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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Língua de Trapo - Capítulo 4 - Os Cúmplices do Sarrumor e os seus Sutis Cassetetes - Por Luiz Domingues




Um pouco antes dessa época, em março de 1980, essa formação de banda passou a ser considerada um grupo fixo, sob o nome de "Laert Sarrumor e os Cúmplices". E sim, o Laert Júlio adotara como o seu nome artístico doravante, a palavra: "Sarrumor", um neologismo que ele criou para o seu fanzine de cartoons, produzido nos anos setenta, o "Sarrumorjovem". Sarro e humor tornou-se o seu mote principal como artista, portanto.                                                             

Nessa foto, é possível ver as costas do tecladista, Celso Mojola, e eu estou inclinado, compenetrado no que tocava em meu baixo, Giannini "RK". A garota que entrou em cena aleatoriamente, praticamente só dançou, e não fez sentido algum a sua presença ali, pois ela não era componente da banda, mas sim uma concorrente que entrou por sua própria conta em nossa apresentação. Mas quem brilhou mesmo foi o nosso vocalista, Pituco Freitas. Língua de Trapo no Festival Universitário de MPB de Bauru-SP. Sesc Bauru, 31 de maio de 1980. Click; acervo e cortesia: Teruo Kosaka

 

Foto dos calouros, no segundo semestre de 1980, da faculdade Cásper Líbero, no dia da apresentação do Língua de Trapo, como show de recepção da nova turma. Fonte: internet

E certamente depois desse Festival de Bauru, isso se tornou oficial, doravante. Essa repercussão no Festival de Bauru acredito ter sido um agente impulsionador e tanto. Depois dele, já na entrada em junho de 1980, soubemos que o trabalho estava a ganhar corpo. A reação espontânea e massiva do público daquele específico festival deu-nos muita confiança para prosseguir. E dessa forma, animados com esse sucesso no Festival de Bauru realizado nos dias 30 e 31 de maio, e 1º de junho de 1980, inscrevemos músicas em outros festivais de MPB e prosseguimos a realizar shows pelo circuito universitário. 
Programa distribuído aos calouros com a lista do repertório a ser tocado. Nota-se a presença de várias músicas que fariam sucesso a posteriori, com a ascensão da banda, de 1982 em diante
  
Lembro-me que batizamos o show como: "Sutil como um Cassetete", ou seja, uma alusão irônica ao momento sociopolítico daquele momento.

Fizemos dois shows com lotação esgotada na Faculdade Cásper Líbero, o berço natal da banda. Seguiram-se shows na Química da USP, Crusp (alojamento de estudantes da USP), e logo a seguir, seguimos para a cidade de Sorocaba-SP, para participar de mais um festival de MPB universitário. Nesse festival, reforçados com Pitico Freitas na guitarra (irmão do vocalista, Pituco Freitas), e Tato Fischer ao piano, defendemos as músicas: "Tragédia Gramatical" e "Instante de Ser" (essa, curiosamente não se mostrava com teor satírica e foi também remanescente do repertório do Boca do Céu, a minha banda de Rock ao lado de Laert Sarrumor, além de "Chorocaba", de autoria do Guca Domenico. 
Classificamos as três músicas para a final e o resultado foi o terceiro lugar com "Tragédia Gramatical" e melhor intérprete para o Pituco Freitas. 

O Festival de Sorocaba teve duas eliminatórias e a final, realizadas nos dias 15, 22 e 29 de agosto de 1980.

A presença de Tato Fischer foi provisória, apenas para substituir o tecladista, Celso Mojola, que não pode estar presente nessa ocasião. E foi a terceira vez que eu tocaria com ele, Tato, visto que fui side-man em sua banda de apoio, em uma mini turnê realizada em 1979, e ele tivera algumas participações como tecladista e vocalista na minha banda cover, o "Terra no Asfalto". 
Depois de Sorocaba, fomos participar de um outro festival, desta feita a ser realizado na cidade de Osasco, na grande São Paulo, para defender as músicas: "Circular 46" (Guca Domenico/Carlos Melo), "Tragédia Afrodisíaca" (Guca Domenico/Carlos Melo), "Arrojo" (Laert Sarrumor) e "Romance em Peruíbe" (Laert Sarrumor/Guca domenico). Isso ocorreu em 5 de setembro de 1980. 
Como músicos convidados, contamos com: Pitico Freitas, a tocar cavaquinho e João Roberto, na viola. Nesse Festival, super mal organizado e sem público presente, praticamente, desistimos de participar da final, devido à completa falta de estrutura mínima necessária em sua produção. 

E nesse ínterim, houve um show solo do cantor; compositor e violonista, Guca Domenico. A banda de apoio foi o combo: "Laert Sarrumor e seus Cúmplices" (que nesse show recebeu a alcunha de: "Panela Vazia"), e o repertório inteiro foi formado com composições do Guca. Ele batizou esse show solo como: "Versátil como um Adesista", a denotar ser mais uma provocação bem engraçada, convenhamos. 
Claro, nomes irônicos como: "Sutil como um Cassetete" e "Versátil como um Adesista", detiveram conotação política óbvia.

Foto de Homero Sergio Moura, que era estudante da Cásper Líbero, ao flagrar o show de recepção dos novos calouros em 11 de agosto de 1980. Dá para ver o Laert, bem na frente, Fernando Marconi na bateria, e eu (Luiz) notado apenas pelo braço do meu baixo, Giannini "RK", com a minha mão ao braço do instrumento e pela altura do braço, eu devia estar a tocar uma nota La, da quinta casa, da corda Mi...  

A seguir, cumprimos um show de "Laert Sarrumor e os Cúmplices" na Estação São Bento do Metrô, onde o jornalismo da TV Bandeirantes registrou tal performance e a exibiu no seu noticiário do meio-dia, no dia seguinte. Foram mostrados flashs da banda em ação e uma micro entrevista com o Laert. Esse show ocorreu no dia 8 de outubro de 1980. 

Nessa mesma época, foi elaborada uma lista para definirmos um outro nome para a banda e sob uma votação democrática, decidiu-se por: "Língua de Trapo".
Continua...

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