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domingo, 1 de março de 2015

Trabalhos Avulsos - Capítulo 7 - Trio com Pitico Freitas & José Luiz Dinola (Segundo contato com o Dinola, no Pré-A Chave do Sol) - Por Luiz Domingues

Após a frustrada passagem com o Jungô, o meu próximo trabalho paralelo foi uma tentativa para formar um trio para tocar um som no estilo do Jazz-Rock. 

Foi assim que aconteceu: conforme eu já narrei no capítulo sobre o Língua de Trapo, eu fui gravar uma fita demo, a visar tentar inscrever uma música para o vocalista, Pituco Freitas, participar do Festival FICO, como cantor solo, em 1980.

Nesta foto de 1986, portanto bem posterior ao que conto neste capítulo, a abordar uma ocorrência de 1980, José Luiz Dinola está em ação, em um show d'A Chave do Sol
 

Fomos gravar no estúdio da banda, "Contrabando", cujo baterista era um rapaz chamado, José Luiz Dinola, e que contava com o Tony Babalu, como guitarrista já muito experiente, e os demais membros eram bem garotos (Edson, Ronaldo, Rosângela e Denis Skepis, este último, irmão de Chris Skepis com quem eu viria a tocar em 1992, no Pitbulls on Crack). 

O guitarrista, Pitico Freitas, que era (é) irmão do Pituco Freitas, foi o elo, pois era seu amigo e estudaram juntos na escola do José Luiz Dinola (o famoso colégio estadual, Fernão Dias, do bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo), e conhecia o pessoal do Contrabando. Algum tempo depois dessa gravação, o Pitico Freitas chamou-me, ao convidar-me a ensaiar com ele, e José Luiz, pois estavam a precisar de um baixista para um projeto.

                           Pituco Freitas, em foto bem mais atual                                                                     
O Pitico era o oposto do seu irmão, Pituco, em termos de influências musicais. Enquanto o Pituco tinha toda aquela formação de MPB tradicional, a Bossa Nova, sobretudo e o Pitico era Rocker, gostava de Rainbow, Led Zeppelin e Ted Nugent, por exemplo.

E já no caso do José Luiz, ele era apaixonado por Jazz-Rock, e estava cansado do som do Contrabando, que era muito parecido com o Made in Brazil, ou seja, a trabalhar com um Rock tradicional, e bem simples. 

Então eu aceitei, e foi marcado um ensaio a ser realizado em um estúdio em Pinheiros, próximo à Praça Panamericana, que pertencia ao baixista de uma banda cover de Beatles, chamado: Felipe.

Ensaiamos três temas meio "funkeados" que o Pitico tinha semi prontos de sua autoria. A intenção foi produzir um som na linha do Jeff Beck, da sua fase: "Blow by Blow"-"Wired", ou seja, Jazz-Rock instrumental com acento "swingado" do Funk & Soul, e com pegada de Rock. 

Nenhum de nós três tínhamos condição para fazer isso com maestria, visto ser uma forma de música sofisticada e que demanda muita técnica e estudo teórico, portanto, após o primeiro ensaio, vimos que por outro lado, o material proposto pelo Pitico não era de se jogar fora, e muito pelo contrário, se mostrara promissor.

Mais dois ensaios foram realizados, mas aí os compromissos de cada um, na ocasião, inviabilizaram o projeto, pois no meu caso, eu estava bem entretido com o Língua de Trapo em seus momentos iniciais, o "Terra no Asfalto" (minha banda cover na época), ensaiava uma "volta", e nas horas vagas, eu tinha ensaios marcados, na expectativa da gravação do LP do cantor, Leandro (história já contada neste capítulo dos trabalhos avulsos). 

Sendo assim, esse projeto foi curto, e morreu com três ensaios, apenas. Todavia, foi vital passar por isso, pois por conta dessa tentativa de se formar uma banda, eu conheci melhor o José Luiz Dinola, que dois anos depois tornar-se-ia cofundador de minha banda autoral, A Chave do Sol.

Eu o considerava bem técnico já naquela época, mas fora esses ensaios de 1980, pouco conversamos a seguir. Tanto que quando esse projeto não andou mais, eu só fui falar com ele novamente em julho de 1982, quando o convidei para tocar com A Chave do Sol.

Para você ver, leitor, preferi chamar um rapaz chamado: Edmundo para tocar com A Chave do Sol, antes, sem nunca tê-lo visto tocar, e tecnicamente ele era muito inferior tecnicamente ao Zé Luiz.  

Tudo por que eu era muito mais amigo do Edmundo nessa época, pois ele gravitava na órbita do Terra no Asfalto (como conheci o baterista Edmundo, já está contado no capítulo sobre o Terra no Asfalto).  

Pena que esse projeto de banda, nem nome conseguiu ter, pois as ideias do Pitico Freitas eram boas, e ele tocava uma guitarra cheia de swing, meio no estilo do guitarrista norte-americano, Tommy Bolin.

A impressão inicial que eu tive do Zé Luiz Dinola, foi muito boa pela técnica, mas pelas conversas ali travadas, achei que tínhamos pouca afinidade, pois ele só apreciava a escola do Jazz-Rock, praticamente, e eu tinha um leque de preferências muito mais amplo. 

Já o Edmundo, era um amigo com identificação muito maior, haja vista a coleção de discos dele, que coincidia muito com o meu gosto musical, que era essencialmente versado pelo Rock das escolas professadas nas décadas de 1960 & 1970, sob inúmeras tendências.

Depois que comecei a conhecer o Zé Luiz Dinola, melhor (quando ele entrou definitivo n'A Chave do Sol), ficamos muito amigos, embora na parte musical ele ainda fosse fechado na questão do Jazz-Rock.  

Pois é... o Zé mantinha essa característica muito forte naquela época, e mesmo com A Chave do Sol a prosperar, foi duro lidar com essa visão fechada dele. No tempo do Sidharta (entre 1997 e 1999 e cuja história tem capítulo em específico, naturalmente), ele estava bem mais aberto, mas mesmo assim, eis que deixou o projeto por divergência musical. 

Foi assim a super efêmera carreira desse trio, supostamente voltado ao Jazz-Rock instrumental, nos idos de 1980.

Depois dessa tentativa de formar uma banda, o meu próximo trabalho avulso foi uma aventura grega...

Continua...

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