Eis que fui comunicado sobre o lançamento do material ao vivo a comemorar os cinquenta anos de carreira do baterista, Rolando Castello Junior, do qual participei de um dos shows em questão, em uma série de quatro, que serviu para alimentar um CD e um DVD, ao vivo.
Bem, como já expliquei
anteriormente, toda essa empreitada foi um esforço para culminar em um
trabalho solo do Rolando, em tese, no entanto, pelo fato da Patrulha do
Espaço em sua formação daquela atualidade de 2016, ter atuado e a nossa
formação Chronophágica ter cumprido uma parte significativa do
espetáculo, a relembrar e celebrar a nossa história dentro dessa banda, é
claro que tanto no apelo pelo show ao vivo, em novembro de 2016, quanto
no lançamento do material em CD e DVD, nesse início de 2018, pode-se
considerar a nossa participação como um trabalho ao vivo e adicional da
Patrulha do Espaço, propriamente dita.
Ensaio
da Patrulha do Espaço, realizado no estúdio Orra Meu, em São Paulo, no
dia 10 de fevereiro de 2018. Da esquerda para a direita: Rodrigo Hid, eu (Luiz Domingues), Rolando Castello Junior, Marta Benévolo e por fim, o
casal formado pelos ativistas culturais, Vera Mendes & Michel
Camporeze Téer. Click, acervo e cortesia: Edgar Franz (Bolívia)
E foi
além, esse comunicado de lançamento da parte do Rolando, pois a
aproveitar a oportunidade, formulou-me um outro convite, que muito
honrou-me.
Conforme eu já havia tomado conhecimento por terceiros, ele havia postado um comunicado em tom de manifesto nas redes sociais, a comunicar publicamente aos fãs da Patrulha do Espaço que resolvera encerrar a carreira da banda, e recolhê-la ao hangar, desta feita, definitivamente.
Sendo assim, o convite do Rolando veio em torno dessa tomada de decisão, ao dizer-me que estava a organizar uma turnê final e gostaria de contar com a minha presença na formação desses shows derradeiros. Triste em princípio, mas honroso ao extremo por ser convidado a fechar a história da banda, por considerar que fui um tripulante oficial, com larga história escrita em conjunto.
Melhor ainda, soube por ele mesmo, que Rodrigo Hid havia sido convidado para estar junto em tal esforço final e que não em todos, mas em alguns shows dessa turnê, teríamos a presença também do Marcello Schevano.
Ou seja, seria a formação Chronophágica a fazer parte dessa turnê final, com o acréscimo da vocalista, Marta Benévolo, fixa na formação da banda, há muitos anos. Certo, consultei os amigos d'Os Kurandeiros, a minha banda naquela atualidade e sua produtora, Lara Pap, e recebi como resposta, o apoio de todos, para que eu participasse e para ir além, disseram-me que se houvesse conflito com a agenda, haveria um esforço da parte de nossa banda para mudar datas e assim, ninguém sairia prejudicado.
E pelo lado
da Patrulha, o Rolando comunicara-me que seriam poucos e bem espaçados
os shows, portanto, não haveria por gerar angústia alguma para os outros
trabalhos que eu; Hid & Schevano mantínhamos, regularmente. A
primeira fase dessa turnê iniciar-se-ia em abril de 2018, na cidade de Curitiba, com outro show no dia seguinte, em Ponta Grossa,
ambos no estado do Paraná. Havia perspectiva para dois shows na
capital paulista para maio e agosto, respectivamente, um em Belo
Horizonte, para junho e em aberto, a possibilidade para Brasília, Porto Alegre e uma cidade interiorana de Santa Catarina,
provavelmente, Chapecó.
Mais
uma foto de confraternização pós-ensaio. Da esquerda para a direita:
Rapaz não identificado, Rodrigo Hid, Edgar Franz (Bolívia), Michel
Camporeze Téer, Vera Camporeze Teér, Marcello Schevano, Rolando Castello
Junior e eu (Luiz Domingues). À frente de todos: Marta Benévolo. Ensaio da
Patrulha do Espaço no estúdio Orra Meu de São Paulo, em 10 de fevereiro
de 2018. Click (selfie), acervo e cortesia: Marta Benévolo
Então, o
Rolando completou a dizer-me que viria com a Marta para São Paulo, no
início de fevereiro e que gostaria de aproveitar a sua estadia na capital
paulista para marcar um ou dois ensaios, para adiantarmos essa
preparação.
E foi assim, nos dias 9 e 10 de fevereiro de 2018, que
encontramo-nos nos estúdios Orra Meu, de propriedade dos irmãos
Schevano, para iniciar tal processo de elaboração dessa turnê final da
Patrulha do Espaço e foi quando recebi as cópias de recordação do CD e
do DVD comemorativo pelos cinquenta anos de sua carreira. Falo a seguir
sobre tal material.
Sobre o CD, especificamente, como já alertei anteriormente, a minha participação foi fruto de uma captura única, realizada no show em que a formação Chronophágica da Patrulha do Espaço reuniu-se para uma apresentação em conjunto com a então formação em vigor. Usamos a metade final do espetáculo para a nossa reunião e certamente que foi mágico reviver a nossa fase dentro da história da banda. A nossa formação não atuava junta desde outubro de 2004, quando da dissolução de nosso line-up.
É bem verdade que o Marcello Schevano seguiu a tocar com a Patrulha do Espaço, reformulada, de 2005 em diante, até meados de 2008 ou 2009, mais ou menos.
E em 2014, houve uma rápida inserção nossa, mas sem a
presença de Rodrigo Hid. No caso, fora uma participação especial, onde
eu e Marcello atuamos juntos com a formação regular da banda, naquela
ocasião. Portanto, essa reunião do quarteto chronophágico, foi mesmo
especial em novembro de 2016.
Das canções que tocamos nessa noite de 4 de novembro de 2016, no Sesc Belenzinho de São Paulo, no CD, ficaram registradas: "Ser", "Nave Ave" e "Homem Carbono". As três interpretações ficaram registradas sob muita energia.
São de fato vigorosas e ouso dizer que estão carregadas por uma sensação diferente, muito provavelmente influenciadas pela carga emocional ali envolvida, embora eu possa atestar que no calor dos acontecimentos não registrei nenhuma anomalia decorrente disso.
Estávamos apenas felizes pela reunião, após tantos anos e também pelo espírito da festa, visto que o que comemorou-se ali, na verdade foi a celebração pelos cinquenta anos de carreira do Rolando, portanto, houve essa sensação de honradez por estarmos a participar desse evento.
Naturalmente que em "Nave Ave", quem comandou o teclado foi o Marcello
Schavano e em "Homem Carbono", Rodrigo Hid, portanto a manter a tradição
dos nossos áureos tempos dentro da Patrulha do Espaço.
Técnicos de gravação e mixagem: André Miskalo, Gustavo Barcellos e Ricardo Schevano (Estúdio Orra Meu de São Paulo)
Apoio na mixagem: Rolando Castello Junior
Masterização: Gustavo Vazquez (Estúdio Rocklab de Goiânia-GO)
Direção Musical Geral (Shows de São Paulo): Marcello Schevano
Lay Out-capa/Arte Final: Marta Benévolo
Ilustrações: Nico Foti
Foto CD (capa e fundo interno): Patrícia Soransso
Fotos Shows de São Paulo: Leandro Almeida e Edgar Franz (Bolívia) & Cátia Franz
Assistente de palco: Christine Funke
Roadies: Samuel Wagner, Diogo Barreto e Santana
Formação Chronophágica ao vivo no CD:
Rolando Castello Junior: Bateria
Marcello Schevano: Guitarra, Teclados e Voz
Rodrigo Hid: Guitarra, Teclados e Voz
Luiz Domingues: Baixo e Voz
No caso do DVD, a captura das imagens e do seu áudio, seguiu o mesmo padrão, ipsis litteris, naturalmente a agregar outros profissionais responsáveis pelas filmagens e consequente edição, posteriormente. Além disso, o grande diferencial em relação ao material contido no CD, deu-se pela inclusão de uma música a mais de nossa formação, no caso, a canção: "Vou Rolar".
Portanto, a mesma energia e sinergia imprimidas em nossa performance do CD, repete-se na versão do DVD. Claro, isso também refletiu-se na questão das imagens, através da energia empregada no palco e tanto no mise-en-scène, quanto nas expressões faciais dos quatro componentes, tal fator ficou muito claro.
A equipe técnica envolvida tanto no show em si, quanto na produção do CD é a mesma, naturalmente, portanto, só acrescento abaixo, o pessoal específico que cuidou do DVD.
Equipe de Filmagem: Michel Camporeze Téer, Mizael Camporeze Téer, Vera Mendes, Dener Ariani, Ronaldo Mendes, Nazir Correa, Fauto Oliveira, Alessandra Oliveira, Edgar Franz e Cátia Franz.
Edição de imagens: Michel Camporeza Téer
Filmagem dos depoimento do Rolando: Patrícia Soranso
Pós Produção de Imagens: Marcelo "Pepe" Bueno
Arte de Capa e encarte: Marta Benévolo
Logo: Nico Foti
Fotos Capa e encarte: Santi Sombra
Arte fundo interno: Adrian Arellano
Label: Washington Santos
Músicas da nossa formação no DVD :
1) Ser
2) Nave Ave
3) Homem Carbono
4) Vou Rolar
Formação da Patrulha do Espaço, fase Chronophágica, no DVD:
Rolando Castello Junior: Bateria
Marcello Schevano: Guitarra, Teclados e Voz
Rodrigo Hid: Guitarra, Teclados e Voz
Luiz Domingues: Baixo e Voz
Honrado por ter mais um material na minha discografia e filmografia na carreira, doravante, em 2018, a missão seria ainda mais emocionante, posso afirmar. Participar da turnê de despedida da trajetória da banda, outorgou-me a chance para escrever mais uma boa história com essa banda, mas muito mais que isso, estar no seu capítulo final, pelas circunstâncias anunciadas publicamente. Portanto, estar com a Patrulha do Espaço nesse momento, haveria de ser histórico e prazeroso, certamente.
E assim, realizados tais ensaios em fevereiro de 2018, no estúdio Orra Meu de São Paulo, os primeiros shows dessa turnê final, aconteceriam no estado do Paraná, na capital, Curitiba em 12 de abril de 2018 e no dia seguinte, na cidade interiorana de Ponta Grossa, no dia 13.
O último voo da nave interplanetária, a nave ave...
Após os ensaios de fevereiro, fiquei no aguardo das coordenadas sobre a logística da etapa paranaense da turnê e a preparar-me individualmente, quando escutei as músicas que haviam sido escolhidas para tocarmos. Nos primeiros dias de abril, eis que Rolando e Marta, enviaram-me as informações e infelizmente, houve nesse ínterim, a má novidade de que o show de Curitiba havia "caído", o que no jargão da música profissional significa que fora cancelado.
Foi uma pena, pois uma banda dessa magnitude na história do Rock Brasileiro, não ter tido a oportunidade em tocar na capital paranaense, em sua turnê de despedida, foi algo bastante decepcionante para nós e para os fãs curitibanos e de cidades vizinhas. E muito pior ficou, quando o Junior revelou o motivo do cancelamento, a denotar uma completa falta de noção do produtor local que à nossa revelia, decidira "trocar" a nossa data a esmo, sem consulta prévia e obviamente a ignorar o fato de que a nossa banda não era local e uma mudança de datas dessa maneira, quebraria toda a nossa logística traçada para ser cumprida no estado do Paraná.
Uma grande pena, e também motivo de
chateação generalizada pelas circunstâncias e isso motivou o Rolando a
postar um longo depoimento em tom de desabafo nas redes sociais da
Internet, e diga-se de passagem com toda a razão e assim a reforçar o
sentimento nefasto que o Brasil do ano 2018, não era terreno adequado
para uma banda de Rock estar na ativa, com a devida seriedade
profissional da parte dos contratantes amadores, em sua maioria, que não
apresentam nenhuma noção mínima do negócio que afirmam administrar.
Conformados com o cancelamento de Curitiba, a logística paranaense foi repensada para atender somente a apresentação na cidade de Ponta Grossa, no interior do estado. Eu e Rodrigo recebemos as nossas passagens aéreas com destino a Curitiba e a nossa planificação seria chegarmos um dia antes, ou seja, o dia em que deveríamos tocar na capital paranaense. Usaríamos o dia para um ensaio e no dia seguinte, seguiríamos para a cidade interiorana de Ponta Grossa, mediante o uso de uma Van. Nessa etapa, não teríamos a presença do Marcello, infelizmente, portanto, a nossa apresentação dar-se-ia mediante o formato de um quarteto, a contar com : Rolando; Marta; Rodrigo e eu, Luiz.
Em relação a viagem, preocupei-me de imediato, com uma questão pueril, mas da qual, não tinha controle algum, aliás, ninguém tinha. O que ocorreu, foi que há meses eu acompanhava na imprensa as notícias sobre as mudanças promovidas nas regras da aviação, no tocante à questão da acomodação da bagagem, na parte interna das aeronaves.
Até pouco tempo antes, era possível entrar com um instrumento musical de cordas, do porte de guitarra; violão ou baixo elétrico, com o chamado "soft bag" de mão, aquele invólucro mais simples para carregar o instrumento no ombro, como uma mochila. No entanto, as regras da aviação mudaram e a justificar-se pelo fato do valor das passagens ter popularizado-se ao ponto do avião ter ficado muitas vezes, mais barato que os ônibus.
Outrora um meio de transporte elitizado, nos tempos atuais, a aviação cortara muitos benefícios com os quais agraciavam os seus clientes e agora, 2018, a bagagem de mão, fora posta em cheque ao ponto de haver uma regra sobre o seu tamanho máximo e pior, qualquer outra bagagem despachada para a ala de carga da aeronave, passara a ser cobrada.
Resumo da ópera bufa: para levar o instrumento em um bag para dentro da cabine, havia o risco iminente de um funcionário vetar a sua entrada e dessa maneira, seríamos obrigados a despachá-los como carga comum e mediante um frágil bag de ombro, é claro que chegariam destroçados ao seu destino final... ou seja, uma questão simplória mas que angustiou-nos, eu e Rodrigo, por alguns dias a motivar uma frenética troca de informações pelas redes sociais, à cata de informações precisas sobre tais regras esdrúxulas da parte das companhias aéreas.
Diante desse impasse, não tive outra alternativa a não ser determinar fazer uso de um Hard-Case tradicional, que fosse despachado com um mínimo de segurança de que não chegaria destroçado em Curitiba e amargar taxas na ida e na volta, a diminuir o valor do cachê.
No caso do Rodrigo, ele resolveu viajar com duas guitarras em um Bag duplo e despachar a sua pedaleira, que seria pequena, mas que sabíamos de antemão que seria vetada pelos funcionários na companhia aérea, na hora de emitir-se o ticket de embarque...
Feito
isso, a nossa saída estava marcada para as 12:40 horas da quinta feira,
do aeroporto de Congonhas e ante tantas adversidades impostas pela
logística aérea, comemoramos isso como um pequeno toque ameno, pois
ainda mais desagradável seria se fosse marcado para Cumbica, que é um
aeroporto que fica muito mais longe...
Fomos então para Curitiba, ao final da manhã da quinta-feira, dia 12 de abril de 2018. Assim que chegamos ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, eu e Rodrigo fizemos os trâmites do check-in e ao verificar que ainda teríamos um bom tempo de espera pela frente, sentamo-nos no saguão principal e tivemos uma agradável surpresa musical. Uma banda tocava no local para entreter os transeuntes.
Repertório muito bom, regado por clássicos do Rock, Blues & R'n'B/Soul Music, mais MPB, chamou-nos a atenção pela sua qualidade sonora. Pelo que ouvíamos, devia ter duas guitarras, baixo, teclados, bateria, um pequeno naipe de metais e dois vocalistas solo, mais um pequeno coral formado por backing vocalistas.
No entanto, a surpresa veio mesmo quando a apresentação encerrou-se e as pessoas iniciaram a dispersar, ao abrir a visão para a banda, que não havíamos enxergado até então : tratava-se de uma banda da Polícia Militar de São Paulo, com todos os músicos a tocar fardados... e quando começaram a desmontar o equipamento, vimos o apoio que tiveram de um séquito formado por roadies, igualmente policiais, que rapidamente levaram tudo para uma Van da corporação e aí, percebemos que havia também uma equipe de segurança, com outros policiais que estavam em pontos estratégicos daquela saguão, a dar apoio.
Ora, além de ser uma banda muito boa (um
dos vocalistas tinha uma voz espetacular, a lembrar cantores clássicos
da Soul Music norte-americana), não havia como negar-se que eles tinham
um aparato de segurança, perfeito...
Embarcamos
enfim, e a não ser pela aeromoça que irritou o Rodrigo, ao pedir-lhe
com certa veemência para ele deixar o bag duplo das guitarras, na parte
da frente do seu pé e não atrás, ao insistir em um maneirismo sem
sentido, que é regra de sua companhia, a viagem transcorreu tranquila.
Chegamos muito bem e mediante um ônibus urbano especial, rapidamente fomos à rodoviária da capital paranaense, onde encontrar-nos-íamos com o Rolando, que já estava há dias hospedado em um hotel próximo, por conta de compromissos familiares que estava ali a cumprir.
No período da
tarde, após o almoço, estava marcado um ensaio em um estúdio local.
Seria na verdade um ensaio inicial, pois por força da logística, a
vocalista, Marta Benévolo, ainda não estava na cidade e a sua chegada
estava prevista apenas para as vinte duas horas, portanto, um segundo
ensaio foi marcado para o período noturno / madrugada.
Ensaio
da Patrulha do Espaço no período vespertino em Curitiba-PR. Estúdio
Old Black, no bairro do Batel. Da esquerda para a direita: Eu (Luiz
Domingues, sentado), Renato Ximú (o nosso anfitrião e técnico), Rolando
Castello Junior e no primeiro plano, a comandar a selfie, Rodrigo Hid.
12 de abril de 2018. Click (selfie), acervo e cortesia de Rodrigo Hid
Por volta
de dezessete horas, fomos para o bairro do Batel, onde instalamo-nos no
estúdio Old Black, comandado pelo guitarrista, Renato Ximú. Ambientação,
super a ver com os anos sessenta, com fotos dos Rolling Stones (fase Brian Jones),
pelas paredes, além de ícones do Folk-Rock norte-americano dessa década
remota, porém muito querida, é claro que senti-me muito bem.
Ali fizemos um ensaio bem sucinto, só para checar algumas dúvidas prementes, que foram poucas, na verdade, ainda bem. Bairro agradabilíssimo pelo fator do sossego residencial, do Batel saímos já com a noite presente. Tanto na ida, quanto na volta, pelo percurso, o Junior fez as vezes de um cicerone. Ele morara por muitos anos na cidade, do final dos anos oitenta a até quase o término da década posterior, portanto, a conhecia como a palma da mão.
Se não fosse um grande artista, poderia ser um guia turístico excelente, pois forneceu-nos tantas informações sobre a cidade como um todo, principalmente em suas características culturais, que realmente foi um prazer ter essa conversação em todos os táxis que ocupamos na capital paranaense, nesses dois dias em que lá transitamos.
E
a minha impressão sobre a cidade só valorizou-se ainda mais, não só por
tal fornecimento de informações, mas por minha própria percepção de uma
cidade que é uma metrópole, mas tem uma organização notável em sua
logística básica em termos de limpeza, ordem pública; ordenação do
trânsito, a ostentar um comércio pujante e uma rede de serviços,
excelente.
Na
foto acima, o outro estúdio que visitamos, ao final da noite de 12 de
abril, com o avançar pelo dia 13, em plena madrugada. No enquadramento, o
set de ensaio do Rodrigo Hid. Estúdio do Nilo, no bairro Mercês, de
Curitiba-PR. Click, acervo e cortesia de Rodrigo Hid.
Chegamos
ao hotel com tempo para descansar e jantar. Marta Benévolo chegara de Brasília
no horário previsto e mesmo ao mostrar cansativo para todos, lá fomos nós
para o bairro Mercês, uma parte mais alta da cidade, portanto mais fria.
Ainda era o início de abril e mesmo assim, ao tratar-se de Curitiba que é tradicionalmente a capital mais fria do país, claro que ficou mais gelado para todos, com direito a uma névoa.
Ensaiamos das 23 horas até
cerca de 1:30 horas da madrugada, no estúdio do Nilo, bem confortável e
bem equipado. Com um arsenal de guitarras, violões e baixos vintage
pelas paredes, claro que ali também caracterizou-se como uma ambientação bem 1960's/ 1970's, ou seja, meio caminho andado para a vibração ser boa na hora de
ensaiar.
E foi mesmo agradável e produtivo ensaiar ali, apesar do avançado da hora, cansaço generalizado e com direito a deslocamentos aéreos e seus inevitáveis percalços burocráticos a ser cumpridos pelos aeroportos...
O
set de ensaio de Rodigo Hid, no ensaio. Patrulha do Espaço a ensaiar em
Curitiba-PR, no estúdio do Nilo, no bairro Mercês. 12 para 13 de
abril de 2018. Click, acervo e cortesia de Rodrigo Hid
Encerrado o
ensaio, que foi muito produtivo e deu-nos a segurança definitiva para
fazermos o show sem dúvidas prementes no dia seguinte, ainda ficamos a
conversar com o simpático proprietário do estabelecimento, um
guitarrista Rocker, a professar dos ideais, como nós. Entretanto, a madrugada
avançara e a despeito de ali estar bem agradável a estada, chamamos um
táxi e fomos para o hotel, descansar, enfim.
Não tínhamos atividades matutinas, portanto, o sono atrasado pôde ser sanado e a logística do dia seguinte previu a saída do hotel, rumo à Ponta Grossa, por volta de 13:30 Horas.
Viagem curta, com cerca de cento e vinte Km de distância
apenas de Curitiba, não haveria por gerar contratempos, assim desejamos,
mas a lembrar dos tempos de nossos infortúnios com o nosso ônibus, nos
anos 2000, eis que pequenos revés estavam a aguardar-nos.
Descansados, banhados e com o estômago abastecido, aguardamos no saguão do hotel a chegada da van contratada. Apuramos que trava-se de um motorista que já trabalhara com a Patrulha do Espaço, várias vezes nas fases posteriores à nossa (eu e Rodrigo), de 2005 em diante, portanto, tratava-se de uma pessoa da confiança do Rolando Castello Junior.
Um roadie local viajaria
conosco, também um profissional bem competente e com serviços prestados
ao Rolando, há tempos. E mais uma surpresa agradável: Suka Rodrigues, a
viúva do grande artista, Ivo Rodrigues, proeminente guitarrista/compositor e cantor das seminais bandas paranaenses, "A Chave" e
"Blindagem", o que em termos de história do Rock paranaense, equivaleria
a dizer que ele tocara nos Beatles e também nos Rolling Stones...
Indo além,
o Ivo tinha uma relação muito próxima com a Patrulha do Espaço, pois a
nossa banda gravara algumas canções suas nos anos oitenta e nessa noite
em Ponta Grossa, estava programado que tocaríamos a canção: "Berro",
uma composição de sua autoria e lançada no LP de 1981.
Portanto, ter a Suka Rodrigues entre nós nessa viagem, seria um prazer, pois ela representaria o Ivo nesta homenagem. E além do mais, a Suka também era minha amiga virtual há anos e nós havíamos tido um encontro pessoal no ano anterior, em agosto de 2017, quando ela esteve em São Paulo e presenciou uma apresentação d'Os Kurandeiros, fato relatado com detalhes no capítulo correspondente da cronologia dessa banda em minha autobiografia.
O simpático roadie também já havia chegado ao hotel. Chamava-se Jardel, e ali travamos uma conversação agradável enquanto esperávamos a chegada da Van, quando ele contou-me que atuava com bandas de Rock, há muitos anos, e por ser músico também, fazia parte de uma banda orientada pelo Folk-Rock norte-americano, dos anos sessenta e setenta.
Esplêndido, a conversa girou animadamente sobre o lendário "CSNY"; os discos solo de Neil Young; Bob Dylan e que tais, ou seja, só coisas boas. Finalmente chegou a Van e infelizmente, o atraso perpetrado pelo seu motorista, tratou por colocar uma pimenta no bom astral, que estava para lá de doce, até então.
Apesar do rapaz ser muito tranquilo, simpático e solícito, tal atraso atrapalhou-nos não só pela questão do clima ter pesado, mas por desencadear um problema que enfrentaríamos já em Ponta Grossa.
Apelidado como "Bolívia", não recordo-me de seu nome. A viagem foi tranquila, apesar de tais apreensões relatadas acima, porém, inevitavelmente, chegamos nessa cidade interiorana com substancial atraso e como resultado prático, ao invés de podermos descansar um pouco no hotel, tivemos que tomar posse dos quartos, guardar a bagagem pessoal e sair imediatamente para o local do evento, pois o horário do soundcheck, estava para acontecer.
Para amenizar essa pressa desmedida, eis que ao chegarmos ao hotel, fomos recepcionados por um fã inveterado da Patrulha do Espaço, que não só viajara de Curitiba para assistir-nos, como colocou-se à disposição para ajudar como assistente de produção.
Isso não foi algo improvisado ali no calor dos acontecimentos, pois o Junior já havia combinado isso previamente há muito tempo, mas foi providencial contar com a ajuda do simpaticíssimo, Cristiano Rocha Affonso da Costa.
Fã da Patrulha do Espaço há muitos anos, baterista de uma banda de Rock de São José dos Pinhais-PR, chamada: "Matilda Rock Band", sendo também um militar com alta patente e com diversas especializações; escritor com livros técnicos publicados e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
Acompanhado de sua esposa e não menos simpática, Lorena Bindo Affonso da Costa, o casal recebeu-nos no saguão do hotel com extrema cordialidade.
Ali, rapidamente, pois o tempo urgia, enquanto voltávamos a correr para a Van, com destino ao local do show para realizarmos o soundcheck, ele relatou-me que fora a um show da Patrulha do Espaço, de nossa formação, em Campinas-SP, no ano de 2000, ocasião em que estava naquela cidade interiorana paulista, a cumprir seus estudos na escola de cadetes do exército, mas que por força das circunstâncias, não assistira o show, mas apenas abordara-nos durante o período vespertino, quando estávamos a preparar o soundcheck.
Não lembrei-me dessa ocorrência, apesar de ter uma memória de longo
alcance, muito boa, mas ele compreendeu o meu esquecimento e de fato,
além de tratar-se de uma lembrança muito remota, de fato, conversamos
com muitas pessoas em situações assim, e lembrarmos dos pormenores sobre
todas, é realmente muito difícil.
No
momento do soundcheck, no palco montado no Parque Manoel Ribas, em
Ponta Grossa-PR, na tarde de 13 de abril de 2018. Da esquerda para a
direita: eu (Luiz Domingues), Marta Benévolo, Rolando Castello Junior e no
comando da selfie, Rodrigo Hid. Click (selfie), acervo e cortesia de
Rodrigo Hid
Fomos
rapidamente para o soundcheck e o local foi um Parque Público, no centro
da cidade de Ponta Grossa. Cerca de quinze minutos perdidos a mais, por
conta do impasse em achar-se um local adequado para a Van ficar perto
do palco, eis que conseguimos, lograr êxito, enfim. Apesar da correria toda, deu para
fazer um soundcheck satisfatório.
O equipamento providenciado pela
produção, não foi de primeira linha, mas o seu proprietário e técnico de
áudio, fez um bom trabalho, devo reconhecer isso e assim, o som
arrumado no soundcheck, deu-nos a devida confiança de que o nosso show
seria bom.
A
banda a realizar o soundcheck. Ponta Grossa-PR, 13 de abril de 2018.
Click, acervo e cortesia de Cristiano Rocha Affonso da Costa
Apesar
desse conforto ao perceber que apesar dos pesares essa produção seria
mínima o suficiente para darmos um bom recado aos fãs de Ponta Grossa-PR, a tensão gerada ainda pelos atrasos acumulados, pairou no ar.
Tínhamos, ao término do soundcheck, cerca de meia hora para voltarmos ao
hotel e retornar o local do show.
A banda de abertura ainda nem tinha aparecido para fazer o seu soundcheck, mas o horário previsto para a sua apresentação já estava para iniciar-se. Em suma, foi quando o imponderável ocorreu, em uma decorrência óbvia do fato da nossa saída de Curitiba ter precipitado um encadeamento de eventos mal-sucedidos.
Com pressa e nervosismo instaurados naquela Van, eis que já dirigíamo-nos de volta ao hotel, quando em um determinado cruzamento, o nosso simpático motorista, distraiu-se e simplesmente não parou, mesmo ao estar claro que a preferencial seria de quem transitava pela perpendicular.
Vimos um motociclista a subir com razoável velocidade e pela sua postura, munido da certeza de que a preferencial era sua (e o era, de fato), não esboçara nenhuma intenção em frear, portanto, quando sentimos que o nosso motorista também não fez menção em pisar no freio, só deu tempo para gritarmos, uma interjeição coletiva, simultânea e instintiva ao pronunciarmos em uníssono a palavra: -"cuidado" ... porém, o impacto foi inevitável, com o motociclista ao ser atingido em cheio, mediante um estrondo violento.
Pela impressão inicial, pensei que o rapaz havia ferido-se gravemente e a sua moto estivesse arruinada. Mas qual não foi a nossa surpresa quando o vimos levantar-se e ao fazer um autoexame, o próprio acidentado verificou que não sofrera nem um arranhão, sequer.
A seguir, examinou a sua moto, que aliás era uma bela, Harley Davidson, portentosa e esta também pareceu-lhe intacta. Já a polaina frontal do para-choque da Van, estava arrebentada.
Enfim, o susto foi enorme, mas o rapaz estava bem e a sua moto sem grandes avarias, portanto, mediante uma troca de contatos, o rapaz nem cogitou chamar alguma autoridade para lavrar um boletim de ocorrência e liberou-nos.
Para quem estava sob
extremo atraso, parar por conta de um acidente desse porte... enfim, com
o tempo exíguo, realmente não deu para relaxar no pré-show, mediante o
conforto do bom hotel onde hospedáramo-nos e assim, só deu tempo para
trocar de figurino e lá fomos nós de volta ao local do show...
Uma
panorâmica da banda no palco. Vê-se a figura do amigo, Cristiano Rocha
Affonso da Costa, ao lado esquerdo, sentado. Ele apoiou-nos também como
roadie, além de ter fotografado a banda em ação. Patrulha do Espaço em
Ponta Grossa-PR, no dia 13 de abril de 2018. Acervo e cortesia de
Cristiano Rocha Affonso da Costa. Click: Lorena Bindo Affonso da Costa
Chegamos
ao local e a banda de abertura já havia encerrado o seu espetáculo. Fui
informado que os rapazes tocaram covers orientados pelo Pop Rock. Tudo
bem, cada um com as suas escolhas, mas teria sido muito mais adequado
uma banda autoral a mostrar o seu trabalho.
Bem, 2018 em curso, e os
conceitos de outrora estavam cada vez mais distantes da realidade com a
qual convivemos, décadas atrás e nesse aspecto, amargávamos uma mudança
de mentalidade, obviamente para muito pior, no âmbito cultural.
Momentos individuais do show. Patrulha
do Espaço em Ponta Grossa-PR, no dia 13 de abril de 2018. Clicks, acervo e
cortesia de Marina Semensati
O show
começou com grande energia, através de músicas tais como: "Robot" e
"Deus Devorador", temas pesados, no limiar do Heavy-Metal e oriundas do
LP "Patrulha '85", que em nosso tempo à frente da banda, evitávamos por
destoar da nossa proposta mais Vintage Rocker que tínhamos.
Entretanto, novos tempos ou melhor, últimos tempos dessa banda, nem tínhamos como esboçar contestar. Primeiro por sermos, eu e Rodrigo Hid, ex-membros convidados para tal esforço final, portanto, sob uma situação sui generis para emitir opiniões mais contundentes no sentido da montagem do repertório. Nesse caso, acatar o desejo do Rolando, o membro fundador e decano da banda, em sua derradeira turnê, sem dúvida que foi a postura mais respeitosa.
E em segundo lugar, pelo fato de ter sido a derradeira turnê, e assim, o repertório haveria de ser o mais abrangente possível, dentro da discografia completa da banda e nesse aspecto, eu e Rodrigo sabíamos que seria necessário respeitar tal representatividade com músicas de todos os discos.
E um terceiro aspecto, mas igualmente
importante, a proposta de nossa fase estava bastante diluída. Assim que a
nossa formação dissolveu-se em 2004, a Patrulha do Espaço seguira em
frente a resgatar o seu elo com o Hard-Rock mais pesado, a beirar o
Heavy-Metal e portanto, tirante fãs antigos, a garotada que esteve a
acompanhar mais de perto dali em diante, foi a turma da camiseta preta e
a gesticular o indefectível sinal do malocchio, portanto, a resignação
haveria de ser o remédio para se lidar com tal panorama adverso aos
nossos anseios chronophágicos...
Mais momentos do show pela lente de Marina Semensati. Patrulha
do Espaço em Ponta Grossa-PR, no dia 13 de abril de 2018. Click, acervo e
cortesia de Marina Semensati
Mas
tivemos momentos muito mais Rockers, não só quando tocamos temas de
nossa formação, mas o material mais antigo da Patrulha do Espaço, que
tem o seu élan setentista, é claro. Por exemplo, a nossa interpretação
da balada, "Berro", foi emocionante.
Aquela desdobrada ultra setentista, o teor da letra, o solo de guitarra e baixo simultâneos ao final... confesso que tive muito prazer em executar tal bela canção de autoria do Ivo Rodrigues e lembrar-me da boa fase da Patrulha do Espaço, quando a conheci pessoalmente, ao aproximar-me de seus componentes, no início dos anos 1980, e fase pela qual mantinha a admiração explícita desde então.
Além do fator emocional, em saber que Serginho Santana e Dudu Chermont
já não estão mais entre nós, e o mesmo em relação ao próprio autor da
canção, o Ivo Rodrigues, portanto, com os três a viver no condomínio
celestial, digamos assim.
Momentos do show. Patrulha
do Espaço em Ponta Grossa-PR, no dia 13 de abril de 2018. Click, acervo e
cortesia de Marina Semensati
Havia
certamente, muitos fãs da Patrulha do Espaço. Fomos abordados por muitos
deles com discos em mãos, à caça de autógrafos e logicamente que isso
foi muito gratificante. Mas não vou mentir e dizer que a massa foi
formada por Rockers, e fãs incondicionais de nossa banda. Essa
associação automática só era possível nos anos setenta e pôs-se a diluir
com o tempo, lastimavelmente, nenhuma novidade, portanto.
Mas, longe disso, ao menos tivemos ali uma plateia interessada e respeitosa, não posso deixar de reconhecer isso. Muitos não tiveram vergonha para nos abordar ao final para expressar, até ingenuamente, eu diria, que havia-nos conhecido ali no show, portanto, ficou a impressão de que muita garotada ali presente, estava pelo embalo e surpreendeu-se com uma banda inteiramente desconhecida aos seus parâmetros, mas que haviam apreciado.
Sinal dos tempos, certamente, uma banda a fazer turnê de
despedida da carreira, com quarenta e um anos de labuta, e uma
discografia enorme... enfim, se fôssemos norte-americanos ou europeus
seria um outro nível de interesse, mas o Brasil era/é isso aí...
Bem, o show prosseguiu e ao final, gerou-se uma comoção, a confirmar as minhas impressões anteriores, isto é : havia fãs verdadeiros da Patrulha do Espaço e uma garotada despreparada, mas interessada e nessa soma improvável, a ovação concretizou-se e motivou um pedido para um duplo "bis" e para a nossa satisfação, a sensação final de que foi prazerosa e muito bem sucedida a nossa performance.
Instantes finais do espetáculo. Patrulha do Espaço em Ponta Grossa-PR, no dia 13 de abril de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Cristiano Rocha Affonso da Costa.
Não
é uma filmagem primorosa e o áudio é muito precário em alguns momentos,
mas eis um apanhado do show em Ponta Grossa que a TV Educativa de Ponta
Grossa-PR, produziu e que foi ao ar, cerca de um mês depois do show.
Louvo a boa vontade da equipe dessa emissora em ter feito tal filmagem,
certamente por tratar-se de um registro que há de entrar para a história
da banda, em seus momentos finais
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=FQA5HYC5PHg
Após o
término do espetáculo e abordagem dos fãs nos bastidores, foi bem
tumultuada a nossa evasão do local, pela obviedade de uma estrutura de
show ao ar livre, em parque público. Faltou apoio policial ou com
seguranças particulares, que fosse.
Aliás, falei em parágrafos anteriores, super bem da capital, Curitiba, que visitara no dia anterior e mesmo sob a pressa total e o stress instaurado, devo acrescentar que pelo pouco que observei, Ponta Grossa é uma cidade pujante, com muitos recursos, conforto, ótima infraestrutura e tudo mais, mas uma coisa eu percebi nas duas cidades e talvez seja uma falha do governo estadual do Paraná, pois a atribuição da segurança pública é do estado, mas o fato é que em ambas as cidades que eu visitei, achei o policiamento pouco presente na ação preventiva.
E ali, na hora dessa saída, senti ainda mais a falta desse
apoio fundamental para nós em tal instante, sob forte assédio. Por sorte, tratou-se de um grupo de fãs
imbuídos das melhores intenções para conosco, mas o fato é que estivemos
à mercê e se não fosse uma turma amistosa...
Após o encerramento e saída do Parque Manoel Ribas, fomos a uma boa cantina italiana da cidade e o jantar foi agradabilíssimo, entre amigos. E o repouso, no confortável hotel, o bálsamo para coroar a sensação do dever cumprido. Mais que isso, foi um recado bem dado aos fãs e para os novos fãs que ali angariamos, o fato de desconhecer a nossa trajetória mediante "apenas" quarenta e um anos de carreira, naturalmente que não foi sua culpa, tampouco nossa, mas deste país que cuida muito mal dos setores da educação & cultura, portanto, artistas como nós, ficam a margem da difusão mainstream, e dessa forma, o nosso trabalho não tem como chegar à percepção deles.
Ao final do show, a banda no palco, perfilada em foto de Marina Semensati. e na segunda foto, a banda e sua comitiva no restaurante, "La Gondola", em Ponta Grossa-PR. Do alto, no sentido horário: Rodrigo Hid, Jardel (roadie), Lorena Bindo Affonso da Costa, Cristiano Rocha Affonso da Costa, Rolando Castello Junior, Marta Benévolo, Suka Rodrigues, "Bolívia"(motorista da van) e eu (Luiz Domingues). Patrulha do Espaço em Ponta Grossa-PR, no dia 13 de abril de 2018. Acervo e cortesia de Cristiano Rocha Affonso da Costa. Click: Garçom
No dia seguinte, não tínhamos compromissos com a banda. Apenas voltaríamos para Curitiba, a fim de dispersar a comitiva. Eu e Rodrigo tínhamos voo marcado para São Paulo, no início da noite; Marta e Rolando ainda ficariam por lá, por mais alguns dias por conta de compromissos particulares. Despedimo-nos na rodoviária de Curitiba e de lá, eu e Rodrigo fomos para o aeroporto Afonso Pena, onde ainda tivemos uma longa espera pelo nosso voo. Embarcamos e antes das 21 horas, eu já estava em minha residência, em São Paulo, para relaxar. Dali em diante, a programação dessa turnê só previra um novo encontro em maio de 2018. Um show em São Paulo, no Sesc Pompeia e sob condições emocionais além da nossa própria despedida, pois a nossa apresentação estaria inserida no contexto de uma celebração da gravadora Baratos Afins, portanto, muitos signos em comum deveriam ser compartilhados nessa festa.
Continua...
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