Eis que um novo trabalho avulso surgiu, bem pouco tempo depois de eu ter tocado duas vezes com o Hid Trio, do meu amigo, Rodrigo Hid.
E foi através de um recado direto, em meu inbox da Rede Social Facebook, que em certo dia de junho de 2018, eu fui interpelado pelo guitarrista, Geraldo Guimarães, o popular "Gegê", que formulou-me um convite. Ele queria que eu tocasse em um grupo a ser montado com muitos músicos, com o objetivo de participar de um festival a ser realizado ao ar livre, pelas ruas do bairro da Vila Pompeia, na zona oeste de São Paulo, em 1º de julho de 2018.
Sem compromisso oficial com Os Kurandeiros para esse dia, prontifiquei-me a participar e claro que haveria de ser prazeroso, pela quantidade de amigos envolvidos e que já haviam confirmado presença. Cabe destacar que tratar-se-ia de mais uma ação perpetrada pelo pessoal do Centro Cultural Pompeia, que há muitos anos promove a Feira da Pompeia, uma das maiores feiras de artes, cultura & gastronomia dos bairros da cidade de São Paulo, realizada há mais de trinta anos, tradicionalmente na terceira semana de maio.
Mas o pessoal organizador, adotara uma postura mais abrangente e passara a promover pequenas feiras em outros quadrantes do bairro, e assim, esse festival fora programado para destacar a presença das mulheres, não somente na área cultural, mas também do empreendedorismo em geral, daí ter sido batizado como: Festival "Mulherada Criativa".
Convite aceito, a missão seria tocar três músicas
do "Made in Brazil", que esse grupo apresentaria e também uma do "Grand
Funk Railroad".
Eu (Luiz
Domingues) em ação. Festival "Mulherada Criativa"; Vila Pompeia, São
Paulo-SP em 1ºde julho de 2018. Click, acervo e cortesia de Lincoln
Baraccat
E lá fui
eu, encontrar-me com muitos amigos, com os quais eu tocaria as canções:
"Gasolina", "Uma Banda Made in Brazil", "Amanhã é Um Novo Dia", todas
do LP "Pauliceia Desvairada" do Made in Brazil e "We're An American
Band", do disco homônimo, do Grand Funk Railroad.
Sobre a canção do Made
in Brazil, a ideia seria a execução na íntegra do LP, sob uma homenagem
temática e com vários músicos a revezarem-se no palco, para tal execução.
A proposta de tal feira alternativa, foi ser pequena em sua dimensão e causar o mínimo de transtorno logístico ao bairro. A tradicional feira de maio fecha muitas ruas do bairro, abriga quatro ou cinco palcos em quadrantes diferentes, com shows simultâneos, mas a ideia desses festivais menores moldara-se para ser menos incisivo e desta feita, ocupou apenas um quarteirão da Rua Raul Pompeia e outro, da Rua Padre Chico, com o palco único, a ser montado exatamente no cruzamento dessas duas vias.
O
ótimo guitarrista, Marcelo Frisoni & eu (Luiz Domingues), na primeira foto e
o grande baterista e cantor, Dimas Zanelli, abaixo. Com esse time, mais a
cantora, Gilda Elena, tocamos a canção do Grand Funk Railroad. Dimas
defendeu o vocal solo e nessa hora, "baixou" o Don Brewer nele, para
que realizasse uma grande performance. Festival "Mulherada Criativa".
Vila Pompeia, São Paulo-SP, em 1º de julho de 2018. Click, acervo e
cortesia de Lincoln Baraccat
Kim Kehl
também tocaria no evento, como convidado e nós fomos juntos, pois eu
lhe ofereci uma carona. E como sempre acontece em feiras dessa natureza,
mesmo ao possuir um tamanho muito reduzido em relação à da tradicional
Feira da Vila Pompeia, todo ano realizado em maio, foi natural que a
opção para vagas de estacionamento gratuito, fossem escassas no entorno.
Portanto, deixei o amigo, Kim Kehl, próximo ao palco e fui procurar uma
vaga nas imediações. Nessa busca, assim que passei no quarteirão acima,
ao acessar a Rua Ministro Ferreira Alves, vi-me diante da porta da
antiga residência de meus avós maternos, e claro que a reminiscência
capturou-me de imediato. Eu e meu avô a caminharmos por aquela calçada e
ele a reclamar das bandas de Rock "barulhentas", com seus cabeludos a
ensaiar em diversas garagens de muitas residências, naqueles
quarteirões, durante o ano de 1966... pois é, eis que cinquenta e dois
anos depois, lá estava eu novamente, sem a presença de meu querido avô,
infelizmente, mas bem cabeludo e prestes a tocar Rock'n' Roll, como nos
velhos tempos da Vila Pompeia sessentista que eu conhecera, contudo, não através de uma eventual garagem de uma residência, porém ao ar livre, no quarteirão
abaixo...
Foto
1: Tony Babalu, Gilda Elena e Simone Bressan Foto 2: eu (Luiz Domingues),
com Tony Babalu e Simone Bressan a frente. Foto 3: Daniel Gerber, Kim
Kehl, Marcelo Frisoni, Dimas Zanelli (ao fundo, na bateria), Rubens
Nardo, Tony Babalu (encoberto), eu (Luiz Domingues), Gilda Elena e Simone
Bressan. Festival "Mulherada Criativa" na Vila Pompeia, São Paulo-SP em
1ºde julho de 2018. Clicks, acervo e cortesia de: Marcos Kishi (fotos 1 e
4). Click, acervo e cortesia: Lincoln Baraccat (foto 3). Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap (foto 2)
Bem, assim
que eu achei uma vaga, caminhei até o palco e encontrei um grande número
de amigos: músicos, jornalistas, produtores musicais e fotógrafos, ali no
entorno do palco. Foram muitas as rodas formadas e a conversa foi das
mais agradáveis, o tempo todo.
Logo de início, um grupo orientado pela MPB com uma certa pegada "retrô", apresentava-se. Tratava-se de uma cantora, acompanhada por um grupo regional tradicional, na base da percussão, violão e violão de sete cordas, bem ao estilo regional, mas também versado na Bossa Nova. Banda boa, músicos jovens e com visual moderninho, se não os tivesse visto a atuar, teria achado tratar-se de alguma banda orientada pelo sofrível, "Indie Rock", mas pelo contrário, tal grupo surpreendeu-me positivamente.
Chamou-me a atenção a sua cantora, versátil e com uma graça muito grande. Em outra época, uma garota com essa qualidade artística e carisma natural, estaria a trilhar um circuito de festivais universitários de MPB e logo chegaria a uma gravadora, mas nesses tempos sombrios em que vivíamos em 2018, ela dificilmente teria espaço midiático. Portanto, a constatação foi óbvia sobre não ter sido somente o Rock a sofrer com a despótica usurpação da difusão cultural no Brasil.
Passada a apresentação desse pequeno e bom
conjunto regional com a sua ótima cantora, eis que o ocasional grupo Rocker e múltiplo,
iniciaria a sua atuação e de fato, pelo nome do Festival, a homenagear
as mulheres, as cantoras, Gilda Elena e Simone Bressan, haveriam por compor a linha de frente a justificar o
mote e os demais, meninos, a estabelecer um revezamento em apoio no
palco. E assim aconteceu, com muitos baixistas, guitarristas e
bateristas a subir e descer da ribalta.
Foto
1: Daniel Gerber, Kim Kehl e Marcelo Frisoni. Foto 2: Gegê Guimarães e
Marcelo Frisoni. Festival "Mulherada Criativa" na Vila Pompeia, São Paulo-SP em 1ºde julho de 2018. Clicks, acervo e cortesia de Marcos Kishi
Fui
chamado para tocar: "We're an American Band", uma música icônica do
Grand Funk e foi divertido tocar ao lado do ótimo, Marcelo Frisoni, um
guitarrista muito bom e do igualmente bem técnico baterista, Dimas
Zanelli, que nessa canção, também exerceu o seu talento vocal, com um
vozeirão muito parecido com o original de Don Brewer.
Nos bastidores, pediram-me para tocar "Rock'n' Roll" do Led Zeppelin sob improviso e desta feita, Gilda Elena cantou, com Gegê Guimarães na guitarra e Sandro Big (do "Cavalo a Vapor"), na bateria.
Voltei aos bastidores e constatei que outros músicos subiram para tocar outras canções do Classic Rock sessenta-setentista, quando chegou a vez de executar as canções do Made in Brazil e um combo robusto esteve no palco. Dimas Zanelli na bateria e eu no baixo, com quatro guitarristas: Tony Babalu, Kim Kehl, Daniel Gerber e Marcelo Frisoni. E para cantar, Simone Bressan, Gilda Elena e Rubers Nardo.
Bem, com uma massa sonora dessas, houve um esforço
coletivo para não desrespeitar-se a dinâmica básica e não deixar o trem
descarrilar, no andamento. E deu tudo certo. Tanto na canção do Grand
Funk, quanto nas do Made in Brazil, surpreendi-me com a reação do
público, que realmente aglomerou-se em frente ao palco e vibrou muito.
Maravilha, foi bastante prazeroso, também por esse aspecto.
Sucesso total, gostei muito de estar nessa tarde de um domingo, dia 1º de julho de 2018, com um monte de amigos cabeludos a tocar Rock'n' Roll e poder restabelecer a ligação de um ciclo com esse bairro, conforme eu descrevi acima, cinquenta e dois anos depois de passear pelos seus quarteirões e ouvir bandas com cabeludos a tocar pelas garagens, principalmente nas tardes dos sábados de 1966, apesar da contrariedade ultra conservadora do meu avô.
Confraternização
do Pós-Show. Foto 1: Kim Kehl, Lincoln "The Uncle" Baraccat, Simone
Bressan, Rick Vecchione, Marcelo Frisoni, Osvaldo Vecchione, Daniel
Gerber, Solange Blessa e eu (Luiz Domingues). Foto 2: Agachados, Geovana
Frisoni, Carlos Dutra, Carlinhos Machado (atrás de Gilda), Gilda Elena,
Dimas Zanelli e Rick Vecchione. Em pé: Lara Pap, Kim Kehl, Lincoln "The
Uncle" Baraccat, Simone Bressan, Marcelo Frisoni, Osvaldo Vecchione,
Daniel Gerber, Solange Blessa e eu (Luiz Domingues). Festival "Mulherada
Criativa" na Vila Pompeia, São Paulo-SP em 1ºde julho de 2018. Acervo e cortesia de Lincoln Baraccat. Click de Marcos Kishi. Click, acervo e cortesia de Marcos Kishi (Foto 2)
Já noite
avançada, saí feliz do cruzamento das Ruas Raul Pompeia e Padre Chico.
Festival "Mulherada Criativa", na Vila Pompeia, São Paulo / SP, em 1º de
julho de 2018. Cerca de trezentas pessoas estiveram na audiência a assistir-nos.
E naquele
instante do pós-show, o fotógrafo, Lincoln "The Uncle" Baraccat, que também
é guitarrista e compositor, abordou-me e formulou o convite para que viesse a tocar com uma banda que ele estava a formar, para tocar as suas
composições, dali a cerca de cinquenta dias, em uma outra feira, ao ar
livre, nos mesmos moldes desta e que chamar-se-ia: "A Gosto Musical", a
ser montada em outro quadrante do mesmo bairro. Eu aceitei a esse tornou-se
o meu próximo trabalho avulso, a seguir, mas na verdade, algo novo
surgiu nesse ínterim e uma outra atuação com um trabalho avulso, foi marcada para ocorrer antes mesmo desse evento citado e seria com músicos da pesada...
Continua...
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