O próximo trabalho avulso só foi aparecer em janeiro de 1982. O Terra no Asfalto havia encerrado atividades em outubro de 1981, e após uma inócua tentativa para se recriar como banda autoral (isso está contado nos capítulos dessa banda, naturalmente), ainda houve uma última volta em março de 1982.
Mas
nesse hiato o vocalista desse banda, Paulo Eugênio Lima, que eu admito, era um sujeito dinâmico,
conheceu um baterista veterano que o apresentou a um tecladista amigo,
também de meia-idade. O objetivo dos três seria formar uma banda com características jazzísticas, e sob inserções no Blues. O Paulo levou-me a essa banda, que nos consumiu pelo menos um mês de muita conversa inócua, mas só fez um mísero ensaio e implodiu.
O tecladista, igualmente amador, era um dentista chamado: Lino, que falava pelos cotovelos e mesmo ao não nos conhecer, alardeava perspectivas mirabolantes, pois dizia-se detentor de contatos para promover uma "turnê pela Europa", em um circuito de bares, pubs & cabarés. Segundo ele, nós começaríamos pela Áustria.
Até hoje eu não sei dizer se estava a debochar, ou realmente acreditava em uma tolice dessas. A
ideia inicial foi convidar o ex-guitarrista do Terra no Asfalto, Geraldo "Gereba", para
essa banda, o que seria bizarro, devido à completa falta de sincronicidade
dele, para com os dois jazzistas. Eles não iriam querer tocar o som dos Novos Baianos, e nem ele aceitaria tocar a obra de Charles Mingus, certamente.
Fui ao "Opus 2004" em uma noite de segunda-feira, e só por chegar na casa a ostentar a minha longa cabeleira Rocker, eu já percebi um desconforto nos rapazes com os quais eu tocaria. Não lembro-me do nome de ninguém. Só que havia um pianista, um trombonista e um trompetista, além de um ou dois saxofonistas e um guitarrista.
A conversa deles era esnobe, e vez por outra, ao perceber o meu jeito deslocado ali, soltavam umas alfinetadas irônicas etc. e tal.
Por sorte, o baterista faltou, e eles resolveram cancelar a jam-session. Agradeci aos Deuses do Rock, pois não iria ganhar nada, financeiramente a falar, e teria que tocar com uma série de músicos pedantes e incrivelmente desagradáveis pela conversa.
Quando revi o tal Edson, ele mostrou-se melindrado, pois os músicos disseram-lhe que eu portei-me como alguém deslocado no Opus 2004.
Ora, agradeço a
lembrança por indicar-me, mas realmente eu senti-me fora daquele ambiente
naquela casa, e com aqueles músicos, o que eu poderia fazer? Fingir estar a vontade por me colocar em uma situação desconfortável, e ainda mais sob caráter gratuito?
Após esse episódio, e o fraco ensaio realizado, esse projeto de banda dissolveu-se, ainda bem. Essa frustrada banda nunca teve um nome.
"Quinteto Jazz", eu inventei só para nomear o episódio no capítulo. O
Terra no Asfalto ainda teria uma nova volta a partir de março de 1982,
para encerrar atividades definitivamente, em maio de 1982. Mas logo a seguir, surgiu um novo trabalho paralelo.
Continua...
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