombrosamente rápido, muito maior do que um aluno normal.

Com essa rotina estabelecida para cumprirmos ensaios nas terças e sextas, entramos em um período maravilhoso de desenvolvimento e companheirismo. Lembro-me desses meses de março a julho de 1998, com muito carinho, por sentir novamente dentro de meus anseios, a velha energia de animação que eu tive nos tempos do Boca do Céu em 1976 e no início d'A Chave do Sol em 1982.

Finalmente eu estava a montar uma banda de Rock sem concessões, para produzir o som do coração, sem importar-me com as expectativas do "mercado", mídia, modismos e quaisquer outros fatores desalentadores, incluso a questão da guerra de estéticas. 

Outro assunto importante, chegara o momento inevitável de escolhermos um nome para essa nova banda. Nesse aspecto, eu elaborei uma lista com mais de cinquenta sugestões de opções possíveis. Todos continham comprometimento com a contracultura Rocker 1960 & 1970.

Como os outros companheiros não tiveram muitas sugestões, a minha lista foi usada como a base de escolha. Preparei cópias e as deixei para cada um poder analisar e votar posteriormente. 

Então, a escolha foi pelo título: "Sidharta", um nome que detinha boa sonoridade, apresentava-se pomposo e com conotação esotérica, por ser o nome do príncipe, Sidharta Gautama, que segundo tal mitologia, abandonara a sua vida com luxo palaciano para buscar o nirvana, o ideal da libertação espiritual, para tornar-se aí, o Budha.

Um nome forte para resgatar as tradições do Rock sessentista que tanto o aproximara das vertentes esotéricas do oriente, ao encantar os Rockers, Hippies & Freaks dessa geração. 

E à medida que as músicas foram compostas, todos colaboravam no quesito das letras, mas surgiu a ideia de colocarmos também em nosso rol de parcerias, a presença de um velho amigo meu e de Zé Luiz, um brilhante colaborador nosso dos tempos d'A Chave do Sol. 

O poeta, Julio Revoredo, com o compacto d'A Chave do Sol em mãos, em uma ocasião em que acompanhou-nos à sede da Rádio e TV Cultura, em julho de 1984. Foto de seu acervo pessoal.

Convidamos outrossim o poeta, Julio Revoredo, a fornecer-nos alguns de seus poemas. Levei os dois garotos para conhecê-lo em sua residência no bairro do Brooklin, zona sul de São Paulo e em tal ocasião ele selecionou algum material para que pudéssemos trabalhar. 

Desses poemas dele, plenos de erudição, escolhemos: "Nave Ave", "O Futuro é Já" e "Terra de Mutantes", de imediato e mais para frente, trabalhamos com mais uma. 

Nesse momento, por termos o Marcello a revezar-se aos teclados com o Rodrigo, a banda ficara, sensacional. Zé Luiz estava a mil por hora, entusiasmado com os garotos, igualmente.

A minha euforia foi muito grande, pois após anos a lutar com dissabores os mais variados e a ser obrigado a estabelecer muitas concessões ao plano de carreira primordial, eu considerei haver conseguido resgatá-lo, finalmente. 

E ante tal euforia juvenil, eu vibrava na mesma energia que eu tive nos anos setenta, quando mergulhei na música, ainda adolescente. A minha euforia avolumara-se igualmente ao verificar que mantinha duas joias preciosas em mãos.

Rodrigo e Marcello, em foto do primeiro show da Patrulha do Espaço em agosto de 1999, ocasião em que a minha projeção feita nos tempos do Sidharta, começou a concretizar-se de fato, sobre a explosão do talento assombroso de ambos

Rodrigo e Marcello eram geniais, por serem ambos, multi-instrumentistas, vocalistas, compositores, letristas e extremamente jovens e bem-apessoados. Possuíam tudo para explodir nas suas respectivas carreiras doravante.

E convenhamos, não é fácil formar uma banda com dois talentos desse porte. O Zé Luiz, apesar de não vibrar com essa mesma intensidade que nós, pela questão do resgate retrô que a banda propunha, compensava com a sua animação pela banda em si. Estava impaciente para tocar e muito empolgado com o desempenho dos garotos nos ensaios e sobretudo na criação da nossa banda.

Fora isso, havia a obviedade dele ser um grande músico, que eu também estava a gostar muito de contar como sócio, novamente, pois o seu caráter era (é) irretocável e como músico, se eu o achava excelente no tempo d'A Chave do Sol, nesse novo panorama em que voltamos a trabalhar juntos, onze anos depois, ele estava ainda mais técnico e experiente. Portanto, também não foi (é) fácil arrumar um baterista desse altíssimo nível, para integrar-se a uma nova banda. 

Foi uma época muito bonita, que realmente guardo com muita intensidade na minha memória, pois a rigor, foi o meu "religare", na determinação para seguir o meu plano inicial, traçado em 1976. A cada nova música que surgia, a cada letra, a cada arranjo que enriquecia as canções, eu senti uma euforia imensa pelo futuro que essa banda haveria de escrever!

Eu não tive uma música predileta para destacar do nosso repertório. Cada uma teve o seu encanto, mesmo as que eu não contribuíra com nenhuma participação como compositor ou letrista. 

Sentia apenas que cada música representava um filho a nascer desse projeto tão bonito. Lembro-me que cada uma mantinha as suas particularidades e todas demonstraram a ligação com o espírito do projeto. Por exemplo, "Retomada" lembrava-me o Rock brasileiro dos anos setenta. Eu associava a sua sonoridade aos artistas tais como: "O Peso", "Bixo da Seda", "A Bolha"...

Donovan, o grande menestrel Hippie do Folk-Rock britânico, sessentista
 
"Céu Elétrico" se mostrava como uma peça ao estilo Folk sessentista/psicodélico e lembrava-me o trabalho de Donovan, "Procol Harum", "Jethro Tull" etc. "Nave Ave" se assemelhava ao som do "Traffic" puramente, com aquela linda introdução mediante acordes que o Marcello criou e ao seu final, tornava-se épica, parecia uma canção versada pelo Prog-Rock, ao estilo do "Focus".

                        Martha, my Dear, Don't forget me...

"Abstrato Concreto" e "Sr. Barisnky" seriam peças com sabor de "canções Beatle". Poderiam estarem presentes nos LP's "Sgt° Peppers", ou "White Album".

"Ser", se tratava de uma contundente peça que remetera ao "Grand Funk" dos seus primeiros trabalhos, como por exemplo, o material contido no mítico LP da "capa vermelha" ("Grand Funk"/homônimo), "Closer to Home" e outros discos dessa grande banda do estado do Michigan.

"Tudo Vai Mudar" e "Sistema Solar" lembravam o estilo "Southern" Rock na pegada do "The Allman Brothers Band". 

"Sonhos Siderais" lembrava-me o som cerebral do "King Crimson" na sua primeira parte e ao final da música, remetia demais ao "Yes". 

E assim por diante. Cada referência dessas preenchiam-me com motivação e alegria por eu, particularmente estar a retomar o meu plano primordial de carreira. 

E o que motivara-me ainda mais, foi saber que os dois garotos vibravam nessa mesma linha, pois apesar de não haverem vivido essa época remota, detinham essa cultura toda consigo, sabiam de onde vinham as ideias e gostavam de soar dessa forma, além da questão da temática das letras, o visual dos membros que queríamos implantar como uma norma e a produção de estúdio no qual queríamos seguir os passos de artistas de complexidade retrô como "Black Crowes", "Lenny Kravitz", e outros, que esmeravam-se para ter em seus discos essa sonoridade vintage em seus discos. 

E já pensávamos nessa possibilidade de começarmos a gravar. Tanto foi assim, que marcamos para gravar uma demo-tape ao vivo, no estúdio de ensaio, para começarmos a analisarmos como as músicas estavam a soar nesses primeiros esforços de nossa parte.

Essa primeira demo foi gravada de uma forma muito simples. Foi na verdade um ensaio gravado ao vivo, sem nenhum retoque especial, apenas a contar com o advento de mais microfones para fazer o papel de "overall", ou seja, uma captação generalizada e sem apuro técnico. 
 
Feita essa ressalva técnica, digo que serviu ao seu propósito, pois o objetivo seria apenas para a avaliação interna da banda ao ouvirmos, mesmo que de forma tosca, como estavam a soarem as primeiras músicas compostas e arranjadas. 
 
Ouvimos juntos na casa do Zé Luiz a posteriori e depois providenciamos cópias para ouvirmos individualmente, em nossas respectivas habitações. 
 
Os meninos estavam tranquilos. Contentes, mas serenos, sem nenhuma excitação especial pela gravação desse ensaio. Mesmo por que, gravávamos todos os ensaios normalmente, só que mediante um pequeno gravador portátil que eu levava comigo, sempre. Acompanhar a evolução das músicas, auxiliara-nos muito, no processo de apuro delas.
 

Nessa altura, já havíamos composto, "O Novo Sim", uma música minha que o Zé Luiz tratou por escrever a sua letra. Essa música, lembrava demais o som do guitarrista britânico, Peter Frampton, e também o "Tutti-Frutti", dos bons tempos. 

Como o Marcello já estava a melhorar muito o seu desempenho na flauta, criamos um arranjo final diferente, posteriormente, com uma parte adicional para ele fazer um novo solo, no uso desse instrumento. Ficou sensacional, e essa música logrou êxito ao figurar do repertório do CD "Chronophagia", da Patrulha do Espaço, pouco tempo depois, no ano 2000.

Dessa forma, ficou inusitado que em um disco da Patrulha do Espaço, houvesse uma parceria com o Zé Luiz Dinola, visto que o membro original e condutor ativo daquela banda era (é) o baterista, Rolando Castello Junior. 

E nos shows da Patrulha do Espaço, anos depois, ela foi executada muitas vezes, e em algumas ocasiões, chegou a provocar uivos da plateia, por notarem que o Marcello saía abruptamente do piano para engatar um lindo solo de flauta, enquanto eu e o Rodrigo sustentávamos um riff, bem no estilo do "Jethro Tull". 

Ainda a citar um evento futuro, além da cronologia desta parte do relato, certa vez, em um show da Patrulha do Espaço, em 2002, realizado em uma cidade de Santa Catarina, chamada, Concórdia, tivemos uma surpresa incrível do público com essa música, mas isso eu conto com detalhes no capítulo da Patrulha do Espaço, evidentemente. Só para situar aqui, claro que lembrei do Sidharta nesse momento e do Zé Luiz Dinola. 

Recordei-me imediatamente daquelas prazerosas noites de terça, onde fazíamos músicas com tanta vibração positiva e como ele ficaria orgulhoso por ver aquele contingente de jovens a cantar a letra que ele escrevera em uma noite dessas, de 1998. 

Continuamos a criar, e nesse ponto já tínhamos composta e arranjada a música "Terra de Mutantes", que lembrava demais o som do "Joe Cocker", da época do LP "Mad Dogs and the English Man". A letra, como eu já havia dito anteriormente, foi criação do poeta, Julio Revoredo.

O poeta, Julio Revoredo, em foto de seu acervo pessoal, dos anos 2000

O Julio a trabalhar conosco, como nos velhos tempos d'A Chave do Sol, foi um reforço e tanto para o projeto. As suas letras complexas, ricas em imagens sugeridas, sempre destoaram das letras comuns em geral, que ouvimos por aí. 

Eu tinha saudade de poder contar com o Julio e estava feliz por ele ser colaborador desse novo projeto. E assim encerramos o primeiro semestre de 1998, com um trabalho já concreto em mãos e novidades a sair do forno.

 
Assim que começamos a ensaiar sob forma elétrica em estúdios, com a nova formação a contar com o Marcello Schevano, os nossos ensaios ficaram disputados. Como tornara-se impossível acomodar muitas pessoas convidadas dentro do pequeno estúdio que alugávamos em Pinheiros (na Rua Arruda Alvim, bem próximo da estação Clínicas do Metrô), nós organizamos um rodízio para convidados.

Dali em diante, os ensaios passaram a contar com público presente. Muitos amigos acompanhavam com entusiasmo os nossos passos iniciais, por serem testemunhas do nosso processo de criação e dos nossos progressos. 

Ao percebermos que aquele pequeno estúdio de Pinheiros não comportava mais essa visitação, resolvemos procurar por um lugar mais espaçoso e aí surgiu a ideia para que fôssemos ensaiar no estúdio/residência do Paulo "P.A." Pagni, ex-baterista do RPM, e ex-vocalista do Neanderthal. 

A sua habitação ficava situada na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo e curiosamente, paralela à rua da residência/estúdio do Xando Zupo, onde alguns anos depois, o "Pedra" empreenderia os seus primeiros passos.

O P.A. havia transformado a sua casa e seu estúdio, em um recanto hippie, muito interessante. O estúdio mais parecia uma caverna, com mil adereços louquíssimos espalhados por todos os lados. 

No meio daquela caótica bagunça, ele parecia aconchegante e de certa forma condizente com o espírito que queríamos para o Sidharta, sempre a evocar a vibração sessentista. 

Mas os ensaios na nova casa alugada pelo Sidharta só aconteceriam para valer a partir de agosto, pois no mês de julho, fizemos uma pausa forçada. Os dois garotos, acompanhados de amigos de sua idade, lotaram dois carros e viajaram para a Argentina, para participarem de uma aventura juvenil.

Fiquei chateado com essa resolução deles, pois considerara que nas férias estudantis de ambos, nós dobraríamos os ensaios, mas ocorreu exatamente o contrário, com o cancelamento total e compulsório das nossas atividades. 

O Zé Luiz mostrou-se mais compreensivo e persuadiu-me a não chatear-me com tal resolução da parte dos mais novos, ao usar o argumento óbvio de que eles eram garotos e dessa forma, não poderíamos esperar seriedade e foco da parte deles, o tempo todo. 

Ele teve razão, pois não custar-nos-ia nada, dar-lhes uma pausa, mesmo por que, o trabalho estava a render bem. 

Assim que voltaram, reiniciamos os trabalhos com força total e naquele estúdio maluco do Paulo Antonio, o popular, "P.A.".

A primeira foto, é mesmo do velho estúdio do "PA". Já a foto abaixo, mostra o grande, Bill Graham, a posar no palco do seu mítico auditório, "Fillmore West", um dos maiores templos do Rock sessenta-setentista

Eu projetava a banda a atuar ao vivo e a reação que haveria de produzir. O impacto seria tremendo, ao menos na minha projeção. Baseado em tal expectativa instintiva de minha parte, o Marcello, por exemplo, começaria o show a atuar (e a arrasar) na guitarra. Algum tempo depois dirigir-se-ia para os teclados, ao pilotá-los como um típico tecladista dos anos setenta, rodeado por instrumentos e a destacar-se nas bases e solos, quando então, de repente, faria um solo de flauta, sem contar que seria o vocalista principal em várias músicas...

Como se não bastasse tudo isso, o Rodrigo cumpriria igualmente todo esse périplo, habilitado para fazer esses mesmos voos brilhantes, o que deixaria o público boquiaberto. 

O Zé Luiz, por sua vez, estava ainda mais técnico ao comparar-se com a sua performance no tempo em que nós trabalhávamos juntos nos anos oitenta, com A Chave do Sol, portanto, haveria de arrancar suspiros com a sua técnica refinada. 

Em suma, que banda forjava-se ali!

E quando tudo isso transformou-se concretamente na volta da Patrulha do Espaço, pouco tempo depois, de fato, eu testemunhei diversas reações de euforia do público ao acompanhar essa versatilidade toda do Marcello e do Rodrigo. Mas aqui o assunto é Sidharta, logicamente, trato sobre tais desdobramentos no capítulo adequado, certamente.

Ainda para conjecturar, algumas pessoas perguntaram-me: e se o Sidharta estaria na ativa hoje? 

Bem, não tenho esse pensamento, pois o Sidharta não acabou, ele prosseguiu, ao tornar-se uma simbiose da Patrulha do Espaço. Nesse caso, não dá para desassociar o Sidharta dessa outra banda, como se fossem fatores diferentes, pois houve uma fusão de bandas, na verdade.

O Sidharta não morreu, portanto, mas simplesmente fundiu-se à outra banda que possuía uma história longa. Nessa mescla de passado e tradição, com juventude e sangue novo, ambas lucraram com a fusão, portanto, não tenho como arrepender-me. 

E rejeito assim, a ideia de que se o Sidharta não tivesse unido-se à Patrulha do Espaço, poderia haver gerado um outro destino, pois seria uma mera especulação sem comprovação empírica. 

Vamos supor que sim, se tivéssemos seguido com as nossas próprias forças, o que teria acontecido? Muito provavelmente, nós teríamos demorado uma eternidade para fazermos shows, aparecermos na mídia, gravarmos um CD, porém, chegaríamos nesse ponto em algum momento, ainda que ao percorrer um caminho mais espinhoso. Portanto, é melhor nem perder tempo com especulações vazias. 

Acima, na segunda foto, mais uma perspectiva do estúdio do PA, que o Sidharta tanto usou e a Patrulha do Espaço, posteriormente, também

O estúdio do P.A. continha um equipamento razoável, mas o som de voz poderia ser melhor. Essa, aliás, é uma falha que quase toda sala de ensaios tem. 

E a vedação não era 100%. Tanto é verdade, que o P.A. não alugava o seu estúdio após as 22:00 horas, justamente para não ter problemas com os vizinhos. 

A questão da viagem dos garotos à Argentina, também foi rapidamente absorvida.

Na época, eu estava com uma energia incrível para o projeto e não passava pela minha percepção, que os outros também não tivessem o mesmo entusiasmo, daí a minha estupefação inicial com o fato deles não estarem na mesma vibração e assim haverem optado por aproveitarem suas as férias, ao invés de intensificarmos os ensaios em julho.

Eles estavam empolgados, mas certamente sob um grau mais baixo, ou para explicar melhor, com outra visão e percepção. E uma outra questão que o Zé Luiz observou bem: eram garotos e ainda imaturos. 

Terminadas as aulas, naturalmente que ambos entraram na influência dos amigos de faculdade e a viagem tomou a natural proporção de uma aventura para eles. Foi normal que nem cogitassem outra hipótese, a não ser pensarem no prazer de ficarem vinte dias a aventurarem-se em uma viagem tão longa. 

Logo que retornaram e nós retomamos a rotina de ensaios, tudo voltou ao normal. Assumo, portanto, que exagerei na minha expectativa!

A terceira foto acima, também é do estúdio do PA, então localizado no bairro da Vila Mariana, na zona sul de São Paulo
 
Sim, os ensaios voltaram ao normal e daí nós iniciamos uma nova "Era" para a trajetória do Sidharta, ao ensaiarmos doravante no estúdio/casa do P.A. (Paulo Antonio, ex-baterista do "RPM" e ex-vocalista do "Neanderthal"). 

Os ensaios na casa do P.A. costumavam ser muito descontraídos, pois o seu estúdio mais parecia uma caverna Hippie. Queimávamos incensos a vontade e não existia restrição quanto ao número de visitantes. Havia até um mezanino a conter um sofá e várias almofadas para se acomodar os visitantes. 

Lembro-me de ensaios tumultuados, com a presença de até vinte e cinco amigos! Nesta altura, já tínhamos mais de quinze músicas compostas e estávamos a polir as peças mais velhas que estavam por ficarem, cada vez melhores.

Pensávamos naquela época em gravarmos o material, mas com a verba curta, as nossas posses suprimiriam apenas para um compacto simples para ser lançado, quando muito. E sob uma Era do CD, tal perspectiva se tornara algo inviável, pois o custo para prensar duas músicas era o mesmo para se inserir quinze no mesmo disco.

Sim, a ideia foi gravar um disco integral, mas os nossos parcos recursos não permitiram tomar essa dianteira para planejarmos com contundência tais providências. Naquele momento mostrara-se ainda só como uma especulação e acima de tudo, foi a constatação de uma necessidade premente. 

Quanto a uma possível sanha por shows, não existia nesse nível e não preocupava-me, particularmente. Os garotos estavam focados com a ala velha da banda (formada por eu-Luiz e o Zé Luiz), e nesse sentido, o foco fora compor, arranjar e afiar o repertório. 

A meta foi estabelecida para só tocarmos ao vivo, com um padrão de qualidade elevado. A partir do segundo semestre, quando começamos a ensaiar no estúdio do P.A., já tínhamos um repertório inicial significativo. 

E ainda tivemos fôlego para continuarmos a compor. Nesta altura, já contávamos com o seguinte repertório: "Abstrato Concreto", "Sistema Solar", O Futuro é Já", "Estar Feliz Consigo", "Sr. Barinsky", "Sonhos Siderais", "Céu Elétrico", "Nave Ave", "Terra de Mutantes", "O Mesmo Fim" (essa canção, depois mudou de nome para: "O Novo Sim" e foi gravada pela Patrulha do Espaço), "Ser", "Retomada", "O Pote de Pokst", "Tudo Vai Mudar" e "Do Começo ao Final". 

Logo, nos ensaios no estúdio/residência do P.A., sairiam as novas.

Uma canção que estava por amadurecer, tratou-se de uma viagem psicodélica, chamada: "Eu Nunca Existi". Eu tive a ideia inicial dessa música, ao assistir (pela enésima vez, inclusive), o filme: "The Party", do diretor ator norte-americano, Blake Edawards e estrelado pelo ator britânico, Peter Sellers. 

Aquela cena final, absolutamente anárquica, com todo o elenco jovem do filme a dançar uma canção psicodélica e com a presença de um elefante todo pintado, dentro de uma piscina, sempre impressionou-me muito por ter uma vibração única, como se tivesse congelado o astral de 1968 no próprio celuloide do filme. 

A ideia que eu criei no baixo, não é uma cópia, nem se parece, mas é inspirada naquela impressão que sempre tive enquanto emoção gerada, pelas imagens desse filme. Mostrei a ideia ao Rodrigo que adorou e trabalhou junto, ao acrescentar outros elementos.

A letra dessa canção, a conter questionamentos psicanalíticos, casou-se perfeitamente com a psicodelia. E foi mais uma colaboração brilhante do poeta, Julio Revoredo. Assim, surgiu: "Eu Nunca Existi", foi a nossa incursão dentro da psicodelia sessentista. Essa música foi gravada também pela Patrulha do Espaço, e consta do álbum, "Chronophagia".

Com o avançar do segundo semestre de 1998, as primeiras músicas estiveram cada vez mais azeitadas e a qualidade das novas que surgiram, melhorava, pois, o entrosamento da própria banda mostrava-se conquistado, paralelamente. 

Eu estava plenamente satisfeito com o rumo da banda, artisticamente a falar, mas surgiram certas discordâncias estéticas por parte do Zé Luiz. E de certa forma, conforme eu já esclareci aqui neste capítulo, logo no seu começo, eu sabia que a despeito de todas as qualidades dele como músico, artista e pessoa, esse conflito poderia vir à tona mais cedo ou mais tarde, pois o projeto fora concebido fora do contexto natural das preferências estéticas dele.

E não foi por falta de aviso. Eu adverti os garotos desde que surgiu a ideia e quando ele, Zé Luiz engajou-se na banda, deixei muito claro que a intenção da banda era fechar-se em uma estética retrô, radical. Ele aceitou e cativou-me por sua força de vontade inicial, mas essa força nada teve a ver com esse foco em si. 

Que ele era (é) um profissional exemplar e tinha (tem) no esforço pessoal uma de suas melhores características, eu sabia desde o tempo d'A Chave do Sol. A questão aqui foi: ele encaixar-se-ia em uma proposta de banda como foi a do Sidharta? Ele disse que sim, em princípio, e os meninos que não eram nada experientes nessa época, acreditaram, mas eu que já era bem mais experiente e conhecia muito bem o temperamento do Zé Luiz, portanto, eu sabia no fundo, que não. 

E essa constatação corroera-me a alma, pois trabalhar com o Zé Luiz, foi extremamente prazeroso pelo grande músico que ele era (é), e no quesito extra-musical também, pelo seu caráter e força de trabalho, incansável. 

E que sinais começaram a aparecer? Pois ele começou a falar em querer arregimentar certas influências musicais modernas (modernas nos anos noventa, bem entendido), para buscar timbres de bateria a serem usados, acaso fôssemos gravar um suposto CD do Sidharta. 

Claro, na questão da escolha pessoal do timbre do seu instrumento, o músico dá a palavra final. Mas em tese, desde que haja uma unidade compatível com o bojo do trabalho, é claro. 

E no caso do Sidharta em específico, se a banda evocava os Deuses do Rock 1960 & 1970, aonde entraria o "Prodigy", que ele citava, constantemente?

Ao olhar para essa foto acima, a retratar o vocalista da banda noventista e "moderna" para tal época, que eu citei anteriormente, mais uma vez eu recorro a uma pergunta clichê, porém realista na minha autobiografia: passados alguns anos, diga-me, caro leitor, qual a relevância desse tal de "Prodigy" para a história do Rock? Por isso eu nunca precipito-me em estender um tapete vermelho para quem está na crista da onda, "hypado" pelos famigerados "formadores de opinião", essas verdadeiras bestas apocalípticas a serviço do marketing e contra a arte, sempre!

Eu pescava tais sinais, que não surpreendiam-me, conforme já expliquei inúmeras vezes, mas ainda considerava que essas incompatibilidades poderiam ser incontornáveis. 

Os meninos não percebiam essas sutilezas, pois na sua percepção da época, deve ter sido uma questão fora do foco da banda, e assim, eles conduziam as suas vidas como estudantes e com as suas distrações sociais a todo vapor com "baladas" aos finais de semana, portanto, essa preocupação em ter que administrar uma futura possível turbulência por questão ideológica, fora só minha.

Mas infelizmente, deu para notar no comportamento do Zé Luiz, que ele estava a começar a ficar insatisfeito. Eu o conhecia muito bem e sabia que quando ele começava a ficar quieto e a tocar meio carrancudo nos ensaios, é porque não estava a apreciar os arranjos. 

Diferente do início da sua entrada na banda, em que mostrava-se super participativo e a sugerir muitas ideias (ótimas, por sinal), ao criar vários arranjos muito bons. Tirante isso, que ainda fora apenas um sinal sutil e não gritante, tudo ia bem, pois as músicas mais antigas continuavam a serem buriladas e a ficarem cada vez melhores.

"Nave Ave" executada sob um ensaio realizado em algum momento do segundo semestre de 1998, no estúdio de Paulo "P.A." Pagni, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo.

Eis o Link para assistir no YouTube:

Nessa altura, agosto/setembro/outubro de 1998, se houvesse uma oportunidade para tocarmos ao vivo, creio que já teríamos condições de cumprirmos ao menos um set curto, ou a mesclar-se com covers para tocar eventualmente em um bar, ou algum espaço com pequeno porte. 

Estávamos fechados na ideia de criarmos o material para depois tocarmos ao vivo e portanto, o Sidharta nunca tocou ao vivo, efetivamente. Mas visto hoje, dezenove anos depois (2016), creio que talvez essa estratégia não tenha sido a melhor. 

Se tivéssemos marcado pequenas apresentações em bares, ao considerar-se que mesmo desconhecidos, atrairíamos um bom público (só os meus alunos e agregados do meu exército de Neo-Hippies garantiriam um mínimo de oitenta a cem pessoas, sem dúvida). 

Talvez (sempre o "talvez"), o Sidharta tivesse consumado um outro destino, com o Zé Luiz a animar-se mais, por verificar o resultado ao vivo, quem sabe? Certamente teria mudado o futuro, talvez não houvesse ocorrido a fusão com a Patrulha do Espaço, talvez... talvez...

O público alvo do som que o Sidharta almejava, logicamente seria o de apreciadores do som produzido nas décadas de 1960 & 1970. Mas se por um lado realmente pareceu ser um público envelhecido, a minha percepção mostrara-se outra, muito diferente. 

Isso por que eu já vinha de uma experiência acumulada por muitos anos, a observar a ascensão de um público renovado e muito jovem, portanto, a minha própria sala de aulas fora um balão de ensaio dessa efervescência Neo-Hippie.

A cena Brit-Pop dos anos noventa foi um agente motivacional nesse sentido, também, pois quase todas as bandas desse movimento inspiravam-se explicitamente no som dos anos sessenta. 

Então, eu nutri muita esperança para acessar esse público alvo, formado por jovens antenados e que crescera em progressão geométrica, naqueles anos.

E a prova de que eu estive certo em minha avaliação, veio a seguir, com o Sidharta a metamorfosear-se na Patrulha do Espaço e nas nossas andanças pelo interior de São Paulo e estados do sul, principalmente, quando tivemos essa constatação muitas vezes, nos anos vindouros! 

Se considerarmos a jornada com a Patrulha do Espaço, como o prolongamento natural do projeto Sidharta, considero que logramos êxito. Talvez não como sonhávamos, em grande escala, mas em diversas manifestações ocorridas principalmente em cidades interioranas paulistas e nos três estados sulistas, nós vivemos isso no início dos anos 2000.

Marcello Schevano a gravar flauta no álbum, "Chronophagia", da Patrulha do Espaço, em 2000. Click: Eduardo Donato

Tal visão veio à minha mente, inúmeras vezes, sempre que vi-me diante de situações dessa natureza, nos shows apresentados pela Patrulha do Espaço e com as músicas do Sidharta a encantar esse tipo de público jovem e antenado nas sonoridades oriundas dos anos 1960 & 1970. E não foram poucas as ocasiões, conforme eu relatarei nos capítulos sobre a Patrulha do Espaço. 

O nosso trabalho de resgate da sonoridade 1960 & 1970, foi muito incisivo e determinado. Haviam outras bandas com proposta semelhante ao final da década de 1990, mas não tão centradas nesse objetivo. Nessa época, observavam-se na ativa, muitos artistas a vibrarem nessa mesma proposta, mas todas locados no underground da música.

A única banda que eu lembro-me que obteve uma abertura média na mídia mainstream, foi o "Júpiter Maçã". O "Cachorro Grande", seu contemporânea, só viria à tona alguns anos depois, como dissidência do próprio, Júpiter Maçã. 

Lembro-me do lançamento do disco dessa banda gaúcha (Júpiter Maçã), a se mostrar todo psicodélico e por ter badalação que teve na MTV e até a garantir uma matéria de página inteira, no jornal, Folha de São Paulo, que notoriamente adotava uma postura monolítica pró-punk'1977, há décadas. Lembro-me inclusive, em ter levado essa página do jornal para os companheiros poderem acreditar que haveria esperança etc. e tal. 

No mais, muitas bandas atuavam no underground: "The Tea House Band", "The Charts", "Relespública" (esta, há mais tempo na labuta, é verdade), "Feicheclears" etc. Perto da nossa "órbita", havia o "Soulshine" que nada mais fora do que o embrião do "Tomada", o "Supernova"do Carlos Fazano, e o "Tomate Inglês", embrião do atual "Klatu".

Ainda nesses últimos meses de 1998, os ensaios se tornaram incrivelmente povoados. Chegou a haver ocasião onde eu contei vinte e cinco pessoas dentro do louco estúdio do PA, que mais parecia uma caverna hippie. Isso sem deixar de mencionar os cachorros dele que eram figuras icônicas do ambiente.

Ele mantinha cerca de meia dúzia de cães da raça, Sheep Dog, com nomes a denotar uma atmosfera hippie, como: "Lua", Estrela", "Sol"... enfim, até os cães foram "freaks", ali!

Enchíamos a caverna com incensos e o astral era sensacional para ensaiarmos. Claro, esse excesso de convidados atrapalhava um pouco, mas no cômputo geral, mostrava-se com um clima muito gostoso que só contribuía para inspirar-nos mais ainda na boa vibração que queríamos evocar. 

E da parte do PA, quem não saia de sua casa eram seus amigos fiéis, Nobuga (percussionista), e o grande guitarrista, Hélcio Aguirra, que praticamente estavam lá o tempo todo, em animadas partidas de vídeo game com corridas de Fórmula 1.

Foto promocional da banda, Mobilis Stabilis, em que o percussionista Nobuga foi integrante. Ele é o primeiro, da esquerda para a direita.

O Nobuga tocava bem a tabla indiana e muitas vezes ele deixou-me tocar o seu instrumento, mas claro, eu não tenho técnica alguma, mas adoro o timbre desse instrumento maravilhoso. 

No fim do ano de 1998, estávamos com quase vinte músicas prontas, arranjadas e a ficarem muito bem ensaiadas para se tocar ao vivo ou a serem gravadas. O Sidharta nunca tocou ao vivo, mas poderia ter tocado pelo padrão de execução que alcançamos. 

Em "Céu Elétrico", por exemplo, o arranjo do Sidharta era diferente do que ficou registrado com a Patrulha do Espaço, posteriormente na gravação do CD Chronophagia. Naquela época, eu tocava guitarra e o Rodrigo atuava no órgão. O Marcello tocava flauta e mesclava um pouco de guitarra em algumas partes. A ideia foi acrescentarmos violões no disco, para deixá-la mais leve.

O grande, "Fairport Convention", grande baluarte do Folk-Prog britânico, nas décadas de sessenta e setenta
 
No disco da Patrulha do Espaço, o Júnior veio com a ideia daquele peso na bateria, ao inviabilizar a ausência do baixo e daí ficou mais com o aspecto de "Procol Harum" do que "Fairport Convention", ou "Donovan", como queira o leitor. 

Paralelamente a tudo isso que envolvera o Sidharta, estava a ocorrer desde meados desse ano de 1998, um movimento dentro da minha sala de aulas, que apresentara ótimos resultados. Já contei com detalhes sobre essa história no capítulo: "Sala de Aulas", mas o Sidharta teve tudo a ver com isso, como um beneficiário. Foi o movimento de cartas à mídia.

 
Ao chegarmos ao final do ano de 1998, tivemos arregimentado o seguinte repertório disponível:

1) Abstrato Concreto

2) Sistema Solar

3) O Futuro

4) Estar Feliz Consigo

5) Sonhos Siderais

6) Céu Elétrico

7) Nave Ave

8) Sr. Barinsky (Admirável Sonhador)

9) Terra de Mutantes

10) O Mesmo Fim

11) Ser

12) Retomada

13) O Pote de Pokst

14) Eu Nunca Existi

15) Tudo Vai Mudar

16) Alma Mutante

17) Cosmo Ego

18) Do Começo ao Final

19) O Ritual

20) Emon

21) Fogueira das Vaidades

Uma vigésima segunda música ainda foi composta no início de 1999, mas não foi finalizada. Isso por que logo tivemos a saída do Zé Luiz Dinola da nossa banda e a seguir, o projeto acabou por fundir-se com a Patrulha do Espaço.

Com a chegada do final do ano, ficaram mais visíveis os sinais da insatisfação da parte do Zé Luiz, que já não manteve aquele bom humor cotidiano que o caracteriza, normalmente. 

Ele não exteriorizou, contudo, e só mesmo em 1999, foi que abriu-se conosco. Chegamos ao final do ano, e apesar dessa mudança de humor do Zé Luiz, estávamos felizes pela produção do ano inteiro e pela qualidade das músicas, sobretudo.

Continua...

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