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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 3 - Bastante Trabalho em 2014 - Por Luiz Domingues

Após essa última data cumprida no Magnólia Villa Bar, citada no capítulo anterior, logo no início de 2014, e ocasião essa em que surgiu a proposta para ser criada a "Magnólia Blues Band" em paralelo ao trabalho d'Os Kurandeiros, o próximo compromisso marcado foi para o The Pub, da Rua Augusta, em 7 de fevereiro de 2014, uma sexta-feira. 

Essa foi a segunda ocasião em que tocamos no The Pub, com o formato Power-Trio e eu devo relatar que nessa altura, eu estava plenamente acostumado com o repertório da banda e entrosado com os colegas. Demorei para alcançar esse grau de segurança, pois a tal da "atitude jazzística" de se subir ao palco e tocar um repertório enorme e sem ensaios prévios, não combinava com a minha personalidade, certamente. 

Eu nunca me preparei para ser músico da noite, portanto, versátil dessa forma, pois todo o meu investimento de carreira se deu no sentido para que eu viesse a ser um artista autoral, portanto, só focado em tocar o que eu mesmo criaria, por anos a fio e assim, como um resultado prático, não adquiri nenhum traquejo para tocar covers pela noite, ou a acompanhar cantores. 

Forçadamente, me pus a me adaptar ao modus operandi d'Os Kurandeiros e dessa forma, só mesmo ao final de 2013, percebi que estava seguro para tocar com uma banda sem ostentar um set list pré-estabelecido, em que o tom da próxima música fora anunciado previamente, e tudo seria absorvido em pleno movimento, na base do improviso total. 

Operar dessa forma eventualmente para tocar uma música, uma vez na vida, não teria nada demais, mas tocar um repertório a ocupar de três a quatro horas por noite, nessa base, não seria fácil para um músico como eu, que não estava acostumado a tal dinâmica desafiadora, mas finalmente, após um período sob adaptação, finalmente me senti seguro para atuar nesse formato.

Os Kurandeiros a tocarem no "The Pub", no início de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Apesar de ter sido uma noite quente sob o verão tórrido em São Paulo, o The Pub não lotou como de costume e dessa forma, apenas cinquenta pessoas nos assistiram nessa noite de 7 de fevereiro de 2014. 

Um fato desagradável a relatar, revelou-se em torno de um acidente. Enquanto desmontávamos o palco, uma das guitarras do Kim sofreu uma queda de seu cavalete e isso produziu um machucado feio na junção do braço com o headstock do instrumento.

Por se tratar de uma guitarra Gibson Les Paul, claro que todos ficaram apreensivos, pois nesse instrumento em específico, quedas assim podem até arruiná-lo em via de regra, sem chance de reparo em uma oficina de luthieria, por conta de particularidades muito específicas da parte deles. Por sorte, dias depois, o Kim nos comunicou que houve um final feliz, com exceção da conta bem salgada que contraiu na luthieria! 

Com tal reparo resolvido, o nosso próximo compromisso com Os Kurandeiros, aconteceria apenas em abril, através de uma casa nova, e a se mostrar bastante surpreendente por vários aspectos..

Os Kurandeiros ao vivo no "Melts" do bairro da Liberdade em São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Quando o Kim nos falou sobre uma data a ser cumprida em uma lanchonete, localizada em plena Avenida Liberdade, próxima à Praça da Sé, o marco zero do cento de São Paulo, eu não acreditei que fosse possível tocar em um ambiente assim. 

Pois se em bares e casas noturnas em geral as condições já são inóspitas, geralmente, o que dizer de uma lanchonete ao estilo "McDonald's", com a possível presença de um público nada interessado em ter uma banda de Rock & Blues a atrapalhar a ingestão de seus sanduíches maiores que a bocada dos jacarés e besuntados por catchup e mostarda?

Os Kurandeiros a se apresentarem no surpreendente, "Melts", do bairro da Liberdade, em São Paulo, no dia 17 de abril de 2014. Acervo e cortesia: Lara Pap. Click: Lara Pap

Fora isso, eu já imaginara o constrangimento em ter que aturar um gerente pouco amigável, a insistir aos gritos para abaixarmos o volume etc. Mas tudo se revelou surpreendentemente ao contrário, quando nos apresentamos no "Melts", em 17 de abril de 2014. 

Mediante um palco digno, com até uma estrutura de iluminação que muita casa que se arvorava de ser como um "Café Teatro" por aí, não possuía, o fato foi que nós tocamos de uma forma muito confortável.

       Uma foto do interior da lanchonete "Melts". Fonte: Internet

O público que pareceu surpreso conosco, sob um primeiro momento, não nos tratou como uma mera atração "lounge" e despercebida, mas a prestar atenção, porque se comportou como se estivesse no ambiente de um show e assim, a aplaudir, assoviar e interagir com as provocações bem-humoradas do Kim Kehl. 

Todos os funcionários da casa, do gerente ao mais humilde faxineiro, foram de uma gentileza ímpar para conosco, fator que nos causou até estranheza. Pelo ambiente da "noite", não é usual tratar bem os músicos, nem mesmo os famosos, quanto mais nós, que passamos a maior parte das nossas respectivas carreiras, mergulhados sob o limbo do underground...

Mais uma foto do ambiente da lanchonete "Melts". Fonte: Internet

Ficamos amigos das garçonetes, do chef da cozinha, do rapaz do caixa, do simpaticíssimo porteiro & segurança da casa e do chapeiro, que também fazia as vezes de técnico de som (o rapaz era baterista, também). 

Bem montada, com aquele clima de lanchonete norte-americana, continha um certo ar Rock'n' Roll, pois exibia vídeos com bandas de Rock nas várias TV's espalhadas pelas paredes. 

"Creedence Clearwater Revival", "AC/DC"; e outros tantos artistas eram vistos e ouvidos através de vídeoclips em TV's gigantes de led, emolduradas como quadros nas paredes.

                       A fachada da lanchonete "Melts". Fonte: Internet

Enfim, foi uma noite para lá de surpreendente e agradável, ainda mais ao final, quando o gerente da casa nos surpreendeu com valor de pagamento além do acordado, pois ficara tão entusiasmado com a euforia gerada entre os seus clientes, que resolveu "vitaminar" o nosso cachê, ou seja, foi uma grata surpresa tocar na lanchonete, "Melts!"

Cerca de setenta pessoas nos assistiram nessa noite, de 17 de abril de 2014.

No dia seguinte, tivemos uma nova apresentação no The Pub da Rua Augusta. E nesse momento, com o trio solidificado, de minha parte não houve mais nenhum temor em enfrentar a noite longa que costumava ser uma apresentação naquela casa, com quatro, as vezes cinco entradas longas que se prolongavam das 22:00, até as 4:00 horas da manhã seguinte. 

A novidade nessa apresentação, foi a presença de Rodrigo Hid, como visitante. De passagem pela Rua Augusta, em uma rara noite onde não esteve a tocar com alguém, ou a se apresentar de forma solo na base da voz & violão, enfim, foi um prazer tê-lo ali presente a assistir e conversar conosco. Ele só não tocou por que compareceu de forma desprevenida e como o Kim é canhoto, ficava inviável para qualquer músico destro, lhe pedir uma guitarra emprestada para ele e se juntar a nós.

Noite tranquila, tocamos bastante, mas sob um astral leve, sem preocupações. Não tivemos muito público a nos assistir, e o consolo foi que nas casas concorrentes, o movimento também deixara a desejar, mas já na rua... o exército de zumbis estava todo lá, a denotar que a imensa maioria dos jovens baladeiros, não abria mão da sua farra habitual, mas desde que fosse em patamares mais econômicos, a beberem cerveja comprada dos vendedores ambulantes ou dos bares vagabundos das imediações e a permanecerem assim na rua, o tempo todo, a evitarem entrar nas casas e pagarem couvert, consumação mínima e bebidas com preços extorsivos... compreensível, portanto.

           A fachada do The Pub na Rua Augusta. Fonte: Internet

Foi o dia 18 de abril de 2014 e cerca de sessenta pessoas nos viram e ouviram no The Pub, nessa noite. 

A próxima parada, foi em uma casa nova para Os Kurandeiros, mas que o Carlinhos Machado já conhecia e frequentava há tempos com outras bandas pelas quais ele atuava, ou mesmo na condição de um simples frequentador. Tratava-se da "Casa Amarela", onde um projeto de blues criado pelo gaitista e cantor, Edu Dias, estava em pleno vapor, a agendar muita gente boa da cena Blues e Rock'n' Roll, também.

De fato, o Carlinhos Machado nos falou bem da Casa Amarela, pois já a conhecia por ter tocado nesse estabelecimento por inúmeras vezes com outras bandas e também por frequentar o estabelecimento para assistir outros artistas a se apresentarem. 

Então, fomos para lá bastante confiantes de que seria uma noitada boa e com a predominância do repertório autoral, portanto com mais feição de um show de Rock do que apresentação em casa noturna.

Não conheço a cidade de Osasco-SP, o suficiente, mas com a facilidade do Google Map, mais a orientação do Carlinhos Machado, cheguei com facilidade ao local e ao ir além, fui o primeiro a chegar.
Os Kurandeiros, a atuarem na simpática Casa Amarela de Osasco-SP, em 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
A casa era de fato toda amarela em sua fachada e também pelo seu interior, a justificar o seu nome e mediante uma decoração rústica, me sugeriu ser um casarão colonial de uma típica cidade do interior, portanto muito agradável. O dono, era um hippie, estilo velha guarda, com cabelo pela cintura, e de fato, ele atendia pelo sugestivo apelido de: "Cabelo". 
 
Todo o suporte de equipamento de som e iluminação foi providenciado pelo Edu Dias e o projeto: "Hoje tem Blues", foi de sua alçada, portanto. 

Edu Dias & Luiz Domingues em ação, na Casa Amarela, de Osasco-SP, em 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Seu plano se mostrou interessante, pois como ele possuía na época, um programa de webradio, destinado ao Blues, principalmente, certamente que o usava como plataforma de divulgação de seu projeto que era itinerante. 

Nesses termos, um dia por semana, ele acionava uma programação diferente à várias casas noturnas, ao manter uma periodicidade, sempre com atrações diferentes, sob uma espécie de rodízio estratégico.

Mais flagrantes da apresentação d'Os Kurandeiros com a participação de Edu Dias. Casa Amarela, de Osasco-SP, em 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Portanto, teria tudo para dar certo, ao se solidificar enquanto cena de Blues e Rock'n' Roll, em várias casas noturnas espalhadas pela Grande São Paulo.

Kim Kehl & Os Kurandeiros com Edu Dias. Casa Amarela, de Osasco-SP, em 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Nesse dia, tocamos para um público bastante entusiasmado e formado predominantemente por jovens o que não apenas me surpreendeu por inteiro, por que o Edu Dias havia me advertido sobre tal característica ali predominante, previamente.

Kim Kehl & Os Kurandeiros com Edu Dias como convidado. Casa Amarela, de Osasco-SP, em 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Ora, ora... que bom... em pleno 2014, quando achávamos que estava tudo perdido para a subcultura, ainda haviam jovens que se predispunham a saírem de suas respectivas casas para ouvirem uma banda autoral e extra mainstream a se apresentar!

Kim Kehl & Os Kurandeiros com Edu Dias como convidado. Na segunda foto, a banda a atuar sem a sua presença. Casa Amarela, de Osasco-SP, em 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Foi um show muito bom, com picos de euforia, até e que nos deixou bastante felizes e esperançosos por dias melhores na cena em geral.

Kim Kehl & Os Kurandeiros na Casa Amarela, de Osasco-SP, em 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O Edu Dias se apresentou conosco quase o tempo todo e a cantar e tocar gaita, muito bem, e claro que encorpara bastante o som d'Os Kurandeiros, portanto a fazer de sua participação, um adendo enriquecedor.

Kim Kehl & Os Kurandeiros com Edu Dias como convidado. Na segunda foto, a banda a atuar sem a sua presença. Casa Amarela, de Osasco-SP, em 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Foi o dia 26 de abril de 2014, um sábado e cerca de cinquenta pessoas estiveram presentes e ao se considerar ser um espaço pequeno, nos ficou a sensação de casa cheia.

Na primeira foto, eu (Luiz Domingues), em destaque. Na segunda foto: confraternização final: Os Kurandeiros + Edu Dias & Filhos. Os Kurandeiros na Casa Amarela de Osasco-SP. 26 de abril de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Ali mesmo na Casa Amarela, o Edu Dias nos comunicou que haveria uma nova apresentação d'Os Kurandeiros, por ele agendada, e novamente nos mesmos moldes, ou seja, com a sua participação como músico convidado, dali a poucos dias em outra casa noturna, mas, esta, localizada em um bairro de São Paulo, na divisa com Osasco, portanto, ali bem perto. Essa foi, portanto, a nossa próxima investida.
 

Na primeira foto, a banda a posar no ambiente da Casa Amarela de Osasco-SP e abaixo, o cartaz a designar o próximo show que fizemos.

Tratou-se dessa forma, de uma nova apresentação em outra casa noturna perto da cidade de Osasco-SP, e esta, localizada bem na divisa entre as duas cidades, no bairro do Jaguaré, ainda em São Paulo, e chamada: "Santa Pimenta Bar".

"Born on the Bayou", do Creedence Clearwater Revival, com Edu dias e seu filho prodígio, Ruyu Uehara Dias a tocar guitarra, conosco
 

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=CK0ydT7MJ9E 

 
Uma jam psicodélica, com o Kim a fazer um longo improviso a fazer uso do recurso do "Ebow", à guitarra
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=GU5KKeX0y9E


Novamente com a participação do gaitista, Edu Dias, a nos acompanhar, foi uma apresentação segura e bastante animada, mesmo por que, houve uma festa de aniversário em curso, proveniente de uma amiga do Carlinhos Machado, e a turma de convidados dessa moça dançou e agitou bastante, a noite toda.

Durante a execução da música "Black Cat Moan", um trecho curto com o Kim a fazer um solo, e andar em meio ao público e a tirar fotos com a aniversariante da noite
 

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=rkLil0-g9Vk

No palco do Santa Pimenta, e a contar com Edu Dias, como companhia mais uma vez, em maio de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Foi na noite do dia 9 de maio de 2014, com cerca de cem pessoas presentes. Passada essa noitada, o próximo compromisso d'Os Kurandeiros ocorreu no Melts, a simpática lanchonete no bairro da Liberdade, quase no centro de São Paulo. 
Edu Dias passou por lá para uma participação com sua gaita, vocal e sempre simpática atuação como "entertainer" e no Melts, a hospitalidade sempre como marca registrada por parte de seus funcionários e diretoria, mais uma vez se fez presente.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Melts de São Paulo em 6 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

A decoração da casa estava toda voltada para a Copa do Mundo, e não poderia ser de outra forma, a faltar poucos dias para o início da competição no Brasil, como país sede. 

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Melts de São Paulo em 6 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

E de fato, em uma cidade do porte de São Paulo, foi visível a proximidade do início do evento, mesmo por que, a capital paulista protagonizaria o primeiro jogo, e a cerimônia de abertura do mesmo.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Melts de São Paulo em 6 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

E fora perceptível também o aumento do contingente de turistas estrangeiros a circular pelas ruas da cidade, ao nos dar a impressão da presença dessa realidade ainda mais próxima de todos.

Na segunda foto, a presença do gaitista e cantor, Edu Dias. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Melts de São Paulo em 6 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

No Melts, fomos muito bem tratados por todos, como de hábito e assim tocamos na noite de 6 de junho de 2014, mas com apenas trinta pessoas na plateia, apesar da euforia pela Copa do Mundo. Porém, segundo os donos, muito por conta disso mesmo, pois as várias faculdades que ficavam no entorno desse estabelecimento, já estavam em recesso por conta do evento e daí a queda brutal do seu movimento.

No dia seguinte, Os Kurandeiros de Kim Kehl foram para o Bierboxx, de Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. 
Tivemos uma noitada excelente no Bierboxx, de Pinheiros! Kim Kehl & Os Kurandeiros no Bierboxx em 7 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Foi o dia 7 de junho de 2014 e cerca de cinquenta pessoas nos viram a tocarmos, nessa noite.

Mais flagrantes do show no Bierboxx. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Melts de São Paulo em 6 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

A próxima atividade foi generis para Os Kurandeiros. Agradabilíssima, mas inusitada, pois nos apresentamos na festa de casamento de Ciro Pessoa e Isabela Johansen.

O trio "núcleo duro" d'Os Kurandeiros havia se transformado na base do "Nu Descendo a Escada", do Ciro Pessoa, assim que o Carlinhos Machado assumira as baquetas do "Nudes". E pouco tempo depois da sua estreia com essa banda paralela que mantínhamos, no Sesc Piracicaba (obviamente comentada com detalhes no capítulo desse grupo), nós recebemos o convite para prestigiar o casamento de Ciro Pessoa e Isabela Johansen, a ser realizado em junho.

Claro que aceitamos de pronto a honraria de podermos prestigiar a cerimônia e festa, mas logo surgiu uma ideia ainda melhor, quando se aventou a possibilidade de tocarmos na festa, a animá-la. 

Seria uma apresentação d'Os Kurandeiros, nos moldes das apresentações normais que fazíamos pelas casas noturnas, sendo apenas mais leve em sua elaboração de repertório e com outra providencia importante, a se caracterizar no aspecto da amenização sonora ao optarmos pelo não uso de guitarra e bateria.

Kim no violão, Carlinhos no "cajon" e eu, Luiz, no baixo sob baixíssima amplificação no meu caso. Kim Kehl & Os Kurandeiros na festa de casamento de Ciro Pessoa & Isabela Johansen na Chácara Santa Cecília em 26 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

A ideia seria o Kim conduzir a execução ao violão, Carlinhos a pilotar o "Cajon", um instrumento extremamente simples de percussão, que simula a batida básica de bumbo e caixa de bateria, ainda que rudimentar e sem pressão sonora igual a de uma bateria tradicional, e somente eu (Luiz) amplificado, a tocar baixo, normalmente, mas com a ressalva de que seria sob um volume muito aquém do normal, para que eu pudesse me mixar e adequar aos demais.

O brinde dos noivos! Kim Kehl & Os Kurandeiros na festa de casamento de Ciro Pessoa & Isabela Johansen na Chácara Santa Cecília em 26 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Em relação ao repertório, como eu já salientei, o Kim elaborou uma lista permeada por baladas para predominar, além de blues rústicos, de raiz.

Kim Kehl & Os Kurandeiros na festa de casamento de Ciro Pessoa & Isabela Johansen na Chácara Santa Cecília em 26 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
E lá fomos para um surpreendente espaço, localizado no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, onde participamos com prazer da festa, restrita aos familiares e poucos amigos, muito próximos do casal.  
Os Kurandeiros/"Nudes", no casamento de Ciro & Isabela, componentes da segunda banda citada.

Eu poderia detalhar mais esse evento no capítulo do Ciro & Nudes da minha autobiografia, obviamente, mas com o caráter que adquiriu, foi natural que eu tenha optado por computá-lo como uma apresentação d'Os Kurandeiros, e daí estar a mencioná-lo, aqui.

A celebrar os noivos, mas também a se configurar como uma foto da formação do "Nudes". Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, Kim Kehl, Ciro Pessoa, Isabela Johansen e eu, Luiz Domingues. Kim Kehl & Os Kurandeiros na festa de casamento de Ciro Pessoa & Isabela Johansen na Chácara Santa Cecília em 26 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Ocorreu no dia 26 de junho de 2014, em uma casa de eventos muito grande e com decoração deveras surpreendente, ao se assemelhar a um ambiente exótico de um país asiático, e a ser chamada como: "Chácara Santa Cecília". 

Kim Kehl & Os Kurandeiros na festa de casamento de Ciro Pessoa & Isabela Johansen na Chácara Santa Cecília em 26 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Mas apesar do nome e das instalações que eram enormes e realmente remetiam a uma chácara de forma tão silvestre como fora decorada, na verdade estava encravada sob um ambiente urbano, em pleno bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo.

A atriz, Grace Gianoukas (entre Isabela e Ciro), esteve a prestigiar o evento. Amiga do Ciro e do Kim (neste caso, ainda mais de longa data). Lara Pap, esposa do Kim, também está na foto. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: desconhecido

Cerca de trinta pessoas, familiares e amigos dos noivos foram embaladas pelo som que fizemos e só houve um registro desagradável. 

Kim Kehl & Os Kurandeiros na festa de casamento de Ciro Pessoa & Isabela Johansen na Chácara Santa Cecília em 26 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Em um determinado momento da festa, um senhor completamente mal-educado e despreparado para a gerência de uma casa desse porte, nos abordou com extrema rudeza, ao alegar que o volume com o qual tocávamos estava "altíssimo" e que exigia que parássemos, imediatamente. 

Além das palavras rudes, a abordagem inicial fora extremamente deselegante, com o energúmeno a cutucar, literalmente, as costas do Carlinhos Machado, ao ter utilizando para tal, um objeto pontiagudo que encontrara para deliberadamente cometer tal indelicadeza sem nenhum pudor.

Isso por si só, foi de uma deselegância atroz, para nos causar espécie, justamente por tal comportamento agressivo ter sido protagonizado por um suposto gerente. Um sujeito desqualificado como esse, não serviria nem para uma tarefa subalterna, quanto mais exercer uma posição de comando. 

Em contraponto, um dos garçons, portanto "inferior" na hierarquia da casa, e em relação a essa besta mencionada acima, foi extremamente simpático e solícito para conosco, desde o período da tarde, quando chegamos para arrumar o som, no espaço da casa em que tocaríamos. Excepcionalmente educado, ele nos ajudou o tempo todo e nos cativou pela sua simpatia e companheirismo, solidário.

A engatinhar perto de nós, a presença da doce, Antonia Pessoa, filha de Ciro & Isabela, e que não apenas prestigiou o casamento de seus pais, como apreciou a nossa trilha sonora ao vivo! Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click : Lara Pap

E convenhamos, se estivéssemos a tocar com a nossa formação, como um Power-Trio normal, no formato Rock, teria sido plausível que reclamassem do excesso sonoro, mas com um violão amplificado levemente, sem uso de "drive", "Cajon" no lugar de uma bateria e um baixo plugado em um amplificador dotado com apenas 35 Watts de potência, e a ser usado no volume "três" (em uma escala de um a dez), que barulho "ensurdecedor" poderíamos estar a provocar que tanto o perturbou? 

Bem, o importante foi que a festa se mostrou bonita e esse aborrecimento ocorreu ao final do evento, pois no cômputo geral, foi muito prazeroso tocar na cerimônia do enlace matrimonial do casal amigo e colega do "Nudes", a nossa outra banda gêmea d'Os Kurandeiros.

Kim Kehl & Os Kurandeiros na festa de casamento de Ciro Pessoa & Isabela Johansen na Chácara Santa Cecília em 26 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Kim Kehl & Os Kurandeiros no "Melts" do bairro da Liberdade em São Paulo. 11 de julho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Após uma apresentação super prazerosa, quando tocamos na festa de casamento de Ciro Pessoa e Isabela Johansen, Os Kurandeiros voltaram a se apresentar em 11 de julho de 2014, no Melts, a surpreendente hamburgueria, onde todos os funcionários se portavam super simpáticos e o público apreciava a performance, apesar de não ser uma casa de shows, propriamente dita. 

Estávamos na antevéspera da final da Copa do Mundo, mas os ânimos já estavam super melancólicos pela "knock out" histórico que o time do Brasil levara da equipe da Alemanha, portanto, ainda haviam bandeirinhas dos países participantes da competição, como decoração da casa, mas nenhuma manifestação mais acalorada por parte das pessoas em relação ao futebol.

"Só Alegria", na apresentação do Melts em 11 de julho de 2014, com Edu Dias como convidado, na gaita.  
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=wt9zdYW_GaA

E acho que por ter sido um período marcado pelas férias escolares e aquele estabelecimento contar com o seu movimento mais forte justamente por atrair universitários que estudavam em várias instituições pelas redondezas, desta feita esteve com um contingente mais ameno e atípico, nessa noite.

Com a participação de Edu Dias, mais uma vez. Kim Kehl & Os Kurandeiros na festa de casamento de Ciro Pessoa & Isabela Johansen na Chácara Santa Cecília em 26 de junho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Mais uma vez o gaitista/cantor e entertainer, Edu Dias, apareceu para efetuar uma participação. 

Depois disso, Os Kurandeiros foram para o Bierboxx, da Vila Madalena, mais uma vez. Nessa ocasião, foi uma noitada super animada e muitos amigos apareceram para participarem da apresentação conosco, casos do casal Ciro & Isabela, além de Binho e Fernando Ceah, da banda, "Vento Motivo", e mais uma vez Edu Dias, com a sua habitual extroversão, como um entertainer a la cassino de Las Vegas.

 

Nas fotos, flagrantes do show e da confraternização entre amigos. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Bierboxx de São Paulo em 19 julho de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Com mais de cinquenta pessoas a nos assistirem, aconteceu no dia 19 de julho de 2014, e foi bastante prazeroso, com picos de euforia até, pelo que eu me recordo.

Com o meu amigo e ex-companheiro d'A Chave do Sol, Rubens Gióia, no Santa Sede Rock Bar, a nos prestigiar. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 8 de agosto de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Kim Kehl

Flagrante da apresentação. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. 8 de agosto de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Kim Kehl

Na próxima parada, voltamos ao Santa Sede Rock Bar, a simpática casa da zona norte de São Paulo, local onde o sonho definitivamente nunca acabara, com aquela atmosfera hippie, impregnada pelas paredes.

Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar. 8 de agosto de 2014. Click, acervo e cortesia de Vanessa Anchieta

Foi mais uma boa apresentação, não com muito público, cerca de cinquenta pessoas, mas animados como sempre. Aconteceu no dia 8 de agosto de 2014.
Kim Kehl & Os Kurandeiros, novamente no Gambalaia, o simpático mini centro cultural de Santo André-SP. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Centro Cultural Gambalaia de São Paulo/SP em 15 de agosto de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Ainda em agosto, voltamos ao palco simpático do aconchegante Centro Cultural Gambalaia, em Santo André-SP, cidade do ABC. A se revelar sempre como um prazer tocar em um espaço tão bonito e com o nobre propósito de estarmos em uma casa de cultura multiuso, o Gambalaia sempre nos recebia muito bem, através de seu produtor & proprietário, Alex Humberto.

Enquanto Kim Kehl afinava. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Centro Cultural Gambalaia de São Paulo/SP em 15 de agosto de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

Desta feita, inovamos e além de termos o reforço sempre bem-vindo do tecladista superb, Nelson Ferraresso, tivemos dois convidados especiais: os guitarristas oriundos da cidade de Santo André-SP: Marcos Mamuth e Caio Rossi, este, guitarrista da banda, "O Livro Ata". 

Além disso, o vocalista, Fernando Ceah, que comparecera para nos prestigiar apenas, culminou em participar mediante uma performance blues para o sucesso de Benito Di Paula: "Retalhos de Cetim". 

No palco, com os convidados, Caio Rossi e Marcos Mamuth. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Centro Cultural Gambalaia de São Paulo/SP em 15 de agosto de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Veja abaixo: "Rabo de Saia" com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Marcos Mamuth + Caio Rossi. Gambalaia de Santo André-SP 

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=DkL_UYARuYo  
 
"Meu Mundo Caiu", com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Marcos Mamuth. Gambalaia de Santo André-SP 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=pBmH-TWUa-0
 
"Problemas" com Kim Kehl & Os Kurandeiros + Marcos Mamuth + Caio Rossi. Gambalaia de Santo André-SP
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=i1dhukOPJqs
 
"Sleepwalk", com Kim Kehl & Os Kurandeiros no Gambalaia de Santo André-SP
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=lhVTaIxgNGA  

"Retalhos de Cetim", sob uma exótica versão "Blues" para o Samba-Canção de Benito Di Paula, com a interpretação vocal de Fernando Ceah, vocalista da banda, "Vento Motivo". Detalhe engraçado no vídeo, o Kim fica a me fornecer orientações sobre a harmonia da música, o tempo todo, visto que eu não a dominava, apesar de conhecer a canção por memória afetiva. 
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=lFZfFrh5G6g

Foi muito bom ter tido a presença deles, ao conferir ao show, um brilho especial.

Kim Kehl & Os Kurandeiros, no Diminuta Bar, do bairro do Ipiranga, em São Paulo. Agosto de 2014. Click, acervo e cortesia de Cali Keller Rodrigues

Para fechar o mês de agosto, tocamos em uma casa diferente, localizada no bairro do Ipiranga, na zona sudeste de São Paulo, chamada: "Diminuta Bar". 

O curioso dessa casa, foi o palco planejado para ser uma vitrine, e nesse sentido a banda tocava virada para dentro, direcionada ao público do interior do estabelecimento, porém, as pessoas na rua nos viam a tocar de costas, portanto a chamar a atenção de pedestres e também dos carros que trafegavam por ali. 

Apesar dessa exótica característica, foi prazeroso tocar e particularmente eu gostei da acústica da casa, que por conta de colocar a banda sob uma posição encravada entre o salão e a vidraça da vitrine, pareceu produzir um efeito semelhante ao de uma concha acústica, portanto ao deixar o som mais grave, principalmente o da bateria. 

Chegou a ser engraçado ouvir o som do bumbo, com um tipo de sonoridade que lembrava o de um bumbo microfonado através de um sistema de PA, mas na verdade, não houve tratamento sonoro algum para alimentar o som da bateria no equipamento, mas tão somente o seu som a soar "in natura". 

A se registrar a surpresa da chegada de meu ex-aluno, Carlos Keller Rodrigues, o popular "Cali", com a sua esposa e sua irmã, Claudia Keller (esta acompanhada de seu marido e filho). 

Foi muito bom rever os irmãos Cali e Claudia Keller, que eu conhecia desde os anos noventa. Moradores do bairro, eles haviam se motivado a nos assistir, por terem visto anúncios da apresentação em redes sociais da internet e foi muito boa tal iniciativa de ambos e de seus acompanhantes. 

Assim encerramos os meses de julho e agosto de 2014, com noites bem animadas e presenças queridas de amigos a interagirem conosco, como estas últimas pessoas que eu relatei.

No Bierboxx de São Paulo, com os queridos amigos e músicos superbs: Renata "Tata" Martinelli e Marcião Gonçalves. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Bierboxx do bairro de Pinheiros em São Paulo. 19 de setembro de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap  

O nosso próximo compromisso, aconteceu somente na metade de setembro. De volta ao Bierboxx, a simpática casa da Vila Madalena, onde mais uma vez reproduzimos o nosso repertório mesclado e com direito a participações de amigos queridos, no caso, Renata "Tata" Martinelli, Marcião Gonçalves e Fernando Ceah. 

Aconteceu no dia 19 de setembro de 2014, com mais de cinquenta pessoas presentes na casa e um princípio de euforia generalizado, para desespero do gerente, que era super gentil e apreciava o nosso som (um rapaz chamado: Rodrigo Polacow), mas ele sofria constantemente uma pressão enorme da vizinhança, com ameaças do "Psiu", o órgão da Prefeitura de São Paulo que controla o nível de ruído nas casas noturnas etc.

No dia seguinte, voltamos à Casa Amarela, de Osasco-SP, onde mais uma vez empreendemos um show sob muita energia. Definitivamente, estávamos adaptados a tocar nessa simpática casa, cujo público jovem em sua maioria surpreendia, por se considerar estarmos em pleno 2014, na ocasião e neste caso, a Casa Amarela mantinha uma aura hippie velada, muito interessante. 

Edu Dias e o guitarrista e cantor, Cris Stuani fizeram participações especiais e foi tudo muito agradável. Noite de 20 de setembro de 2014, com cerca de cinquenta pessoas na plateia.

Em outubro, voltamos ao Bierboxx e desta vez, não tivemos convidados especiais sob surpresa. Foi uma noite boa, em 10 de outubro de 2014.

Ainda em outubro, voltamos ao Santa Sede Rock Bar, da zona norte de São Paulo. Se a Casa Amarela de Osasco-SP, se mostrava um estabelecimento veladamente hippie, o Santa Sede era abertamente uma casa versada pela mentalidade "Woodstockeana". 

Com liberdade para tocarmos com volúpia e pelo contrário, quanto mais Rock melhor, ali, a única restrição sonora foi o compromisso em não passarmos da meia noite, visto que os proprietários mantinham acordo com a vizinhança, principalmente as residências na rua de trás, para que nenhum artista passasse desse horário em suas respectivas apresentações. 

Sempre bem tratados ao extremo, tocar ali foi um prazer costumeiro. Noite quente de 17 de outubro de 2014 e no dia seguinte, tivemos agendada uma apresentação no extremo da zona oeste de São Paulo, a participarmos de um festival de Blues, organizado pelo gaitista/cantor e "entrepreneur", Edu Dias.

Edu Dias houvera nos convidado a participarmos de um festival de blues que estava por organizar. Aceitamos de pronto, pois seria realizado em um teatro do "CEU" (Centro Educacional Unificado), e para quem não conhece a cidade de São Paulo, eu explico resumidamente se tratarem de escolas com infraestrutura semelhantes às High Schools norte-americanas, e construídas em diversos bairros da periferia dos quatro cantos da cidade, exatamente para prover uma educação com um grau de maior qualidade às camadas mais humildes da população.

           Uma parte das instalações do Ceu Jaguaré. Fonte: Internet

O princípio se mostrou nobre e louvável, portanto, todavia o resultado prático, se mostrava bastante questionável e por uma série de fatores que acho que não cabe aqui explicar, pois desvia o foco desta narrativa. 

No entanto, apenas para entender o contexto, digo que toda unidade do "CEU", tinha (tem) quadras poliesportivas, biblioteca, e um belo teatro, que por norma governamental, é aberto para que sejam promovidas atividades artísticas extracurriculares, de forma a suprir a carência por arte e cultura nos bairros humildes. 

Portanto, claro que eu achei positivo participar do festival, que teria o mote do Blues, a bandeira que Edu Dias desfraldava em suas produções, costumeiramente. Além de nós, Os Kurandeiros de Kim Kehl, tocariam também a "Confraria Fusa", uma outra banda em que o nosso baterista, Carlinhos Machado foi componente: "Marcião Pignatari & Os Takeus", "Michael Navarro Blues Band", "Big Chico" e "Murajazz".

Uma panorâmica do teatro do CEU Jaguaré, mas a usar de uma foto apenas ilustrativa, e não exatamente sobre o dia desse show, que descrevo. Fonte: Internet

Com ingressos gratuitos ao público, não haveria cachê para os artistas, contudo, de minha parte e acho que de ninguém, houve reclamação ou indignação por ser supostamente um "show de investimento de carreira", fator que o Edu jamais falaria para ninguém, por ser um produtor que também era (é) músico, portanto, conhece bem a falácia em que esse tipo de colocação, se reveste.

                        Mais uma vista do CEU Jaguaré. Fonte: Internet          

Ao contrário, todos os convidados tocaram com prazer, pois prover arte e cultura para um público carente em oportunidades, a se promover a inclusão social, haveria de ser prazeroso para qualquer artista. 

Edu fez a sua parte ao alugar um equipamento PA adequado, ao garantir o áudio com qualidade e a iluminação seria a do teatro, simples, mas adequada ao espaço. Ele fez a sua divulgação no bairro do Jaguaré, aonde tocaríamos na unidade do "CEU" local e todos os artistas auxiliaram dentro de seus esquemas pessoais de divulgação.

Mais uma foto das instalações do Céu Jaguaré. Fonte: Internet

Na minha santa ingenuidade, achei que um festival com tantas atrações sob caráter gratuito, a ser realizado em um sábado no período da tarde, atrairia um grande público de pessoas moradoras do bairro e mesmo sem nenhuma ilusão sobre as pessoas conhecerem qualquer uma das atrações em voga, pois ninguém ali era artista midiático, entretanto, eu esperava um grande público, ainda que absolutamente formado por curiosos, apenas. 

Cheguei ao CEU Jaguaré antes dos demais companheiros e fazia um calor de rachar. Assim que entrei na enorme instalação e eu nunca houvera visitado uma escola dessa rede CEU, fiquei impressionado. 

De fato, era grandiosa e mesmo ao não ostentar luxo no seu acabamento, as instalações lembravam as High Schools norte-americanas e claro que fiquei contente por ver esse padrão de conforto a chegar para as crianças e adolescentes carentes de bairros simples da periferia e por extensão, a atender a comunidade do bairro, ao se prover a instalação como um autêntico centro sociocultural e esportivo para abrigar arte, cultura e lazer gratuito à população local.

Mais fotos dos equipamentos oferecidos pelo Ceu Jaguaré aos moradores do bairro homônimo. Fonte: Internet 

Naquele calor que fez no dia, as piscinas estavam lotadas e as quadras poliesportivas, também e daí, ao caminhar até o espaço do teatro, foi inevitável não imaginar que haveria de conter um público ótimo, também. 

Assim que adentrei o teatro, avistei músicos conhecidos meus das bandas que apresentar-se-iam, a aguardarem a vez para realizar o soundcheck. Um comunicador de um programa de Internet (Jesse Navarro), me abordou ali mesmo na entrada do teatro e realizou uma rápida entrevista filmada. Pareceu-me que seria uma tarde & noite bastante produtiva.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Hoje Tem Blues!". Teatro do Céu Jaguaré de São Paulo em 18 de outubro de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
Teríamos a presença sempre bem-vinda e enriquecedora do ótimo tecladista, Nelson Ferraresso, que logo que chegou ao local, passou a conversar comigo, animadamente, enquanto víamos outros artistas no palco a realizarem o soundcheck. 
 
Mas o procedimento atrasou, como costumeiramente acontece em festivais e/ou shows compartilhados e quando estava para chegar a nossa vez para passarmos o som, não houve mais tempo hábil para tal. Na base da falaciosa máxima a dar conta de que: "vamos em frente a tocar que o técnico fará ajustes no decorrer dos shows", a primeira atração, se apresentou. 
 
Tratou-se de um combo sob orientação jazzistica, que executou um repertório sensacional de releituras de jazz & blues, com muita técnica, mas com bastante balanço, sem cair em virtuosismos dispersivos, o que geralmente ocorre com músicos desse tipo de orientação. 
 
Gostei bastante da apresentação do "Murajazz", um combo formado por músicos de alto gabarito técnico e extremo bom gosto nas releituras que executaram. 
 
Assisti da perspectiva da plateia, a seguir, a apresentação da "Confraria Fusa", outra banda na qual o amigo, Carlinhos Machado, também atuava e apreciei também tal apresentação. 
 
Pouco a ver com o mote do "blues", no entanto, a Confraria Fusa se dedicava ao trabalho autoral, na linha do Soft-Rock, bastante agradável. Boa banda, com músicos muito bons e um trabalho autoral bastante honesto a se realçarem os arranjos bem elaborados das canções e as letras bastante poéticas escritas por Paulo Sá. 
 
Nessa altura, a tarde já caía e eu notei com bastante decepção que o fraco público que estava alojado nas dependências do teatro, não daria mostras de que melhoraria.
 
Entrou o "Michael Navarro Blues Band" e o nível artístico no palco se manteve ótimo, mas o público se revelara decepcionante. Nesse ínterim, eu fui examinar a parte externa e notei a unidade lotada, com pessoas a utilizarem as quadras poliesportivas a nadarem nas piscinas e a a movimentação na rua também se apresentava intensa, com pessoas envoltas em churrasquinhos e batucadas através da ambientação de botequins de quinta categoria. 
 
Foi quando a minha percepção da realidade se aguçou e eu me convenci que construir unidades de educação, arte, cultura & lazer, em bairros periféricos é muito nobre enquanto iniciativa, mas a contrapartida é duvidosa, no sentido de não haver uma real predisposição da parte das pessoas para aproveitarem melhor a parte cultural de tais equipamentos construídos pelo poder público. 
 
Alguém lá no show e já nem lembro quem foi exatamente, para eu citar aqui o seu nome, me falou algo absurdo, mas que serviu como analogia: -"se fosse show de funk, estaria lotado"... foi uma verdade, eu tive que concordar. E nesse sentido, se abre inevitavelmente a discussão sobre o que é arte e o que não é, percepções espelhadas sobre o valor da arte etc. Não é caso, portanto, que eu promova um desvio de assunto. 
 
A banda do comunicativo e sempre brincalhão, Márcio Pignatari entrou a seguir e além dele ser um grande guitarrista de Blues, a sua banda era (é) sensacional. Com um balanço incrível, parecia que eu estava a assistir um show do Freddie King, nos anos sessenta, com o perdão pelo exagero do meu entusiasmo. 
 
Assisti da coxia, pois a próxima atração seria a nossa banda: Os Kurandeiros, e já estávamos ali agrupados, a aguardarmos a nossa vez de subirmos ao palco.
Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Hoje Tem Blues!". Teatro do Céu Jaguaré de São Paulo em 18 de outubro de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Quando entramos ao palco e eu olhei para a plateia, vi com tristeza não havia melhorado em nada o quórum ali presente e ouso dizer que o grosso do pessoal que ali estava sentado, foram músicos e convidados dos músicos que se apresentaram, anteriormente.

 "Sou Duro" no Ceu Jaguaré em 18 de outubro de 2014, com Edu Dias a apresentar a banda
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=LwgncLxDdZo

Foi absolutamente salutar a postura deles em respeitarem os colegas, ao assistirem em forma de prestígio e consideração, uns aos outros
mas ao pensar no público comum, que fora o objeto motivacional pela existência do festival em si, foi muito decepcionante verificar que a comunidade do bairro não valorizou o esforço do poder público em lhe prover a possibilidade de absorver arte e cultura em caráter gratuito.
 
"A Galera quer Rock" no Ceu Jaguaré em 18 de outubro de 2014  
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=aVAs3Ul-Gq0  

"Pro Raul" no Ceu Jaguaré em 18 de outubro de 2014  
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=6JrhIOpmqK4

Portanto, essa perspectiva provém muita discussão, a motivar uma reflexão profunda sobre cultura, educação e expectativas, versus difusão equivocada de anticultura de massa, subcultura etc. Eu já abordei tal tema em algumas matérias minhas publicadas em muitos blogs e penso em fazer novas investidas sobre tal assunto, futuramente, pois trata-se de uma realidade multifacetada e que por conseguinte, dá margem a muitas observações análogas. 


"Problemas" no Ceu Jaguaré em 18 de outubro de 2014
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=0dczR-lD3DE 
 
"Maria Maluca" no Ceu Jaguaré em 18 de outubro de 2014, com Michael Navarro à gaita, como convidado especial

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=DszULc98big

Entretanto, o que cabe acrescentar neste relato é que eu fiquei bastante chateado, pois o teatro se mostrou bem arrumado, o som e a iluminação estiveram em boas condições. 

O Edu Dias se esmerou para fazer tudo funcionar a contento sob a sua produção e os artistas eram ótimos, ao oferecer o seu melhor no palco e sem cobrar cachê. 

O nosso show foi muito bom, com o som bem equalizado no palco. Demos o recado com a irreverência sempre simpática do Kim Kehl, e o público respondeu com bom humor, ainda que a pouca plateia ali presente fosse formada pelos músicos das bandas que participaram do festival, seus convidados e as respectivas equipes técnicas pessoais de cada grupo. Michael Navarro fez uma participação especial em nosso show, com a sua gaita muito afiada.

  "Make it Funky Blues" com Os Kurandeiros + Marcião Pignatari a acompanharmos o Big Chico, no Ceu Jaguaré em 18 de outubro de 2014  

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=C7hsJYaUpcc

A última atração da noite seria o bluesman, Big Chico. Desde alguns dias anteriores à realização do festival, já sabíamos que Os Kurandeiros estavam convidados para acompanhá-lo, pois este chegaria ao show sozinho, sem músicos de apoio. 

Em outra época, eu ficaria preocupado em fazer um show sem ensaios e nenhum conhecimento prévio que fosse, do repertório que um artista estranho tencionava apresentar. Mas nessa altura, com três anos acostumado a tocar com Os Kurandeiros, já não me surpreendia com o total improviso que é marca registrada no mundo do Blues e mesmo ao errar esporadicamente, no grosso, não precisaria nem falar o tom da música a ser tocada, pois a dinâmica para todos ali envolvidos, seria por sairmos a tocar na base do improviso e a intuir as referências sobre a harmonia, ritmo e pulsação de cada canção, exatamente "com o carro em movimento"...

Sobre essa apresentação a acompanhar o Big Chico, eu tratei como um trabalho avulso e não como uma apresentação regular d'Os Kurandeiros, em si. Portanto, já escrevi sobre tal evento, no capítulo dos "Trabalhos Avulsos".

Para saber especificamente dessa história, consulte portanto o capítulo já publicado no meu Blog 2:

http://blogdoluizdomingues2.blogspot.com.br/2015/05/autobiografia-na-musica-trabalhos_22.html

E também já publicado no meu Blog 3:

http://luizdomingues3.blogspot.com.br/2015/03/trabalhos-avulsos-periodo-2014-capitulo.html


Para encerrar, foi muito bom ter participado do Festival "Hoje tem Blues", ao termos nos apresentado no teatro do Ceu Jaguaré, no extremo da zona oeste de São Paulo, na divisa com o município de Osasco-SP. 

Foi no dia 18 de outubro de 2014, com trinta e cinco pessoas na plateia, apenas, uma grande pena, mas o Brasil de 2014, estava assim... tudo dominado propositalmente pela subcultura de massa e logo percebi, que a anticultura era uma ferramenta que estava por trás dessa condição, ao torná-la, intrínseca. Que seguíssemos em frente, coube continuarmos a tocar, sempre e sempre, até que fôssemos vencidos pela inanição cultural ou pela morte física inexorável...

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Festival "Hoje Tem Blues!". Teatro do Céu Jaguaré de São Paulo em 18 de outubro de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Após o festival "Hoje Tem Blues", engatamos uma série de compromissos no circuito de casas noturnas, novamente. O próximo deles ocorreu no Melts, a simpática lanchonete onde do proprietário, ao mais humilde funcionário, todos eram simpáticos e prestativos para conosco. 

Desta feita, o nosso baterista Carlinhos Machado não pode participar, e mais uma vez o baterista, Binho "Batera", da banda: "Vento Motivo", veio nos socorrer. Aconteceu no dia 24 de outubro de 2014, com mais de cinquenta pessoas a nos assistir e também a devorar aqueles sanduíches gigantescos que desafiavam a amplitude da mandíbula humana, por serem talvez mais adequados para os jacarés, digamos assim...

Depois disso, voltamos ao Bierboxx, onde o gerente gostava muito de nós, tanto que é nosso amigo até os dias atuais (Rodrigo Polacow), mas estávamos sempre a ter um problema ali, visto que a euforia era inevitável no decorrer da apresentação, mas a casa vivia a receber uma pressão forte da parte da sua vizinhança.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Bierboxx de São Paulo, 1º de novembro de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Começávamos sempre as apresentações de uma forma comedida e focados nessa preocupação de não assustarmos a plateia com volúpia Rocker logo no começo, mas à medida que o set list avançava e as pessoas se envolviam com a banda, a aplaudirem, dançarem e gritarem, a euforia se generalizava e daí ficava difícil segurar o volume. 

No Bierboxx, Carlinhos Machado esteve conosco novamente e tal aparição aconteceu na noite de 1º de novembro de 2014.

Ainda em novembro, voltamos ao recanto hippie da zona norte de São Paulo, o simpático: Santa Sede Rock Bar. Feriado esvaziado, no entanto, tivemos um público muito fraco nessa noite de 15 de novembro de 2014. 

Um fato engraçado em relação a esse show se deu com um pedido da direção da casa para que inseríssemos o nome de um habitue do estabelecimento, que comemoraria o seu natalício na mesma noite do nosso show e sob a alegação de que tal aniversariante, além de ficar honrado com tal citação, prometia atrair uma quantidade de convidados, enorme para nos assistir.

De volta ao Santa Sede! Flagrantes da banda em panorâmica na primeira foto e as demais subsquentes a destacarem a minha presença (Luiz Domingues). Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. Clicks, acervo e cortesia: Leandro Almeida

Colocamos o nome do rapaz no cartaz e isso foi um erro duplo, pois além do caráter prosaico dessa resolução, ficou ainda pior, diante do que ocorreu posteriormente!

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. Clicks, acervo e cortesia: Leandro Almeida

O fato bizarro se deu na constatação de que nem o rapaz, tampouco nenhum convidado sequer de sua suposta festa, apareceram!

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado Rubens Gióia, eu (Luiz Domingues), o fotógrafo Leandro Almeida, Kim Kehl e Cleber Lessa, um dos proprietários do Santa Sede Rock Bar. Acervo e cortesia de Leandro Almeida. Click: Fernando Camacho

Os proprietários da casa ficaram muito chateados com o ocorrido, visto terem encomendado um bolo para o sujeito, e na verdade, quem "tomou o bolo" foram eles (e nós também)...

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, o fotógrafo, Leandro Almeida e eu (Luiz Domingues). Acervo e cortesia de Leandro Almeida. Click: Cleber Lessa

Entre tantas piadas que esse fato gerou entre nós, uma se revelou com um fundo de verdade, pois a impressão que tivemos, fora que todos os convidados foram avisados previamente a não comparecerem, ao denotar o fator da premeditação. 

Mas para efeito de pilhéria, gostamos mais de elucubrarmos que o aniversariante e seus convidados foram abduzidos por alienígenas e somente os agentes "Mulder & Scully" poderiam desvendar o caso. De fato, "a verdade estava lá fora", pois dentro, ninguém apareceu! 

E no dia 29 de novembro, fizemos mais uma visita à Casa Amarela, de Osasco-SP, mediante uma noitada boa, muito animada pelo surpreendente público jovem que a frequentava regularmente, mesmo ao ser tal casa, focada em Blues e Rock retrô. Com bastante euforia, a noite quente de verão se intensificou com o Kim Kehl a interagir bastante com o público, que respondeu de pronto às suas brincadeiras.
De volta ao Melts, em dezembro, tivemos uma noite ainda mais quente do que a anterior, ali vivida em novembro. Primeiro pelo fator do verão, que estava tórrido, mas igualmente pelo público, que nos surpreendeu. Estávamos acostumados a contarmos com uma boa receptividade ali, mas desta feita, houve uma euforia além da conta a ocorrer, para transformar o Melts, em um templo de show de Rock.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Melts do bairro da Liberdade em São Paulo.  12 de dezembro de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Houveram pedidos para tocarmos músicas que chegaram até nós, da parte de uma mesa que comemorava o aniversário de um rapaz e este em questão era um apreciador de Rock vintage. Ao atendermos o pedido para tocarmos de improviso uma música do "Deep Purple", a euforia foi instaurada e daí tivemos que deixar de lado o repertório mais comedido entre os Blues & baladas e o Melts se metamorfoseou então em um teatro, a abrigar um Concerto de Rock. 

Noite de 12 de dezembro de 2014, com muita gritaria e os funcionários, todos jovens e antenados no som vintage, a vibrarem com os Rocks sessenta-setentistas que fomos a executarmos ali e até o som do "Black Sabbath" compareceu no saguão do Melts, com gritinhos de euforia a ocorrerem à nossa volta. Em suma, foi muito surpreendente.

No dia seguinte, 13 de dezembro de 2014, voltamos ao Bierboxx e a novidade foi a presença da cantora, Elizabeth "Tibet" Queiroz, veterana cantora do Rock brasileiro, com participação no "Made in Brazil", ao final dos anos setenta, com discos lançados em carreira solo e a partir dos anos noventa, ao dar uma guinada na sua carreira, ela mergulhara no mundo do Heavy-Metal, ao liderar a banda "Ajna". 

Tibet estava afastada da carreira artística já fazia algum tempo, quando se formara como psicóloga e abriu o seu consultório, mas a partir dessa sua visita ao show d'Os Kurandeiros, no Bierboxx, ela vibrou tanto com a participação especial que teve conosco, em total improviso (cantou a canção: "Gimme Shelter", dos "Rolling Stones", conosco), que dali em diante começou a articular a sua volta aos palcos e ao reformular o seu grupo, o Ajna, enfim voltou com tudo a partir de 2015 e desde então vem a se apresentar regularmente, fora ter igualmente se colocado no métier, como uma ativista cultural, a empreender ações na internet, através de páginas, comunidades e grupos em redes sociais, a fomentar a cena, principalmente no campo do Heavy-Metal. E assim encerrou-se o ano de 2014.

Para Os Kurandeiros e a sua proposta baseada na simplicidade absoluta, fora um bom ano, com a agenda cheia e a dividir com as suas identidades paralelas (Magnólia Blues Band e o Nudes de Ciro Pessoa), além das atividades secretas d'Os "Koveiros"(essa misteriosa banda camuflada tem um capítulo no tópico dos "trabalhos Avulsos)  e uma apresentação de Edy Star, onde eu e Kim estivemos juntos (histórias das apresentações do "Koveiros" e do Edy Star, estão publicadas nos capítulos dos "Trabalhos Avulsos"). 

Já tínhamos shows marcados para 2015 e isso nos animara a acreditarmos que o ano novo seria bom. 

No âmbito pessoal, entretanto, eu já sentia alguns sintomas desagradáveis, porém nem sonhava com a doença grave que já se manifestava significativamente em meu organismo, mas que só explodiria de fato em 2015. 

Portanto, o meu mal-estar nesse final de ano, ainda fora marcado sob pequena monta, então não me atrapalhara em demasia e não subtraiu de forma alguma, o entusiasmo que acumulara para acreditar que o ano de 2015 seria bom para Os Kurandeiros.

Continua...

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