Para melhor situar o leitor, vale a pena esclarecer que apesar de possuir um bom trabalho autoral e ser, portanto um compositor, guitarrista e vocalista, Lincoln Baraccat não tinha a carreira musical como prioridade em sua vida. As suas principais atividades pautavam-se pelas artes gráficas, onde ostentava uma carreira prolífica, ao atuar como fotógrafo, ilustrador, chargista, desenhista, arte-finalista, webdesigner e publicitário.
Já ouvia falar sobre a sua fama, como fotógrafo, desde os anos oitenta, mas não o conheci nessa ocasião. Soube que mudara-se do Brasil, e assim, não houvera uma perspectiva para que trabalhássemos juntos, presumivelmente.
Foi somente em 2014, que finalmente eu conheci, Lincoln Baraccat, pessoalmente, quando este compareceu ao Magnólia Villa Bar, para prestigiar mais uma apresentação da então, “Magnólia Blues Band”, banda que mantinha como núcleo base, os próprios Kurandeiros, acrescido do tecladista, Alexandre Rioli, com o intuito de se convidar um artista por semana para uma grande Jam-Session.
Todavia, foi nos bastidores do evento, “Festival Mulherada Criativa”, ocorrido em julho de 2018, que ele abordou-me e formulou o convite, a avisar-me que tinha em mãos a certeza de contar com três músicos da pesada, os guitarristas excepcionais, Roy Carlini e Caio Durazzo, além do monstruoso baterista, Franklin Paolillo e da cantora, Amanda Semerjion, dona de uma voz belíssima.
Cada vez que apresenta-se, Lincoln Baraccat inventa um nome novo para a banda e o seu show, especialmente cunhado para cada ocasião e desta feita, apresentar-nos-íamos como: “Uncle & Friends”.
Fui informado que Caio Durazzo estava a chegar, por dirigir-se diretamente de um outro evento onde tocara no início daquela tarde, e Roy Carlini, idem, pois apresentara-se em uma cidade interiorana próxima, e sinalizara estar na estrada, de volta à São Paulo, e já quase a chegar. Viria com ele, a sua esposa, a cantora, Amanda Semerjion, que também participaria.
Eis que o excepcional baterista, Franklin Paolillo chegou e a banda que precedera-nos, tocava os seus últimos números. Em tom de brincadeira, algum amigo falou ao Lincoln, que não teríamos outra alternativa, a não ser tocarmos como trio, visto que os demais convidados não haviam chegado ainda.
Ele brincou, também, ao responder que acalentara
desde sempre esse sonho de
tocar com um formato “Power-Trio”. Eu não receei, pois se isso de fato
concretizasse-se, pelo fato dele ser o compositor das canções, sabia
toda a harmonia,
melodia e letras das canções, obviamente. E como eu estava seguro sobre a
minha
parte e o Franklin Paolillo, além de ser um baterista monstruoso, também
já
havia feito outras apresentações a executar esse trabalho do Lincoln, eu
não enxerguei
nenhum problema em começar o show só entre nós três, caso os demais
participantes chegassem
atrasados.
O
senhor que subiu inesperadamente ao palco para cantar e ao seu lado,
mais jovem e alto, o organizador da Feira, Cleber, do Centro Cultural da
Vila Pompeia. Lastimavelmente, desconheço o nome desse veterano senhor,
para citá-lo, aqui. Festival A Gosto Musical, na Vila Pompeia em São
Paulo. 19 de agosto de 2018. Click, acervo e cortesia de Zéppa de Souza
Filho
Então
subimos ao palco e iniciamos os preparativos pessoais, quando o
organizador geral da Feira, o Cleber, que costuma organizar todas as
feiras do bairro ao
longo do ano inteiro, surgiu no palco a conduzir um senhor idoso, e eu percebi
que este veterano senhor,
balbuciou alguma coisa com o Lincoln, mas nessa confusão com técnicos a
fazerem
ajustes na troca de set up de uma banda para a outra, eu imaginei que o
senhor
queria falar ao microfone, talvez para pronunciar um agradecimento ou emitir
algum
recado com interesse público.
Mas eis que o vejo a falar com o Lincoln, sobre tonalidade de músicas e assim que percebi a situação que desenhara-se, não deu tempo para esboçar uma reação sequer, pois o senhor em questão virou-se em minha direção e perguntou-me: -“o senhor é que vai tocar contrabaixo?" E nem deu tempo para eu responder-lhe, pois a seguir falou-me: -"Lá menor, vamos tocar uma canção mariache, mexicana”...
Bem, não foi nada difícil para executar, mas assim sob surpresa, realmente... e o público adorou, não pela excelência musical, dada a improvisação absoluta ali estabelecida, mas gostaram da figura do senhor idoso, e que empolgara-se em cantar, ao soltar a voz, mediante um gestual bem típico de cantores de outrora, a sua referência pessoal, certamente.
Tudo bem,
não
custou-nos nada dar atenção ao senhor idoso e nessa altura, Roy Carlini
já
havia chegado e montava o seu amplificador ao meu lado. Mas eis que o
senhor
fulmina-nos ao dizer ao microfone: -“Ré menor, Rock Around the
Clock”... e
saiu a cantar, mesmo que nós não houvéssemos emitido um acorde inicial
para ele ajustar a
sua voz, à tonalidade. O público apreciou, mesmo ante a precariedade
inusitada
da situação e mesmo a atrapalhar-se com a letra e não respeitar o mapa
harmônico
da música, ele conseguiu interpretar até o seu final.
O
senhor em questão, mediante a minha presença encoberta, atrás, com Lincoln
"The Uncle" Baraccat, ao seu lado e Franklin Paolillo, atrás na bateria e
encoberto. Festival
"A Gosto Musical", na Vila Pompeia em São Paulo. 19 de agosto de 2018.
Click, acervo e cortesia de Marcos Vinícius Troyan Streithorst
Dessa forma, mais uma vez o senhor forçou a situação, ao
anunciar: -“Rock Around the Clock”, quando o Lincoln retrucou-lhe: -“mas o senhor
acabou de cantar essa”... e o senhor em questão, a mostrar-se desorientado, respondeu-lhe: -“já cantei?"
Bem, realmente seria de bom tom ter parado ali, e tudo bem, mas o idoso a seguir, gritou, entusiasmadamente: -“Tutti-Frutti” e começou a cantar o clássico de Little Richard, mas nós tocamos só um pequeno trecho e logo o Lincoln deu um basta, ao agradecer a participação do senhor, para dar a entender que estava encerrada a sua forçada participação e que, por conseguinte, nós precisávamos iniciar oficialmente o nosso show.
Nessa altura, o
guitarrista, Caio Durazzo já estava no palco, pronto para atuar conosco e a
cantora, Amanda Semerjion, encontrava-se no backstage, também pronta para atuar
e ela não cantaria em todas as canções, apenas aguardaria o seu momento para participar, ali no início do espetáculo.
Na última canção, “Bolinha de Gude”, o radialista, Rogério Utrila, subiu e cantou junto com Lincoln. Em suma, foi uma apresentação autoral de um trabalho que não teve um ensaio prévio, mas que soou tão bem, que pareceu uma banda a trabalhar com regularidade. O público apreciou, a feira estava bem cheia e apesar do inverno de 2018, ter lembrado os invernos antigos em São Paulo, dada a incidência de baixas temperaturas por bastante tempo, neste domingo em específico, o frio apresentou-se moderado e assim, muitas famílias estiveram presentes, com idosos e crianças, incluso, portanto, foi bastante movimentado e divertido, em meio a tantos Food Trucks e Rock’n' Roll a predominar no palco.
Mais flagrantes da apresentação. Festival "A Gosto Musical", na Vila Pompeia em São Paulo. 19 de agosto de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Marcos Vinicius Troyan Streithorst
Mais flagrantes da apresentação. Festival "A Gosto Musical", na Vila Pompeia em São Paulo. 19 de agosto de 2018. Click, acervo e cortesia de Leandro Almeida
E mais uma particularidade, que na verdade revelou-se uma incrível coincidência: Lincoln, Roy e Caio, tocaram com guitarras Fender Telecaster ! Creio que não combinaram entre si, mas os três usaram o mesmo modelo, algo que eu não nunca havia visto antes e até o Luiz Carlini observou tal peculiaridade com precisão, por ter sido algo muito exótico. A tarde da trinca Telecaster...
Confraternização final no pós-show. Festival "A Gosto Musical", na Vila Pompeia em São Paulo. 19 de agosto de 2018. Click, acervo e cortesia de Vanderlei Bavaro
Como costuma ser usual nesse campo dos trabalhos avulsos, mesmo que estes não sejam pautados pelo compromisso formal em estar inserido dentro de uma banda, em meio às suas atividades normais de carreira, o fato é que muitas vezes podem trazer em seu bojo, uma continuidade, sob uma outra circunstância e nesse caso, não importa se isso realiza-se sazonalmente.
Foi o que ocorreu com o trabalho do guitarrista, compositor e cantor, Lincoln "The Uncle" Baraccat. Sobre a sua pessoa, já discorri anteriormente e não cabe repetir, mas saliento que a sua personalidade Rocker e multifacetada, em meio aos seus talentos como fotógrafo & ilustrador é um fato público e notório, e devo acrescentar, algo bastante celebrado no meio e aliás, há muito tempo, vide as suas ilustrações para a revista: "Rock; a História e a Glória", nos igualmente gloriosos, anos setenta.
E foi assim, ao início de dezembro
de 2018, que Lincoln abordou-me via Rede Social Facebook e consultou-me
sobre uma data a ser cumprida dali a duas semanas e sob condições
parecidas com as quais eu havia participado em sua banda, em agosto, ou
seja, novamente ao ar livre em uma das feiras organizadas pelo Centro
Cultural da Vila Pompeia. Eu tinha um show a cumprir com Os Kurandeiros,
a minha banda, apenas para o dia anterior, e assim, pude aceitar a sua
gentil oferta e mais uma vez, coloquei-me à sua disposição para atuar ao
lado do "Uncle & Friends".
Fui informado que o time escalado seria o mesmo que atuara em agosto, o que também deixou-me feliz e honrado por mais uma vez poder tocar ao lado de tantas feras, jovens e veteranos mesclados, mas todos com algo em comum: a extrema destreza em suas respectivas especialidades. Portanto, que prazer fazer um som com tantos músicos tão bem gabaritados e tarimbados.
E sobre o repertório, este seria um tanto quanto reduzido, pois este festival seria mais enxuto, com menos atrações e todas a cumprir um set mais econômico, talvez a visar a preservação do sossego dos moradores daquele quadrante do bairro, visto que em contrapartida ao fato que a maioria aprovava a realização das feiras pelo bairro da Vila Pompeia, e as aproveitam com a família, em peso a consumir o que era vendido nas inúmeras barracas e nos muitos food trucks ali presentes, haviam os que não gostavam da interdição do trânsito e sobretudo da música, que em predomínio, pendia para o Rock.
Ainda a falar sobre o repertório, seriam apenas
oito canções, desta feita, mas dentro daquele universo do que tocáramos
em agosto, portanto, apenas retomei a audição e reforcei a execução de
canções que eu já havia participado, anteriormente.
Domingo, sob forte calor e com previsão de chuva, ao cair da tarde, assim que eu cheguei ao bairro, o que predominara mesmo, fora o calor. Parecia uma típica tarde interiorana, mas a assolar a capital, com um sol abrasador, e pouca incidência de brisa a caracterizar uma sensação térmica semelhante a de uma estufa. E para agravar, como é uma praxe nos festivais organizados nesse ultra simpático bairro paulistano, mas visto pelo lado negativo, achar uma vaga de estacionamento grátis pelas ruas é uma raridade.
Rodei bastante até achar uma vaga em frente ao colégio das freiras (Sagrado Coração de Jesus), na Rua Coronel Melo de Oliveira, ou seja, para quem conhece a Vila Pompeia, sabe que parei longe da Rua Padre Chico, onde realizar-se-ia o evento. Na ida, em declive, tudo bem andar com o bag do baixo às costas, mas na volta, já imbuí-me da determinação de pedir carona para algum amigo, pois a subida seria dolorosa. Assim que cheguei ao backstage, já encontrei muitos amigos, o que também é uma praxe nesses festivais, mas nesse aspecto, como algo extremamente positivo.
Uma banda tocava e o som agradou-me, o Borsatti Blues Band executou muitos clássicos do Blues e do Blues-Rock, muito bem tocados, a apresentar um bom time de músicos. Não conhecia ninguém ali dessa banda, mas gostei da desenvoltura da rapaziada.
Foi quando ao término do espetáculo dessa banda citada, o tempo começou a virar. Ventos fortes vieram a tornar o azul do céu, inexistente e por conseguinte a encobrir a luz do sol. Chuva anunciada, vi com tristeza que muitas famílias apressaram-se a evadirem-se do local. Pais a carregar com rapidez os seus filhos pequenos, idosos e pessoas a conduzir pequenos animais domésticos a sair, os comerciantes a esboçar, de uma forma ligeira, tomar providências para proteger as suas instalações móveis e o inevitável ocorreu.
Muita água caiu, com a sempre assustadora ação de raios & trovões e aos gritos, a ordem para desligar-se o gerador que alimentava o palco, foi ouvida por todos, com a energia elétrica devida e prudentemente cortada. Tudo levou a crer, pelo panorama ali desenhado, que o evento seria encerrado abruptamente, mas a produção foi paciente e pediu aos músicos que apresentar-se-iam na sequência, para que todos aguardassem no local. Cerca de noventa minutos depois, a chuva deu a sua trégua e o gerador foi ligado novamente. Haveria a continuidade e o organizador geral já contava-nos que havia ligado para a Secretaria de Cultura do Município e havia recebido a autorização para prorrogar a festa, por mais um tempo. Azar dos que não gostam da movimentação ali instaurada, pois haveria de atrapalhar o início da sua noite a assistir os programas populares da TV e inevitavelmente a prejudicar a ação dos motoboys que entregam pizzas e assim, consequentemente, retardar o jantar de muitos moradores das redondezas.
Então, com substancial atraso, eis que a banda programada para atuar às quinze horas, enfim subiu ao palco. Chamada, como: "Banda Vivo Black", esta apresentou um repertório recheado por clássicos do Rock sessenta-setentista, mas de uma forma peculiar e devo dizer, criativa, pois tudo pôs-se a soar como Soul Music, à moda antiga, permeado por doses maciças de R'n'B; Funk (o verdadeiro) e Blues-Rock.
Em suma, foi agradabilíssimo, e mesmo por que, os seus componentes, todos, tocaram muito bem e o vocalista apresentou uma voz rasgada, ao melhor estilo de um cantor de Soul, da velha guarda. Eu, e quase todos que estavam ali a assistir, deliciamo-nos com a performance da ótima banda, em meio aos seus arranjos criativos e tudo mediante a escolha de timbres vintage, para garantir a fidedignidade de suas escolhas e proposta.
Tarde a cair rapidamente, com o atraso devidamente absorvido por todos, foi com tranquilidade que preparamo-nos para atuar, mas de antemão, duas surpresas estavam computadas. A primeira, ruim, deu-se quando eu fui avisado que o excepcional guitarrista, Roy Carlini e sua esposa, a ótima cantora, Amanda Semerjion, não tocariam conosco, por conta de algum contratempo de última hora. Uma pena, pois ambos são ótimos e o desfalque só não seria totalmente desastroso, pois sabíamos que Caio Durazzo já estava ali e com seu talento, haveria por suprir a lacuna.
E de última hora, o meu amigo, Kim Kehl, que também participaria
do evento a apresentar-se com o combo: "Reunion Pompeia" (Carlinhos
Machado também atuaria nesse combo), foi convidado pelo Lincoln e faria
ao menos uma canção conosco, o hit de Baraccat, "Bolinha de Gude".
Na
primeira foto, Lincoln "The Uncle" Baraccat, o anfitrião da tarde. Foto
2: Caio Durazzo, Lincoln "The Uncle Baraccat, Franklin Paolillo e eu (Luiz
Domingues). Foto 3: Lincoln "The Uncle" Baraccat, Caio Durazzo,
Franklin Paolillo e eu (Luiz Domingues). Uncle
& Friends no Festival Mulherada Criativa, na Vila Pompeia em São
Paulo, em 16 de dezembro de 2018. Clicks; acervo e cortesia: Dani
Spinosa (foto 1) e Vanderlei
Bavaro (foto 2)
Mas houve
uma terceira surpresa. Franklin Paolillo havia tocado naquela tarde, em
outro evento, com uma banda orientada pela MPB, com ares a oscilar entre o
Samba-Rock e o Reggae e pedira ao Lincoln para que esta banda, cujos
membros estavam todos ali reunidos, para que estes tocassem duas músicas antes
de nós, como um encaixe de última hora.
Foi então que eu fui surpreendido pela abordagem de um dos seus componentes, o simpático violonista, chamado, Eugênio, que reconhecera-me por conta de meu trabalho nos anos 1980, com A Chave do Sol. Poxa, que prazeroso travar essa conversação ali nos bastidores.
Para tornar tudo ainda mais familiar, verifiquei que o baixista da banda fora o extraordinário, Xantilee Jesus, meu amigo virtual de Facebook, mas que eu nunca havia encontrado, pessoalmente. Claro que a conversa foi animada também com ele e com o não menos simpático guitarrista da banda, que igualmente reconhecera-me como antigo componente d'A Chave do Sol.
Os rapazes tocaram dois números e então, foi assim que o quarteto base, formado por Lincoln "The Uncle" Baraccat, o esfuziante, Caio Durazzo, o espetacular, Franklin Paolillo e eu, Luiz Domingues, no baixo, iniciamos a apresentação e devo dizer, a missão tornara-se difícil após a ótima performance das bandas anteriores, a "Banda Vivo Black" e seu som todo cheio de swing da Soul Music clássica sessenta-setentista e também em relação à banda de Reggae & Samba-Rock, contudo, a nossa garra Rock'n' Roll chegou com muito vigor e de pronto, o público respondeu com muita sinergia, o que deu-nos aquele entusiasmo para fazer da longa espera pela chuva parar, algo totalmente esquecível naquele instante.
O Rock mandou ali em cima do palco e em meio ao entusiasmo do Lincoln para executar as suas canções, tivemos o brilhantismo da guitarra de Caio Durazzo, e a quebradeira ultra-swingada de um gênio das baquetas, chamado, Franklin Paolillo. Tocar com um monstro desses, além da obviedade de ser um super prazer poder dividir (no sentido literal da divisão rítmica), no total improviso, as suas viradas incríveis, também sempre abriria a possibilidade da epifania ser gerada, ao transportar-me de imediato para 1975, e ali, no calor dos meus quinze anos de idade, a ouvir boquiaberto a massa sonora proveniente do LP "Fruto Proibido", de Rita Lee & Tutti-Frutti, e jamais poder supor, naquela época, que um dia eu poderia tocar com essa fera.
E para tornar a experiência ainda mais prazerosa,
Paolillo é um dos seres humanos mais incríveis que eu conheço, no meio. O
fato de ser um monstro na música, não extrai um milímetro da sua
humildade padrão, fato raro, muito raro em um meio tão permeado por egos
infláveis por todos os lados. O set foi curto, mas com aquele calor
humano gerado, ficou aquela ótima impressão de uma sinergia perfeita,
agradável, e a reviver o verdadeiro sentido do Rock.
Bem, logo chegou a última canção, e Kim Kehl subiu ao palco. Foi um delírio Rock'n' Roll, com uma execução que ultrapassou quinze minutos de duração em torno de um Rock tradicional, com estrutura cinquentista, em torno dos três acordes básicos, mas apesar de ter ficado extensa, foi bastante empolgante.
O ótimo guitarrista, Marcelo Frisoni, em momento de êxtase na performance, com Lincoln "The Uncle" Baraccat a tocar e observá-lo. Uncle & Friends no Festival Mulherada Criativa, na Vila Pompeia em São Paulo, em 16 de dezembro de 2018. Click, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro
Eis que eu vejo então, sob total improviso, o ótimo guitarrista, Marcelo Frisoni, adentrar ao palco e apanhar a guitarra de Caio Durazzo, para entrar com tudo em nossa Jam. Rogério Utrila já estava a cantar conosco e tocar um cowbell. A "festa do Rock" consumara-se, como teria dito o grande guitarrista argentino, Eduardo Deposé...
Na
primeira foto, o quarteto base dessa atuação do "Uncle & Friends.
Na foto 2, da esquerda para direita: Kim Kehl, Caio Durazzo, eu (Luiz
Domingues), Franklin Paolillo e Lincoln" The Uncle Baraccat. Foto 3, o
quarteto base com Caio Durazzo, eu (Luiz Domingues), Franklin Paolillo e
Lincoln "The Uncle" Baraccat. Uncle & Friends no Festival Mulherada
Criativa, na Vila Pompeia em São Paulo, em 16 de dezembro de 2018.
Clicks, acervo e cortesia: Vanderlei Bavaro
Noite já a
avançar, assisti a apresentação do "Reunion Pompeia", combo que
sucedeu-nos e uma alma caridosa (Lara Pap, a produtora d'Os Kurandeiros),
ofereceu-me carona até onde eu estacionara o meu carro. Realmente,
cansado pela longa espera, a acrescentar a performance no palco, teria
sido um martírio subir aquela ladeira íngreme.
Missão cumprida e ainda nessa
tarde de 16 de dezembro de 2018, Lincoln, "The Uncle" Baraccat, disse-me que
haveria a perspectiva para filmar-se três canções de seu repertório, sob
uma performance ao vivo, para a montagem de eventuais clips, ou
"promos" como dizia-se antigamente, em um estúdio de uma produtora de
cinema. Quando? Talvez em janeiro de 2019, portanto, esse trabalho com
"Uncle & Friends" ainda poderá verter em mais histórias...
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=RYYcONIceT8
Portanto, possivelmente... continua...
HOMENAGEM SE FAZ EM VIDA e eu, por aqui, emocionado comento assim:
ResponderExcluir"Muito obrigado, por ter aceito meus convites, por ter se juntado ao meu projeto e por tornar-se além do já amigo, um FRIEND
Tua presença, musicalidade e alegria, acrescentaram o chantili sobre o morango.
abraço amigo
Sensacional, amigo Lincoln !
ExcluirAgradeço pelo convite, que propiciou a oportunidade em tocar contigo e grandes feras do Rock nacional. E como se isso não bastasse, gerou uma grande história !
Obrigado pelos elogios e um forte abraço !
Aquela tarde trinca tele... Muito legal! Obrigada pelas palavras. E parabéns pelo talento e registro.
ResponderExcluirOi, Amanda !
ExcluirSensacional o jogo de palavras que usou, pura poesia concreta, adorei !
Agradeço pela leitura; apoio e comentário elogioso, mas sobretudo pela tarde intensa em sua companhia e dos demais companheiros dessa jornada.
Grande abraço, amiga !
Que coisa mais linda e prazerosa ler o seu relato Luiz Domingues.
ResponderExcluirMesmo se eu não estivesse presente nas ocasiões que você relata, somente o seu texto seria suficiente para que eu sentisse a vibração e empolgação das apresentações. Só me resta agora agradecer de todo o coração ao meu queridíssimo titio e irmão Lincoln Baraccat (tenho impressão que nos conhecemos há seculos) pela oportunidade de, através dele conhecer e ter certo convívio com músicos tão competentes e que além disso, são pessoas maravilhosas que hoje tenho no coração como amigos como Roy, Caio, Amanda, Franklin (ídolo desde o Fruto Proibido) e você (Ídolo desde a Chave do Sol).
Que venham muitas e muitas apresentações, afinal como você termina seu texto, POSSIVELMENTE CONTINUA.
Amigo Bavaro !
ExcluirSensacional o seu depoimento, apreciei muito as suas observações, que considero um belo adendo ao texto. Fiquei muito feliz por você expressar a emoção que o texto proporcionou-lhe, em termos de reviver a própria experiência que guardou ao vivo, quando testemunhou tais apresentações. Esse é o espírito, como cronista, tento recriar com palavras a emoção do que vivi e passar ao leitor o máximo da fidedignidade para que ele possa, mesmo sem ter estado presente in loco, absorver essa vibração.
E certamente que fiquei muito contente, igualmente, quando citou a minha ex-banda, A Chave do Sol, com o carinho de quem a acompanhou atentamente, na década de oitenta.
Isso, que venham mais histórias para vivenciarmos mais momentos com boa música e amizades que faz valer a pena a vida.
Grato por ler; comentar e elogiar !
Abração !