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quinta-feira, 5 de março de 2015

Trabalhos Avulsos - Capítulo 27 - Gravação de Tema Antidrogas: Um Trabalho de Estúdio com Intenção Nobre - Por Luiz Domingues

Algum tempo depois que eu havia trabalhado com os meninos dos grupos, "Essex" e "Eternal Diamonds" em estúdio, ainda em 1997, eis que recebi o telefonema do vocalista, Nando Fernandes ("Cavalo Vapor", "Hangar"), a convidar-me para participar de uma gravação de um tema, em prol de uma campanha contra as drogas. 
Um dos melhores vocalistas do Brasil, com nível internacional, eu posso afirmar: Nando Fernandes 

Seria tudo patrocinado por uma entidade, mas claro, a participação dos músicos, seria sem o advento de cachê. Aceitei o convite por tratar-se de uma causa nobre, evidentemente. 
 
Segundo o Nando, seria gravado por uma banda base e diversos vocalistas e guitarristas que revezar-se-iam nos vocais e diversos solos. Foi marcado um primeiro ensaio, e para a minha sorte, o estúdio designado ficava bem perto de minha residência, em uma questão de dois quarteirões.
Curiosamente eu já morava naquela época há sete anos nesse bairro (Aclimação, na zona sul de São Paulo), e não conhecia esse estúdio de ensaio, mesmo ao passar constantemente em sua porta. Compareci ao estúdio e por morar perto, fui o primeiro a chegar. A sala que usaríamos estava ocupada ainda pelo cliente anterior, que verifiquei ser o "Exaltasamba". 
 
Quando o segundo participante do nosso ensaio chegou, percebi que tratava-se do baixista: Luis Mariutti, naquela época já bem famoso por tocar na banda de Heavy-Metal, "Angra". 
           O ótimo baixista e gente muito boa, Luis Mariutti 

O sucesso não o mudara em nada. Calmo, educado e humilde, lembrou-se de minha pessoa e ficamos a conversar, quando relembramos sobre o fato dele ter ficado doente, e eu tê-lo substituído em um show de sua então banda, o "Firebox", sete anos antes (caso relatado em capítulo anterior). Então, eis que chegaram os outros participantes, e os pagodeiros do "Exaltasamba" terminaram o seu ensaio, a abrir o caminho para nós.
       Átila Ardanuy, excelente guitarrista e produtor musical

Lembro-me da presença do Átila Ardanuy, irmão do guitarrista, Edu Ardanuy. Também da escola do virtuosismo, Átila tocava muito bem, mas o seu espectro de música, era o do som pesado oitentista, como praticamente todos os envolvidos naquela produção. O Hélcio Aguirra estava presente também, havia um tecladista, outro guitarrista do qual não recordo-me o nome, e o baterista foi o grande, Franklin Paolillo.
Um dos melhores bateristas do Rock Brasileiro, de todos os tempos: Franklin Paolillo 

Surpreendi-me contudo, pois quando o ensaio começou, o Nando perguntou se alguém tinha alguma ideia inicial. Achava até então que o tema já estava composto, e só o ensaiaríamos. Todavia, a proposta foi criá-lo ali na hora, ensaiar, e dali a poucos dias, entrar em estúdio para gravá-lo. 
 
O Átila tomou a dianteira, e pôs-se a dirigir a criação do tema, que ficou bem calcado no Pop anos oitenta, no estilo do "Van Halen", fase-Sammy Hagar; e também com pitadas do "Yes", fase-Trevor Rabin. Combinei com o Mariutti, para eu tocar bem simples, a fazer uma linha reta, e sem frase alguma, e ele ficar livre para fazer intervenções, e assim não causar tumulto, visto que o Nando queria dois baixos no track. 
 
A gravação ocorreu alguns dias depois, no estúdio Mosh. Desta feita, eu e o Franklin fizemos a base geral, junto ao Átila, e Hélcio Aguirra, porém, haveria um número enorme de guitarristas para executarem solos.
                       Luiz Carlini, lenda do Rock Brasileiro 

Lembro-me de ter visto no estúdio a atuar conosco, o Luiz Carlini, Edu Ardanuy e Faíska Borges, entre outros. Fui embora, após ter feito a minha parte. Lembro-me que o estúdio tornou-se uma balbúrdia com tanta gente ali presente e todos amigos entre si, certamente. Foi usada a sala "C" daquele complexo.


             Faíska Borges, um guitarrista impressionante 

Simultaneamente, na sala "A", estava a famosa cantora de MPB, Simone, a gravar um novo álbum. 
 
Os dias passaram, e o Nando não ligou-me mais. Alguns anos depois, eu estava a atuar com a Patrulha do Espaço, e encontrei-o em uma lanchonete no bairro do Paraíso, na zona sul de São Paulo. Ele disse-me que ficara engavetada a música, e que estava para ser dada uma solução para isso, e dessa forma, ele avisar-me-ia para providenciar-me uma cópia. 
 
Ficou por isso, e não consigo nem lembrar-me dela, nem mesmo o nome que foi-lhe dado. No cômputo geral, ficou bem gravada, lógico, pois foi feita no Mosh, um dos melhores estúdios do Brasil, e com um contingente de músicos ótimos, a tocarem. 
 
No entanto, o tema era bem Pop ao sabor oitentista, cheio de solos intermináveis, com a letra a mostrar-se muito piegas. É difícil tratar de um assunto dessa natureza e não soar ingênuo, eu reconheço. O Nando Fernandes é extremamente gentil e sem dúvida que esse destino mal traçado para o projeto, não foi sua culpa.

O próximo capítulo dos meus "Trabalhos Avulsos", conta mais uma história de produção para bandas de alunos em estúdio, mas desta feita, não logrou-se o êxito...

Continua... 

domingo, 1 de março de 2015

Trabalhos Avulsos - Capítulo 14 - Electric Funeral: A Brincar de Realizar Missa Negra - Por Luiz Domingues

Em setembro de 1989, eu desligara-me definitivamente da minha então última banda, "A Chave", que na verdade fora uma banda dissidente da velha, "A Chave do Sol", propriamente dita, (posteriormente essa mesma banda trocou de nome para: "The Key", e tudo isso é amplamente explicado no seu capítulo próprio, naturalmente). 
Assim que eu encerrei a minha participação nas gravações do primeiro disco dessa banda (que geralmente é confundido como o quarto álbum d'A Chave do Sol, mas não o é), eis que eu oficializei a minha saída, visto que o vocalista, Beto Cruz, já sabia de minha decisão há tempos, desde o início das gravações, mas isso é esmiuçado no capítulo que conta a história daquela banda. 
 
Eu quero apenas enfatizar que desse meado de 1989, até o início de 1992, eu vivi o meu maior período sem ser membro de uma banda oficial. E dessa forma, emendei diversos trabalhos paralelos, ou nas tentativas de se chegar a algum lugar com qualquer trabalho desses.
 
O primeiro deles, foi quando eu aceitei o convite do meu velho amigo, o guitarrista do Golpe de Estado, Hélcio Aguirra, para tocar com ele e mais dois músicos, em uma banda tributo ao "Black Sabbath", chamada: "Electric Funeral", nome de uma música do repertório dessa banda clássica do Rock britânico setentista. Isso ocorreu em junho de 1990.
O saudoso, Hélcio Aguirra, um grande guitarrista e pessoa de excelente índole

Apesar de não ser um grande fã dessa banda, eu gostava (gosto) dela de uma maneira geral, e como adendo, mesmo que nunca houvera sido o meu objetivo de vida tocar em bandas cover, eu aceitei o convite, pois ganharia uma soma boa de dinheiro e certamente seria divertido. Além do Hélcio Aguirra, os demais componentes dessa banda eram: Vitão Bonesso, na bateria e Chris Skepis, vocal.
 
O Vitão Bonesso era um ex-membro do "Beatles Forever", uma das mais famosas bandas tributo aos Beatles, de São Paulo, e esta, com a presença do extraordinário guitarrista, e um dos maiores colecionadores de memorabilia Beatle no país, Marcus Rampazzo (infelizmente, falecido em 2016). 
Baterista, agitador cultural, jornalista, radialista e blogueiro: Vitão Bonesso 

O Vitão Bonesso ainda estava por iniciar-se no radialismo nessa época, e não era tão famoso quanto o é hoje em dia nesse meio do jornalismo especializado, e aliás, ele mostra-se mais centrado na atualidade, no mundo do Heavy-Metal. 
 
Já o Chris Skepis, era um vocalista & guitarrista que morara em Londres durante muitos anos, e lá, fora membro oficial de uma banda britânica punk, da cena de 1977, chamada: "Cock Sparrer". 
Chris Skepis, o meu futuro colega de Pitbulls on Crack, na década de noventa
 
Apesar disso, ele era na verdade um Rocker com sólida formação 1960 & 1970 e aliás, um profundo conhecedor da matéria. E mais uma particularidade: eu o conheci pessoalmente somente nesse dia em que ensaiei com o Electric Funeral pela primeira vez, mas já ouvia histórias dele, desde o início dos anos 1980, pois ele era (é), irmão do vocalista, Denis Skepis, que fora componente do grupo "Contrabando", banda na qual o baterista, José Luiz Dinola (A Chave do Sol), tocara entre 1978 e 1981.
E assim foi que cheguei ao estúdio 864 (conhecido como: "oito, meia, quatro"), na Av. Pompeia, n° 864 (daí o nome), na Vila Pompeia, zona oeste de São Paulo. 
 
O estúdio era de propriedade do Chris Skepis, desde meados de 1989, que o havia adquirido do ex-baixista "d'Os Incríveis", o Nenê Benvenutti. Trava-se de um estúdio amplo, com duas salas bem espaçosas, e um bom PA para alimentar o som de vozes. O repertório inicial programado por eles, dava ênfase à primeira fase do Black Sabbath, com Ozzy Osbourne no vocal. Eu particularmente prefiro essa fase de tal banda, a despeito de achar o Ozzy, um cantor horrível.
Sei que a minha opinião é polêmica e soa contraditória, mas prefiro o Black Sabbath com Ozzy, à fase Ronnie James Dio, que inegavelmente foi um vocalista muito superior, tecnicamente.
A minha tese é que o som do Black Sabbath nessa fase posterior, com Ronnie James Dio nos vocais, tornou-se efetivamente "Heavy-Metal", com aquele ranço oitentista que eu detesto, em detrimento ao som da banda na década de setenta, muito pesado certamente, mas com elementos Hard-Rock, muito mais palatáveis ao meu gosto. 
 
Então, fiquei bem mais aliviado por saber que privilegiariam o repertório da fase Ozzy, com algumas canções da fase do Dio, e duas da fase Ian Gillan, que eu mal conhecia, na verdade. As da "fase Ozzy", eu toquei sem problemas, logo no primeiro ensaio, na base da memória afetiva, e por muitas dessas canções terem sido objeto de minhas aulas, quando dediquei-me à atividade didática. Várias músicas do Black Sabbath contém riffs ótimos para que eu ensinasse aos meus então alunos de baixo.
O ótimo baixista do Black Sabbath, Geezer Butler, em foto dos anos setenta

As músicas das fases Dio e Gillan, eu tive que ouvir e preparar, para passar depois, no próximo, e derradeiro ensaio. Como eu já disse anteriormente, o Black Sabbath estava (está) longe de ser uma das minhas bandas prediletas.
Gosto imensamente de uma série de outras bandas, antes de pensar no Black Sabbath, mas estava a apreciar tocar aquelas músicas. 

Sobre o convívio com a banda, digo que foi muito descontraído. Eu só conhecia bem o Hélcio Aguirra, aliás, desde 1984. Mas o Chris Skepis e o Vitão Bonesso se mostraram como dois humoristas em potencial, no bom sentido do termo, a brincar o tempo todo, e a propor piadas, trocadilhos e ironias, sem parar. Clima descontraído e boa banda... pena que fosse uma banda cover, sem outras pretensões!
Feitos esses dois ensaios, fomos tocar no Black Jack Bar, em duas datas: 13 e 14 de julho de 1990, com respectivos duzentos e cinquenta e duzentos pagantes. Ao considerar-se que o espaço físico do Bar Black Jack, era muito pequeno, esse foi um excelente público. 
  Geezer Butler em ação com o Black Sabbath, nos anos setenta

Os shows foram bastante energéticos, a arrancar urros dos apreciadores do Black Sabbath, ali presentes. Lembro-me de ver bem na minha frente, a observar atentamente a minha digitação, a baixista, Mila, da banda feminina, Volkana, bastante famosa na cena pesada dessa época. 
O Vitão mandou fazer duas enormes cruzes prateadas, e as colocou atrás da banda como cenário, e todos tocaram a usar figurino preto. O Hélcio sempre carregava no visual, e usava coletes com franjinhas, semelhantes aos usados pelo Tony Iommi etc. E o Chris que tinha (tem), um inglês britânico, perfeito e sem sotaque, cantava e desempenhava a perfeição as canções do Black Sabbath.
Tocar cover é algo desestimulante para o meu gosto, desde sempre, mas não vou dizer que não me diverti pois mesmo o Black Sabbath não sendo a minha banda de cabeceira, é claro que a maioria daquelas canções continham significado afetivo, ao remeter-me à minha adolescência, nos anos setenta etc. e tal. 
 
Tocamos sob um volume muito alto, e convenhamos, aquele repertório do Black Sabbath não combina com dinâmicas comedidas. Saí extenuado do palco nas duas noites, pois a energia foi intensa, e o calor com o bar abarrotado, muito grande, mesmo ao tratar-se do pleno inverno de julho. 
E tocar aqueles fraseados do Geezer Butler, não foi tarefa fácil.
Ele é um excelente baixista, e as suas linhas, embora não muito citadas pelos críticos e historiadores do Rock, são requintadas, com influências jazzísticas muito bem delineadas. 
 
Claro, reservei-me o direito de improvisar, pois tocar a reproduzir o trabalho de outrem, nota por nota do disco, não é do meu agrado. Toquei as partes essenciais para não descaracterizar as músicas e frustrar os ouvintes mais detalhistas e fanáticos, mas coloquei a minha criação em doses generosas, sem a qual frustrar-me-ia completamente, ao sentir-me um mero reprodutor da obra alheia. 
 
Os dois shows renderam um razoável cachê, mas não houveram novas datas marcadas a curto prazo. O próximo show, só ocorreria em abril de 1991!
Dispersos após esses dois shows, só houve uma nova oportunidade em abril de 1991, quando uma data foi fechada na casa de shows, "Dama Xoc". Para tanto, fizemos alguns ensaios prévios e o repertório mais uma vez foi praticamente igual, embora o baterista Vitão Bonesso, tenha insistido com veemência para tocarmos músicas dos trabalhos mais modernos do Black Sabbath. Por sorte, prevaleceu o repertório clássico, fase Ozzy.
Foto da fachada da casa de shows, "Dama Xoc", entre o final dos anos oitenta e início dos noventa

O Dama Xoc foi uma casa de médio porte e bem estruturada, com som e iluminação de qualidade, palco grande e foi no final dos anos oitenta, um espaço bem requisitado para apresentações de bandas nacionais sob diversos estilos. 
 
Eu mesmo toquei com A Chave (sem Sol), muitas vezes ali, conforme relato no seu capítulo adequado. Neste show do Electric Funeral, contudo, infelizmente o público foi reduzido. Apenas cento e dez pagantes em um lugar onde cabia cerca de mil pessoas, realmente não foi para ser comemorado. Mas o show foi bom, com uma qualidade sonora e visual bem digna, além de uma boa performance da banda.
Um episódio isolado e flagrado pela câmera do cinegrafista, Billy Albuquerque, foi engraçado: no meio de uma performance, o Chris Skepis bebeu um copo d'água e o jogou vazio na plateia, para acertar um rapaz, mas tal ato fora totalmente sem intenção, pois no vídeo, ele mesmo, Chris, se surpreende com o fato, e pede desculpas, com sua voz a vazar pelo microfone. 
 
Outro fato engraçado, foi que na música final, o Vitão Bonesso empolgou-se, e ao fazer uma virada nos tons, e por estar em pé, desequilibrou-se ao sentar-se novamente no banquinho da bateria, e assim estatelou-se no chão, e pior, esmagou, literalmente, o roadie, um japonês que era funcionário do grupo Punk-Rock, "Ratos de Porão" e também do "Sepultura", há muitos anos (Kishi). A cena foi flagrada na segunda câmera que filmara o contra-plano do palco, e cogitou-se, como brincadeira, enviar essa filmagem para os programas  popularescos de TV que usavam esse tipo de imagens prosaicas para provocar risadas da plateia.
Dois flagrantes do Show no Dama Xoc, em 7 de abril de 1991, com o uso dos baixos citados na narrativa.            

Nessa apresentação, usei novamente o meu Rickenbacker, mas em algumas músicas usei o Precision feito por um Luthier, de propriedade de meu amigo/roadie/aluno, José Reis. Curiosamente, esse instrumento pertence-me hoje em dia. Tenho a cópia desse show, com tomadas oriundas das duas câmeras e com boa qualidade. Quem sabe um dia, posto no YouTube. Se não fosse cover, que boa banda!
Mais flagrantes do show do Dama Xoc, capturados através de "stills". Pela ordem de fotos: Hélcio Aguirra (foto1), Vitão Bonesso (foto 2), Luiz Domingues (Foto 3), Chris Skepis (foto 4), a banda em panorâmica (foto 5) e a banda no camarim, minutos antes de ir para o palco (foto 6). Electric Funeral no Dama Xoc em 7 de abril de 1991
Após essa boa (porém com pouco público presente), apresentação no Dama Xoc, fizemos mais duas apresentações no Black Jack Bar, nos dias 26 e 27 de abril de 1991. 
 
No dia 26, cento e cinquenta pessoas assistiram e no dia 27, duzentas e cinquenta pessoas. Ou seja, apesar do palquinho minúsculo e condições de som e iluminação infinitamente inferiores à do Dama Xoc, esses shows foram muito mais animados.
Foto do encarte do CD "Lift Off", que o Pitbulls on Crack lançaria em 1996

Após esses dois shows, uma nova dispersão ocorreu e alguns meses depois, eu começaria a ensaiar enfim em uma nova banda autoral, a convite do vocalista, Chris Skepis, para ser preciso, em janeiro de 1992. Claro, essa história está contada em seu capítulo exclusivo (Pitbulls on Crack). 
 
A última ocorrência com o Electric Funeral, deu-se em 1992.
O Hélcio fechara uma data no Aeroanta, uma casa de médio porte, e bem estruturada também, através do produtor, Geraldo D'Arbilly, ex-baterista d'O Peso, seminal banda dos anos 1970 e do "Blue Rondo a La Turk", uma banda inglesa, na década de 1980.
Não lembro-me por que, mas o Vitão Bonesso, cofundador do Electric Funeral, não quis participar dessa edição. O Chris também não queria e eu sempre relutei para tocar covers e vivia uma outra situação naquele momento, pois estava animado com o Pitbulls on Crack, que dava os seus primeiros passos. 
 
Mas eis que aceitamos fechar a data, e o baterista nesse show, foi o meu amigo, Paulo Thomaz, ex-Centúrias, e naquele momento a tocar no "Firebox", uma banda peso-pesado da cena do Heavy-Metal. 
Paulão Thomaz, em foto de seu tempo como componente do "Centúrias"
 
Realizamos dois ensaios no estúdio particular do Paulo Thomaz, e fizemos o show em um domingo, dia 19 de julho de 1992, com a abertura da banda autoral, "Anjos dos Becos" e um público presente com cerca de duzentas pessoas. Não foi tão bom quanto o show do Dama Xoc, de 1991, mas também foi registrado em vídeo, com razoável imagem e áudio. 

A última vez que cogitou-se algo a ver com o Electric Funeral mediante a minha participação, foi em 2008, quando o Hélcio ligou-me, mas eu declinei do convite, pois estava bem a atuar com o "Pedra", e não quis fazer parte do time. 
 
E assim foi a minha breve história com o Electric Funeral, mediante seis shows realizados entre 1990 e 1992.
O próximo capítulo dos Trabalhos Avulsos, conta mais uma história ocorrida em 1990, desta feita bem curta, a tratar-se de um convite formulado por um ótimo guitarrista que eu admiro bastante, mas cuja concepção artística naquele momento, não condizia com os meus anseios.

Continua...

Trabalhos Avulsos - Capítulo 13 - A Chave do Estado ou Golpe do Sol? Entre amigos, a Tocar o Som do UFO - Por Luiz Domingues

Muitos anos se passaram para eu voltar a ter uma atividade paralela musical, fora de uma banda oficial. Então, foi apenas em dezembro de 1988, que eu fui realizar um trabalho paralelo, mas nesse caso foi algo programado para ser um tributo à duas bandas do Rock internacional, e ocorreria sob uma apresentação única. 
 
O que aconteceu, foi que o guitarrista, Hélcio Aguirra, do Golpe de Estado, e o vocalista Beto Cruz, d'A Chave (apelidada na época como: "A Chave sem Sol", por ter sido uma dissidência nessa fase), resolveram prestar um tributo à banda britânica, "UFO", e o seu guitarrista mais famoso, o alemão, Michael Schenker. 

Uma montagem que achei na Internet, com as personas de Beto Cruz e do astro britânico, David Coverdale, lado a lado, a se insinuar que Beto o imitava como cantor e no estilo visual 
 
Para tanto, foi marcada uma data no Black Jack Bar e providenciada uma fusão divertida de nossas respectivas bandas. Sendo assim, eu e Paulo Zinner fomos convidados e assumimos baixo e bateria respectivamente, para completar o time. 

O grande Paulo Zinner, um baterista de altíssimo nível na cena do Rock Brasileiro, desde os anos oitenta 

Ensaiamos alguns clássicos do repertório do UFO e da carreira solo de Michael Schenker, para tocarmos no Black Jack Bar. Eu contei, inclusive, uma curiosa história ocorrida durante esses ensaios, no capítulo: "Sala de Aulas", pertinente àquele contexto.
Tocamos no dia 22 de dezembro de 1988, no Black Jack Bar, que ficava localizado na Av. Adolfo Pinheiro, no bairro do Alto da Boa Vista, zona sul de São Paulo. 
 
Cerca de trezentas e oitenta pessoas assistiram esse show-tributo, e de última hora o guitarrista & tecladista, Fernando Costa (bem conhecido no meio Rocker de São Paulo, pelo apelido: "The Crow"), apareceu de súbito, e tocou teclados, a enriquecer essa apresentação.
Eu gosto do UFO, e acho a carreira solo do Michael Schenker, interessante, mas ambos não representam nem de longe, trabalhos que eu idolatre. Porém, admito que foi divertido tocar, principalmente com tantos amigos envolvidos, e mesmo não sendo eu, um especialista nesse quesito, como o Hélcio e o Beto, que adoravam o som do UFO e também do Michael Schenker Group, digo que diverti-me em participar. 
 
Notícia boa, a casa abarrotou com fãs dessas duas bandas, que deliraram com as músicas deles, que tocamos. Lembro-me do Hélcio ter usado uma guitarra Gibson Flying V, modelo mais usado pelo Michael Schenker, a tornar o tributo, muito fidedigno nesse sentido.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Bem, ficou só por essa apresentação, embora boatos sobre outras oportunidades para reviver tal espetáculo, foram aventados. UFO e Michael Schenker Group são boas bandas do espectro do Hard-Rock, mas muito longe de minhas predileções. Apesar disso, claro que foi divertido tocar entre amigos.  

O meu próximo trabalho avulso ocorreu sob uma fase quando eu tive um raro hiato na minha carreira, sem estar a trabalhar com uma banda autoral, firmemente, embora algumas tentativas para tal houvessem sido efetuadas e também contabilizadas como trabalhos avulsos no cômputo final. 

Para falar do próximo capítulo em específico, eis que eu fui novamente fazer parte de uma banda "tributo" e mais uma vez focada em uma banda que admiro, mas que considero longe das minhas predileções dentro do universo do Rock.

Continua...