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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Língua de Trapo - Capítulo 19 - Pé na Estrada - Por Luiz Domingues

Antes de seguirmos para o interior, tivemos uma data para cumprir no ABC, especificamente na cidade de Diadema-SP. Foi um show marcado para o teatro Clara Nunes, no centro daquela cidade do ABC paulista.

Tal espetáculo teve tudo para ser um ótimo show, pois tratava-se de um teatro novo em folha, equipamento cultural da prefeitura de Diadema, com pouco tempo de vida. A estrutura física era muito boa, assim como a iluminação, mas o PA fora alugado pelo produtor local. Até aí, tudo bem, pois era uma praxe para nós. Contudo, infelizmente, o PA que o rapaz alugou se mostrou com uma qualidade inferior ao que estávamos acostumados. Logo que chegamos ao teatro, e vimos o equipamento, já percebemos que teríamos problemas. No soundcheck, chegamos à conclusão que o show seria prejudicado, com tantos fatores deficitários ali observados, o que na somatória de tudo, tornaria o show, uma tortura para nós, e pior ainda, para o público. 
 
E no caso do Língua do Trapo, onde a equalização precisava garantir a inteligibilidade das letras, para fazer sentido o teor das piadas, apresentar-se nessas condições insatisfatórias, seria uma irresponsabilidade para com a plateia pagante. Então, reunimo-nos com o nosso empresário, Jerome Vonk, e comunicamos-lhe que preferíamos cancelar o show. Lógico, tal decisão causou um rebuliço. O próprio, Jerome, quis ter a nossa absoluta certeza de que tecnicamente se tornara inviável realizar o espetáculo. Ele precisava desse elemento para comunicar ao promotor do show e assim emitir uma satisfação ao público que já começava a se aglomerar na porta do teatro. Claro que o rapaz apavorou-se com essa perspectiva e não foi fácil convencê-lo de que realmente o equipamento que ele contratara fora de uma qualidade inferior, e inviabilizava o show, por conseguinte. 
 
Nesse ínterim, a sua preocupação foi dar tal satisfação ao público e ao dono do equipamento que ofendeu-se com a nossa recusa em uma primeira instância e em seguida, exigiu o pagamento acordado, independente do show realizar-se ou não. O tempo pôs-se passar e a discussão acalorou-se. O promotor se mostrava como um rapaz sensato e não se indispôs diretamente conosco, mas o clima azedou com o dono do equipamento, enquanto simultaneamente, a aglomeração na porta do teatro aumentava a cada minuto, a gerar tensão.
Com a demora para se abrir as portas e sem saber o que ocorria, o público começou a revoltar-se, também. Então, quando tornou-se insustentável o clima, o promotor foi à porta e tentou explicar o problema, ao anunciar o cancelamento do show.

O povo revoltou-se ainda mais e na base da força, quis invadir o teatro. Nessa predisposição, bastaria uma pessoa incitar e a massa obedeceria sem racionalizar, é fato. Portanto, com muito custo e alguns safanões, fora os xingamentos e ameaças, o rapaz conseguiu entrar e fechar as portas, a preservar a sua integridade física. Contudo, o público começou a forçar a entrada e aos gritos, ameaçar também a banda. Nessa altura, o Jerome viu que a situação ficou muito assustadora e correu até nós, a pedir-nos que nos trancássemos no camarim e estivéssemos preparados para defendermo-nos em caso de invasão e ameaça de agressão. 
 
Chamaram a polícia, até que enfim, mas do camarim, ouvíamos os gritos e confesso, foi bastante tensa a situação. Por incrível que pareça, após momentos tenebrosos de tensão, acalmados os ânimos, o promotor desse show selou acordo de adiamento do espetáculo, para dali a dois meses, e uma comunicação foi dada às pessoas, para que guardassem os seus ingressos para essa ocasião futura. Incrível como os ânimos acirrados e sobretudo pelo fato de alguém insuflar a massa, faz com que pessoas pacatas percam facilmente o juízo. Estiveram ali pessoas de bem, e não vândalos, que só queriam divertir-se e assistiriam prazerosamente o show. E cerca de cinquenta dias depois, foram as mesmas que assistiram o show adiado, quando riram, aplaudiram e admiraram o trabalho da banda...

Uma incursão pelo interior de São Paulo, a prenunciar uma nova fase da turnê, iniciou-se quando em 4 de maio de 1984, apresentamo-nos no bonito Teatro Municipal de Piracicaba, com um bom público formado por mais de trezentas pessoas. Nesse show, recordo-me de um contingente significativo de Rockers na plateia, pois fui abordado nos bastidores do pós-show com muitos pedidos de autógrafos da parte dessas pessoas, a falar-me sobre A Chave do Sol. 

Os próximos shows seriam realizados no interior de São Paulo, sob um clima de micro turnê, com três datas seguidas. O primeiro, na cidade de Votuporanga-SP, distante mais de quinhentos Km de São Paulo. Lembro-me que viajamos na véspera, durante a madrugada, e várias vezes o Jerome teve que chamar a nossa atenção dentro do ônibus, pois tratou-se de uma linha comercial, e incomodávamos os demais passageiros com nossa, digamos, "expansão desmesurada", durante a viagem, e convenhamos, foi em plena madrugada. Chegamos em Voturopanga-SP ainda antes do amanhecer, e fomos direto ao hotel, quando dormimos, enfim.

A programação nesse dia foi bastante flexível, e só haveria mesmo o compromisso para se realizar o soundcheck no período da tarde, e apenas alguns componentes do Língua de Trapo iriam participar de uma entrevista na estação de Rádio, local. Seria um festival realizado em um estádio de futebol, com vários artistas locais e da região, e o Língua de Trapo, como "headliner" da noite. Sinceramente, não lembro-me de ninguém que tenha ficado famoso posteriormente, e infelizmente não anotei o nome de tais artistas.

Lembro-me que tivemos um público com aproximadamente mil pessoas, ou seja, foi muito fraco para um estádio de futebol. Muito melhor seria ter sido realizado em um teatro, ou salão fechado, e de porte bem menor. Daí, mil pessoas cairiam muito bem, mas dentro de um estádio de futebol, pareceu um amontoado tímido em frente ao palco e poucas pessoas dispersas pelas arquibancadas. Independente disso, fomos bem tratados e o público, em sua maioria bem jovem e universitário, gostou da proposta satírica da banda, embora alguns incautos de plantão talvez houvessem considerado o Língua de Trapo como uma banda de Rock, oriunda do movimento BR-Rock 80's, em voga na ocasião. Isso ocorreu em 11 de maio de 1984.

Os nossos próximos compromissos seriam dois shows na cidade de São José do Rio Preto-SP, distante cerca de oitenta Km dali de Votuporanga, no sentido da volta, em direção à capital de São Paulo.

Na viagem de Votuporanga a São José do Rio Preto, eu tive uma surpresa inesperada e foi bastante inusitada a conversa que tive com o passageiro que sentou-se no banco ao lado, ao fazer com que eu sentisse-me no banco da "Praça da Alegria", onde sempre poderia ser possível uma figura estranha sentar-se e propor uma conversa bizarra! Foi assim que aconteceu: como costumávamos viajar em ônibus comercial, nem sempre era possível ficarmos agrupados e dessa forma, nessa viagem em específico, tratou-se de uma linha que vinha a parar em outras cidades, e portanto, quando chegou em Votuporanga, já tinha vários assentos tomados. 

E sendo assim, ficamos misturados aos passageiros comuns, de uma forma aleatória. Então, eu procurei pelo meu assento e sentei-me ao lado de um rapaz, que logo que viu-me, com aquele cabelão de "Rock Star", perguntou-me se éramos artistas etc. e tal. Mesmo por que, ele já houvera observado toda a movimentação para embarcarmos instrumentos no ônibus, na plataforma da rodoviária de Votuporanga, naturalmente. 

Aí o sujeito falou me que apreciava música, e era jogador de futebol profissional. Bem, claro que estabelecemos uma conversa agradável, pois como muitos sabem, eu acompanho o futebol com bastante interesse e tenho um conhecimento razoável dessa matéria.

Ele disse que estava a jogar no Santa Fé do Sul FC, time homônimo de uma cidade daquela região, que estava na terceira ou quarta divisão estadual naquela ocasião (isso eu não lembro-me mesmo, e quem quiser saber, consulte o Google, ou um jornalista com essa especialidade). E colocou-se a falar como era dura a vida de um jogador em um time de tal divisão, longe dos holofotes da mídia, e do glamour da primeira divisão etc. Falou sobre como os estádios e gramados, sobretudo, eram ruins nessa divisão, que o "pau comia" (a enfatizar a truculência generalizada durante as partidas), que as arbitragens eram ruins, e o salário, insignificante.

 

Então, ao inflamar-se, contou-me que estava em fim de carreira, e já havia jogado em times de primeira divisão, e também jogara em clubes europeus. Disse ter jogado na Portuguesa de Desportos, e em times internacionais ainda que de pequeno porte tais como: Murcia e Celta de Vigo, da Espanha, além do Montpellier, da França. 

Todavia, apesar de eu ter uma cultura futebolística considerável, não estava a reconhecê-lo, e de fato, pairava, enquanto ele falava, uma dúvida se essa conversa não seria uma tremenda mentira, e que ele fosse apenas um jogador de terceira ou quarta divisão, com essa história de times europeus a se configurar como uma mentira, a usar esse mero devaneio para impressionar-me. Então, o rapaz contou-me também que graças a esse status adquirido por essas passagens por clubes europeus, estava a perambular por equipes interioranas de divisões inferiores, nos seus momentos finais de carreira, pois já tinha 34 anos na ocasião, e não tinha mais mercado para atuar em equipes maiores. E dessa forma, sem alternativa, submetia-se a isso.

Contudo, munido da dita malandragem de boleiro, se orgulhava de "enganar" deliberadamente, e sempre dava um "jeitinho" de forçar um cartão amarelo, para ser suspenso em jogos onde teria que jogar no campo adversário, e com isso, a demandar cansativas viagens, ou mesmo a simular contusões, para ficar no departamento médico, a evitar assim ter que jogar nesses campinhos, e apanhar de zagueiros "brucutus". Ri muito ao ouvir essas afirmações absurdas da parte dele, mas claro que essa malandragem eu sei que existe até na elite do futebol, e muitos atletas procedem dessa forma nas grandes equipes, quando são apelidados como: "chinelinhos" pelos torcedores que percebem a falcatrua de sua parte, nesse tipo de expediente displicente e certamente, anti-profissional.

No fim da conversa, ele pareceu ter ficado um tanto quanto frustrado, mas eu realmente não lembrei-me dele, espontaneamente, no entanto, ele descreveu a época onde jogou na Portuguesa, nos anos setenta, e que chamava-se: Edu. Não fora famoso como seus contemporâneos Enéias, Marinho Peres, Basílio, Dicá, Badeco, Tata e Wilsinho, mas realmente esteve naquela equipe da Lusa, do meio dos anos setenta. Foi essa a minha companhia de viagem de Votuporanga para Rio Preto, no dia 12 de maio de 1984.

Chegamos em São José do Rio Preto, e hospedamo-nos em um hotel no centro, próximo à Av. Voluntários de São Paulo, tradicional via daquela cidade. Bem maior e mais estruturada que Votuporanga, essa cidade já mantinha ares de cidade grande, e a perspectiva para que os dois shows fossem animados, foi grande. 

O show aconteceu no ginásio de esportes Antonio Natalone, mas não recordo-me se tal instalação pertencia à prefeitura, governo do estado, ou mesmo que fosse particular.

Foi nessa quadra de esportes, que o show realizou-se em São José do Rio Preto-SP

Lembro-me apenas que tivemos alguns problemas com o equipamento alugado para o evento, exatamente como houvera ocorrido dias antes, em Diadema-SP, no ABC paulista. Contudo, Diadema é uma cidade vizinha de São Paulo, e visto que São José do Rio Preto fica distante, cerca de quatrocentos e cinquenta Km de São Paulo, pensar em cancelar, como acontecera em Diadema, tornara-se bem mais complicado.

Dessa forma, a solução foi buscar improvisar com o apoio local, e assim, de última hora, surgiram amplificadores pertencentes a músicos da cidade, para suprir as nossas necessidades mais prementes em termos de "backline" (equipamento de palco), ainda que em termos de PA, a estrutura também fosse fraca, mas nesse caso, nada poderia ser feito para melhorar as condições. 

O primeiro show foi muito bom, e movimentou cerca de mil pessoas ao local. Apesar de não possuir a estrutura de um teatro, e isso seria importante para a mise-en-scène da banda, o público reagiu bem, a rir muito, como de costume, como nas apresentações regulares que fazíamos em teatros. No dia seguinte, lembro-me em estarmos muito cansados pela maratona dos três dias, incluso pelas cansativas viagens empreendidas por intermédio de ônibus comerciais. 

Ficamos no hotel, até o último momento de irmos ao local do show, sob uma preguiça muito grande, e a assistir a semifinal do Campeonato Brasileiro de 1984: Corinthians 0 x 2 Fluminense, direto do estádio do Morumbi, em São Paulo. 

O segundo show foi bom, também, e atraiu cerca de setecentas pessoas ao clube, considerado muito bom pelo contratante, por ser realizado em um domingo. Voltamos para São Paulo no início da madrugada, e desta feita, a dormir pelo percurso, todos extenuados pelo final de semana intenso, e dessa forma, não incomodamos ninguém, como ocorrera na viagem de ida. Os shows em São José do Rio Preto, ocorreram nos dias 12 e 13 de maio de 1984.


Passada essa aventura interiorana, os próximos compromissos seriam por São Paulo e arredores, mesmo. Em 18 de maio de 1984, fomos à FEI, de São Bernardo do Campo, uma tradicional faculdade de engenharia, que costumava alimentar as grandes fábricas automotivas daquela cidade, com profissionais ali formados, todos os anos.
Foi um show avulso e a resgatar a origem primordial da banda, ou seja, a de apresentar-se para um público universitário, em seu ambiente acadêmico.

Se tratou de um espetáculo realizado no ginásio de esportes da instituição, e o público universitário gostou muito. A minha lembrança, inclusive, foi que ao fugir das características normais do Língua de Trapo, o show ganhou ares de show de Rock, com momentos de euforia por parte do público, o que chegou a espantar-nos. Cerca de mil e duzentas pessoas nos assistiram, e o show ocorreu ao entardecer, para fugir um pouco do horário tradicional de teatros, em que estávamos acostumados a atuar. 

E no dia seguinte, fizemos um show no Clube Ipê, de São Paulo, mesmo.

O Clube Ipê, para quem não conhece São Paulo, é um clube tradicional, instalado próximo ao Parque do Ibirapuera, e com um bom parque próprio a conter: quadras poliesportivas, piscinas, e instalações sociais muito bem cuidadas. Este foi também um show atípico para nós, pois geralmente shows realizados na ambientação na área social de clubes poliesportivos, eram realizados em cidades interioranas de pequeno porte, onde não existiam teatros, ou casas de shows, melhor estruturadas.

E, nesse caso em específico, foi engraçado encenar o show, pois ele ocorreu antes de um baile. Portanto, tocamos a utilizar o equipamento de uma banda de bailes, e tal prática lembrou-me o padrão muito comum nos clubes paulistanos entre os anos cinquenta e sessenta, com artistas de trabalho autoral a fazer apresentações ao estilo "pocket", para que depois, bandas de baile entretivessem o público de tais clubes, isto é, os seus associados. 

E de certa forma, o público presente foi surpreendente, pois cerca de trezentas pessoas estiveram ali a assistir-nos e em sua maioria, representado por jovens e muitos, fãs do Língua de Trapo, pelas suas reações durante o show. E tal espanto justificou-se pelo fato de que, em plena Era das danceterias, esperávamos poucos jovens ali presentes, em um sábado a noite. Foi no dia 19 de maio de 1984, e assim foi nossa apresentação no Clube Ipê, de São Paulo.


Alguns dias depois, voltaríamos a fazer o show nos moldes a que estávamos mais habituados. Fomos à cidade de Campinas-SP, e apresentamo-nos no Centro de Convivência daquela gigante cidade interiorana. Tratou-se de um belo e amplo centro cultural, muito bem localizado, no bonito bairro do Cambuí, centro de Campinas.
O palco foi muito grande, e as condições cenotécnicas, excelentes, portanto, ideais para se encenar o show completo, com todos os recursos teatrais disponíveis para nós.

Lembro-me que os shows foram ótimos, com grande presença de público e sobretudo, com sucesso, pois fomos muito aplaudidos, após duas horas intensas com risadas frenéticas, da parte das pessoas.

Nesse teatro, costumava apresentar-se e ensaiar, a orquestra sinfônica da cidade, e alguns camarins ficavam trancados, com os instrumentos desses músicos, guardados. O primeiro show ocorreu no dia 23 de maio de 1984, com a presença de seiscentas pessoas, aproximadamente. E no segundo dia (24 de maio de 1984), cerca de oitocentas pessoas passaram pela bilheteria.
Após o término desse segundo show, eu deveria ter voltado com a banda para São Paulo, mas empolguei-me em ficar por conta de uma companhia feminina que surgiu nos bastidores. Combinamos de sair no pós-show, e e essa moça sugeriu que fôssemos à casa de um casal amigo seu, pois tais pessoas mostraram-se solícitas, ao se dispor a nos proporcionar uma noite com música, a ouvir vinis de sua coleção, prosear e a oferecer-nos um espaço privativo, a posteriori.
Mas o clima não aconteceu, e após várias negativas da parte dessa moça, convenci-me que ficaríamos apenas com convívio social amigável, e nada mais.

Até aí, tudo bem, pois o ambiente da casa estava agradável na sala de estar, com a sessão de vinis a garantir o bom fundo sonoro. Entretanto, em um dado momento, o namorado da outra moça, e dono da casa, engatou uma conversa sobre Rock, e já alterado pela ingestão de vinho e cerveja, passou a insistir na tese de que o Rock norte-americano era um "lixo", em sua opinião etc. e tal. 

Eu tentei contra-argumentar ao citar alguns artistas com qualidade e relevância inquestionáveis, que negariam tal visão radical da parte dele, mas ficara nítido que ele estava alterado, e procurava pelo embate, deliberadamente e assim, foi quando pensei: -"estou na casa de um estranho, cercado de outras pessoas estranhas, em um bairro longe do centro de Campinas. Era 2 ou 3 horas da manhã, e eu estava a pé, e não saberia dirigir-me à rodoviária da cidade", ou seja, o melhor não foi dar vazão à discussão acalorada que ele buscava. Enfim, em nenhum momento a conversa descontrolou-se para chegar a tal desfecho de um embate mais acintoso, mesmo por que, o casal foi extremamente simpático e hospitaleiro, contudo, eu simplesmente não arrisquei cravar uma opinião contrária naquela circunstância adversa em que me encontrara.

Porém o mais maçante mesmo, foi quando o rapaz, na sua empolgação em querer provar a sua tese, quis mostrar-me um exemplo de um artista que despontava naquele momento em sua opinião. Até então, estávamos a ouvir bons discos da safra de artistas representantes da MPB setentista e estava muito agradável a trilha sonora proposta, mas quando ele cismou com essa história, eis que foi buscar o LP do cantor, "Byafra" em sua estante.

Aquela canção que tocava muito nas rádios da época, e que tratava-se de uma balada açucarada e com letra piegas, aborreceu-me com bastante vigor naquela madrugada. 
 
Bem, passado esse martírio, deu para cochilar um pouco, até que por volta das 5:00 horas da manhã, tomamos um café, e os três anfitriões levaram-me à rodoviária. Foi uma noite estranha, no sentido de que não corri riscos, não fui hostilizado, e pelo contrário, fui muito bem tratado por essas pessoas, contudo, por outro lado, primeiro frustrei-me com a garota que desistiu do nosso interlóquio mais íntimo no momento decisivo, e depois, bem pior, tive que aguentar o som açucarado do cantor, "Byafra". Foi assim a passagem do Língua de Trapo por Campinas-SP, em maio de 1984.

O próximo show foi uma data avulsa realizada no Teatro Municipal de Santo André-SP, no ABC paulista. Foi no dia 25 de maio de 1984, e seiscentas pessoas lotaram as dependências do bonito teatro daquela cidade da Grande São Paulo. 

Não tenho nenhuma ocorrência excepcional que eu lembre-me sobre esse show, que aconteceu dentro da normalidade. Talvez valha a pena contar apenas uma piada interna, ocorrida dentro da Kombi que levou-nos à Santo André. Omitirei nomes, mas deixo claro que o autor da piada, o fez mesmo com a intenção da pilhéria, portanto, até acho que eu poderia revelar o seu nome e o do outro elemento, que foi satirizado por ele, mas melhor não fazê-lo...

A Kombi estava lotada. Toda a comitiva do Língua de Trapo estava a bordo, mas faltava um elemento. Parada na porta de sua residência, aguardávamos a sua saída quando no afã de fornecer-nos uma satisfação, o pai dele apareceu no portão e disse: -"ele está quase pronto, só mais um minutinho". O silêncio era total dentro do veículo, quando um dos componentes do Língua de Trapo soltou uma frase desconcertante, e que despertou uma epidemia de gargalhadas! O que ele disse foi: -"ah, então esse é o pai dele?  Pois é o culpado de tudo! Por que não se masturbou naquela maldita noite?"

E quando o nosso companheiro apareceu, enfim, no portão de sua casa, a pedir desculpas pelo atraso, despertou ainda mais risadas, ao deixar-lhe completamente atônito pelo óbvio fato de ter ficado alheio ao teor da galhofa. 

Uma nova investida pelo interior de São Paulo, viria a seguir. O Língua de Trapo seria atração principal de um Festival de MPB, na cidade de Paraguaçu Paulista-SP, no oeste do estado. Foi interessante pelo lado emocional, digamos, termos sido a atração principal em um festival de MPB, pois o começo da banda foi marcado por várias participações em festivais, como concorrente, no início da carreira, no período de 1979 & 1980, principalmente. Pelo lado prático, teria que ser um show de choque, pois não haveria estrutura para fazer o show inteiro e tradicional, já que na confusão típica de um festival, não haveria meios para tal.
Seriam duas noites, e na outra em questão, a atração seria a Cida Moreira, sensacional pianista/cantora/compositora e atriz, que eu particularmente admirava por fazer seus shows calcados em Blues, Jazz, MPB da Velha Guarda e trilhas de cinema.

E naquela época, ela estava em pleno vapor, a filmar bastante, quando atuou em filmes que hoje em dia eu tenho em minha coleção de DVD's, como: "Onda Nova", por exemplo, este a se tratar de um filme tão horrivelmente "anos 1980", que eu gosto, por birra.

Lembro-me que tivemos um problema com a organização, que decepcionou-nos na hora do almoço, ao conduzir-nos a um restaurante bem ruim, e isso enlouqueceu o nosso empresário, Jerome Vonk. O "holandês voador", como o chamávamos, conclamou a atenção dos organizadores, com veemência, e a bronca surtiu efeito, ao fazer com que nós fôssemos reconduzidos a um restaurante melhor, imediatamente.

Jamais esquecer-me-ei dele a berrar com os sujeitos, a dizer-lhes: -"os meus músicos não vão comer qualquer coisa... eles precisam de arroz e feijão de qualidade!" Valeu a bronca, pois a comida no segundo restaurante esteve muito boa e farta. 

O show foi bom, a arrancar as risadas costumeiras e surpreendeu-me, pois eu nutrira dúvidas de que funcionaria sob um ambiente tumultuado de festival, com o público geralmente agressivo, e a ostentar comportamento semelhante ao de torcidas uniformizadas, a torcer pelos diversos concorrentes. Mesmo na posição confortável de atração maior e não concorrente, sempre sobram respingos em situações assim, devido à tensão desse tipo de evento, com os nervos à flor da pele. 

Contudo, os meus temores não se confirmaram, ainda bem e tudo foi agradável nessa noite. Esse show ocorreu no dia 27 de maio de 1984, e a programação da banda para esse dia seria dormir na cidade e voltar para São Paulo no dia seguinte. 

Entretanto, eu teria um show com A Chave do Sol para o dia seguinte, e não poderia arriscar chegar em cima da hora, e assim abrir possibilidade para atrasos, portanto, resolvi voltar sozinho. Foi quando alguém da produção do festival comunicou-nos que dois carros com estudantes, partiriam para São Paulo, imediatamente, e surgiu a possibilidade de eu aproveitar essa carona. O Pituco Freitas também queria voltar antes, e aceitou a carona, assim como a Cida Moreira. Portanto, encerrado o show, eu, Luiz, Pituco Freitas e Cida Moreira, voltamos em meio a essa carona.


A próxima temporada no Rio de Janeiro, seria mais curta do que anterior, realizada no mês de abril, e também ficaríamos hospedados em outro lugar. Desta feita, fomos cumprir shows em um espaço diferente. Tratava-se de um Circo, charmoso e muito bem localizado, no bairro da Gávea, na zona sul do Rio.

O seus organizadores certamente queriam fazer dele, um espaço concorrente do Circo Voador, tarefa difícil, convenhamos, pois o Circo Voador era um sucesso absoluto, e estava sedimentado no espectro cultural do Rio de Janeiro. E nesse aspecto, os esforços que fizeram para tornar tal espaço bem-sucedido, foram notáveis. A estrutura apresentada, se mostrou de qualidade, com som e iluminação de primeira linha. A localização, se mostrou excelente. E a infraestrutura, tanto para o artista, quanto para o público, muito boa. 

A nossa viagem para o Rio de Janeiro, também foi digna de nota. O Jerome inovou, e ao invés de irmos através de ônibus, como da ocasião anterior, para esta nova etapa, ele comprou passagens ferroviárias.

A histórica linha noturna entre São Paulo e Rio de Janeiro, estava ainda em atividade. Mesmo em vias de acabar (infelizmente!), a chamada: "Linha de Prata", ainda tentava manter o charme do passado, com o famoso "Carro Pullman", um lounge confortável e cheio de mordomias sobre trilhos. E sem deixar de mencionar o "Carro Restaurante", com a sua comida famosa pela qualidade e garçons experientes, que pareciam malabaristas por carregar bandejas cheias, naquele sacolejar típico do trem.
Ficamos divididos em duplas nas cabines, bastante confortáveis e quando reagrupamo-nos para jantar, com o trem em pleno movimento, encontramo-nos com os membros do grupo de Rock, Barão Vermelho, que voltavam ao Rio, após uma semana de shows realizados em São Paulo, ao fazer o movimento inverso ao nosso. Menos o seu famoso cantor, Cazuza, que segundo ouvimos, havia voltado antes por avião. Chamou-nos a atenção a companhia feminina, voluptuosa que acompanhava o baterista, Guto Goffi dessa banda.

A circular pelos compartimentos do trem, com uma mulher espetacular, não houve quem não reparasse na sorte do rapaz.

A minha autobiografia é leve. Evito contar episódios constrangedores que possam expor pessoas, mesmo em situações engraçadas. Mas mesmo assim, não resisto em contar que o meu amigo, Paulo Elias Zaidan, foi um dos mais animados nessa viagem.

Ao empolgar-se com as possibilidades etílicas dos carros restaurante e Pullman, ele ficou bem alegre. Quando ele chegou na cabine que dividia comigo, foi arrumar o seu leito, e do jeito que começou a arrumar a coberta, capotou, como se tivesse sido desligado da tomada de uma forma abrupta.

Quando eu acordei, abri a janela da cabine e verifiquei que já era dia, e estávamos por atravessar a Baixada Fluminense (cheguei a ver uma placa de estação a demarcar estarmos a passar por Nilópolis), quase a chegar no Rio. Levantei-me e quando olhei no leito que ele ocupava, Paulo estava exatamente na mesma posição em que apagara, horas antes, ou seja, além da ressaca, temi que ele tivesse problemas musculares ao longo do dia, após um castigo desses para a sua coluna cervical. 

Desembarcamos na Estação Central do Brasil, por volta das 8:00 horas da manhã, em meio a ebulição que ocorre em um horário desses, naquela enorme estação. Atordoados com a multidão, apanhamos táxis, e fomos direto para o apartamento que o Jerome alugara para nós, desta feita no bairro de Ipanema.

Ficamos instalados em um apartamento de aluguel, típico para turistas. Mas em um belo ponto de Ipanema, muito próximo da Praça General Osório, onde aos domingos ocorria a tradicional Feira Hippie, desde os anos sessenta. Tal evento equivalia à Feira da Praça da República, em São Paulo, onde os Hippies sobreviviam, a vender artesanato, roupas e quinquilharias em geral. No entanto, assim como a feira paulistana, a carioca também estava decadente e em plena Era oitentista, embebecida de oposição sistemática à contracultura Hippie, se tornara até incompreensível que ainda existisse, de forma anacrônica.
O apartamento que alugáramos ficava localizado na Rua Visconde do Pirajá, via famosa e estratégica do bairro, paralela à Avenida Vieira Souto, da orla do mar. Desta feita, o apartamento era bem maior e melhor do que o habitáramos em Copacabana, dois meses antes, e estrategicamente perto da Gávea, onde faríamos os nossos shows.

O nome do Circo armado, era: "Circo Planetário", e obviamente pelo fato de ficar ao lado do famoso planetário, naquele bairro.
Ficava também perto do Campus da PUC carioca, e da famosa "Pedra da Gávea", que encantou músicos internacionais do Rock setentista, como Rick Wakeman e Steve Hackett. 

No primeiro show, conseguimos ter a audiência com cem pessoas. Não foi nada espetacular, mas ao tratar-se de um dia de semana, foi comemorado pelos contratantes, como um êxito.

É bom destacar, que ocorreu no fim do outono no Rio, e para os padrões cariocas, as noites estavam "frias", e assim, desacostumadas com temperaturas amenas, as pessoas tendiam a ficar mais caseiras. O equipamento de som e iluminação foi de qualidade, e o palco mais uma vez fora alugado junto àquele freak cabeludo e loiro, que alugava para todo mundo no Rio. Mais uma vez a usar amplificadores e caixas Fender, da velha guarda, a qualidade sonora do baixo, das guitarras, e teclados, foi ótima. 

O Circo se mostrou bem montado, com tudo de primeira e certamente o plano de seus donos fora atrair a juventude burguesa e bem nascida da zona sul, a extrair um pouco da clientela do Circo Voador, que era sedimentado, "cool", mas bem mais rústico, em todos os aspectos. 

O nosso primeiro show ocorreu no dia 6 de junho de 1984, mas na verdade, nós chegáramos ao Rio, na manhã da segunda-feira, dia 4 de junho. Portanto, na terça, dia 5, ficamos praticamente com um dia livre, para a maioria, pois lembro-me apenas do Laert e mais um  ou dois voluntários, terem visitado a Rádio Fluminense, em Niterói, para uma entrevista, com o intuito de divulgar o show.

Todos os demais dispersaram e eu resolvi explorar o bairro. Fui ao "Jardim de Allah", caminhei pela Rua Barão da Torre e circulei na Praça General Osório, até que encontrei um pequeno e aconchegante mini Centro Cultural. Entrei para explorá-lo e descobri que no cineclube em anexo, haveria uma sessão do filme longa-metragem: "Bete Balanço", então recém-lançado.

Aventurei-me a assistir, comprei ingresso e com não mais que vinte pessoas presentes na pequena sala de exibição, assisti essa película, que retratava bem o ambiente carioca oitentista, e a euforia gerada pelo movimento "BR-Rock 80's", ainda que o filme não seja uma peça explícita sobre o tema. 

Tal espectro cultural não foi e nunca será da minha predileção, porém, eu assisti resignadamente, a tolerar o fato de que eu estava ali no meio do turbilhão oitentista, e nada poderia aspirar, a não ser torcer para acabar logo o pesadelo imposto pela mentalidade em voga em torno da estética Pós-Punk. Para o bem da verdade, nesse caso em específico, não foi nada insuportável, pois o Barão Vermelho, presente na maior parte da trilha sonora desse filme, era muito mais perto da minha realidade cultural, do que qualquer outro ícone oitentista. 

E a micro turnê do Língua de Trapo, só começou mesmo no dia 6 de junho de 1984, conforme já citei.

No dia 7 de junho, o show movimentou a mesma quantidade de público da noite anterior, cem pessoas. Não lembro-me de nenhuma apreensão por parte dos contratantes, e não foi mesmo para preocupar-se, pois no dia seguinte, a melhora foi vertiginosa. Também não recordo-me de nenhuma ocorrência excepcional nesse show em específico. Na minha lembrança, foi um show normal, sem nada a relatar em especial. 

A despreocupação dos contratantes em relação ao público pagante, apenas razoável para os dois primeiros dias, justificou-se quando chegamos ao terceiro dia da mini temporada. Foi no dia 8 de junho de 1984, e duzentas e oitenta pessoas passaram pela catraca do Circo Planetário. Foi um show com quase o triplo do público das duas noites anteriores, a justificar toda a confiança depositada no evento, e certamente em nossa banda, também.

Claro, com mais gente no recinto, o show naturalmente foi animado, e após esse espetáculo, fomos convidados a fazermos uma mini apresentação em um bar de Jazz, em Ipanema, que era frequentado por jornalistas. Foi um convite formulado pelo famoso cartunista, Chico Caruso, muito amigo dos componentes do Línguas de Trapo. 

Apesar de todo o esforço do Chico para que os seus pares entendessem a nossa proposta, ficou um clima meio estranho, pois ali era na verdade, mais um reduto de amantes do jazz, e a nossa música centrada no humor, não caiu nas graças daquela audiência, de uma forma arrebatadora. Também, convenhamos, o estado alcoólico da maioria ali presente, já estava muito avantajado, e sob um ambiente sofisticado daqueles, não eram bebidas baratas exatamente, o que tais clientes gostavam de consumir.

Depois que voltamos, escoltados por caronas, resolvi dar uma volta no calçadão da praia de Ipanema, onde estava acompanhado de uma presença feminina que conhecera no bar dos jornalistas, quando a conversa teve que ser abreviada. Alertada por ela, vi a perigosa aproximação de uma porção grande de garotos menores de idade, e em atitude suspeitíssima, a caminhar em nossa direção.
De noite, com cabelo comprido no meio das costas e com a pele branca, e sem nenhum resquício de bronzeamento, eu devia ser um chamariz para assaltantes, a julgar-me naturalmente, um turista estrangeiro. Nada aconteceu, pois saímos rápido dali, e ficou por isso. 

Anos depois, quando eu frequentei o Rio com muita regularidade, por conta de uma namorada que ali arrumei, acostumei-me a ser confundido como argentino, por conta de minha pele clara, e o cabelo longo...

Não deu outra, no show subsequente, tivemos ainda mais público. Foi mais um show com a energia habitual do Língua de Trapo, a conter muitas risadas e com o público a sair satisfeito, ao final.
Nessa noite, após o show, estavam todos cansados, e voltamos ao apartamento de Ipanema.

Infelizmente, foi a noite que escolhi para comunicar à banda, a minha decisão de sair, visto que estava insustentável permanecer em duas bandas autorais, simultaneamente. Eu já estava a ensaiar para falar com todos, e foi muito difícil, mesmo que, subliminarmente, eles soubessem tratar-se de uma decisão que mais cedo ou mais tarde, ocorreria de minha parte. 

Desde o início, quando fui convidado a voltar, eu deixara claro que não deixaria "A Chave do Sol", pois o meu lado Rocker era muito forte, e tal banda representava um trabalho que ajudei a fundar, além do que, após um longo período de dura labuta, este começara a frutificar. 

O aspecto óbvio e desagradável, foi que eu também fui um membro fundador do Língua de Trapo, gostava do trabalho, e já detinha um histórico de saída, quando de minha primeira passagem por tal grupo entre 1979 & 1981.

O Boca do Céu, a primeira banda minha e do Laert, em foto de 1977

Portanto, o sentimento em relação ao Língua de Trapo, fora igualmente forte, por ter raízes nessa banda. Mais que isso, houvera a agravante de que eu tinha uma ligação fraternal e de fé, com o Laert, pelo fato de nós termos começado as nossas respectivas carreiras musicais, juntos, através da nossa primeira banda de Rock, o "Boca do Céu", fundada em 1976. 

Sendo assim, foi muito difícil eu ter que comunicar a minha decisão, principalmente ao Laert, que certamente ficaria aborrecido. Enfim, não havia outra solução e assim eu tomei coragem, e falei após o show dessa noite, ali no apartamento que usávamos em Ipanema. 

O clima ficou desolador, pois mesmo ao saber dessa possibilidade desde o início de minha volta, muitos componentes da banda achavam que com o tempo e a agenda forte e mais a exposição na mídia, e prestígio muito maior do Língua de Trapo, naturalmente, eu mudaria de ideia e continuaria firme na banda, muito provavelmente a deixar "A Chave do Sol", banda que era apenas uma promessa, aos olhos deles. 

Bem, desde que voltei ao Língua de Trapo, foi uma época marcada por melindres das duas partes, e eu sofri constrangimentos, literalmente, ao permanecer na formação de duas bandas, e agora precisava optar, pois ambas pressionavam-me, e foi legítima essa pretensão de exclusividade, da parte de ambas, certamente.

Infelizmente, o clima que ficou pesado com o meu comunicado, piorou, todavia por um outro evento inesperado e que não teve nenhuma relação com esse fato do meu comunicado. 

Uma desavença entre dois membros do Línguas de Trapo (não revelarei os seus nomes, para não expor ninguém, e também por ser irrelevante revelar o motivo fútil desse evento para essa narrativa, e ao ir além, algumas horas depois, tais colegas já haviam feito as pazes), tornou-se uma discussão mais acalorada, e quase descambou para as vias de fato, no seu auge. 

Essa discórdia desviou certamente o impacto criado pelo meu comunicado, porém, essa questão ficaria na berlinda doravante, nos meus últimos dias com o Língua de Trapo, infelizmente. Quanto ao show do dia, no Circo Planetário, foram trezentas pessoas computadas na plateia, e ocorreu no dia 9 de junho de 1984.

Continua...

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