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sexta-feira, 3 de junho de 2016

1961 - Minha Ligação Inicial com o Rock, na Infância e Começo da Adolescência - 1961: Ao aprender a usar o Cérebro Por Luiz Domingues

Quando 1961 chegou, eu já tinha mais de cinco meses de vida, havia engordado um bocado, mas ainda não raciocinava com desenvoltura, logicamente. Entretanto, foi nesse ano que comecei a acumular as minhas memórias mais remotas, ainda que sob impressões difusas, por agir e absorver informações como um bebê que eu fui nessa fase.
Eu, o bebê Luiz Antonio Domingues, em foto de fevereiro de 1961, com sete meses de vida, aproximadamente. Foto realizada em um estúdio fotográfico que ficava localizado na Rua Herval, quase esquina com a Rua Álvaro Ramos, no bairro do Belenzinho, zona leste de São Paulo, onde nos dias atuais, 2016, funciona um armazém especializado em queijos, vinhos & especiarias importadas em geral

Não posso dizer que possuo lembranças culturais concretas de 1961, mas apenas recordações meramente cognitivas sobre o mundo que me cercava e sob minhas limitações óbvias pela pouquíssima idade. Portanto, neste capítulo eu prosseguirei a falar sobre signos da época, mas que ainda foram imperceptíveis para a minha compreensão na ocasião e só absorvidos a posteriori.

São Paulo, 1961... 
Visão do Viaduto do Chá sobre o Vale do Anhangabaú, em 1961.  Convivi com esse panorama retratado na foto acima, ainda com pontos de ônibus e árvores, por muito anos, antes das várias transformações que ali foram promovidas, posteriormente.
A saudosa CMTC, Companhia Municipal de Transportes Coletivos, e suas muitas linhas espalhadas pelos quatro cantos da cidade...
Entrar na Linha Gentil de Moura-Praça da República, era fazer uma viagem do centro ao bairro do Ipiranga e passar assim por outros bairros tradicionais como: Liberdade, Aclimação, Cambuci, até o Alto do Ipiranga, na Avenida Gentil de Moura, onde hoje se encontra a Estação Alto do Ipiranga do Metrô. 
Uma corrida "vale tudo" no Autódromo de Interlagos, em 1961, com a presença de carros das marcas DKW, Simca e Volkswagem a disputarem juntos, apesar das disparidades de cada um em relação aos demais, em termos de motor e carroceria.
Por falar em "Volkswagen" a febre pelo "Fusca" estava por aumentar, com essas "baratinhas" a começarem a dominar as ruas da cidade de São Paulo.
E na segunda edição do "Salão do Automóvel", em 1961, o Fusca já despertava a atenção, apesar dos carrões de luxo exibidos em outros stands.
No mesmo "Salão do Automóvel" de 1961, A Willys lançou o "Interlagos", um carro esportivo para "playboy" nenhum botar defeito...
A nova e então moderna Estação Rodoviária de São Paulo foi inaugurada na Praça Julio Prestes, perto da Estação da Luz, em 1961. Mas a cidade crescia tanto e tão rápido, que logo ficou obsoleta.

A falar dos acontecimentos culturais de 1961:

No cinema...
"O Ano Passado em Marienbad", segundo filme do diretor francês, Alain Resnais, ficou famoso em 1961, por ter uma narrativa pouco usual, na qual ficção e não ficção se confundem e com personagens sem nomes definidos. Um filme enigmático ao não deixar claro o que é onírico ou concreto.
Mais um thriller psicológico do que terror propriamente dito, que era a especialidade da Hammer, a produtora britânica icônica nesse setor, lançou: "Um Grito de Pavor", um filme que prende a atenção do espectador, naquela dúvida sobre ser uma loucura da protagonista ou ela realmente vê o "espírito" do seu pai? 
O grande filme épico do ano de 1961, foi: "El Cid", sobre o famoso cavaleiro medieval, valente nas Cruzadas contra Saladino, o líder dos Muçulmanos
"A Noite", mais um clássico soturno do mestre italiano, Michelangelo Antonioni.
"King of the Kings" foi um outro épico contundente de 1961, com a condução de Nicholas Ray. Jeffrey Hunter interpretou, Jesus Cristo, e Orson Welles emprestou o seu vozeirão à narração.
E quem disse que em 1961, os musicais estavam decadentes? "West Side Story" ("Amor, Sublime Amor"), foi um exemplo, com ótima música, mote forte a abordar o preconceito racial de norte-americanos ao estilo "Wasp"(gang dos "Jets"), contra latino-americanos (gang dos "Sharks"), sob uma velada adaptação do texto de Shakespeare (Romeu & Julieta), só que ambientada nos becos de Nova York. Fora a beleza inacreditável de Natalie Wood, é claro... 
Em uma época em que insinuar homossexualismo era algo muito constrangedor, esse filme mexeu na ferida. Audrey Hepburn e Shirley MacLaine interpretam duas professoras de um colégio interno para garotas e uma fofoca maledicente sobre as duas, destruiu as suas respectivas reputações. E o pior é que nem fora  uma verdade propriamente dita, mas sim uma armação de uma menina ardilosa, interpretada por Veronica Cartwright. Com a assinatura de William Wyler, um diretor veterano e ainda em grande forma nesse início dos anos sessenta...
Acho que falar sobre "Breakfast at Tiffany's" ("Bonequinha de Luxo"), é uma obviedade sobre ser um clássico a misturar comédia romântica e drama. Essa imagem acima do cartaz, a mostrar a personagem de Audrey Hepburn ficou tão famosa quanto as de Marilyn Monroe e marcou o ano de 1961. Curioso, no entanto, é conter a direção de Blake Edwards, um diretor que ficaria muito mais famoso posteriormente, por realizar comédias escrachadas.
Havia um modismo que vinha desde o final dos anos cinquenta, com filmes épicos a usar heróis mitológicos da antiguidade como protagonistas, mas produzidos com orçamento pequeno, classe B (alguns são do padrão "C", pela tosquice atroz). Filmados na Itália, geralmente com atores desconhecidos, eram ruins de doer e por isso mesmo, cinéfilos que apreciam cinema "Trash", os adoram... Portanto, em 1961, muita gente foi aos cinemas para ver as aventuras desses halterofilistas improvisados como atores.
E o esperto, Amácio Mazzaropi, passou a se autoproduzir, ao lançar o seu filme anual totalmente independente, ao cuidar de toda a produção e distribuição e assim amealhar toda a bilheteria para si, sem intermediários. De caipira prosaico ele não tinha nada, ao deixar a brejeirice para os personagens que interpretava. Gênio!
Essa comédia do Tony Curtis ("The Great Impostor"), é muito engraçada. Narra as aventuras de um larápio que usa mil disfarces para aplicar golpes, ou seja, não é algo recomendável para ser enaltecido, moralmente a se analisar, mas o filme diverte...
"3 Colegas de Batina", é mais uma comédia brasileira maluca, com o Trio Irakitan como protagonistas. Como cantavam bem e tinham verve para o humor, como atores!
Um filme com narrativa lenta, ambientado em meio a um tribunal de guerra, pesadão ao extremo, mas veja o tema e o elenco... não dá para não assistir e acima de tudo, que tema sensacional para lavar a alma! "O Julgamento de Nuremberg", um épico da vida real e que convenhamos, deveria existir sob caráter permanente para extirpar os canalhas do mundo.
Billy Wilder: um diretor eclético, que filmou vários gêneros e sempre de forma magistral. Aqui, com "One, Two, Three", se trata de uma comédia maluca a satirizar a Guerra Fria, com uma história ambientada em Berlim, bem na época da construção do famigerado muro...
 Luiz Buñuel de alta categoria para se assistir em 1961: Viridiana...
Mais um terror da produtora britânica "Hammer" para sentir calafrios na poltrona do cinema: "A Maldição do Lobisomem"...
Filmes de aventura, muitos baseados em livros de Julio Verne, foram bem populares nessa época, também. Aqui, o grande ator, Vincent Price interpreta o protagonista em "Robur, o Conquistador do Mundo".
E a Nouvelle Vague seguia com ícones. Aqui, Jean Luc Goddard atacou com: "Uma Mulher é uma Mulher"... ah, essa Anna Karina...
o produtor de cinema e TV, Irwin Allen se animou tanto ao lançar "Viagem ao Fundo do Mar" no cinema, que dois anos depois entrou com tudo na TV, para colocar no ar a série de mesmo nome & roteiro. E ele tornar-se-ia o Rei da TV, na década de sessenta, com quatro séries das mais sensacionais na área do Sci-Fi.
Rock Hudson havia emendado uma série de comédias românticas com Doris Day, desde o final dos anos cinquenta e continuou nessa toada, nos anos sessenta. Mas neste caso, em "Quando Setembro Vier", ele abriu uma pausa para atuar em um dramalhão, ao lado da bela, Gina Lollobrigida, uma atriz italiana icônica nos anos sessenta, pela sua beleza impressionante, mais que tudo. Sob a batuta de Robert Mulligan.
E se na Inglaterra havia a Hammer, a América do Norte reagiu com um tipo de terror parecido, a evocar tradições europeias em meio a ambientações em castelos medievais e que tais, por obra do grande Roger Corman, um diretor que sabia filmar com parcos recursos. E com Vincent Price geralmente a atuar como protagonista, ambos criaram uma bela escola de horror cinematográfico, ao usar principalmente, os contos de Edgar Allan Poe como base. Eis acima um clássico que essa dupla lançou em 1961! 
Se houve um filme em 1961 que explorou bem a tensão sexual, esse foi: "Splendor in the Grass", com Elia Kazan na direção, e a contar com os jovens atores Warren Beatty e a belíssima, Natalie Wood.
Outra comédia maluca de Jerry Lewis...
Elvis voltou do exército e havia mudado de espectro musical e também comportamental. Ele não era mais aquele Rocker inveterado que fora nos anos cinquenta, no entanto, arrancava mais gritos ainda das meninas, do que nunca, com os seus filmes adocicados e com roteiro único: A) Elvis dá soco em bandido B) Elvis canta uma canção e C) Elvis beija a garota mais linda do filme...
E os gregos chegaram, que os pratos fossem espatifados no chão... com Michael Cacoyannes, seu diretor mais significativo da ocasião...
Comédia de humor negro sensacional, de Pietro Germi, "Divorzio all'Italiana é arrolada dentro de tal escola italiana que os estudiosos de cinema chamavam como: Comedia D'ellarte, vindo desde a década anterior, mas que floresceu na década de sessenta, ao produzir muitos outros filmes clássicos do gênero. Como eram bons esses italianos na linguagem cinematográfica!
Anthony Quinn arrebenta nesse filme que foca na história de um bandido comum e totalmente bronco, que o povo escolheu para ser libertado enquanto um outro suposto acusado, chamado: Jesus, que eles não sabiam exatamente porque estava sendo preso, foi condenado a morrer crucificado. Sobre o rapaz nazareno, todo mundo conhece a história, mas e Barabbas? O que ele fez depois que foi solto pela massa?
Jack Clayton era egresso daquela safra de novos diretores britânicos e muito promissores, do início de anos sessenta, como Tony Richardson, e aqui em "The Innocents", ele dirigiu um bom thriller psicológico.
Anouk Aimée ousou como "Lola", em 1961, sob a batuta de Jacques Demy...
Filmes japoneses classe "Z" com monstros gigantescos faziam sucesso desde os anos cinquenta. Godzilla ou "Gojira" como eles falavam, fora o grande astro da companhia, mas em 1961, uma produção britânica os imitou, ao lançar o monstro: "Gorgo". A grande diferença foi que o dinossauro gigante não destrói Tóquio como de costume, mas Londres...
E por falar em japoneses, eis um grande filme de arte de 1961: "Yojimbo", com o grande, Toshiro Mifune, sob a batuta do mestre, Akira Kurosawa.
Filmão de guerra, que dispensa maiores comentários... veja esse elenco! "Os Canhões de Navarone".
E para não dizer que não teve "Western" bom em 1961...
O magnífico ator, Sidney Poitier, a solidificar a sua carreira. Na década de sessenta, ele lançaria uma filme melhor que o outro, sob uma progressão impressionante.
Esse filme do diretor, John Frankenheimer (um diretor que faria obras incríveis na década de sessenta, e do qual sou muito fã), além de ser muito bom e ter um elenco ótimo, a começar por Burt Lancaster, contém uma particularidade curiosa em forma de coincidência, no meu caso. A história trata do julgamento de um crime perpetrado por um rapaz que era componente de uma gangue de rua, mas ao longo da trama, se revela no tribunal que o crime fora cometido no dia 25 de julho de 1960, ou seja, exatamente no dia, mês e ano de meu nascimento... e eu jamais poderia ser um suspeito, pois eu tenho um ótimo álibi: estava a nascer há milhares de kilometros da cena do crime!

Na música...
Aqueles cinco garotos de Liverpool, Inglaterra, realmente haviam perdido o seu baixista na Alemanha, encantado por uma bela garota alemã, e um dos guitarristas (um rapaz canhoto), assumiu o baixo, doravante. O baterista ainda nem sonhava que seria imolado para que a banda fizesse sucesso em escala mundial. Imagine, em 1961, eles se davam por felizes por tocarem nas casas noturnas de Liverpool, após enfrentar a barra pesada do cais de Hamburgo, na Alemanha e no conceito deles, estava bom demais o que haviam conquistado, ao se vestirem com roupas de couro, mascarem chicletes, para poder se forjarem como Rockers norte-americanos a tocarem Rock'n' Roll visceral e cinquentista. Mais um pouco e tudo mudaria na vida deles e da nossa...
Em 1961, muitos discos importantes de artistas do mundo de Jazz foram lançados, sob um efeito cascata... finesse total! Eis alguns exemplos acima com Thelonius Monk, Bill Evans, Ornett Coleman e John Coltrane
E seguia a onda do som instrumental situado entre o Rock cinquentista e outras vertentes como a Surf Music, Twist, Skiffle, Jambalaya etc. The Shadows foi uma banda britânica que fez tanto sucesso quanto os seus concorrentes norte-americanos, o The Ventures. Eis acima o álbum deles, de 1961.
Olha o Johnny Cash aí a trazer seu Country-Rock áspero, em 1961...
O Pop francês a ganhar corpo com Serge Gainsbourg, em 1961...
O R'n'B e a Soul Music pegavam fogo em 1961, mas eu escolhi só um disco a representar a Black Music em geral e com essa então jovem senhorita... Aretha Franklin... 
O grande Roy Orbison, sempre nas paradas de sucesso dessa época...

E a moderna Folk-Music norte-americana e sessentista, estava a nascer, ali meio nos escombros da combalida militância esquerdista pós-Senador McCarty / caça às bruxas vermelhas, ao resgatar o cancioneiro engajado do menestrel proletário da depressão pós-1929, Woody Guthrie e também a introduzir um pouco da influência literária da Beat Generation e assim, a antecipar muitas das ideias do movimento Hippie, que só aconteceria, na prática, alguns anos depois. Dois de seus maiores ícones estão aí acima, com seus discos de 1961: um garota tímida, de origem latino/hispânica e um rapaz mal-humorado e bastante altivo, de origem judaica...

Primeiro disco de uma cantora gaúcha que radicar-se-ia em São Paulo. Uma que não seria qualquer uma... ardida como pimenta, pimentinha se fez... Elis Regina em seu álbum de 1961! 
E essa cantora que não tinha uma voz, mas um verdadeiro instrumento na garganta? Desconcertou o cinismo deselegante de Ary Barroso e driblou Garrincha, a incrível: Elza Soares... 
Finesse total, a Diva francesa, Edith Piaf, em discão ao vivo de 1961.
O palhaço Carequinha e a sua voz esganiçada... quantas crianças brasileiras o adoravam... e nesse disco, com o luxo de contar com a flauta mágica de Altamiro Carrilho a lhe acompanhar. 
Bossa Nova a pegar fogo em 1961, mas não fale nada e desligue o ar condicionado, porque o artista em questão não suporta se apresentar com a patuleia a cometer ruídos indesejáveis e incompatíveis com a riqueza harmônica de seus acordes jazzísticos e sofisticados ao violão...eis João Gilberto que tanto impactou em meio aos seus maneirismos múltiplos.
Pois é... dali em diante o negócio seria se acostumar com o Elvis domesticado das trilhas de seus filmes adocicados. Somente em 1968 ele tomaria uma atitude ao se rebelar e voltar para a roupa de couro, chamar sua velha banda para tocar e... let's play Rock'n' Roll!
Nem velha, tampouco Jovem Guarda da MPB, ou do samba para ser mais preciso, mas era bem simpática a figura de Cyro Monteiro a cantar, acompanhado de sua clássica caixa de fósforos. Pois é, todo mundo fumava o tempo todo nessa época, e muitos usavam a caixinha para batucar... caso do Cyro. 
Antes de ser "O Bom", mas já com uma atitude Rocker bem genuína, eis Eduardo Araújo em 1961, bem antes da Jovem Guarda e já na ativa.

Na literatura...
Em 1961, Clarice Lispector lançou: "A Maçã no Escuro", um dos livros mais queridos segundo os seus leitores
Leitura indispensável para quem quer entender a lógica da obediência cega x deserção de militares sob uma situação de guerra adversa, esse livro de Joseph Heller trata do assunto, mas com muito humor. "Catch-22" ou "Ardil-22" em português, que anos depois tornar-se-ia um bom filme, também. 
John Steibeck lançou: "O Inverno de Nossa Desesperança" em 1961, e graças a essa obra, venceu o Prêmio Nobel de Literatura em 1962. Para um escritor que já havia escrito outras obras significativas, como "The Grapes of Wrat", não foi nada mau em ser agraciado, mesmo que ele já fosse um idoso nessa época. 
Romance Sci-Fi que fez estardalhaço e motivou um ótimo filme, posteriormente, "Solaris", foi uma obra do escritor polonês, Stanislaw Lem, lançada nesse ano.
Os romances do escritor britânico, Ian Fleming, tinham lá seus leitores, mas em 1961, ano em que lançou "Thunderball", ainda não era um mega fenômeno Pop. Só a partir de 1962, quando o primeiro filme a mostrar o personagem de James Bond veio a público, é que tudo mudou e os seus livros entraram para o rol dos ditos, "Best Sellers"...
"História da Loucura", de Michel Foucault, saiu em 1961, e é considerado um dos estudos mais completos sobre o assunto.

Nos Quadrinhos... 
 
A Ebal também editava muitos gibis baseados em heróis de Westerns, da TV. Vide três exemplos acima.
Tirante os Super-Heróis, carro chefe da casa, a Ebal atuava também com gibis com conteúdo histórico/educacional e muito Sci-Fi, como o exemplo acima.  
Nasce em 1961, o "Fantastic Four", mais uma turma sensacional dentro do Universo Marvel!

Na TV...
Seriados norte-americanos já eram rotina desde os anos cinquenta na programação da TV brasileira. Em 1961, a grade das emissoras era recheada por atrações boas, caso de The Roy Rogers Show... Hi lo, Silver!
Chico Anysio e Walter Foster, figuras muito populares na TV em 1961, com o Troféu Roquette Pinto em mãos, esta, uma honraria grande e muito cobiçada entre os anos cinquenta e sessenta.
A TV Excelsior a mostrar seus trunfos. Brasil 61 foi um musical apresentado por Bibi Ferreira e que não era para qualquer um...
O primeiro Super-Herói japonês ninguém esquece... desde 1959 no ar, Nacional Kid, ou "Nationaro Kido"como ouvíamos na música tema cantada pelos nipônicos, era ultra-trash como uma produção classe "Z", mas também tão adorável e marcante que me arranca lágrimas, até hoje. Avante, professor... acabe com os malvados "Incas Venuzianos"... Awica!
Um jornalista que fazia Talk-Shows com políticos e personalidades em geral, bem antes desse tipo de expediente jornalístico ficar comum no Brasil, Silveira Sampaio foi famoso em 1961, apesar da TV Paulista ter sido uma emissora que lutava contra a sua própria precariedade, com tudo sendo feito na base do improviso, amarrado com barbante, cola escolar e "durex" comprado às pressas na papelaria da esquina... 
O primeiro seriado brasileiro, com um herói de carne e osso e caráter ilibado, sem contestações... o bravo Vigilante Rodoviário, Carlos, e o seu grande ajudante, o pastor alemão, chamado: "Lobo". Produção caprichada pelo pioneirismo e por se considerar as dificuldades brasileiras inerentes, eis aí uma obra memorável e que me emociona até hoje. 
Até os anúncios publicitários eram romanticamente prosaicos e me provocam saudade...


Nas Artes Plásticas...
Um artista plástico chamado, Piero Manzoni, lançou em maio de 1961, uma obra controversa. Ele mandou enlatar em noventa potes,  os seus próprios excrementos e colocou no rótulo das latas o título literal de: "Merda D'Artista", inclusive a reproduzir em outras línguas, na própria embalagem, para não deixar dúvidas de seu conteúdo. Tudo bem que Marcel Duchamp já havia chocado com a proposta de eleger o urinol como obra de arte, muitos anos antes, contudo, Manzoni realmente foi além...
6ª Bienal de São Paulo, 1961... arte no Parque do Ibirapuera, em evento solidificado e que colocava a cidade no mapa do mundo, em termos de arte

Nos esportes...
Essa final eu também não acompanhei e torci, mas descobri anos mais tarde que foi por pouco que meu verdão não foi o primeiro clube brasileiro, campeão da Taça Libertadores da América. Primeiro a chegar em uma final desse torneio continental, enfrentou o Peñarol de Montevidéu, na final. 1 x 0 para os uruguaios em Montevidéu e 1x1 no Pacaembu... se aquela bola na trave que o Valdemar Carabina chutou, tivesse entrado no final do jogo, enfim, foi por pouco...

Na política...
O grande acontecimento político no Brasil não poderia ser outro... vassourinha usada supostamente para varrer a bandalheira, derrotada pelas forças ocultas, ou não seria reação dos verdadeiros bandalheiros?
Os ânimos se acirraram em Angola, no ano de 1961, sedentos que estavam por se libertarem de Portugal. 

Na ciência...
Fato científico do ano de 1961 e histórico para a humanidade: um Ser Humano finalmente tirou os pés do planeta e deu um passeio no espaço. Foi o soviético, Yuri Gagarin, primeiro homem a viajar pelo espaço sideral. Época maravilhosa para ter dez anos de idade e sonhar com a conquista do espaço, alienígenas, naves intergaláticas etc... não foi o meu caso ainda nessa época, com apenas um ano de vida, pois eu nem sonhava com essas questões, mas alguns anos depois, tornar-me-ia mais um garoto com a cabeça na Lua...

Ah... e a "Miss Brasil" de 1961, foi uma moça chamada Stael da Rocha Abelha. Ao repetir o gesto de Jânio Quadros, ela "renunciou" à sua "coroa", para poder se casar... 1961, foi o ano das renúncias...  

Bem, muito mais coisas aconteceram em 1961, logicamente, mas acho que deixo um painel bom para o leitor entender o contexto desse ano, mas sobretudo a realçar o ambiente que me cercava em meu primeiro ano de vida. 

Sobre esse ano, eu tenho algumas lembranças pessoais, mas dentro daquela prerrogativa do desenvolvimento cognitivo de um bebê, ainda a aprender a lidar com a própria percepção da existência, portanto, o mundo caseiro que me cercava. 

A partir de 1962, foi que comecei a absorver melhor o mundo e receber elementos culturais os mais diversos a influenciar e moldar minha personalidade e gosto pessoal. E sobre isso começarei a falar no próximo capítulo, mais focado no que eu recebi como informação, diretamente, do que acontecia no mundo de uma maneira geral.

Continua...

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