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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Pedra - Capítulo 6 - Sou Mais Feliz! - Por Luiz Domingues

 

Iniciou-se nesse ponto, a fase que eu considero como a mais estimulante, pelo menos do ponto de vista dos resultados externos e visíveis, que o Pedra arregimentou em sua história, até então. Foi uma fase marcada pela extrema confiança e união entre os quatro componentes, ao se criar de fato, uma predisposição regida pela força. 

Muitos fatores conspiraram ao nosso favor nesse momento e dessa forma, procurarei especificá-los com detalhes, para passar o mais fidedignamente possível, o relato sobre o que vivenciamos. 

O primeiro ponto, obviamente fora a própria entrada do Ivan Scartezini para a formação da nossa banda e a maneira com a qual, ele se adaptou instantaneamente. Sem dúvida que esse fator foi preponderante para nos deixar muito mais confiantes. Mas houveram outros elementos interessantes em vista. Por exemplo, o disco a sair do forno, logicamente. 

Com a solução encontrada para se finalizar o lay-out da capa e do encarte, a preocupação doravante foi produzir um show de lançamento à altura, estabelecer promoções, divulgação e envio do material para a avaliação da imprensa especializada etc. 

No quesito shows, não houve nenhuma perspectiva glamorosa em vista, pois o show internacional no qual atuaríamos, fora adiado para setembro. Contudo, nós conseguimos uma data para o Centro Cultural São Paulo e que seria somente para julho, mas foi, enfim, uma perspectiva boa. 

Nesse ínterim, outras oportunidades apareceram, para abrir a chance de nos apresentarmos antes de julho. Uma delas possibilidades foi através de um show de choque para ser realizado na Feira da Vila Pompeia e o outro, a se tratar de uma apresentação em uma casa noturna tradicional, denominada: "Café Aurora". Simultaneamente, surgiu a perspectiva para filmarmos um segundo vídeoclip. Tal perspectiva cairia como uma luva para os nossos esforços de divulgação.

Foi uma fase permeada por muitas resoluções e ações práticas adotadas. Por exemplo, nós resolvemos criar uma embalagem especial que incrementaria o CD, destinado aos órgãos de imprensa. Com a ajuda criativa da fotógrafa, Grace Lagôa, conseguimos chegar em um resultado bonito, esteticamente, e bastante acessível, financeiramente a se observar. 

Tratou-se de um Kit, que acompanhou o CD, a conter em seu conteúdo: uma camiseta estilo "Tie Dye" (psicodélica), com o logo da banda, um adesivo com o logotipo da banda, o release do disco e uma pedra, literalmente, que nós providenciamos mediante um lote adquirido, em uma loja de pedras semi-preciosas. 

Sobre a pedra em si, esta era polida, sob leve cor amarronzada e cujo nome científico vou ficar a dever, por que realmente me esqueci dele. E para embalar o Kit, usamos um saco rústico de tecido, provavelmente oriundo de sacas de grãos, porém estilizado e fechado com uma fita colorida para embrulhar presentes. 

Ficou realmente um acabamento de bom gosto e a julgar pelas reações das pessoas da imprensa que o receberam, foi amplamente aprovado. 

          Tony Babalu e Marina Abramowicz, em foto de 2008

Como o disco foi lançado pelo selo Amellis Records, de propriedade do extraordinário guitarrista, Tony Babalu, nós tivemos um apoio extra, mesmo ao se tratar de um selo modesto, sob estrutura pequena. Houve uma jornalista subordinada à tal selo, que prestou apoio na parte de assessoria de imprensa, chamada, Marina Abramowicz e através da Amellis Records, também fechamos um acordo com a distribuidora, Tratore, especializada no universo da música independente em geral. 

Xando Zupo e Eduardo Xocante, em foto de 2005, por ocasião da produção do primeiro vídeoclip do Pedra. Click: Grace Lagôa

Concomitantemente, a ideia do novo vídeoclip amadureceu. Mediante reuniões realizadas com o diretor, Eduardo Xocante, se estabeleceu a ideia de que realizaríamos o clip da canção: "Sou Mais Feliz" e desta feita, a conter inserções com dramaturgia, proporcionadas por um casal de atores profissionais. 

Já no campo dos shows, nós demos enfim o passo inicial para o "debut" da banda nos palcos, com a marcação de três datas. O primeiro show foi ao ar livre, ao participarmos da Feira de Artes da Vila Pompeia, o segundo, no Café Aurora, e o terceiro, finalmente sob um palco com grande extensão e projeção, no Centro Cultural São Paulo.

Na primeira foto, cartaz promocional criado para a divulgação de shows. Na segunda, eu (Luiz Domingues) a ler um documento no estúdio Overdrive. Clicks (inclusive os do cartaz), de Grace Lagôa

A definição sobre o segundo vídeoclip andou paralelamente, também. Ficou acertado então com o diretor, Eduardo Xocante, que filmaríamos um novo clip, desta feita a utilizarmos a música, "Sou Mais Feliz", a intercalar cenas com dramaturgia, mescladas à banda em ação. Em princípio, as cenas da banda a tocar foram cogitadas para serem filmadas na cobertura de um prédio, com a "selva de pedra" paulistana a servir como cenário. 

Contatos foram realizados pela produção, para visar liberar o teto do edifício do Conjunto Nacional, localizado na esquina da Av. Paulista com a Rua Augusta. Sobre tal edificação, se trata de um espetacular conjunto arquitetônico erguido nos anos 1950, e a visão de seu topo, é simplesmente para tirar o fôlego de qualquer pessoa. 

Mas infelizmente isso não foi viabilizado e assim, o Eduardo Xocante quis de imediato saber informações sobre a nossa agenda, ao cogitar filmar a banda durante a realização de um show verdadeiro. 

Particularmente, achei boa a ideia, pois a respeito do primeiro clip (da canção, "O Dito Popular", produzido em 2005), a banda foi filmada a dublar em um set de cinematográfico bem estruturado e assim, ante a possibilidade que desta feita, fôssemos retratados ao vivo, mediante a presença de público e na extrema realidade de uma banda verdadeira e atuante, seria algo muito mais interessante. 

Por sorte, tivemos agendado um show para o Centro Cultural São Paulo, marcado para o mês de julho, e assim, essa questão logística ficou garantida. 

Faltou roteirizar a parte da dramaturgia, agendar locação para suprir tal etapa e definir o casal de atores, mas tudo isso andou depressa e praticamente ficou tudo acertado com boa margem de antecedência ao ser definida como base a filmagem do show, o palco do CCSP.

Na primeira foto: show do Pedra no CCSP em julho de 2006 e na segunda, eu (Luiz Domingues) e Xando Zupo nos bastidores do palco Rock, na Feira da Vila Pompeia, em maio de 2006. Clicks: Grace Lagôa

Finalmente tivemos as primeiras datas oficiais de shows, marcadas. A nossa estreia dar-se-ia em meio a um show de choque, durante o transcorrer da Feira de Artes da Vila Pompeia, o tradicional bairro Rocker, da zona oeste de São Paulo.

A Feira da Pompeia é tradicionalmente um evento gigantesco, que faz parte do calendário oficial de atrações da cidade de São Paulo. Ali é observada a presença de centenas de barracas a se expor artesanato, comidas & bebidas, roupas, antiguidades, discos, livros, etc. Várias ruas do bairro da Vila Pompeia são fechadas e diversos palcos temáticos são montados, com shows a ocorrerem ao longo do dia inteiro. O palco Rock é o mais concorrido, tradicionalmente, e geralmente atrai uma multidão incrível para a Rua Caraíbas, no quarteirão entre as Ruas Venâncio Aires e Padre Chico. 

Três atrações que dividiram o palco conosco, entre outras nesse dia: O lendário Tutti-Frutti, a guitarrista virtuose, Marise Marra e a banda midiática, "Nove Mil Anjos".

No dia em que tocaríamos, a atração principal foi o Tutti-Frutti do Luiz Carlini, mas me recordo que o Tomada tocou no mesmo dia, além da guitarrista oriunda de Campinas-SP, Marise Marra e uma banda formada por garotos novos mas com forte apelo midiático em torno de "hype", em que o baterista Júnior Lima, ex-astro infantil da dupla, Sandy & Junior, formou ("Nove Mil Anjos"). Ocorreu então no dia 21 de maio de 2006, por volta de 17:30 horas, aproximadamente. 

 

1ª Foto: Xando Zupo no camarim de rua, improvisado na Feira da Vila Pompeia e a exibir sua Fender Stratocaster. 2ª Foto: Da esquerda para a direita: José Eduardo Niglio, Marcelo "Pepe" Bueno (Tomada), Xando Zupo e Fabrizio Micheloni (Carro Bomba). 3ª Foto: Os dois Renatos, técnicos de som, Renato Sprada e Renato Carneiro. Clicks, acervo e cortesia de Grace Lagôa
  

Tivemos um luxo que poucos (no mundo underground, bem entendido), poderiam se gabar de possuir, pois contamos com o apoio de dois técnicos de som de alto quilate, ambos amigos da banda e ultra competentes, os dois Renatos: Carneiro e Sprada. 

Apesar da extrema correria para se montar e preparar a banda, com direito à truculência de um manager da Feira, extremamente mal-educado e prepotente, eis que nós montamos o mais rápido possível e tocamos apenas três músicas, pois a pressão exercida para encerrarmos a nossa apresentação, foi insuportável.

Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa

Isso por que o mesmo fenômeno ocorria todo ano: eles escalavam muitas bandas para tocarem e quando se aproxima o entardecer e as atrações principais iriam se apresentar, o tempo disponível já estava totalmente comprometido pelo atraso generalizado e incontrolável, provocado pela morosidade das primeiras bandas que haviam se apresentado anteriormente. Todo ano isso acontecia que a desorganização gerasse a pressa desmesurada da parte de funcionários truculentos, que por conseguinte descontavam o nervosismo pelo descontrole da situação, nos artistas envolvidos com as atrações principais do final da tarde, ao castigá-las indevidamente com o corte indecente de tempo, além de haver a questão do tratamento muito rude e portanto, deprimente.

Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa 

Tocamos então as canções: "Misturo tudo e Aplico"; "Vai Escutando" e "Sou Mais Feliz", na base da pressa, pois estávamos sendo muito maltratados por essa besta prepotente. 

Os dois Renatos: Carneiro (com um cigarro na boca) e Sprada. Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa

Mesmo assim, tocamos com extrema segurança e beneficiados pela pilotagem de nossos técnicos, apesar da loucura toda e da inexistência de um soundcheck, o nosso som encorpou muito, em relação aos outros artistas que houveram se apresentado antes de nós. 

Xando Zupo em ação. Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa

Eu mesmo (Luiz), ouvi depoimentos da parte de várias pessoas, a contar com músicos, amigos e até estranhos que me relataram esse diferencial. O grande termômetro não foram nem os músicos que entendem os meandros desse processo, mas sobretudo pelo depoimento de pessoas leigas nessa matéria, que mediante o uso de suas próprias palavras, nos descreveram a sensação de que na hora da apresentação do Pedra, o som mudou, ao ficar mais potente e agradável à sua percepção. 

Eu, Luiz Domingues em ação. Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa 

A reação foi excelente em termos de espontaneidade. Vislumbrei um mar de mãos a nos aplaudir e um esboço de coro a pedir por "bis" chegou a ecoar, mas esse funcionário imbecil da Feira, não parava de gritar conosco, de uma forma muito grosseira, ao nos dizer que mandaria cortar o som e nos expulsar do palco. 

Clima cordial e agradável nos bastidores... 1ª Foto, da esquerda para a direita: Luiz Carlini, Norton Lagôa e Ruffino Lomba. 2ª Foto: Xando Zupo e Nelson Brito. 3ª Foto: Rodrigo Hid e Xando Zupo. 4ª Foto: Luiz Domingues, Rodrigo Hid e Xando Zupo. Clicks, acervo e cortesia de Grace Lagôa

Em minha avaliação, sob uma contagem bem superficial, eu tive a estimativa da presença de cinco mil pessoas, aproximadamente ali presentes, quando tocamos. De fato, o público estava bem comprimido nesse quarteirão que mencionei e foi além, por se estender acima do cruzamento com a Rua Padre Chico, em direção à próxima transversal, a Rua Ministro Ferreira Alves. 

Ivan Scatezini em ação. Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa

Um fato inusitado também ocorreu nesse primeiro show. Como deve se recordar o leitor, alguns dias antes, o Estado de São Paulo sofrera uma onda de atentados perpetrados por bandidos organizados contra as instituições policiais/governo estadual, ao ameaçar toda a sociedade, através de uma onda de terror, sem precedentes na história. 

O clima estava muito tenso no evento "Virada Cultural", que acontecera anteriormente, mas tal mega evento aconteceu assim mesmo. Sendo assim, a Feira da Pompeia também foi confirmada e houve um reforço da Polícia Militar para garantir a segurança, afinal de contas, essa Feira costumava reunir cerca de cento e cinquenta mil pessoas no seu total. Nada aconteceu de anormal, mas o clima se mostrara bem tenso entre os policiais. 

Ivan Scartezini em destaque! Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa 

Então, enquanto montávamos o equipamento, o Ivan que é um fumante inveterado, acendeu um cigarro e assim que começamos a tocar, alguns policiais que estavam próximos ao palco, ficaram muito incomodados, por acharem se tratar de um baseado de maconha. Quando o show terminou, houve uma abordagem tensa da parte de alguns policiais, com um desses elementos a se mostrar bem exaltado, ao nos dizer que em um momento daqueles pelo qual passávamos, fora inadmissível que provocássemos uma situação dessas etc. e tal. Até entendo a lógica do sujeito, mas esclarecida a questão, tudo se amenizou, enfim.

Xando Zupo em ação! Pedra ao vivo na Feira da Vila Pompeia em São Paulo-SP. Maio de 2006. Click: Grace Lagôa

Não filmamos, tampouco gravamos esse show relâmpago, mas existem fotos. Não são muitas (as disponíveis estão publicadas ao longo do relato desse show em específico e no arquivo do Blog, através de seu específico tópico), pois a confusão foi muito grande na organização do palco Rock, e a fotógrafa, Grace Lagôa, não teve a vida facilitada para poder trabalhar de uma forma profissional, como estava acostumada. Uma pena! E assim foi o debut do Pedra nos palcos, oficialmente.

Chegamos enfim, ao segundo show oficial do Pedra, desta feita sob um ambiente fechado e com a possibilidade para tocarmos nosso enfim o nosso repertório completo, sem pressões da parte de produtores estressados e mal-educados, como ocorrera na Feira da Vila Pompeia, alguns dias antes. 

Contudo, foi uma noite dividida com duas outras bandas e assim, não se tratou de um show exclusivamente nosso. As outras bandas escaladas, foram: "Carro Bomba" e "Golpe de Estado".

O fato de ter sido um convívio com bandas amigas, certamente proporcionou um clima descontraído e prazeroso nos bastidores, ao eliminar as tensões típicas de quando se lida com artistas estranhos em shows compartilhados. 

O show foi realizado no Café Aurora e a data foi: 26 de maio de 2006, uma sexta-feira. Esse foi o primeiro de uma série de shows que fizemos com o Carro Bomba, sob uma parceria marcada por esforços mútuos mediante a divisão de despesas e lucros.

Pela amizade com o Marcello Schevano, Ricardo Bonx e o Fabrizio Micheloni, foi um prazer, sem dúvida. Entretanto, com a linha artística que eles adotavam, a se revelar um som muito pesado, eu não achava nada conveniente tocarmos juntos, pois tanto para um grupo, quanto para o outro, eu não via possibilidade de um público em conjunto ser formado e muito pelo contrário, as disparidades entre as duas estéticas, diametralmente opostas entre si, dificilmente haveria por agregar novos adeptos, para um ao outro grupo. 

Pelo contrário, a possibilidade de um aficionado de uma banda se aborrecer com o som da outra, foi grande. O argumento de que nos anos 1960 & 1970, não ter havido a ocorrência de um público fechado em guetos e tribos (e assim, o mesmo sujeito que gostava de Acid Rock, poderia gostar também de Folk acústico, por exemplo), foi cabível para aquela realidade perdida.

Mas os tempos mudaram e dificilmente um fã do Carro Bomba, teria paciência para ouvir uma canção Pop do Pedra, e vice-versa, quem gostava do som ameno do Pedra certamente assustar-se-ia com a volúpia quase metálica do trabalho proposto pelo Carro Bomba. 

A despeito das diferenças estéticas, o clima na montagem, e no soundcheck foi muito agradável, naturalmente. As brincadeiras e a camaradagem para compartilharmos equipamento, foi ótima, evidentemente. O nosso técnico de som, Renato Carneiro, não pôde comparecer ao show, mas demos sorte, pois o técnico da casa se mostrou muito solícito e competente, a nos possibilitar uma boa equalização de PA e monitor, dentro da realidade das dimensões do espaço e equipamento disponível. 

O Carro Bomba tocou primeiro, ficamos marcados para atuarmos em segundo lugar e o Golpe de Estado, por ser um grupo muito mais tradicional entre as três atrações daquela noite, ficou ajustado como show principal de encerramento. 

Lembro-me que assisti o show do Carro Bomba, da metade para o final, assim que voltei ao Café Aurora, depois de ter passado em casa para me recompor. O som deles não era da minha predileção pessoal, certamente, mas fiquei a admirar a técnica dos três músicos, excelente sem nenhuma dúvida e a firmeza que mantinham no palco, pois já ostentavam naquela altura, quase dois anos de existência.

O ótimo baixista do Carro Bomba nessa ocasião, Fabrizio Micheloni

Sou um admirador confesso do baixista, Fabrizio Micheloni, sobre o qual considero como um virtuose. Se eles fizessem um som menos pesado, certamente o estilo dele sobressair-se-ia ainda mais, para torná-lo uma espécie de Jack Bruce ou Tim Bogert, brasileiro, mas a opção pelo quase Heavy-Metal que praticavam naquela fase (e depois disso, a banda se pôs a ficar ainda mais pesada a cada disco lançado), se explicitou nos trabalhos posteriores, a impedir que essa técnica apurada viesse à tona de forma mais adequada. 

Uma ocorrência curiosa ocorreu, durante o show deles e que eu testemunhei de perto.

Eu estava encostado na parede da lateral esquerda, em relação ao palco, quando o Marcello Schevano anunciou ao microfone, que o show do Carro Bomba estava a se encerrar, e que a seguir, o público assistiria o espetáculo do Pedra. Dois sujeitos que estavam próximos da minha presença, caíram na gargalhada, talvez por considerarem a palavra, "Pedra", engraçada e um disse ao outro, algo do tipo: -"Pedra? Que merda é essa?"

Claro que não me ofendi, pois não haveria cabimento para me aborrecer com tal manifestação, nem que fôssemos famosos no patamar mainstream. 

Dessa forma, eu apenas analisei em silêncio a manifestação alheia naquele instante, e concluí o quanto era (é) duro começar um trabalho da estaca zero, por ter que tocar em lugares pequenos e angariar público paulatinamente sob um trabalho muito preliminar. 

Quanto ao comentário do sujeito, me pareceu um desdém descabido, claro, mas também a se provar como uma tendência normal na relação público x artista desconhecido, em que o grau de interesse do primeiro pelo segundo é zero, e daí, é mesmo difícil para qualquer artista, sair desse ponto inicial de inércia. 

Ainda mais em um ambiente avesso para amantes da música e da arte, como era aquela casa noturna, mais apropriada aos buscadores dos prazeres hedonistas, em meio às suas dionisíacas "baladas".

Encerrado o show do Carro Bomba, montamos o nosso set o mais rápido possível, com a ação de nossos roadies, Samuel Wagner e Daniel Kid (sim, os roadies da Patrulha do Espaço que nos acompanharam, eu e Rodrigo, por anos a fio, com aquela banda), mas cometemos um deslize imperdoável!
O "banner" do Carro Bomba ficou exposto no palco, portanto, muitas fotos e a filmagem do show, ostentaram essa falha estrutural de nossa parte. O próprio Marcello Schevano, notou isso, mas fora tarde demais e já estávamos a tocar quando ele percebeu o deslize. Independente do cenário estar inadequado para nós, o show foi muito bom. 
 
Flagrantes do show do Pedra no Café Aurora em maio de 2006. Clicks de Grace Lagôa

Estávamos muito bem ensaiados e a fluir com uma segurança tão grande no palco, que essa credibilidade passou ao público. Tanto que ao enfrentar uma plateia híbrida, metade a esperar pelo Golpe de Estado e a outra metade formada por habitues da casa, acostumados a ouvir bandas cover, nós arrancamos muitos aplausos e ao final, houve um sincero pedido de bis, quando a tendência seria o silêncio educado ou até algumas manifestações de hostilidades por parte de alguns fãs mais impacientes pela espera do Golpe de Estado assumir o palco. 

Presenças ilustres a nos prestigiarem no Café Aurora, nessa noite de 26 de maio de 2006: a diretoria da gravadora, Amellis Records, em peso! Da esquerda para a direita: Xando Zupo a representar o Pedra, e pela Amellis, Tony Babalu, Marina Abramowicz e Suzi Medeiros. Show do Pedra no Café Aurora em maio de 2006. Clicks de Grace Lagôa
Eu, Luiz Domingues, em destaque durante o show do Pedra no Café Aurora em maio de 2006. Clicks de Grace Lagôa

Saímos satisfeitos com esse segundo show, no qual, apesar de ter sido uma noite dividida com outras duas bandas, nós executamos o nosso repertório inteiro, com a execução das onze músicas do primeiro CD. Ao final do show do Golpe de Estado, músicos das três bandas se misturaram-se para um jam-session livre, a encerrar a noitada.

Jam-session com os músicos das três bandas misturados no palco. Show do Pedra no Café Aurora em maio de 2006. Clicks de Grace Lagôa

A despeito de termos estreado na Feira da Pompeia, cinco dias antes, claro que o sabor de uma real estreia ficou para essa segunda apresentação no Café Aurora, em 26 de maio de 2006, uma sexta-feira e com cerca de quatrocentas e cinquenta pessoas, no interior da casa.

Ivan Scartezini ao fundo e Xando Zupo no destaque. Show do Pedra no Café Aurora em maio de 2006. Clicks de Grace Lagôa

Satisfeitos com esses dois shows iniciais que cumprimos, paralelamente já tivemos a notícia de que alguns jornalistas haviam tido uma boa impressão sobre o nosso primeiro CD, e também pela forma criativa que encontramos para embalá-lo. 

Em segredo, um veterano crítico musical que conhecíamos desde os anos oitenta, nos disse que ficara impressionado com a diversidade sonora do trabalho e também com a criatividade do encarte a conter inserções psicodélicas, mediante fotos com "atitude" da parte dos componentes da banda retratados. 
Nesse quesito, acho que a necessidade foi realmente a mãe da invenção, como dizia Frank Zappa, pois tudo em relação ao encarte foi precipitado pela urgência de se definir um caminho prático e sobretudo pelo improviso, no qual o Rodrigo Hid teve o mérito de se esforçar nesse sentido. 
Cabe aqui uma menção honrosa. Uma figura importante na conclusão desse lay-out final, foi a do webdesigner e baixista, Fábio Mulan. Graças a ele, toda a formatação do texto, em termos de tipologia e diagramação, foi agilizada.
E o próximo show esteve definido e aconteceria em uma casa noturna chamada: "Blackmore Rock Bar", localizada no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo.  
Para quem não conhece a cidade de São Paulo, o "Blackmore Rock Bar" foi mesmo uma referência direta ao guitarrista do Deep Purple, Ritchie Blackmore e a casa mantinha a sua tradição de apresentar shows com bandas sedimentadas nas searas do Hard-Rock e Heavy-Metal, predominantemente, e até já promovera shows internacionais (ao recorrer apenas à minha memória, me lembro de que ali ocorreram shows com Joe Lynn Turner, ex-vocalista do Rainbow e com passagem rápida pelo Deep Purple, Nicky Simper, primeiro baixista do Deep Purple e John Lawton, ex-vocalista do Lucifer's Friend e Uriah Heep, entre tais atrações internacionais). 

Flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa

Novamente nós dividiríamos a noite com o grupo pesado, Carro Bomba e nesse sentido, fizemos um esforço interessante para divulgar o evento, inclusive com inserções de chamadas radiofônicas e um bonito cartaz que produzimos, bem colorido e à moda psicodélica dos anos sessenta, embora essa prerrogativa não fosse uma bandeira deflagrada pela banda e pelo contrário, houvesse discórdia interna sobre tal referência.

Mais flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa

A casa oferecia uma estrutura boa de palco, com equipamento de som e iluminação de qualidade, e dessa forma, mesmo sem a presença de nosso técnico, Renato Carneiro, estivemos seguros de que entender-nos-íamos com o técnico do estabelecimento, e faríamos um bom show, como houvera sido no Café Aurora. 

Outros flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa

Tal espetáculo aconteceu em um dia útil, mas como estávamos a viver a época de mais uma Copa do Mundo, o clima fora marcado por dias úteis relaxados, com aulas suspensas, comércio a trabalhar em ritmo brando etc.  

Nessa ocasião, eu estava incomodado por um problema familiar, na verdade já há alguns meses, com o caso de uma prima minha que estava muito doente. O vai e vem ao hospital houvera se intensificado desde março daquele ano de 2006, mas o que eu não imaginaria, seria ter que passar por uma situação limítrofe, bem no dia desse show a ser realizado no Blackmore Rock Bar.  

Infelizmente, o pior aconteceu e na madrugada que antecedeu aquele dia do show, a minha prima faleceu e com os meus outros primos, irmãos dela, a morarem fora de São Paulo, eu tive que tomar a dianteira das providências funerárias, para auxiliar os meus tios, idosos e abalados, naturalmente.  

Naturalmente que eu também estive em frangalhos nesse dia, pois apesar do estado de saúde dela nos últimos tempos ter se degenerado ao ponto de nós, os familiares, não nutrirmos esperança pela sua recuperação, o choque da perda me atordoou e machucou bastante, além do fato dela ter sido uma prima com quem eu mantive uma estreita relação fraternal desde a infância, portanto, foi um soco no estômago. 

Em suma, pois não quero e não vou entrar em detalhes aqui, obviamente, mas o fato é que o funcionário do hospital me ligou por volta de 1:30 horas da manhã para me comunicar o ocorrido e dali em diante, eu passei a madrugada a cuidar dos trâmites e a culminar no doloroso ato de despedida, no velório.  

Não pude acompanhar a cerimônia no crematório, pois foi marcada para o final da tarde, quando eu teria de estar no Blackmore Rock Bar, a realizar o soundcheck. Pedi desculpas aos meus tios e primos, minha mãe, irmã e demais parentes e amigos da família, presentes, e parti então, com a compreensão de todos.  

Claro, o cansaço foi imenso, mas eu acreditei que o suplantaria após uma boa noite de sono. Contudo, sobre a parte emocional, eu fiquei bem chateado com essa perda e tive que fazer um esforço extra para não prejudicar a minha performance pessoal, tampouco a da banda, em meio a esse drama pessoal que enfrentei. Foi difícil, mas dei o meu melhor naquela noite. 

Eu, Luiz Domingues em destaque, com Rodrigo Hid mais afastado e por detalhe. Show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa

O Carro Bomba tocou depois de nós nessa ocasião, a inverter a ordem que cumpríramos no Café Aurora, em maio. O nosso show foi bom, temos muitas fotos e uma filmagem em Mini-VHS, dessa noite.  

Meu amigo, Marinho Rocker, de Lavras-MG, diante de sua estante recheada por LP's, grande colecionador que o é.

Destaco a presença de meu amigo, Marinho Rocker (que foi, aliás, o primeiro incentivador para que eu começasse a escrever esta autobiografia, ao facilitar com que eu começasse a redigir a minha narrativa, por abrir ele mesmo, um tópico, para que eu pudesse usá-la como rascunho, na extinta Rede Social, Orkut, em 2011), que veio de Minas Gerais, de sua querida cidade de Lavras, especialmente para assistir o show do Pedra, e também do Carro Bomba, do qual era (é) fã, igualmente. 

Mais flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa

Esse show ocorreu no dia 14 de junho de 2006, com sessenta pessoas presentes na plateia, aproximadamente. Como último fato curioso, eu destaco que em um dado instante do show do Carro Bomba, o extraordinário baixista, Gerson Tatini (ex-Moto Perpétuo), que era coproprietário da casa, assumiu o controle da mesa de PA, para tentar equalizar o som do Carro Bomba, mas como essa banda tocava muito mais alto do que nós e o seu som era praticamente versado pela estética do Heavy-Metal, realmente foi difícil para se conseguir equalizar as vozes sob um patamar audível.  

Foi assim o terceiro show do Pedra, então. Um show bom, mas marcado por uma noite com muita tristeza pessoal para a minha pessoa, infelizmente.

Mais flagrantes do show do Pedra no Blackmore Rock Bar em junho de 2006. Clicks de Grace Lagôa

Após esse show que fizemos no Blackmore Rock Bar, as atenções se voltaram para o show que faríamos no Centro Cultural São Paulo, no início de julho. Além de ser disparadamente o show sob melhores condições que teríamos nesse início de caminhada para a nossa banda, ele conteria uma importante missão embutida.  

Isso por que de comum acordo com o diretor cinematográfico, Eduardo Xocante, nós aproveitaríamos o ensejo para capturar imagens da banda a tocar ao vivo, que certamente seriam aproveitadas para compor a edição final do novo vídeoclip que produziríamos.  

Já definida a escolha da música: "Sou Mais Feliz", como peça alvo, o diretor, Eduardo Xocante, se prontificou a escolher um casal de atores profissionais para se rodar as cenas da dramaturgia desse vídeoclip.

Daniel Alvim, o ator que fora convidado e acertara a sua participação em nosso vídeoclip

Sobre a escolha do ator masculino, se tratou de um jovem profissional, amigo do Eduardo Xocante, chamado, Daniel Alvim, e este artista era munido de um currículo forte, em meio a peças teatrais e novelas de TV. Com passagens pelas redes de TV: SBT, Globo e Record, naquele instante estava contratado pelo SBT. A sua namorada na época, era Mel Lisboa, também uma atriz famosa pelas atuações no teatro, cinema e novelas nas emissoras Record e Globo.
Mel Lisboa, namorada de Daniel Alvim à época, e também atriz, estava cogitada para atuar, mas só não foi escalada para o elenco que atuou em nosso clip, por estar compromissada com outro trabalho para a mesma data da filmagem
Claudia Cavalheiro, a atriz que assumiu o papel feminino na dramaturgia do nosso segundo vídeoclip

Em princípio, ambos os atores convidados estariam disponíveis, mas logo soubemos que a Mel Lisboa teria um outro compromisso que inviabilizaria a sua participação, e assim, se deu a oportunidade para a confirmação de Claudia Cavalheiro a assumir a vaga. Diante desses fatos, a nossa missão foi caprichar na produção da parte da nossa apresentação ao vivo, pois tal espetáculo de fato foi o show de lançamento do CD e filmagem do novo clip, simultaneamente.

Antes, porém, nós tivemos uma entrevista cavada pelo Xando Zupo, no Jornal "Pedaço da Vila", um dos muitos jornais de bairro da Vila Mariana, onde ele morava e em que também estava situado o seu estúdio, "Overdrive". 

No afã de lhe conferir um mote publicitário mais atrativo, ele convenceu a editora do jornal, de que o seu estúdio aglutinava uma cena artística que se fortalecera na ocasião e esta, a ser formada por bandas oriundas da Vila Mariana.  

Foi uma mentira amena, contudo, pois somente o Pedra seria uma banda da Vila Mariana, mas apenas parcialmente, pois morador mesmo da Vila Mariana fora somente ele, sendo que eu morava no bairro vizinho, Aclimação (um ano depois, eu mudar-me-ia de fato para a Vila Mariana e na atualidade eu moro a dois quarteirões da redação desse jornal e costumo encontrar a editora desse simpático veículo de bairro, quase todo dia na padaria da esquina da minha rua) e o Rodrigo morava na Chácara Klabin, um outro bairro vizinho. Já o Ivan morava em um bairro da zona leste, Itaquera, absolutamente nada a ver com a Vila Mariana.  

Pior ainda, foram as outras bandas arroladas para a entrevista (Carro Bomba, Tomada, Golpe de Estado e Baranga), cujos membros moravam em bairros diferentes e portanto, a ideia de uma "cena artística" oriunda do bairro da Vila Mariana, foi uma farsa.  

Enfim, mesmo ao ter sido uma entrevista constrangedora sob esse aspecto, a editora acatou a história e publicou uma matéria com página inteira, ao conter subtítulo: "Clube do Rock". Tal matéria lembrou-me de certa forma, a onda criada pelo empresário, Mário Ronco, em 1985, quando este empreendedor agrupara diversas bandas da cena pesada de São Paulo, na época, e assim conseguira algumas matérias publicadas através da mídia mainstream, com sucesso, inclusive, para reverberar a dita: "Cooperativa Paulista de Rock". 

Dessa turma de 2006, do falso "Clube do Rock", houveram três membros da Cooperativa Paulista de Rock de 1985, ali presentes: eu (Luiz Domingues), o hoje saudoso, Hélcio Aguirra e Paulo Thomaz. 

E claro, nos recordamos desse fato e a semelhança com a situação de 2006, criada pelo Jornal Pedaço da Vila.  

Nesse ponto, a missão maior foi prepararmos o show no Centro Cultural São Paulo, com direito a filmagens especiais para visarmos a produção do novo vídeoclip da banda. 

A banda reunida no estúdio da emissora Brasil 2000 FM para participar do seu famoso programa ao vivo. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa

Na semana do show do Centro Cultural São Paulo, nós tivemos um compromisso importante de divulgação, não só para enaltecermos o show a ser realizado no Centro Cultural São Paulo, mas sobretudo pelo lançamento do primeiro disco em voga.

Na primeira foto, Ivan Scartezini a preparar a sua caixa, Na segunda, Rodrigo Hid a preparar o som de sua guitarra. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Clicks: Grace Lagôa

Foi a nossa segunda participação no programa ao vivo da emissora Brasil 2000 FM, que era há tempos, um dos mais tradicionais de São Paulo e do Brasil, em termos radiofônicos e centrados no Rock.

Eu, Luiz Domingues, a posar no corredor de estúdios da emissora radiofônica citada. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa

Já havíamos participado em 2005, ainda com Alex Soares na formação, mas agora, a nossa missão fora ainda mais importante, devido ao lançamento do disco, acrescido da iminência de lançamento de mais um vídeoclip e um show em um espaço muito tradicional de São Paulo.

Primeira foto: Xando Zupo a preparar o som da sua guitarra. Na segunda foto, Renato Carneiro a operar a mesa no estúdio da Brasil 2000 FM, e a ser observado pelo radialista, apresentador & produtor do programa, Osmar "Osmi" Santos Junior

Particularmente, eu estava habituado a participar desse programa, pois ali me apresentara ao vivo e fui entrevistado com o Pitbulls on Crack, duas vezes (1993 e 1997), Patrulha do Espaço (2000), fora duas entrevistas com A Chave/The Key, em 1988.

Rodrigo Hid a preparar o som dos seus teclados na primeira foto e na segunda, Xando Zupo troca uma corda da sua guitarra. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa

Produzido e apresentado pelo dinâmico, Osmar Santos Junior, popular, "Osmi" (e nada a ver com o famoso locutor esportivo), o programa existe até os dias atuais (2016), mesmo ao ter mudado de nome muitas vezes ("Clip Independente", "Brasileiros & Brasileiras" etc), mas sempre a manter o seguinte formato: banda a se apresentar ao vivo, mesclado com entrevista comandada pelo Osmar e perguntas da parte de ouvintes.

Ivan Scartezini ainda a mexer na sua caixa e na segunda foto, eu, Luiz Domingues a aguardar o soundcheck. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa

Efetuamos um som muito bom no estúdio, houve bastante interação com os ouvintes e foi importante para a divulgação do disco que estávamos a lançar, além de divulgarmos bastante o show que faríamos e que naturalmente precisava ser alardeado.

Mais flagrantes da nossa apresentação e entrevista na emissora radiofônica Brasil 2000 FM. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa

A verdade foi que a banda estava sob uma forma técnica, espetacular, muito bem ensaiada e motivada e assim, a performance ao vivo no estúdio da emissora Brasil 2000 FM, manteve o padrão de qualidade que havíamos adquirido, através do polimento do trabalho, no qual tivemos a devida paciência de elaborarmos através de meses de labuta.

Pedra & equipe + Osmar Santos Junior + Nelson Brito, do Golpe de Estado. Show/entrevista do Pedra no estúdio da emissora Brasil 2000 FM. Julho de 2006. Click: Grace Lagôa

Fizemos todo o possível para caprichar na produção desse show no Centro Cultural São Paulo. Entre tantas ideias que tivemos, a de contarmos com um telão a se exibirem projeções, foi a mais viável como cenário.
O Xando produziu esse material ilustrativo que se mostrou simples em sua apresentação, mas foi muito funcional, a mesclar algumas montagens com fotos da banda, além de fractais psicodélicos e efeitos similares. No tocante à divulgação, fizemos um cartaz bem psicodélico, também, nos moldes dos cartazes que estávamos a desenvolver desde o início das nossas atividades. 
A diferença, nesse caso, foi que se tratou de fato do nosso primeiro show isolado, sem compartilhar com outras bandas. Para a produção do clip, o Eduardo Xocante se programou para concretizar diversas tomadas, e para tal missão, recrutou os mesmos cinegrafistas que estariam na equipe técnica a filmar a parte da dramaturgia, a posteriori. 

No camarim do CCSP: Xando Zupo com os atores: Claudia Cavalheiro (primeira à esquerda), Daniel Alvim (blusa azul) e Mel Lisboa (blusa branca). Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa

O show foi filmado sob vários ângulos, inclusive ao aproveitar a entrada fortuita do casal de atores, misturado à plateia. Tais cenas integrar-se-iam na edição final, a sugerir a ideia dramatúrgica de que o casal fictício fora assistir o show do Pedra. 

E na parte musical, convidamos três percussionistas que tocaram conosco na música: "Me Chama na Hora", para reproduzir a batucada de escola de samba, contida na gravação do CD.

 
1ª Foto: Caio Ignacio 2ª Foto: Roby Pontes 3ª Foto: Thiago Sam. Todas as fotos do show e seus bastidores são do acervo de Grace Lagôa, que realizou os clicks

Ensaiamos previamente com Caio Ignácio, que foi o músico responsável por toda a batucada no CD, mais o amigo Roby Pontes (hoje em dia, 2016, ele é baterista do Golpe de Estado) e outro excelente percussionista, chamado: Thiago San (que participaria em 2008, da gravação do CD Pedra II e anos depois, tornar-se-ia muito famoso no âmbito mainstream, como vocalista/percussionista da banda, orientada pelo Samba Pop: "Sambô"). 

A batucada dos convidados em curso, a abrilhantar o som do Pedra. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa

Com esse trio, a batucada ficou excelente e ainda a contar com o nosso baterista, Ivan Scartezini, melhor ainda. Ficamos bem afiados e o dia do show chegou enfim!

Investimos forte na divulgação, dentro de nossas possibilidades, é claro. Foi de fato o nosso mais importante show para esse início de atividades públicas da nossa banda e o momento se mostrou muito propício, com a perspectiva de um novo clip em produção, mais resenhas promissoras já encaminhadas para serem publicadas na mídia escrita e Internet, além da boa repercussão dos primeiros shows. 
Animados, fomos para o Centro Cultural com essa determinação em realizarmos um bom show. 
Então, no dia 8 de julho de 2006, subimos ao palco do Centro Cultural São Paulo. Já na passagem do som, fizemos filmagens que posteriormente foram usadas para se compor um "promo" caseiro, que foi lançado ao final de 2006, ao conter a música: "Estrada". 
No telão, além de imagens aleatórias, o show foi retransmitido como em estádios de futebol a fazer uso de uma câmera fixa, que nos filmou por inteiro, com qualidade muito boa para os padrões da época. 
Algumas músicas desse show foram disponibilizadas separadamente no YouTube, ainda em 2006, como: "Madalena do Rock'n Roll", "Vai Escutando", "Reflexo Inverso" etc. Existe a ideia de lançar o show completo no YouTube, em algum momento. 
O diretor Eduardo Xocante, chegou ao espaço ainda durante a realização do soundcheck, acompanhado por vários assistentes. Sob o seu comando, todos empreenderam várias tomadas com câmeras da marca, "Bolex", uma câmera portátil e muito funcional e que aliás,  segundo o próprio, Eduardo Xocante, esta câmera foi muito usada por repórteres em coberturas jornalísticas para conflitos de guerra. 

E uma câmera fixa também capturou imagens que foram levadas à edição final. Ao seu comando, o casal de atores (Daniel Alvim e Claudia Cavalheiro), fez uma tomada a entrar no teatro com a banda já em ação e posteriormente algumas tomadas do casal sentado na plateia, a assistir o show. 

O engraçado, foi que a verdadeira namorada de Daniel Alvim na ocasião, a atriz, Mel Lisboa, estava junto e se sentou do outro lado dele, mas sem prejuízo algum à dramaturgia do clip, é claro.

No soundcheck, o diretor, Eduardo Xocante, eu (Luiz Domingues), sentado no canto dos teclados e Emmanuel Barreto (ao fundo, a ler uma anotação), que trabalhou nesse show como nosso roadie, e cinegrafista da equipe de Xocante, simultaneamente. Click, acervo e cortesia de Grace Lagôa

Na parte musical, o Eduardo Xocante gravou duas ou três tomadas da banda a executar a canção: "Sou Mais Feliz", e além da execução normal durante o show, ele nos pediu que a tocássemos novamente em um eventual bis, e assim o fizemos, para garantir mais imagens. 
Na parte musical, o show foi muito bom. Estávamos muito bem ensaiados e motivados. A performance ocorreu de uma forma bastante inspirada, com direito até a pequenos improvisos.
Na música: "Me Chama na Hora", conforme eu já disse anteriormente, contamos com as presenças de três percussionistas (Caio Ignácio, Thiago San e Roby Pontes). 

Flagrantes do show do Pedra no CCSP em julho de 2006. Clicks: Grace Lagôa

Na parte da batucada, fizemos um adendo organizado no ensaio e bem balançado, com o apoio daquela batucada, bem executada, e assim lembrou o som da "Banda Black Rio". Isso foi muito valorizado pelo público, a descartar qualquer possibilidade a respeito de fãs/Rockers radicais rejeitarem tal manifestação musical híbrida. 

Flagrantes do show do Pedra no CCSP em julho de 2006. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa 

Comemoramos isso não só pelo fato em si, mas também por sentirmos que o Pedra começava a angariar um público diferente do que estávamos mais habituados em relação aos trabalhos anteriores de cada um, principalmente ao citarmos a Patrulha do Espaço, banda pela qual eu (Luiz) e Rodrigo tivemos longa passagem, e o Xando, uma mais curta.

Mais bons momentos do show do Pedra no CCSP em julho de 2006. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa 

Duzentas pessoas passaram pela bilheteria do Centro Cultural São Paulo naquela noite de 8 de julho de 2006, ao nos deixar contentes, pois foi um número expressivo para uma banda iniciante, apesar de formada por músicos com carreiras pregressas com currículo expressivo no âmbito da música underground, ao menos. 

Bastidores do show do Pedra. Da esquerda para a direita: Claudia Cavalheiro, Xando Zupo, Daniel Alvim, Mel Lisboa e Ivan Scartezini  
Rodrigo Hid e o baixista/guitarrista superb, Marcião Gonçalves
Não consigo me lembrar apenas do nome da primeira mulher, da esquerda para a direita. Ao seguir, nessa ordem, a segunda mulher, de blusa cinza é Silvia Helena (vocalista do Apokalypsis), Zé Brasil (vocalista/violonista/baterista e compositor do Apokalypsis), Diógenes Burani (baterista, ex-Moto Perpétuo, ex-Gal Costa), Carlinhos Machado (baterista e atualmente, 2016, ele toca comigo na banda: Kim Kehl & Os Kurandeiros), na sua frente, Amarilis Gibeli (radialista e ativista cultural) e Jaques Sobretudo Gersgorin (radialista e escritor, ex-locutor e produtor do histórico programa radiofônico: "Kaleidoscópio" de 1975). Clicks, acervo e cortesia de Grace Lagôa  

            O excelente percussionista, Caio Inacio e Rodrigo Hid

No camarim do pós-show, o clima foi marcado por muita alegria, no qual além dos familiares, parentes e amigos queridos, recebemos presenças ilustres como o vocalista do Língua de Trapo, Laert Sarrumor, o radialista mítico, Jaques Sobretudo Gersgorin, do Kaleidoscópio (programa de rádio histórico no jornalismo cultural dos anos setenta), Zé Brasil & Silvia Helena, a dupla de vocalistas do Apokalypsis, os atores: Daniel Alvim, Claudia Cavalheiro e Mel Lisboa, Carlinhos Machado, baterista de muitas bandas e naquela ocasião, com o Acapulco Golden e Blue Trip, Diógenes Burani, ex-baterista do Moto Perpétuo e Gal Costa, e o grande Cezar de Mercês, ex-baixista d'O Terço, que dispensa maiores apresentações. 

Foi o nosso melhor momento ao vivo, nesse início de carreira, mas o embalo positivo continuaria, conforme eu revelarei a seguir.

Mais bons momentos do show do Pedra no CCSP em julho de 2006. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa 

Ficamos obviamente muito eufóricos com a nossa performance, que foi muito segura, tecnicamente perfeita, com grande interação com o público e sinergia. Mas a alegria ali expressa fora por outras motivações, também.

 Pedra ao vivo com convidados no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa

A filmagem do show para compor imagens de apoio ao vídeoclip novo que lançaríamos, nos deixou bastante animados.

Rodrigo Hid em destaque, com a minha presença (Luiz Domingues), mais ao fundo. Pedra ao vivo no Centro Cultural São Paulo em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa 

Tirante tais fatos, apreciamos o apoio de mídia que tivéramos e simultaneamente, se deu início ao surgimento de publicações com resenhas do nosso CD, através da imprensa escrita, primeiramente em órgãos de mídia on line, mas logo também foram publicadas na mídia tradicional, impressa. 

Foi um "momentum" muito bom para o Pedra e essa euforia por vermos tantas portas a se abrirem, ainda continuaria por um período de mais três meses, pelo menos, com fatos que ainda vou relatar para fechar esse mosaico.

Rodrigo Hid e Xando Zupo na linha de frente, com Ivan Scartezini ao fundo na bateria. Pedra ao vivo no CCSP em julho de 2006. Click, acervo e cortesia: Grace Lagôa.

Assista abaixo, a música: Madalena do Rock'n' Roll", acrescida da introdução de "Jesus Christ Superstar", a iniciar o show do Centro Cultural São Paulo, de 8 de julho de 2006.  

Eis o Link para assistir no YouTube:
http://www.youtube.com/watch?v=CXSRTF1qB3c&feature=relmfu


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