Rolling
Stones Live Cover, na casa de espetáculos: "Milwaukee", de Ribeirão Preto-SP, em 18 de junho de
2016. Da esquerda para a direita: Luiz Domingues, Alexandre Mandaliou,
Angelo Salinas, Luis Antonio Melantonio e Kim Kehl
O meu último
trabalho avulso, realizado fora de bandas oficiais e autorais pelas quais eu fui (sou),
componente, fora em 2014, quando tive o prazer e a honra de atuar em um
show do cantor, Edy Star, e fato devidamente registrado em seu respectivo capítulo, neste
Blog 3 (Trabalhos Avulsos/capítulo 36, publicado em março de 2015).
Desde
então, eu estava a atuar em quatro bandas autorais ao mesmo tempo e duas
delas, encerraram as suas atividades, ao aliviar-me a carga de trabalho. Foi o caso do
Pedra, banda em que eu cheguei a sair antes do anúncio oficial de seu término,
em maio de 2015, e a Magnólia Blues Band que anunciou o seu encerramento de atividades
em abril de 2016.
A atuar,
portanto, com Os Kurandeiros de Kim Kehl e com o Nu Descendo a Escada de
Ciro Pessoa, o fato foi que eu recebi no início de junho de 2016, o convite para suprir uma
data de uma banda cover com a qual o Kim também atuava esporadicamente, que apresentava como sua característica temática, ser uma banda tributo aos Rolling Stones.
Ao leitor mais atento da minha autobiografia, deve saber que mesmo ao se tratar de trabalhos avulsos realizados fora das bandas autorais por onde passei, foram poucas as ocasiões em que eu atuei em bandas cover, com exceção da minha passagem pelo "Terra no Asfalto", que foi assumidamente uma banda cover, mas não temática, ao apresentar repertório bem mesclado, e com a agravante de ter ocorrido no longínquo período de 1979-1982.
Fora disso, foram poucas as ocasiões em que eu fiz apresentações avulsas com bandas cover, e todas foram devidamente retratadas nos capítulos sobre os trabalhos avulsos. Nesse caso, constitui-se em poucas apresentações com a banda: "Electric Funeral" (tributo ao Black Sabbath), uma sazonal apresentação de uma banda formada por componentes d'A Chave/The Key (ou "Chave sem Sol"), e do Golpe de Estado a executar músicas das bandas britânicas: "UFO" e "Michael Schenker Group", um tributo à Janis Joplin, e outro ao baterista do "The Who", Keith Moon.
Ou seja, em quarenta anos de
carreira, tal esforço extra, não representa quase nada em relação à minha dedicação aos trabalhos
com bandas autorais em que fui membro. Desta
feita, o convite seria para que eu substituísse o baixista ausente de uma banda
tributo aos Rolling Stones, chamada: "Rolling Stones Live Cover".
Aceita a missão, eu recebi pelo inbox do Facebook, o set list padrão e comemorei o fato de que o grande grosso do material seria formado por clássicos do repertório dos Rolling Stones e poucas músicas mais "modernas" que eu até conhecia, mas não tinha grande familiaridade, visto que, como os leitores atentos da minha autobiografia sabem, a minha predileção, em linhas gerais é pelo material dos anos 1960 & 1970.
Um ensaio foi realizado na quarta feira anterior a essa apresentação, e através desse apronto, eu tranquilizei-me em dois aspectos:
1) Eu sabia tocar a maioria esmagadora das
canções.
2) Além da presença do amigo, Kim Kehl, a atuar nessa banda, eu já
conhecia parcialmente o segundo guitarrista, Alexandre Mandaliou, e no
ensaio, verifiquei que o baterista, Luis Antonio Melantonio e o vocalista,
Angelo Salinas, eram pessoas agradáveis para lidar-se, portanto, o convívio seria muito ameno.
Encerrado o ensaio, que foi produtivo e realizado em um estúdio no bairro da Lapa, na zona oeste de São Paulo, cujo dono é o empresário dessa banda, chamado: Marco Grecco (que também é baixista e já tocou nessa banda várias vezes e igualmente dedica-se a ser vocalista em uma banda tributo ao "U2"), a nossa missão seria viajar para Ribeirão Preto, no sábado posterior, onde seria realizada a apresentação.
Naquela
semana, eu vi através da mídia, que a cidade de Ribeirão Preto-SP receberia um
evento sob grande porte, um festival com produção peso-pesado, a reunir nomes do
Rock mainstream, tais como: "Paralamas do Sucesso", "Titãs", Nando Reis,
"Planet Hemp" e outros. Achei até que seria inserida dentro de tal festival a apresentação
desse Tributo aos Stones, talvez em um palco menor, como entretenimento
extraordinário do evento etc. e tal.
Mas não seria... a apresentação estava marcada para um bar temático da Harley-Davidson, montado dentro de uma concessionária dessa marca de motocicletas, mas não necessariamente sendo ambientação de moto-clube, mas sim uma casa noturna aberta ao público em geral e segundo me contaram, costumava atrair a jovem burguesia da cidade.
Viagem sob
o calor interiorano, apesar do fim de outono, mas muito agradável, a bordo do
carro do baterista, Luis Antonio Melantonio, sob a sua condução muito
segura, foi também prazerosa pela conversação que ali se desenvolveu entre os
cinco ocupantes do automóvel e nesse quesito, senti-me bastante à
vontade, pelo clima amistoso gerado.
Paramos
para uma recomposição geral do automóvel e nossa, pessoal, perto de Ribeirão Preto, em um posto de gasolina um pouco
além da pequena cidade de Cravinhos-SP, última antes de nosso destino e no
posto, havia a presença de muitas vans vindas de diversas outras cidades
interioranas paulistas, com destino à Ribeirão Preto, com jovens a rumar para o citado festival de Rock nacional mainstream ("João Rock").
Alheios a
essa movimentação, fomos ao nosso destino, na referida casa noturna e
realizamos o soundcheck com tranquilidade. A casa era bem montada e o
palco bem razoável, com um PA compatível para o ambiente, um camarim
decente e o técnico solícito, a atender-nos. Missão
inicial cumprida, fomos ao hotel para o relaxamento anterior à apresentação e uma
confusão que seria muito engraçada dentro de uma comédia ao estilo "pastelão", mas que ali
foi desagradável, aguardou-nos.
Simplesmente
a nossa reserva não existia, pois estávamos no hotel errado! Após
vários telefonemas para São Paulo a fim de colocar o empresário a par da
situação, a confirmação do hotel em que a reserva estava assegurada,
veio afinal, e este ficava longe dali, mas também mais perto do local do
show. Nesse
segundo hotel, onde realmente hospedamo-nos, muitas equipes técnicas dos
artistas que apresentar-se-iam no tal festival que citei, estavam ali
hospedadas e muitas carretas a conter equipamentos e ônibus a serviço desses artistas,
estavam ali estacionados.
Após o reconfortante banho e descanso da viagem, lá fomos nós para a casa noturna em questão, chamada: "Milwaukee". O Kim, que é um especialista em cultura norte-americana, pôs-se a narrar que tratava-se do nome de uma cidade, que é capital do estado de Wisconsin, e discorreu sobre as suas características regionais e culturais.
Eu não tenho essa cultura toda que ele tem sobre a América do Norte, nem de longe,
aliás, mas disso eu sabia também e cheguei a comentar no carro de que lembrava-me do filme: "Wayne's World" dos anos noventa, onde os personagens
protagonistas em determinada cena, vão parar no camarim do Alice Cooper, que faria show nessa
cidade e ele, Alice, a interpretar a si mesmo (himself), profere um discurso em
tom de aula de geografia, ao explicar que "Milwaukee" é uma palavra de
origem indígena e que foi incorporada culturalmente pelos norte-americanos etc. O Kim acrescentou que é como acontece no Brasil em relação a
muitas coisas na cultura paulistana, como: "Anhangabaú", "Ibirapuera", "Anhembi", "Catumbi",
"Cambuci", "Caxingui", enfim, só para citar alguns ícones da nossa cidade etc. É
vero...
A casa
em questão, estava com uma boa lotação ao meu ver, com todas as mesas preenchidas,
mas segundo funcionários, estava aquém do seu movimento "normal", e
estes atribuíram isso ao "frio" (na alta madrugada, marcou-se 16 graus, e eu conheço
bem a cidade de Ribeirão Preto, portanto, para o padrão local é uma temperatura
considerada muito baixa), e certamente ao tal festival, sobre o qual nós
chegamos a ver chamadas com Link ao vivo no "Jornal Nacional" da Rede
Globo, em rede nacional, ou seja, fora um evento com grande porte e pelas
imagens que vimos inseridas ao noticiário, devia ter ali cerca de cinquenta mil pessoas.
Set
List que executamos no "Milwaukee" de Ribeirão Preto-SP, em 18 de junho de
2016. As músicas assinaladas com caneta e com títulos abreviados, são:
"Start me Up" e "Let's Spend the Night Togheter".
Sobre o
Kim e o quanto ele conhece a carreira dos Rolling Stones na ponta da
língua (sem trocadilhos), eu nem preciso explicar. Mas gostei da performance
de todos. O
vocalista, Angelo Salinas, demonstrou fôlego, com movimentação intensa de
palco, além da boa voz e comunicação com o público.
Eu toquei ao lado do
guitarrista, Alexandre Mandaliou, que apresentou um bom repertório de
solos e bases com a sua guitarra, Fender Telecaster, mas o que mais surpreendeu-me
positivamente, foi o baterista, Luis Antonio Melantonio, que a demonstrar
"pegada" forte e bastante técnica na bateria, tinha (tem) um trunfo a
mais, ao apresentar uma ótima voz. O seu potencial vocal mostrou-se de fato, bem grande e graças
às suas intervenções muito bem colocadas, a fazer com facilidade a segunda
voz, e modular assim, com desenvoltura, ele deu colorido às canções. Com um falsete forte e
afinado, também, surpreendeu ao simular vozes femininas de apoio nas canções
dos Stones, notadamente: "Gimme Shelter", sendo, portanto, uma grata
surpresa em minha percepção, apesar do Kim ter alertado-me que o Luis cantava
muito bem, antes mesmo do ensaio realizado em São Paulo.
Bem, cover não é algo da minha predileção, nunca foi e nunca será, mas diante da perspectiva de tocar cerca de trinta músicas dos Rolling Stones, e divertir-me, portanto, e ainda ganhar um cachê por isso, creio que além de não ter arrancado-me um pedaço, foi positivo, fora a convivência e a boa conversa com essa rapaziada. Noite de 18 de junho de 2016, no "Milwaukee" de Ribeirão Preto-SP, com cerca de duzentas pessoas na plateia.
Missão cumprida...You Can't Always Get What you Want...
Selfie no camarim da casa de espetáculos, "Milwaukee", de Ribeirão Preto-SP em 18 de junho de 2016. "Rolling Stones Live Cover", da esquerda para a direita: Kim Kehl (guitarra e voz), Angelo Salinas (voz), Luis Antonio Melantonio (bateria e voz), Luiz Domingues (baixo) e Alexandre Mandaliou (guitarra)
Depois desta história que acabei de contar, o próximo trabalho avulso que fiz, foi uma nova investida com o dito: "Marc Bolan brasileiro". Mais um show com Edy Star, no começo de 2017 e que rendeu histórias muito interessantes.
Continua...
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