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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 1 - Blues, Rock'n' Roll Básico, Muito Improviso e uma Boa Dose de Loucura - Por Luiz Domingues

O guitarrista, Kim Kehl, na primeira foto (fonte: internet), e abaixo, eu (Luiz Domingues). Na segunda foto, click de Grace Lagôa

Quando eu comecei a escrever a minha autobiografia, a usar a plataforma da extinta Rede Social Orkut (especificamente a fazer uso da comunidade: "Luiz Domingues", esta criada por um rapaz chamado, Luiz Albano, um grande amigo e incentivador), o Pedra, a minha banda anterior, havia acabado de anunciar o fim de suas atividades e assim, durante três meses, fiquei sem banda, oficialmente. 

Alguns convites surgiram nesse hiato, inclusive o de uma emergente banda que eu gostava muito e que estava para ficar sem baixista naquela mesma ocasião. Eu teria entrado tranquilamente em tal grupo, ao pensar na sua qualidade técnica e artística, mas o destino me dirigiu para um outro lado. 

Pois foi em agosto de 2011, que eu recebi um recado via rede social Facebook, que veio da parte do guitarrista, Kim Kehl e daí em diante, já começara mais uma ótima história para eu contar em minha autobiografia...

Um cartaz promocional do guitarrista, cantor e compositor, Kim Kehl

O Pedra vinha a se arrastar em meio a um processo estressante há bastante tempo e quando se iniciou o ano de 2011, os outros três membros decidiram encerrar as atividades da banda, definitivamente. 

Apesar de concordar que a carreira daquela banda definhava, eu fui contra a decisão, por acreditar (e ainda penso igual), que um período sabático poderia acontecer, mas não necessariamente para dar a entender publicamente que a banda finalizara as suas atividades, definitivamente. 

Fui voto vencido nessa questão e dessa forma, eu tive que acatar a decisão dos demais para encerrar as atividades desse trabalho. Fiquei muito chateado com isso, mas nem um pouco preocupado com o meu futuro, pois naquela altura, a beirar os cinquenta e um anos de idade, eu sabia que detinha um nome consolidado (no mundo da música underground, sei muito bem disso), e que seria questão de tempo para surgirem novos convites de trabalho. 

Por favor, que o leitor não me considere como um pedante por estar a afirmar isso e assim a faltar com a modéstia, mas ao ser realista, eu sabia que por estar sob tal patamar de idade, e a ostentar uma longa carreira, fatalmente teria novas chances a qualquer momento. 

Então, com o anúncio oficial do fim das atividades do Pedra a se propagar publicamente em abril de 2011, eu estive muito tranquilo nesse sentido. E para colaborar com o meu estado de espírito (com bom astral), foi nessa mesma época que surgiu um convite para eu publicar uma matéria em um Blog. Tal convite viera da parte de um amigo que morava na cidade de Campo Mourão-PR, que eu conhecera também através do Orkut, chamado: João Marcos Durski, o popular "Juma".

Engenheiro agrônomo, Rocker & Blogueiro da pesada: Juma Durski

Ele acabara de colocar no ar um Blog e resolvera me convidar para que eu colaborasse com textos, periodicamente. Esta porta se abriu para dar vazão a uma faceta minha, obscurecida até então, de forma surpreendente, pois as minhas matérias no "Blog do Juma", repercutiram fortemente pelas redes sociais, e assim, através de uma enxurrada de comentários muito positivos, eu me animei ainda mais. 

Logo surgiram outros convites da parte de outros Blogs e assim, esse meu lado escritor, aflorou, para vir a me fornecer um prazer incrível, pois na realidade, eu sempre gostei de escrever, desde criança, mas somente ali, em pleno 2011, isso se concretizou pelo uso dos Blogs, e redes sociais da Internet.

Através do Blog do Juma, eu iniciei uma série de resenhas sobre filmes com conexão direta ou indireta com o Rock, e tal predisposição fez enorme sucesso, a suscitar comentários postados no próprio Blog e através das redes sociais.

A aproveitar tal embalo tão forte, eu também publiquei muitos outros textos sobre política, comportamento, economia, futebol e cinema, em muitos outros Blogs, ou seja, eu senti uma necessidade muito grande de não me fechar no universo da música tão somente para abordar em meus textos, exatamente para forjar uma imagem como escritor, com uma maior abrangência de repertório. 

E na mesma época, surgiu a oportunidade para iniciar esta autobiografia, graças à ação concedida pelo Luiz Albano, dono da comunidade do Orkut que eu já mencionei e também do amigo Marinho "Rocker", diretamente da cidade de Lavras-MG, que sempre me incentivou para que eu escrevesse as minhas memórias, fora outros amigos que se manifestaram por diversas vezes nesse sentido, também. 

Portanto, entre abril e julho de 2011, eu estive super ocupado com essas atividades como escritor, blogueiro, e a cuidar dos passos iniciais da minha autobiografia na música.

Dessa forma, a despeito de estar a viver um vazio no campo da música por não estar em atividade oficialmente com uma banda, eu estive mesmo tranquilo, confiante e sobretudo ocupado com essa atividade literária, quando surgiram as primeiras sondagens de bandas e músicos interessados em meus serviços, como músico. 

O primeiro sinal nesse sentido, ocorreu entre abril e julho de 2011, e se deu quando eu fui sondado por uma jovem banda em início de carreira. Em conversa pelo inbox do Facebook, eis que tive a oportunidade de ouvir o som deles e não gostei, por avaliá-lo pesado demais para o meu gosto.

Era um som influenciado pelo Hard-Rock oitentista e com ares "modernosos". Ou seja, para quem me conhece bem e nesta autobiografia eu creio já ter deixado muito claro qual é a minha formação musical básica, é claro que esses dois fatores observados no trabalho desses rapazes, não me agradaram em nada.

Independente desse aspecto, penso que houve um outro fator que pesou para que eu declinasse do convite, que foi por sentir a inexperiência dos rapazes. Eu não teria tido nenhum problema em trabalhar com músicos bem mais novos do que eu, porém, nesse caso, os achei bem imaturos, mesmo. 

Portanto, além de não gostar da proposta artística & estética, pesara o fato desses músicos terem sido bastante imaturos naquele instante, e convenhamos, nesse caso, seria um sacrifício para um sujeito com a minha vivência (e do alto de meus então, cinquenta e um anos de idade), e dessa forma, não houve nenhum motivo para que eu enfrentasse uma adversidade dessa monta, nesta altura da vida e da carreira, a não ser que houvesse alguma compensação extra, financeira, por exemplo, porém, além do mais essa rapaziada era bem descapitalizada e nesses termos, se eu fosse obrigado a investir, então só teria valido a pena colocara  mão no bolso para produzir um projeto artístico inteiramente do meu agrado, como fora o Sidharta, nos idos de 1997.

Não revelarei o nome da banda, mas considerei os rapazes animados, e extremamente simpáticos, portanto, lhes desejei boa sorte, e coloquei-me na torcida para que eles alcançassem os seus objetivos, pois eram (são) garotos muito bem-intencionados e mereciam o êxito na carreira. 

Uma outra sondagem veio da parte de uma banda já consolidada no mercado, com discos lançados etc. Mas essa sondagem foi sutil, ao não se explicitar abertamente.

Portanto, ficou somente no campo das insinuações, mas eu não dei muita vazão, pois os próprios membros da banda deram a entender que esse trabalho caminhava para a dissolução, desencantados com as dificuldades do mercado etc. 

Ora, neste caso, não faria sentido entrar em uma banda em vias de extinção, exatamente por eu ter recentemente passado pelo mesmo processo com o Pedra. 

Uma terceira oportunidade, posteriormente, se revelou também insípida. Tratou-se de um músico, muito amistoso, aliás, mas que me convidara apenas para unir forças com ele, para talvez gravarmos algo juntos. 

Neste caso, não se tratou de uma proposta concreta para formar uma nova banda, ou um projeto que fosse. Mostrou-se muito vago em demasia, apesar dele ser uma pessoa de bem, ótimo músico e compositor, com bons propósitos artísticos etc. e tal. 

Prefiro não revelar nem o nome da banda que citei anteriormente (que aliás encerrou atividades, de fato), e tampouco sobre esse músico do qual falei acima.


E nem mesmo revelarei o nome do próximo que me abordara, entretanto, mediante essa quarta oportunidade, esta foi a mais tentadora nesse período imediato à minha condição de músico disponível no mercado. 

Tratara-se de uma banda jovem e super talentosa e que eu admirava muito pelo seu trabalho. Estava mesmo acostumado a incentivá-los, e a divulgar o seu trabalho pelas redes sociais, com enorme prazer, inclusive. 

Foi então que coincidentemente eu recebi uma sondagem da parte de dois de seus membros, sabedores que o Pedra havia encerrado atividades. Fiquei surpreendido, pois por outro lado, eu não imaginava que tal grupo estavam a perder o seu ótimo baixista. Entretanto, fui informado por tais músicos que me abordaram, que o baixista de sua banda iria sair, e eles se lembraram da minha pessoa, como uma possível opção para suprir tal lacuna.

Eu teria feito parte com muito prazer dessa ótima banda, apesar dos rapazes serem bem novos. E não importar-me-ia em vestir a sua camisa, mesmo sabedor de que se tratava de uma banda sem produção, dinheiro e tampouco contatos importantes para serem acionados. 

Neste caso, seria um "começar de novo", com uma banda desconhecida, a percorrer a inevitável "via crucis" dos iniciantes, mas isso não incomodar-me-ia, a grosso modo, visto neste caso, eu nutria uma identificação com a proposta artística da parte deles. 

No entanto, eu recusei o gentil convite dos rapazes, por que simultaneamente, eu recebera um recado através do Facebook e reforçado pelo Orkut, da parte de um guitarrista muito conhecido no meio Rocker paulistano e que se tratou de uma proposta dupla de trabalho, bastante interessante. O nome desse guitarrista era: Kim Kehl!

Kim Kehl em uma entrevista de Tal-Show na primeira foto e a capa do primeiro CD homônimo de Kim Kehl & Os Kurandeiros

Nesse recado, o Kim foi direto, ao me conclamar a lhe ligar pela via tradicional do telefone e assim conversarmos mais detalhadamente sobre os seus planos imediatos. 

Fiquei surpreso, no entanto, pois nessa conversação, ele alegou que tinha duas propostas de trabalho a me oferecer. 

Um dos trabalhos que ele mencionou, foi obviamente no sentido de que eu viesse a integrar a sua banda, chamada: Kim Kehl & Os Kurandeiros. 

Tal grupo já possuía dois CD's lançados oficialmente e havia produzido uma infinidade de promos pela internet. Por seguir na linha básica do Rock'n' Roll e do Blues primordial, o som d'Os Kurandeiros também passeava pelo R'n'B, Soul Music, Pop, Country-Rock, Gospel, Folk Music, e demais derivados da raiz negra, norte-americana, como base. Na ativa desde 1991, Os Kurandeiros de Kim Kehl continham bastante estrada & histórias. 

E a outra proposta, me surpreendeu: o Kim estava também a fazer parte da banda de apoio do cantor & compositor, Ciro Pessoa, este um ex-componente dos "Titãs" e também, ex-"Cabine C", ou seja, duas bandas oitentistas com projeção midiática e ambas egressas da cena do estilo Pós-Punk e movimento "BR-Rock's 80".

Em princípio, achei exótico lidar com alguém dessa cena que sempre julguei ser antagônica aos meus ideais, mas claro que deixei o preconceito de lado ao aceitar conhecer o trabalho e certamente a ingressar nele. 

Logo mais eu abordo adequadamente o fato gerado em torno da surpresa agradável que eu teria nesse contato direto com o Ciro e muito pelo contrário, por conta disso, eu vim a estabelecer um grau de amizade instantânea com ele, e passaria a apreciar muito o seu trabalho solo, contido nos seus discos pós-Titãs e Cabine C. 

Obviamente, eu relato essa história paralela sobre minha a participação na banda do Ciro Pessoa, em seus capítulos exclusivos em meio a esta autobiografia.

De volta a falar sobre o "Kim Kehl & Os Kurandeiros", a minha conversa com o Kim foi muito animadora pelo telefone e eu logo aceitei entrar na banda e trabalhar com ele. 

O baterista do "KK & K" era um velho amigo, que eu conhecia desde o início dos anos noventa, a se tratar do Carlinhos Machado, um artista sensacional e pessoa humana, idem. Um dos sujeitos mais queridos do métier do Rock paulistano, com mil histórias sobre os anos setenta, inclusive, é óbvio que eu fiquei feliz em estar com ele nesse trabalho.

Carlinhos Machado a atuar com Kim Kehl & Os Kurandeiros. Click de Lara Pap

Sobre o Carlinhos, eu o conhecera pessoalmente nos anos noventa, exatamente na loja do baixista, Sérgio Takara, quando ele (Carlinhos Machado), também possuía uma loja na mesma galeria, localizada na Rua Teodoro Sampaio, no ramo da confecção de "bags' e estojos de proteção para as peças de bateria e diversos instrumentos de percussão. 

O Takara fora baixista d'Os Kurandeiros por muitos anos, e havia sido ali em seu estabelecimento, também, que eu conhecera o Kim, pessoalmente, nos anos noventa, igualmente, embora o conhecesse de vista, desde os anos oitenta. 

Portanto, entrar para o "KK & K", seria (e foi), muito agradável nesse aspecto, pois eu soube de antemão que não haveria nenhum problema de adaptação, exatamente por ter a certeza de que sentir-me-ia entre amigos, desde o início. 

E teve mais! Naquele momento, o baixista em ação na banda, fora o Glauco Teixeira, meu ex-aluno e um grande amigo, que eu citei no capítulo: "Sala de Aulas".

"KK&K" na Feira da Vila Pompeia, em maio de 2011, três meses antes de eu entrar na banda e com Glauco Teixeira no baixo

Eu mesmo havia sugerido que ele entrasse n'Os Kurandeiros, tempos antes, ao fazer uma ponte e curiosamente, eu entrei em seu lugar, logo a seguir, pois o Glauco acusara uma dificuldade de agenda pessoal em sua outra atividade profissional (ele era/é dentista), portanto, não estava a se ajustar adequadamente à agenda d'Os Kurandeiros. 

Ao considerar tudo isso, o "KK & K" tinha (e ainda tem), um clima em torno da irmandade, muito grande em minha percepção e não apenas por esses músicos citados, mas por outros que eu citarei neste relato.

Tal contato telefônico inicial ocorreu mais ou menos na metade de julho de 2011. O Kim me enviou alguns arquivos, via e-mail, a conter muitas músicas para eu escutar e me preparar, mas a ideia inicial foi que isso ocorresse com calma, sem previsão de estreia em curto prazo. 

O repertório inicial que eu recebi foi composto por Rock's e Blues, com pegada rítmica e harmônica, tradicional. Aparentemente seria simples para executar, mas eu sabia bem que no caso do gênero Blues, que não se engane o músico desinformado, que seja "fácil" tocar, por conta da sua suposta simplicidade harmônica, geralmente a depender de uma sequência com três acordes, apenas. Na verdade, um Bluesman experiente, sabe bem quando alguém ousa tocar blues, e não é do ramo, pois as sutilezas são múltiplas dentro desse universo.

Por isso, apesar de decorar o grosso das músicas, eu sabia que na hora certa, haveriam macetes a serem observados, pelos quais eu não detinha familiaridade para lidar com desenvoltura e todo cuidado seria pouco. 

Então, tudo ficou mais assustador, quando eu recebi o telefonema do Kim, em uma segunda-feira, dia 22 de agosto de 2011! De súbito, ele me disse que o Glauco já não poderia estar presente no próximo show, e assim, me solicitou que eu fizesse o "sacrifício" de atuar nessa próxima apresentação, já na quarta-feira subsequente, dia 24 de agosto.

-"Bem, vamos lá"... eu lhe respondi. 

Muito experiente e compreensivo, o Kim agradeceu e me tranquilizou, ao me dizer que ajudar-me-ia e que falhas seriam relevadas, portanto, eu deveria me manter tranquilo sobre eventuais falhas. E assim, sem ensaios, eu fui para o meu primeiro show com os Kurandeiros, de Kim Kehl...

Mesmo experiente e no alto de meus cinquenta e um anos de idade completos naquela ocasião, além de respaldado pelo fato de que estaria entre amigos, eu fui para o local da apresentação, com ressalvas internas. Sabia que erraria bastante, inevitavelmente, naquela noite...

O local em questão foi o Magnólia Villa Bar, uma casa que eu não conhecia pessoalmente, até então, mas havia ouvido falar bastante, por conta de comentários emitidos por muitos amigos músicos que lá costumavam tocar e até por saber que Os Kurandeiros ali se apresentavam regularmente, pois há bastante tempo eu notara muitas manifestações de divulgação de seus shows pelas nas redes sociais e até por e-mails que recebia do amigo, Carlinhos Machado. 

Cheguei com facilidade ao local e se tratou de uma quarta-feira fria em São Paulo, final de inverno. Assim que entrei no recinto, o Carlinhos veio a me cumprimentar, efusivamente.

Fachada da casa de espetáculos, Magnólia Villa Bar, localizada no bairro da Lapa, na zona oeste de São Paulo

O Kim me avistou e também veio me receber com muita festa. Conhecíamo-nos desde os anos oitenta, mas na verdade nunca havíamos conversado com maior profundidade. E nem mesmo quando eu o encontrara inúmeras vezes na loja de nosso amigo em comum (o baixista, Sergio Takara, nos anos noventa), houvéramos engatado uma conversa mais profunda. 

Contudo, só pela recepção, notei que o Kim seria um daqueles amigos que parecia ser próximo desde a infância, tamanha a sincronia que estabelecemos daí em diante.

A grande Renata "Tata" Martinelli, uma cantora sensacional e Ser Humano da melhor qualidade! Fonte: Internet

Nesse dia da minha estreia, haveriam também outras boas surpresas. Eu sabia que uma cantora estava fixa na formação d'Os Kurandeiros, e mesmo por não conhecê-la pessoalmente, sabia de antemão que era uma amiga querida de muitos amigos meus em comum e o seu conceito entre eles, era o melhor possível, tanto como cantora, quanto pessoa. 

Tratava-se de: Renata Martinelli, popularmente conhecida como, "Tata". De fato, logo vi que ela era extremamente simpática e dessa forma, se tornou uma amizade instantânea, também.

O excelente tecladista, Nelson Ferraresso, membro d'Os Kurandeiros desde os primórdias da história dessa band, a se apresentar com a banda no CCSP em 2009. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O tecladista, Nelson Ferraresso, membro oficial d'Os Kurandeiros desde a fundação da banda, não esteve presente nessa noite por motivos particulares, no entanto, um tecladista substituto esteve conosco para essa apresentação. Tratava-se de um músico super experiente a atuar na noite paulistana, chamado: Dimas Ricchi.

 
Dimas Ricchi na primeira foto e Ivani Venâncio na segunda. Nas duas fotos posteriores, aí sim, a registrar o meu show de estreia com Os Kurandeiros. Magnólia Villa Bar de São Paulo, em 24 de agosto de 2011. Fotos d'Os Kurandeiros nessa noite citada com clicks de Lara Pap. Acervo e cortesia: Kim Kehl
 
A sua esposa, Ivani Venâncio, também a se revelar como uma cantora excelente e experiente, estava presente, igualmente e no meio da apresentação ela subiu ao palco para cantar algumas músicas conosco. Soube no dia, que ela era muito amiga da Renata e ambas estavam acostumadas a cantarem juntas em muitas circunstâncias, ao atuarem com bandas de Rock, orquestras, conjuntos de bailes, gravações etc.

Mais um flagrante dessa apresentação citada, com o destaque para o saxofonista, André Knobl (a usar camiseta vermelha) e Dimas Ricchi aos tecolados. Kim Kehk & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 24 de agosto de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O outro convidado da noite foi o saxofonista, André Knobl. Contato da Renata, ele estava a participar também pela primeira vez. Rapaz novo, mas com forte bagagem técnica e teórica, ele demonstrou ser um músico excepcional, a agregar muito com os seus solos bem técnicos e intervenções muito criativas.

Acima, Ciro Pessoa, que fez participação especial, e sobre quem conheci nessa mesma noite. Kim Kehk & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 24 de agosto de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
E finalmente, uma outra presença que eu não esperava encontrar naquela noite, mas gostei bastante por conhecer, foi o Ciro Pessoa. Prefiro esmiuçar a nossa conversa inicial em seu capítulo próprio, quando relato o início de meu trabalho como baixista de sua banda de apoio, mediante detalhes. 

Só para ilustrar aqui, digo que uma frase que ele me disse nessa noite, foi emblemática para eu me tranquilizar em relação ao seu trabalho e muito pelo contrário, a me deixar muito esperançoso para tocar em sua banda:

-"O futuro é Pink Floyd"... bem, se eu nutria alguma reserva por ele ser egresso do universo do Pós-Punk oitentista, tal muro a simbolizar a minha apreensão, ruiu imediatamente depois dessa afirmativa da sua parte.

Ciro Pessoa também participou sob improviso no meio da nossa apresentação. Kim Kehk & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 24 de agosto de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Tocamos a canção: "Ruby Tuesday", dos Rolling Stones, por sua sugestão (Ciro) e "Ando Meio Desligado", dos Mutantes, também. Muito bem, fiquei absolutamente seguro em relação às minhas expectativas sobre o trabalho dele...
A esposa do Kim e produtora d'os Kurandeiros, Lara Pap. Fonte: Internet

Lembro-me também por ter nutrido simpatia imediata pela Lara Pap, esposa do Kim. Figura sensacional como pessoa, e que acumulava a função de produtora d'Os Kurandeiros. Hoje em dia (2016), digo que o Kim tem mais que uma esposa dedicada, mas sim, um anjo da guarda.
Mais fotos do show de estreia. E com a presença da cantora, Ivani Venâncio, que cantou conosco em participação especial (ruiva com uma roupa escura). Kim Kehk & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 24 de agosto de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Enfim, com essa acolhida, eu me senti totalmente ambientado com Os Kurandeiros, para me animar em relação ao futuro.

O guitarrista Kim Kehl com algumas das suas ferramentas de trabalho. Fonte: Internet

Quanto ao show em si, eu notei de imediato que a dinâmica da banda girava em torno da personalidade do Kim, obviamente. Mas ao contrário do que isso poderia sugerir, de uma forma absolutamente leve, com muito bom humor, sob um astral divertido. Sim, tudo remontava em torno das suas escolhas de repertório, estabelecidas na hora, na completa ausência de um set list pré-determinado, mas sem, no entanto, gerar nenhum tipo de constrangimento, aborrecimento ou incômodo da parte de ninguém. 

Eu percebi que se tratava de uma liderança natural e sem nenhum resquício de nada pesado, a denotar alguma negatividade. Pelo contrário, adorei o astral da banda em todos os sentidos, até sobre tal forma despojada para imprimir um estilo de apresentação, bastante personalizado. 

Kim Kehl em ação com Os Kurandeiros na Feira da Vila Pompeia em maio de 2011, com a presença do baixista, Glauco Teixeira, atrás. Click: nome indecifrável na parte inferior do enquadramento

Outra característica boa, fora a performance pessoal do Kim. O Glauco Teixeira já havia me falado por e-mail, que o Kim se portava como uma figura super divertida nos shows, ao praticamente agir como um personagem para cumprir a missão do entretenimento. 

De fato, apesar de ser um excelente guitarrista, e super versado no Blues, Rock tradicional, R'n'B, Soul, Country e derivados, a sua performance estava longe da figura sisuda de um virtuose centrado na música apenas. Pelo contrário, a sua comunicação com o público era muito boa, ao propor brincadeiras espirituosas, muito improviso e interação, conforme eu comentarei posteriormente. 

O repertório foi baseado nos dois CD's oficiais da banda, acrescido por diversas músicas lançadas como "singles", na internet, e muitos clássicos do Rock e do Blues, internacional.

Com Ivani Venâncio e Renata "Tata" Martinelli no comando das vozes. Kim Kehk & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 24 de agosto de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Cerca de cinquenta pessoas estiveram presentes nesse dia, nas dependências do Magnólia Villa Bar, aliás, uma casa bastante agradável para se apresentar. 

E registro ainda a visita ilustre nesse dia, do meu amigo, Glauco Teixeira, que mesmo ao ter que sair cedo, foi assistir um pouco, para prestigiar a minha estreia, justamente ao substituí-lo na banda. 

E também as presenças da Reviane "Joplin", dona da loja: "Kozmic Blues", a loja mais Hippie Chic do Brasil, que vendia roupas incríveis para quem gosta de visual Rocker sessentista e de seu namorado, o famoso, Osvaldo Malagutti, ex-baixista dos "Pholhas", e dono do estúdio Mosh, onde inclusive eu gravara o primeiro disco d'A Chave do Sol, nos idos de 1984.

Kim Kehk & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 24 de agosto de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Foi uma noitada prazerosa entre amigos e a demarcar o início de uma nova etapa para a minha longa carreira musical. Aconteceu em 24 de agosto de 2011, no Magnólia Villa Bar, no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo, sob o frio da noite paulistana de inverno e perante cinquenta pessoas, aproximadamente na plateia.

Na foto acima, Ivani Venâncio a cantar conosco. E abaixo, a capa do primeiro álbum d'Os Kurandeiros. Kim Kehk & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 24 de agosto de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Passada essa primeira apresentação, eu sabia que teria um pouco mais de tempo para ouvir o material e de fato, o Kim me entregou ainda nas dependências do Magnólia Villa Bar, os CD's da banda, e dois CD-R's com diversas músicas prontas, mas ainda não gravadas oficialmente. 

Contudo, o meu tempo não esteve tão elástico assim, para eu decorar tantas músicas. Comprometido com o trabalho dos Blogs em que colaborava e uma atividade de voluntariado assistencial com o qual estava ligado desde 2009, eu precisava otimizar os momentos em que poderia me dedicar à tarefa de decorar os sons d'Os Kurandeiros. 

E logo mais eu teria um trabalho extra, pois em breve seriam marcados ensaios com o Ciro Pessoa, também.

Ciro Pessoa em destaque. Kim Kehk & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 24 de agosto de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Para agravar esse quadro, o Kim anunciou um ensaio emergencial a ser promovido na sua residência, para sanar dúvidas sobre a harmonia de muitas canções. O fato de haver baixista e tecladista novos na banda, o motivou a tomar essa atitude, visto que acabara de marcar um novo show, em outra casa noturna e para muito breve. 

Claro que foi positiva tal perspectiva, mas houve um outro elemento a ser considerado para essa nova data em questão: o repertório deveria ser maior, pois nessa apresentação, o combinado seria tocar das 22:00 às 4:00 horas da manhã. 

Se o repertório do Magnólia Villa Bar já houvera sido grande, a me gerar dúvidas, desta vez, eu teria motivo para me preocupar ainda mais.

Nas duas primeiras fotos: Kim Kehk & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 24 de agosto de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap. Na terceira ilustração, um "still" do vídeocilp da canção "Despejar" do Ciro Pessoa

Ainda a repercutir o dia em que estreei com Os Kurandeiros e conheci o Ciro Pessoa, na conversa que tivemos, falamos sobre o seu trabalho e muitas colocações me animaram mais ainda. Ele se queixara sobre estar cansado de trabalhar com músicos oriundos da cena do Pós-Punk, e do mundo indie, pois essa garotada não entendia a psicodelia sessentista como esta deveria ser executada. 

De fato, eu havia assistido alguns vídeos dele no YouTube e também ficara com essa impressão. Palavras dele mesmo: -"esses rapazes seriam moleques de braço duro e ele sonhava em contar com uma banda com músicos que fizessem a sua banda soar como o Pink Floyd.

         O Pink Floyd já com David Gilmour na sua formação.


Bem, essa afirmação aguçou o meu ânimo por motivos óbvios e claro que se dependesse dos meus esforços, ele teria o som do Roger Waters, doravante, sem dúvida. Fora essas considerações estéticas, adorei o astral dele. 

Uma sujeito extremamente descontraído, muito brincalhão e que sob um certo aspecto, me lembrou a figura do Chris Skepis, este, meu velho companheiro do Pitbulls on Crack (mal sabia eu, mundo muito pequeno, Ciro Pessoa e Chris Skepis eram amigos, desde 1973). 

E a conversa derivou para outros aspectos. Falamos também sobre outros artistas dos anos sessenta e artistas plásticos como Salvador Dali e René Magritte. Algumas frases de efeito que ele gostava de repetir, me impressionaram, pois revelaram que o seu apreço pelo Rock sessenta-setentista era real e não algo ocasional. Uma delas, por sinal ele repetiu por diversas vezes durante a conversa, e me impressionou bastante por seu caráter em forma de aforismo, como um verdadeiro lema, a se mostrar muito forte: 

-"O futuro é Pink Floyd"...

O Pink Floyd em seus primórdios, com Syd Barrett (último da esquerda para a direita), na formação

Dessa forma, eu fiquei bastante contente com esse primeiro contato, e motivado para aprender as suas músicas e começar a ensaiar, enfim. 

O Kim também me forneceu nesse mesmo dia, o material do Ciro. Seriam treze ou quatorze músicas para eu começar a decorar. As letras eram muito loucas, muito calcadas na escola do surrealismo e claro, a se encaixar como uma luva na psicodelia por ele proposta.

 
A maravilhosa cantora, Renata "Tata" Martinelli em ação. Fonte: Internet 
 
De volta ao âmago desta história, esse ensaio emergencial d'Os Kurandeiros foi marcado para a noite de quarta-feira, dia 14 de setembro de 2011. 
 
Não era comum marcar ensaios para Os Kurandeiros, pois a dinâmica da banda sempre foi a de se manter sob uma "atitude jazzística", conforme o Kim sempre salientava, textualmente. 
 
Contudo, a estrutura harmônica da banda estava bem modificada, a apresentar baixista e tecladista novos, e foi também o caso do saxofonista, André Knobl, que apesar de ser um grande músico e com forte poder para improvisar ao vivo, também se colocara como um novato com Os Kurandeiros. 

O ensaio em questão foi mais uma reunião na residência do Kim, ocasião pela qual eu fui pela primeira vez conhecer o seu QG. Sendo assim, o objetivo foi mais sanar algumas dúvidas básicas e a preocupação do Kim com essa reunião & ensaio, se deveu ao fato de que a próxima data marcada, seria em uma casa na qual Os Kurandeiros jamais haviam se apresentado anteriormente e a proposta ali, foi que nós tocássemos pela madrugada adentro, portanto, ao ter que lidar com um longo repertório para entreter a clientela dessa casa em questão. 
 
Confesso que me preocupei um pouco, pois eu mal havia dominado o repertório e nesse instante ele seria estendido de uma forma muito elástica, e assim, haveria a possibilidade de errar sob profusão, na noitada de tal casa noturna. 
 
O ensaio foi uma confraternização boa. Serviu para me entrosar melhor com a minha nova banda e esse convívio só serviu para eu ter a convicção que estava cercado por pessoas solidárias. 

A capa do segundo álbum de Kim Kehl & Os Kurandeiros: Mambo Jambo
 
Achei a residência do Kim, incrível, por ser um sobrado construído nos anos vinte ou trinta do século vinte, talvez, com um amplo quintal arborizado e raro na cidade de São Paulo dos dias atuais. O estúdio aonde ele costumava gravar as suas fitas demo e armazenar o seu equipamento, era muito excitante, a lembrar bem os famosos "basement" norte-americanos e com um quê de laboratório eletrônico de filmes "Sci-Fi" dos anos cinquenta, com diversos artefatos ali presentes, que segundo o Kim me contou, pertenciam ao seu pai, que mantinha o hobby de montar equipamentos eletrônicos caseiros. 
 
Foi uma noite agradável, com a presença de Carlinhos Machado, Renata Martinelli, André Knobl, Dimas Ricchi, Ivani Venâncio, Lara Pap, esposa do Kim, além do anfitrião, naturalmente...

Kim Kehl em foto promocional. Click: desconhecido. Na segunda ilustração, um aspecto do ambiente interno da casa noturna, "The Pub", localizado na Rua Augusta, no bairro da Consolação em São Paulo. Fonte: Internet

Três dias depois, estávamos reunidos novamente para tocar na tal casa noturna. Foi em um estabelecimento localizado na Rua Augusta, no bairro da Consolação, no sentido do centro da cidade e chamado: "The Pub". De fato, por ser um notívago, mas jamais boêmio, eu não fazia ideia do que a Rua Augusta, nesse sentido do centro, havia se transformado nos então últimos anos. 

Uma foto a mostrar a multidão a transitar a esmo na Rua Augusta de São Paulo, em algum momento dos anos 2000. Fonte: Internet

Eu havia ouvido falar, mas não tinha nenhum contato com essa realidade e de fato, quando ali cheguei, me espantei com a enorme profusão de pessoas a caminharem pela rua e na quantidade de casas noturnas existentes, com muitas bandas a tocarem ao vivo. 

O volume de pessoas a circularem por ali, se mostrava igual ou superior ao da Rua Treze de Maio, quando essa rua do bairro da Bela Vista, fora um ponto frequentado pelos freaks em geral, ao final dos anos setenta, e pelo menos até a metade dos anos oitenta.

Outra foto a mostrar o ambiente interno do The Pub da Rua Augusta em São Paulo. Fonte: Internet

O "The Pub" se revelara como uma casa rústica, mas bem arrumada dentro dessa proposta. O seu dono, era um rapaz jovem e chamado: Phill, um cidadão inglês, mas a falar bem o português, embora mantivesse o hábito de misturar os idiomas no meio da conversa, comumente, a começar ou encerrar a frase em inglês e com sotaque de nortista de Liverpool. 

Nesse dia, houve uma banda a tocar antes de nós e segundo apuramos, tocaria até as 22:00 horas, quando passaria o bastão para nós. A casa estava bem cheia e o seu público fora formado por jovens predominantemente, mas eu notei que pareciam não estarem preocupados com o repertório da banda em questão e tal comportamento denotara que também ficariam alheios ao nosso. 

E a banda de abertura se mostrou boa (esqueci-me de anotar o seu nome, mas eu me recordo que haviam duas garotas a tocarem nessa formação e o seu repertório, apesar de "modernoso" para o meu gosto, foi bem executado, ao abranger o Pop-Rock e também o Indie dos anos 1980 a 2000, predominantemente). 

O objetivo do inicial Kim para essa apresentação foi mesclar o repertório autoral d'Os Kurandeiros, com muitos covers do Rock, Blues, Soul, R'n'B, Folk e Country-Rock, ou seja, dentro do espectro habitual d'Os Kurandeiros. 

Na porta do estabelecimento, nós aguardamos por um bom tempo para adentrarmos a casa, pois estava complicado para se chegar ao recinto, devido ao grande contingente ali presente em seu interior. 

Durante tal espera, foram minutos prazerosos a conversar em uma roda animada a conter: Kim Kehl, Renata Martinelli, Lara Pap e Carlinhos Machado, sob um momento inicial. Fiquei muito contente quando a conversa enveredou para que todos comentassem sobre as minhas matérias sobre filmes de Rock, que naquela ocasião estavam por serem publicadas no Blog do Juma. Foi muito gratificante saber que todos estavam a acompanhar e apreciar o teor delas.

Lembro-me claramente que falamos bastante sobre uma em especial, ao se tratar de uma resenha do filme: "That Thing You Do", uma obra adorável sobre uma banda de Rock em ascensão nos anos 1960. 

Já dentro do The Pub, a mudança de bandas foi um pouco problemática, pois o espaço se mostrara exíguo. No palco, eu me recordo de existirem ilustrações do Bob Dylan e The Beatles, como decoração de parede, a conferir um clima favorável, é claro. 

No entanto, por ser um pub propriamente dito, lógico que era bem pequeno o seu tamanho físico e dessa forma, o tecladista, Dimas Ricchi só conseguiu se acomodar ao tocar fora do palco, praticamente.

Na parede, a figura inspiradora de John Lennon e eu, Luiz Domingues, compenetrado, a olhar para o "nada" ... Os Kurandeiros no The Pub, de São Paulo, em 17 de setembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Eu fiquei em um canto, quase sem espaço para me mexer, e a Renata ocupou a minha frente. Claro, eu lhe ofertei essa primazia por ser vocalista e ter que estar na frente, naturalmente. O Kim dominou a atenção, como sempre. A sua performance era (é) bastante carismática e simpática.

Kim Kehl já a se afastar do palco para caminhar pelo bar, para surpreender as pessoas e certamente a tomar o caminho da rua, aonde costumava fazer longos solos em plena Rua Augusta, naquela balbúrdia típica das madrugadas! Ao fundo, da esquerda para a direita: Renata Martinelli, eu (Luiz Domingues) e o tecladista, Dimas Ricchi. Na parede, a capa do LP "With the Beatles"... Os Kurandeiros no The Pub de São Paulo, em 17 de setembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Além de ser o esteio da banda, ele detinha bastante carisma com o público e por várias vezes o divertiu ao sair do palco para fazer os seus solos, ao caminhar pela casa e até sair à rua, e assim surpreender os pedestres da Rua Augusta, com tal performance inusitada. 

Bem, apesar de alguns momentos de insegurança, principalmente de minha parte e do tecladista Dimas, que éramos novatos na banda, foi uma boa apresentação.

Os Kurandeiros no The Pub de São Paulo, em 17 de setembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Justiça seja feita, o Dimas errou muito menos, devido à sua experiência muito maior que a minha em tocar com bandas pela noite. Eu estava muito fora de forma nesse sentido, pois a maior parte da minha carreira fora centrada no trabalho autoral, e a rigor, eu só toquei em uma única banda cover, o "Terra no Asfalto", e isso ocorrera no longínquo período de 1979-1982. 

Os Kurandeiros, na verdade, mantinham um sólido trabalho autoral, mas ao atuarem na noite, se portavam de forma híbrida, a tocarem muitos covers dos clássicos do Rock e do Blues, predominantemente, mas a passear pelas baladas Pop, Soul, R'n'B, Folk, Country e até pelo Jazz. 

E a apresentação foi bastante longa, pois creio termos feito quatro entradas, ao encerrarmos por volta das 4:00 horas da manhã e com a Rua Augusta ainda a ferver!

O show no The Pub, ocorreu em 17 de setembro de 2011, com cerca de cinquenta pessoas no ambiente.

Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo, em 21 de setembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Após essa apresentação no The Pub, da Rua Augusta, a banda voltou ao palco do Magnólia Villa Bar, do bairro da Lapa. Na verdade, o Magnólia garantia uma quarta-feira fixa para Os Kurandeiros, por mês, há bastante tempo, ao fazer com que esse estabelecimento praticamente fosse uma casa da banda, tamanha a maneira hospitaleira com a qual nos recebia

O requisitado tecladista Nelson Ferraresso

Desta feita, o tecladista original d'Os Kurandeiros, Nelson Ferraresso, voltou para ocupar o seu lugar na banda e Dimas Ricchi não apareceu mais.

Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo, em 21 de setembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl Click: Lara Pap

Mais familiarizado com o repertório, eu começara a me habituar com a banda e a absorver a postura sempre observada pelo Kim, quando repetia o seu lema, insistentemente: "atitude jazzística". 

Não é a minha predileção, certamente, pois sou o tipo de músico que gosta de ensaiar e subir ao palco com o repertório na ponta da língua. Não tenho medo de improvisar, desde que eu conheça (e bem) o mapa e a harmonia das canções. Agora, improvisar a esmo, é algo que não gosto, definitivamente. 

Mas claro, respeitava inteiramente a postura da banda e ao entrar em um grupo com essa regra interna estabelecida e por considerar que se tratava de um trabalho com vinte anos de atividade, foi óbvio que eu precisei me adequar ao seu protocolo interno. 

Além do fato em ter sido super bem-recebido e instantaneamente vir a estabelecer um vínculo de camaradagem muito grande com todos os membros.

Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo, em 21 de setembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl Click: Lara Pap

Por falar nisso, o Nelson Ferraresso, logo que me viu nesse terceiro show com Os Kurandeiros, mas a demarcar o primeiro com a sua presença, se lembrou de uma passagem interessante, quando nos conhecemos, no remoto ano de 1986. 

De fato, eu fui a um ensaio de sua banda ("Leito de Pedra" que também se chamou em outra fase: "Sigma"), nesse ano, de uma forma totalmente inesperada. 

Pois eu namorava uma garota que habitava o bairro da Freguesia do Ó, na zona noroeste de São Paulo. No dia em que fui conhecer a sua residência e sua família, ela sugeriu que visitássemos o ensaio de uma banda de amigos seus do bairro, e lá fui eu parar no ensaio onde os irmãos Ferraresso trabalhavam com a sua banda. 

Nessa ocasião, conheci também o baixista, Izal de Oliveira, que era membro, também desse grupo. Não tive mais contatos com eles, a não ser o Izal que anos depois integraria o "Caça Níqueis", uma banda que chegou a lançar CD's com material próprio, mas que ficou famosa mesmo, no circuito dos motoclubes, principalmente.

A capa do CD "Cantos da Estrada", um belíssimo trabalho dos irmãos Ferraresso  

Em 2012, eu tive o prazer dem publicar no meu Blog, uma resenha sobre o CD "Cantos da Estrada", confira: 

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2012/12/cantos-da-estrada-por-luiz-domingues.html  

Trata-se de um projeto dos irmãos Ferraresso (além do Nelson aos teclados, com seu irmão, o guitarrista & vocalista, João Carlos Ferraresso), que o Kim me apresentou e de fato, me encantou pela sua qualidade muito acentuada. 

Nesse disco, algumas canções do tempo dessa banda iniciante, cujo ensaio do "Leito de Pedra", eu assistira em uma tarde de sábado de 1986, estavam gravadas e muito bem executadas. 

Eu sabia que o Nelson estava na formação d'Os Kurandeiros desde o início da banda e que ele era muito amigo do Kim e do Carlinhos, mas não sabia da carreira vitoriosa como "side man" que ele construíra nesses anos todos.

Nelson Ferraresso a tocar com Os Kurandeiros no Centro Cultural São Paulo em 2009. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Ao pesquisar na Internet para escrever a resenha do Cd "Cantos da Estrada", eu descobri no site/blog do amigo, Cesar Gavin (Rockbrasileiro.Net), que o Nelson gravara mais de vinte discos de diversos artistas do Rock, Blues, Reggae MPB etc.

Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo, em 21 de setembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl Click: Lara Pap

Tornou-se um requisitado e muito competente tecladista, o que me impressionou, positivamente. E ele era (é) extremamente gentil e humilde, ao me cativar e ratificar inteiramente assim a impressão de que Os Kurandeiros de Kim Kehl, se notabilizavam sobretudo, como uma banda formada por pessoas com muito boa índole. 

Segunda apresentação no Magnólia Villa Bar, no dia 21 de setembro de 2011, com vinte pessoas na plateia.

Na primeira foto, uma promocional do Kim Kehl com click de alguém desconhecido. Na segunda foto, um flagrante da segunda apresentação d'Os Kurandeiros, com a minha participação na formação, nessa casa (The Pub). Na linha de frente, da esquerda para a direita: Kim Kehl, Renata "Tata" Martinelli e Nelson Ferraresso. Atrás e encobertos: Carlinhos Machado e eu (Luiz Domingues). 15 de outubro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
A ideia primordial do Kim foi tocar ao máximo o repertório autoral, mesmo em apresentações em casas noturnas centradas nas ditas "baladas" hedonistas. Isso fora muito salutar e claro que teve o meu apoio por completo.
 
Veja abaixo, a filmagem do amigo, Kico Stone, para a música: "Deixe Tudo", no The Pub. Na boa companhia de Bob Dylan e dos Beatles pelas paredes...

Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=laixVFLjofk

Mas em uma casa como o The Pub, foi imprescindível tocarmos bastante covers, pois se tratava de um típico bar, com o seu público interessado em diversão e raramente em apreciar a obra de um artista autoral.

Kim Kehl e Renata Martinelli em destaque. Atrás, Carlinhos Machado e eu (Luiz Domingues), ambos encobertos. Kim Kehl & Os Kurandeiros no The Pub de São Paulo em 15 de outubro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Desta vez, de volta ao The Pub, tocamos muito mais, ao fazermos muitas entradas, a prolongar a nossa apresentação quase até o sol raiar. Aconteceu no dia 15 de outubro de 2011 e cerca de cem pessoas assistiu-nos.

"Pro Raul", outra canção autoral do "KK & K", executada nessa noite no The Pub:
O Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=i6HME59osqs

Novamente tivemos a presença do tecladista, Nelson Ferraresso, mas não contamos com o ótimo saxofonista, André Knobl, desta feita. 

Com as bênçãos dos Beatles e de Bob Dylan pelas paredes, eis uma versão de um clássico deste último: "Knocking on Heaven's Door"...

O link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=lFj1Z3FoFdo
 
Um pequeno trecho de "Free Falling" do Tom Petty, na voz de Renata "Tata" Martinelli
O link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=f6F1jBTXCXw

Na Rua Augusta a solar em meio aos transeuntes e com a banda a tocar no interior da casa! Kim Kehl & Os Kurandeiros no The Pub de São Paulo em 15 de outubro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O Kim reviveu a sua performance ao caminhar entre as mesas e surpreender o público, além de sair da casa a fazer solos em plena Rua Augusta, no meio daquela multidão de transeuntes que circulavam por ali, nas noites de sábado. Ou seja, foi muito divertido.

Mais flagrantes da banda em ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros no The Pub de São Paulo em 15 de outubro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Cerca de cem pessoas nos assistiram nesse dia. Novas investidas no simpático, Magnólia Villa Bar, viriam a seguir. 

A próxima data ocorreu no dia 19 de outubro de 2011. Desta feita, sem a presença dos ótimos: Nelson Ferraresso e André Knobl. 

Com Renata Martinelli nos vocais e o trio primordial apenas (Kim, Carlinhos & eu, Luiz Domingues), nós tocamos em mais uma noitada a celebrar o Blues e o Rock. 

E o show posterior, foi também no Magnólia Villa Bar. Ocorreu em 9 de novembro de 2011, mas desta vez, foi diferente de uma apresentação corriqueira d'Os Kurandeiros, pois o Kim convidou diversos guitarristas do circuito de Blues da cidade, para uma grande Jam-Session. 

Dessa maneira, mesmo eu não sendo um grande entusiasta do gênero, me senti honrado por tocar com várias personalidades musicais dessa esfera, todos muito respeitadas nesse mundo do Blues. Sem Renata Martinelli e André Knobl, o trio básico d'Os Kurandeiros foi reforçado do tecladista original da banda, Nelson Ferraresso.

Assista abaixo, a noite memorável com os convidados especiais: Amleto Barboni, Marcos Ottaviano, Claudio "Urso" Camargo e Rico nas guitarras. "Blues do Trabalhador" é a música que tocamos nesse vídeo, proveniente do repertório d'Os Kurandeiros  

O link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=E0mJwBr0xZc

E as presenças daquelas feras do Blues, abrilhantaram a noitada. Foram quatro guitarristas, que na maior parte da noite tocaram simultaneamente conosco, ao se produzir uma massa sonora e tanto. 

Todavia, com muita experiência, o que fizeram mesmo, foram solos sob um revezamento muito concatenado e todos a observarem bem a dinâmica nos momentos de solos de um em relação aos outros. 

Figuras sensacionais da cena blues brasileira se apresentaram conosco, tais como: Marcos Ottaviano, Amleto Barboni, o hoje saudoso, Claudio "Urso" Camargo e Rico. 

Não tivemos um grande público, infelizmente. Mas aquelas vinte e poucas pessoas que assistiram, se divertiram demais com a noitada.         

Abaixo, a versão d'Os Kurandeiros, chamada, "Problemas", para o clássico, "Stormy Monday", com a presença dos convidados Marcos Ottaviano, Rico, Amleto Barboni e Claudio Camargo nas guitarras e com o Kim só a cantar, mais uma vez

O link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=0O-WkmOMArg

Nessa performance registrada em vídeo, o Kim aparece apenas a cantar, mas ele tocou bastante, também, aliás, quase o tempo todo.

Uma panorâmica da banda no palco. Kim Kehl & Os Kurandeiros. Centro Cultural Gambalaia de Santo André-SP em 18 de novembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

O próximo compromisso d'Os Kurandeiros me animou bastante.
Isso por que seria a rigor, um show de fato, e não uma performance de bar, onde inevitavelmente teríamos que tocar muitos covers a se mesclarem com covers. 

Fiquei animado com essa perspectiva, pois fazia tempo que eu não participava de um show autoral, de fato, desde o final das atividades do Pedra.

O palco do Centro Cultural Gambalaia, em Santo André-SP, antes do show, com o backline d'Os Kurandeiros, pronto para a ação! Kim Kehl & Os Kurandeiros. Centro Cultural Gambalaia de Santo André-SP em 18 de novembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O local foi um mini centro cultural localizado na cidade de Santo André-SP, no ABC paulista, e chamado: "Centro Cultural Gambalaia". Bem localizado, entre o elegante Bairro Jardim e o centro daquela cidade, tal estabelecimento costumava abrir o seu espaço para bandas independentes e autorais e assim mantinha a nobre determinação de se evitar apresentações de bandas cover. 

Era na verdade uma ex-moradia de família, uma residência adaptada, portanto, e o seu espaço era bem limitado, fisicamente, porém bastante aconchegante. Na parte inferior do sobrado de esquina, ficava um bar e um espaço para exposições com artes plásticas e na superior, havia o espaço para shows e/ou dramaturgia, saraus literários & palestras, mas que também era reversível para ser usado como um cine-clube. Em suma, um espaço multi-uso.

A banda em panorâmica. Kim Kehl & Os Kurandeiros. Centro Cultural Gambalaia de Santo André-SP em 18 de novembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

Nessa apresentação, nós tocamos com um ótimo line-up d'Os Kurandeiros, a conter o Kim Kehl na guitarra e voz, Carlinhos Machado na bateria, eu (Luiz Domingues), no baixo, Nelson Ferraresso aos teclados e Renata Martinelli nos vocais. 

Foi uma apresentação muito prazerosa, só a se dedicar ao trabalho autoral d'Os Kurandeiros, portanto, para conceder ao espetáculo, um verniz de show de Rock com muita qualidade.

 
Sequência de fotos com o Kim Kehl a brincar com o público. Na foto do meio, a presença do guitarrista, Caio Rossi, da banda: "O Livro Ata", de Santo André-SP, e abaixo, Samuel Wagner, lendário roadie da Patrulha do Espaço, com quem trabalhei por muitos anos, e figura recorrente nos agitos culturais pela cidade de Santo André-SP   

O público, infelizmente, nos desapontou. E gerou até uma revolta dos poucos e abnegados Rockers presentes, pois segundo alegavam, muita gente que dizia estar a esperar pelo show com ansiedade, simplesmente não compareceu.
 

Eu (Luiz Domingues), na primeira foto e na segunda, Kim Kehl em ação. Kim Kehl & Os Kurandeiros. Centro Cultural Gambalaia de Santo André-SP em 18 de novembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

Entre os poucos presentes, o velho discurso da "desunião" entre Rockers, veio à baila, na saída, mas que particularmente, eu relevei, talvez por já possuir na ocasião, cinquenta e um anos de idade e convenhamos, esse tipo de constatação, além de não ser nenhuma novidade para a minha avaliação, não levava a nada, na prática, a não ser o mau agouro do lamento.

Kim Kehl e Renata a cantarem na linha de frente, com Nelson Ferraresso e Carlinhos Machado ao fundo, obscurecidos.  Kim Kehl & Os Kurandeiros. Centro Cultural Gambalaia de Santo André-SP em 18 de novembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O importante, ao pensar objetivamente, foi que tratou-se de um show muito bom, feito em um local aconchegante e aquela pouca quantidade de pessoas ali presentes, estava bem animada e disposta a ouvir os Rocks e Blues dos Kurandeiros de Kim Kehl, e no meu caso, o prazer por estar dentro de uma banda de Rock, sobre um palco, determinação que trago desde os quatorze anos de idade...

Um pequeno trecho da balada, "Anjo", executada nesse show do Centro Cultural Gambalaia, de Santo André-SP, em 18 de novembro de 2011: 
O link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=J0T7gwBDan4

O show ocorreu no dia 18 de novembro de 2011, no Gambalaia, de Santo André-SP, cidade grande do grande ABC.
A banda em panorâmica. Kim Kehl & Os Kurandeiros. Centro Cultural Gambalaia de Santo André-SP em 18 de novembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

 

A banda em performance. Kim Kehl & Os Kurandeiros. The Pub em 26 de novembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

O próximo compromisso foi uma volta ao "The Pub", da Rua Augusta, quando uma longa jornada permeada por covers nos aguardava. 

Não foi a melhor maneira para se apresentar com Os Kurandeiros, mas todos consideravam tais jornadas nessa casa, como uma dura labuta, pois a despeito de sermos sempre bem tratados pelo dono, o britânico, Phill e por todos os seus funcionários, a jornada ali se mostrava dura, com quatro, às vezes, cinco entradas. 

E claro, na minha ótica era desagradável tocar aquela quantidade além do razoável de covers, em detrimento do material próprio d'Os Kurandeiros.

A música: "Problemas" em meio a essa apresentação do The Pub, em 26 de novembro de 2011 

O link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=UvqxjK52vns

Outro aspecto que nos cansava nas noitadas do The Pub, se dava no tocante ao processo de carregar/montar/desmontar, e recarregar de novo o equipamento no automóvel. A despeito de haver um estacionamento próximo, esse processo, sem apoio de roadies, foi bem cansativo, pois a rua estava sempre muito lotada com uma multidão de pessoas a circularem, independente do horário e assim, essa tarefa se tornava muito penosa. 

O lado bom, além de um cachê razoável, logicamente fora o convívio com os amigos, sempre prazeroso, com essas pessoas envolvidas com Os Kurandeiros. 

Nessa noite em específico, dividimos o palco com o ótimo trio: "The Suman Brothers Band". Com um repertório sensacional a transitar entre o Rock, Blues, Country-Rock, Folk e Soft Rock, essa banda me fazia lembrar muito a versatilidade da "The Band", uma banda que adoro, e que sei que se tratava de uma predileção dos componentes desse trio, também. 

Lembro-me em ter ficado impressionado com uma entrada marcada por Rocks cinquentistas que eles fizeram, que foi espetacular, ao relembrarem grandes nomes daquela década. Mesmo eu, que sou muito crítico da ação de bandas cover, me rendi à versatilidade e qualidade dos irmãos Suman. 

Nessa noite, Os Kurandeiros se apresentaram como um quarteto, com as presenças do Kim, Carlinhos, Renata Martinelli e eu (Luiz Domingues). Foi o dia 26 de novembro de 2011, um sábado muito quente de primavera e com cerca de cem pessoas no recinto, o que foi um bom público e também a se mostrar um fator de aquecimento interno ainda maior da casa, que estava bem abafada, a despeito do ar condicionado que não dera conta da demanda, simplesmente...

Da esquerda para a direita: Vitor Suman (baixista do The Suman Brothers Band), Luiz Rico Arnone (gaitista e amigo d'Os Kurandeiros), Kim Kehl, Isabela Johansen (então futura vocalista do Nu Descendo a Escada, banda de Ciro Pessoa), Renata Martinelli, Carlinhos Machado, e eu (Luiz Domingues). Kim Kehl & Os Kurandeiros no The Pub de São Paulo, em 26 de novembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 30 de novembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Pouco tempo depois, estivemos novamente a nos apresentarmos com os amigos, em uma nova noitada no Magnólia Villa Bar. Desta feita, tocaríamos em trio, sem a presença da Renata Martinelli, tampouco com Nelson Ferraresso e André Knobl. 

Contudo, por se tratar um trio fundamental de Blues-Rock por excelência, claro que foi possível conduzir uma apresentação sem problemas. 

O meu único receio foi pelo fato de ainda ter muitas dúvidas de harmonia, decorrentes do repertório ser muito grande, portanto ser difícil para decorar tudo a contento. Mas independente de um erro ou outro, tudo ocorreu bem nessa noite de 30 de novembro de 2011, mais uma Quarta Blues no Magnólia.

E aliás, em um futuro não muito distante, os Kurandeiros fechar-se-iam mais como Power Trio, e participações de membros adicionais seriam tratadas como ocasiões sazonais na carreira da banda, portanto, foi um preâmbulo do porvir.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tabasco Beer de São Paulo em 2 de dezembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

Dois dias depois, estaríamos no Tabasco Beer, uma casa noturna localizada no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo, desta vez a contar com a presença da Renata Martinelli, como reforço. 

Quando cheguei nessa casa, achei curioso o fato de que o Kim estava ansioso a me esperar, para começarmos imediatamente, visto que o gerente da mesma, queria som no ar, e rápido.

Kim Kehl em seu momento de cura shamânica, quando tocávamos a música "O Kurandeiro". Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tabasco Beer de São Paulo em 2 de dezembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O motivo alegado foi que a concorrência de outras casas noturnas ali na sua vizinhança, se mostrara grande e as pessoas tendiam a procurar sempre o lugar em que uma banda já estivesse em ação. 

Foi um show estranho, pois a contrariar a habitual resistência da parte de gerentes de casas noturnas em relação ao volume com o qual a banda toca no palco, neste caso, o sujeito queria mais e mais energia, em contraste com o público presente, que nos pareceu predisposto para ouvir o som mais ameno, a se mostrar formado por não adeptos do Rock.

Víamos casais de namorados e até famílias a comemorarem festa de aniversário, e não nos pareceu propício enveredarmos para um show de Rock, e assim, ficamos muito mais propensos a tocar uma seleção com baladas e Blues. Foi o que o Kim intuiu, mas parece que o gerente ficou aborrecido, ao querer que tocássemos mais Rocks vigorosos. Enfim... isso ocorreu no dia 2 de dezembro de 2011, uma sexta-feira.

"Anjo", ao vivo no Tabasco Beer, na data citada acima citada 

O Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=66iK-5DCK_g

Depois de encerrado, voltar para a minha residência foi um martírio, por que a Polícia Militar tradicionalmente montava uma blitz com bafômetros naquela avenida, próxima da estação do metrô Parada Inglesa, pois era (é) enorme a profusão de bares naquela região. 

 "Baby, I Love Your Way", do Peter Frampton, na bela voz de Renata Martinelli. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tabasco Beer, de São Paulo, em 2 de dezembro de 2011 

O vídeo para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=BzoTtYV0pck

Mas eu cheguei tranquilo em casa, apesar da canseira, mesmo por que, se parado pela fiscalização, sou o tipo de pessoa que não tenho nenhum temor por esse tipo de teste de alcoolismo e quem me conhece pessoalmente, sabe bem o motivo.
Os Kurandeiros a se confraternizarem com os amigos: Sandra Marques (produtora de shows), e o ótimo guitarrista, Roger Bacelli, este membro da banda, Nacionarquia, após a apresentação no Tabasco Beer. Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Renata Martinelli, Sandra Marques, eu (Luiz Domingues), Carlinhos Machado, e Roger Bacelli. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tabasco Beer de São Paulo em 2 de dezembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar em 21 de dezembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Após dois compromissos com o Ciro Pessoa, quando eu (Luiz Domingues) e Kim Kehl estivemos juntos a atuar com a banda: "Nu Descendo a Escada", que o acompanhava, nós voltamos à carga com Os Kurandeiros, para mais duas apresentações no Magnólia Villa Bar, a encerrarmos o ano de 2011. Foram apresentações animadas, talvez pelo fato do espírito natalino, e do Reveillon a nos rondar...

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Tabasco Beer de São Paulo em 2 de dezembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

No dia 21 de dezembro de 2011, a banda base teve o acréscimo do ótimo tecladista, Nelson Ferraresso, que sempre abrilhantava muito o som da banda, logicamente. E repetimos a dose no dia 28 de dezembro de 2011, desta feita, sem o Nelson, infelizmente.

Na foto acima, o último show d'Os Kurandeiros em 2011 e com a presença do tecladista, Alexandre Rioli, proprietário da casa de espetáculos, Magnólia Villa Bar, a tocar conosco. 28 de dezembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

No show do dia 28, uma particularidade engraçada aconteceu, quando um grupo de jovens estrangeiros apareceu repentinamente, e ao que tudo indicou, se divertiram para valer, a dançar muito ao som dos nossos Rocks, principalmente. 

"Sou Duro" no dia 28 de dezembro de 2011, com direito ao tradicional solo do Kim, "a passear" pelo público  
O link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=62u-zp13Ih8

O ano de 2011 se findara, e sob o luar da madrugada do dia 29 de dezembro, já a avançar, nos despedimos na porta do Magnólia Villa Bar, ao acreditarmos que teríamos um 2012, muito positivo.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 28 de dezembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Particularmente, eu estava agradecido por ter sido lembrado pelo Kim Kehl, para mais um trabalho na minha longa carreira já acumulada naquela ocasião, e assim, desde agosto de 2011, a estar com Os Kurandeiros. Era (é), uma banda de amigos, e sem maneirismos, portanto, a tornar o ambiente sempre amistoso, e sem nenhuma possibilidade para gerar tensões. Assim encerrou-se 2011...

Na primeira foto, Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 28 de dezembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap, na segunda a primeira apresentação do ano de 2012, em 4 de janeiro, com o Kim Kehl a passear entre os clientes das mesas da casa. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O ano de 2012 começou com uma esperança boa de que a banda teria uma maior profusão de shows. O embalo alcançado ao final de 2011, houvera sido positivo e dessa forma, nos levara a crer que criaria uma onda progressiva para o ano novo.

"Baby I'm a Want You", do Bread, na noite de 4 de janeiro de 2012, no Magnólia Villa Bar, com Os Kurandeiros de Kim Kehl
O link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Zd-O8Y_BKwM  
Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 4 de janeiro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Logo no início do ano, emendamos três datas no Magnólia Villa Bar, uma tradicional casa para os Kurandeiros.

Nesta foto acima, a participação do tecladista, Alexandre Rioli, na noite de 4 de janeiro de 2012. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 4 de janeiro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap
Desta feita, em 28 de janeiro, com a presença do saxofonista, André Knobl. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 28 de janeiro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Os shows ocorreram nos dias 4, 18 e 25 de janeiro de 2012. Nas duas primeiras datas, tocamos como um trio: Kim, eu (Luiz Domingues), e Carlinhos Machado.

As três fotos acima são da apresentação do dia 25 de janeiro de 2012, com a presença de André Knobl ao sax, e Renata Martinelli, no vocal. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 25 de janeiro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

No show do dia 25, feriado municipal de aniversário de São Paulo, tivemos os reforços de Renata Martinelli e André Knobl.
A próxima data ocorreria em 3 de fevereiro de 2012, em uma casa chamada, "Lolla Paloosa", em Santo André-SP, cidade da região do ABC.

Com a mesma formação como o quinteto citado acima, tocamos sob condições muito ruins de áudio, pois o equipamento disponível na casa foi terrível, e o tratamento dispensado pelo gerente e funcionários da casa, idem, e porquanto eu posso afirmar sem medo de errar, que tenha sido o pior show que fizemos nessa fase com a minha presença na formação da banda e um dos piores da minha carreira, infelizmente. 

Ficamos todos chateados por esse resultado e claro que dispostos para nunca mais voltarmos para tal estabelecimento, pois realmente ali fora péssimo, em todos os sentidos. Para completar o baixo astral, o clima na porta da casa foi pesado. Foi apreensiva a chegada e saída, quando até sinal de tentativa de arrombamento do carro do Kim, aconteceu. Creio que a única lembrança amena e até engraçada, dessa noite difícil, se deu ao final da apresentação, quando um grupo formado por adolescentes embriagados e provavelmente drogados, apareceu e agitou a casa, ao exercerem a sua loucura no sentido da petulância desmesurada. 

Tratou-se da presença de três garotas e dois rapazes, sendo que as meninas estavam alucinadas e os rapazes pareciam estar bem menos alterados, e até, de certa maneira, constrangidos com o comportamento exagerado das meninas. 

Sei que na verdade foi triste, mas no auge da loucura desmedida dessas meninas, elas tiveram a proeza de mexerem com todo mundo dentro do bar, ao atiçar as pessoas a dançarem, e por conta disso, paradoxalmente a relembrar, isso amenizou um pouco o baixo astral do ambiente por conta do péssimo som ali disponível para nós trabalharmos e também pelo tratamento rude com o qual os funcionários da casa dispensaram a todos, incluso clientes. E foi engraçado como interagiram com a banda, quando estigmatizaram o Kim e o Carlinhos com bazófias desdenhosas!

O folclórico homem que afirmava ser uma reencarnação de Jesus Cristo e auto-denominado como: "Inri Cristo"

As garotas cismaram em entoar um coro infame, ao cantarolarem que o Kim seria um "Tio Guitar Hero" e o Carlinhos, foi estigmatizado como, "INRI", para se fazer alusão àquele personagem midiático, que insistia em se autoproclamar-se como uma reencarnação de Jesus Cristo, etc. e tal. 

Foi infame, é claro, e triste por se tratarem de meninas bem novas, bonitas e bem vestidas, e a se portarem em público naquele estado lamentável, mas por outro lado, tal impertinência foi engraçada e nos deu alguns momentos sob descontração em uma noite permeada por muitos dissabores. 

O próximo compromisso, ocorreu uma semana depois e foi marcado para a mesma cidade de Santo André-SP, mas desta vez sob uma circunstância muito mais agradável para a banda, sem dúvida.

Bem, o próximo e bem mais agradável compromisso, se deu no Espaço Cultural Gambalaia, de Santo André-SP, em 11 de fevereiro de 2013. 

Fomos muito bem recebidos pela direção da casa e ali fizemos uma apresentação bem animada, com a presença da Renata Martinelli e André Knobl, a reforçar a nossa banda, mas infelizmente, sem o ótimo Nelson Ferraresso, aos teclados.

                      A banda de abertura: "O Livro Ata". Click: Lara Pap

Uma banda de abertura chamada: "O Livro Ata", se apresentou. Era formada por músicos com orientação Rocker, 1960 & 1970, e lembrou-me bastante de meus tempos de Patrulha do Espaço, quando eu conhecera muitas bandas dessas características, principalmente no interior de São Paulo e pelos três estados do sul do país. 

Os seus membros estavam entusiasmados com a oportunidade de abrir o show d'Os Kurandeiros e dessa forma, se empenharam para divulgar ao máximo o espetáculo na cidade de Santo André-SP. 

O show foi ótimo, com sessenta pessoas presentes, mas por se considerarem as dimensões diminutas do espaço, naturalmente. E assim foi a nossa segunda passagem pelo Espaço Cultural Gambalaia, em 11 de fevereiro de 2012. Ainda nesse mês de fevereiro de 2012, Os Kurandeiros de Kim Kehl se apresentaram mais duas vezes.

Com a perspectiva do público. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 15 de fevereiro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

No dia 15, ou seja, a quarta-feira posterior ao show no Gambalaia, voltamos à tradicional apresentação mensal no Magnólia Villa Bar, no bairro da Lapa, em São Paulo. Com a presença de Renata Martinelli e André Knobl, a reforçar o trio original, tocamos em mais uma noitada de Blues e Rock'n' Roll.

Na segunda foto, se vê a presença do guitarrista: Claudio "Urso" Camargo (ao fundo, a usar camiseta branca), que apareceu para participar como convidado especial. Lamentavelmente, ele viria a falecer pouco tempo depois, vitimado por um ataque cardíaco fulminante. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 15 de fevereiro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Dessa data em específico, eu me lembro em termos posado para uma foto que foi usada como peça promocional, com essa simpática formação como quinteto, a contar com a presença dos ótimos: André e Renata. Só faltou o excelente tecladista, Nelson Ferraresso.
E três dias depois, estivemos de volta ao palco do The Pub, da Rua Augusta. 

Kim Kehl & Os Kurandeiros no The Pub de São Paulo em 18 de fevereiro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Com o mesmo quinteto, enfrentamos a longa noite do The Pub, uma casa sempre com um público bom, mas onde era necessário tocar bastante, para entreter a noite inteira. Inevitavelmente, fazíamos no mínimo, quatro entradas, às vezes cinco, o que tornava a apresentação, bem cansativa.

"O Jogador" nessa apresentação no The Pub, em 18 de fevereiro de 2012
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=05kTKWntFEI

Entretanto, houve a compensação, que veio na forma do tratamento bom ali dispensado e um cachê com bom nível.

"Little Red Rooster", clássico de John Lee Hooker, sob a nossa interpretação, nessa noite do The Pub
O Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=U-4sTHc6jDc

O próximo show, seria mais animador, em tese pelo menos. 
Por intermédio da produtora Sandra Marques, fomos agendados para um show 100% autoral, em uma outra casa localizada na cidade de Santo André-SP, no ABC paulista.
Foto pós-show, no Central Rock Bar de Santo André, em 14 de abril de 2012. Da esquerda para a direita: rapaz não identificado, Kacau Leão (fotógrafa), Kim Kehl, Sandra Marques (produtora do show), Carlinhos Machado e eu (Luiz Domingues). Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Foi marcado então mais um show com características eminentemente autorais, um bálsamo para Os Kurandeiros de Kim Kehl, apesar da resignação da companhia em relação às atuações híbridas, com os inevitáveis covers a serem executados pelas casas noturnas.

Outra foto do momento pós-show, com os componentes da banda, Capitão Bourbon, que tocaram na abertura dessa noite. Os Kurandeiros no Central Rock Bar de Santo André-SP, em 14 de abril de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

O show se realizou no Central Rock Bar, de Santo André-SP, no ABC paulista e houve uma banda de abertura, chamada: "Capitão Bourbon". 

O show ocorreu no dia 14 de abril de 2012, um sábado e foi intenso por acontecimentos no palco e nos bastidores. No camarim, o Kim falou comigo e Carlinhos Machado (tocamos como trio, naquela noite), sobre um assunto muito delicado. 

                          Kim Kehl em foto promocional. Fonte: Internet

Pois ocorreu que ele estava a enfrentar um problema sério de saúde, e dessa forma, nos avisou que mediante conselhos médicos, teria que se submeter a uma intervenção cirúrgica e que o momento pós-operatório seria marcado pelo repouso absoluto, ao obrigar com que as atividades d'Os Kurandeiros observassem tal questão por um bom tempo. 

Ficamos chateados, pois sabíamos que ele estava com esse problema, mas não suspeitávamos que seria tão grave, ao ponto que requeresse intervenção cirúrgica e tratamento rigoroso a posteriori. Claro, demos todo o apoio moral possível naquele momento, mas o nosso sentimento de impotência diante da situação foi inevitável, pois nada poderíamos fazer para amenizar a situação do nosso amigo. 

Enfim, subimos ao palco para fazermos o melhor show possível, apesar de termos ficado muito chateados com a notícia. A banda de abertura tocou muitos clássicos do Rock dos anos cinquenta, ao nos surpreender positivamente. 

E os seus membros eram rapazes novos e muito entusiasmados com a nossa presença, em um tipo de reverência que nos alegrou sobremaneira, e tal alegria serviu para amenizar um pouco o dissabor causado pela notícia que o Kim nos relatara, momentos antes no camarim. 

O show deles foi bem energético e sem dúvida que criou uma atmosfera boa para a nossa apresentação.

Kim Kehl em ação na Feira da Vila Pompeia em maio de 2011. Click: desconhecido

De fato, apesar de abalados pelo aspecto já citado, fizemos um show muito bom, 100 % autoral, o que sempre nos animava-nos muito mais.

O Kim, tocou, cantou e fez a sua habitual performance como entertainer, muito divertida, como sempre, apesar de estar aborrecido por conta do seu problema de saúde. 

Outra ocorrência digna de nota, foi por conta do público. Foi neste caso, uma plateia bastante reduzida, infelizmente, que chateou a produtora Sandra Marques, super solícita e sempre animada, mas mesmo mediante os seus esforços em termos de divulgação, o público Rocker do ABC, não compareceu a se compor o número que desejávamos. 

Todavia, um fato curioso ocorreu, mesmo com apenas quinze pessoas presentes na plateia. Eis que três sujeitos com atitude um tanto quanto agressiva entraram na casa, já com o nosso show em andamento. Em um dado instante, esses rapazes passaram a nos encarar de uma forma acintosa, quase ao estabelecer uma postura ofensiva, a denotar uma provocação explícita e foi quando se aproximaram e tiveram a atitude de permanecerem bem perto do palco a nos mirar com os seus braços cruzados e todos com um semblante nada amistoso. 

Fiquei em alerta, ao imaginar ser uma provocação explícita e na minha lembrança, me recordei da fama das cidades do ABC, por ostentarem um histórico com gangues de diversas vertentes e tribos em épocas passadas e assim quem poderia afirmar que tal gesto não simbolizasse algo do gênero? 

Paralelamente, também ponderei ser uma avaliação errônea, como um exagero da minha parte, pois o Kim continuara a tocar e cantar sem aparentar nenhuma preocupação e tampouco o Carlinhos sinalizou algo nesse sentido. 

Então, continuamos a tocar sem nenhum problema, apesar desse tipo de manifestação estranha, vinda desses rapazes. Ao final do show, foi uma surpresa e tanto, pois os três sujeitos, foram os que mais aplaudiram, a demonstrarem o seu apreço pelo show e tal manifestação não foi por deboche, de forma alguma. 

Conclusão: as aparências enganam... foi no dia 14 de abril de 2012 e daí um novo show d'Os Kurandeiros demoraria bastante para acontecer, devido aos problemas de saúde que o Kim enfrentou nesse ano difícil para ele. 

Entretanto, nesse ínterim, mesmo ainda debilitado, ele produziu para a banda, e eu tive o prazer de colaborar, ao efetuar as minhas primeiras gravações como membro d'Os Kurandeiros, fato que comentarei a seguir.

Infelizmente, o estado de saúde do Kim foi mais grave do que supúnhamos inicialmente. Desta forma, o pós-operatório o colocou em uma situação sob repouso absoluto, por algumas semanas. Fui visitá-lo e fiquei bastante admirado por sua incrível capacidade para enfrentar a dificuldade, com extrema bravura e otimismo. 

Confesso, diante de uma adversidade dessa gravidade, não sei se teria essa coragem toda com a qual ele enfrentou e venceu merecidamente aquela questão. Enfim, apesar dessa tenacidade e grandeza de espírito, não seria a única batalha que ele enfrentaria nesse ano de 2012. 

Foi de fato, um ano difícil para Os Kurandeiros, por conta da perspectiva de uma segunda intervenção cirúrgica (e no cômputo geral, ele enfrentou, quatro cirurgias), e consequente nova etapa de repouso que se avistara e dessa forma, o Kim foi aconselhado pelos médicos a cancelar os seus compromissos, e sobretudo, não firmar outros, até segunda ordem. 

Bem, super ativo como ele é, claro que obedeceu os médicos parcialmente, apenas. Se realmente teve que cancelar apresentações, por outro lado, no seu "home studio", ele adiantou muitas coisas para Os Kurandeiros, a criar promos para a internet, mixar músicas já gravadas, e também a compor o novo material.

Eu, Luiz Domingues a atuar com Os Kurandeiros de Kim Kehl no Centro Cultural Gambalaia de Santo André-SP em 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Nesses termos, ele me enviara três temas pela internet, ao me convidar a gravar o baixo dessas canções. Enfim, decorei o mapa harmônico dessas novas canções, criei linhas de baixo e em determinada tarde, fui à sua residência para gravar, com muito prazer. Dessas três músicas, uma foi lançada pela internet, como um "promo", sob um visual bem psicodélico e produziu um bom resultado através das redes sociais. Falo desse lançamento, a seguir. 

Foi um tremendo prazer comparecer à casa do Kim, no bairro das Perdizes, na zona oeste de São Paulo. O QG do Kurandeiro-Mor era (é) um conjugado com dois cômodos, na parte baixa da casa, isolado da residência ampla e com a charmosa arquitetura dos anos vinte, acredito.

Nesse compartimento da residência, ele estava cercado por aparelhos eletrônicos que o seu pai tinha como hobby, para montar, a fazer com que a decoração fosse muito louca, ao estilo de laboratórios de cientistas de filmes de Sci-Fi ou Terror, antigos, da Universal, ou mesmo da britânica, Hammer. 

Bem, como cinéfilo assumido que eu sou, nem preciso dizer o quanto achei incrível tudo aquilo. O Kim gravava no seu port-estúdio, com muita tranquilidade, a usar aquela tecnologia digital, montada em torno de plugins oriundos de programas como o "Pro-Tools" etc. 

Portanto, eu apenas pluguei o meu Fender Precision, e assim gravei as três canções. Em uma delas, eu criei uma linha bem inspirada no Gary Thain, baixista que passou pelo "Uriah Heep", e é uma grande influência na minha formação musical.

O saudoso, Gary Thain, um baixista espetacular e que muito me influenciou desde os anos setenta             

Ocorre, que o tema foi instrumental, e a linha mestra da melodia executada pela guitarra, fora conduzida pelo slide e lembrava muito o trabalho do Ken Kensley, no Uriah Heep. Portanto, eu me convencera de que ao seguir essa linha no estilo do Gary Thain, o baixo ornaria de uma forma bem adequada à canção e foi assim que ocorreu.

Abaixo, o promo de "Sliding in the Stratosphere", canção que descrevi no parágrafo acima.
Eis o Link para assistir no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=D-YvJ6evWME

Eu, Luiz Domingues, na primeira foto e Kim Kehl na segunda, ambos a atuarmos com Os Kurandeiros no Centro Cultural Gambalaia em 2011. Click, acervo e cortesia na primeia foto: Natália Eidt. Na segunda foto, acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O período que se seguiu, foi marcado pela apreensão para Os Kurandeiros. A recuperação da saúde do Kim se mostrara lenta e assim lhe exigiu um maior período de repouso absoluto, o que definitivamente o impediu de agendar shows. 

Se dependesse dele, certamente que desejaria trabalhar, mas os médicos foram taxativos no sentido de que ele não poderia se esforçar fisicamente, e assim, tocar guitarra e cantar ao vivo, esteve fora de cogitação, naquele instante. 

Dessa forma, ele suportou a recomendação médica e se recuperou, lentamente, até que mediante novos exames, os médicos decidiram por mais cirurgias. 

Kim Kehl em uma apresentação com Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Confesso, estou para ver uma pessoa com tanta resignação e força, pois qualquer outra, incluso eu, mesmo, teria esmorecido com tal notícia, mas ele suportou tal revés com uma tremenda determinação, a fim de se submeter o quanto antes às novas internações cirúrgicas e vencer a dificuldade, que se tornou um exemplo de coragem e amor à vida, para todos nós. 

Enfim, uma nova intervenção nos mesmos moldes da anterior, subentendeu um longo período de recuperação a posteriori, certamente, tudo a se cumprir de novo. E sendo assim, ele se apressou em comunicar aos Kurandeiros, que contava com a nossa paciência nesse período, e pediu desculpas pela banda permanecer parada e assim comprometer o decorrente movimento em termos financeiros, para os demais.

Kim Kehl em uma apresentação com Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Ora, a nobreza de caráter da parte dele, foi notável em ter esse tipo de preocupação, porém, o nosso pensamento não foi esse, mas sim o de ansiar pelo restabelecimento do amigo, para que ele pudesse estabelecer a volta por cima nessa questão de sua saúde. 

Infelizmente, a situação de saúde dele se tornou difícil e o tempo de sua recuperação decorrente da segunda intervenção cirúrgica em que se submeteu, não trouxe perspectivas concretas de solução para o seu problema e dessa forma, uma terceira intervenção foi sugerida pelos médicos, com consequente novo período de repouso absoluto. E uma quarta intervenção foi prescrita, a seguir, para gerar um novo período de convalescença. 

Desta feita, apesar do sofrimento todo, foi a última intervenção, para dar um basta em tal situação e a determinar que o tratamento, doravante, transcorresse sob um patamar mais ameno, na base de medicamentos e exames periódicos sob acompanhamento ambulatorial. 

Nesse ínterim, surgiu uma data para o Ciro Pessoa e como eu (Luiz Domingues) e Kim Kehl éramos membros de sua banda de apoio, independente d'Os Kurandeiros voltarem à ação, foi a perspectiva concreta dele, Kim, poder retomar as suas atividades profissionais, ao menos por ao se considerar as apresentações ao vivo, pois mesmo sem forças, ele nunca deixara de trabalhar, no seu estúdio.

Show de Ciro Pessoa & Nudes, na cidade de São Carlos-SP, com Kim Kehl e Ciro Pessoa na foto acima. 11 de agosto de 2012. Click: desconhecido

Sobre a apresentação que o Kim fez comigo, a acompanhar o Ciro Pessoa, eu a narro no capítulo adequado, naturalmente. Com Os Kurandeiros, a volta do Kim demorou mais dois meses, e se concretizou no dia 17 de outubro de 2012, no Magnólia Villa Bar, em São Paulo.
Kim Kehl em uma apresentação de volta às atividades com Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. 17 de outubro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Se em agosto, o Kim tocara comigo e outros companheiros, ao acompanharmos o Ciro Pessoa, em um show realizado em São Carlos, no interior de São Paulo, mas ainda a inspirar cuidados na sua condição física pós-operatória, desta feita, ele demonstrara estar muito melhor. 

Assim, com as presenças de Carlinhos Machado na bateria, Renata Martinelli, aos vocais, Phill Rendeiro, na guitarra base, Alexandre Rioli, aos teclados e eu (Luiz Domingues), no baixo, eis que Os Kurandeiros tocaram com bastante alegria naquela noite quente de primavera, pois o Kurandeiro-mor estava de volta em grande estilo, a demonstrar a sua superação.

Fotos do show da grande volta de Kim Kehl & Os Kurandeiros aos palcos. Magnólia Villa Bar, 17 de outubro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Não tivemos um grande público nesse dia a nos acompanhar, mas foi muito gratificante tocar e ver e ouvir o Kim a pilotar a sua guitarra, cantar e a fazer as suas costumeiras brincadeiras performáticas. "Comeback, Kim Kehl!"

"Cocada Preta", executada nesse show citado acima.
Dia 17 de outubro de 2012, no Magnólia Villa Bar, de São Paulo

Eis o link para assistir no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=fQwZXSg72ds

Os Kurandeiros, efetivamente, só voltariam à ativa com regularidade, no início de 2013.

Kim Kehl a demarcar a sua apresentação de volta às atividades com Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo e com o tecladista, Alexandre Rioli como convidado. 17 de outubro de 2012. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Continua...

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