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domingo, 1 de março de 2015

Trabalhos Avulsos - Capítulo 15 - Viúva Negra: que Pena não Ter Tocado com o Lippo - Por Luiz Domingues

Assim que eu saí definitivamente d'A Chave (sem sol...), cheguei a conversar com o Hélcio Aguirra, sobre estar disponível, e a querer iniciar um novo projeto, ou mesmo buscar entrar em algum trabalho já iniciado. 
 
A minha ideia foi que ele indicasse-me algo, pois foi um dos músicos mais bem relacionados de São Paulo, e "conhecia todo mundo", como se diz popularmente, inclusive de outras vertentes musicais de fora do Rock. 
 
Todavia, a rigor, foi a minha única ação no sentido de procurar algo deliberadamente, pois não passou muito tempo, e começou a aparecer convites, de forma espontânea.
Nesse período, entre março e abril de 1990, e até o final do ano de 1991, surgiram vários, que descreverei, a seguir. Muitos deles não saíram de uns poucos ensaios, mas renderam histórias.
 
Nesse contexto, a primeira história é a de um quarteto Hard-Rock/Heavy-Metal que convidou-me para conhecer o seu som, e que chamava-se "Viúva Negra".  
                    O grande Lippo, um guitarrista da pesada

O convite partiu de um ótimo guitarrista, que eu já conhecia há tempos, chamado: "Lippo" (Fillippo Baldassarini). 

Ele havia tido uma passagem relativamente longa pelo "Made in Brazil", além de outros trabalhos. Era (é) mais velho do que eu, e detinha consigo uma bagagem muito boa de vivência dos anos setenta, que eu admirava muito.
Entre outras histórias, ele contou-me que fora Hippie em 1970, e que saíra de casa para viver esse sonho de ser músico etc. e tal, para cair na estrada com uma guitarra e a mochila nas costas, e a pegar carona nas estradas por aí, na esteira do filme: "Easy Rider".
 
Porém, ao falar dessa banda que estava a montar em 1990, infelizmente, a proposta não foi para fazer um trabalho ao estilo retrô. Essa banda que estava a montar, "Viúva Negra", era bem centrada na proposta Hard-Rock/Heavy-Metal 80's, e o som não agradou-me, logicamente. 
 
No dia em que fui visitá-lo em sua casa, o vocalista estava presente. 
Não lembro-me de seu nome, mas recordo-me que esse rapaz usou diversos argumentos para convencer-me a entrar na banda, a enaltecer a poética das letras, os seus estudos do canto lírico etc. Ele chegou a cantar, acompanhado do Lippo à guitarra, desligada e a se empolgar, estabeleceu um gestual grandiloquente como se estivesse sob um palco etc.

Os rapazes eram muito gentis, e eu gostei de perceber o entusiasmo que tinham pelo trabalho, mas fui sincero, e disse-lhes que não gostava de Hard-Rock/Heavy-Metal dos anos 1980, e que havia saído d'A Chave (sem Sol), justamente por esse caminho ter sido adotado.
A minha intenção foi trabalhar com uma estética baseada nas escolas do Rock das décadas de 1960 & 1970, minha paixão desde sempre, e ao receber o convite do Lippo, achei que talvez houvesse tal possibilidade, pelo fato dele ter igualmente em sua base de influências, essa origem sessenta-setentista. Entretanto, diante dos fatos, eu fui obrigado a declinar do convite. 

Uma pena, pois o Lippo era (é) um guitarrista muito bom, e em condições de criar trabalhos bem interessantes, além de ser uma pessoa de muito boa índole, e estar com vontade de fazer um novo trabalho, naquela ocasião.
 
Muitos anos se passaram e com o advento das redes sociais, reencontramo-nos no Facebook, em 2012.

Conversamos diversas vezes, e ele contou-me que havia voltado para a Itália (o Lippo é italiano legítimo, embora tenha vindo pequeno para o Brasil e ter crescido em Bauru no interior de São Paulo, portanto, fala português, sem sotaque algum), onde fez muitos trabalhos, tanto autorais, quanto tributos e bandas cover, além de atuar como side-man de artistas da música italiana popular. 
 
Fiquei contente por saber disso, e a amizade prossegue. Como adendo de 2015, acrescento que o Lippo voltou a estabelecer residência em São Paulo, e segue a trabalhar, mediante sua ótima categoria como guitarrista.
A próxima história que eu contarei dentro dos Trabalhos Avulsos, é bastante inusitada pelo seu desenvolvimento e desfecho, mas também tratou-se de um convite, como foi o mote desta passagem que eu contei acima.

Continua... 

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