Aconteceu
no tempo d'A Chave do Sol, em setembro de 1984. Foto promocional da
banda, feita na mesma época, de autoria de Carlos Muniz Ventura
No segundo
semestre de 1984, a nossa banda vivia um momento muito bom, sob o
impacto de uma forte expansão gerencial e midiática. Ao crescer no
imaginário popular e despertar, por conseguinte, a possibilidade de se
abraçar as oportunidades que surgiam aos montes, eis que por volta de setembro de
1984, a banda abriu duas frentes importantes para fomentar ainda mais a
divulgação do trabalho e também para fechar shows.
Nesses termos, os
companheiros, Rubens Gióia e o então novo vocalista, Chico Dias (este
rapaz na verdade, permaneceu muito pouco na formação da banda), foram à
Porto Alegre, onde alguns contatos dentro da mídia gaúcha, foram
movimentados, e em paralelo, eu mesmo, Luiz Domingues, fui ao Rio de
Janeiro, onde por conta de alguns contatos que eu mantinha na capital
fluminense, tratei por incrementar o mesmo esforço.
É bem verdade, que além dos contatos que eu já possuía, houve a providencial ajuda que eu (nós), recebi (emos) da produtora do Língua de Trapo, chamada: Cida Ayres, que afeiçoara-se também ao trabalho da nossa banda, "A Chave do Sol" e assim, de uma forma muito generosa, ela movimentou os seus contatos pessoais e posso dizer, foi um esforço decisivo para que em uma das abordagens que eu fui fazer no Rio, para vender um show da nossa banda no badalado espaço do "Circo Voador", se lograsse êxito, logo a seguir, graças a esse esforço despendido em setembro de 1984, e com o apoio decisivo de Cida Ayres.
Bem, ainda a falar sobre a minha ida ao Rio, para estabelecer os contatos, houve um fato a mais e que fora também uma intervenção direta da minha amiga, Cida Ayres. Eis que assim que eu elaborei a minha agenda para cumprir na cidade, percebi que seria difícil cumprir todos os compromissos em um dia apenas, mesmo se eu viajasse pela madrugada e chegasse bem cedo ao solo carioca.
Por conta dessa logística apertada, a Cida interveio e
sugeriu uma solução gratuita para eu pernoitar na cidade e assim poder contar
com mais um dia para que eu pudesse trabalhar no Rio. Ela conversara com
o grande cartunista, Chico Caruso, muito famoso já naquela época, por
ser o chargista oficial do jornal, "O Globo" e naturalmente a colaborar
com os outros veículos da mesmo empresa, incluso a Rede Globo de
Televisão.
O
grande cartunista, Chico Caruso, muito amigo dos membros do Língua de Trapo e que
ajudou a minha outra banda, A Chave do Sol, em 1984. Foto: divulgação
na Internet
Ocorre que
ele, Chico Caruso, assim como o seu irmão gêmeo e igualmente a se tratar de um
cartunista genial, Paulo Caruso, eram entusiastas do trabalho do Língua
de Trapo, e em minha recente segunda passagem por essa banda, entre 1983 e
1984, eu pude conviver com ambos.
Aliás, bem recentemente naquela
ocasião, ainda mais com o Chico, por conta de duas temporadas que essa
banda cumprira pelos palcos cariocas. Portanto, ele conhecia-me por
conta de minha atuação com tal grupo e quando a Cida Ayres o procurou
para que ele abrisse-nos algum contato midiático, a proposta de ajuda
foi providencial e inesperada ao mesmo tempo, pois ele ofereceu-me o seu
atelier para que eu lá pernoitasse. Ora, que honra, aceitei de pronto e
mais que a gentileza por si só, a mostrar-se muito grande, eu animei-me
com a ideia de que ficaria algumas horas em seu gabinete de trabalho,
solitariamente a verificar in loco, o seu material de criação.
Chico Caruso em foto montagem extraída da Internet
E foi
assim, Chico recebeu-me com muita galhardia, além de disponibilizar a
sua biblioteca para que eu pudesse examinar o que eu desejasse durante
as horas em que ali permaneceria e sobretudo, com a liberdade para eu
ver os seus novos trabalhos em construção sobre a prancheta, a vontade.
Privilegiado que eu fui, pude ver diversos cartuns em que ele estava a
trabalhar, inclusive alguns já em fase de acabamento final de seu
lay-out, para serem encaminhados à redação do jornal, "O Globo".
Sensacional, eu fiquei muito feliz por ter tido liberdade para examinar o
trabalho de um artista consagrado, em fase de elaboração, dentro do seu
atelier de trabalho, localizado em uma travessa da Avenida Ataulfo de
Paiva, no elegante bairro do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro.
E sim, os esforços lograram êxito, e entre outras conquistas, a nossa banda participou de um festival muito concorrido, entre as grandes bandas midiáticas do dito movimento: "BR Rock 80's", no Circo Voador, logo a seguir, com um show completo que ali cumprimos ao final de outubro do mesmo ano. Portanto, A Chave do Sol agradece mais uma vez o apoio da solícita produtora musical, Cida Ayres e do grande cartunista, Chico Caruso!
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