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quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Trabalhos Avulsos - Capítulo 41 - Jam-Session & Reencontros no Hid Trio - Por Luiz Domingues

O Hid Trio em ação! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi 

Eu encerrei o ano de 2017, bastante satisfeito com o desempenho de minha banda naquela atualidade, Os Kurandeiros, e portanto, esperançoso de que no desenrolar do novo ano, de 2018, que iniciar-se-ia, essa boa fase continuaria, com certeza. 

No entanto, antes mesmo d'Os Kurandeiros sinalizarem novidades, eis que recebi um convite para participar de uma apresentação de uma banda cover ocasional e que ficara sem a presença do seu ótimo baixista, repentinamente, para cumprir tal compromisso. Só que não tratou-se de um pessoal estranho, mas na verdade, um combo formado por outros dois músicos com os quais eu tivera três jornadas importantíssimas na minha carreira e logicamente que pelo fator humano, igualmente, eram (são) amigos pelos quais eu tenho grande apreço, amizade e gratidão, por inúmeros e óbvios fatores.

O set do "Hid Trio" a postos para tocar no Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi

Falo sobre Rodrigo Hid e Ivan Scartezini. Com Rodrigo, trabalhamos no Sidharta (1997-1999), Patrulha do Espaço (1999-2004) e com o Pedra (2004-2011 & 2012-2015). Já com Ivan, estivemos juntos no Pedra (2006-2011 & 2012-2015). Fora as participações do Rodrigo no Pitbulls on Crack (1996 e 1997), e um show avulso que eu e Ivan fizemos ao acompanharmos o cantor, Edy Star (2014). Em suma, eu acumulava muita história com esses dois amigos de longa data.

A cozinha que tão bem trabalhou em favor do "Pedra", de volta e logo no início de 2018, ainda que sob uma oportunidade sazonal, apenas. Set minimalista de baixo de Luiz Domingues e de bateria de Ivan Scartezini. Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi

Hid & Scartezini estavam a tocar muito pela noite, nos últimos tempos e não apenas com esse combo. Com agenda lotada, ambos desdobravam-se em muitas outras bandas pela noite e no caso do Rodrigo, dada a sua facilidade em também atuar sozinho, a empreender apresentações em formato voz & violão e voz & piano, ele estava há tempos sob uma rotina de tocar toda noite, praticamente, e isso explicava a morosidade para concluir o seu disco solo e cuja história eu já iniciei a contar, visto que participei em duas faixas como convidado especial e tendo outro grande companheiro de jornada, o baterista superb, José Luiz Dinola, meu ex-colega d' A Chave do Sol (1982-1987) e Sidharta (1998-1999), envolvido em tal disco, igualmente. 

Então, essa história sobre o disco solo de Rodrigo Hid, ainda há por gerar mais capítulos, certamente, visto que eu estava convidado por ele, nessa ocasião, a gravar mais faixas.

Da esquerda para a direita: Luiz Domingues; Ivan Scartezini e Rodrigo Hid. O Hid Trio em ação! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi

Sobre a apresentação em si, a minha presença fora requerida para substituir outro grande amigo em comum, o genial baixista & guitarrista, Marcião Gonçalves, que por um impedimento de saúde, não podia estar presente nessa noite. Um motivo desagradável, certamente, mas eu estava a torcer pelo pronto restabelecimento do amigo, é claro.

Scartezini & Hid (foto 1), eu (Domingues) & Scartezini (foto 2) e Scartezini & Hi (foto 3). Hid Trio no Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi 

Sobre a casa noturna em que tocamos, o Kildare Irish Pub, eu fui informado que pertencia ao proprietário de outra casa tradicional de São Paulo e também sob orientação temática irlandesa, o Finnegan's. Portanto, a ideia seria essa mesma de se manter a ambientação centrada nas tradições culturais e gastronômicas dessa nação europeia, principalmente em termos de suas bebidas ali oferecidas. 

Esta casa em específico, localizava-se no bairro de Cidade Monções, que na verdade é um subdistrito do bairro do Brooklin, na zona sul de São Paulo. E fixada na mesma rua onde fica a Sociedade Hípica Paulista, com a sua área gigantesca e tradicional naquele quadrante do bairro, para quem gosta do hipismo.

O Hid Trio em ação! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi
 
E o que tocamos, bem, não foi nada muito diferente do que eu estava habituado a tocar com Os Kurandeiros, em termos de releituras de Blues & Rock'n' Roll internacional clássico. Portanto, acostumado a tocar 80% daquelas canções, e por ter em conta que os 20% restantes foram músicas que eu nunca tocara, mas conhecia e as tinha em minha memória afetiva, não tive problema algum para tocar sem ensaios e sem nenhuma menção de preparação prévia para tal.

Emblemático, por conter uma vizinhança bem ruidosa, por conta de muitas casas noturnas no entorno, o fato das casas vizinhas estarem abarrotadas com público, sob som mecânico a todo vapor e a tocar a música popularesca de péssimo gosto, mas na crista da onda do mainstream da ocasião e o nosso público ali presente onde estávamos, mostrar-se bem modesto, em absoluto contraste, fora mais um reflexo dos tempos ruins para os Rockers sobreviventes em meio a um ambiente hostil. 

Scartezini queixou-se muito da cena, ou melhor, a completa ausência de uma, mais diretamente a exprimir e realmente o panorama de 2018, que mal iniciara-se naquele dia, foi esse.

A cozinha do Pedra em reunião prazerosa! eu (Domingues) & Scartezini em ação! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi 

Bem mais resignados, eu e Hid relevamos e de fato, apesar de concordar que a situação mostrava-se periclitante, estávamos imbuídos em levar adiante, apesar de sabermos disso. 

E no meu caso, mesmo em plena aproximação da vida sexagenária, o meu ímpeto Rocker ainda falava mais alto e otimista por natureza, ainda acreditava que os agentes que fomentavam deliberadamente a anti cultura haveriam por apodrecer... um dia, que fosse... 

De volta à apresentação em si, nem só com lamúrias ficamos a conversar. Muito pelo contrário, rimos muito ao relembrarmos passagens engraçadas vividas pelos três em comum, principalmente no caso do Pedra, onde convivemos por quase dez anos. Ivan levara a bateria de brinquedo de seu filho, Lucas. Lembro-me quando ele a comprou para o seu menino, no já longínquo ano de 2009, e o menino agora, 2018, já iria começar a sexta série... e a sua filha, Melissa, completara 17 anos de idade, no dia anterior, ou seja, o tempo voou, se eu lembrar-me que na época do Pedra, os seus filhos eram crianças pequenas. E sobre a mini-bateria, o som que Scartezini tirou dela, foi inacreditável, portanto, sem nenhum demérito em considerar-se ser supostamente, um brinquedo.

Eu (Domingues), Scartezini & Hid, reencontro prazeroso entre amigos ! Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi     

A destacar-se a presença mega-simpática da esposa do Rodrigo, Priscila Scardoa Hid, que sendo filha de um grande músico (o baterista, Beto Scardoa), conhece bem a rotina do Rocker que tem que sobreviver a atuar pela noite. Seu pai toca profissionalmente desde os anos sessenta, tendo sido baterista de bandas cover importantes da noite paulistana, como o "Comitatus", por exemplo, que chegou a ser lendária nos anos setenta e oitenta. 

E na atualidade de 2018, era membro do "Rockover", com o guitarrista Ronaldo Paschoa e o próprio, Rodrigo Hid, na formação. E também a amiga, Regina de Fátima Galassi, que compareceu com o seu filho e nora e proporcionou-nos uma ampla cobertura fotográfica dessa apresentação. 

Noite muita prazerosa, diverti-me muito em tocar canções dos Beatles, Rolling Stones, Ray Charles, Little Richard, The Doors e John Mayall, entre outras feras das décadas de cinquenta e sessenta. E sobretudo, por estar em uma reunião entre amigos e companheiros sob tantas jornadas importantes da minha carreira longeva. 

Na segunda foto, a esposa de Rodrigo Hid pode ser vista no canto, sentada a mesa, a usar um vestido azul. E na terceira, confraternização final: eu (Luiz Domingues), Regina de Fátima Galassi, Rodrigo Hid e Ivan Scartezini (click de Alexandre Galassi). Hid Trio no Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi Click da foto 3: Eric Galassi 

Então, foi assim o meu primeiro show de 2018, não com a minha banda, mas através de um convite inesperado e surgido como participação em um combo formado por amigos, a justificar mais um trabalho avulso e assim computá-lo na minha trajetória e desta feita, com um algo a mais, pois representou um reencontro prazeroso com velhos amigos e ambos, além de companheiros de jornadas importantes, por serem dois músicos talentosíssimos. 

Noite de 6 de janeiro de 2018, no Kildare Irish Pub de São Paulo com Rodrigo Hid & Ivan Scartezini. Cerca de doze pessoas nos assistiram, ali. Posso afirmar, nessa noite fizemos um bolo muito bom com a seguinte receita: 1/2 Sidharta, 3/4 de Pedra, 1/2 Patrulha do Espaço, chacoalhamos com muito Rock'n' Roll, algumas pitadas de Blues e servimos aos que ali nos viram...

Adereço do ambiente. Hid Trio no Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi 

E logo mais, mais uma etapa avulsa com este mesmo "Hid Trio", surgiria e a contar com mais uma surpresa muito agradável.

O Hid Trio em ação... Kildare Irish Pub de São Paulo, em 6 de janeiro de 2018. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi

O Hid Trio com a minha presença (Luiz Domingues), José Luiz Dinola e Rodrigo Hid, em ação. Sidharta, Pedra, A Chave do Sol e Patrulha do Espaço a interligar os três amigos ali a tocarem. Hid Trio no Finnegans Pub de São Paulo, em 28 de abril de 2018. Click, acervo e cortesia de Priscilla Scardoa Hid
  
Eis que uma nova oportunidade para tocar sob total improviso com o Hid Trio, surgiu-me. E exatamente como ocorrera na apresentação em que participei, no início de janeiro de 2018, foi muito prazeroso tocar com o meu velho amigo, Rodrigo Hid, parceiro de tantos trabalhos em conjunto e com um adendo sensacional, eu diria. Conforme relatado no capítulo anterior, naquela ocasião, ocorrida na casa noturna, "Kildare Irish Pub", fora um prazer tocar com Hid & Scartezini, os meus bons companheiros do Pedra. 

E desta feita, Scartezini não poderia participar, mas o convidado seria um outro velho amigo de longa data, pelo qual eu tenho grande apreço pela amizade construída, desde 1980, com intensificação total a partir de 1982, quando tornamo-nos de fato, fraternos e sócios no empreendimento artístico e negócio, chamado: "A Chave do Sol". Portanto, exatamente como fora um prazer tocar com Hid & Scaterzini, onde relembramos os bons tempos do "Pedra", nessa nova noite proporcionada pelo Hid Trio, eu reencontraria o grande: José Luiz Dinola!

José Luiz Dinola e Rodrigo Hid a conversar, em um intervalo da apresentação. Hid Trio no Finnegans Pub de São Paulo, em 28 de abril de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

Mais do que minha ligação fraternal e artística com Dinola e nossa história construída em parceria com Rubens Gióia, Verônica Luhr, Chico Dias, Fran Alves e Beto Cruz, em torno d'A Chave do Sol, haveria uma tríplice relação histórica ali, pois eu, Luiz, Hid & Dinola trabalhamos juntos no projeto, que na verdade fora revestido pelas nuvens psicodélicas e reluzentes a espalhar cores, e que denominou-se: "Sidharta", ali entre o final de 1997 e o início de 1999. 

O Sidharta não foi para a estrada e nem deixou algum registro fonográfico oficial, mas o seu legado, foi levado adiante como a base Chronophágica da Patrulha do Espaço renascida em 1999, portanto, fora devidamente honrado. Em suma, se em janeiro de 2018, nós misturamos: 3/4 de Pedra, 1/2 Patrulha do Espaço e 1/2 Sidharta, na receita do Hid Trio, desta feita, o nosso confeito foi produzido por ingredientes diferentes, mas dentro da mesma árvore genealógica, com 2/3 (ou 2/4) d'A Chave do Sol, 3/4 de Sidharta, 1/2 Patrulha do Espaço e 1/2 Pedra. Portanto, a certeza de que com tais ingredientes, mesmo a improvisar completamente um repertório escolhido na hora e sem set list manuscrito a ser seguido, daria tudo certo e o público receberia um produto saboroso. 

Assim, com tal ótima perspectiva, desloquei-me até as dependências do "Finnegans Pub", localizado no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na noite de 28 de abril de 2018.

Na mesma configuração da foto anterior. Hid Trio no Finnegans Pub de São Paulo, em 28 de abril de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

De fato, tocamos três entradas muito boas a destilar Rocks, Blues, R'n'B, e Soul Music, para agradar o público jovem ali presente e divertirmo-nos muito. Fora isso, o prazer em tocar com os meus amigos e poder conversar animadamente com ambos nos intervalos, foi imenso. Relembramos várias passagens que tivemos em comum nas bandas pelas quais atuamos no passado, inclusive os três, no Sidharta, e assim rimos muito e a noite valeu muito a pena.

As esposas de Hid e Dinola, respectivamente: Priscila Scardoa Hid (esquerda) e Carla Lemos (direita). Trio no Finnegans Pub de São Paulo, em 28 de abril de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

Cabe registrar a simpática presença das esposas de Hid & Dinola, das quais eu também sou amigo. Priscila Scardoa Hid e Carla Lemos também interagiram bastante na prazerosa conversação travada aos intervalos. 

E para não dizer que não houve mais nenhum registro extra, devo relatar que algo engraçado ocorreu-nos nessa noite. Um grupo formado por jovens com feições orientais, parecia divertir-se muito com o nosso som. Riam, aplaudiam e dançavam, a demonstrar alegria e até uma certa euforia pela vibração que gerávamos ali no pequeno espaço do Finnegans Pub. 

Então, assim que encerramos a primeira entrada, um dos rapazes, aproximou-se e a expressar-se com um português bem razoável, embora com forte sotaque, disse-me ser chinês, como os demais, rapazes e moças ali presentes em sua turma e que estavam a gostar. 

Até aí, tudo bem, foi uma abordagem simpática, respeitosa etc. e tal. Mas aí, no decorrer da segunda entrada, o rapaz passou a gritar entre uma música e outra para tocarmos: "Despacito", um hit pop brega e com origem latino-americana/hispânica, que tornara-se "febre" nas redes sociais da internet, entre 2017 e 2018. Sem noção alguma o seu pedido, é claro, foi inacreditável o rapaz pedir isso para nós que estávamos ali a tocar The Beatles, The Rolling Stones, Ray Charles e outros artistas dessa esfera cultural tão dispare ante os seus anseios expressos, verbalmente. 

No próximo intervalo, ei-lo novamente a abordar-me e desta vez ele perguntou-me se nós não iríamos cantar em "espanhol". Nesse instante, pensei que talvez por ser oriundo de uma cultura asiática, completamente diferente da nossa, tendia a confundir o português com o espanhol, ao não notar a diferença. Bem, claro que expliquei-lhe que falávamos português e não espanhol, e que ali, a apresentação estava versada em quase 100 % por canções cantadas em inglês. O rapaz entendia e falava o português com uma certa desenvoltura, mas a seguir ficou novamente a pedir, "Despacito", insistentemente, mas ria, ao parecer apenas querer brincar com tal manifestação despropositada. 

Quando chegou o próximo intervalo, eis que o sorridente chinês aproximou-se novamente e não contente em tentar conversar mais uma vez, sentou-se à nossa mesa e colocou-se acintosamente a prestar atenção à fala da namorada do Dinola, Carla Lemos, que contava-nos algo sobre as suas filhas naquele instante, ou seja, um assunto pelo qual o rapaz não deveria nutrir nenhum interesse, mas de uma maneira deselegante, eis que ele ficou ali até a Carla cair na risada e afirmar: -"ai, gente, não consigo falar assim desse jeito", ao fazer menção ao estranho e insólito rapaz ali sentado indevidamente, em profunda atenção ao que ela dizia. Ou seja, se era louco, sem noção alguma de sociabilidade, um debochado contumaz ou apenas queria ouvir o nosso idioma e aprender o significado das palavras, ficamos sem saber do que tratou-se realmente. 

Nesse instante, ao perceber que a atitude dele não fora ofensiva, eu apenas sinalizei em sua direção a gesticular o clássico sinal de "positivo" e disse-lhe em tom de brincadeira: -"Beijing, Beijing" ("Pequim", "Pequim"), a estabelecer um clima amistoso. Então ele sinalizou positivamente e sempre a sorrir de uma forma desmesurada, talvez um traço típico desses povos asiáticos, e imediatamente voltou ao seio de sua turma. 

Os demais chineses, também riam o tempo todo, mas não foram impetuosos, pois acredito que não sabiam comunicar-se em nossa língua, e nem mesmo em inglês ou espanhol. Em síntese, a concordar com os sorrisos do chinês, sem noção, foi mesmo engraçado lidar com esse jovem estrangeiro e tresloucado...

Bem, foi a segunda participação minha com o Hid Trio, um combo para tocar covers clássicos pela noite, sob total improviso e marcado pelo reencontro de grandes amigos. Teoricamente, a formação dessa banda concentra-se entre Hid, Scartezini & Marcião Gonçalves, outro fraternal colega de longa data. Mas a priori, eu sabia que em qualquer momento eu poderia voltar a ser convidado para atuar e haveria de ser sempre um grande prazer estar por algumas horas a atuar com Hid, Scartezini, Dinola ou qualquer outro amigo que estivesse junto em uma noitada dessas e tinha também a certeza, sempre seriam divertidas tais jornadas musicais.

Dinola & Hid a conversar, com Priscila Scardoa Hid, atrás. Hid Trio no Finnegans Pub de São Paulo, em 28 de abril de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

Portanto, eis que o meu pressentimento veio a concretizar-se em um breve espaço de tempo, ainda em 2018, e assim, esta participação com o Hid Trio ganharia um novo capítulo dentro das histórias construídas ao longo dos meus "Trabalhos Avulsos".

E foi então que o meu velho amigo, Rodrigo Hid, abordou-me no início de setembro de 2018, via "inbox" da rede social, Facebook e formulou-me um novo convite para eu participar de uma apresentação do seu "Hid Trio". Eu já havia participado de duas apresentações desse seu combo super informal, uma vez em janeiro e outra em abril desse mesmo ano, portanto, se não houvesse um impedimento por conta de alguma atividade da minha banda, Os Kurandeiros, seria um prazer participar, novamente. 

E de fato, eu não teria mesmo atividade com Os Kurandeiros, por conta dessa data ter sido reservada para que eu e o próprio, Rodrigo Hid, fôssemos à Belo Horizonte, para tocarmos com a Patrulha do Espaço, mas a lástima, foi que o show em Minas Gerais foi cancelado e assim, além de perder essa apresentação, eu não pude contar com algum show para Os Kurandeiros, e tampouco o Rodrigo com os seus compromissos pela noite paulistana. 

Então, ele arquitetou esse encaixe e eu fiquei feliz por poder participar. Em princípio, a vaga para baterista seria ocupada por José Luiz Dinola, mas de última hora, o meu velho amigo e companheiro de duas jornadas (A Chave do Sol e Sidharta), não pode confirmar a sua participação e assim, o Rodrigo convidou, Renato Amorim, um músico eclético, multi-instrumentista e luthier/técnico em equipamentos musicais em geral.

No primeiro plano, Renato Amorim e atrás, Rodrigo Hid, ambos a preparar o palco do Quina Bar, do Ipiranga, onde tocamos. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018; Click e acervo: Luiz Domingues
 
Renato Amorim e o seu irmão, Elton Amorim, são músicos super técnicos e ambos completamente apaixonados por Rock e música em geral, com característica vintage. Eles mantém há muitos anos uma excelente banda versada pelo Hard-Rock, com forte influência setentista, chamada: "Cosmo Drah", além de outros trabalhos (Elton toca no "Marcenaria", outra banda muito boa) com diversos combos pela noite paulistana e participações em trabalhos de muitos artistas, ambos como side-man, super solicitados. Como luthier e técnicos, os irmãos mantém uma oficina onde atendem inúmeros músicos de São Paulo e ambos ostentam a boa fama de serem obstinados e enquanto não encontram uma solução para consertar um amplificador ou uma guitarra, não desistem e como um amigo nosso em comum, o empresário da noite (o proprietário da casa noturna Rocker, Santa Sede Rock Bar, de São Paulo), Cleber Lessa, costumava dizer sobre os irmãos Amorim: -"eles são tinhosos... consertam qualquer coisa"...
O meu baixo pronto para a luta no palco do Quina Bar e pelos quadros na parede, a minha inspiração ali seria pautada pelo alto nível oriundo de um certo zepelim de chumbo... Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018, Click: Luiz Domingues
 
Sobre o local do show, foi uma coincidência, pois cerca de quarenta dias antes, eu havia participado com uma Jam nos mesmo moldes e até a conter um repertório semelhante, com o genial, Diogo Oliveira e o excelente, Pedro Silva, no mesmo local, o Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo. Portanto, lá estive eu, novamente e já a projetar um público semelhante ou até um pouco maior, pois o inverno estava a esmorecer e a noite não haveria por ser tão fria.

A pele do bumbo da bateria de Renato Amorim, apresentou uma pintura psicodélica muito bonita, entretanto, novato que eu era com fotografias obtidas via telefone celular, não soube capturar isso de uma melhor maneira. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

Cheguei primeiro ao local e só havia a presença de funcionários a realizar tarefas preparatórias básicas. Logo chegou o Renato Amorim e pudemos conversar sobre o Cosmo Drah, Marcenaria e outros projetos musicais em que e ele e seu irmão, Elton Amorim estavam a realizar e também sobre as atividades de sua oficina de Luthieria. 

Foi quando eu notei a pele da frente do seu bumbo, a ostentar uma pintura psicodélica, belíssima, inspirada fortemente no "shamanismo" e que fez a minha imaginação voar até aos livros de Carlos Castañeda. Então o Renato Amorim, informou-me que tal arte fora executada por um amigo nosso em comum, Marcio Brandini. Conheço o Brandini desde 2001, sei que é um excelente mecânico de automóveis, além de restaurador de carros antigos e especialista em preparação para carros de competição. Sabia que ele era um grande baterista, também, mas fiquei surpreso, positivamente por ter tomado conhecimento, ali, de mais um talento de sua parte, pois definitivamente tal pintura ficara muito bonita.

Eis então que eu vi adentrar o recinto, o meu velho amigo e ex-aluno, Carlos "Cali" Keller Rodrigues e sua esposa. Cali é amigo do Rodrigo Hid, pela mesma raiz, ou seja, a minha velha sala de aulas no bairro da Aclimação, nos anos noventa, onde tivemos uma convivência que sedimentou a nossa amizade. Bem, conheço toda a família dele, desde aquela época e o tempo voou mesmo, pois eis que em um dado instante dessa conversação travada nessa noite, ouço histórias a respeito de seu filho, que já completara dezoito anos de idade, sendo que o próprio Cali, eu conhecera quando seguramente teve menos idade, ou seja, envelhecemos, mesmo... 

Fiquei feliz por saber que ele estava a tocar com a sua banda e planeja gravar um disco no estúdio Orra Meu, dos irmãos Schevano, mais dois personagens notáveis que ele também conhecera na minha sala de aulas, nos anos noventa. Que privilégio o meu em ter reunido tanta gente boa em torno das minhas aulas e tantos anos depois, verificar que sedimentaram amizade e estão todos a produzir coisas boas. Mencionou-se também outros alunos que formam tal confraria até os dias atuais, mas ali não presentes naquele instante, como Edil Póstol & Marilu Postól, Zé Reis, Leco Peres, Pepe Bueno e Marcão Martinez. Em suma, que prazer levantar tal reminiscência.

Rodrigo Hid a testar o seu microfone. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues
 
E o que tocamos? O cardápio natural para três músicos com as mesmas influências: Rock, Blues, baladas, Pop, R'n'B das décadas de cinquenta a setenta do século XX, isto é, só coisa boa. Improvisamos bastante, com o Rodrigo a propor músicas bem ritmadas em sua maioria e lá fomos nós a revisitar o material dos Rolling Stones a Ray Charles, a passar por Jimi Hendrix e Raul Seixas. Foram duas entradas recheadas por canções muito boas, com margem para improvisos, muito swing e atesto que saí suado do pequeno palco.
Rodrigo Hid em momento de soundcheck. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues
 
Como ponto negativo em meio a uma boa apresentação musical e a conversa super prazerosa entre amigos, devo atestar que o público presente esteve um tanto quanto alterado e inconveniente. Apesar de ser formado inteiramente por pessoas maduras e com nível social elevado, o alto teor etílico ali, foi patente, pois muitas pessoas gritavam a pedir músicas, mas de uma maneira deveras agressiva e até manifestação de desdém para conosco, tivemos o desprazer de ouvir, da parte de um rapaz que estava bem alterado. Ás vezes, esqueço-me que apresentações em bares revelam-se propícias para tais aborrecimentos... se é que o leitor permite a minha reflexão irônica... 

Renato Amorim e Rodrigo Hid a preparar o palco do Quina Bar. Hid Trio no Quina Bar do Ipiranga, em São Paulo, no dia 15 de setembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues
 
Bem, a relevar-se os etílicos inconvenientes, foi uma noite prazerosa, a constituir-se na terceira oportunidade em que participei do Hid Trio em 2018 e desta feita, além do Rodrigo Hid, a tocar com o excelente baterista, Renato Amorim. 

Aproveito para deixar a indicação de duas resenhas que escrevi para o meu Blog 1, quando abordei um álbum do Cosmo Drah e outro do Marcenaria, trabalhos desenvolvidos pelos irmãos Amorim, e dos quais, recomendo, com bastante entusiasmo. 


Sobre o primeiro álbum do Cosmo Drah:
http://luiz-domingues.blogspot.com/2015/09/cosmo-drah-por-luiz-domingues.html

Sobre o primeiro álbum do Marcenaria:
http://luiz-domingues.blogspot.com/2017/07/marcenaria-1-album-por-luiz-domingues.html

Então foi isso, em 15 de setembro de 2018, um sábado com frio moderado na capital paulista, fui ao bairro do Ipiranga, na zona sudeste de São Paulo e mais uma vez para atuar no palco do Quina Bar, mas desta feita a tocar com Rodrigo Hid e Renato Amorim, no Hid Trio. 

Eis que ao final do ano de 2018, um novo convite nesse sentido, surgiu.

Em meio aos últimos shows da turnê d'Os Kurandeiros com Edy Star, pelas Casas de Cultura espalhadas pelos bairros de São Paulo, e já a aceitar o convite para mais uma apresentação do combo de Lincoln Baraccat, o "Uncle & Friends", o fato foi que mais um convite surgiu em termos de um trabalho avulso, nesse ínterim de dezembro de 2018. 

Novamente procurado pelo amigo, Rodrigo Hid, fui convocado a atuar em mais uma noitada pela noite paulistana, com o seu sazonal combo, Hid Trio. Claro que aceitei o convite, ao ter em vista que eu não teria compromissos com Os Kurandeiros nessa data ventilada. 

E assim, lá fui eu para uma noite sob total improviso com Rodrigo Hid e desta feita, seria um reencontro igualmente com Ivan Scartezini, outro velho companheiro de jornada, ou seja, com ambos, estaria caracterizado ali quase a formação completa do "Pedra", banda pela qual, nós três atuamos fartamente, por cerca de dez anos, juntos.

Rodrigo Hid a arrumar o seu pedestal, antes do início da apresentação. Hid Trio, no Finnegan's Pub de São Paulo, em 20 de dezembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

Sobre tocar um repertório em duas ou três entradas sob total improviso, não foi nenhuma novidade, pois esta seria a quarta aparição minha com o Hid Trio, em 2018 e além do mais, isso não diferenciava-se em nada da minha rotina com Os Kurandeiros, por anos a fio a tocar sem set list fixo no chão para seguir. 

E coincidentemente, muitos dos clássicos do Rock e do Blues que eu tocaria com esses amigos, seriam iguais aos que eu tocava regularmente com Os Kurandeiros, embora em muitos casos, houvesse a execução sob outro tom, porém tal fator não seria um grande problema, em via de regra.

Mais uma foto a retratar Rodrigo Hid, em meio aos preparativos para a apresentação ocorrer. Hid Trio, no Finnegan's Pub de São Paulo, em 20 de dezembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

O local desta feita seria o Finnegan's Pub do bairro de Pinheiros, onde eu já havia apresentado-me com o Hid Trio, mas com a diferença que nessa ocasião anterior, em abril de 2018, o baterista houvera sido, José Luiz Dinola, outro grande amigo e companheiro de uma importantíssima jornada de minha (nossa) carreira, no caso, "A Chave do Sol", nos anos oitenta. 

Cheguei cedo, mas na porta, verifiquei que o Ivan Scartezini já estava no local, a aguardar dentro de seu carro. Coloquei o meu equipamento e instrumento dentro da casa e fui ao seu encontro, quando por cerca de trinta minutos, conversamos bastante, a atualizar as novidades. Inevitável, ficou aquela sensação de que o tempo passa inexoravelmente, visto que ele contou-me sobre a atual idade de seus filhos e que no caso de sua primogênita, Melissa, esta já completara dezoito anos, estava a terminar o ensino secundário, iria ingressar na faculdade e já trabalhava em uma loja de roupas de grife. 

Ora, no tempo do "Pedra", ela era uma menininha na tenra idade da primeira infância e no caso de seu irmão, Lucas, este já encontrava-se na sexta série, e embora ainda tivesse onze anos de idade nessa ocasião, pelo fator genético herdado do pai, já possuía a altura física de sua mãe, ou seja, ainda iria crescer muito, naturalmente.

Ivan Scartezini a dirigir-se para sua bateria, com o telefone celular em mãos. Hid Trio, no Finnegan's Pub de São Paulo, em 20 de dezembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

Ótimas novas, portanto, e assim a conversa preliminar foi bem animada. Rodrigo chegou com substancial atraso, mas nada alarmante e assim que rapidamente instalou-se, colocamo-nos a
tocar e foi uma apresentação tranquila. 

Só um fato foi diferente e deveras fora de propósito, aliás, pois eis que o Rodrigo comunicou-me que a sua guitarra estava preparada com uma afinação alternativa, em meio tom abaixo do usual. Certo, afinei o meu baixo nesse padrão e a alegação de sua parte fora que tal guitarra estava assim afinada por atender a necessidade de uma banda cover com a qual atuava pela noite e que na pressa, não fora possível buscar outra guitarra sua em casa, para que pudesse tocar na afinação normal e por manter-se esta guitarra em específico, acostumada com tal padrão, ele temia que a afinação normal não sustentasse-se durante a nossa apresentação. 

De fato, é preciso alguns dias para uma afinação amoldar-se e não cair o tempo todo em qualquer instrumento de cordas, pelo fator da diferente tensão das cordas ao braço do mesmo. Tudo bem, temi que o meu baixo também sofresse com o fator do sentido inverso, em sair da afinação normal para essa, alternativa, mas não tive grandes problemas nesse sentido. 

O que foi ruim, e isso eu já previra, foi que o timbre dos dois instrumentos foi bastante prejudicado. Infelizmente, eu tive que tocar assim, não teve jeito, com o som do baixo a parecer com o som de bandas pesadas e modernosas, pelas quais eu tenho aversão natural.

Ivan Scartezini a aguardar os preparativos para a apresentação. Hid Trio, no Finnegan's Pub de São Paulo, em 20 de dezembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

Independente dessa questão da afinação forçada, tocamos com bastante margem para improviso, com bastante alegria, eu diria, pois era (é) sempre bom tocar com velhos amigos. 

Nas Redes Sociais, apesar de ter havido pouco tempo para exercermos uma divulgação chamativa, houve uma grande interação da parte de muitas pessoas, entre amigos e fãs do Pedra e da Patrulha do Espaço, o que deixou-me bastante feliz, pelo carinho recebido.

Ivan Scartezini e Rodrigo Hid a se aprontarem para o espetáculo. Hid Trio, no Finnegan's Pub de São Paulo, em 20 de dezembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

Foi tudo muito leve, divertido e prazeroso, a não ser pela incidência de uma turma de rapazes bem alterados pelo ponto de vista do consumo de bebidas alcoólicas, que não chegou a ser descortês, tampouco arrogante para conosco, mas o fato, foi que o estado de embriagues desses rapazes, estava bem alto ao ponto de portarem-se com inconveniência. 

Ao exagerar nos elogios e nas reações a cada música, teoricamente tal euforia deveria ter revertido-se em um fator forte para estabelecer uma sinergia poderosa em nosso favor, mas o exagero motivado pelo fator etílico, não deixou-nos dúvidas que toda aquela manifestação superestimada, passara muito da conta, ou seja, a aborrecer-nos.

Ivan Scartezini a aguardar o início da apresentação. Hid Trio, no Finnegan's Pub de São Paulo, em 20 de dezembro de 2018. Click e acervo: Luiz Domingues

Isso tudo, fora o fato de que o mais impetuoso entre os tais rapazes, decorara os nossos respectivos nomes e a cada intervalo, os seus berros a exortar as nossas respectivas performances, cansou-nos sobremaneira. E mais um fato engraçado, ao fazer questão de ofertar-nos bebidas, o tempo todo, ficou estupefato quando ao abordar-me, verificou que eu não aceitei e pelo contrário, logo fui a dizer-lhe que não bebia, ou seja, eu fiz uso da extrema sinceridade como uma estratégia premeditada, justamente para que ele não insistisse mais. Sei que na sua euforia despropositada, ele quis ser gentil, mas a sua expressão facial quando revelei-lhe ser abstêmio, foi hilária.

Rodrigo Hid a afinar a sua guitarra. Hid Trio, no Finnegan's Pub de São Paulo, em 20 de dezembro de 2018. Click: Luiz Domingues

Um amigo do Rodrigo, chamado: Alexandre, apareceu para tocar gaita conosco, mas não deu para participar muito, visto que pelo fato do baixo e guitarra estarem afinados fora do padrão, meio tom para baixo, isso dificultou-lhe a vida, pois ele não tinha em seu arsenal de gaitas, todas diatônicas, nenhuma com característica cromática, para tentar adaptar-se, uma pena. 

Ao final, uma turma de estrangeiros apareceu e também bem alterados pelo fator etílico, dançou e vibrou bastante com a nossa versão do clássico dos Rolling Stones, "Miss You", que executamos ainda mais funkeada do que a versão dos próprios Stones. 

E mais uma surpresa agradável, o baixista superb, Gabriel Costa, apareceu e ali nós travamos uma conversa agradabilíssima sobre o King Crimson, com particularidades que ele contou-me sobre ter visto um show recente do grande Rei Escarlate, em Londres. Detalhista, especialista e Progger setentista de coração e alma, Gabriel quase foi às lágrimas ao narrar-me a sua experiência e confesso, pela riqueza de sua dissertação e pelo seu teor, sobretudo, também marejei os olhos. Em pleno mundo de final de 2018, lembrar da arte sublime de Robert Fripp e de seus companheiros, nos longínquos anos setenta, só pode mesmo provocar-nos a nostalgia sob êxtase.

O meu baixo (Luiz Domingues), pronto para entrar em ação. Hid Trio, no Finnegan's Pub de São Paulo, em 20 de dezembro de 2018. Click: Luiz Domingues

Não há registros de nossa apresentação, nem com filmagem, tampouco fotos. As que ilustram este capítulo, registram apenas a preparação e foram clicadas por eu mesmo, Luiz Domingues. Além de não dispor de um bom equipamento para tal, sou péssimo fotógrafo, assumo isso com humildade. E dessa forma, são poucas fotos a mostrar apenas, Ivan Scartezini e Rodrigo Hid nos momentos de preparação do equipamento e do soundcheck, que foi super ligeiro. A representar-me, a última foto mostra o meu baixo no suporte, apenas isso. 

Bem, fiz quatro apresentações com o Hid Trio em 2018, agradeço muito ao Rodrigo pelo convite em tais oportunidades, assim como aos bateristas que estiveram conosco em tais apresentações: Ivan Scartezini (por duas vezes), José Luiz Dinola e Renato Amorim. Talvez em 2019 surgissem novas oportunidades e nesse caso, mesmo não sendo uma banda regular em que eu fosse um membro, posso afirmar que este capítulo poderá ter mais desdobramentos. Portanto, possivelmente esta história continua.

Mas para efeito de continuidade dentro do meu texto autobiográfico, eis que após as duas primeiras apresentações que fiz com o Hid Trio, em janeiro e abril de 2018, um outro convite semelhante, ocorreu-me, e assim, é sobre isso que o próximo capítulo trata. Desta feita, o convite foi para participar de um combo montado com muitos músicos da pesada, para tocar ao ar livre, em um bairro de São Paulo, onde eu tenho raízes e lembranças dos anos sessenta...

Continua...

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