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quarta-feira, 2 de março de 2016

Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada - Capítulo 4 - Nuvem Dissipada a Gerar o Agradecimento Final - Por Luiz Domingues

Após o show no Café Delirium, em 18 de fevereiro de 2016, a próxima atividade de Ciro & Nudes foi uma entrevista para um programa de Internet, no caso, o "Comunidade em Ação", do comunicador, Guto Senatore, na Flix TV. 

Como eu havia recém realizado a minha terceira cirurgia, em 17 de março de 2016, obviamente não pude comparecer e participar junto aos colegas. Mas fiquei feliz por vê-los e ouvi-los a me saudarem em público, quando eles me desejaram pronto restabelecimento da convalescença que eu enfrentava, por conta de meu estado pós-operatório.

Veja abaixo tal aparição de Ciro, Kim & Carlinhos no programa de Guto Senatore:

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=l3m3z6PD7Ec

Ciro & Nudes em entrevista - Programa Comunidade em Ação - Flix TV - Comunicador: Guto Senatore
22 de março de 2016

E nessa época, março de 2016, os planos eram bons, com o Ciro a aspirar gravar um novo álbum e nessa altura, já tínhamos composto músicas, eu e Kim, para alimentar um novo disco do "Nudes", e assim a delinear a nossa formação, com participação ativa na criação coletiva etc. e tal. 

Falava-se nessa perspectiva com bastante entusiasmo e sob uma fase em que o Ciro havia arrefecido o seu ímpeto em relação à militância política, fator que norteara os seus esforços fortemente nos anos anteriores, isso contribuiu decisivamente para que o seu foco na carreira estivesse restabelecido, mesmo porque, questão de pouquíssimo tempo depois, muito de seu empenho feroz nas Redes Sociais e notadamente a sua participação em "Hang Outs" de Internet (ao lado de Lobão e alguns militantes e que eram acompanhados por muitas pessoas), já não se fazia premente dado os fatos históricos de 2016. Com essa missão parcialmente cumprida, ao verificar a derrubada inevitável do governo que odiava, já não houve a mesma predisposição para ele focar nessa cruzada, vinte e quatro horas por dia.

Nesse ínterim, eu tive o prazer de publicar em meu Blog 1, uma resenha sobre o livro do Ciro: "Relatos da Existência Caótica", em julho de 2016. Eis o Link para acessá-lo:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2016/07/relatos-da-existencia-caotica-ciro.html

Assim que o Ciro me encontrou e repercutiu pessoalmente a minha resenha, eu lhe perguntei quantas outras resenhas já haviam sido publicadas sobre o seu livro e ele me falou que só a existia a minha. Inacreditável, mas mesmo com o seu prestígio na música e a se levar em consideração que ele já havia sido articulista e free-lancer de jornais mainstream (Folha de S.Paulo, incluso), nem assim lhe deram o devido crédito por sua obra literária. 

Isso só reforçou a minha avaliação de que o mundo literário e a mídia que lhe dava cobertura, era (é) similar, ipsis litteris, ao mundo da produção musical e dessa forma, o fato do artista estar a habitar o patamar underground, trazia (traz) tais dissabores para os autores, e não importava o seu quilate artístico. Em síntese, qual a novidade neste país que ignora a criação cultural?   

Mas um ponto obscuro estava por chegar na minha (nossa) trajetória com o "Nudes", e não houve nenhuma maledicência da parte do Ciro, tampouco de seus então novos companheiros, nesse desvio de curso, eu preciso deixar isso muito claro. 

O que aconteceu, a partir de abril de 2016 em diante, foi que um outro foco lhe chamou a atenção e não teve nada a ver com a militância política em que se envolvera nos anos anteriores. 

Pois mediante conversas que ocorreram coletiva e individualmente, o Ciro exortara à todos o seu desejo de deixar o trabalho com a psicodelia/surrealismo, um pouco de lado e mergulhar em uma veia mais Rock'n' Roll, visceral. 

Segundo ele nos dizia, ele ansiava por um som que a grosso modo poderia ser qualificado como o Rock praticamente "in natura" que o Lou Reed produziu nos seus melhores discos solo, do início dos anos setenta. Ora, uma ideia boa, eu também gosto desses trabalhos do Reed e não haveria de ser uma má estratégia esse novo direcionamento do seu foco.

Da esquerda para a direita: Chico Marques & Claudio "Moco Costa", a dupla de guitarristas & vocalistas da banda Pop Rock, "8080", e que se uniu ao Ciro para formar o grupo: "Flying Chair"

Só que a seguir, ele conheceu e começou a interagir com outros artistas, no caso a dupla de guitarristas & vocalistas da banda Pop-Rock, "8080", Chico Marques e Claudio "Moco" Costa e a firmar amizade com ambos, foram a se reunir e juntos compuseram músicas novas, exatamente nessa predisposição estética que ele ansiava e assim, empolgado, Ciro decretou que nessa fluidez que encontrara com os seus novos parceiros, preferia montar um trabalho novo com esses artistas e deixar o Nudes em suspensão, até segunda ordem. 

Nessa situação, os membros remanescentes da última formação do "Nudes" (eu-Luiz Domingues-, Kim Kehl & Carlinhos Machado), recebemos um comunicado via e-mail, a nos convidar a participarmos das gravações do novo disco que ele pretendia gravar com os seus novos parceiros, na qualidade de convidados, mas na prática, tal ideia não prosperou, visto que empolgado com o novo trabalho, ele preferiu fundar uma nova banda, chamada: "Flying Chair" e de fato, ainda em 2016, se anunciou o lançamento de um EP com essa sua nova banda.

                       Um cartaz promocional do Flying Chair

Portanto, teoricamente o Nudes não acabou oficialmente ou a última formação se dissolveu, mas ao mesmo tempo, diante dessa inércia que a banda foi colocada, foi como se tal trabalho estivesse encerrado, na prática, apesar de parecer que estava apenas em fase de suspensão sabática.

Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada em dois momentos: No teatro Parlapatões em 2014 e no café Delirium em 2016. Clicks de Lara Pap

Conforme eu especifiquei anteriormente, a situação da nossa formação do Nudes ficara sob uma espécie de suspensão "sine die". Na verdade, o panorama que se desenhou à nossa frente, foi mais de suspeição do que suspensão, quando notamos, ao analisarmos o desenrolar dos fatos, via redes sociais da Internet, que o Ciro estava a todo vapor a empreender todos os seus esforços em prol da criação de sua nova banda, denominada: "Flying Chair". 

Falo isso no bom sentido, certamente, pois nem eu, tampouco os meus colegas, Kim e Carlinhos, nem por um segundo sequer nos sentimos preteridos, desprestigiados ou a nutrir qualquer tipo de ressentimento, mesmo porque, se houvesse tal predisposição de nossa parte, teria sido algo descabido. 

Isso porque o Ciro não recrutou novos músicos para formatar o Nudes à nossa revelia, mas ele simplesmente optou por formar uma banda em paralelo, com outra sonoridade e outro nome, portanto, nós que éramos Os Kurandeiros e mantínhamos a nossa própria banda em paralelo, igualmente, jamais poderíamos reclamar de tal predisposição semelhante, adotada por ele, no mesmo sentido. 

Além do mais, os próprios Kurandeiros se desdobraram em "Magnólia Blues Band", por mais de dois anos e também a nossa banda fora grupo de apoio para artistas como Edy Star e Big Chico, além de conter a identidade secreta como: "Os Koveiros" e o próprio Nudes, portanto, ao vermos o Ciro a montar o seu "Flying Chair", tal ato se tornara algo muito natural para a nossa percepção e ao ir além, nós gostávamos dos guitarristas, Chico Marques e Claudio "Moco" Costa, com os quais interagimos algumas vezes (com o "Moco", muitas vezes, pois ele fora o nosso convidado da Magnólia Blues Band e dos próprios Kurandeiros, por ocasião do Projeto "Sunday Blues", realizado no "Templo Club" no início de 2016).

                A capa do CD  de estreia do grupo Pop-Rock, "8080"

Ótimos guitarristas e vocalistas, além de serem boas pessoas, ambos, eles eram componentes da banda Pop-Rock, "8080", cujo primeiro álbum eu tive o prazer em resenhar no meu Blog 1. Veja a resenha, através do Link abaixo:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/search?q=8080

Em suma, estávamos a par de toda a movimentação de Ciro, Chico & Claudio e a comunicação do Ciro via e-mail, nesse ínterim, dizia sobre o Nudes entrar em descanso temporário etc. e tal, conforme eu já expliquei em parágrafo anterior, inclusive. 

Entretanto, o tempo foi a passar e a cada dia, o entusiasmo do Ciro com o seu novo projeto, nos obrigou a enxergarmos que a sua energia estava 100% baseada nesse novo projeto e mesmo que houvesse alguma intenção de se fazer algum show específico do "Nudes", como por exemplo se um contratante surgisse com a proposta de uma boa produção, mediante cachê robusto etc. e tal, dificilmente o Ciro, empolgado com a sua nova banda, pensaria em nos recrutar para cumprirmos tal tarefa e o mais lógico seria usar o seu novo grupo, entrosado e empolgado que estava com seus novos companheiros de trabalho.

Ciro & Nudes ao vivo no Teatro Parlapatões de São Paulo, em abril de 2014. Click: Lara Pap

Sendo assim, em tese, ficou patente que a nossa formação do "Nudes" estava encerrada e me cabe estabelecer neste ponto, o balanço final dessa etapa pessoal da minha carreira e os agradecimentos finais, como de praxe no meu texto autobiográfico, conforme assim eu procedi em relação à todas as bandas pelas quais atuei no passado.

Portanto, preciso retroagir ao ano de 2011, quando recebi o telefonema do guitarrista Kim Kehl, em um dia qualquer de julho daquele ano e a sua proposta teve dupla intenção. 

Ele me convidou a integrar sua banda, Os Kurandeiros e ao mesmo tempo me ofereceu vaga na banda de apoio de Ciro Pessoa, denominada, "Nu Descendo a Escada", ou "Nudes" como carinhosamente a chamamos, e na qual ele estava recém-ingresso também, ao participar de uma reformulação total do time que acompanhava tal artista. 

Claro que eu aceitei a dupla jornada, de imediato, mas não sem elucubrar muitas dúvidas a respeito do trabalho do Nudes, ao me  basear na carreira pregressa do Ciro, com a sua notória atuação em trabalhos fortemente mergulhados no mundo da estética do Pós-Punk da década de oitenta, portanto, a antever um possível conflito motivado por interesses antagônicos, que em princípio, me preocupou.

O Pink Floyd em ação, em uma foto clicada entre 1966 e 1967, aproximadamente
 
Todavia, assim que o conheci, de sua fala, ouvi a expressão: -"o futuro é Pink Floyd" e dessa forma, se demoliu por inteiro qualquer tipo de receio que eu pudesse nutrir sobre a nossa convivência, ideias & ideais dentro da música, apreço à contracultura & afins e a visão macro da história do Rock, com aberta simpatia à psicodelia sessentista clássica. 

Em síntese, me senti inteiramente a vontade para me integrar nesse trabalho e mais que isso, a apreciar muito fazer parte dele e dar a minha contribuição, grande admirador da estética sessentista em geral que eu sou desde sempre e mais detidamente ao universo do Rock psicodélico daquela década.

Foto do primeiro show do Nudes, na formação em que fiz parte. 9 de dezembro de 2011. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

E assim se procedeu, ao realizarmos os primeiros ensaios, com Kim e os músicos, Paulo Pires (bateria), Caleb Luporini (teclados) e a bela e competente vocalista, Luciana Andrade. 

Vieram os primeiros shows, sob condições modestas de produção, porém eu relevei, pois, o trabalho se revelara tão interessante e a companhia dessa nova turma em que eu me inseri foi tão boa, que eu nunca me incomodei com esse início sob padrões, digamos, "franciscanos". 

No entanto, ao mesmo tempo tal dinâmica me causou espanto, visto que pensei: como seria possível um membro egresso do mundo Pós-Punk, que sempre teve o apoio da "intelligentsia" e o beneplácito da mídia mainstream, não tivesse caminho aberto para produções maiores e com direito a manter uma agenda sustentável? 

No entanto, logo fui a perceber que Ciro também sofria com barreiras intransponíveis, assim como todo artista que sempre militou na contramão da formação de opinião, meu caso e do Kim, igualmente. Nesse aspecto, Ciro, apesar de ser um ex-"Titãs" e um ex-"Cabine C", além de ter sido parceiro de artistas incensados tais como Edgard Scandurra e Julio Barroso, por exemplo, na verdade estava no limbo da carreira, tanto quanto nós que nunca tivemos tais oportunidades. Uma pena, mas essa foi a realidade e não a facilidade que eu imaginara no início, com o autor de "Sonífera Ilha" a fazer shows sob agenda lotada e abertura em uma mídia, senão a mainstream, pois os tempos eram outros, ao menos sob um padrão intermediário entre isso e o mundo abissal da obscuridade underground.

Nesses termos, um novo show só foi ocorrer oito meses depois em uma cidade interiorana paulista, já em agosto de 2012, e foi muito interessante, conforme o descrevi com detalhes em capítulo anterior. Com direito a um trem de carga a passar durante o show (literalmente), e com tal inusitada interferência natural fazer com que a banda flutuasse em alguns instantes e assim, a se tratar de uma lembrança das mais queridas que eu guardo deste trabalho com a minha participação. 

E foi a última vez que essa formação contou com Paulo Pires e Caleb Luporini e já o fizéramos sem Luciana Andrade, portanto, muitas modificações ocorreram.

Uma lástima, daí em diante se seguiu um longo período de inatividade, só quebrado em 2014, quando dois shows muito estimulantes foram realizados, um no interior do estado e outro na capital e aí sim, ambos em teatros, com uma infraestrutura mais condizente com a psicodelia proposta. 

Carlinhos Machado entrou na banda e então o Nudes definitivamente se tornou mais um braço d'Os Kurandeiros. E a cantora/compositora, Isabela Johansen também ingressou na formação. Casada com Ciro na ocasião, era na verdade uma boa cantora, guitarrista e compositora, portanto, a despeito da relação conjugal com Ciro, não se tratou de nepotismo da parte dele, pois a Isabela foi uma artista que agregou valor para a banda.  

Então, além desses ótimos shows realizados com essa nova formação e maior interatividade, pois eu (Luiz Domingues), Kim e Carlinhos contribuímos com ideias de novas canções para o trabalho (Isabela também colaborou com composições), houve um princípio de euforia, visto que sentimos a química a se pronunciar. 

O show se sofisticou ainda mais, com a inserção de mais textos surrealistas, baseados no livro que Ciro preparava para lançar e isso nos animou ainda mais.

Cartaz a anunciar um "Hangout" de Internet, a denunciar a militância política em que o Ciro se envolveu fortemente

Entretanto, as oportunidades rapidamente escassearam e mais um período de limbo, sobreveio. Muito desse hiato foi por conta do furor político que cresceu ao longo do ano de 2015 com tanta manipulação midiática em prol de uma trama maquiavelicamente bem engendrada e nessa circunstância, o Ciro havia se empolgado com a militância política via "hangouts" de internet e aliado a artistas como Lobão e Roger Moreira, ele mergulhou com ênfase nessas ações e dessa forma, o nosso trabalho com o "Nudes" se prejudicou bastante. 

Tirante um show motivado exatamente por essa militância política da qual participamos ao seu pedido e a fazermos uma aparição de choque apenas, uma nova ação só foi ocorrer no mês de outubro desse ano, quando o Ciro propôs um show para abrilhantar a noite de autógrafos de seu livro.

Noite de autógrafos e show dos Nudes, no Café Delirium de São Paulo. Na foto, eis o momento pré-show, durante a sessão de autógrafos da obra: "Relatos da Existência Caótica". Vê-se o seu autor, Ciro Pessoa e eu, Luiz Domingues ao seu lado, em foto clicada por Lara Pap. 23 de outubro de 2015.
 
Foi muito agradável e honroso para nós participarmos com um show nessa noite de autógrafos do seu livro e chegamos a tocar músicas novas compostas especialmente para a ocasião, baseadas em textos da própria obra. Porém, infelizmente apesar dessa noite profícua, pouco tempo depois, a vocalista, Isabela Johansen, deixou a banda e nos desfalcou doravante. 

Um novo show foi marcado logo a seguir, no mesmo espaço, a se tratar de uma casa noturna de São Paulo e na formação de um quarteto, o Nudes com a minha presença, além de Kim e Carlinhos, se apresentou pela derradeira vez, no início de 2016. 

Logo a seguir, Ciro começou a empreender esforços em prol de sua nova banda, "Flying Chair" e o Nudes ficou engavetado sine die. Portanto, neste momento em que escrevi este trecho, decidi encerrar a minha história com esse trabalho, e de fato, o tempo passou e não houve mais possibilidade de mudança de tal panorama. 

Contudo, como a vida é mutável e/ou volátil, se houver um novo dado como o surgimento de material bootlegs, fotos, vídeos ou algo do gênero, naturalmente que eu poderei abrir um novo capítulo adicional e relatar tais novidades póstumas.

Neste momento, vou agradecer aos personagens que gravitaram em torno do "Nudes", nesse período do qual eu fui componente, entre 2011 e 2016:

1) Kico Stone 

O grande Kico Stone (a usar óculos), na foto acima, em companhia do guitarrista superb, Tony Babalu. Acervo e cortesia de Tony Babalu. Click: Karen Holtz

Ativista cultural, ator, grande conhecedor da história do Rock e um film-maker de primeira linha, Kico acompanhou os shows desde o início de minha entrada na banda, sempre a prestigiá-los e a filmá-los. Sou-lhe grato por esse apoio e pela amizade expressa nesse e em outros trabalhos nos quais estive e estou envolvido, e sempre conto com a sua boa companhia nos bastidores a garantir a conversa inteligente, amizade e filmagens de alta categoria. Sempre brinco com ele, pois o chamo como: O "D.A. Pennebaker" da Pauliceia.

2) Gustavo Johansen
      Gustavo Johansen, irmão da vocalista, Isabela Johansen

Irmão de Isabela Johansen, sou grato ao Gustavo pela filmagem do show no Teatro Parlapatões de São Paulo, em 2014. Foto: Internet

3) Lara Pap
  A produtora d'Os Kurandeiros: Lara Pap, Fonte: Internet

Produtora d'Os Kurandeiros, Lara Pap emprestou um pouco da sua força de trabalho para o Nudes e claro que os seus esforços foram muito providenciais e bem-vindos para todos nós. Agradeço-lhe por ter nos ajudado tanto.

Falo agora sobre os membros da primeira formação do Nudes, em que eu fiz parte:

1) Paulo Pires

Nessa foto promocional da banda "Lavoura", Paulo Pires é o rapaz na parte de baixo, à esquerda, a usar óculos escuros e com cabelos curtos. Caleb Luporini está ao seu lado, também a usar óculos escuros, porém com cabelos mais longos
 
Baterista da formação assim que ingressei no trabalho, Paulo era (é) um bom baterista, muito firme e sério em seu comportamento pessoal, na maior parte do tempo. Somente no terceiro show que fizemos juntos, pudemos enfim nos conhecermos melhor e foi então que eu verifiquei que ele era (é) um grande conhecedor de música em geral e do mundo do Rock em específico, além de ser um colecionador de discos. 

O nosso convívio foi pequeno, com apenas três shows realizados, apesar desses eventos terem se espalhado por muitos meses entre uns e outros. 

Sujeito gentil e bom músico, fiquei com uma boa impressão ao seu respeito. Tempos depois, vi notícias suas com outro trabalho, uma banda com ares experimentais, quiçá, "industriais", chamada: "Lavoura". Torço para que esteja bem e feliz em seus projetos.

2) Caleb Luporini

              O tecladista, baixista e compositor, Caleb Luporini

Simpatizei com a sua pessoa desde o primeiro ensaio em que realizamos juntos em 2011 e de fato, Caleb se mostrara super simpático, expressivo e gentil. 

Bom tecladista, ele me disse ser baixista, também e demonstrava pela conversa, ter boas influências musicais do passado, embora claramente fosse um músico ligado também em sonoridades modernas sob cunho "indie", experimentalismos com música eletrônica etc. 

Também componente do "Lavoura", vejo o seu nome sempre citado em eventos de música eletrônica e demais modernidades etc. e tal. Sempre estarei a torcer por ele, boa pessoa que é, para que seja bem-sucedido e feliz.

3) Luciana Andrade

A cantora, instrumentista e compositora, Luciana Andrade. Foto: Leonardo Pereira
 
Eu tenho a tendência de simpatizar de imediato com pessoas que mesmo ao terem adquirido proeminência na sociedade, seja lá por qual motivação, se mantêm humildes, sem que o sucesso altere o seu comportamento social e sobretudo, no campo pessoal. 

Foi o caso de Luciana Andrade, uma artista que fez sucesso mega popular através da banda, "Rouge", a frequentar o mundo das celebridades da esfera da TV aberta, revistas de fofocas & afins, mas ela não mudou o seu comportamento diante dessa fama e não só isso, ao demonstrar amor a arte, esteve conosco, imbuída da entrega artística para cantar as canções surrealistas do Ciro, com o mesmo empenho que teria ao cantar os seus sucessos Pop radiofônicos, no programa da Hebe Camargo. 

Dona de uma linda voz e que coloria sobremaneira o som do Nudes, além disso era (é) muito afinada, tinha (tem) talento de sobra e é uma mulher muito bonita, portanto sem soar piegas: Lu canta e encanta. 

Assim que saiu do Nudes, logo no começo de 2012, ela colocou os seus esforços em prol de uma carreira solo que teve um começo promissor, muito embalada pela sua fama popular pregressa, portanto eu a vi em muitas ocasiões em programas de TV aberta e afins, o que naturalmente ela deveria aproveitar ao máximo, vide o caráter efêmero com as quais, essas oportunidades surgem e desaparecem. 

Falei com ela por algumas vezes pelas Redes Sociais e a sua simpatia sempre foi muito grande para comigo. Torço para que faça muito sucesso e seja feliz!

E agora a falar dos membros da formação mais recente:

1) Isabela Johansen

Isabela Johansen, cantora, instrumentista e compositora. Fonte: Internet
 
Com uma juventude a flor da pele, Isabela trouxe muita vitalidade à banda, com a sua verve Rock'n' Roll, acentuada. Guitarrista e vocalista de bandas "Indie", em um passado próximo, Isabela se revelou uma boa cantora e com performance bastante interessante no palco, a mostrar desenvoltura, poder de improviso, uma boa dose de loucura cênica e muito carisma. 

Jovem, muito bonita e vivaz, claro que ela chamava bastante a atenção nos shows por conta da sua beleza física, mas Isabela era mais que um rostinho bonito, pois nos mostrou ser boa cantora, instrumentista e compositora. 

Infelizmente, o desgaste de seu casamento com Ciro respingou na banda, quando se tornou por conta dessa pendência pessoal dela com ele, impossível a sua permanência no trabalho, após a separação do casal. 

Atualmente, Isabela integra uma banda de Rock chamada: "Taberna Escandinava", que tem feito uma boa escalada inicial de carreira, apesar de militar no mundo underground. Torço pelo sucesso dela, sempre, haja vista a constatação de que além dos seus dotes artísticos, ela é uma pessoa muito agradável no trato pessoal e nós nos tornamos amigos, certamente.

2) Carlinhos Machado

Baterista com um currículo gigantesco, Carlinhos Machado somou mais um trabalho à sua enorme lista, ao ter tocado no Nudes, também. Click: Lara Pap

Não há muito o que acrescentar sobre Carlinhos Machado, visto que estamos a trabalhar juntos desde 2011 com Os Kurandeiros e ele esteve junto nos demais desdobramentos que essa banda teve (tem), incluso o Nudes. 

Portanto, só posso dizer que é um músico eclético, amigo de longa data, leal colega que muito me ajudou em muitas circunstâncias, grande companheiro de conversas, lembranças & "causos" e um ótimo baterista, com o qual eu me entrosei inteiramente e é sempre bom saber que terei as suas baquetas a trabalharem em favor de meu baixo, a cada show.

3) Kim Kehl

Kim Kehl, guitarrista de muitas bandas e com inúmeras histórias acumuladas, a serviço dos Nudes, na foto acima. Click: Lara Pap
 
O mesmo raciocínio que eu tive em relação ao Carlinhos, eu estabeleço sobre o Kim Kehl, pois interagimos em muitos desdobramentos d'Os Kurandeiros, como igualmente ocorreu no caso do Nudes. 

Sou-lhe grato por ele haver me telefonado em um dia de julho de 2011, ao me formular uma proposta dupla de trabalho, sendo um destes empreendimentos, o Nudes de Ciro Pessoa. 

Sou-lhe agradecido também pelo companheirismo dentro do trabalho do Nudes e pela sua capacidade como guitarrista, ao trazer resoluções harmônicas e coloridos melódicos para esse trabalho, a honrar as tradições da psicodelia sessentista. Tais momentos me forneceram o prazer de atuar ao vivo dentro de uma vertente do Rock que eu aprecio sobremaneira, portanto, apesar da escassez de oportunidades que essa banda obteve, infelizmente, nas poucas vezes em que atuamos pelos palcos, a psicodelia se fez presente e foi com galhardia. 

Nesta atualidade estamos a trabalhar juntos com Os Kurandeiros normalmente, e assim espero, por muito tempo.

4) Ciro Pessoa

Cantor/instrumentista/compositor/poeta & escritor, Ciro Pessoa, um baluarte do surrealismo/psicodelia, no Brasil. Click: Lara Pap
 
O protagonista-mor desse trabalho, Ciro Pessoa me surpreendeu positivamente, quando enfim nos conhecemos na gelada noite de 24 de agosto de 2011, e ao proferir uma frase de efeito, eis que ele me cativou em torno de seus reais propósitos para com esse trabalho: -"o futuro é Pink Floyd". 

Para quem enxerga a verdade expressa em uma frase que para todos os efeitos revela o retrocesso, se interpretada de forma cartesiana, eis aí o porto seguro que me tranquilizou a interagir artisticamente com um artista que eu pensara erroneamente que mantivesse ideais antagônicos aos meus.  

Ciro detinha uma grande capacidade criativa, era performático ao extremo e exercia tal loucura no palco, sem parcimônia. Com ele em cena, tudo era possível e eu adorava contar com tal elemento ao meu lado, como um trunfo do trabalho. 

Sentia-me a atuar em uma banda psicodélica, a tocar no auditório Fillmore West em pleno 1967, com a loucura a dominar todas as ações. 

Como eu já explanei amplamente, Ciro se mostrara empolgado e empenhado com seu novo trabalho através da banda: "Flying Chair". Eu desejei que ele fosse muito feliz através dessa nova empreitada artística de sua parte e atesto que a banda tinha alta qualidade, visto que resenhei seu álbum de estreia em meu Blog 1. Veja abaixo, o Link para saber de tal impressão que tive desse trabalho:

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/2017/08/flying-chair-1-album-por-luiz-domingues.html

Eu, Luiz Domingues em ação com o Nudes, em 2014. Click: Lara Pap

Para encerrar, eu agradeço ao Ciro Pessoa a oportunidade por ter tocado ao seu lado, a exercer a psicodelia, que é uma das vertentes que eu mais aprecio no Rock sessentista, e se tive lampejos dessa escola em alguns trabalhos pregressos que realizei, com outras bandas pelas quais eu fui componente (bem sutilmente no "Pitbulls on Crack" e mais incisivamente no "Sidharta" e na "Patrulha do Espaço"), creio que através do Nudes, eu pude exercer tal vertente de uma forma mais substancial e integralmente.

*Como nota em adendo de 2020, infelizmente a pandemia mundial em torno do "Coronavírus/Covid-19", que ceifou a vida de milhões de pessoas ao redor do planeta, levou consigo também o nosso Ciro Pessoa, em 5 de maio de 2020. Que ele descanse em paz e leve consigo a psicodelia e o surrealismo para abrilhantar com o seu talento, a dimensão em que foi habitar.

Está encerrada, portanto, a minha história com o "Nudes" (Nu Descendo a Escada), banda de apoio do cantor/compositor, escritor & poeta, Ciro Pessoa.

Daqui em diante, o assunto será a minha história com a Magnólia Blues Band, iniciada em 2014, que  foi uma banda criada para alimentar o projeto "Quarta Blues" e assim acompanhar convidados da cena do blues, predominantemente. As atualizações seguem a posteriori, com minha banda atual, Kim Kehl & Os Kurandeiros e sazonais novidades com trabalhos avulsos e/ou reencontros com bandas do meu passado ou mesmo a estabelecer um campo aberto para trabalhos novos que possam surgir, já a comporem o texto bruto do meu livro autobiográfico subsequente: "Mais Rock Depois dos Quarenta".

Grato por ler a história dessa etapa da minha carreira!

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