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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 2 - A Tenacidade do Kurandeiro-Mor e a Minha Adaptação Total - Por Luiz Domingues

 
Entramos enfim no ano de 2013, que marcaria a recuperação do Kurandeiro-Mor, e a lenta retomada do embalo perdido pela banda, por conta das dificuldades de saúde que ele enfrentara no ano anterior. Animado e 100% imbuído de vontade para tocar, o Kim convocou Os Kurandeiros para a realização de três shows em janeiro, no Magnólia Villa Bar.

A tocarmos com a perspectiva de Ciro Pessoa e Isabela Johansen na primeira mesa, a nos assistirem. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. 9 de janeiro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Tais apresentações ocorreram nos dias 9, 16 e 23 de janeiro de 2013, ao atrair um público bem razoável para o padrão da casa, às quartas. Foram noites quentes de verão, e também de Blues e Rock'n' Roll. 

Nos três dias, a formação d'Os Kurandeiros foi a mesma, com o Kim Kehl na guitarra, Carlinhos Machado na bateria, Phill Rendeiro na guitarra e Nelson Ferraresso, aos teclados.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. 9 de janeiro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

No dia 9 de janeiro de 2013, Ciro Pessoa & Isabela Johansen estiveram presentes e marcaram participação especial, conosco. 

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. 6 de fevereiro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Em fevereiro, três dias antes do carnaval, voltamos ao palco do Magnólia Villa Bar. E mais uma vez com a formação demarcada como quinteto, a conter a participação de Phill Rendeiro e Nelson Ferraresso, ao enriquecer a nossa apresentação. Não tivemos um bom público, mas gostamos de tocar durante a noite quente de verão. Isso ocorreu no dia 6 de fevereiro de 2013.

Eis o Link para assistir no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=_f57PgGi8vg

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. 6 de março de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

As próximas apresentações ocorreram novamente no Magnólia Villa Bar.

 
Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. 6 de março de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

No dia 6 de março de 2013, Os Kurandeiros tocaram novamente no formato como quinteto, com os reforços de Nelson Ferraresso e Phil Rendeiro, sempre bem-vindos e enriquecedores.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. 6 de março de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Tivemos mais uma data no Magnólia Villa Bar. Foi no dia 8 de maio de 2013 e com Phill Rendeiro a engrossar as fileiras d'Os Kurandeiros, tocamos em uma noite fria...

O Power-Trio base ou "núcleo duro" d'Os Kurandeiros em ação! No palco do Magnólia Villa Bar de São Paulo. Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Carlinhos Machado e eu, Luiz Domingues. Esta foto é de 9 de outubro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap   

No entanto, sem a presença do ótimo tecladista, Nelson Ferraresso.

Outra foto do Power-Trio base ou "núcleo duro" d'Os Kurandeiros em ação! No palco do Magnólia Villa Bar de São Paulo. Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Carlinhos Machado e eu, Luiz Domingues. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Mas enfim, haveria uma apresentação em um palco maior, e com a oportunidade para tocarmos somente o repertório autoral da banda, o que tornava sempre mais prazeroso para todos nós.

Kim Kehl & Os Kurandeiros em ação! No palco do Magnólia Villa Bar de São Paulo. Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Carlinhos Machado, eu (Luiz Domingues) e Phill Rendeiro. 8 de maio de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

A seguir, estivemos escalados para tocar na Feira de Artes da Vila Pompeia. Se por um lado fora animador o convite, pelo outro, as minhas experiências com a Feira anteriormente, ao ter me apresentado com a Patrulha do Espaço e o Pedra, houveram sido estressantes, devido à balbúrdia que se constituíram tais apresentações que eu participei com tais bandas nesses festivais e como consequência inevitável dos problemas no tocante à organização, atrasos incontroláveis, produtores e técnicos mal-humorados, dificuldade para estacionar o carro particular de cada componente da banda etc. Bem, ciente de tudo isso, lá fomos nós!

Uma panorâmica da atuação de Kim Kehl & Os Kurandeiros na Feira da Vila Pompeia de São Paulo em maio de 2021. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

No domingo, dia 19 de maio de 2013, esteve marcado para entrarmos no palco, às 17:00 horas. Cheguei bem antes, no entanto, pois eu já tinha a experiência de ter tocado três vezes nesse evento, uma com a Patrulha do Espaço e duas vezes com o Pedra (respectivamente: 2001, 2006 e 2008). 

E munido dessa experiência pregressa, certamente que sabia que estacionar o carro nas ruas do bairro nesse dia, seria muito difícil pelo enorme quadrilátero interditado pelo CET (Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo). 

E para agravar a situação, no entorno, estacionamentos particulares costumavam triplicar ou até quadruplicar as tarifas, ao adotar uma exploração oportunista, mas previsível.

Uma foto a esmo de um quarteirão da Feira da Vila Pompeia, de São Paulo

Portanto, ou o motorista se submetia a tal extorsão, ou ia estacionar o seu automóvel, mais longe ainda. Optei pelo plano "B" e mesmo assim, foi difícil achar uma vaga no outro lado da Avenida Pompeia, com todas as ruas paralelas e transversais ocupadas por motoristas que tiveram a mesma e não tão original ideia, eu reconheço. Resultado: fui achar uma vaga lá na Rua Raul Pompeia e mesmo assim, tive que fazer uma ginástica contorcionista, pois esta não se revelara muito adequada para o tamanho do meu carro. 

Enfim, dali fui a caminhar então para o palco onde tocaríamos. Não fora o palco Rock, que tradicionalmente era (é) montado na Rua Caraíbas, no quarteirão entre as Ruas Venâncio Aires e Padre Chico. Tocaríamos no palco da Rua Tucuna, também na mesma altura, entre as ruas Venâncio Aires e Padre Chico.

Mais uma foto a esmo de um quarteirão da Feira da Vila Pompeia, de São Paulo

Apesar de não ter sido o palco Rock, também estava recheado por bandas de Rock, ao parecer uma extensão do palco Rock situado dois quarteirões adiante, de forma paralela. 

Fui o primeiro a chegar, graças ao exagero de meu zelo, mas pelo menos me mantive ali a postos e com meu carro parado em um lugar seguro e longe de multas. 

Permaneci ali discretamente a aguardar e apenas a observar a movimentação, quando vi uma mocinha a carregar uma pranchetinha na mão, a ostentar uma expressão facial a denunciar afobação. 

Bingo! Claro que se tratar de uma produtora do evento. Bem, ganhei impulso e fui me apresentar para ela, quando lhe perguntei sobre o andamento do cronograma do mesmo. 

Foi óbvio que estava tudo atrasado e bandas programadas para terem tocado muito antes, ainda aguardavam a vez para subirem ao palco. 

Pragmático, me mantive tranquilo, pois sabia que não adiantava ficar apreensivo. Apenas me resignei e voltei ao ponto onde estava, a observar o vai e vem de componentes de bandas a se prepararem para entrarem em cena, e outros tantos esbaforidos, a saírem do palco. 

Estava ainda sozinho, quando avistei um rosto conhecido na multidão. Demorei um pouco para sinalizar, mas ele se antecipou e veio em minha direção. Esse homem ainda estava no meio da pista quando já sorria ao me fitar, naturalmente a denotar me conhecer e se tratou do Dr. Nelson Maia Netto, o chamado: "professor", persona que se tornara um agregado de minha antiga sala de aulas e cujas histórias, são contadas detalhadamente no capítulo sobre a minha "sala de aulas". 

Coincidência pura, Nelson estava a morar naquele quarteirão da Rua Tucuna, quase na esquina com a Rua Venâncio Aires. Não o via pessoalmente, desde 2005 aproximadamente, quando perdemos contato, por alguns anos. Enfim, passada essa boa surpresa, ele se recolheu à sua residência e eu continuei a esperar pelos companheiros da minha banda. 

O guitarrista, Phill Rendeiro, já foi membro fixo d'Os Kurandeiros, e nesses últimos tempos esteve a ter participações seguidas, para fugir do conceito de ser um participante sazonal. Phill foi sempre um reforço importante e bem-vindo à banda. Fonte: Internet

Foi quando chegou, Phill Rendeiro, guitarrista. E logo a seguir, vi o carro pilotado por Lara Pap, a estacionar (claro que ela foi sumariamente convidada a sair dali pelos agentes do CET, logo a seguir), mas a trazer uma pessoa a mais, além do Kim Kehl.

O tecladista, cantor e gaitista, Claudio "Casão" Veiga. Fonte: Internet

Eu fui apresentado então ao tecladista/cantor e gaitista, Claudio Veiga, que também atendia pelo apelido de: "Casão". Fora uma surpresa total para todos os demais Kurandeiros, incluso eu mesmo, mas o fato foi que o Kim o convidara para atuar conosco, a tocar teclados, e seria uma intervenção curiosa em minha trajetória pessoal, pois nunca, na minha carreira toda, eu havia tocado com um tecladista que usasse um "Moog Liberation", ou seja, um sintetizador portátil e usado pendurado no ombro ao estilo de um instrumento de cordas, como guitarra, baixo e similares. 

No espírito de improviso que caracterizava a atuação d'Os Kurandeiros, não achei nada demais o rapaz participar sem ensaios, pois além do mais, tocaríamos poucas músicas e com tais peças a apresentarem um padrão de harmonia fácil, calcada no Blues clássico dos três acordes. 

Antes de nós sermos chamados ao palco, ainda houve um tempo para que eu me confraternizasse com o poeta, Julio Revoredo, que se deslocara de sua residência, localizada no bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo, só para nos prestigiar. 

Ficamos, portanto, entretidos em uma animada roda de conversa na qual o Claudio Veiga rapidamente se entrosou conosco e a banda "Quasar" estava a tocar naquele momento. 

Eu já tinha ouvido falar dessa banda e detinha informações elogiosas sobre o seu tecladista, que muitos músicos amigos já haviam me alertado sobre ele ser muito bom. De fato, fiquei bastante impressionado com a atuação do rapaz, que aparentava ser bastante jovem, no entanto tocava baseado na escola antiga de tecladistas setentistas da seara do Hard-Rock e Rock Progressivo, ou seja, com extrema técnica e uma performance irretocável (o seu nome era Rainer Trankon Pappon, portanto, filho e sobrinho de grandes músicos, fez sentido que ele fosse tão bom e orientado pelas melhores influências). 

Foi quando aquela mesma produtora jovem que eu mencionei anteriormente, nos abordou, para nos formular um pedido extra.

Uma foto da internet a mostrar mais um flagrante a esmo da feira da Vila Pompeia e abaixo, um flagrante do nosso show. Kim Kehl & Os Kurandeiros na Feira da Vila Pompeia de São Paulo em 19 de maio de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Ocorreu que um grupo folclórico oriundo da Turquia, havia tocado em um evento em São Paulo, naquele final de semana e algum produtor responsável pela presença de tais artistas, resolveu forçar um "encaixe" na Feira da Pompeia. 

De pronto, mesmo com o atraso absurdo que já havia sido ali instaurado, a famosa e típica subserviência brasileira em relação aos estrangeiros em geral, prevaleceu. 

Então, a mocinha nos disse que o grupo folclórico turco apresentar-se-ia antes de nós, mas que seria uma apresentação curta, só para aproveitar a presença deles ali e que não poderia mesmo ser de outra forma, pois a comitiva estava com pressa para se dirigir ao aeroporto, pois o seu voo para Istambul, ocorreria ainda naquela noite.

Capa do ótimo LP "Luz na Escuridão", trabalho solo do compositor, cantor e multi-instrumentista, Cezar de Mercês, lançado em 1985 

Enfim, atraso consumado, nos resignamos mais uma vez e ficamos a aguardar, envoltos nas rodinhas formadas por amigos, que se mostraram animadas e reforçadas pela presença do poeta, Julio Revoredo, e do guitarrista/cantor/compositor, Cezar de Mercês, que apareceu ao entardecer. 

Os turcos realmente foram rápidos no seu número folclórico e o público demonstrou gostar da dança e da canção dos rapazes, paramentados de acordo com as suas tradições folclóricas etc. 

No entanto, quando os turcos deixaram o palco, nós fomos impelidos a montar o nosso equipamento sob uma velocidade impossível para nos garantir o mínimo necessário em termos de qualidade sonora e daquela forma aviltante, tivemos que iniciar a nossa apresentação, mesmo assim, com problemas no amplificador do Kim e mediante aquele monitor horroroso e infelizmente, típico para o padrão de festivais desse porte. 

Todavia, o pior veio a seguir, quando a mesma mocinha da produção, com a sua indefectível prancheta, nos sinalizou freneticamente, a partir da lateral do palco e aos gritos, para encerrarmos imediatamente, pois o tempo estava estourado e haviam outras bandas a esperar por sua vez... ora, estávamos no começo da segunda música, apenas!

Resignado, eu sorri para ela e avisei os companheiros sobre a solicitação surreal da parte da ("des") produção e de nada adiantaria ficarmos nervosos ou indignados, pois mandariam desligar o som do PA, sem nenhum cuidado para preservar a nossa dignidade artística. 

Enfim, qual a novidade? Quando esse tipo de festival não causa esse dissabor aos artistas? Talvez se marcassem menos atrações, o tempo fosse melhor equacionado, mas na hora para escalar os artistas para os vários palcos, deviam raciocinar como dirigentes de federações de futebol que sempre desejam formular campeonatos com mais times do que seria ideal para que fosse composta uma tabela racional etc.

Enfim, tocamos duas músicas apenas, sob condições sonoras bastante desconfortáveis e o tempo em que usamos o palco foi inversamente desproporcional ao tempo em que esperamos a vez para nos apresentarmos. 

As músicas que tocamos foram: "Sou Duro" e "A Galera Quer Rock". 

O grande Cezar de Mercês, nesta foto, em meio à sua participação no show "70 de Novo"

Na segunda canção, o Cezar de Mercês entrou em cena sem nos avisar e logo apresentou um solo de gaita improvisado e bem esfuziante. Foi engraçada a entrada repentina dele em cena, pois entrou a correr, exatamente em um momento em que eu estava meio de lado, em direção ao Carlinhos Machado, nosso baterista. 

Pelo canto do olho, vi a sua presença como uma sombra muito rápida a passar e quando me dei conta, já ouvia uma gaita no monitor, apesar da maçaroca sonora perpetrada pela não equalização profissional do som. 

Bem, experientes, saímos do palco resignados com o péssimo tratamento dado pela organização do evento e dispostos a não estragar o final do domingo com lamentos, pois tocar em eventos assim, surpreendem se esse tipo de mal-estar não acontecer e não o contrário.

Kim Kehl & Os Kurandeiros na Feira da Vila Pompeia de São Paulo em 19 de maio de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
Com Claudio Veiga como convidado, atuamos duas semanas depois em outro espaço, desta feita bem conhecido para nós. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 5 de junho de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
Passada essa aventura ao ar livre e com as peculiaridades naturais que eventos assim produzem para o bem e para o mal (geralmente mais para o mal, pela bagunça inevitável perpetrada pela produção), voltamos à rotina das apresentações em casas noturnas e como de costume, o Magnólia Villa Bar se mostrara como sempre uma espécie de volta para a casa, como um porto seguro. 
 
Com o acréscimo do tecladista, Claudio Veiga, mais uma vez como convidado especial, tocamos na noite fria de 5 de junho de 2013.

Novamente com a presença do convidado especial, Claudio Veiga (o terceiro da esquerda para a direita). Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 3 de julho de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
Repetimos a dose em 3 de julho de 2013, também com a presença do tecladista, Claudio Veiga que se mostrara versátil ao tocar gaita com desenvoltura e também por ser um bom vocalista, inclusive por conta disso, o Kim lhe abriu a oportunidade para que ele cantasse algumas canções nessa noite.

Eis o Link para assistir no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=6donxQs9Z00

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 7 de agosto de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Mais um show realizamos no Magnólia Villa Bar, em 7 de agosto de 2013, mas desta feita sem a presença do tecladista, Claudio Veiga.

A presença do baterista da banda, "Vento Motivo", Binho, a substituir o nosso titular, Carlinhos Machado. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 14 de agosto de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

No dia 14 de agosto, tocamos nessa mesma casa novamente, mas com uma novidade ocasional. O nosso baterista, Carlinhos Machado, teve um compromisso com Gerson Conrad & Trupi, e dessa forma, tocou conosco um baterista chamado, "Binho". Ele era baterista da banda: "Vento Motivo", que realizava um trabalho autoral e na qual o Kim também participava como componente fixo, nessa época.

Eu, Luiz Domingues em destaque. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 14 de agosto de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Extremamente simpático e solícito, Binho tocou com versatilidade e mesmo ao não conhecer o repertório em 90% do seu montante, atuou muito bem. Foi uma noite onde além de baixista, eu agi como um "maestro'", pois passei a apresentação inteira a lhe fornecer orientações, mas valeu a pena, pois ele foi muito gentil e nós nos demos muito bem nesse esforço de cooperação, que ao final, se mostrou bem produtivo.

Na prmeira foto, Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 14 de agosto de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap. Na segunda, a nossa participação na Feira da Vila Pompeia em 19 de maio de 2021. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

Já no dia 4 de setembro, o baterista, Carlinhos Machado, esteve de volta em sua normalidade para atuar conosco. Tocamos novamente no Magnólia Villa Bar e a seguir teríamos um outro compromisso, que seria um show de choque em um espaço inusitado. 

Na Galeria Olido, no centro de São Paulo e ao lado da Galeria do Rock, existia um belo teatro, aonde funcionou por anos o Cine Olido, mas ao se tratar de um prédio sob grande proporção, existiam também outros equipamentos culturais pertencentes à Secretaria de Cultura Municipal de São Paulo no mesmo espaço.

Eu (Luiz Domingues) & Kim Kehl em ação. Kim Kehl & Os Kurandeiros na Galeria Olido, 2013. Click, acervo e cortesia: Bolívia & Cátia

Uma das outras opções que ali haviam disponíveis, se tratou de um exótico salão envidraçado, que estava presente ao nível da rua, e nesse espaço, o dono da loja & gravadora Baratos Afins, Luiz Carlos Calanca, era curador de um show com periodicidade mensal, denominado: "Rock na Vitrine". 

Nesse espaço, se apresentavam em um sábado por mês, três atrações musicais sob o regime de shows de choque e com entrada gratuita para o público. Muita gente do Rock já se apresentara ali, além de artistas de outras vertentes, e nesse mês de setembro de 2013, a nossa banda fora escalada para participar.

Na primeira foto, o cantor e compositor, Edvaldo Santana e na segunda, a capa do segundo álbum do grupo de Rock, "Blues Riders": "A Sagrada Seita do Rock'n' Roll"

As outras atrações seriam: Edvaldo Santana e os "Blues Riders". Eu conheço o pessoal dos Blues Riders desde os anos noventa, acho muito bom o trabalho deles e como pessoas, eram (são) sensacionais. 

Portanto, fui animado para esse show, pois sabia que seria prazeroso estar com esses amigos por perto. Mas não conhecia o trabalho do Edvaldo Santana, até então. Confiei na opinião de pessoas que haviam me dito que o trabalho dele era bastante interessante, ao criar algo híbrido entre o Blues e a MPB setentista. Bem, fiquei curioso e com vontade para aproveitar a oportunidade e conhecer o trabalho dele.

Eu (Luiz Domingues) na 1ª Foto e a fachada da Galeria Olido, 2013. Foto 1: Click, acervo e cortesia: Bolívia e Cátia. Foto 2: Internet

Cheguei primeiro às dependências da Galeria Olido e não havia ninguém conhecido meu, ali naquele momento. O espaço em que tocaríamos ainda estava a promover um outro evento, e pelo horário, é claro que atrasaria e dessa forma, a montagem do palco e soundcheck do segundo evento da noite seria muito prejudicada (como sempre).

Então, a observar do lado de fora o animado baile popular que ali estava a acontecer, percebi que o Edvaldo Santana se aproximava e ele, ao me ver com o estojo do meu instrumento em mãos, logo deduziu que eu fosse componente de uma das bandas que participariam daquele show compartilhado. 

Apresentamo-nos de forma mútua e conversamos prazerosamente, quando ele me contou um pouco de sua trajetória na música e mesmo que tenha sido uma conversa rápida e sem grande aprofundamento, eu pude extrair algumas impressões muito boas sobre o seu trabalho, como por exemplo, a forma como pensava, sua luta nas músicas para exprimir letras com conteúdo social de uma forma contundente etc.

        O cantor e compositor, Edvaldo Santana. Fonte: Internet

Ele me falou que após o show de choque que faria naquela tarde/noite, dirigir-se-ia com a sua banda para uma casa noturna da periferia, quando tocaria em outro show, mais para o fim da noite e deu para notar que era um artista batalhador, daqueles que faziam das tripas coração para viver de música, ainda mais autoral, sem nem uma migalha da atenção da mídia mainstream, sem empresário e sem nenhuma estrutura financeira. 

Gostei dessa resiliência da parte do artista e de imediato, pensei comigo mesmo que o seu perfil parecia o de artistas "malditos" como o Zé Geraldo, por exemplo, que mantinham uma identidade artística parecida e igualmente sobrevivera da sua arte, a manter fãs e seguidores e sem deter apoio algum, tanto no âmbito empresarial, quanto fonográfico, e muito menos da mídia mainstream. 

A seguir, o guitarrista de sua banda chegou e eu notei que ele estava com dificuldades para estacionar o seu carro, apesar da imensa garagem que a galeria possuía, exatamente por conta de burocracia massacrante ali instaurada, que sempre se mostrava como um inferno para se conseguir a sua liberação.

Os Blues Riders em ação na Galeria Olido, nesse mesmo dia em que atuamos. Áureo Alessandri é o primeiro à esquerda, a usar uma guitarra Gibson SG; Click, acervo e cortesia: Bolívia e Cátia

Enfim, sanado esse problema para o rapaz, vi que chegou o Áureo Alessandri, guitarrista dos Blues Riders, uma banda que eu reputava ser uma das mais batalhadoras do circuito underground de São Paulo, com quase vinte e cinco anos de atividades, naquela altura e a revelar uma luta incrível para atingir os seus objetivos. 

Muitíssimo gentil, o conhecia desde o início dos anos noventa e foi um prazer revê-lo ali nos bastidores do evento. 

Enfim, avistei a chegada de Kim Kehl e sua esposa, Lara Pap, acompanhados do tecladista/vocalista e gaitista, Claudio Veiga, que também participaria desse show. E o último de nossa banda que se aproximou, foi o nosso baterista, Carlinhos Machado.

O grande produtor fonográfico, Luiz Calanca, meu amigo desde 1983

O Luiz Calanca, dono da loja/selo Baratos Afins, foi o curador desse show e chegou animado com a noitada que prometia ser boa e de fato, o foi mesmo. O ambiente foi o de um salão envidraçado que ficava na Galeria Olido, em contato com a rua, ou seja, a margear a Galeria pelo lado da rua e dessa forma, por ser envidraçada, deu vazão para que as pessoas que caminhassem tanto pela Avenida São João, quanto pela Rua Dom José de Barros, vissem o show pelo lado de fora, a lembrar a estrutura da sala Adoniran Barbosa, do Centro Cultural São Paulo. 

Sem uma boa condição acústica, todavia, o segredo naquele salão envidraçado seria tentar tocar o mais baixo possível, para minimizar a reverberação que ali, tornar-se-ia inevitável. 

Sem tempo algum para realizar um soundcheck ainda que rápido, vimos que a única solução viável foi deixar a banda do Edvaldo Santana ajeitar a toque de caixa, o seu "set up", e efetuar uma passada ridiculamente rápida em uma música apenas, para iniciar o show imediatamente, visto que pessoas ligadas à produção da Galeria Olido, pressionavam o curador do evento, Luiz Calanca, a abrir as portas para o público que se aglomerava no saguão de acesso ao local. 

Feito isso e o Edvaldo fez questão de ser o grupo de abertura da noite, pois estava com muita pressa para se locomover para o segundo show que faria naquela mesma noite, e assim, as portas se abriram e ao sinal que o Luiz Calanca emitiu, a banda deu os seus primeiros acordes.

Nessa foto acima, que eu achei na Internet, eu (Luiz) estou sentado a assistir a apresentação do Edvaldo Santana (sou o segundo, da direita para a esquerda, na segunda fileira, sendo que o primeiro rapaz, é o Carlinhos Machado).

Com uma produção muito simples, mal se acabou de acertar o som de uma forma precária e o Edvaldo já começou o seu show, pois o público já estava a se acomodar no salão envidraçado. 

O segredo ali foi tocar sob um volume bem baixo no palco, pois o PA disponível foi muito fraco e a reverberação do ambiente, enorme, não só pela parede envidraçada, mas também pela sua arquitetura sinuosa, nada adequada para prover uma sonorização de espetáculo musical.

Fachada de fora da "Galeria de Vidro" pertencente ao complexo cultural da Galeria Olido, e nessa foto, a mostrar uma performance de um grupo teatral

Naquele ambiente, realizar um show intimista ao estilo, voz & violão, seria o melhor possível para se garantir uma qualidade razoável de audição ao público, mas por outro lado, foi notável o esforço do Calanca para manter vivo o evento, com uma periodicidade mensal, a programar bandas de Rock, autorais. Portanto, se não fora o local, e o equipamento ideais, a boa vontade de se disponibilizar um espaço para artistas sofridos como nós, foi louvável.

Resignado com a situação e as condições apresentadas, é claro que relevei tudo, e após me confraternizar com o Luiz Calanca, me sentei e assisti com bastante interesse o show do Edvaldo Santana. 

O Carlinhos Machado já havia me revelado que o som dele era bem interessante, e eu pude comprovar isso ao longo de seu show de choque, com pouco mais de trinta minutos de duração. 

De fato, ali eu absorvi um som bastante relevante, ao se mesclar da MPB setentista, ao Blues, a conter baladas e com um leve sabor Rock'n' Roll para arrematar. 

As suas letras eram bastante espirituosas a lembrar muitos artistas egressos da MPB setentista, com um direcionamento ao Folk e também comprometidos com o movimento Hippie e de certa forma me lembrou alguns grupos de tais características e alojados no underground, que eu gostava nos anos setenta, tais como "Bendengó", "Flying Banana", "Papa Poluição", e outros. 

Ao sair de cena bem rápido, pois tinha outro show a cumprir na mesma noite, Edvaldo Santana & banda, abriu espaço para Os Kurandeiros de Kim Kehl, entrarem em cena.

Claudio Veiga em um flagrante de uma apresentação sua pela noite paulistana. Na segunda foto, eu estive a assistir o show de Edvaldo Santana, ao lado do Carlinhos Machado (o primeiro), sou o segundo sentado, da direita para a esquerda, na segunda fileira. Fonte: Internet

Gostei muito do show do Edvaldo Santana. Realmente me agradou o seu blues sob forte acento folk, a se mesclar àquela maravilhosa MPB "hippie" e típica dos anos setenta. 

Inclusive, as letras das suas canções seguiam essa tendência fortemente, e sentado ali em frente ao palco, eu me senti como se estivesse a assistir um show do "Jorge Mautner" ou "Odair Cabeça de Poeta", com aquela poesia urbana, mediante referências literárias que remetiam às crônicas do cotidiano. 

A banda que o acompanhou se mostrou azeitadíssima, com a presença do baixo, guitarra e com um baterista versátil, que fazia percussões muito criativas, também, e todos os músicos a colaborarem muito afinadamente nos backing vocals. Apreciei muito o trabalho dele e o profissionalismo da banda.

Eu (Luiz Domingues) e Kim Kehl em ação, na Galeria Olido de São Paulo, no salão de vidro. Setembro de 2013. Click, acervo e cortesia: Bolívia & Cátia

Chegou a nossa vez e de fato fizemos um show de choque muito agradável, com resposta ótima do bom público presente. Os Rocks e Blues d'Os Kurandeiros agradaram em cheio ao público que se mostrara aficionado no aspecto de raiz dos dois estilos, portanto, foi a banda certa no lugar certo. Consumou-se como um show rápido, rasteiro e eficaz, para dar o recado, de forma sucinta.
Quando terminamos, rapidamente os amigos dos "Blues Riders" se posicionaram e começaram a tocar. Admirava bastante a saga dos Blues Riders, formada por batalhadores incansáveis, sob uma labuta que naquela altura dos acontecimentos, já somava mais de duas décadas.
Os Blues Riders, uma ótima banda, formada por ótimas pessoas. Click, acervo e cortesia: Bolívia & Cátia

Tratava-se de uma ótima banda, com músicos competentes e o seu som era baseado no Blues-Rock, com uma leve pitada de Hard-Rock, para resumir uma descrição de minha parte.  
Da esquerda para a direita: Carlinhos Machado, Luiz "Barata" Cichetto, Luiz Calanca, Kim Kehl, Edy Star, e eu (Luiz Domingues). Click, acervo e cortesia: Bolívia & Cátia

Assisti com prazer o seu show a após o término, recebemos a visita de Edy Star, que foi prestigiar o evento. O Kim já havia feito em um passado recente, alguns shows com Edy Star, acompanhado do Marcião Gonçalves no baixo e Ivan Scartezini na bateria, meu colega do "Pedra".

Nos bastidores do show na Galeria Olido. Da esquerda para a direita: Kim Kehl, Edy Star e eu (Luiz Domingues). Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Figura divertidíssima, Edy era (é) uma espécie de Marc Bolan tupiniquim, se é que o leitor me entenda bem.

A apresentação na íntegra do "KK & K", em filmagem do amigo Kico Stone:

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=5uOynyEmD2w
Foi assim a participação d'Os Kurandeiros no evento: "Rock na Vitrine", no dia 14 de setembro de 2013, com cerca de cem pessoas na plateia.
Eu, Luiz Domingues em destaque. Kim Kehl & Os Kurandeiros no evento: Rock na Galeria" da Galeria de Vidro, no centro de São Paulo, em 14 de setembro de 2013. Click, Acervo e cortesia: Bolívia & Cátia
Depois dessa aparição no evento: "Rock na Vitrine", teríamos novas apresentações em casas noturnas de pequeno porte. A primeira delas, ocorreu em 19 de setembro de 2013, no "Bierboxx", uma casa bem montada no bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo e situada exatamente no epicentro de casas noturnas que se estende dali até a Vila Madalena, bairro vizinho.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Bierboxx de São Paulo. Na foto acima, com a participação de Binho "Batera" conosco. 19 de setembro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Bem montado e aconchegante, tal casa noturna mantinha um ambiente agradável para uma apresentação sob pequeno porte. Nesse show em específico, tivemos duas ocorrências extraordinárias: o nosso baterista, Carlinhos Machado, já havia agendado uma apresentação com outra banda em que atuava e não pode cumprir conosco a data. 

Mais uma vez o baterista da banda, "Vento Motivo", Binho, foi convocado e apesar de não conhecer o repertório com maestria, se saiu muito bem, ao nos auxiliar com desenvoltura. E o outro fato a se destacar nesse dia, foi que um rapaz do público, que ao destoar da maioria das pessoas que estavam ali só para aproveitarem a noitada, e sem fazer a menor ideia sobre quem éramos, este fora ao estabelecimento justamente por ser fã do Kim e meu, em específico. 

Munido com muitos discos de bandas nas quais eu e o Kim havíamos tocado anteriormente, ele apreciou o show com extrema intensidade no intervalo veio nos solicitar autógrafos, conversar etc. 

Ele havia levado consigo vários discos d'Os Kurandeiros, mas também do Made in Brazil, Mixto Quente, Lírio de Vidro e Nasi & Os Irmãos do Blues, ou seja, algumas das bandas pregressas do Kim, e no meu caso, nos mostrou CD's da Patrulha do Espaço, A Chave do Sol, Pedra e até o compacto que gravei com o Língua de Trapo. Só faltou levar discos do Pitbulls on Crack, portanto.

O vocalista/guitarrista do "Vento Motivo": Fernando Ceah. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Bierboxx de São Paulo. 19 de setembro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Foi muito gratificante verificar o entusiasmo do rapaz e mais uma vez ficou aquela máxima no ar, de que gestos espontâneos assim, fizeram a carreira ter valido a pena.

Com a vocalista, Renata "Tata" Martinelli, e o superb baixista / guitarrista, Marcião Gonçalves. Kim Kehl & Os Kurtandeiros no Bierboxx de São Paulo em 19 de setembro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap   

Fernando Ceah participou conosco e nada mais a vontade, pois três terços da banda, "Vento Motivo" estavam ali no palco, ao contar com o próprio Kim e Binho...

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. 9 de outubro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

E mais duas apresentações se sucederam no Magnólia Villa Bar, desta feita com Carlinhos Machado de volta normalmente a ocupar o seu posto em nossa banda. 

Eu (Luiz Domingues) em dois momentos da apresentação. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo. 6 de novembro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap
 
Ocorreram em 9 de outubro e 6 de novembro, respectivamente.

O próximo compromisso d'Os Kurandeiros ocorreu em uma casa em que eu nunca havia tocado anteriormente, mas que já conhecia por nome, chamada: "Santa Sede Rock Bar". 

Eu sabia de antemão, que ali se tratava de uma casa com instalações simples, porém muito acolhedora, pois continha pessoas no seu comando, altamente comprometidas com as mais nobres tradições do Rock, portanto, tive a certeza de que seria bem tratado e deveras agradável me apresentar ali.

Cartaz promocional d'Os Kurandeiros lançado em 2013

De fato, eu já conhecia um de seus proprietários, um rapaz chamado: Cleber Lessa, com quem mantinha amizade virtual pela rede social Orkut e Facebook e este, aliás, já havia comparecido a um show do Pedra, no ano de 2010, quando conversáramos nessa ocasião do Sesc Vila Mariana. 

No dia em que esteve marcada a apresentação d'Os Kurandeiros, eu me lembro que havia lançado um texto novo no Blog Limonada Hippie, no qual eu colaborava, sobre o Festival de Monterey de 1967, e para a minha surpresa, assim que cheguei ao estabelecimento, vi com prazer que no telão da casa, se exibia o DVD com o documentário oficial desse Festival, por uma pura coincidência.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo em 23 de novembro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Conversamos sobre a feliz coincidência e enquanto eu arrumava o meu equipamento e aguardava a chegada dos amigos da banda, fui embalado por um sentimento acolhedor, por ver e ouvir o DVD com aquelas doces lembranças da Era Hippie. 

O show foi bom, mas sinceramente eu aguardava um público maior na casa. Não foi ruim, mas por ser uma casa frequentada por seguidores da estética das décadas de 1960 & 1970, achei que sob uma noite quente de primavera e ainda mais para um sábado, atrairia mais gente.

Eu e o grande, Fábio César, tremendo baixista, e gente da melhor qualidade. Kim Kehl & Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo em 23 de novembro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Uma visita agradável se deu com a presença do baixista das bandas "King Bird" e "Casa das Máquinas", Fábio César, que esteve muito entusiasmado ao nos prestigiar. Foi a noite de 23 de novembro de 2013, com cem pessoas na plateia.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 18 de dezembro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

O último show de 2013, ocorreu na casa mais tradicional da carreira d'Os Kurandeiros, pelo menos ao se considerar o período em que eu passei a figurar na sua formação oficial: Magnólia Villa Bar.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 18 de dezembro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

No palco dessa casa na Lapa, tocamos pela noite adentro de 18 de dezembro de 2013, sob os olhares de cerca de cinquenta pessoas. Apresentamo-nos sob o formato como Power-Trio, novamente, a demonstrar que tal formação, esteve mesmo consolidada.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 18 de dezembro de 2013. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O ano de 2013 se findara. Fora um bom ano para Os Kurandeiros, na medida em que o Kim havia recuperado a sua saúde e a banda tinha engrenado novamente, após o hiato forçado pela convalescença de nosso Kurandeiro-Mor. E assim chegou 2014, para trazer-nos boas perspectivas para a banda.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 8 de janeiro de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

O primeiro compromisso do ano novo, foi novamente no Magnólia Villa Bar, desta feita com um público menor, mas não menos animado. Mas o fato a se destacar nessa noite de 8 de janeiro de 2014, foi a proposta que o dono do estabelecimento nos formulou.

Kim Kehl & Os Kurandeiros no Magnólia Villa Bar de São Paulo em 8 de janeiro de 2014. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Alexandre Rioli sugeriu que Os Kurandeiros contivessem uma identidade dupla e uma vez por semana, acrescidos de sua própria presença aos teclados, apresentar-nos-íamos como: "Magnólia Blues Band", para trazer um convidado especial da cena do Blues brasileiro, em cada apresentação. 

De minha parte, eu aceitei a ideia, visto que se já tinha acumulado o trabalho d'Os Kurandeiros com o "Nu Descendo a Escada", do Ciro Pessoa e no meio desse encadear de acontecimentos, o "Pedra" havia voltado, portanto isso poderia parecer demasiado, ao se sugerir um novo desdobramento, e assim dar a impressão de que eu assumiria quatro bandas simultaneamente. 

Mas, na prática, Os Kurandeiros jamais teriam um choque de agenda com o "Magnólia Blues Band", por razões óbvias e no caso do "Nu Descendo a Escada", estávamos a viver um longo hiato sob inatividade para essa banda. No caso do "Pedra", até aquele momento, não havia ocorrido nenhum choque de agenda. 

Mas eu tinha uma preocupação pessoal em relação a tal desdobramento. 

Ponderei com o Kim, que naquele momento em que finalmente sentia-me adaptado aos Kurandeiros, temi por ter que a toda semana, assumir a obrigação em ter que decorar muitas músicas diferentes dos convidados e que, por não conter uma escola como "bluesman", talvez incomodasse os convidados com a minha falta de familiaridade para com o gênero e ao contrário do Kim e Carlinhos, que sempre foram extremamente pacientes com os meus erros, esse pessoal do Blues era tradicionalmente exigente e talvez não observasse a mesma tolerância. 

Tal desconfiança de minha parte foi rechaçada inteiramente pelo Kim e assim me garantiu o seu voto de confiança em minha pessoa.

O logotipo que foi criado por Kim Kehl para designar a banda paralela que fundamos: "Magnólia Blues Band" 

Com tal respaldo, eu enfim aceitei a proposta e nasceu assim uma terceira identidade paralela d'Os Kurandeiros, com o título de: "Magnólia Blues Band". 

Tal nova banda gêmea d'Os Kurandeiros, ganhou a sua identidade própria e teve um final em 2016, portanto, tal história completa está devidamente relatada em seu capítulo específico, dentro de minha autobiografia.

Cartaz promocional criado para promover a "Magnólia Blues Band"

Continua...

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