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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Língua de Trapo - Capítulo 7 - Ao Assistir de Fora o Sucesso dos Amigos - Por Luiz Domingues

                                   Ilustração de Rê Galvão


Eu soube que o guitarrista carioca, Sergio Gama, entrara na banda, e uma nova cozinha foi instalada, com Luiz Lucas no baixo e Ademir Urbina, na bateria (esse último, baterista da banda de covers, "Áries", famosa na noite paulistana, e concorrente do "Terra no Asfalto", em que eu tocava, a atuar no mesmo circuito de casas noturnas de São Paulo). Nos teclados, saiu Celso Mojola, e entrou João Lucas, irmão do baixista, Luiz Lucas. 
Com esse novo time, e Fernando Marconi ao fixar-se na percussão, o Língua de Trapo começou a sua trajetória meteórica de ascensão. Assisti de longe o sucesso deles, e sem saber que encontrar-nos-íamos de novo, em setembro de 1983...



Mas esses sinais de que o Língua de Trapo estava a ascender, só foram tomar grande proporção mesmo, no ano de 1982, quando a ditadura militar começou a afrouxar, e permitiu a primeira eleição para os governadores, após muitos anos com nomeações de governadores biônicos. Com isso, o Língua de Trapo, que estava forte no circuito de shows universitários, teve o seu grande impulso, quando tocou em inúmeros comícios do PT, a apoiar o então sindicalista, Luis Ignácio "Lula" da Silva, ao governo do estado de São Paulo. 



a banda chegou tocar para um público gigantesco, em diversas ocasiões e aliado a isso, havia enturmado-se com o pessoal daquela cena conhecida como: "Vanguarda Paulistana". O grupo estava contratados pelo selo Lira Paulistana, e lançou o primeiro LP, que foi um estouro de crítica e vendas. Lógico que eu enchia-me de orgulho por ver os meus amigos a subir como um rojão na carreira, e foi natural que eu sentisse que deveria estar junto, mas por outro lado, em 1982, a minha animação foi tão grande com a formação da minha nova banda, chamada:  "A Chave do Sol", que isso amortizara em muito esse sentimento, não como arrependimento, mas em torno de uma certa frustração por não estar mais na formação do Língua de Trapo.



Lembro-me em ter ido a um ensaio deles, realizado na casa dos irmãos, Luiz e João Lucas, para assistir um ensaio promovido pelo Língua de Trapo, em 1982. Curiosamente, eles moravam na Rua Gomes de Carvalho, no bairro da Vila Olímpia, zona sul de São Paulo e digo curioso, por que eu morei por vários anos em uma rua paralela próxima (na Rua Quatá, entre o final de 1967, e início de 1971), e estudei a vida toda, praticamente, no colégio estadual do bairro, onde nessa mesma rua, Gomes de Carvalho, conhecera o Laert, seis anos antes (1976), época do início de nossa primeira banda, o Boca do Céu Nesse ensaio do Língua de Trapo em que compareci como convidado, Pituco Freitas, Lizoel Costa, Guca Domenico e Laert Sarrumor e Fernando Marconi, membros do "meu tempo", contaram-me animadamente muitas novidades ótimas sobre a banda. Fiquei muito contente com as novas. Foram muito animadoras, mesmo.


E cheguei a tocar um pouco, a usar o baixo do Luiz Lucas, um exótico, Gibson Les Paul. Luiz e João, os irmãos, haviam tocado muitos anos a acompanhar o cantor, Ronnie Von e detinham histórias ótimas para contar. Mas apesar do clima amistoso, eu só fui visitá-los nesse único ensaio, na casa dos irmãos Lucas, na Vila Olímpia, por uma questão de falta de oportunidade somente, depois que deixei a banda.
E lembro-me em ter falado com o Pituco Freitas ao telefone uma vez, quando ele contou-me que estavam a começar a gravar o primeiro LP, no estúdio do Tico Terpins, ex-baixista do Joelho de Porco. Fiquei muito feliz por saber disso, pois como convivi bastante com o Laert, desde 1976, sabia muito bem o quanto o grupo de Rock, Joelho de Porco, o influenciara e Tico Terpins fora um artista que ele admirou muito nos anos setenta, exatamente pela veia debochada que este mantinha em cena, e a questão do humor sempre foi importante para o jovem, Laert Julio, mesmo antes dele tornar-se: "Sarrumor".
 

Nesse telefonema, o Pituco estava eufórico, e contou-me vários detalhes da gravação. Havia músicas novas, mas o grosso do material foi o que eu costumava tocar quando fui membro da banda, forjado naqueles anos iniciais, entre 1979 e 1981. Claro, fica a ressalva de que eu quase não participei em 1981, e só marco a data pelo fato de ter feito uma última apresentação como membro do grupo, em janeiro desse ano. 

Continua...   

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