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sábado, 17 de setembro de 2016

Língua de Trapo - Shows 1979

Língua de Trapo

Shows de 1979


Arrolo tais apresentações do ano de 1979, com a devida ressalva de que tais espetáculos foram na verdade a representar grupamentos seminais que deram origem ao Língua de Trapo, pois a banda assim constituída e a usar tal nome oficialmente, só começou a atuar mesmo, em 1980. Contudo, tais apresentações iniciais são computadas no currículo e histórico da banda, pois de fato constituem a mais remota semente do que tornar-se-ia de fato, o Língua de Trapo, a seguir.
Foto da primeira apresentação do Grupo de Música e Poesia da Faculdade Cásper Líbero. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes
 
1) Grupo de Música e Poesia da Faculdade Cásper Líbero - 25 de junho de 1979

Local : Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, de São Paulo

Formação:

Laert Sarrumor: Vocal e Percussão
Paulo Estevam Andrade: Guitarra, Violão e Voz
Saulo: Violão, Percussão e Voz 
Guca Domenico: Violão e Voz
Nilma Martins: Vocal e Percussão
Pituco Freitas: Vocal e Percussão
Luiz Domingues: Baixo

Público aproximado: 150 pessoas 
Foto da segunda apresentação do Grupo de Música e Poesia da Faculdade Cásper Líbero. Acervo de Homero Sergio Moura

2) Grupo de Música e Poesia da Faculdade Cásper Líbero - 6 de agosto de 1979

Local : Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, de São Paulo

Formação:

Laert Sarrumor: Vocal e Percussão
Paulo Estavam Andrade: Guitarra, Violão e Voz
Saulo: Violão, Percussão e Voz 
Guca Domenico: Violão e Voz
Nilma Martins: Vocal e Percussão
Pituco Freitas: Vocal e Percussão
Luiz Domingues: Baixo

Público aproximado: 200 pessoas
Crachá que eu , Luiz Domingues, usei para atuar no Festival de MPB da Universidade Mackenzie, em 1979
 
3) Festival Universitário da Universidade Mackenzie - 1ª Eliminatória - 13 de outubro de 1979

Local: Teatro da Universidade Mackenzie de São Paulo

Músicas que defendemos no Festival : "Despedida Sem Adeus" e "Prazer"

Formação desse grupo montado para o Festival:


Pituco Freitas: Voz
Laert Sarrumor: Voz
Paulo Estevam Andrade: Violão Solo
Guca Domenico: Violão Base
Sebastian: Bateria
Luiz Domingues: Baixo

Público aproximado : 400 pessoas 

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Língua de Trapo - Portfólio 1979

 
Língua de Trapo

Portfólio - 1979 

1) Programa do Recital de Música e Poesia realizado em 25 de junho de 1979, pelo grupo de Música e Poesia da Faculdade Cásper Líbero, grupo esse, semente primordial do que viria a ser o Língua de Trapo, logo a seguir. 
2) Parte interna do programa, a discriminar autores e intérpretes de cada música executada no recital, exibido em 25 de junho de 1979, nas dependências da Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, de São Paulo.
3) O meu crachá (Luiz Domingues), do Festival do Festival Universitário de MPB da Universidade Mackenzie, no qual defendemos duas músicas: "Prazer" e "Despedida Sem Adeus", como assinala a peça acima. Eliminatória realizada no dia 13 de outubro de 1979, no teatro dessa tradicional universidade paulistana.

sábado, 3 de setembro de 2016

Língua de Trapo - Fotos ao Vivo 1979

Língua de Trapo

Fotos ao Vivo - 1979 

Semente primordial do Língua de Trapo, eis uma foto ao vivo do chamado: "Grupo de Música e Poesia" que reuniu-se para uma exibição musical/literária em uma sala de aula da Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, onde todos eram alunos, com a minha exceção, Luiz Domingues, pois eu ainda era um estudante secundarista nessa ocasião. 25 de junho de 1979, estou encoberto nessa foto, no lado esquerdo da foto. Portanto, dentro do quadro, da esquerda para a direita: Paulo Estevam Andrade, Guca Domenico, Saulo, Pituco Freitas (em pé), Nilma Martins e Laert Sarrumor. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes
Foto da mesma apresentação citada acima. Laert Sarrumor em destaque. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes

A declamar, o aluno, Dimas Antonio, em pé, com um papel em mãos, em frente à banda. manhã de 6 de agosto de 1979. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes

No primeiro plano, Paulo Estevam Andrade, popular "Tevão" ou também, "Paulo Sustenido". No canto, agachado, Laert Sarrumor. A declamar na frente, o aluno, Donizetti Costa. Manhã de 6 de agosto de 1979. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes

Aluno, Gerson Ney França a declamar, com Dimas Antonio ao fundo e atrás, por detalhes, Nilma Martins. Manhã de 6 de agosto de 2020. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes

Aluno, Ricardo Soares a declamar, com Luiz Domingues ao fundo e Paulo Andrade, encoberto, ao violão. manhã de 6 de agosto de 2020. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes

Aluno, Sergio Galli a declamar, com Guca Domênico ao fundo com o violão. Manhã de 6 de agosto de 2020. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes

Perspectiva do público presente. Manhã de 6 de agosto de 1979. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes

Segundo Recital de Música e Poesia da Faculdade Cásper Líbero. Em outra sala de aulas, desta feita o objetivo seria recepcionar os novos calouros ingressos na Faculdade, no segundo semestre de 1979. Manhã de 6 de agosto de 1979. Da esquerda para a direita: Nilma Martins (encoberta), Luiz Domingues, Guca Domenico, Paulo Estevam Andrade e Laert Sarrumor (em pé). Click, acervo e cortesia: Homero Sergio Moura.

Segundo Recital de Música e Poesia da Faculdade Cásper Líbero. Em outra sala de aulas, desta feita o objetivo foi recepcionar os novos calouros ingressos na Faculdade, no segundo semestre de 1979. Manhã de 6 de agosto de 1979. Da esquerda para a direita: Fernando Marconi (percussão), Pituco Freitas, Nilma Martins, eu (Luiz Domingues) e Guca Domenico. Click, acervo e cortesia: Homero Sergio Moura.
Pituco Freitas em destaque, com a minha presença (Luiz Domingues), atrás e encoberto, além de Guca Domênico (primeiro violão) e Paulo Estevam Andrade (segundo violão). Segundo Recital de Música e Poesia da Faculdade Cásper Líbero. Em outra sala de aulas, desta feita o objetivo foi recepcionar os novos calouros ingressos na Faculdade, no segundo semestre de 1979. Manhã de 6 de agosto de 1979. Click, acervo e cortesia: Homero Sergio Moura

6 de agosto de 1979. Da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues e não estava a dormir... apenas esperava pela minha vez para tocar), Laert Sarrumor, Guca Domenico e Paulo Estevam Andrade. Se revela como super emblemática a presença de Lizoel Costa (primeiro em pé a esquerda, encostado no batente da porta), que era um calouro a chegar à Faculdade naquele dia, mas em questão de dias já estaria a se incorporar ao grupo, como violonista & guitarrista, e seria no futuro, membro oficial do Língua de Trapo em sua formação clássica. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes.  

 

Fotos a mostrar as atividades culturais para receber os calouros do segundo semestre de 1979. Estou (Luiz Domingues), na segunda foto desse mosaico, a tocar baixo, ao lado do Guca Domenico (violão) e no canto esquerdo, Fernando Marconi toca bongô, enquanto os vocalistas Pituco Freitas e Nilma Martins, se entreolham. Clicks, acervo e cortesia: Homero Sergio Moura

Foto da mesma apresentação citada acima e finalmente eu apareço no enquadramento da foto... da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues), Paulo Estevam Andrade, Guca Domenico (semi encoberto), Saulo e Nilma Martins (semi encoberta). O braço do violão no canto inferior direito, provavelmente devia estar a ser tocado por Pituco Freitas. Click, acervo e cortesia: Rivaldo Novaes.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Língua de Trapo - Formações 1979


Língua de Trapo

Formações 1979


1) Grupo de Música e Poesia da Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero - Junho 1979/agosto 1979:

Laert Sarrumor: Voz e Percussão
Pituco Freitas: Voz 
Guca Domenico: Voz e Violão
Paulo Estevam Andrade: Violão e Guitarra
Saulo: Voz e Violão
Nilma Martins: Voz e Percussão
Luiz Domingues: Baixo

2) Grupo de apoio a Laert e Guca no Festival de MPB da Universidade Mackenzie - outubro 1979

Laert Sarrumor: Voz
Guca Domenico: Violão e Voz
Paulo Estevam Andrade: Violão
Sebastian: Bateria

Luiz Domingues: Baixo


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Língua de Trapo - Capítulo 6 - A Minha Saída em 1981 - Por Luiz Domingues



Por que eu quis sair? Eu não gostaria de ter saído, essa foi a verdade. Eu gostava muito de fazer parte da banda, e tinha o sentimento de que apesar de não ter essa mesma criatividade e verve humorística, (longe disso, aliás), eu fora, ao lado do Laert Sarrumor a mais remota semente da banda, plantada em 1976, através do "Céu da Boca/Boca do Céu/Bourréebach", é claro, ao se pensar como trajetória nossa em particular no caso, por tratar este texto da minha autobiografia, é evidente que a perspectiva é oportuna. 

E a acrescentar, eu também estava a passar por sérios problemas pessoais, devido às pressões familiares que impeliam-me a ter que autoafirmar-me como músico, e nesse sentido, desde 1979, simultâneo ao Língua de Trapo, estava a cumprir vários trabalhos paralelos, na música.

Laert Sarrumor, um grande dínamo na história do Língua de Trapo


Desde o final de 1979, eu desenvolvera trabalhos paralelos ao Língua de Trapo, pois precisava ganhar dinheiro com urgência. E entre tantas coisas, o mais duradouro foi uma banda de covers chamada: "Terra no Asfalto". Essa banda surgiu em dezembro de 1979, e durou até junho de 1980 (em sua primeira fase), mais ou menos. Mas ao final de novembro, surgiu a ideia de reformulá-la, e diante dessa perspectiva de trabalho fixo, realizado em casas noturnas, eu tive que optar por sair do Língua de Trapo, pois haveria um choque de agendas, inevitável. 

Fui então para o "Terra no Asfalto", que durou até junho de 1982. Há muitas histórias sobre a trajetória do "Terra no Asfalto", nos capítulos específicos sobre esse trabalho, nesta mesma autobiografia.

Eu havia tido uma briga feia com o meu pai, por firmar posição em querer ser músico profissional. Precisava ganhar dinheiro, e assim, não foi possível continuar no Língua de Trapo, infelizmente, que estava a crescer, certamente mas ainda não proporcionava renda. 

Fiquei muito chateado, é lógico. Dividido, também pois sempre odiei tocar covers. Não haveria sentido no meu entendimento, deixar uma banda com som autoral para ir tocar em uma banda de covers, pelos bares pela noite. Se o fiz, foi por extrema necessidade financeira e imediata. 

Ao analisar hoje em dia, o meu conceito não muda, pois a realidade daquele momento exigiu tal postura. Não tenho como arrepender-me, pois eu não era vidente para supor que já na metade do ano de 1981, o Língua de Trapo sairia desse estado inicial de um quase amadorismo, para tornar-se uma banda com infraestrutura a ostentar a presença de empresário, mídia, e agenda lotada. 

Observei o sucesso meteórico da banda, com dor no coração, a sentir-me uma espécie de “Pete Best” (para quem não conhece a menção, a tratar-se do primeiro baterista do grupo de Rock, The Beatles, que deixou a banda muito pouco tempo antes da  consagração dessa banda em larga escala), mas a torcer pelos meus amigos, sem nutrir nada negativo, primeiro por que sou espiritualista por natureza, e diante dessa forma de pensar, inveja não tem cabimento, é fora de cogitação em minha linha de conduta, e segundo, por que os companheiros não quiseram que eu saísse, portanto, foi decisão minha.

Guca Domenico, outro compositor muito inspirado e artista fundamental na estrutura de criação do Língua de Trapo


Portanto, dadas as circunstâncias todas descritas anteriormente, foi duro comunicar a eles, tal decisão de minha parte. Fiquei a adiar por dias, e assim criar coragem. Mesmo por que foi uma autoimolação, quase um Haraquiri, com o perdão pela analogia e dose de exagero. 

O Laert ficou muito chateado, é claro. De todos os membros, fora com ele que eu tivera a mais velha ligação artística. Estávamos a lutar juntos desde 1976, e assim, foi como se estivesse a abandoná-lo naquela luta. Por quantas adversidades tínhamos passado juntos desde 1976? 

Pois então foi duro sair e isso só aumentou o meu pesar. Claro que ele (Laert), tentou demover-me de minha decisão. O fato pitoresco, foi que todos os seus argumentos por ele expostos bateram exatamente com o que eu pensava, também. Chegou-se em um ponto onde não adiantava mais falar, absolutamente nada, mas só lamentar. Como eu já disse anteriormente, eu saí por necessidade financeira, contudo, embora gostasse e acreditasse que o trabalho vingaria, estava sob pressão familiar, e urgia ganhar dinheiro.


Se foi amistoso? Sim, mas claro que nenhuma separação, por mais amigável que seja, é agradável. E ficou acertado que eu faria mais uma apresentação com a banda. 

Não foi um show, por isso eu considero aquele show anterior, realizado no bar 790, em novembro de 1980, como o último, nesse formato. Porém, a última subida ao palco, foi a defender duas músicas em um festival Universitário, em janeiro de 1981. O palco em questão foi nobre, o Palácio das Convenções do Anhembi, onde grandes artistas apresentavam-se, regularmente. 

Foi o fim dessa minha primeira etapa com o Língua de Trapo, pois a história continuou depois, com a minha volta, em outubro de 1983 e aí, tenho inúmeras histórias, com a banda e sob uma situação completamente diferente, a se revelar, frenética, posso afirmar.

O meu clima foi tristonho, é claro, para essa última participação com a banda. Nesse momento eu estava já a atuar novamente com a banda cover, "Terra no Asfalto". Participar do festival, foi um melancólico final que deixou-me desalentado, mas fazer o que, não é? 

E assim, no dia 19 de janeiro de 1981, eu subi no palco do Palácio das Convenções do Anhembi, uma ribalta histórica e elegante da cidade de São Paulo, por sinal (ali se apresentou: Alice Cooper, Elis Regina, Festival Phono 73, Doces Bárbaros, Festival de Jazz de 1978 e 1980 e muitos outros eventos históricos). 

Defendemos as músicas: "Tragédia Gramatical" e "Circular 46", com o Língua de Trapo e alguns músicos convidados. A formação do nosso grupo nessa noite, foi a seguinte:



Laert Sarrumor - Vocal

Pituco Freitas -Vocal

Lizoel Costa - Violão

Guca Domenico - Cavaquinho

Carlos Melo - Vocal e imitações

Fernando Marconi - Pandeiro

Celso Mojola - Teclados

Como músicos convidados, estiveram conosco:

Armando Tibério - Bateria

Gilles - Clarinete

André - Flauta Transversal


Lembro-me que não havia muito público no auditório, apesar de ter sido um festival badalado, e realizado em um teatro nobre. Os shows de entretenimento do Festival foram realizados pelo “Made in Brazil”, e a cantora, “Silvinha”, ex-Jovem Guarda. Assisti a ambos da coxia do teatro. O da Silvinha foi incrível, pois a sua voz era mesmo de arrepiar. Ela cantou uma versão soul music de “Lady Madonna” dos Beatles, onde deu um show de malabarismo vocal.

E assim, toquei e despedi-me do Língua de Trapo, ao menos em minha primeira passagem pelo grupo. A música: "Tragédia Gramatical" foi classificada, mas doravante o baixista, Ayrton Mugnaini Jr. assumiu o posto interinamente, e participou da final do festival, pois uma grande reformulação na banda aconteceu, após a minha saída, a configurar a formação clássica da banda, que gravou o seu primeiro disco oficial, o LP homônimo, lançado no ano posterior, em 1982.

Continua...

Língua de Trapo - Capítulo 5 - Língua de Trapo é o nome dessa Banda - Por Luiz Domingues


Após o show realizado ao ar livre no pátio da Estação São Bento do Metrô, e por termos definido um nome para a banda, partimos então para um projeto novo que dar-nos-ia um novo impulso: a gravação de uma fita demo, não para ser levada à apreciação por produtores de gravadoras, mas para ser vendida ao consumidor, diretamente, de mão em mão nos shows, e dessa forma a obter lucro para a banda, e ao mesmo tempo, tratar de espalhar o trabalho de uma forma mais abrangente. 

Além do mais, como nesses primeiros tempos, nós raramente tocávamos com equipamento minimamente profissional, o grande trunfo de nosso trabalho estava na realidade, mal explorado, isto é, as letras com forte apelo satírico, duplo sentido e com uma dose generosa de sarcasmo, não eram inteligíveis o suficiente para o público, no decorrer das apresentações, por conta da precariedade técnica com a qual lidávamos normalmente para nos apresentarmos. 
Dessa forma, sentíamo-nos frustrados com essa deficiência técnica que prejudicava o entendimento de nosso trabalho, e a ideia em possuir o material gravado, haveria de ser uma solução e tanto. E mais um outro aspecto interessante e inerente à época, foi o fato de que era muito improvável algum artista sonhar em lançar um disco independente naquele momento. 

O paradigma no meio artístico da ocasião, formatara-se no sentido que qualquer artista ou era contratado de uma gravadora, ou era considerado um artista "amador", por não possuir um contrato formal com uma companhia sedimentada no mercado fonográfico. 



Naquele ano de 1980, havia apenas dois discos lançados no mercado, de forma independente (o do tecladista, Antonio Adolfo, "Feito em Casa", que fora lançado em 1977, e o da banda de Rock, Patrulha do Espaço, em 1980, mesmo).

E assim, gerou grande polêmica no meio, pois até ameaça de processo judicial tais artistas independentes sofreram, sob a estapafúrdia alegação de que estes "violariam os direitos exclusivos da áudio-difusão da indústria fonográfica". Equivaleu a dizer que em 1888, os escravos violaram o direito dos fazendeiros explorar as suas terras sem o ônus de ter que pagar salários aos trabalhadores, portanto, a tornar a libertação, um ato "antieconômico"... 


Então, a banda gravou entre os meses de outubro e novembro de 1980, a usar o estúdio de ensaio da banda: "Companhia Ilimitada", que atuava na noite, a tocar covers. 

Esse estúdio cresceu muito a posteriori, e desde o seu início, era de propriedade do tecladista, De Boni, que tocou com “O Terço” nos anos 1990, e que tocava no "Cia. Iltda", naquela época. Foram gravadas dezoito músicas, sob um esquema ao vivo, com pequenos overdubs realizados, apenas. 

Tratou-se de uma demo-tape sem muito requinte de qualidade sonora, mas que serviu aos propósitos, e sobretudo, coube no modesto bolso da banda. Feito isso, pensamos em criar uma embalagem criativa, que foi barata, e batizamos essa fita com o nome: "Sutil Como um Cassetete". 


De volta a falar sobre a escolha do nome nova da banda, Língua de Trapo, cabe aqui uma explicação: realmente, esse nome foi escolhido por simbolizar a língua afiada, no sentido metafórico, plena de corrosão ácida, para criticar através do humor, a política, sobretudo. E a ideia foi tirada de um verso da música: "Dá Nela", composta por Ary Barroso e Francisco Alves. 
            O grande, Ary Barroso, em foto extraída da internet
 
Nessa música (interpretada pelo famoso cantor, Francisco Alves), a se tratar de uma marchinha de carnaval de 1930, conta-se a história de uma pessoa que tem o mau hábito de falar mal da vida alheia. 

E ela foi usada como vinheta na turnê do primeiro disco do Língua de Trapo, entre 1982 & 1983. 

Antecipo neste instante um pouco a cronologia, para explicar que quando eu voltei ao Língua de Trapo, em outubro de 1983, e ainda participei do final dessa turnê ("Obscenas Brasileiras"), eu cheguei a estar em cena com ela a ser usada como fundo sonoro, pois era a hora da apresentação da banda, onde a música servia como “background” para um texto satírico, onde cada componente era apresentado, todos a se exibir perfilados em fila indiana.
E ainda a falar sobre a marcha carnavalesca, "Dá Nela", cujo verso a citar o termo, "Língua de Trapo", foi o que inspirou o nome da nossa banda, eu devo alertar a quem for ouvi-la, que a parte cantada só começa por volta do segundo minuto, apesar de ser uma marchinha carnavalesca, bem curta em sua duração. Devo dizer que foi inacreditável tal conceito em 1930, onde o maestro arranjador tenha feito uma introdução instrumental tão longa. Certamente que antecipou, visionariamente, o conceito, "progressivo", em quase quarenta anos...
Então, sem dinheiro e sem parentes importantes, como dizia o Belchior, criamos uma embalagem inusitada para acompanhar a fita K7: revelou-se de um saco de papel de supermercado, todo amassado e com a marca de um carimbo barato, onde colocávamos o nome da banda e da demo: "Língua de Trapo - Sutil Como um Cassetete". 

A manufatura desse material foi lenta. A reprodução das fitas foi caseira, feita na casa do Carlos Melo (Castelo), que tinha em sua posse um equipamento de som duplo deck para tal providência ser adotada. 

Já a confecção das capas, foi realizada ao estilo xerox e com o acréscimo de uma de uma gravata recortada com retalho, em forma de língua. Literalmente uma língua de trapo...
Programa do show "Solitário", do cantor, Pituco Freitas, realizado no Teatro Gazeta, em 8 de novembro de 1980 

Nesse ínterim, para encerrar aquela série de shows com caráter solo de cada componente do grupo, desta vez foi o vocalista, Pituco, que resolveu apresentar-se. A banda que o acompanhou foi mais elétrica desta feita, com a minha presença (Luiz), no baixo, o seu irmão, Pitico Freitas na guitarra (ele tinha uma bela guitarra, Gibson Les Paul, preta), Celso Mojola ao piano e um baterista, chamado, Edson "Kiko". 

O show foi batizado como: "Solitário", e foi realizado no Teatro Gazeta, em 8 de novembro de 1980, com um surpreendente público presente em torno de cem pessoas, aproximadamente. 
Esse show ocorreu no inusitado horário das onze horas da manhã, e no mesmo dia, por volta das dezessete horas, o Língua de Trapo participou pela primeira vez de um programa de TV (sem contar a aparição mediante a intervenção do telejornalismo da TV Bandeirantes, que ocorrera um mês antes). 

Foi então o programa "Dárcio Campos", da TV Bandeirantes e gravado no próprio Teatro Bandeirantes. Esse rapaz se tratava de um comunicador popularesco, que mantinha um bordão ridículo, como marca pessoal: "Geração Shanti", com a mão a gesticular a saudação “vulcana” exibida pelo personagem do Sr. Spock, do seriado de TV, "Star Trek" ("Jornada nas Estrelas"), ou seja, algo inusitado, no mínimo.

Íamos ser submetidos a um júri ao defendermos a música: "Tragédia Gramatical" em uma espécie de disputa entre calouros. Ao final, vencemos o outro concorrente pelo placar de três a dois e o voto de minerva foi da cantora, Elizabeth “Tibet” Queiroz. O seu comentário foi hilário: -"vou votar no Língua de Trapo, por que a letra deles é incrível, embora não diga absolutamente nada"...
Caímos na risada na hora, mas acho que ela não percebeu a bobagem que havia dito. Nos anos noventa, já amigo dela, eu contei-lhe essa história pitoresca, e ela mostrou-se surpreendida, por não lembrar-se de nada...
Infelizmente não tenho, e desconheço quem tenha, uma cópia dessa aparição, no programa, Dárcio Campos. Isso foi certamente motivado pelo fato de que quase ninguém possuía em sua residência, um aparelho de videocassete, praticamente. Inclusive não havia disponível no mercado brasileiro, na época (só começou a fabricar-se tal aparelho em 1982, aqui no Brasil). Talvez os mais abonados possuíssem-no, mas era raríssimo. A não ser que algum abnegado tenha gravado na época, realmente não existe esse registro. Mas essa hipótese é remota, mesmo por que, os poucos que tinham esse aparelho em casa, dificilmente assistiriam o programa Dárcio Campos em um sábado a tarde, e mais ainda,interessar-se-iam em gravar uma obscura banda, como era o Língua de Trapo naquela ocasião, convenhamos...
E eu tenho dúvida se a TV Bandeirantes tenha esse material arquivado. Naquela época, as fitas de vídeo-tape eram importadas, e muito caras. As emissoras de TV costumavam gravar por cima, para otimizar o uso das fitas. É sabido por exemplo, que centenas de jogos de futebol foram apagados para que a TV Tupi pudesse gravar novelas, por exemplo. Por isso que o acervo de gols do Pelé é tão pequeno, infelizmente. 

Fora dessa improvável hipótese, só ficou na memória, mesmo. Bem, na minha com certeza, muito provavelmente na do Laert, que tem excelente memória, e sempre foi minucioso com a preservação de tudo a respeito de sua carreira, igualmente, mas quanto aos demais membros dessa formação, eu não posso garantir nada, mas torço para que contribuam com as suas respectivas lembranças.
E mesmo ao estarmos inseridos em um ridículo programa de calouros, com forte teor popularesco, no meu caso teve um sentido especial tocar naquele palco (para o Laert, também), pois ali aconteceram shows históricos do Rock e da MPB nos anos setenta. Tive esse momento de reflexão interna, enquanto tocava. 

Após essa primeira aparição em um programa de TV (com a devida ressalva que havíamos tido uma reportagem televisiva de um show ao vivo na estação São Bento do Metrô, e já relatada anteriormente), a preocupação agora, seria lançar a fita demo-tape recém gravada por nós, com um show bem feito. 

Mas antes mesmo de pensar nesse show, já começamos a vender a fita com aquele acabamento caseiro, do qual eu expliquei em capítulo anterior. E foi um estouro de vendas. Praticamente a nossa Faculdade inteira comprou, e muita gente oriunda de outras faculdades, amigos, parentes e conhecidos. 
O grande, Carlos Melo (Castelo), colaborador do Língua de Trapo, desde os primórdios da banda

Lembro-me que chegou-se a um ponto, onde o Carlos não suportou a demanda em reproduzir em seu equipamento caseiro, e aí tivemos que encomendar cópias em estúdio, a encarecer um pouco a produção, mas valeu a pena pela quantidade com maior fluidez.

Lançamos a fita no início de dezembro de 1980. Eu saí da banda ao final de janeiro de 1981, e até quando permaneci, havíamos vendido mais de mil e trezentas fitas. Ou seja, tal número foi um estouro total, se levarmos em conta que foi uma produção amadora, sem divulgação, e sem respaldo profissional, algum. De forma artesanal, e vendida no tète-a-tête, esse número pode ser considerado fabuloso.

Sobre a quantidade de músicas contidas nessa fita, foi de fato, enorme. Gravamos dezoito músicas, o que tornou a missão, cansativa. O resultado final, ao considerar-se que fora uma gravação ao vivo, e com ambiente sem separações (a não ser alguns biombos, e portanto não evitou-se assim os vazamentos em cem por cento), ficou bem razoável o resultado final. 
Em quatro canais apenas para trabalhar, na mixagem foi inevitável o processo de redução. E no processo final, o estéreo armazenado sob uma arcaica fita K7, com o seu indefectível chiado se fez presente. 

Apesar disso tudo, a qualidade do áudio agradou-nos e o sucesso de vendas comprovou a aprovação do trabalho. A base do repertório foi usada posteriormente na gravação do primeiro LP oficial do Língua. Isso ocorreu em 1982, mas eu não estaria mais na banda nessa ocasião. Mas o que eu não poderia imaginar nessa ocasião, foi que eu voltaria em 1983. O último show do Língua de Trapo em que atuei nessa minha primeira passagem, foi exatamente o do lançamento da fita demo: "Sutil Como um Cassetete". 

Ainda haveria uma participação em Festival, a concorrer, mas show mesmo, esse foi o último, dessa primeira passagem que eu tive pela banda.  

Então, nesse show, que ocorreu no dia 19 de novembro de 1980, eu já havia comunicado à banda que havia tomado a decisão de sair e no caso, o músico & jornalista (na época, ainda estudante como todos nós, da mesma Faculdade Cásper Líbero), Ayrton Mugnaini Jr. esteve presente, já a demonstrar ter preparado todas as músicas, para entrar na banda, ao substituir-me. 

Ele é um gênio, de fato, sendo o músico & jornalista com conhecimentos mais enciclopédicos que eu conheci na vida, tanto que tornou-se um grande crítico musical, logo que formou-se, ao escrever em jornais de grande circulação, revistas especializadas, participante ativo de programas de rádio e nos dias atuais, 2015, também pela Internet através de blogs, sites e plataformas virtuais as mais diversas. 

O show foi realizado em uma casa noturna chamada: “790”, que todo mundo chamava como: "Sete nove zero", assim, a se pronunciar separadamente, localizada no bairro do Itaim-Bibi, zona sul de São Paulo. Nessa ocasião, houve um público pequeno para nos assistir, com apenas trinta pessoas presentes, mas há a ressalva de que foi realizado em um dia útil, e além do mais, estava fora do circuito normal que o Língua de Trapo frequentava, no ambiente universitário. 

Continua...